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Anais do XI Encontro de Ciências da Vida Ciência no desenvolvimento social e profissional Ilha Solteira – SP 1 XI Encontro de Ciências da Vida Ciência no desenvolvimento social e profissional ANAIS Edição: FEIS/UNESP Organizadores: Fernando Shintate Galindo Igor Paiva Ramos Ilha Solteira ‐ SP 05 a 09 de junho de 2017 2 Comissão organizadora Presidente: Prof. Dr. Alan Perez Ferraz de Melo Vice‐presidente: Ana Carolina Almeida Rollo de Paz Secretária: Sara Ferreira de Souza 1º Tesoureiro: Prof. Dr. João Antonio da Costa Andrade 2º Tesoureira: Isabela Maria Dias Moyses Fernandes XXXIII Semana da Agronomia Coordenador docente: Prof. Dr. Marcelo Carvalho Minhoto Teixeira Filho Coordenador discente: Carlos Eduardo Batista Secretária discente: Beatriz Batello Rodrigues XV Semana da Biologia Coordenadora docente: Profa. Dra Aline Redondo Martins Coordenador discente: José Daniel Soler Garves Secretário discente: Wesller da Silva de Paiva XI Semana da Zootecnia Coordenador docente: Prof. Dr. Leandro Coelho de Araújo Coordenador discente: Matheus Sousa de Paula Carlis Secretário discente: João Vitor Storti Comissão científica Prof. Dr. Igor Paiva Ramos Me. Fernando Shintate Galindo Promoção: Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira Organização: Curso de Ciências Biológicas, Curso de Agronomia e Curso de Zootecnia FICHA CATALOGRÁFICA Elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação da UNESP - Ilha Solteira. Encontro de Ciências da Vida (11. : 2017 : Ilha Solteira). E56a Anais [do] XI Encontro de Ciências da Vida : 05 a 09 de junho de 2017, Ilha Solteira-SP [recurso eletrônico] / organizadores: Fernando Shintate Galindo, Igor Paiva Ramos. -- Ilha Solteira : Unesp/FEIS, 2017 299 p. : il. Inclui bibliografia e índice Temática do evento: Ciência no desenvolvimento social e profissional ISBN 978-85-61507-06-0 1. Ciência e tecnologia - Congressos. 2. Pesquisa - Congressos. 3. Desenvolvimento social - Congressos. 4. Formação profissional - Congressos. 4. Ciência e civilização - Congressos. I. Galindo, Fernando Shintate. II. Ramos, Igor Paiva. III. Título. IV. Ciência no desenvolvimento social e profissional. CDD 570.7 3 Morfologia da fenestra supratemporal dos Caiman da Gruta Ioiô (Pleistoceno, Bahia): Qual a origem da variação? Alice Barra Freire (1)*, Felipe Chinaglia Montefeltro (2) 1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, e-mail: alicebf13@hotmail.com 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia Introdução O clado Caimaninae (Alligatoridae, Crocodylia) é representado atualmente pelos gêneros Caiman (3 spp.), Melanosuchus (1 spp.) e Paleosuchus (2 spp) distribuídos na América Latina (Barrios 2013, Grigg, Kirshner 2015). Estes táxons tendem a ser abundantes nos ambientes que ocorrem. Por outro lado, a diversidade fóssil do clado é notavelmente baixa em depósitos Pleistocênicos sendo a maioria dos fósseis fragmentários e não informativos (Fortier, Rincón 2012). Pelo menos quatro espécimes de Caiman, incluindo um crânio completo, foram recuperados em um depósito Pleistocênico proveniente da Gruta Ioiô (Castro et al. 2014) e representam o mais completo registro do gênero para o Pleistoceno até o momento. Dentre as variações morfológicas reconhecidas nos espécimes, destaca- se a grande diferença na morfologia da fenestra supratemporal. Esta estrutura assume tamanho e morfologia única em cada um dos espécimes coletados. Em Crocodylia as diferenças da morfologia da fenestra supratemporal podem ser atribuídas a três fatores principais: afinidade taxonômica, ontogenia e condições ambientais. O presente trabalho objetiva a análise da variação reconhecida nos espécimes de Caiman da Gruta Ioiô e a investigação da origem da variação desta estrutura. Material e métodos Os materiais de Caiman reanalisados correspondem aos 4 espécimes descritos preliminarmente (Castro et al. 2014) provenientes da Gruta Ioiô localizada no município de Palmeiras, Bahia, próxima ao parque nacional da Chapada Diamantina (12o23’36.3’’ S, 41o33’11’’ W) e depositados no Laboratório de Paleontologia de Ribeirão Preto-FFCLRP-USP (LPRP/USP 0704, LPRP/USP 0705, LPRP/USP 0706 e LPRP/USP 0707, Figura 1). Os espécimes são atribuídos ao período Pleistoceno com idade aproximada de 18.260 anos através de datação por bioapatita. O estudo se concentrou nos espécimes LPRP/USP 0707 e LPRP/USP 0706 que encontram-se em empréstimo para o Laboratório de Paleontologia e Evolução de Ilha Solteira (LAPEISA). O espécime LPRP/USP 0706 é representado por um crânio parcial fragmentário (Figura 1C) e o espécime LPRP/USP 0707 representado por um crânio parcial desarticulado além de elementos mandibulares fragmentários (Figura 1D). Para o estudo do espécime LPRP/USP 0707, os ossos supraoccipital, parietal, frontal, esquamosal esquerdo, pós-orbital direito e esquerdo, pré-frontais e lacrimais foram rearticulados e fotografado para a análise da fenestra supratemporal. 4 Para a comparação da morfologia da fenestra supratemporal dos Caiman da Gruta Ioiô foram utilizados crânios de Caiman latirostris, Paleosuchus palpebrosus, Crocodylus niloticus e Crocodylus siamensis depositados no LAPEISA, bem como de informações provenientes da literatura. Figura1: Espécimes de Caiman Gruta Ioiô. Fst: Fenestra supratemporal. LPRP/USP 0704 (A); LPRP/USP 0705 (B); LPRP/USP 0706 (C) e LPRP/USP 0707 (D). Barra de escala = 2cm. Resultados e discussão A morfologia da fenestra supratemporal dos quatro espécimes são variáveis, tanto em forma, tamanho e extensão da fossa supratemporal. O espécime LPRP/USP 0704 representa um dos extremos entre os espécimes, com a fenestra supratemporal de tamanho avantajado (maior eixo da fenestra aprox. 2 cm) ocupando uma grande área do teto craniano, com o formato da abertura arredondado e com a fossa supratemporal limitando o tamanho da fenestra supratemporal interna (senso Montefeltro et al. 2011). Por outro lado, o espécime LPRP/USP 0707 representa outro extremo possuindo a fenestra supratemporal de tamanho limitado (maior eixo da fenestra com 1 cm) ocupando uma área limitada do teto craniano, com o formato da abertura irregular e sem fossa supratemporal expressiva. Enquanto os espécimes LPRP/USP 0705 e LPRP/USP 0706 apresentam morfologias intermediárias entre estes extremos e como a fenestra com o formato alongado anteroposteriormente (Figura 1B e 1C). A possibilidade destas variações serem resultantes de afinidades taxonômicas diferentes para os espécimes foi descartada pelo critério topotípico e pelos espécimes compartilharem características anatômicas que suportam uma afinidade única (formato abaulado do rostro, cristas rostrais proeminentes, Brochu 1999, Castro et al. 2014). A fenestra supratemporal tende a diminuir de tamanho ao longo da ontogenia em Caiman e tendem a se distanciar pelo crescimento do parietal sobre a fenestra (Mook 1921). No entanto, a possibilidade das diferenças nos fósseis analisados serem resultado da variação ontogenética foi preterida, pois todos os espécimes avaliados possuem aproximadamente as mesmas dimensões do teto craniano e dos demais elementos preservados. Deste modo, é possível assumir que se tratam de indivíduos em estágios ontogenéticos próximos pelo crescimento contínuo das espécies de Crocodylia (Iordanski 1973). Por outro lado, trabalhos anterioresanalisando variações dentre espécimes 5 selvagens e cativos tem demonstrado que espécimes submetidos a diferentes condições ambientais (ex.: alimentação, locomoção, termorregulação) podem levar a grandes modificações morfológicas em Crocodylia (Meers 2002, Sadleir 2009, Drumheller et al. 2016). Estas diferenças são particularmente visíveis na morfologia da fenestra supratemporal dentre os espécimes cativos que inclusive pode levar ao fechamento completo da fenestra temporal em alguns espécimes (Drumheller et al. 2016). Adicionalmente, os Crocodylia possuem uma estruturação social complexa (Grigg, Kirshner 2015) e indivíduos nos diferentes níveis hierárquicos sociais tendem a ocupar nichos diferentes levando à alimentação, locomoção e termorregulação significativamente diferentes. Assim, as diferenças na morfologia da fenestra supratemporal nos fósseis estudados poderiam ser resultado de espécimes que ocupavam diferentes posições sociais e que em última instancia levaram a morfologias diferentes da fenestra analisada. Conclusões Dentre as três possíveis razões levantadas para explicar as diferenças morfológicas das fenestras supratemporais nos quatro indivíduos de Caiman da Gruta Ioiô nós excluímos as explicações taxonômicas e ontogenéticas. Assim, sugerimos que estas diferenças observadas sejam melhor explicadas da perspectiva ecofenotípica sendo as diferentes morfologias em última instância resultantes das interações ecológicas entre os indivíduos. Referências BARRIOS, Francisco. Presencia de Caiman latirostris (DAUDIN, 1802) (Crocodylia, Alligatoridae) em la formación Piquete (Plioceno-Plestoceno Temprano) de la Provincia de Salta, Argentina: Implicancias paleoambientales y sistemáticas. Ameghiniana. Neuquén, p. 522-534. maio 2013. BROCHU, Christopher A.. Phylogenetics, Taxonomy, and Historical Biogeography of Alligatoroidea. Journal Of Vertebrate Paleontology,Austin, p.1-93, 24 ago. 1999. CASTRO, Mariela C.; MONTEFELTRO, Felipe C.; LANGER, Max C.. The Quaternary vertebrate fauna of the limestone cave Gruta do Ioiô, northeastern Brazil.Quaternary International,Ribeirão Preto, v. 352, n. 352, p.164-175, 26 nov. 2014. DRUMHELLER, Stephanie K.; WILBERG, Eric W.; SADLEIR, Rudyard W.. The Utility of Captive Animals in Actualistic Research: A Geometric Morphometric Exploration of the Tooth Row of Alligator mississippiensis Suggesting Ecophenotypic Influences and Functional Constraints. Journal Of Morphology. Illinois, p. 1-13. 