Buscar

anais-encivi-2018

Prévia do material em texto

Anais do XII Encontro de Ciências da Vida 
“Valorização da Pesquisa Científica e 
Conscientização do uso de Recursos Naturais” 
 
 
 
 
Ilha Solteira – 2018 
 
2 
 
 
 
XII Encontro de Ciências da Vida 
“Valorização da Pesquisa Científica e 
Conscientização do uso de Recursos Naturais” 
 
 
 
 
 
 
ANAIS 
 
 
Edição: FEIS/UNESP 
 
 
Organizadores: 
Cristiéle da Silva Ribeiro 
Vitor Emanuel Gomes Batista 
 
 
 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
Elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação 
 Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação da UNESP - Ilha Solteira. 
 
 
 
 Encontro de Ciências da Vida (12. : 2018 : Ilha Solteira). 
E56a Anais [do] XII Encontro de Ciências da Vida [recurso eletrônico] / 
 organizadores: Cristiéle da Silva Ribeiro, Vitor Emanuel Gomes Batista. -- Ilha 
 Solteira : Unesp/FEIS, 2018 
 240 p. : il. 
 
 Inclui bibliografia e índice 
 Temática do evento: Valorização da pesquisa científica e conscientização do 
 uso de recursos naturais 
 ISBN 978-85-5722-231-1 
 
 1. Ciência e tecnologia - Congressos. 2. Pesquisa - Congressos. 
 3. Recursos naturais - Congressos. 4. Formação profissional - Congressos. 
 4. Ciência e civilização - Congressos. I. Ciências Biológicas. II. Engenharia 
Agronômica. III. Zootecnia. IV. Valorização da pesquisa científica e conscientização do uso 
de recursos naturais. 
 
CDD 570.7 
 
 
5 
 
 
 
 
Sumário 
 
Anatomia da artéria coronária do coração de Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758) ...... 12 
Anatomia das artérias coronárias do coração de Ara ararauna (Linnaeus, 1758) de vida 
livre .................................................................................................................................. 14 
Anatomia do baço de jaguatirica (Leopardus pardalis, linnaeus 1758) .......................... 16 
A importância do Bioma Cerrado para alunos do quinto ano do ensino fundamental I 
(Ilha Solteira, SP) ............................................................................................................. 18 
Antes eu sonhava com a UNESP, agora nem durmo: Influência do semestre letivo sobre 
a qualidade do sono .......................................................................................................... 20 
As Cooperativas de Reciclagem e a gestão dos resíduos sólidos urbanos: estudo de caso 
do município de Ilha Solteira (SP) ................................................................................... 22 
A utilização de curtas-metragens socioambientais como ferramenta para educação 
ambiental no ensino formal .............................................................................................. 24 
Avaliação da concentração de nutrientes na água do córrego do Ipê, município de Ilha 
Solteira-SP. ...................................................................................................................... 26 
Avaliação do metabolismo proteico de Geophagus proximus no reservatório de Jupiá, 
Ilha Solteira-SP ................................................................................................................ 28 
Capacidade de Crescimento, Nodulação e Potencial para Fitorremediação de Cajanus 
Cajan em Solos Contaminados por Cobre ....................................................................... 30 
Caracterização da morfologia testicular do peixe anual Hypsolebias janaubensis 
(Cyprinodontiformes, Rivulidae). .................................................................................... 32 
Composição florística da vegetação regenerante em área degradada em processo de 
recuperação no Cerrado ................................................................................................... 34 
Descrição anatômica de sistemas subterrâneos de uma espécie de Mimosa do Cerrado 
adaptada ao fogo .............................................................................................................. 35 
Enquadramento das águas doces superficiais no Brasil e a diretiva quadro da União 
Europeia para as águas: um estudo comparativo ............................................................. 38 
Estabelecimento in vitro de Passiflora giberti ................................................................ 40 
Estabelecimento in vitro de Passiflora setacea ............................................................... 42 
Índice de qualidade da água do córrego do Ipê no município de Ilha Solteira/SP .......... 44 
Influência do canal Artificial de Pereira Barreto, sobre aspectos alimentares de 
Geophagus proximus no rio São José dos Dourados, SP ................................................ 46 
Influência de diferentes tipos de substratos no desenvolvimento de mudas de capuchinha 
anã e capuchinha simples. ................................................................................................ 48 
Inventario florístico da ilha fluvial de Ilha Solteira ......................................................... 50 
6 
 
 
 
