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Casqueamento Corretivo em Equinos

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VIII SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA 
VIV ENCONTRO DE ZOOTECNIA – UNESP DRACENA 
DRACENA, 26 e 27 DE SETEMBRO DE 2012 
 
 
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Casqueamento Corretivo em Equinos – Estudo Revisional 
 
Surian, C. R. S.1; Krieck, A. M. T.2; Porto, L. P.2; Lamberti, M. S.3; Ferreira da Luz, P. M.3; 
Modesto, R. R.2; Bertoloni, A. V.3; Puoli Filho, J. N. P.4; 
 
1
Departamento de Produção Animal, FMVZ/UNESP/Botucatu 
2
Acadêmicos do curso de Medicina Veterinária, FMVZ/UNESP/Botucatu 
3
Acadêmicos do curso de Zootecnia, FMVZ/UNESP/Botucatu 
4
Professor Assistente Doutor do Departamento de Produção Animal, FMVZ/UNESP/Botucatu 
 
 
Introdução 
A finalidade primordial do ferrageamento continua a mesma: proteger os cascos e 
corrigir problemas de aprumos e outros de ordem interna (navicular, calcificação das 
cartilagens alares, terceira falange, etc.). Porém, nos últimos 15 anos, houve um avanço 
tecnológico muito grande no setor. A evolução começou quando Riki Ridden e David 
Duckett, dois dos mais conceituados ferradores norte-americanos, resolveram estudar o 
equilíbrio dos cascos e chegaram a um novo conceito, que foi chamado de four point trim 
ou corte dos quatro pontos, posteriormente, dois outros técnicos, Gene Ovnicek, norte-
americano, e Cristopher Politt, australiano, estudando cavalos selvagens e observando o 
desgaste normal dos cascos, chegaram a um conceito de equilíbrio chamado natural 
balance, com menos casco na frente (pinça) e um formato arredondado no perfil, 
exatamente o formato que o desgaste natural proporciona. Essas duas técnicas - four 
point trim e natural balance - são compatíveis e a combinação delas é usada pelos 
melhores ferradores (CANTO, 2006). 
O desempenho nas atividades físicas representa um esforço para o animal 
predispondo os equinos a afecções do aparelho locomotor. As forças mecânicas geradas 
durante o exercício atuam sobre o sistema locomotor o que podem causar lesões. A 
intensidade e local especifico dessas forças dependem da conformação do animal, do tipo 
da atividade física e das condições da pista sobre a qual a atividade é desenvolvida. 
Dessa forma, para realizar seu desempenho em toda a plenitude, o equino precisa ter o 
aparelho locomotor hígido. O casco nesse sentido desempenha papel fundamental, pois 
além de suportar o peso do animal, absorve o impacto com o solo, resiste ao desgaste e 
auxilia na propulsão do membro (MELO et. al., 2006). 
O casqueamento deve ser realizado periodicamente a cada quatro a seis 
semanas tanto nos cavalos que não usam a ferradura como nos ferrageados. O objetivo 
da aparação é tornar o formato da pata, o ângulo do eixo da pata e o nível da pata tão 
próximos do normal quanto o possível. No entanto, um casqueamento com o objetivo de 
tentar criar um eixo da pata perfeito é desaconselhado, pois cada cavalo possui seu 
próprio eixo normal de quartela e casco, sendo que qualquer alteração radical pode 
provocar alterações patológicas (STASHAK, 2002). 
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VIV ENCONTRO DE ZOOTECNIA – UNESP DRACENA 
DRACENA, 26 e 27 DE SETEMBRO DE 2012 
 
 
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A saúde do cavalo depende de inúmeros fatores. O casqueamento e o 
ferrageamento são dois pontos fundamentais para que o animal apresente um bom 
desempenho e alguns desconfortos sejam eliminados. Aparar o casco do equino é 
necessário desde os primeiros dias do potro e, quando realizado de maneira correta, 
diminui alguns problemas que podem causar dor ao animal (THOMASSIAN, 2005). 
Em equinos confinados, o desgaste natural é pouco evidenciado, sendo 
necessário o casqueamento periódico, o ideal é que este procedimento seja realizado a 
cada 30 dias, já nos animais livres na natureza o desgaste do casco ocorre de uma forma 
natural, não sendo necessário o casqueamento periódico (CANTO, 2006). 
Objetivo do presente trabalho foi desenvolver uma revisão de literatura, 
abordando o casqueamento como manejo corretivo e preventivo dos equinos. 
 