2016. FORTIER, Daniel Costa; RINCÓN, Ascanio Daniel. Pleistocene crocodylians from Venezuela, and the description of a new species of Caiman. Quaternary International. Caracas, p. 1-8. jan. 2012. GRIGG, Gordon; KIRSHNER, David; SHINE, Rick. Biology and Evolution of CROCODYLIANS. New York: Csiro, 2015. 671 p. IORDANSKY, N.n..The Skull of the Crocodilia.1973. 62 f. Department Of General Biology And Genetics, 2nd Moscow State Medical Instituition, Moscow, 1973. MONTEFELTRO, Felipe C.; LARSSON, Hans C. E.; LANGER, Max C.. A New Baurusuchid (Crocodyliformes, Mesoeucrocodylia) from the Late Cretaceous of Brazil and the Phylogeny of Baurusuchidae. Plosone, Montre´ Al, Canada, v. 6, n. 7, p.1-26, jul. 2011. MEERS, MB. 2002. Cross-sectional geometric properties of the crocodylian humerus: An exception to Wolff ’s Law? MOOK, Charles. INDIVIDUAL AND AGE VARIATIONS IN THE SKULLS OF RECENT CROCODILIA. Bulletin American Museum Of Natural History. p. 51-66. 1921. SADLEIR, RW. 2009. A morphometric study of crocodylian ecomorphology through ontogeny and phylogeny [dissertation]. Chicago, IL: The University of Chicago Nível e área do trabalho: Graduação/Ciências Biológicas 6 Influência de piscicultura em tanques-rede sobre a dieta de Pimelodus maculatus no reservatório de Chavantes, SP Alini Beloto Parra(1)*, Igor Paiva Ramos (2) 1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Laboratório de Ecologia de Peixes. E-mail: alinibparra@gmail.com 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Ecologia de Peixes. Introdução Atualmente, políticas públicas incentivam a substituição da pesca extrativista por atividades de aquicultura (Pelicice et al. 2014), cuja taxa de crescimento anual em território brasileiro é maior que qualquer outra atividade zootécnica. A recente expansão e o potencial existente para esta atividade geram preocupações dos órgãos gestores dos reservatórios e da comunidade científica quanto as possíveis influências ambientais desta atividade sobre a conservação das comunidades silvestres. O modelo zootécnico nos sistemas de criação de peixes em tanques-rede é o cultivo intensivo, no qual os peixes são cultivados em alta densidade, com intenso aporte de ração. Dessa forma esta atividade atua como fonte de energia secundária ao ecossistema aquático, na forma de sobra de rações e efluentes que atraem a biota adjacente, causando alterações na estrutura da comunidade local. Autores como Beveridge (2004) e Pillay (2004) relatam que até 30% da matéria orgânica destinada à produção do pescado pode ser perdida para o ecossistema aquático, causando modificações ecológicas em áreas próximas a esses sistemas (Beveridge, 2004; Håkanson, 2005; Ramos et al., 2013ab). Estudos que abordem a influência desses sistemas sobre a ictiofauna silvestre podem fornecer informações importantes para o desenvolvimento de uma aquicultura sustentável. Assim o presente trabalho objetiva avaliar a influência de uma piscicultura em tanques-rede sobre a dieta de Pimelodus maculatus, no reservatório de Chavantes, Rio Paranapanema, SP. Material e métodos Coletas mensais foram realizadas no reservatório de Chavantes, Rio Paranapanema, SP, em duas pisiculturas em tanques-rede (área TR) e em duas áreas sem influência desta atividade (área CT) entre os meses de novembro de 2006 a outubro de 2007 (projeto FINEP nº. 3626/05). Para realização das análises, os exemplares das duas áreas sob influência de pisciculturas em tanques-rede foram agrupados em uma única amostra, sendo o mesmo aplicado às áreas sem a influência da atividade aquícola. Os exemplares de P. maculatus foram coletados com auxílio de redes de espera, eutanasiados (IBAMA nº 15549- 1) e os estômagos retirados e fixados (formol 4%) para análises laboratoriais. Os conteúdos estomacais foram analisados sob estereomicroscópio, os itens alimentares identificados até o nível taxonômico mais inferior possível, com auxílio de chaves de identificação para algas (Bicudo e Bicudo, 1970) e invertebrados aquáticos (Mugnai et al., 2010). Posteriormente, cada item teve a massa determinada em balança analítica de precisão (0,0001g) conforme método gravimétrico (Hyslop, 1980). Para sumarizar a composição da dieta, os resultados foram expressos por meio da porcentagem da massa de cada item 7 alimentar. Para testar possíveis diferenças na composição da dieta entre as áreas TR e CT foi utilizada a análise PERMANOVA. A fim de verificar qual a contribuição de cada item alimentar para a diferença observada, foi aplicado o método de porcentagem de similaridade (SIMPER). Todas as análises estatísticas foram realizadas com auxílio do software Primer 6.0 + Permanova e o nível de significância adotado foi p<0,05. Resultados e discussão Foram coletados um total de 522 indivíduos de P. maculatus, sendo 392 oriundos da área TR e 130 da área CT. Para a área TR foram registrados 20 itens alimentares sendo os principais Ração (88,47%) e Detrito (4,35%), enquanto para a área CT 31 itens alimentares foram registrados, sendo os principais Fragmento de peixe (26,8%), Fragmento vegetal (21,2%), Detrito (14,63%) e Gastropoda (8,7%) (Tabela 1). Tabela 1 – Itens alimentares registrados em Pimelodus maculatus e suas respectivas porcentagens para as áreas Tanque e Controle. Categorias/Itens Tanque (%) Controle (%) PROTOZOÁRIOS Tecameba - <0,01 ALGAS/VEGETAIS Alga filamentosa 0,020,20 Fragmento vegetal 0,51 21,20 VERTEBRADOS Fragmento de ave - 0,05 PEIXE Fragmento de peixe 2,37 26,80 ESCAMAS Escamas 2,64 2,73 RAÇÃO Ração 88,47 1,02 DETRITO Detrito 4,35 14,63 INVERTEBRADOS Molusco não identificado - 0,06 Bivalve 0,24 3,79 Gastropoda 0,57 8,78 Ovos de invertebrado não identificado - 1,30 Coleoptero não identificado 0,09 1,77 Odonata não identificado - 0,04 Gomphidae 0,08 2,40 Libelulidae - 0,33 Baetidae <0,01 0,40 Polymitarcidae - 0,34 Camarão 0,29 1,68 Ostracoda <0,01 1,18 Hymenoptera não identificado 0,01 0,08 Tricoptera não identificado 0,12 1,75 Ácaro não identificado - <0,01 Aranae - <0,01 Corixidae <0,01 0,05 Fragmento de inseto aquático 0,08 4,87 Fragmento de inseto terrestre 0,05 0,09 Diptera não identificado 0,00 <0,01 Ceratopogonidae <0,01 0,01 Chironomidae 0,05 3,86 Chaoboridae - <0,01 Quanto à composição da dieta, foi observada diferença entre as áreas TR 8 e CT (PERMANOVA p = 0,0001 e F= 80,9), sendo Ração (48,32%), Detrito (14,2%), Gastropoda (5,84%) e Fragmento vegetal (4,62%) os itens que mais contribuíram para a diferença, segundo a análise SIMPER. A diferença na riqueza de itens alimentares possivelmente relaciona-se ao grande consumo de ração na área TR. Assim, exemplares oriundos desta área utilizam estes recursos alóctones como base de sua dieta, deixando de consumir itens autóctones. Tal fato relaciona-se com o hábito alimentar onívoro/generalista, de P. maculatus, que consome itens com maior disponibilidade no ambiente, favorecendo a relação custo-benefício segundo a teoria do forrageamento ótimo (Abelha, Agostinho e Goulart, 2001). Dessa forma, os indivíduos analisados foram capazes de aproveitar a ração, quando esta estava disponível em grande quantidade no ambiente, como também observado por Brandão et al. (2014) e Ramos et al. (2013), no rio Paranapanema. Conclusões A atividade de piscicultura em tanques-rede influencia a composição da dieta de P. maculatus. Referências ABELHA, M.C.F.; AGOSTINHO, A.A.; GOULART, E. Plasticidade trófica em peixes de água doce. Acta Scientiarum, v. 23, n. 2, p.425-434, 2001. BEVERIDGE, M.C.M. Cage aquaculture. 3ª ed. Oxford: Blackwell Publishing, 2004. BICUDO, C.E.M.; BICUDO, R.M.T. Algas de águas continentais brasileiras chave ilustrada para identificação de gêneros. São Paulo: Fundação Brasileira para o Desenvolvimento do Ensino de Ciências, 1970. BRANDÃO, H.; SANTANA, J. C. O.; RAMOS, I. P.; CARVALHO, E. D. Influence of cage farming on feeding and reproductive aspects of Pimelodus maculatus Lacépède, 1803 (Siluriformes: Pimelodidae) in the Chavantes reservoir, Brazil. Acta Scientiarum. Biological Sciences, v. 36, n. 1, p.41- 50, 2014. HÅKANSON, L. Changes to lake ecosystem structure resulting from fish cage farm emissions. Lakes & Reservoir: Research and Management, v. 10, p. 71-80, 2005. HYSLOP, E. J. Stomach contents analysis-a review of methods and their application. Journal Of Fish Biology, [s.l.], v. 17, n. 4, p.411-429, out. 1980. Wiley-Blackwell. http://dx.doi.org/10.1111/j.1095- 8649.1980.tb02775.x. MUGNAI, R.; NESSIMIAN, J.L.; BAPTISTA, D.F. Manual de identificação de macroinvertebrados aquáticos do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Technical Boocks, 2010. PELICICE, F.M.; VITULE, J.R.S.; LIMA-JUNIOR, D.P.; ORSI, M.L; AGOSTINHO, A.A. A serious new threat to Brazilian freshwater ecosystems: the naturalization of nonnative fish by decree. Conservation Letters, v. 7, n. 1, p. 55–60, 2014. PILLAY, T.V.R. Aquaculture and the environment. 