Investigação da ação do DMSO em células normais e de câncer de colo de útero ......... 52 
Levantamento da arborização urbana do Jardim Santa Catarina – Ilha Solteira / SP: Rua 
Joaçaba ............................................................................................................................. 56 
Levantamento Fitossociológico da Fazenda Escola em Garça/SP .................................. 58 
Lobação pulmonar de tamanduá mirim (Tamandua tetradactyla – Linnaeus, 1758) de 
vida livre .......................................................................................................................... 60 
Morfologia do plexo lombossacro Puma concolor( Linnaeus, 1771) ............................. 62 
Mortalidade de fêmeas de Astyanax altiparanae (Characiformes, Characidae) 
submetidas ao contato macho-fêmea ............................................................................... 64 
Observação direta do comportamento de predação de Lobo-Guará (Chrysocyon 
brachyurus Illiger 1815) no município de Ilha Solteira-SP ............................................. 66 
Ocorrência de monogenéticos em Serrasalmus maculatus (Characiformes, 
Serrasalmidae) no reservatório de Ilha Solteira, rio Grande-SP: dados parciais ............. 68 
Parasitas branquiais em duas espécies de arraias do gênero Potamotrygon no município 
de Castilho, SP: Dados parciais. ...................................................................................... 70 
Plantas medicinais: reconhecimento e percepções .......................................................... 71 
POLUIÇÃO DA ÁGUA: ATIVIDADES COM ALUNOS DO 5º ANO DO ENSINO 
FUNDAMENTAL I (ILHA SOLTEIRA, SP). ................................................................ 74 
Potencial para fitorremediação de Calopogonium mucunoides em solos contaminados 
por boro ............................................................................................................................ 77 
Percepção da utilização de flores e plantas artificiais no Restaurante Universitário da 
UNESP – Campus de Ilha Solteira/SP ............................................................................. 79 
QUALIDADE DE RELATÓRIOS DE IMPACTO AMBIENTAL: ESTUDO DE CASO 
DO APROVEITAMENTO HIDRELÉTRICO “BELO MONTE”.................................. 81 
Tolerância e potencial para fitorremediação Inga fagifolia em solos contaminados por 
chumbo. ............................................................................................................................ 83 
Tolerância e potencial para fitorremediação de Inga uruguensis em solos contaminados 
por chumbo ......................................................................................................................85 
Variação cromática em filhotes de Potamotrygon amandae: Variação, herdabilidade ou 
camuflagem? .................................................................................................................... 87 
Perfil lipídico uterino de Potamotrygon falkneri na região de Castilho, Alto Rio Paraná, 
SP, Brasil ......................................................................................................................... 89 
Aumento de proliferação das células germinativas de Astyanax altiparanae (Characidae) 
submetidos à elevada temperatura da água ...................................................................... 92 
Avaliação gonadal e hepática de reprodutores de Gymnocorymbus ternetzi, submetidos a 
dieta rica em aminoácidos essenciais (Ω3). ..................................................................... 95 
Células Rodlet no tubo digestivo de Gymnocorymbus ternetzi ....................................... 97 
Composição da dieta de Cichla kelberi (Teleostei: Perciformes: Cichlidae) no 
reservatório de Jupiá, rio Paraná ...................................................................................... 99 
7 
 
 
 
Composição da dieta de Geophagus proximus (Perciforme, Cichlidae) no reservatório de 
Jupiá, rio Paraná-SP ....................................................................................................... 101 
Descrição morfológica do fígado de Pimelodus cf. platicirris (Siluriforme) ................ 103 
Efeitos da temperatura e do pH sobre a atividade da xilanase produzida por fungo 
mesofílico. ...................................................................................................................... 105 
INVERTEBRADOS DE SOLO COMO BIOINDICADOR DO PROCESSO DE 
FERTIRRIGAÇÃO DE EFLUENTES DE CURTUME ............................................... 107 
Levantamento fitossociológico visando a identificação de espécies com potencial para 
projetos de recuperação de áreas degradadas no Cerrado .............................................. 109 
Nível de sensibilidade ao frio dos embriões de Astyanax altiparanae Garutti & Britski, 
2000 (Teleostei: Characidae). ........................................................................................ 111 
Ocorrência de crustáceos ectoparasitas em Serrasalmus maculatus no reservatório de 
Jupiá, rio Paraná - SP ..................................................................................................... 113 
O que os peixes comem? A influência de uma piscicultura em tanques-rede sob a dieta 
de cinco espécies de peixes silvestres, rio Grande, SP .................................................. 115 
Piscicultura em tanques-rede pode influenciar na relação peso-comprimento e fator de 
condição relativo de Pimelodus cf. platicirris no rio Grande/SP? ................................ 117 
Plasticidade trófica de Oreochromis niloticus oriundos do reservatório de Ilha Solteira, 
rio Grande ...................................................................................................................... 119 
Relação peso-comprimento e índice hepatossomático de Plagioscion squamosissimus 
sobre a influência da piscultura em tanque-rede. ........................................................... 121 
Viabilidade dos embriões de Astyanax altiparanae, provenientes de parentais 
alimentados com ômega 3, após exposição à crioprotetores. ........................................ 123 
Territorialidade do Vireo gundlachii (Aves: Vireonidae) na Reserva Ecológica de 
Siboney - Juticí, Santiago de Cuba, Cuba ...................................................................... 125 
Análise econômica da produção de lima ácida Tahiti (Citrus latifolia): Estudo de caso de 
uma propriedade no município de Itajobi ...................................................................... 128 
Análise econômica da produção de olerícolas no município de Ilha Solteira-SP.......... 130 
Análise econômica de apiário no município de Água Clara/MS ................................... 132 
Concentrações de macronutrientes nos grãos de milho em função de misturas de 
bactérias promotoras de crescimento de plantas, visando a redução da adubação 
nitrogenada ..................................................................................................................... 134 
Concentrações de micronutrientes nos grãos de milho em função de misturas de 
bactérias promotoras de crescimento de plantas, visando a redução da adubação 
nitrogenada ..................................................................................................................... 136 
Controle químico de Chrysodeixis includens na cultura da soja, em condições de campo.
 ....................................................................................................................................... 138 
Densidade básica da madeira de espécies arbóreas de cerrado no Município de Três 
Lagoas - MS ................................................................................................................... 140 
8 
 