 
Desenvolvimento 
Vários fatores podem interferir no surgimento dos defeitos de conformação, as 
chamadas irregularidades de aprumos e de cascos. Estas podem ser origem variada e 
atuam de forma independente ou integrada. Fatores genéticos, deficiência nutricional do 
feto, sistema intensivo de criação, casqueamento mal conduzido, excesso de esforço 
físico e tipo inadequado de terreno no qual o animal é exercitado, tudo isso forma o 
conjunto de causas prováveis dos defeitos de cascos (ANDRADE, 2012). 
Os aprumos são proporcionados pelos eixos ósseos e pelas angulações 
articulares que os membros do animal tomam em relação ao seu corpo e ao solo. Os 
aprumos refletem o exato equilíbrio harmônico da distribuição de forças e do peso para 
cada um dos membros dos cavalos, essa distribuição proporciona estabilidade na 
condução da sustentação e propulsão, permitindo a realização de movimentos com 
perfeição e segurança (THOMASSIAN, 2005 ) 
Outro aspecto a ser considerado é a idade. Qualquer tentativa de correção 
propriamente dita deve ser feita antes dos 9 meses de idade, pois nesta idade, inicia-se o 
processo de soldagem das placas de crescimentos ósseos. Então se compreende a 
importância do acompanhamento, por parte do casqueador, logo a partir das primeiras 
semanas. Nesta idade, umas pequenas passagens com a grosa podem ter um valor 
incalculável meses ou mesmo anos mais tarde (ANDRADE, 2012). 
Ao analisar os cascos de um cavalo adulto é importante observá-lo tanto parado 
como em movimento, os cascos devem ser aparados de modo a proporcionar uma 
distribuição uniforme do peso, evitar sempre casqueamentos radicais e ferraduras de 
tamanhos inapropriados, para não comprometer a normal expansão dos quartos e talões. 
Independentemente dos tipos de ferraduras utilizadas, devemos procurar uma ferração 
com a qual o cavalo se sinta o mais confortável possível, na tentativa de aproximar ao 
máximo do seu aprumo natural (STASHAK, 2002). 
O centro de gravidade é outra característica importante a se conhecer, apesar de 
variar com a conformação do cavalo, é normalmente localizada no gradil costal, 
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imediatamente caudal a linha que separa o terço cranial e médio do corpo. Devido ao 
centro de gravidade se localizar mais cranialmente, os membros anteriores suportam de 
60% a 65% do peso do corpo, o que resulta uma maior incidência de claudicação. 
(STASHAK, 2002). 
O equilíbrio latero-medial e o eixo da pata são basicamente mantidos ou alterados 
durante aparação e ferração. Se forem alterados, podem-se criar forças anormais durante 
o impacto da pata no solo, o que reflete em todo o membro, incluindo ossos, articulações, 
tendões e ligamentos, o que podem gerar claudicações e queda no desempenho atlético. 
(MARANHÃO, 2006). 
O casqueamento e a ferrageamento corretivo são considerados importantes no 
tratamento de inúmeras claudicações. As praticas inadequadas de aparação e ferração 
poderem resultar em anormalidades no andar, porém as maiorias destas anormalidades 
são provavelmente devido à má conformação do membro isto é, desvios nos aprumos e 
posicionamento das patas (STASHAK, 2002). 
No casqueamento corretivo, algumas vezes é necessário apenas rebaixar as 
regiões que cresceram demais. Objetivo da aparação corretiva é aparar o casco ate que 
esteja nivelado em equilíbrio e com o eixo pata-quartela normal do cavalo (MARANHÃO, 
2006). 
Se um cavalo é fechado de frente ou de trás com as pinças para fora, a parede e 
o talão externos normalmente estarão muito desgastados, devendo ser removida uma 
porção compensatória de parede interna, desde a pinça até o talão, para nivelar a pata. 
Se o cavalo e aberto de frente ou de trás com as pinças para fora, a parede interna e o 
talão podem estar desgastados, devendo-se aparar a parede externa para restituir o 
equilíbrionormal da pata. É importante observar cuidadosamente a andadura do cavalo, 
verificando-se como a pata atinge o solo, pela frente e por trás do animal, antes de se 
decidir onde aparar corretivamente (STASHAK, 2002). 
A primeira porção sobre a qual a pata toca solo estará mais baixa, a parte oposta 
deve ser aparada para nivelar a pata, o casco deve ser aparado de modo que não quebre 
no eixo pata – quartela (MARANHÃO, 2006). 
A correção de aprumos significa uma mudança progressiva e permanente na 
conformação que deve ser feita em potros. A correção feita em cavalos maduros pode 
resultar em manqueira imediata ou defeitos incorrigíveis em longo prazo. A medida 
também não deve ser tomada em potros que nascem com aprumos corretos, esses 
devem ser mantidos assim. Muitas vezes potros que nascem com aprumos corretos nos 
membros podem se tornar tortos por um casqueamento feito de forma incorreta 
(NICOLETTI, 2000). 
O casqueamento e o ferrageamento são de suma importância, contribuindo para 
a manutenção da sanidade dos membros locomotores, preservando a utilização do animal 
em uma vida útil mais longa, e tendo como resultado imediato à melhoria da qualidade do 
movimento de acordo com as prescrições dos padrões raciais (ANDRADE, 2012). 
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Conclusão 
Conclui-se que o casqueamento é de vital importância para funcionamento do 
sistema locomotor dos equinos e deve-se iniciar nas primeiras semanas de vida, logo que 
detectada as alterações de aprumos, garantindo não só uma boa saúde física para 
cavalos, mas também a utilização do animal em uma vida esportiva mais longa. 
 
