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Fascismo e Neofascismo: Origem e Desenvolvimento

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FASCISMO E NEOFASCISMO– DA TRAGÉDIA À FARSA TROPICAL
1
 
Renata de Queiroz Brito
2
 
Joeline Rodrigues de Sousa
3
 
João Pedro Ferreira da Silva
4
 
 
Resumo: Neste artigo buscamos compreender o fenômeno do fascismo, desde sua 
origem e desenvolvimento, para compreender quais elementos e contribuições podem 
ser considerados no combate à sua herança em nosso tempo e contexto, guardadas as 
particularidades. Neste sentido, o estudo expressa uma primeira aproximação sobre as 
características essenciais do fascismo, contexto e desdobramentos sócio-político-
econômico e cultural de sua formação, ancorados, especialmente, no pensamento de 
Antonio Gramsci visando se apropriar em suas contribuições, conceitos e categorias 
que desenvolvera, mormente nos Cadernos do Cárcere, como aporte para colocar em 
movimento um processo de resistência e superação da formação neofascista em curso 
no Brasil atual. Para tanto, nos apoiamos nas obras do filósofo italiano - Escritos 
políticos (2004) e nos Cadernos do Cárcere (2011), e de autores de mesma 
perspectiva teórico-prática como Gianni Fresu (2017), entre outras leituras 
complementares sobre o tema. 
 
 
 Palavras-chave: Fascismo, Antifascismo, Antonio Gramsci. 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 A utilização do termo fascismo e fascista para qualquer movimento político ou 
indivíduo que se apresente conservador ou autoritário na atualidade, pode ser 
compreendida por uma adaptação simplista do termo. Assim, será que podemos comparar 
o fascismo italiano ao que aconteceu nas eleições presidenciais brasileiras de 2018, com 
características semelhantes, como o antiesquerdismo e a aderência das massas ao 
conservadorismo? O fascismo histórico tem suas próprias características, seu período 
 
1 Trabalho construído pelo aporte teórico do Curso de filosofia, política e educação: Fascismo e 
antifascismo, ofertado pelo grupo de estudos GGramsci (UFC) e ministrado pelo professor Dr. Gianni 
Fresu (UFU). Atividade integrante do projeto de extensão PRÁXIS (Núcleo de Pesquisa e Extensão e 
Formação Humana). 
2 Licenciada em Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) 
3
 Professora do Departamento de Fundamentos da Educação da Faculdade de Educação da 
Universidade Federal do Ceará –UFC. Coordenadora do GGramsci – Grupo de Estudos e Pesquisas em 
Antonio Gramsci e do Práxis - Núcleo de Pesquisa e Extensão e Formação Humana. Email: 
joelinersousa@gmail.com 
4 Estudante da Universidade Federal do Ceará (UFC) e aluno do terceiro semestre do curso de História. 
Participa do Grupo GGramsci (Grupo de Estudos e Pesquisas em Antonio Gramsci) 
 
próprio, que urgem ser conhecidos, pois devemos aprender com as experiências 
anteriores, encontrando elementos e contribuições para considerar no combate à sua 
herança na sociedade hodierna. 
 
2. FASCISMO – GÊNESE E DESENVOLVIMENTO 
 
 O fascismo é um fenômeno que surgiu na Itália no começo do século XX. É 
importante considerar que o mundo passava por processos de mudanças causadas pelas 
recentes revoluções econômicas e científicas que ocorreram no final do século XIX. No 
livro de Gianni Fresu, intitulado Nas Trincheiras do ocidente: lições sobre Fascismo e 
Antifascismo, ele apresenta três pontos importantes que antecedem o surgimento do 
fascismo e contribuíram para o advento desse movimento político reacionário. Esses 
elementos foram o imperialismo, a Primeira Guerra Mundial e o novo quadro político e 
social na Itália no período pós-guerra. Esses elementos objetivos contribuíram para um 
ambiente cujas ideias fascistas tomassem corpo e direção. 
 O Imperialismo surge dentro do capitalismo como forma de conseguir e expandir 
mercados levando a uma maior concentração de capitais. Desse modo, ocorre uma 
divergência de interesses internacionais entre as nações. Conflitos esses que mais tarde 
levariam ao confronto da Primeira Guerra Mundial. Lênin (1994 apud FRESU, 2017)
5
, 
define como as características principais do Imperialismo: a concentração e centralização 
de capitais - tendência monopolista; a prevalência do capital financeiro sobre a produção, 
um estreito relacionamento entre capital bancário e industrial; a prevalência das 
exportações de capitais em comparação com as exportações de mercadorias; a divisão do 
mundo em áreas de influência e domínio; a utilização da guerra como instrumento para 
obter novas repartições territoriais, ou seja, um mecanismo importante e contraditório 
para o progresso, pois é uma forma de afirmar uma nação sobre as outras. Sendo assim, a 
elevação do capitalismo para a fase imperialista traz consigo duas consequências para a 
formação do fascismo: 
1) o processo de concentração e centralização dos capitais acaba por 
destruir a função econômico-produtiva da pequena e média 
burguesia [...] 2) o conflito permanente, para o controle mundial das 
áreas coloniais sobre a influência das nações imperialistas, torna a 
 