 
 
Efeito de herbicidas no controle de Digitaria insularis na cultura da soja, em condições 
de campo ........................................................................................................................ 142 
Efeitos da inoculação de bactérias promotoras de crescimento nos aspectos produtivos e 
produtividade do arroz de terras altas ............................................................................ 144 
Embebição de sementes e crescimento inicial de plântulas de Pitomba (Talisia esculenta 
L.) ................................................................................................................................... 146 
Estabelecimento inicial de Passiflora caerulea em duas concentrações de meio MS .. 148 
Estabelecimento inicial de Passiflora foetida em concentrações de meio para 
conservação in vitro ....................................................................................................... 150 
Estabelecimento in vitro de Passiflora tenuifila em duas concentrações de meio MS . 152 
Germinação de Boca-de-Leão em diferentes substratos comerciais. ............................ 154 
Morfometria de frutos e sementes de Pitomba (Talisia esculenta L.) ........................... 156 
Morfometria de sementes de Cambuci (Campomanesia phaea L.) ............................... 158 
Produção de biomassa do eucalipto aos 6,5 anos de idade em função da adubação 
fosfatada ......................................................................................................................... 160 
Produção de biomassa do eucalipto aos 6,5 anos de idade em função da adubação 
nitrogenada ..................................................................................................................... 162 
Produtividade do eucalipto aos 54 meses de idade em resposta a adubação fosfatada . 164 
Produtividade do eucalipto aos 54 meses de idade em resposta adubação potássica .... 166 
Qualidade industrial de arroz de terras altas em função da inoculação de Bacillus 
amyloliquefasciens ......................................................................................................... 168 
Análise econômica da produção de soja com a reaplicação superficial de calcário e gesso 
no município de Selvíria – MS ...................................................................................... 170 
Avaliação da cobertura do solo com vegetação nativa em área de cerrado fortemente 
antropizada, após processos de restauração ecológica ................................................... 178 
Componentes de produção e produtividade do arroz de terras altas inoculado com 
Bacillus subtilis via foliar .............................................................................................. 180 
Qualidade industrial de grãos integrais de arroz em função da inoculação de bactérias 
promotoras decrescimento ............................................................................................ 182 
Análises morfológicas do tubo digestivo de Gymnocorymbus ternetzi ......................... 185 
(Teleostei; Characidae) .................................................................................................. 185 
Anatomia dos Musculus Papillaris de corações de Bubalus bubalis ............................. 187 
Aves recebidas no Centro de Conservação da Fauna Silvestre de Ilha Solteira (CCFS)
 ....................................................................................................................................... 189 
Caracterização histológica da trabeculae septomarginales em Bubalus bubalis 
(Linnaeus, 1758) do cerrado brasileiro .......................................................................... 191 
Classificação de coeficientes de variação em experimentos com suínos industriais ..... 193 
Classificação de índices de variação, a partir de trabalhos com poedeiras comercias. . 195 
9 
 
 
 
Classificação de índices de variação calculados a partir de artigos científicos na área de 
avicultura de postura. ..................................................................................................... 197 
Custos e rentabilidade da produção de milho verde em Franca/SP: um estudo de caso 199 
Efeito da suplementação de vitamina E (α-tocoferol), na composição de filés de 
Prochilodus lineatus (VALENCIENNES, 1847) .......................................................... 201 
Efeitos da suplementação de óleo de peixe na dieta de zebrafish (Danio rerio): análise de 
tecido gonadal ................................................................................................................ 203 
Enriquecimento ambiental em sistema de produção de caprinos: respostas a estímulos e 
interação com o homem ................................................................................................. 205 
Ganho de peso de bovinos ½ sangue Angus e Nelore PO em diferentes épocas de 
pesagem sob pastejo intensivo ....................................................................................... 208 
Prevalência de tuberculose bovina em animais abatidos no noroeste do Estado de São 
Paulo. ............................................................................................................................. 210 
Proposta de classificação de coeficiente de variação em experimentos com bovinos 
leiteiros. .......................................................................................................................... 212 
Regressão linear segmentada com platô para estimativa do tamanho ótimo de parcela em 
experimentos com gado de leite ..................................................................................... 214 
Relação da temperatura cutânea com o comportamento de cabras mestiças na região de 
Ilha Solteira-SP .............................................................................................................. 216 
Tamanho ótimo de parcela pelo método de regressão linear segmentada com platô para 
poedeiras comerciais utilizando Índice de variação....................................................... 218 
Tempo ótimo de mistura de ração em misturador vertical ............................................ 220 
A RELAÇÃO DO ÍNDICE GONADOSSOMÁTICO (IGS) E IDADE DE MACHOS 
DE Brycon orbignyanus (CHARACIFORMES: CHARACIDAE) ............................... 228 
Efeito do contato macho-fêmea na redução da mortalidade de machos de Astyanax 
altiparanae (Characiformes: Characidae) ..................................................................... 230 
Estudo comparativo dos parâmetros hematológicos e bioquímicos de equinos 
naturalmente parasitados ................................................................................................ 232 
PERDAS DE MASSA SECA DE SILAGENS DE SORGO APÓS A REENSILAGEM
 ....................................................................................................................................... 234 
Relação peso-comprimento e índice hepatossomático de Plagioscion squamosissimus 
sobre a influência da piscultura em tanque-rede. ........................................................... 236 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMOS DA GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS 
 