2ª ed. Oxford: Blackwell Publishing, 2004. RAMOS, I.P.; BRANDÃO, H.; ZANATTA, A. S.; ZICA, E. O. P.; SILVA, R. J.; REZENDE-AYROZA, D. M. M. Interference of cage fish farm on diet, condition factor and numeric abundance on wild fish in a neotropical reservoir. Aquaculture. v. 414-415, p. 56-62, 2013. Nível e área do trabalho: Graduação/Ciências Biológicas 9 A utilização de curtas-metragens socioambientais como ferramenta para educação ambiental no ensino formal Allana Lojó Pizápio(1), João Vitor de Souza Xavier(2)*, Julia Jiacometi Marcondes(3), Denise Gallo Pizella(4) 1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Departamento de Biologia e Zootecnia 2UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Ba charelado, Departamento de Biologia e Zootecnia. E-mail: joaovitor.sx@hotmail.com. 3UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas, Departamento de Biologia e Zootecnia 4UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia Introdução A educação ambiental é, nos tempos modernos, uma importante ferramenta para um futuro mais sustentável e a principal maneira de formar cidadãos que pensem criticamente a respeito da realidade social, econômica, ambiental e cultural na qual se inserem, buscando modificar as estruturas de poder que conduzem à exclusão social e aos problemas ambientais vigentes, tornando-se cidadãos ativos em suas comunidades. Na instituição escolar, qual seja, em um ambiente educacional formal, existem formas diversas para se inserir a temática ambiental nos currículos escolares, seja no desenvolvimento de atividades artísticas, experiências práticas, atividades fora do ambiente escolar, por meio de projetos, dentre outros (SATO, 2002, apud FERREIRA, 2013). Segundo Tristão (2004), a temática ambiental é facilmente relacionada aos temas apresentados aos alunos em sua grade tradicional de disciplinas, mas, por apresentar uma natureza interdisciplinar, é melhor trabalhada por meio de projetos ou atividades extracurriculares, pois não é possível inseri-la na estrutura curricular, em uma única disciplina. Neste sentido, segundo Rosa (2000) apud Cruz e Fernandes (2013), o emprego de documentários e animações em sala consiste em uma ferramenta para trabalhar a educação ambiental, devido ao apelo às estruturas emocionais do aluno, possibilitando a aprendizagem de conteúdos curriculares apresentados em sala-de-aula. Este projeto teve como principal objetivo desenvolver o espírito crítico de estudantes da cidade de Ilha Solteira (SP) frente aos problemas socioambientais nacionais e globais, estimulando seu senso crítico de maneira que propusessem soluções ou atitudes que pudessem minimizar tais problemas, por meio de debates em sala de aula, fazendo uso da ferramenta cinematográfica. Material e métodos O projeto foi desenvolvido durante os meses de abril a novembro de 2016 (com excesso de julho, época de recesso escolar), juntamente a duas escolas da cidade de Ilha Solteira (SP), sendo uma da rede privada e outra pública, juntamente aos anos do Ensino Médio. A metodologia consistiu na exibição mensal de curtas-metragens com temáticas socioambientais em cada uma das turmas, no período de aula, que foi cedido pelo docente responsável. Após a exibição dos curtas-metragens, foram realizados debates com as turmas referentes aos temas abordados e solicitado aos estudantes que respondessem 10 a um questionário em duplas, que posteriormente foi analisado, de modo a perceber de que forma o público-alvo apreendeu os conteúdos discutidos. Foram exibidos e discutidos os seguintes curtas-metragens no período: “Entre Rios”, “Rios Voadores”, “Homem Refluxo”, “Nuvens de Veneno”, “Para Onde Foram as Andorinhas” e “Refugiados do Desenvolvimento”. Resultados e discussão O primeiro documentário exibido nas duas escolas foi “Nuvens de Veneno”, que trata do uso descomedido de agrotóxicos no Brasil, com os consequentes impactos ambientais e sobre a saúde do trabalhador que ocasionam. No debate proposto para as turmas, foram abordados, sobretudo, os problemas de saúde nos trabalhadores que manuseiam os produtos tóxicos, os impactos ambientais ocasionados ao solo, águas e sobre a biodiversidade, assim como as dificuldades que os produtores de orgânicos enfrentam no país frente à agricultura convencional, visto que grande parte dos resíduos de agrotóxicos chegamà sua produção por meio de ventos, água contaminada e pelas produções agrícolas vizinhas de origem convencional, gerando uma boa discussão com as turmas. Os estudantes se mostraram interessados em saber como funcionava a agricultura orgânica e preocupados com a lavagem dos produtos antes do consumo, além de sugerirem, em algumas respostas, algumas medidas para diminuir ou mesmo substituir os agrotóxicos na agricultura, tais como o controle biológico, a biorremediação de áreas degradadas, a hidroponia, a rotação de culturas e uma maior fiscalização das produções que fazem uso de agrotóxicos. O segundo documentário foi “Rios Voadores”, que aborda a origem das chuvas que se dão na região sudeste do país, por meio do fenômeno de evapotranspiração da Floresta Amazônica. Em ambas as escolas, percebeu-se que os alunos estavam divididos sobre a influência dos rios voadores no microclima e macroclima em termos gerais, podendo-se perceber pela seguinte resposta: “Os rios voadores são formados a partir da evapotranspiração das plantas, com auxilio dos ventos, e então massas de ar são transportados para outras áreas. Porém, os rios voadores influenciam somente o microclima”. O documentário “Entre Rios” foi o terceiro a ser exibido, e trata a relação entre as inundações na área urbana da cidade de São Paulo e o processo de ocupação do solo sem planejamento em suas microbacias. Em uma das escolas, os estudantes levantaram questionamentos a respeito do planejamento urbano, tanto nos debates quanto nos questionários respondidos, abordando a necessidade da manutenção das áreas verdes nas cidades, com a preservação dos recursos hídricos e uma melhor gestão ambiental nestes ambientes. Destaca-se a resposta: “Para evitar as enchentes, o governo deve apresentar uma boa gestão urbanística visando a preservação dos recursos hídricos, gestão ambiental digna e saneamento básico adequado”. O curta metragem “Para onde foram as andorinhas? ”, uma produção do Instituto Socioambiental (ISA), teve como principal objetivo discutir como as alterações ambientais (desmatamento para a agricultura extensiva e intensiva) vem alterando o microclima local e o macroclima global do ponto de vista de indígenas do Rio Xingu (Floresta Amazônica). Durante a discussão, houve uma grande participação dos alunos e um sentimento de revolta de sua parte, visto que os estudantes não demonstraram ter qualquer conhecimento acerca de 11 como os povos indígenas são afetados pelo modelo de desenvolvimento adotado no país, sobretudo agrícola. O curta metragem “Refugiados do desenvolvimento” mostrou a trajetória sócio espacial de deslocamento compulsório das vítimas do modelo de desenvolvimento insustentável provocado pela construção de grandes empreendimentos no Brasil como, por exemplo, as usinas hidrelétricas e as atividades de mineração, provocando impactos irreversíveis ao meio ambiente e nos aspectos socioculturais locais. Quando questionados sobre “como seria um país que, ao invés do modelo de desenvolvimento baseado somente no crescimento econômico, adotasse um modelo de desenvolvimento sustentável?”, destacou-se a seguinte resposta: “Seria um país que utilizaria energia limpa, respeitando a natureza. Haveria melhor distribuição do dinheiro público, e na prática, todos os cidadãos seriam iguais”. O último documentário apresentado foi o “Homem refluxo”, que apresenta a história de um habitante de um grande centro urbano que ficou sete dias sem destacar os resíduos daquilo que consumia, acumulando-os em uma roupa especial de plástico transparente, de modo a impactar visualmente as pessoas que eram por ele abordadas nos espaços em que frequentava. Quando interrogados sobre como as pessoas poderiam atuar em suas cidades para diminuir o consumo de bens dispensáveis e para auxiliar na reciclagem, destacou-se a resposta: “Consumir apenas o que é necessário, cobrar dos órgãos públicos medidas para o tratamento do lixo, utilizar sacolas de pano ao invés de descartáveis, reaproveitamento de embalagens”. Conclusões O projeto “Cinema e Meio Ambiente” cumpriu, no período analisado, com o objetivo de despertar no público alvo, quais sejam, estudantes das redes pública e privada de ensino do município de Ilha Solteira, a importância de se refletir sobre as questões socioambientais, de modo a mobilizar nos estudantes a preocupação e possível busca de soluções para a problemática ambiental que afeta as sociedades humanas como um todo. Referências CRUZ, A.B.; FERNANDES, G.W.R. Limites e possibilidades sobre o uso do vídeo documentário científico no Ensino de Física. Atas do IX Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências – IX ENPEC, Águas de Lindóia, SP., 10 a 14 de novembro de 2013. FERREIRA, H.M. A transversalidade nas aulas de Língua Portuguesa: A Educação Ambiental em questão. Anais do SILEL,2013. v.3, n.1. Uberlândia: EDUFU. TRISTÃO, M. Saberes e fazeres da educação ambiental no cotidiano escolar. Revista brasileira de educação ambiental, 2004. n.0, p.47-56. Nível e área do trabalho: Graduação/Ciências Biológicas 12 Diversidade de estômatos em espécies de leguminosas da Reserva Natural da Serra do Tombador - GO Alysson Aluízio de Oliveira Rios (1) *, Aline Redondo Martins (2) Natacha Silva (3), Beatriz Schenaide Vitória (1), Regivan Antonio de Saul (1), Alessandra Fidelis (3) 1UNESP-FEIS, Curso de Engenharia Agronômica, Laboratório de Estudos em Morfologia e Anatomia Vegetal. E-mail: alyssrios@hotmail.com 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia, Laboratório de Estudos em Morfologia e Anatomia Vegetal. 