5 LÊNIN, V. I. L’imperialismo fase suprema del capitalismo. Napoli: La Cittá del Sole, 1994, p. 54. 
apud (FRESU, 2017). 
potência militar o instrumento fundamental de enfrentamento 
político ao nível internacional. (FRESU, 2017, p. 34) 
 
 Com todas essas expansões imperialistas pelo mundo, uma nova classe surge, o 
proletariado industrial ou classe operária. Em um primeiro momento, há uma organização 
política desses trabalhadores por melhores condições de trabalho e seus interesses de 
classe. É importante ressaltar que durante os anos iniciais do século XX, a Itália, ainda 
sofria com muitos resquícios do período feudal. Dessa forma, a classe predominante na 
Itália não era de trabalhadores industriais, pois a grande indústria se limitava ao norte do 
país, mas de camponeses assalariados. Esse tipo de relação favoreceu em um primeiro 
momento um movimento mais voltado para o anarquismo
6
. Mas, com os insucessos de 
conseguir garantias de direitos para os operários, o movimento anarquista perde força 
abrindo espaço para novos líderes, como Filippo Turati
7
 mais voltados ao marxismo
8
. 
Dessa forma: 
São anos marcados pelo impetuoso crescimento do PSI [...] Este partido 
estava, todavia, dividido entre a ala reformista, conduzida por Filippo 
Turati, e uma esquerda revolucionária, chamada maximalista, da qual 
Benito Mussolini, até 1914, foi um dos líderes mais importantes. 
(FRESU, 2017, P. 41) 
 
 
 Os maximalistas tomam a direção do partido e, posteriormente, um movimento 
entre a pequena e grande burguesia vai demandar por uma ação imperialista no país 
empurrando o país rumo a primeira guerra. 
 Depois da primeira guerra, se estabelece na Itália, como em outros países da 
Europa, um período de crise econômica e moral em toda a população, crise essa que 
coloca os Estados Unidos em crescimento em um contexto mundial. A crise econômica 
na Itália provoca então um achatamento e empobrecimento das classes médias, pequena e 
média burguesia e inflama os conflitos sociais. O futuro agora parecia incerto para boa 
parte da população italiana. Tirando vantagem dessa realidade, os nacionalistas, e depois 
os fascistas, começam a alimentar a insatisfação dessas classes que agora encontravam-se 
insatisfeitas com sua nova posição social. Os trabalhadores rurais e industriais também 
não ficaram de fora dessas angústias pós-guerra, já que todas as promessas: melhores 
 
6 Entre esses movimentos anarquistas estava até mesmo Alessandro Mussolini, o pai de Benito 
Mussolini. 
7
 Filippo Turati foi um sociólogo e político socialista que liderou a virada socialista para o marxismo 
determinista predominante na época. (FRESU, 2017) 
8 É importante ressaltar o marxismo que predomina no PSI (Partido Socialista Italiano), foi um 
marxismodeterminista, que estava sendo influenciado pelo recente positivismo. 
salários, menos exploração, reforma agrária, feitas a esses indivíduos não foram 
cumpridas com a perda do país no conflito mundial, gerando uma descrença em relação 
aos partidos políticos. “Em 23 de março de 1919, foi constituído o Movimento dei fasci di 
combattimento, que depois, no congresso de 1921, se transforma no Partido Nazionale 
Fascista” (FRESU, 2017, p.47). Um partido antimonárquico, antiburguês, antissocialista. 
Dessa forma, apresentando-se como algo totalmente novo e diferente. O partido logo 
recebeu apoio dos grandes latifundiários e dos mercados e dirigentes internacionais. 
Porém, apenas com a marcha sobre Roma em 1922, é que Mussolini consegue seguir 
com o processo de desmonte da democracia que culmina com o fechamento do congresso 
e o encarceramento de seus opositores políticos em 1926, tomando contornos a partir 
deste momento de um regime ditatorial. O fascismo chegou ao poder principalmente por 
uma falta de oposição ao seus ideais
9
. Com todo esse movimento, o fascismo logo 
consegue apoio das massas, já que Mussolini investiu bastante em propagandas e com o 
fácil engajamento dos jovens por conta dos discursos nacionalistas e de colaboração 
mútua entre as classes disseminados pelo movimento. 
 