 
12 
 
 
 
 
 
 
Anatomia da artéria coronária do coração de Leopardus pardalis 
(Linnaeus, 1758) 
 
Valentina Pasquali Bossardi*(1), Maria Luiza Ribeiro Delgado(1), Kelly Costa 
Barboza(1), Lúcio de Oliveira e Sousa(2), Elisângela Medeiros Melo de Lima(3), Alan 
Peres Ferraz de Melo(3) , 
 
1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Laboratório de Anatomia. E-mail: 
valentinapasquali@outlook.com 
2CCFS/CESP, Médico-veterinário, Centro de Conservação da Fauna Silvestre/CESP 
3UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Laboratório de Anatomia. 
 
Introdução 
O Leopardus pardalis conhecido popularmente como jaguatirica, é um mamífero que atinge até 101cm de 
comprimento e encontrado em todas as regiões do Brasil, exceto no Sul do Rio Grande do Sul. Animal noturno 
realiza lentas caminhadas sendo os machos mais ágeis que as fêmeas (cerca de 1,7 km\h fêmeas e 3,8 km\h 
machos), dispensando um intenso trabalho muscular. Contudo a intensidade de transporte e bombeamento de 
nutrientes e oxigênio é lento. 
 O coração é um órgão de grande importância que necessita de um suprimento arterial especializado, sendo as 
artérias coronárias direita e esquerda os vasos responsáveis. Apresentam origem a partir da aorta (Getty et al. 
1981), com variação quanto a origem, trajeto e número podendo apresentar-se intramiocárdica total ou 
parcialmente. O trabalho teve como objetivou descrever as artérias coronárias direita, esquerda e seus ramos, 
observando, ainda, sua superficialidade, estabeleceendo comparações com outros mamíferos. 
 
Material e métodos 
Foi utilizado uma jaguatirica (Leopardus pardalis), macho, adulto que pesava 16kg. Animal de vida livre que 
veio a óbito, doado pelo Zoológico de Ilha Solteira ao Laboratório de Anatomia Animal da Faculdade de 
Engenharia de Ilha Solteira. Realizou-se a retirada do coração por rupturas das articulações costocondrais, 
seguida de abertura da cavidade torácica. Em seguida isoluo-se o coração do conjunto coração-pulmões, onde 
em seguida realizou-se a injeção de substância látex1 corada com pigmento rosa na origem de ambas as artérias 
coronárias. Posteriormente, foi fixados em solução de formoldeído a 10% por um peíodo de 72 horas. As 
artérias coronárias dissecadas, identificadas e fotodocumentadas e nominados conforme a Nomina Anatomica 
Veterinaria (2017) 
1 Substância Látex retirada da Hevia brasiliensis, obtida na Usina de Beneficiamento de Látex Bonilha, município de 
Mirassol, Estado de São Paulo, Brasil. 
 
Resultados e discussão 
Observou-se que a artéria coronária direta tem origem a partir da aorta como relatam Getty et al. (1986) e Dyce 
et al. (1997), e pode, ainda, apresenta uma anastomose com o lado esquerdo (Figura 1). Já a artéria coronária 
esquerda se divide em dois ramos, um paraconal que é o ramo descendente que ocupa o suco intraventricular 
paraconal e o circunflexo que contorna o átrio esquerdo (Figura 2). 
 