3UNESP- Rio Claro, Curso de Pós-graduação em Biologia vegetal. Introdução No cerrado, a família Leguminosae é uma das mais abundantes em espécies, apresentando uma ampla diversidade morfológica e uma grande variedade de hábitos e comportamentos (Oliveira, 1999; Simon; Penningtony, 2012). É a terceira maior família das Angiospermas, com espécies distribuídas em três subfamílias: Caesalpinioideae, Mimosoideae e Papilionoideae (Polhill et al. 1981; Lewis et al. 2005). Segundo Simon e Penningtony (2012) a família tem como característica adaptações evolutivas que ocorrem nos órgãos vegetativos das plantas, uma delas é a presença de diferentes tipos de estômatos, para a realização de trocas gasosas ou até mesmo no controle de perda de água De acordo com Appezzato-da-Gloria e Carmello-Guerreiro (2012) as classificações estomáticas vão de acordo com o formato e arranjo das células subsidiárias. Os estômatos podem ser classificados como: anomocítico (envolvido por células que não diferem em formato e tamanho das demais células epidérmicas), anisocítico (circundado por três células subsidiárias), paracítico (acompanhado, de cada lado, por uma ou mais células subsidiárias com seu eixo longitudinal paralelo à fenda estomática), diacítico (envolvido por duas células subsidiárias com seu eixo formando um ângulo reto com a fenda estomática) e actinocítico (em torno do qual as células subsidiárias se dispõem radialmente). O objetivo do presente estudo foi analisar os tipos de estômatos presentes em espécies de leguminosas da Serra do Tombador. Material e métodos Foram realizados cortes, (1,0 x 2,00 centímetros) na região mediana das folhas das espécies de Bauhinia dumosa, Chamaecrista claussenii, Mimosa kalunga, Mimosa leiocephala, Mimosa somnians e Senna corifolia, coletadas na Reserva Natural da Serra do Tombador – GO, em maio de 2016. Tais amostras foliares foram fixadas às lâminas histológicas de vidro com cola de secagem rápida, éster de cianoacrilato (Segatto et al., 2004). Após a total secagem da cola o material vegetal foi removidoda lâmina restando apenas a impressão foliar nas faces adaxial e abaxial. Em seguida, as lâminas foram fotografadas com as impressões das duas faces com aumento de 40X. Resultados e discussão 13 As seis espécies em estudo apresentaram estômatos do tipo paracítico, no geral em ambas as faces da folha, exceto na espécie B. dumosa onde os estômatos foram encontrados apenas na face abaxial e na espécie M. somnians somente na face adaxial (Figuras 1 e 2). As espécies C. claussenii e M. leiocephala apresentaram também o tipo de estômato anisocítico, presente na face adaxial da folha de C. claussenii e em ambas as faces de M. leiocephala (Figuras 1 e 2). Moreira-Coneglian e Oliveira (2006) mostraram diversidade estomáticas em espécies de leguminosas, sendo que em algumas espécies também foram observados estômatos do tipo paracítico nas faces adaxial e abaxial das folhas. Segundo Moreira-Coneglian e Oliveira (2006) e Appezzato- da-Gloria e Carmello-Guerreiro (2012) a presença de estômatos paracíticos e anisocíticos é característica da família Leguminosae. Figura 1. A – F. Impressão foliar paradérmica evidenciando estômatos nas espécies B. dumosa, C. claussenii e M. kalunga. A, C e E. face adaxial das três espécies, respectivamente. B, D e F. face abaxial das três espécies, respectivamente. 14 Figura 2. A - F. Impressão foliar paradérmica evidenciando estômatos nas espécies M. leiocephala, M. somnians e S. corifolia. A, C e E. face adaxial das três espécies, respectivamente. B, D e F. face abaxial das três espécies, respectivamente. Conclusões As seis espécies de leguminosas estudadas apresentaram os estômatos do tipo paracítico, no geral em ambas as faces da folha, com exceção das espécies B. dumosa (somente na face abaxial) e M. somnians (somente na face adaxial). Na face adaxial foliar da espécie C. claussenii e em ambas as faces da espécie M. leiocephala foram encontrados também estômatos do tipo anisocítico. Referências APPEZZATO-DA-GLORIA, B.; CARMELLO-GUERREIRO, S. M. Anatomia Vegetal – 3. Ed. UFV, p. 87-89, 2012. LEWIS, G.; SCHRIRE, B.; MACKINDER, B.; LOCK M. Legumes of the world, Kew Royal Botanic Gardenspg. 592, 2005. OLIVEIRA, D. M. T. Morfo-anatomia do embrião de leguminosas arbóreas nativas. Revista Brasileira de Botânica, v. 22, p.413, 1999. POLHIL, L R. M.; RAVEN, P. H., STIRTON, C. H. Evolution and systematics of the Leguminosae. In: PolhillRM, RavenPH, eds. Advances in legume systematics Part 1. Kew: Royal Botanic Gardens, 1–26. 1981. SEGATTO, F. B.; BISOGNIN, D. A.; BENEDETTI, M.; COSTA, L. C.; RAMPELOTTO, M. V.; NICOLOSO, F. T. Técnica para o estudo da anatomia da epiderme foliar de batata: A technique for the anatomical study of potato leaf epidermis. Ciência Rural, Santa Maria, Rs, v. 34, n. 5, p.1597-1601, out. 2004. SIMON, M. F.; PENNINGTON, T. Evidence for adaptation to fire regimes in the tropical savannas of the Brazilian Cerrado. International Journal of Plant Sciences, v. 173, p. 711-723, 2012. Nível e área do trabalho: Graduação/Engenharia Agronômica 15 Ciclo Reprodutivo do mandi Pimelodus cf. platicirris (Siluriformes: Pimelodidae) sob influência de uma piscicultura em tanque-rede. Amanda Pereira dos Santos Silva(1)*, Patricia Postingel Quirino(1), Aymar Orlandi Neto(2) , Igor Paiva Ramos(3), Alexandre Ninhaus Silveira(4), Rosicleire Veríssimo Silveira(4) 1UNESP-IBB, Curso de Pós-graduação em Ciências Biológicas - Zoologia, Laboratório de Ictiologia Neotropical – LINEO. e-mail: silva.amandabio@yahoo.com.br* 2UNESP-FEIS, Curso de Biologia, Laboratório de Laboratório de Ecologia - Pirá 3UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Ecologia - Pirá 4UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Ictiologia Neotropical – LINEO Introdução A atividade de piscicultura em tanques-rede encontra-se em expansão nas represas brasileiras, entretanto, sabe-se que esta prática tem induzido alterações nas espécies adjacentes a esse cultivo (Ramos et al., 2008; Frazer, 2009). Efluentes como restos de ração, muco, fezes, escamas e peixes mortos, podem induzir a processos de eutrofização ou podem ser utilizados como recurso alimentar pela ictiofauna silvestre, alterando sua dieta, podendo aumentar o comprimento padrão e a massa total, alterar o desenvolvimento das gônadas e a produção de gametas (Pillay, 2004; Ramos et al., 2008; Mallasen et al., 2008). Deste modo, o objetivo deste trabalho foi avaliar a influência de uma piscicultura em tanques-rede sobre a reprodução de fêmeas de Pimelodus cf. platicirris, no reservatório de Ilha Solteira por meio da caracterização morfológica do ciclo reprodutivo da espécie. Material e métodos As coletas foram realizadas em uma piscicultura em tanques-rede no município de Santa Clara D’Oeste – SP, no braço Can Can do reservatório de Ilha Solteira, rio Paraná (AT) (50°55’59.65’’W e 20°02’30.54’’S), e outra área controle, sem a influência de sistemas de pisciculturas em tanques-rede (AC) (50°51'58.94"W e 20°0'13.71"S). Os espécimes foram coletados bimestralmente com auxílio de dois lotes de redes com malhas 3, 4, 5, 6 e 7 cm entre nós não adjacentes e um lote de redes com malhas 7, 8, 10, 12 e 14 cm entre nós não adjacentes, no período de Dez/2014 a Dez/2016). Todos os procedimentos de coleta e eutanásia foram conduzidos de acordo com os protocolos aprovados pelo SISBIO nº 42229-1, sendo os animais gradativamente resfriados a fim de diminuir rapidamente a sua atividade metabólica. Os ovários de 76 fêmeas seguiram os processos usuais para preparação de lâminas histológicas, corados em Hematoxilina e Eosina, para análise morfológica e definição do ciclo reprodutivo da espécie, comparando a Área Controle (AC) com a Área Tanque (TQ). 16 Resultados e discussão Nos ovários de Pimelodus cf. platicirris, o epitélio germinativo contem ninhos com oogônias A-indiferenciada, A-diferenciada e B, bem como cistos de oócitos em leptóteno, zigóteno, paquíteno e diplóteno. Os oócitos em diplótenos são individualizados pelas células foliculares e membrana basal, formando o folículo ovariano, agora presentes nas lamelas ovulígeras. Nesta região são observados os oócitos em Crescimento Primário, denominados pré- vitelogênicos, de vários tamanhos e oócitos em Crescimento Secundário ou vitelogênicos durante o desenvolvimento gonadal. As definições desses estágios permitiram caracterizar quatro fases ao longo do ciclo reprodutivo de P. cf. platicirris: Em Desenvolvimento, Apto a desova, Regressão e Regeneração. 1) Em Desenvolvimento apresenta em sua maioria, oócitos em Crescimento primário (pré-vitelogênicos) e poucos oócitos em crescimento secundário, caracterizado pelo início de incorporação de grânulos de vitelo e crescimento do oócito (Fig.1A); 2) Apto à Desova: predominância de oócitos vitelogênicos, com núcleo excêntrico próximo a micrópila e um lote menor de oócitos em crescimento primário (Fig.1B); 3) Regressão: presença de complexos pós-ovulatórios e lamelas desorganizadas após a desova (Fig.1C); 4) Regeneração: As lamelas estão se reorganizando para o próximo ciclo, com foliculogênese ativa e oócitos em crescimento primário, os complexos pós ovulatórios ainda estão em reabsorção final (Fig.1D). Figura 1 – Fases do Ciclo Ovariano de Pimelodus cf. platicirris. A – Desenvolvimento; B – Apto à Desova; C – Regressão e D – Regeneração. Legendas: opv – Oócito pré vitelogênico; ov – oócito vitelogênico; lu – lúmem; la – lamela ovulígera; cpo: complexo pós ovulatório. Definida as fases do ciclo reprodutivo de P. cf. platicirris, foram comparadas as suas ocorrências nas Áreas Controle (AC) com a Área Tanque (AT). As mesmas fases reprodutivas foram encontradas nos dois pontos: Desenvolvimento, Apto à desova, Regressão e Regeneração. No entanto, a distribuição ocorreu de forma desigual. Isso pode ser visto, por exemplo,a fase de Apto a Desova, em AC, foi observada apenas em dezembro de 2015, já em AT, a mesma, ocorreu em dezembro/2014, 2015 e 2016, além de março de 2015 e fevereiro e abril de 2016 (Fig. 2A,B). Tal fato corrobora com os períodos reprodutivos da maioria