3. O FASCISMO E A POLÍTICA DAS MASSAS 
 
 Em A Anatomia do Fascismo de Robert Paxton, o fascismo é concebido como um 
movimento de massa contra a esquerda. Além do apoio dos grandes latifundiários e 
dos mercados e dirigentes internacionais, é fato que sem a participação política dos 
cidadãos comuns o fascismo não teria se consolidado. As massas foram incluídas na 
política pelo sufrágio universal, depois, manejadas, atraídas, disciplinadas e 
excitadas
10
. A partir da análise dos elementos de adesão das massas ao fascismo 
italiano, podemos ponderar e considerar pontos de convergência com o que vem 
acontecendo no Brasil desde as jornadas de junho de 2013, especialmente com o 
movimento que foi colocado em curso durante as eleições presidenciais de 2018, 
incentivando o antiesquerdismo e a aderência das massas ao conservadorismo. 
 
9 Diante da construção do fascismo, Gramsci em seus escritos se mostra completamente insatisfeito com 
o não posicionamento do PSI perante a ascensão do movimento reacionário. É nesse momento em que 
Gramsci escreve o artigo “Neutralidade ativa e operante” como crítica ao partido perante o fascismo. 
Gramsci (2005) 
10 PAXTON, (2007, p.80 e 81) 
 Segundo Marc Bloch (apud Paxton, 2007), as comparações são importantes para 
trazer à tona as diferenças. A questão se enreda em se chamamos apenas o regime de 
Mussolini de fascista, o de Hitler de nazismo e outros regimes por seu próprio nome.
11
 
Por entendermos a complexidade da definição do que é fascismo, e não apenas uma 
única forma histórica é que compreendemos que podemos tanto aferir que alguns 
líderes ou governos tenham características de algum dos movimentos fascistas, o que 
não significa que em sua totalidade possa ser considerado um governo fascista.
12
 O 
que se pode afirmar, é que o fascismo, teve aspectos necessários para o seu surgimento 
e apresenta características próprias, mas é inviável uma definição fechada do que ele 
representa. Deste modo, até o conceito dos fascismos não pode ser entendido, se não 
de forma dialética, entendendo os aspectos objetivos e subjetivos. 
 Paxton (2007), recorda que Engels apesar de imaginar que os inimigos do 
socialismo poderia contra-atacar, não poderia esperar que esse ataque ganharia o apoio 
das massas: “Uma ditadura antiesquerdista cercada de entusiasmo popular – essa foi a 
combinação inesperada que os fascistas conseguiram criar no curto espaço de uma 
geração.” ( PAXTON, 2007, p.14) No mesmo bloco, cita o romancista Thomas Mann, 
o filósofo historiador Benedetto Croce e o historiador alemão Friedrich Meineke, que 
convergem na explicação de que ascensão do fascismo foi uma degeneração moral, 
que uma ralé, asnos e ignorantes ascenderam ao poder apoiados pelo júbilo das massas 
sedentas por excitação
13
. 
 Os marxistas definiram o fascismo como instrumento de luta da grande 
burguesia contra o proletariado, quando o Estado não conseguia deter estes pelas vias 
legais. Porém, se não é possível uma definição única e precisa do que é fascismo e 
pelas várias interpretações e definições que o termo fascismo gerou, reduzir o 
 