 
 
 
mailto:valentinapasquali@outlook.com
13 
 
 
 
Figura 1 – Fotomacrografia do coração de um 
Leopardus pardalis, coração isolado, onde se 
observa: Artéria coronária esquerda (ACD) e 
ramo descendente (RD) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2 – Fotomacrografia do coração de um 
Leopardus pardalis, coração isolado, onde se 
observa: Ramo descendente (RD) e artéria 
coronária direita (ACD) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conclusões 
Conforme os estudo realizado foi possível concluir que airrigação esquerda e direita era equilibrada, e 
quanto a sua distribuição era ramificada onde e apresentou uma anastomose entre os dois lados. 
Referencias 
GETTY, R. Anatomia dos animais domésticos. Rio de janeiro:Guanabara Koogan S.A. 1986, p.153 
DYCE, K.M; SACK, W.O; WENSING, C.J.G. Anatomia veterinária. Rio de janeiro:Guanabara Koogan S.A.1997, 191. 
 
14 
 
 
 
 
Anatomia das artérias coronárias do coração de Ara ararauna 
(Linnaeus, 1758) de vida livre 
 
Tulio Gabriel de Freitas*(1), Lúcio de Oliveira e Sousa(2), Elisângela Medeiros Melo 
de Lima(3), Rosângela Felipe Rodrigues(4), Geovana Carolina Rodrigues de Sá(4) 
Alan Peres Ferraz de Melo(3) 
1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Laboratório de Anatomia. E-mail: 
valentinapasquali@outlook.com 
2CCFS/CESP, Médico-veterinário, Centro de Conservação da Fauna Silvestre/CESP 
3UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Laboratório de Anatomia, 
4UNESP-FMVA/Araçatuba, Docente, Departamento de Apoio, Produção e Saúde Animal, Laboratório de 
Anatomia dos Animais Domésticos 
 
Introdução 
Com a primavera, período de reprodução dos animais, inicia-se também o trágico ciclo do tráfico de 
animais silvestres, principalmente psitacídeos, a Arara-canindé, também conhecida como Arara-de-barriga-
amarela ou Arara-azul e amarela, caracteriza-se por apresentar as partes superiores azuis e partes inferiores 
amarelas, a garganta é negra e possui fileiras de penas faciais também negras (SICK, 1997). 
Um dos órgãos de grande importância funcional é o coração, esse órgão demonstra um suprimento 
arterial especializado, artérias coronárias direita e esquerda, apresentando origem a partir da aorta. As artérias 
coronárias, direita e esquerda, possuem suas emergências a partir da aorta apresentando cada uma delas um 
único óstio coronário (NICKEL et al., 1981; GETTY, 1986; CORREIA-OLIVEIRA, 2013). 
No peru (Melleagus gallopavo) a anatomia cardíaca mostrou duas câmaras atriais e duas ventriculares 
com septações completas e aorta saindo do ventrículo esquerdo; uma artéria coronária superficial emergiu da 
aorta por óstio próprio e dirigiu-se para a margem do ventrículo direito; a artéria coronária profunda emergiu 
do óstio próprio e dirigiu-se também para a margem do ventrículo direito; a artéria coronária profunda emergiu 
de óstio próprio em tronco único, dirigindo-se para a margem esquerda do ventrículo esquerdo, onde se 
bifurcou em artérias circunflexa e artéria interventricular anterior (RODRIGUES et al., 1999). 
Diante da grande importância da espécie pois o tráfico de animais silvestres aumenta e da necessidade 
de estudos comparativos, o presente estudo descreveu a arquitetura vascular das arteriais coronárias 
objetivando estabelecer um padrão coronariano na espécie. 
 
Material e métodos 
Foram utilizados 10 animais provenientes do Centro de Conservação da fauna Silvestre de Ilha Solteira, 
todos os espécimes de vida livre que vieram a óbito em detrimento de acidentes variados na região. O projeto 
recebeu autorização da Comissão de Ética no Uso de Animais da Faculdade de Engenharia de Ilha 
Solteira/UNESP, uma vez que os animais serão utilizados de outro experimento. Foi realizada abertura da 
cavidade celomática. Em seguida foi feita a identificação do coração juntamente com os pulmões. Retirou-se 
o conjunto coração e pulmões e após isolamento do coração e realizou-se a injeção de substância látex corada 
com pigmento específico na origem de ambas as artérias coronárias, sendo em seguida fixados em solução de 
formol a 10% por 72 horas. Após esse período realizou-se dissecação das artérias coronárias e os resultados 
encontrados em cada espécime foram registrados em fotodocumentação e esquemas. 
 
Resultados e discussão 
As artérias coronárias direita e esquerda possuíram origem a partis da aorta, como relatou Bezuidenhout 
(1984), Na face atrial (direita) observou-se que a artéria coronária direita que acompanhou o seio coronário, 
onde formou o ramo circunflexo direito (Figura 1), que, entre os dois ventrÌculos, continuous-se como ramo 
interventricular subsinuoso, seguindo até o ápice do coração como mencionou Getty (1986). Na face auricular 
(esquerda), a artéria coronária esquerda ramificou-se em ramo interventricular paraconal e ramo circunflexo 
esquerdo, que seguiu no seio coronário, até próximo do ramo circunflexo como apontaram Dyce et al. (1997). 
Os ramos profundos, de ambas as artérias coronárias, apresentaram-se pequenas, suprindo a maior parte do 
septo interventricular e parte da valva atrioventricular direita. As artérias coronárias apresentaram de igual 
tamanho, e formaram um circuito equilibrado como elucidaram Bezuidenhout (1984) e Soares at al. (2010). 
mailto:valentinapasquali@outlook.com
15 
 
 
 
 
Figura 1 – Fotomacrografia do coração de uma Ara ararauna, coração 
isolado, onde se observa: artéria coronária esquerda (ACD), ramo 
descendente (RD), atrio direito (AD), arterias pulmonares (AP) e pulmão 
(P). 
 