das espécies neotropicais e segundo Vazzoler (1996), isso se deve a alta pluviosidade, maior disponibilidade de oxigênio e maior quantidade de alimento no ambiente que irá favorecer a eclosão dos ovos e sobrevivência da prole. Podemos apontar também a ausência de indivíduos coletados em cinco coletas em AC, já em AT, houve indivíduos por todo o período de coleta, mesmo que em número reduzido (Fig. 2A,B). Esse fato pode ser influenciado pela oferta de efluentes, como restos de ração, servindo como recurso alimentar pela ictiofauna silvestre, sendo este um alimento constante nessas áreas de 17 pisciculturas devido ao manejo de criação (Ramos et al., 2008; Mallasen et al., 2008; Brandão et al., 2014). Figura 2 – Comparação das Fases Reprodutivas de Pimelodus cf. platicirris ao longo do período. A - Área Controle; B – Área Tanque. Conclusões Houve influência da piscicultura sob as fêmeas de Pimelodus cf. platicirris, pois a dinâmica de reprodução mostrou-se diferente dos espécimes encontrados na área controle, como uma maior diversidade no ciclo em cada coleta, além de maior número de indivíduos durante todo o período experimental. Agradecimentos Agradecemos a CNPQ Processo nº 140611/2015-0 pelo financiamento da pesquisa e a equipe do Laboratório de Ictiologia Neotropical (LINEO) e Laboratório de Ecologia (Pirá) pelo auxílio nas coletas e estrutura. Referências BRANDÃO, H.; SANTANA, J. C. O.; RAMOS, I. P.; CARVALHO, E. D. Influence of cage farming on feeding and reproductive aspects of Pimelodus maculatus Lacépède, 1803 (Siluriformes: Pimelodidae) in the Chavantes reservoir, Brazil, Acta Scientiarum. Biological Sciences Maringá, v. 36, n. 1, p. 41-50, 2014. FRAZER, L.N. Sea-cage aquaculture, sea lice, and declines of wild fish. Conservation Biology, v. 23(3), p. 599–607, 2009. MALLASEN, M.; BARROS, H. P.; YAMASHITA, E. Y. Produção de peixes em tanques-rede e a qualidade da água. Revista Tecnologia e Inovação Agropecuária, Campinas, v.1, n.1, p. 47-51, 2008. PILLAY, T.V.R. Aquaculture and the environment. 2ª ed. Oxford: Blackwell Publishing, 194p, 2004. RAMOS, I. P.; VIDOTTO – MAGNONI, A. P.; CARVALHO, E. D. Influence of cage fish farming on the diet of dominant fish species of a Brazilian reservoir (Tietê River, High Paraná River basin). Acta Limnológica Brasileira, v. 20, n. 3, p. 245-252, 2008. VAZZOLER, A. E. A . M. Biologia da reprodução de peixes teleósteos: teoria e prática. Maringá: EDUEM/SBI/CNPq/Nupélia, 169 p,1996. Nível e área do trabalho: Pós Graduação 0% 20% 40% 60% 80% 100% Área Controle Apto a desova Regressão A B 0% 20% 40% 60% 80% 100% Área Tanque Apto à desova Regressão Regeneração 18 Tamanho ótimo de parcelas em experimentos com frangos de corte pelo método da máxima curvatura Ana Carolina Almeida Rollo de Paz(1)*, Gláucia Amorim Faria(2), Beatriz Garcia Lopes(3), Ana Patrícia Bastos Peixoto(4), Rosemeire da Silva Filardi(5) 1UNESP-FEIS, Curso de Zootecnia, Laboratório de Estatística Aplicado – LEA. e-mail: ana.carol.paz@bol.com.br 2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Matemática, Laboratório de Estatística Aplicada – LEA 3UNESP-FEIS, Curso de Matemática, Laboratório de Estatística Aplicada – LEA 4UEPB-PB, Docente, Centro de Ciência e Tecnologia 5UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia Introdução Em fevereiro de 2017 as exportações brasileiras de carne de frango tiveram um aumento de 3,2% em volume e 24% em receita, em comparação com fevereiro de 2016 (ABPA, 2017). A produção de frango superou 13,14 milhões de toneladas, passando a ser o segundo lugar mundial em produção, tendo os Estados da região sul como os que mais abateram (ABPA, 2016). Independente do material experimental utilizado e do ambiente onde será feita a experimentação, o planejamento deve ser feito para que se reduza o erro experimental. O planejamento correto possibilita que a variações entre as unidades experimentais (erro experimental), sejam as menores possíveis (ROSTAGNO et al., 2007). De certa forma, atualmente essas pesquisas, em sua maioria, passam por problemas limitantes, como o alto custo dos experimentos, e as questões bioéticas e de bem-estar animal, que têm levado à redução do número de animais no processo de experimentação. Nesse contexto, aspectos importantes como o coeficiente de variação, tamanho de parcelas e número amostras, devem ser considerados, uma vez que todos estes têm grande efeito sobre a variação experimental nos ensaios com frangos de corte. Até o momento não existem estudos que visem o tamanho adequado de parcelas e número de repetições em experimentos na área de avicultura. Havendo, portanto, a necessidade de serem realizadas pesquisas direcionadas a esta questão. Este trabalho tem como objetivo estabelecer o tamanho ótimo da parcela para experimentos com frangos de corte pelo método da máxima curvatura. Material e métodos Os dados utilizados para a realização deste trabalho foram provenientes de 116 artigos com frangos de corte em periódicos nacionais e internacionais para a realização deste trabalho, coletados nos sites Google Acadêmico, Scielo e Web of Science no período de setembro de 2016 a janeiro de 2017. Para determinar-se o tamanho ótimo de parcelas por este método, calcularam-se inicialmente, os coeficientes de variação dos dados de altura das brotações, para os tamanhos de parcelas pré-estabelecidos, em cada ensaio ou tratamento. Os valores percentuais dos foram plotados contra seus respectivos tamanhos de parcela num sistema de eixos de coordenados, obtendo-se uma 19 curva que representa a relação entre estas variáveis. Pelo método original essa curva seria traçada à mão livre e o ponto de máxima curvatura localizado por inspeção visual, conforme Federer (1963); no entanto utilizou-se de instrumento computacional do programa R (R DEVELOPMENT CORE TEAM, 2015) na construção dos gráficos e obtenção das curvas mediante união dos pontos coordenados por meio de segmentos de reta. O tamanho ótimo da parcela foi considerado como sendo o valor da abscissa correspondente ao ponto sobre a curva no qual ocorre a maior taxa de mudança do coeficiente de variação em resposta ao aumento no tamanho de parcela de acordo com Federer (1963) e Le Clerg (1967). Resultados e discussão Na estimação do tamanho de parcela por este método foram avaliados 14 tamanhos de parcelas, cujos coeficientes de variação encontram-se na Tabela 1. Os valores dos coeficientes de variação variaram de 9,54% a 16,46% para as variáveis estudadas. Na Figura 1, encontram-se a representação gráfica da curva obtida da relação entre o coeficiente de variação plotado contra seu respectivo tamanho de parcela, por meio da qual se estimou o tamanho ótimo de parcela para as variáveis. Tabela 1: Estimativas dos parâmetros pelo modelo de máxima curvatura, coeficiente de variação CV(x), para as variáveis analisadas no levantamento de diferentes experimentos com frangos de corte. Variáveis Parâmetros Coeficiente de variação Tamanho de parcela Coeficiente de determinação â b̂ (%)CV cX 2R Rendimento de Carcaça 119,07 1,07 9,54 10,41 0,922 Conversão Alimentar 35,40 0,423 16,46 6,09 0,739 Consumo de Ração 29,11 0,395 15,19 5,18 0,738 Ganho de Peso 57,72 0,634 14,67 8,64 0,863 Na Figura 1, encontra-se a representação gráfica da curva obtida da relação entre o coeficiente de variação plotado contra seu respectivo tamanho de parcela, por meio da qual se estimou o tamanho ótimo de parcela para as variáveis. 20 Figura 1: Relação entre o coeficiente de variação CV(%) e tamanho deparcela (Xc) para as variáveis obtidas no levantamento de diversos experimentos com frangos de corte. Conclusões Em experimentos com frangos de corte o tamanho ótimo de parcela encontrado foi por volta de 5, 6, 9 e 11 unidades básicas para as variáveis consumo de ração, conversão alimentar, ganho de peso e rendimento de carcaça, respectivamente. Agradecimentos (opcional) Ao grupo de pesquisa LEA – Laboratório de Estatística Aplicada. À FAPESP pelo auxílio ao projeto 2015/18225-4. Referências ABPA – Associação Brasileira de Proteína Animal, Relatório Anual, 2016. ABPA – Associação Brasileira de Proteína Animal, Receita de embarques de carne de frango cesce 25% em fevereiro, mar. 2017. FEDERER, W. T. Experimental desing: theory and application. 2nd ed. New York: Macmillan Company, 1963. 