 
Referências 
ANDRADE, L. S., Aprenda como corrigir os defeitos de aprumos em equinos, 2012, site: 
www.escoladocavalo.com.br, acesso em, 27-08-2012. 
 
CANTO, L. S. Frequência de Problemas de Equilíbrio nos Cascos em Cavalos Crioulos 
em Treinamento. Dissertação de Mestrado Programa de Pós-Graduação em Medicina 
Veterinária Universidade Federal de Santa Maria, RS, Brasil, 2004. 
 
MARANHÃO, R. P. A. Afecções mais frequentes do aparelho locomotor dos eqüídeos de 
tração no município de Belo Horizonte. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.58, n.1, p.21-27, 
2006. 
 
MELO, U. P.; FERREIRA, C.; SANTIAGO, R. M. F. W.; PALHARES, M. S.; MARANHÃO, 
R. P. A. Equilíbrio do casco eqüino. Ciência Animal Brasileira, v. 7, n. 4, p. 389-398, 
2006. 
 
NICOLETTI J. L. Mensuração do casco de eqüinos para identificação objetiva de 
anormalidades de conformação. Veterinária Notícias, Uberlândia, v. 6, n.1, p. 61-68, 
2000 
 
STASHAK, T. S. Claudicação. In: STASHAK, T. S. Claudicação em equinos segundo 
Adams. São Paulo: Roca Ltda, 2002, p. 503-821. 
 
THOMASSIAN, A. Enfermidades dos cavalos. 4ª ed. São Paulo: Varela, 2005, p. 42-43 
 
http://www.escoladocavalo.com.br/

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