11 Paxton (2007) rejeita o nominalismo, e a tratar o fascismo como fenômeno separado. Resgatado do 
seu mal uso, o termo Fascismo indica um movimento popular contra a esquerda e contra o 
individualismo liberal. (PAXTON, 2007, p.45 e 46) 
12 Na série veiculada pelo jornal da UFMG: Fascismo: 100 anos, os especialistas são unânimes na 
afirmação de que a definição de fascismo é extremamente complexa, e dentre os especialistas, o Prof. 
Dr. Gianni Fresu, respondendo o que é fascismo, diz que pelas suas variações, é melhor falar em 
fascismos. O fascismo italiano, teve características próprias: foi caracterizado pela crise das dirigências 
italianas no pós-guerra, marcada pela política de massa, pela crise do liberalismo, e pela proletarização 
das classes médias e burguesas, neste contexto, surge como uma forma moderna de nacionalismo 
exacerbado, um autoritarismo muito diferente das formas tradicionais do pensamento conservador e 
autoritário, e de várias outras que a sucederam, com objetivo de afastar o povo da política, utilizando os 
meios de comunicação para moldar e enquadrar o indivíduo no regime desde o nascimento até a morte. 
13 PAXTON, 2007, p.21. 
fascismo a autoritarismo, ou dizer que algum governo é fascista por alguma 
característica apenas, não seria razoável, é necessário explicar melhor o conceito para 
o significar, como indica Paxton.
14
 Visto que, segundo ele, é necessário encontrar um 
modelo mais sutil do fascismo que explique as interações entre o líder e a nação, entre 
o partido e a sociedade civil. 
 Uma das perguntas mais difíceis de se responder é como as pessoas, 
individualmente, e as instituições colaboraram, ou não pararam com o genocídio de 
milhões, a exemplo do nazismo. É preciso entender as escolhas do cotidiano das 
pessoas e o que significa o peso ideológico da aceitação de um mal menor em nome da 
nação
15
. 
Os próprios liberais de classe média, temerosos da ascensão da 
esquerda, ignorando o segredo do apelo às massas e tendo que 
enfrentar as impalatáveis escolhas a eles apresentadas pelo século 
XX, com frequência tiveram tão dispostos quanto os conservadores a 
cooperar com os fascistas. (PAXTON, 2007, p.44) 
 
 Nas palavras de Paxton (2007), mais do que alianças era necessário atrair eleitores 
que cansados, de uma política suja e fútil, desenvolveram o desprezo pela política, o 
antipolítico, o qual gerava agitação e prometia união, e não a divisão do povo, como 
eram acusados os partidos marxistas, os pequenos proprietários e o partido cristão. O 
fascismo se colocou como único caminho não socialista para restaurar a velha política, 
marcada pelo monopólio do poder de um único clã político.
16
 
 
4. DA TRAGÉDIA À FARSA – CONTRIBUIÇÕES A PARTIR DA FILOSOFIA 
DA PRÁXIS 
 Antonio Gramsci foi o primeiro antes de muitos a compreender o real perigo do 
fascismo. Para o autor sardo, o fascismo não tinha uma ideologia original, mas bebia 
de outras ideologias para se formar. Gramsci interpretou o fascismo de uma maneira 
original, visto que, a ideia do fascismo como simples reação contra o proletariado, se 
mostrou ineficiente para uma análise mais profunda do tema, e também por não dar 
 
14 PAXTON, 2007, p.22. 
15 PAXTON, 2007, p.34 e 35. 
16 PAXTON, 2007, p.106. 
contadas novas contradições que surgiram naquele momento. Seu método de análise, 
o materialismo histórico, que denomina de Filosofia da práxis, o permitiu abarcar de 
forma unitária as determinações econômicas e sociais da sua época, bem como, os 
aspectos ideológicos e morais da sociedade burguesa. Gramsci considerou as 
transformações advindas da Primeira Guerra Mundial e a Revolução de Outubro, o 
discurso a favor dos interesses da classe burguesa, da pequena e média burguesia que 
empobreceu, dos grandes proprietários de terras e do capital industrial que integraram 
a base social do fascismo. Por tais características o fascismo, para Gramsci, é um 
fenômeno historicamente determinado, por isso que “Gramsci interpretou o fascismo 
em sua relação com a fraqueza das classes dirigentes e com os limites da unificação 
política e modernização econômica que marcaram a história da Itália”. (FRESU, 2017, 
p. 115). 
 Quando Gramsci começou a compor os Cadernos do Cárcere em 1929, percebe-se 
que além de um trabalho para resistir aos anos de isolamento, tinha a intenção de 
contribuir para a compreensão da formação e a história do movimento fascista, como 
também as falhas daqueles que se opuseram ao movimento de Mussolini e em uma 
forma de organização para superação do regime protagonizada pela classe subalterna, 
interesse que ele demonstra em carta a Tania Schucht já em 19 de março de 1927
17
. 
Nesse sentido que no primeiro esboço do projeto de estudos dos Cadernos do 
Cárcere, Gramsci define dezesseis pontos principais que deverão guiar a pesquisa e 
demonstram seu interesse em buscar compreender quais elementos históricos 
possibilitaram a formação do fenômeno do fascismo na Itália, os quais se centram em 
torno do processo de formação sócio-histórico-político-econômico e cultural da 
península e suas contradições, passando pela teoria da história à formação dos grupos 
intelectuais
18
. Da análise desse quadro histórico-político, no viés dialético, que 
Gramsci desenvolve seus principais conceitos e categorias que transcendem seu tempo 
 