544p. LE CLERC, E. L. Significance of experimental desing in plant breeding. In:FREY, K. J. (Ed.) Plant breeding symposium. Ames: State University, 1967. p.243-313. R Development Core Team (2015). R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria. ISBN 3-900051- 07-0, URL http://www.R-project.org. ROSTAGNO, H. S.; BÜNZEN, S.; SAKOMURA, N. K.; ALBINO, L. F. T. Avanços metodológicos na avaliação de alimentos e de exigências nutricionais para aves e suínos. Rev. Bras. Zootec., v.36, p.295-304, 2007. Nível e área do trabalho: Graduação/Zootecnia 21 Influência de piscicultura em tanques-rede sobre população silvestre de Geophagus proximus (Perciformes: Cichlidae) no reservatório de Ilha Solteira, SP/MS Ana Letícia AntonioVital (1)*, Letícia de Oliveira Manoel(2), Rosicleire Verissimo Silveira(3), Cristiéle da Silva Ribeiro(3), Lidiane Franceschini(2), Igor Paiva Ramos(3) 1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado/Licenciatura, Laboratório de Ecologia de Peixes. e-mail: analeticiaantoniovital@gmail.com 2UNESP-IBB, Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas – Zoologia 3UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia Introdução A aquicultura representa nova fronteira para o crescimento do agronegócio no país, como indicam políticas públicas que visam expandir tal atividade. Uma delas se constitui no Plano de Desenvolvimento da Aquicultura Brasileira (PDA), criado para ampliar e efetivar as ações que vão orientar o desenvolvimento sustentável da aquicultura no Brasil até o ano de 2020 (MPA, 2015). Diversos trabalhos discutem a problemática desta atividade em águas costeiras e continentais, demonstrando a ocorrência de impactos desde a qualidade da água e do sedimento, até implicações sobre a estrutura das comunidades bentônica, planctônica e de peixes, mudanças nas taxas de parasitismo de peixes silvestres, além dos inerentes escapes de peixes em cultivo, propiciando a introdução de espécies não nativas (Beveridge, 2004; Krkosek et al., 2005; Yucel-Gier et al, 2007; Ramos et al,.2013ab). Ainda, Ho & Nagasawa (2001) relatam a possibilidade de transmissão de parasitas dos peixes silvestres para os peixes em cultivo, causando perdas econômicas para os produtores. Especificamente, um dos parasitas de peixes mais comumente encontrados na bacia do alto Paraná, são metacercárias de Austrodiplostomum compactum, relatadas em 36 espécies de peixes dulcícolas brasileiros (Ramos et al., 2013b), incluindo Geophagus proximus (Zago et al., 2013). Conforme Yamada et al. (2008), a presença deste parasito, em casos extremos, pode causar exoftalmia, deslocamento da retina, opacidade do cristalino e cegueira ou até a morte. Dentre diversas espécies de peixes introduzidas no reservatório de Ilha Solteira, G. proximus, conhecida como “porquinho”, constitui o recurso pesqueiro mais significativo para a pesca artesanal. Conforme relato de Carvalho e David (2007), ela é seguida de outras espécies não nativas como a “corvina” (Plagioscion squamosissimus) e o “zoiudo” (Satanoperca pappaterra), no que se refere à relevância econômica local e regional. Embora constitua a base da economia para os pescadores e exerça relevância financeira para toda a região, existem poucos relatos sobre a interferência das explorações piscícolas em reservatórios de água doce neotropicais, particularmente no que diz respeito ao impacto sobre a ictiofauna selvagem (Ramos et al., 2013a). Desta forma, o objetivo do presente trabalho foi avaliar a influência de piscicultura em tanques- rede sobre aspectos populacionais e infecção por metacercárias de A. compactum em G. proximus, no reservatório de Ilha Solteira (Rio Grande, SP). 22 Material e métodos As coletas foram realizadas em uma piscicultura em tanques-rede no município de Santa Clara D’Oeste – SP, no braço Can-Can (vazão média anual = 1,76 m³/s) do reservatório de Ilha Solteira, no rio Grande, bacia do alto Paraná. Atualmente, o empreendimento atua na criação de tilápias-do-nilo (Oreochromis niloticus) e possui aproximadamente 230 tanques de 18 m3, e 18 tanques de 144 m3, com uso de ração de 4.375 kg/dia (inf. pess Michael Kengo Itagaki). Uma das áreas amostrais está localizada próxima aos tanques-rede (TR) (50°55’57.60’’W e 20°02’33.62’’S), e a outra em local a aproximadamente 10 km a montante, com características fisiográficas semelhantes, mas sem a influência de sistemas de pisciculturas em tanques-rede (CT) (50°51'58.94"W e 20° 0'13.71"S). As coletas da ictiofauna foram realizadas bimestralmente entre setembro/2014 e dezembro/2016 conforme autorização SISBio nº 42229-1, com auxílio de redes de espera de diferentes malhagens (3 a 14 cm entre nós não adjacentes) nas duas áreas amostrais. Dos peixes coletados, mensurou-se o comprimento padrão (cm) com auxílio de ictiômetro, e massa total (g) com auxílio de balança analítica (0,01 g). Após, realizou-se incisão longitudinal na superfície ventral dos indivíduos para que todos os órgãos da cavidade visceral fossem retirados e separados. Os olhos dos animais foram examinados individualmente com auxílio de microscópio estereoscópico para a coleta de metacercárias de A. compactum. Os parasitas foram fixados em solução de álcool 70%. Para avaliações parasitológicas analisou-se 69 exemplares de G. proximus para a área Tanque e 48 para a área Controle, perfazendo um total de 117 exemplares. Enquanto que para avaliações populacionais (abundância total, massa total média e comprimento padrão médio) foram analisados 726 exemplares da área Tanque e 340 da área Controle, totalizando 1.066 indivíduos da espécie G. proximus. Calculou-se para os hospedeiros: abundância numérica relativa, massa total média e comprimento padrão médio para ambas as áreas. Também foram calculados os seguintes atributos parasitológicos: prevalência (P), intensidade média de infecção (IMI) e abundância média (AM) de acordo com Bush et al. (1997) para metacercárias de A. compactum, considerando-se as áreas amostrais (Tanque e Controle) isoladamente. Para avaliar a influência da atividade de piscicultura em tanques-rede sobre tais atributos, realizou-se comparação entre as áreas Tanque e Controle, do comprimento padrão médio, massa total média, AM e IMI por meio de teste-U, enquanto para a abundância numérica relativa e P foi utilizado teste-Z. O nível de significância utilizado para todas as análises foi p<0,05, sendo as análises estatísticas realizadas por meio de software BioEstat 5.0 e SigmaStat 3.1. Resultados e discussão Para a abundância numérica relativa (z=10,408 e p<0,001) observou-se maior valor na área Tanque. Porém, o mesmo não se constatou para o comprimento padrão médio dos hospedeiros (z(u)=1,15 e p=0,24), massa total média (z(u)=0,54 e p=0,58), abundância média parasitária (z(u)= 0,71 e p=0,47), intensidade média de infecção parasitária (z(u)=0,83 e p=0,41) e prevalência parasitária (z=0,05 e p=0,957), para os quais não se observaram diferenças entre as áreas. 23 Assim, atribuí-se os resultadosobtidos para a abundância numérica relativa à interferência causada pela sobra de ração em produções piscícolas intensivas, devido ao livre fluxo de água entre o rio e o interior das gaiolas. Em condições naturais, G. proximus alimenta-se principalmente de material vegetal, moluscos, insetos e outros vertebrados aquáticos (Santos et al., 2004). Contudo, até 30% da entrada contínua de matéria orgânica em tanques-rede pode ser disponibilizado para o ecossistema aquático na forma de restos de ração, fezes, muco, escamas e peixes mortos (Pillay, 2004). Desta forma, verifica-se que a facilidade de forrageamento proporcionada pela ração serve como atrativo, elevando a densidade populacional ao entorno de tanques-rede e, consequentemente, interferindo na abundância numérica entre as áreas. Contudo, tais mudanças ambientais não influenciaram até o presente momento no comprimento padrão médio, na massa total média e nos aspectos parasitológicos de G. proximus. Conclusões Concluiu-se que a piscicultura em tanques-rede pode influenciar a abundância numérica de peixes silvestres da espécie G. proximus, contudo não foi observada influência para outros parâmetros populacionais e parasitológicos avaliados até o presente momento. Agradecimentos Os autores agradecem a Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira pela infraestrutura, a Fundunesp (Processo número 0305/001/14-PROPe/CDC) e CNPq (Processo número 443103/2014-3). Referências BEVERIDGE, M.C.M. Cage aquaculture. 3ª ed. Oxford: Blackwell Publishing, 2004. BUSH, A.O.; LAFFERTY, K.D.; LOTZ, J.M. E A.W. SHOSTAK. Parasitology meets ecology on its own terms: Margolis revisited. The Journal of Parasitology, 83: 575–583, 1997. CARVALHO, E.D.; DAVID, G.S. Estudo da biologia pesqueira: Levantamento da biologia pesqueira e análise da capacidade suporte ambiental. Botucatu: Projeto Parque Aqüícola FEIS (Ilha Solteira)/IBB (Botucatu), 2007. p. 1-56. HO, J.S.; NAGASAWA, K. Why infestation by Lepeophtheirus salmonis (Copepoda: Caligidae) is not a problem in the coho salmon farming industry in Japan. Journal of Crustacean Biology, 21: 954–960, 2001. KRKOSEK, M.; LEWIS, M.A.; VOLPE, J.P. Transmission dynamics of parasitic sea lice from farm to wild salmon. Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences, 272: 689–696, 2005. MPA - Ministério da Pesca e Aquicultura. Plano de desenvolvimento da aquicultura brasileira 2015- 2020. Brasilia - DF, 2015. PILLAY, T.V.R. Aquaculture and the environment (2ª edition). Blackwell Publishing, 212p., 2004. RAMOS, I.P.; BRANDÃO, H.; ZANATTA, A.S.; ZICA, E.O.P.; SILVA, R.J.; REZENDE-AYROZA, D.M.M.; CARVALHO, E.D. Interference of cage fish farm on diet, condition factor and numeric abundance on wild fish in a Neotropical reservoir. Aquaculture, 414-415: 56-62, 2013a. RAMOS, I.P.; FRANCHESCHINI, L.; ZAGO, A.C.; ZICA, E.O.P.; WUNDERLICH, A.C.; CARVALHO, E.D.; SILVA, R.J. New host records and a checklist of fishes infected with Austrodiplostomum compactum (Digenea: Diplostomidae) in Brazil. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, 22(4): 511-518, 2013b. SANTOS, G.M., MÉRONA, B., JURAS, A.A., JÉGU, M. Peixes do Baixo Rio Tocantins: 20 anos depois da Usina Hidrelétrica Tucuruí. Brasília: Eletronorte; 2004. 216p YAMADA, F.H.; MOREIRA, L.H. DE A.; CESCHINI, T.L.; TAKEMOTO, R.M.; PAVANELLI, G.C. Novas ocorrências de metacercária de Austrodiplostomum compactum (Lutz, 1928) (Platyhelminthes: Digenea) parasito de olhos de peixes da Bacia do Rio Paraná. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v. 17, n. 3, p.163-166, 2008. YUCEL-GIER, G.; KUCUKSEZGIN, F.; KOCAK, F. Effects of fish farming on nutrients and benthic community structure in the Eastern Aegean (Turkey). Aquaculture Research, 38: 256-267, 2007. ZAGO, A.C.; FRANCESCHINI, L.; ZOCOLLER- SENO, M.C.; R. VERÍSSIMO-SILVEIRA, R.; MAIA, A.A.D.; IKEFUTI, C.V.; SILVA, R.J. The helminth community of Geophagus proximus (Perciformes: Cichlidae) from a tributary of the Paraná River, Ilha Solteira Reservoir, São Paulo State, Brazil. Journal of Helminthology, in press: 87, 203–211, 2013. Nível e área do trabalho: Graduação/Ciências Biológicas 24 Levantamento Florístico de Fabaceae em áreas de vegetação nativa no Mato Grosso do Sul Andrezza Santos Flores(1)*, Larissa Natiele da Silva (2), Andréia Alves Rezende(3) 1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Herbário de Ilha Solteira (HISA). e-mail: andrezzaflores6@gmail.com 2UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Herbário de Ilha Solteira (HISA). 