Conclusões 
Conforme o estudo realizado, foi possível concluir que a irrigação esquerda e direita era equilibrada e 
ambas as artérias apresentaram origem a partir da aorta, e quanto a sua distribuição era ramificada onde e 
apresentou uma anastomose entre os dois lados. 
 
Referências 
GIORDAN, M. O Papel da Experimentação no Ensino de Ciências. II Encontro Nacional de Pesquisa em Educação 
em Ciências. 1999. 
 
BEZUIDENHOUT, A. J. The coronary circulation of the heart of the ostrich (Struthio camelus). Journal of 
Anatomy. v. 138, n. 3, p. 385-397, 1984. BEZUIDENHOUT, A. J. The topography of the thoraco-abdominal viscera in the 
ostrich (Struthio camelus). Onderstepoort Journal of Veterinary Research. v. 53, n. 2, p. 111-117, 1986. 
 
DYCE, K.M; SACK, W.O; WENSING, C.J.G. Anatomia veterinária. Rio de janeiro:Guanabara Koogan S.A.1997, 
p.171 
 
GETTY, R. Anatomia dos animais domésticos. Rio de janeiro:Guanabara Koogan S.A. 1986, p.153 
 
SICK, H. (1997) Ornitologia brasileira. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira. 
 
SOARES, Cristiane Martins et al. Dilatação fluxo-mediada da artéria braquial e complexo médio-intimal das 
artérias carótida e braquial: avaliação de indivíduos com e sem fatores de risco para aterosclerose. Radiol Bras, São 
Paulo, v.43, n.6, p.389-393, Dec.2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
39842010000600011&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 20 de abril de 2018. 
 
NICKEL, R.; SCHUMMER, A.; SEIFERRE, E. The anatomy of the domestic animals. Berlin-Hamburg: Verlag 
Paul Parey, 1981. v.3, p.71-74. 
 
RODRIGUES, Tânia Maria de Andrade et al. Estudo evolutivo da anatomia das artérias coronárias em espécies de 
vertebrados com técnica de moldagem em acetato de vinil (vinilite). 1999. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/pdf/rbccv/v14n4/v14n4a08.pdf>. Acesso em: 12 dez. 2017. 
 
 
 
 
 
 
16 
 
 
 
 
 
Anatomia do baço de jaguatirica (Leopardus pardalis, linnaeus 1758) 
 
Laís Yeda da Silveira Floriano(1) *, Alan Peres Ferraz de Melo (2), Myllena Mayla 
Santos de Oliveira(3) 
 
1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Laboratório de Pesquisa em Anatomia Animal 
– e-mail: lais.floriano@yahoo.com.br 
2UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Pesquisa em Anatomia 
Animal. 
3UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Laboratório de Pesquisa em Anatomia Animal 
– e-mail: myllenaharuno@gmail.com 
 
Introdução 
Leopardus pardalis mais conhecido como jaguatirica é um mamífero da família Família Felidae. Nativo 
da América, sendo considerada o terceiro maior felino do continente, depois da onça pintada e do puma. 
Encontrada em diversos habitats como nas florestas tropicais, subtropicais, savanas e mangues. É um animal 
de vida livre solitário e territorialista apresentando hábitos noturnos na maioria das vezes. Apresenta tamanho 
corporalvaria de 70 a 100 cm de comprimento, geralmente pesam entre 7 e 16 kg e os machos costumam ser 
maiores e mais pesados que as fêmeas. A jaguatirica é um predador carnívoro que está no topo da cadeia 
alimentar. Atualmente todas as espécies que pertencem ao gênero Leopardus (Leopardus tigrinus, Leopardus 
pardalis e Leopardus wiedii) encontram-se na Lista Nacional de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de 
Extinção do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) (Oliveira et 
al., 2011), e são encontradas na lista vermelha da União Internacional de Conservação da Natureza (IUCN) 
classificada como: LC Least Concern. O baço é o maior órgão linfático do organismo e está ligado, entre outros 
aspectos, na resposta imune frente a antígenos transportados pelo sangue e no armazenamento de eritrócitos e 
plaquetas (Furrianca et al., 2008). Nos animais, o baço tem a habilidade de acrescentar a populações de 
eritrócitos e granulócitos e pode ser reservatório para células vermelhas durantes periodos de demandas 
incomuns (Samuelson, 2007). O objetivo é a anatomia do baço e qual sua localização na cavidade abdominal, 
para um maior discernimento sobre a anatomia dos felídeos. 
 