17
 “[…] Estou atormentado […] por esta ideia: de que é preciso fazer algo “für ewig”. […] Em suma, 
gostaria, segundo um plano preestabelecido, de ocupar-me intensa e sistematicamente de algum tema 
que me absorvesse e centralizasse minha vida interior. Pensei em quatro temas até agora, e já isso é um 
indicador de que não consigo me concentrar. São eles: 1) Uma pesquisa sobre […] os intelectuais 
italianos, suas origens, seus agrupamentos segundo as correntes culturais, seus diversos modos de 
pensar, etc., etc.” (GRAMSCI, [1927], 2005, p.128) 
18 Para Giuseppe Fiori, autor da principal biografia de Gramsci – A vida de Antonio Gramsci (1979), os 
Cadernos do Cárcere são a ampliação da Questão Meridional que Gramsci escrevera pouco antes de ser 
preso em 1926, texto que evidencia a hegemonia do Norte sobre o Sul – tratado como uma semicolônia 
pelo Norte, e as diversas contradições dessa relação na formação do tecido social, político e econômico. 
histórico e nos auxiliam na compreensão das relações contraditórias da realidade 
vigente, quais sejam: hegemonia e intelectuais orgânicos. 
Ao analisar o Risorgimento italiano no Caderno 19, Gramsci afere que no 
processo de formação e unificação italiana, ocorre um processo de revolução sem 
revolução ou revolução-restauração das forças dominantes, na qual há a participação 
dos intelectuais na busca do equilíbrio político das correlações de forças para 
manutenção do domínio e da hegemonia política dos Moderados antes mesmo de 
chegar ao governo. É nesse viés que Gramsci afirma que uma classe é dominante em 
dois modos, isto é, dirigente e dominante e, também, demonstra a incapacidade do 
Partido da Ação em aglutinar os intelectuais e as massas para constituir uma força 
autônoma. Dessa forma, reconhece que 
 
O conceito de revolução passiva me parece exato não só para a 
Itália, mas também para outros países que modernizaram o Estado 
através de uma série de reformas ou guerras nacionais, sem passar 
pela revolução política de tipo radical-jacobino. (GRAMSCI, 2011, 
p.209-210) 
 
A revolução passiva se efetiva, assim, pelo alto sem a efetiva participação 
popular. Por isso Gramsci analisa e conceitua o papel dos intelectuais nesse processo e 
pela debilidade de um movimento genuinamente popular, verifica o processo de 
transformismo, ou seja, de adesão das lideranças dos grupos subalternos aos grupos 
dominantes. Ademais, amplia o conceito de intelectuais e Estado
19
 e, além disso, 
desenvolve uma proposta de intelectual orgânico no viés revolucionário, e, portanto, 
de uma formação omnilateral, para o qual resgata o caráter ontológico da educação
20
, 
como podemos verificar no Caderno 12, intitulado Os intelectuais e a formação da 
cultura. Os intelectuais orgânicos, segundo Gramsci, são aqueles que se preocupam 
 
