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Resenha "The Corporation"

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Nome: Marcos Negrão						RA: 802227
Resenha: documentário “The Corporation”
Inspirado no livro “The Corporation: The Pathological Pursuit of Profit and Power” de Joel Bakan, o documentário “The Corporation” de 2003, dirigido por Mark Achbar e Jennifer Abott, analisa a evolução das organizações e mostra de maneira crítica a realidade do Modus operandi das corporações. Inicialmente, o curta metragem retrata a evolução das organizações nos últimos 150 anos, e como a corporação com o passar do tempo, se tornou algo onipresente na sociedade, igualada a monarquia, a igreja e até mesmo ao partido comunista, examinando e expondo a natureza, transformações, os efeitos, qualidades e malefícios das modernas corporações.
Posteriormente, o documentário possui como um subtema, a avaliação da corporação como uma “personalidade”, fazendo paralelos com o ser humano, feita através dos critérios diagnósticos do DSM-IV, comparando o perfil de negócios rentáveis das corporações ao diagnóstico clínico de um psicopata, em outras palavras, mostra a indiferença com as questões humanas de seus próprios consumidores, o insensível desrespeito para os sentimentos de outras pessoas, o desprezo pela segurança dos indivíduos, a incapacidade de manter relacionamentos humanos, inaptidão de experimentar culpa, a falta de conformidade para as regras e normas sociais e contínua desonestidade, tudo sempre visando o lucro.
As corporações retratadas no documentário trabalham de forma estratégica, de um lado, explorando mão de obra barata e até infantil e do outro fazendo projetos sociais, tudo para capturar mais consumidores para seus produtos, e, os consumidores preocupados com as causas sociais e ambientais serão fisgados a partir dessa estratégia. E por repetidas vezes, autoridades, CEOs, e a mídia em geral afirmam que os problemas causados pelas corporações são apenas algumas “maçãs podres”, tratando-os como casos isolados, o que é totalmente desconstruído durante o filme.
O filme mostra que devido à busca frenética por lucro, estas empresas têm atitudes que deixam de lado seus valores éticos e morais. Com a aprovação da 14ª emenda nos Estados Unidos no final do século XIX, do qual aprovou que as corporações poderiam ter direitos de uma pessoa jurídica, porém com responsabilidade limitada, protegendo os proprietários e seus administradores, ou seja, empresários em busca de lucros constantes, não se preocupam se seus atos são prejudiciais à saúde, ao meio ambiente ou aos direitos humanos, o objetivo é obter mais lucro para seus acionistas sem medir esforços.
No documentário são reunidos alguns absurdos praticados por estas corporações: Hormônio do Crescimento Bovino; Agente Laranja; pesquisa de marketing sobre como inspirar crianças a importunar seus pais para comprar produtos; as vacas, que são vegetarianas, foram alimentadas com proteína animal processada, levando à possibilidade de transmissão da doença da vaca louca; o salmão criado em fazenda continha mercúrio; Pesticida DDT que foi utilizado em grande escala, vindo a causar grandes danos; e quanto ao meio ambiente, é constatada a extração de recursos da natureza para transformá-los em produtos que serão devolvidos para a natureza futuramente em forma de dejetos industriais, além do lixo tóxico e a paquidérmica poluição.
Corporações seguem uma dinâmica própria, sua razão de existência é tornar mais eficiente o acúmulo do capital, o que as faz transcender as vontades individuais de seus acionistas e executivos “em prol do coletivo”, mas isso cabe apenas para obtenção de cabedais. Mas, mais do que criar estruturas de produção viciadas, a lógica do lucro é responsável também pelo modo como é construída a cultura corporativa e suas noções de responsabilidade social e política.
Isso é refletido também nas relações de trabalho. Fazendo um paralelo com o modelo Fordista, a moralidade e a dignidade é descartada em nome da eficiência e busca pelo objetivo, diminuindo o homem à condição de máquina. Seja no que diz respeito à dissociação entre atos individuais de funcionários e realizações criminosas cometidos pela companhia, ou na desumanização do processo de produção. 
Em suma, podemos dizer que, mesmo tratando-se de um documentário de 20 anos atrás, o assunto abordado cabe perfeitamente no contexto atual da sociedade, e se refletirmos um pouco mais, vemos que o cenário apenas piorou, as sanções existem, mas as ações e ilegalidades das empresas são mascaradas ou não fiscalizadas propositalmente. As grandes multinacionais têm no lucro o único mediador de suas responsabilidades e ações em relação ao público. A não ser que interfira de alguma maneira em sua capacidade de acumular capital, corporações não se sentem responsáveis por danos políticos, sociais, ambientais ou culturais que possam causar. É possível dizer que “The Corporation” busca mais que trazer o debate acerca do poder corporativo, criar mobilização. O documentário carrega um traço inconfundível de resistência e indignação com a corrupta e umbrosa perante os ideais corporativos, e ressalta como a comunidade deve ser antagônica e relutante quanto à aceitação da conduta dessas corporações.
Com uma abordagem investigativa, com o intuito de expor a ganância coorporativa e examinar forças poderosas e corruptas, assim como The Corporation, o documentário aborda rotas que o dinheiro sujo toma, revelando que a corrupção e a ganância estão impregnadas em vários lugares do mundo, denunciando várias irregularidades sobre as instituições, onde a riqueza vem acompanhada da impunidade.
A série documental aborda a economia global, dando ênfase ao universo das corporações, como fábricas de carros e bancos. É possível ver casos de corrupção e de pessoas que se prejudicaram com empréstimos.
O primeiro episódio explora o escandaloso esquema envolvendo a Volkswagen e o uso de um dispositivo em seus carros que reduzia, de forma fraudulenta, o nível de poluição emitida por motores a diesel quando testados em laboratório. O capítulo expõe ainda, de forma pungente, evidências de que a empresa sabia que a ação contribuiria para um aumento exponencial de mortes por intoxicação pela poluição, mas que preferiu mentir e enganar clientes mundo afora em prol de margens de venda e lucros recordes.
Assim, se compararmos os dois documentários, notamos existe uma clara ineficiência tanto do mercado financeiro quanto dos órgãos que regulamentam políticas para o controle de atitudes fraudulentas das organizações.

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