Material e métodos 
Para a realização deste trabalho foi utilizado um baço de Jaguatirica (Leopardus pardalis) adulta, macho 
que veio a óbito e foi cedida pelo Centro de Conservação de Fauna Silvestre de Ilha Solteira – SP para a 
Universidade Estadual Paulista - FEIS. Após óbito do animal, este foi encaminhado para o Laboratório de 
Anatomia da Faculdade de Engenharia de lha Solteira, onde foi feito um corte na linha alba com bisturi, para 
se ter acesso a cavidade abdominal. Foi realizada a identificação topográfica dos órgãos internos, com registro 
fotográfico e seccionando-se próximos a sua origem. Todo o material foi manuseado com muito cuidado para 
não haver danos. Após o procedimento a peça foi guardada em solução aquosa de formaldeído 20%. 
 
Resultados e discussão 
O baço é uma estrutura localizada na cavidade abdominal estando posicionado no antímero esquerdo 
do animal, próximo a curvatura ventricular maior, como relatam Almeida (2013) e Getty (1986). É circundado 
por uma cápsula composta de tecido fibroso denso, fibras elásticas e musculatura lisa (Cesta, 2006), sendo que 
esta, emite prolongamentos dividindo o parênquima em compartimentos incompletos. É um órgão altamente 
estruturado consistindo em três compartimentos principais: a polpa vermelha, a zona marginal e a polpa branca. 
Há uma união entre os dois, por meio do peritônio e de finos vasos provenientes do ventrículo gástrico, 
chamado de ligamento gastroesplênico (Figura 1). Apresenta duas extremidades, uma extremidade dorsal 
sendo esta mais fina e voltada cranialmente e uma extremidade ventral mais espessa. Este órgão destaca-se na 
cavidade abdominal por apresentar uma coloração vermelho escuro e apresenta duas superfícies, sendo elas, 
parietal e visceral, identicamente ao apresentado pelo tamanduá-bandeira (Almeida, 2013). 
 
 
 
17 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1- Fotomacrografia 
da cavidade abdominal de 
uma Jaguatirica macho, 
onde se observa: B = baço; ID = intestino delgado; TA = tecido 
adiposo; F = fígado; E = estômago. 
 
Conclusões 
Podemos concluir que o baço da Jaguatirica (Leopardus pardalis) é encontrado na cavidade 
abdominal e fica na curvatura ventricular maior, com a parte superior próxima ao estômago e a inferior próxima 
ao intestino delgado, com o lado direito apresentando uma superfície menor e o lado esquerdo uma superfície 
maior. 
 
Referências 
ALMEIDA, D. A;. Topografia e irrigação do baço do tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla– 
LINNAEUS,1758) de vida livre. São José do Rio Preto: 2013. 50 p. 
CESTA, M. F. Normal structure, function, and histology of the spleen. Toxicologic Pathology, vol. 34, p. 
455-465, 2006. 
 
CUBAS, Z. S.; SILVA, J. C. R.; CATÃO-DIAS, J. L. Tratado de animais selvagens. São Paulo: Roca, 2007. 
1376 p. 
 
FURRIANCA, M. C.; VÁSQUEZ, B.; DEL SOL , M. Estereología comparativa entre el bazo del cuye 
(Cavia porcellus) y la rata (rattus novergicus, Sprague Dawley).International Journal of Morphology, vol. 26, 
n. 3, p. 529- 532, 2008. 
 
MEBIUS, R. E.; KRAAL, G. Structure and function of the spleen. Nature Reviews Immunology, vol. 5, n. 
8, p. 606-616, 2005. 
 
Melo, F. A. C.; ANÁLISE MORFOQUANTITATIVA DE TIMO E BAÇO DE GATOS FELV-
POSITIVOS NATURALMENTE INFECTATOS. Brasília: 2013. 25p. 
 
MÜLLER, T. R; Contribuição do estudo ultrassonográfico (modo b e Doppler) de órgãos abdominais em 
gatos do mato (Leopardus tigrinus) hígidos: valores de referência.2013. 75 f. Tese (Doutorado) - Curso de 
Medicina Veterinária, Universidade Estadual Paulista Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, 
Botucatu, 2013. 
 
Portal de Pesquisas Temáticas. Jaguatirica. 2004-2017. Disponível em: 
<https://www.suapesquisa.com/mundoanimal/jaguatirica.htm>. Acesso em: 19 out. 2017. 
SAMUELSON, D. A. Immune System. In:_. Textbook of Veterinary Histology, Missouri: Saunders-Elsevier, 
2007. cap.12, p.250-270. 
 