19 Em uma carta à sua cunhada Tatiana Schucht de dezembro de 1931 onde Gramsci expõe de forma 
resumida seu novo conceito de Estado: “Eu amplio muito a noção de intelectual e não me limito à noção 
corrente que se refere aos grandes intelectuais. Esse estudo leva também a certas determinações do 
conceito de Estado, que habitualmente é entendido como sociedade política (ou ditadura, ou aparelho 
coercitivo para adequar a massa popular a um tipo de produção e a economia a um dado momento); e 
não como equilíbrio entre a sociedade política e sociedade civil (ou hegemonia de um grupo social 
sobre a inteira sociedade nacional, exercidas através de organizações ditas privadas, como a igreja, os 
sindicatos, as escolas, etc)”. (GRAMSCI, [1931] 2005, p.84) 
20 Ver: SOUSA, J. R. Gramsci, Educação, Escola e Formação: caminhos para a emancipação humana. 
Curitiba: Appris, 2014. 
não apenas com a realidade imediata, com o que é, mas sobretudo, com aquilo que 
poder ser, isto é, com a possibilidade de colocar em movimento uma nova forma de 
ser. Estes intelectuais não podem ser ou estar atomizados, mas organizados e em 
organicidade na forma Partido para aglutinar as massas e a vontade operosa de uma 
consciência coletiva da necessidade de subversão práxica das formas de opressão e 
exploração rumo à emancipação humana. 
A partir desses elementos que Gramsci considera o fascismo como uma 
revolução passiva nas formas do corporativismo político e econômico com a 
introdução de uma revolução técnico-científica introduzida com o taylorismo e 
fordismo, da qual Gramsci desenvolve o conceito de americanismo e pela qual há é 
realizada uma mudança profunda na estrutura econômica sem alterar as hierarquias 
pré-existentes. Estas garantidas pelo Estado através da legislação e com o aparato 
ideológico da Igreja, por sua vez, fundada numa noção profundamente reacionária e 
agrarista. 
Em O 18 de Brumário de Luís Bonaparte, Marx (2011) recuperando Hegel, vai 
afirmar que os grandes fatos e personagens da história são encenados por duas vezes, a 
primeira como tragédia, a segunda como farsa. Desse modo que, guardadas as 
semelhanças entre Brasil e Itália a que Giorgio Baratta se referia, os elementos do 
fascismo encontraram terreno fértil em solo tropical, que mergulhado numa crise 
econômica e política profunda fizeram emergir as verdadeiras raízes do Brasil de viés 
oligárquico, autoritário e retrógrado, resquícios da colonização, do processo de 
formação sócio-histórica escravista, as sucessivas revoluções passivas
21
 na formação 
do Estado brasileiro e de uma capitalismo atrasado que preserva aspectos da velha 
ordem. Todos esses elementos, é evidente, são anteriores a emersão de governos 
neofascistas, aspectos que aliados à tendência endêmica à subversão reacionária das 
classes dirigentes prepara e proporciona viradas autoritárias, especialmente em 
momentos de crise. 
Para tanto,coloca em curso tanto um corporativismo de novo tipo quanto aos 
novos processo de formação da opinião pública e manipulação ideológica das massas. 
Enquanto no fascismo italiano, o regime buscava consolidar o corporativismo com 
 
21
 Ver: COUTINHO, C.N. O Estado brasileiro: gênese, crise, alternativas. In: LIMA, J.C.F., and 
NEVES, L.M.W., org. Fundamentos da educação escolar do Brasil contemporâneo [online]. Rio de 
Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2006, pp. 173-200 
ações no campo econômico e político ao harmonizar capital – trabalho com economia 
programática introduzindo uma revolução técnico-científica da produção de tipo 
fordista e uma modernização de tipo americana e reconhecendo o valor público dos 
sindicatos visando regular as estruturas organizativas dos trabalhadores e movimentos 
populares, no caso atual, mormente o brasileiro, o corporativismo se expressa na 
exarcebação do liberalismo e as relações competitivas sob um Estado policial e 
ultraliberal que mantém uma agenda de privatizações e entreguismo ao grande capital 
financeiro e internacional de toda riqueza nacional, recursos naturais. Pois como 
assenta Gramsci, 
Quanto mais a vida econômica imediata de uma nação se 
subordina às relações internacionais, tanto mais um 
determinado partido representa esta situação e a explora para 
impedir o predomínio dos partidos adversários […] com 
frequência, o chamado “partido do estrangeiro” não é 
propriamente aquele que é habitualmente apontado como tal, 
mas precisamente o partido mais nacionalista, que, na 
realidade, mais do que representar as forças vitais do próprio 
país, representa sua subordinação e servidão econômica às 
nações hegemônicas. (GRAMSCI, 2007, p.20) 
 