3UNESP-FEIS, Docente. Departamento de Biologia e Zootecnia, Herbário de Ilha Solteira (HISA). Introdução Fabaceae apresenta cerca de 770 gêneros e mais de 19.500 espécies (LPWG, 2013). Dessa forma, a família é morfologicamente, fisiologicamente e ecologicamente diversa, sendo considerado um dos exemplos mais espetaculares de diversificação no decorrer da evolução das plantas. Além disso, vale ressaltar que recentemente foi proposta uma nova classificação das subfamílias, onde Fabaceae passa a ser constituída por seis subfamílias, tais como Detarioideae com 84 gêneros e 760 espécies, Cercidoideae, 12 gêneros e 335 espécies, Duparquetioideae, 1 gênero e 1 espécie, Dialioideae, 17 gêneros e 85 espécies, Caesalpinioideae, 148 gêneros e 4.400 espécies, Papilionoideae, 503 gêneros e 14.000 espécies (LPWG, 2017), e não mais com três subfamílias, como era tratada desde Bentham (1865). Na maioria dos ecossistemas naturais brasileiros Fabaceae é uma das principais famílias em número de espécies, principalmente devido à simbiose da grande maioria das espécies com as bactérias do gênero Rhizobium fixadoras de nitrogênio (Souza; Lorenzi, 2008). Ainda são atribuídos ao sucesso dessa família os seus métodos de defesa (acúleos, taninos), a eficiência na reprodução e principalmente, a capacidade de adquirir substâncias essenciais para o crescimento (Polhill; Raven, 1981). De acordo com Lima et al. (2015) no Brasil são reconhecidos 222 gêneros e 2.826 espécies, em contrapartida no Mato Grosso do Sul são reconhecidos 111 gêneros e 501 espécies o que representa aproximadamente 18% das espécies de Fabaceae. Entretanto, na região onde se encontra a Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão (FEPE) da UNESP de Ilha Solteira, não há registro de levantamentos sobre a flora de Fabaceae, justificando assim, uma investigação científica em forma de inventário florístico. Portanto, o presente trabalho teve como objetivo inventariar as espécies de Fabaceae nas áreas de vegetação nativa da Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão (FEPE) localizada no município de Selvíria, MS, além de averiguar o grau de ameaça das espécies identificadas. 25 Material e métodos - Área de estudo Este estudo foi realizado em três áreas de vegetação nativa na Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão (FEPE) da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (FEIS/UNESP), localizada no município de Selvíria, no estado do Mato Grosso do Sul, Brasil (20º19’ – 20º24’ S e 51º24’ – 51º23’ W), a margem esquerda do Rio Paraná, na divisa com o Estado de São Paulo. - Coleta e identificação do material botânico Para a realização do inventário florístico das espécies de Fabaceae da FEPE foram realizadas coletas quinzenais, por um período de doze meses. Foram percorridas trilhas na borda e no interior das áreas de estudo visando à coleta de plantas, em fase reprodutiva e/ ou vegetativa. Os espécimes foram coletados e herborizados de acordo com as técnicas usuais apresentadas por Fidalgo e Bononi (1989). A identificação preliminar do material botânico foi realizada em campo e complementada e/ou conferida pela comparação com materiais depositados no Herbário de Ilha Solteira (HISA), em herbários virtuais na rede mundial de computadores e pela consulta à bibliografia especializada. As espécies foram ordenadasem gêneros e famílias de acordo com o sistema APG IV (2016). Para a verificação da distribuição geográfica, das sinonímias botânicas, autoria e grafias das espécies amostradas foram consultados os bancos de dados W3 Tropicos do Missouri Botanical Garden (http://www.tropicos.org), International Plant Names Index (http://www.ipni.org) e a Lista de Espécies da Flora do Brasil (http://floradobrasil.jbrj.gov.br). Para a classificação das espécies de acordo com o nível de ameaça foi consultado o site da Lista de Espécies da Flora do Brasil (http://floradobrasil.jbrj.gov.br). Resultados e discussão No período de doze meses no estado do Mato Grosso do Sul foram amostrados 173 espécimes, representados em 36 espécies, sendo uma em nível de gênero. Assim, entre os espécimes 132 são árvores, 29 arbustos e 12 trepadeiras. De acordo com a consulta à Lista de Espécies da Flora do Brasil, as espécies Andira anthelmia (Vell.) Benth e Bauhinia forficata Link são citadas para outros estados brasileiros, mas ainda sem registro no Mato Grosso do Sul, justificando a necessidade de ampliar estudos voltados para inventários florísticos. Com relação, ao grau de ameaça verificou-se que das 36 espécies duas foram enquadradas em alguma categoria, tais como as Plathymenia reticulata Benth e Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville que se enquadram na categoria de ameaça pouco preocupante (LC), já as demais espécies ainda não foram avaliadas quanto a ameaça. Em contrapartida, cabe salientar que a espécie Bauhinia forficata Link que de acordo com a Lista de Espécies da Flora do Brasil ainda não foi identificada no centro-oeste, é amplamente difundida na Caatinga, e que atualmente está ameaçada de extinção neste ecossistema (Silva el al., 2003). 26 Conclusões Considerando que há 501 espécies de Fabaceae no Mato Grosso do Sul, e na FEPE foram encontradas apenas 36 espécies, verificamos que há necessidade de intensificar as coletas nos locais do estudo, entretanto foi possível verificar duas novas ocorrências para o Mato Grosso do Sul. Referências APG IV. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG IV. Botanical Journal of the Linnean Society 181:01-20, 2016. BENTHAM, G. 1865. Leguminosae. In: Bentham, G. & Hooker, J.D. (eds.), Genera plantarum, vol. 1(2). Londini [London]: venit apud Lovell Reeve. p. 434-600. Disponível em: <https://doi.org/10.5962/bhl.title.747>. Acesso em: 03 mai.2017. FIDALGO, O.; BONONI, V.L.R. Técnicas de coleta, preservação e herborização de material botânico. Instituto de Botânica, São Paulo, 1989. 62p. LIMA, H.C.; QUEIROZ, L.P.; MORIM, M.P.; SOUZA, V.C.; DUTRA, V.F.; BORTOLUZZI, R.L.C.; IGANCI, J.R.V.; FORTUNATO, R.H.; Vaz, A.M.S.F.; SOUZA, E.R.; FILARDI, F.L.R.; VALLS, J.F.M.; GARCIA, F.C.P.; FERNANDES, J.M.; MARTINS, R.C.V.; PEREZ, A.P.F.; MANSANO, V.F.; MIOTTO, S.T.S.; TOZZI, A.M.G.A.; MEIRELES, J.E.; LIMA, L.C.P.; OLIVEIRA, M.L.A.A.; FLORES, A.S.; TORKE, B.M.; PINTO, R.B.; LEWIS, G.P.; BARROS, M.J.F.; SCHÜTZ, R.; PENNINGTON, T.; KLITGAARD, B.B.; RANDO, J.G.; SCALON, V.R.; CARDOSO, D.B.O.S.; COSTA, L.C.; SILVA, M.J.; MOURA, T.M.; BARROS, L.A.V.; SILVA, M.C.R.; QUEIROZ, R.T.; SARTORI, A.L.B.; CAMARGO, R. A.; LIMA, I.B.; COSTA, J.; SOARES, M.V.B.; SNAK, C.; SÃO-MATEUS, W.; FALCÃO, M. J.; MARTINS, M.V.; REIS, I.P; CORDULA, E. Fabaceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2015. Disponivel em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB115>. Acesso em: 20 abr. 2017 LPWG. Legume Phylogeny Working Group. Legume phylogeny and classification in the 21st century: Progress, prospects and lessons for other species-rich clades. Taxon 62: 217–248, 2013. LPWG. Legume Phylogeny Working Group. A new subfamily classification of the Leguminosae based on a taxonomically comprehensive phylogeny. Taxon 66 (1) : 44–77. 2017. POLHILL, R.M.; RAVEN, P.H. Advances in legume systematics. Kew: Royal Botanic Gardens, Ministry of Agriculture, Fisheries and Food (Great Britain), 1981. Part.1-2. SILVA, G. M. C.; SILVA, H.; CAVALCANTI, M. L. F.; MARTINS, P. L. M. Autecologia Bauhínia forficata L. – Espécie ameaçada de extinção no ecossistema da Caatinga. Revista de Biologia e Ciências da Terra, v. 3, n.2, p. 1-15. Disponível em: <http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/Biologia/Artigos/ameacada.pdf >. Acesso em: 23 abr. 2017. ] SOUZA, V.C.; LORENZI, H. Botânica sistemática: guia ilustrado para identificação das famílias de angiosperma da flora brasileira, baseada em APGII. 2.ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. 703p. Nível e área do trabalho: Graduação/Ciências Biológicas 27 Influência do níquel e nitrogênio no crescimento do algodoeiro tratado com subdose hormética de 2,4-D Antônio Carlos Candeias Cesário(1) *, Jailson Vieira Aguilar (2), Carlos Vinícius Sanches(3), Enes Furlani Júnior(4) 1UNESP-FEIS, Curso de Agronomia – Laboratório de Bioenergia, e-mail: antonio.cesario27@gmail.com. 2UNESP-FEIS, Doutorando em Agronomia, Laboratório de Bioenergia e Laboratório de Fisiologia do Metabolismo Vegetal (LFMV). 3UNESP-FEIS, Mestrando em Agronomia, Laboratório de Bioenergia. 4UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio Economia, Laboratório de Bioenergia. Introdução O algodoeiro é uma planta que oferece uma variada gama de produtos de utilização universal (BALLAMINUT, 2009). Para o estabelecimento favorável da cultura faz-se uso de diversas técnicas de manejo, entre elas está à adubação, tanto com macronutrientes como micronutrientes. No algodoeiro, a adubação nitrogenada exerce efeito positivo sobre a precocidade, massa de cem sementes, produtividade e qualidade de fibra. Feltrin (2007) afirma que N, em doses elevadas prejudicam a produtividade devido ao aumento no crescimento vegetativo e supressão de estruturas reprodutivas. Outro elemento químico que tem sido foco de estudos no cenário agronômico atual é o níquel que teve sua essencialidade provada e é componente da metaloenzima urease, sendo alguns efeitos fisiológicos comprovados nas culturas, como o aumento na taxa fotossintética e alterações na atividade da enzima redutase do nitrato. Velini et al. (2008) define hormese sendo o uso, em subdoses, de substâncias consideradas tóxicas às plantas, de modo que tais compostos sejam utilizados a fim de estimular o desenvolvimento vegetal, portanto, é de suma importância o conhecimento de doses que provocam tais efeitos nas culturas de interesse, visto que essa técnica pode trazer incrementos significativos em produtividade. Diante ao exposto, o objetivo desse trabalho foi avaliar alguns indicadores de crescimento do algodoeiro em função de doses de nitrogênio e níquel associadas com aplicação, ou não, de uma subdose hormética de 2,4-D. Material e métodos O experimento foi instalado no ano agrícola de 2015/16, na área experimental da Fazenda de Ensino, Pesquisa e Extensão da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, FEIS/UNESP no município de Selvíria - MS, em um Latossolo Vermelho Distrófico, para a realização da pesquisa foi empregado um experimento utilizando o delineamento experimental em blocos ao acaso, em esquema fatorial 4x4x2, com 32 tratamentos em 3 repetições, perfazendo um total de 96 parcelas. Os tratamentos foram constituídos pela aplicação de quatro doses de níquel, sendo 0, 300, 450 e 600 g ha-1 e quatro doses de nitrogênio, sendo 0, 40, 80 e 120 kg ha-1, com a aplicação, ou não, de uma dose de 2,4-D sendo 1,8 g.e.a ha-1 de acordo com Américo (2015). Todos os tratamentos foram aplicados aos 55 dias após a emergência (d.a.e.). A aplicação de níquel e nitrogênio foi realizada via solo, o Ni foi aplicado por meio da diluição de sulfato de níquel em 1 L de água e distribuição via solo em cada parcela. A aplicação28 de nitrogênio foi realizada em cobertura na forma de ureia. Foi empregada uma irrigação após a adubação nitrogenada em cobertura. A dose de 2,4-D foi aplicada via foliar com o auxílio de pulverizador costal manual em cada parcela contendo o tratamento de 1,8 g ha-1 tendo como base o produto comercial DMA® 806 BR. O preparo do solo para a semeadura foi feito no sistema convencional no mês de novembro de 2015, utilizou-se a cultivar de algodoeiro FM 975WS®, sendo semeada no mês de dezembro. Cada parcela experimental foi composta por quatro linhas de cultivo, com 0,90 m de espaçamento e cinco metros de comprimento, sendo a área útil constituída pelas duas linhas centrais da parcela. A adubação básica de semeadura foi feita com 200 kg ha-1 da formula 04-30-10. Avaliou-se, altura de planta, número de ramos e diâmetro do caule em cinco plantas escolhidas ao acaso em cada parcela, sendo estas analisadas aos 65 e 80 dias após a emergência, os dados obtidos foram submetidos à análise de variância por meio do teste F, as doses de N e Ni foram ajustadas ao modelo de regressão conveniente e a subdose de 2,4-D foi submetida ao teste de Tukey a 5%. O software estatístico utilizado foi o SISVAR 5.1. Resultados e discussão Na Figura 1, estão apresentados os resultados obtidos para as variáveis de crescimento do algodoeiro aos 65 e 80 dias após a emergência. Figura 1: Ajustes de regressão linear e quadrática para; (A) Altura x doses de níquel aos 65 e 80 D.A.E., (B) Diâmetro x doses de níquel aos 65 e 80 D.A.E., (C) Altura x doses de nitrogênio aos 65 e 80 D.A.E., (D) Número de ramos x doses de nitrogênio aos 65 e 80 D.A.E. Selvíria – MS, 2016. Linhas de tendência representando apenas os ajustes de regressão que apresentaram significância a 5%. Não foi verificado efeito significativo para o diâmetro do caule aos 65 d.a.e e 80 d.a.e em comparação com a aplicação de doses de nitrogênio, o mesmo observado para os dados de número de ramos em ambos os períodos de A B C D 29 avaliação em comparação com a aplicação de doses de níquel. Observou-se um ajuste quadrático e positivo para os dados de altura e diâmetro de plantas de algodoeiro aos 80 d.a.e em função do aumento das doses de níquel, indicando que doses de 450 g ha-1 e 600 g ha-1(Figura 1) inibem o crescimento em altura do algodoeiro, no entanto a diminuição da altura de plantas pode acarretar em resultados positivos na produtividade visto que há diminuição do autossombreamento de estruturas reprodutivas. A redução no diâmetro do caule sustenta a tese de que doses de níquel influenciam a arquitetura de plantas de algodão. O aumento nas doses de nitrogênio provocou aumento em altura de plantas aos 80 d.a.e, o que condiz com os dados apresentados na literatura visto que o nitrogênio é o nutriente mais limitante para o crescimento das culturas de maneira geral. O número de ramos do algodoeiro aumentou ao mesmo tempo em que aumentaram-se as doses de nitrogênio tanto aos 65 d.a.e quanto aos 80 d.a.e apresentando significância para o ajuste linear. Tabela 1: Teste de Tukey para aplicação de, 2,4-D (1,8 g e.a ha-1) para as variáveis de altura, diâmetro do caule e número de ramos aos 65 e 80 D.A.E. Selvíria – MS, 2016. Dose de 2,4- D Altura de plantas (cm) 65 D.A.E 80 D.A.E Diâmetro de plantas (mm) 65 D.A.E 80 D.A.E Número de ramos 65 D.A.E 80 D.A.E 0 108,97 a 113,10 a 14,49 a 15,07 a 16,12 a 16,41 a 1.8 110,10 a 114,79 a 14,79 a 15,36 a 16,25 a 16,64 a Letras diferentes para a mesma variável na mesma coluna, não diferem pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. O teste de Tukey realizado para os dados de crescimento não apresentou significância para nenhuma das variáveis para a dose hormética de 2,4-D (Tabela 1), no entanto, vale ressaltar que não houve, numericamente, efeito negativo em altura, diâmetro ou número de ramos com a aplicação de 2,4-D em dose hormética Conclusões Aplicações de níquel acima de 450 g ha-1 afetam a altura e diâmetro do caule do algodoeiro. Doses crescentes de nitrogênio (até 120 kg ha-1) aumentam a altura de planta e número de ramos por planta. A dose hormética de 2,4-D (1,8 g.e.a ha-1) não afetou as variáveis de crescimento. Referências AMÉRICO, G. P. Crescimento e produtividade do algodoeiro em função da aplicação de subdoses de 2,4 D e Cloreto de Mepiquat. Ilha Solteira, UNESP – Campus de Ilha Solteira-SP, 55 p. 2015. (Dissertação de Mestrado). BALLAMINUT, C. E. C. Seletividade da cultura do algodoeiro aos herbicidas Diuron, Clomazone, Trifloxysulfuron-sodium e Pirythiobac-sodium. Piracicaba, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, 86 p 2009. (Dissertação de Mestrado). FELTRIN, E. B. Produtividade e qualidade de fibra de cultivares de algodoeiro em função de doses de nitrogênio. Ilha Solteira, UNESP – Campus de Ilha Solteira-SP, 55 p. 2007. (Dissertação de Mestrado). VELINI, E. D.; ALVES, E.; GODOY, M. C.; MESCHEDE, D. K.; SOUZA, R. T.; DUKE, S. Glyphosate applied at low doses can stimulate plant growth. Pest Management Science, 64:489-489, 2008. Nível e área do trabalho: Graduação/Agronomia 30 Horta escolar com incentivo a educação e cuidado ambiental Antonio Larentis Neto1*#, Hemily M. Borges1*,Regina M. M. de Castilho1,2 1UNESP-FEIS, *Curso de Ciências Biológicas, #e-mail: alarentiss@gmail.com 2 Docente, Departamento de Fitotecnia, Tec. de Alimento e Sócio- economia. Introdução Existe a urgente necessidade de transformações que resgatem o respeito pela vida, com justiça ambiental, equidade, diversidade, sustentabilidade e beleza (EDUCAÇÃO, 2007). Assim, a educação ambiental aponta para propostas pedagógicas centradas na conscientização, mudança de comportamento, desenvolvimento de competências, capacidade de avaliação e participação dos alunos (JACOBI e LUIZZI, 2004). Portanto, a proposta e ação de projeto que ensine técnicas de cultivo, focando na interação benéfica da natureza para com o homem, e aumentando a percepção do meio ambiente no seu cotidiano, auxilia para desenvolver a preocupação com a natureza, o desperdício e a alimentação saudável desde os primeiros anos de vida. E, como instrumento para tal, a horta é um local onde pode ocorrer a interação criança- natureza, visto que são cultivados vegetais de modo orgânico. Assim, baseado no acima apresentado, o PROJETO HORTA vem sendo desenvolvido no Centro de Convivência Infantil “Catatau” - UNESP / Ilha Solteira – SP. Material e métodos O trabalho vem sendo desenvolvido, desde março de 2017, com a turma da faixa dos 3 aos 5 anos do CCI “Catatau”, da FEIS / UNESP, sendo a atividade com 2h/semana. Foram executadas, até o presente as atividades: 1- Regando mudas de árvores com adubo líquido: A atividade foi iniciada com a apresentação da adubação líquida fazendo uma comparação ao suco que as crianças tomam, mostrando à similaridade entre adubação X alimentação. Deste modo, as crianças com seus regadores, aplicaram o fertilizante em mudas de árvores que estão implantadas ao redor do CCI. Ao decorrer da atividade houve uma discussão com as seguintes perguntas: Por onde as plantas “comem”? Como elas vão reagir ao suco feito para elas? Do que elas gostam para crescer? Qual a função das folhas? Sendo respondidas as dúvidas com alusões na vida das crianças para o melhor entendimento; 2 - Preparando o solo: Para as crianças entenderem a importância do solo foi explicado que este é a “cama” da semente, e foi perguntado se eles gostavam de dormir em uma cama dura, sendo a resposta unanime “não”; então foi feita uma similaridade de que a semente só iria se desenvolver se a sua cama fosse “fofinha”, sendo então que o solo precisava de um cobertor para o melhor desenvolvimento da planta e na sequência foi depositado e misturado composto orgânico no solo (20L / m2 solo).
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