 Todo esse movimento ocorre com o apoio da Igreja, especialmente a Igreja 
cristã de tipo neopentecostal que passou a formar e ocupar, nos últimos anos, a 
bancada da bíblia no cenário político-parlamentar, a qual se integra aos interesses 
agrários da bancada da boi e aos interesses armamentistas da bancada da bala, 
compondo portanto, a base reacionária necessária para levar a cabo um processo de 
desgaste do tecido social e colocar em curso a destruição dos direitos dos 
trabalhadores e das possibilidades de organização, pela utilização da legislação para 
desestruturar e desmontar as condições de manutenção dos sindicatos, bem como das 
instituições de promoção do conhecimento. 
Dessa forma, desmantela-se as condições objetivas de vida e organização, 
acentuando o individualismo extremado, a concorrência e a meritocracia, que aliados 
ao subjetivismo filosófico e ao irracionalismo permite a relativização do ser humano e 
a falta de reconhecimento do outro, da alteridade necessária para formação da 
identidade e autorreconhecimento como ser coletivo e a disseminação do ódio ao bode 
expiatório necessário para difusão ideológica de uma moral conservadora e autoritária, 
o marxismo cultural e os movimentos de luta feminista, racial e lgbt. 
Dessa forma, as camadas médias achatadas durante o governo de coalizão e 
conciliação socialdemocrata – o qual expandiu projetos sociais e a melhoria das 
condições de vida de pessoas que viviam abaixo da linha da pobreza – a partir de 
junho de 2013 tomam as ruas com reivindicações difusas e baseadas em negações - 
apoliticista, apartidário – incentivadas e organizadas pelas redes sociais. Logo, o 
discurso de isenção vai tomando contornos “interessados” e representantes que 
“unificam” o interesse na defesa da neutralidade do Estado e de suas instituições, o 
que significa a retirada da esquerda do poder e o combate às formas ditas ideológicas 
de “doutrinação”. 
Com o fim das ilusões das massas com o governo socialdemocrata, que 
demonstrou na condução da governabilidade, coalizão e na tentativa da conciliação de 
classes o avesso do reverso que se esperava, consolidando a forma tropical de 
transformismo e de equilíbrio de forças, que resultou no refluxo político-social, o qual 
agudizou a crise orgânica com a manipulação das massas e da opinião pública, 
galvanizando o sentimento anticorrupção e antiPT, com o apoio das grandes redes de 
comunicação. E são nesses momentos de encruzilhadas, de crise das classes dirigentes 
e de limites dos movimentos de esquerda, que irropem os monstros. 
Quando a crise não encontra esta solução orgânica, mas aquela do 
chefe carismático, significa que existe um equilíbrio estático (para o 
qual os fatores podem ser os mais diferentes, mas em que prevalece 
a imaturidade das forças produtivas), onde nenhum grupo, nem 
aquele conservador, aqueles progressivo, tem a força necessária para 
a vitória, e que também o grupo conservador precisa de um chefe. 
(GRAMSCI, 2007, p.61) 
 
Nesse cenário, que emerge a alternativa salvacionista que se apresenta como o 
“novo” e encontra terreno para cimentar-se no medo e no ódio, reforçando o conteúdo 
ideológico necessário para unificar as massas entorpecidas em torno de um projeto 
sem projeto, que no campo econômico abraça os interesses do agronegócio, da 
indústria e serve, de fato, aos interesses do capital internacional. Em poucos meses 
testemunhamos, com uma velocidade vertiginosa, um processo de destruição dos 
direitos, de garantias sociais e de vida dos trabalhadores, dos povos mais vulneráveis e 
das riquezas naturais, uma escalada do autoritarismo e da censura, através de 
intervenções antidemocráticas, demissões e exonerações. Todo esse movimento 
dramático exige uma rápida reorganização das forças políticas progressistas com 
pautas concretas e uma tática de virada ideológica, desgastando as contradições e a 
distância entre e prática e os desdobramentos disso na vida da população, antes que se 
efetive a possibilidade de uma virada autoritária. Para tanto, Gramsci delineia no 
Caderno 13 – Maquiavel, O Estado e a Política, contribuições plausíveis para 
recuperar as formas de resistência e de criação de uma nova existência, segundo ele, 
um organismo vivo - o intelectual coletivo, o partido – capaz de superar qualquer 
visão mítica da realidade e adoração a mitos, na medida em que possibilita aos 
indivíduos a apropriação historicista da realidade e do real, possível e necessário 
desenvolvimento de suas próprias capacidades e participação ativa como demiurgos de 
sua própria história, anunciando e organizando uma reforma intelectual necessária 
para a realização de uma forma superior de civilização moderna. 
 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 O fascismo é um fenômeno historicamente determinado por um conjunto de 
fatores sócio-hitóricos, visto que tem lugar e características próprias para seu advento. 
No período pós Primeira Guerra, a crise econômica na Itália provocou o 
empobrecimento das classes médias inflamando conflitos sociais, e nacionalistas, 
trabalhadores rurais e industriais se uniram na angústia que a crise, havendo um 
crescente desânimo em relação aos partidos políticos. Quando em 1921, o Partido 
Nazionale Fascista surge, como um partido antimonárquico, antiburguês, 
antissocialista, apresentando-se como algo novo e diferente, recebeu apoio dos 
grandes latifundiários e dos mercados e dirigentes internacionais e atraiu a massa, na 
ocasião eleitoral, cansada da política suja e fútil. 
 Pelo advento do fascismo ser historicamente determinado, atribuirmos o termo 
para qualquer movimento político ou indivíduo que se apresente conservador e 
autoritário, não se configura uma adequação correta. Porém, os elementos essenciais 
que se apresentam em sua formação imersa em contradições, o quais autores como 
Antonio Gramsci conseguiram abstrair da leitura dialética e historicista da realidade 
trágica de seu tempo, nos auxiliam no prognóstico da configuração da farsa 
neofascista tropical de nosso tempo, a qual guarda semelhanças e diferenças de alguns 
fatores que caracterizam o fenômeno - o processo deformação nacional marcada por 
sucessivas revoluções passivas e transformismo, a debilidade das classes dirigentes em 
manter a hegemonia em momentos de crise, tendência à subversão reacionária das 
classes dominantes, utilização de métodos de guerra como política, discurso 
nacionalista e populista com tática político-ideológica para scimiare das massas – mas 
que objetivam de fato a reorganização do capital em crise, aos patamares de lucros 
cada vez mais exorbitantes às custas dos direitos e da vida dos grupos subalternos, das 
camadas oprimidas e exploradas. 
Nesse sentido, que Gramsci nos Cadernos do Cárcere, além da análise do 
fenômeno que originou o fascismo na Itália, delineou proposições para que a classe 
subalterna se organize e coloque em movimento um processo de superação não apenas 
do fenômeno do fascismo - que se apresenta quando o capital em tempos de crise 
precisa romper com a própria democracia e o Estado democrático de direito que o 
sustenta em tempos de equilíbrio da força e do consenso, mas sobretudo, a superação 
de toda a estrutura e superestrutura que sustenta as relações de exploração posta pelo 
capital, por uma nova forma de ser. Para tanto, é preciso colocar em curso uma 
reforma intelectual e moral que, segundo Gramsci, já expressa também uma reforma 
econômica. Este movimento deve ser anunciado e organizado pelo Partido, o qual 
assume a perspectiva revolucionária, qual seja, formar os intelectuais orgânicos 
necessários para desenvolver a autonomia e o espírito inventivo necessários para 
assumir e tomar pra si a desconstrução da velha ordem e a construção de um novo 
modo de vida social. 
 
REFERÊNCIAS 
 
COUTINHO, C.N. O Estado brasileiro: gênese, crise, alternativas. In: LIMA, J.C.F., 
and NEVES, L.M.W., org. Fundamentos da educação escolar do Brasil 
contemporâneo [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2006, pp. 173-200 
FRESU, Gianni. Nas Trincheiras do Ocidente: Lições sobre fascismo e antifascismo. 
Ponta Grossa: Uepg, 2017. 
GRAMSCI, Antonio. Escritos Políticos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005. 
GRAMSCI, Antonio. Cadernos do Cárcere, volume 3. Rio de Janeiro: Civilização 
Brasileira, 2007. 
GRAMSCI, Antonio. Cadernos do Cárcere, volume 5. Rio de Janeiro: Civilização 
Brasileira, 2011. 
GRAMSCI, Antonio. Cartas do Cárcere, v.1: 1926-1930. Rio de Janeiro: Civilização 
Brasileira, 2005. 
GRAMSCI, Antonio. Cartas do Cárcere, v.2: 1931-1937. Rio de Janeiro: Civilização 
Brasileira, 2005. 
MARX, Karl. O 18 de Brumário de Luís Bonaparte. São Paulo: Boitempo, 2011. 
ROBERT O. PAXTON. A anatomia do fascismo.Terra e paz ed., São Paulo, 2007 
Fascismo 100 anos. Jornal UFMG. 
Disponível em: <> https://ufmg.br/comunicacao/noticias/100-anos-do-fascismo-serie-
discute-influencia-da-ideologia-de-mussolini-a-atualidade. Acesso em: 18 de jul/2019. 
https://ufmg.br/comunicacao/noticias/100-anos-do-fascismo-serie-discute-influencia-da-ideologia-de-mussolini-a-atualidade
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