The IUCN Red List Of Threatened Species.Leopardus pardalis.2015. Disponível em: 
<http://www.iucnredlist.org/details/11509/0>. Acesso em: 19 out. 2017. 
Toda Matéria. Jaguatirica. 2011-2018. Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/jaguatirica/> . 
Acesso em 19 mar. 2018. 
18 
 
 
 
 
A importância do Bioma Cerrado para alunos do quinto ano do ensino 
fundamental I (Ilha Solteira, SP) 
 
Rebeca De Marcos(1), Marcela dos Santos Maróstica(2), Thayline Queiroz(3), 
Aline Patricia Maciel(4) Carolina Buso Dornfeld(5) 
 
1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Licenciatura, Laboratório de Ensino de Ciências e Biologia 
(LECBio). e-mail: rebeca_demarcos@hotmail.com 
2UNESP-FEIS, Bióloga, Laboratório de Ensino de Ciências e Biologia (LECBio). e-mail: 
marcela.smarostica@gmail.com 
3,4UNESP-FEIS, Curso de Pós-graduação em Ensino e Processos Formativos, Laboratório de Ensino de 
Ciências e Biologia (LECBio). e-mail: thaylinequeiroz@gmail.com 
4UNESP-FEIS, Curso de Pós-graduação em Ensino e Processos Formativos, Laboratório de Ensino de 
Ciências e Biologia (LECBio). e-mail: alinepmaciel@yahoo.com.br 
5UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia, Laboratório de Ensino de Ciências e 
Biologia (LECBio). e-mail: carolina@bio.feis.unesp.br 
 
Introdução 
O bioma Cerrado tem alcançado maior visibilidade nas escolas sendo considerado tema central para 
inúmeras discussões acerca de quais possibilidades a relação entre o ser humano e o meio ambiente reservam 
para o futuro do mesmo. Sabe-se que a cidade de Ilha Solteira é uma área de transição entre Cerrado e Mata 
Atlântica e, sendo assim, faz-se necessário trabalhar com os alunos os conhecimentos sistematizados a respeito 
da fauna e flora do local onde residem. Assim, a partir do momento em que os alunos passam a entender a 
importância da diversidade local, cresce também a necessidade da busca por melhorias desse ambiente. 
Segundo Reigota (2017), a educação ambiental deve procurar favorecer e estimular possibilidades de se 
estabelecer coletivamente uma nova aliança (entre os seres humanos e a natureza e entre nós mesmos) que 
possibilite a todas as espécies biológicas a sua convivência e sobrevivência com dignidade. 
Dessa forma, a Educação Ambiental ao ser inserida nos anos iniciais do Ensino Fundamental, clarifica 
a crescente necessidade na busca por melhorias do meio ambiente, por meio da sensibilização das crianças, o 
que possibilitará mudanças positivas para o futuro. A partir de propostas ensinadas em sala de aula, os alunos 
dos anos iniciais, passam a ser capazes de ver e entender quais são os problemas que o Cerrado tem enfrentado 
ao longo dos anos e propor soluções, desenvolvendo uma consciência ecologicamente adequada. Conforme 
Marotti et al. (2016) a instituiçãoescolar, como corresponsável por ações e efetivação da educação ambiental, 
é incumbida de despertar no aluno o interesse em relação as questões ambientais, bem como o seu desejo de 
trabalhar, no sentido de exercer um papel ativo e indispensável na manutenção e/ou preservação do meio 
ambiente. 
Considerando o exposto, o objetivo deste trabalho foi elaborar atividades que estimulem o trabalho de 
forma colaborativa entre os alunos para auxiliar no processo de aprendizagem à respeito do Bioma Cerrado. 
 
Material e métodos 
As atividades foram realizadas com alunos de quatro turmas do quinto ano de uma escola localizada na 
cidade de Ilha Solteira (SP), como parte do Projeto de Extensão Universitária (PROEX-UNESP) “Biologia 
muito além da Ilha”. Participaram da atividade 90 alunos do 5º ano e a professora titular da turma responsável 
pela disciplina de Educação Ambiental na escola. Utilizou-se 4 horas/aula em cada turma. 
Na atividade 1 utilizou-se projetor multimídia para apresentar as características do Bioma Cerrado a fim 
de elucidar a diversidade de fauna e flora que esse bioma abrange, bem como a sua localização geográfica, 
seus aquíferos e bacias hidrográficas. Essa atividade foi expositiva-participativa. Na atividade 2, foi 
confeccionado o mapa do Brasil, destacando em cor verde a área que corresponde ao Cerrado. Diversas 
fotografias de animais desse bioma e de outros foram impressos, recortados e colocados dentro de um envelope. 
Elaborou-se 4 cópias desse material, para que as salas fossem divididas em quatro grupos. Os alunos deveriam 
colocar na área destacada do Cerrado os animais pertencentes ao bioma. Ao final da atividade foi realizada 
uma discussão sobre as dificuldades dos alunos. Na atividade 3, os alunos em grupo, elaboraram cartazes acerca 
dos impactos ambientais que afetam o Cerrado. Foram elencados quatro grandes temas: Agronegócio, Erosão, 
Mineração e Queimadas. Frases sobre esses temas associadas ao Cerrado foram impressas. Ao efetuarem a 
leitura das frases, os alunos deveriam associá-las a um dos grandes temas. Houve discussão sobre as frases 
mailto:rebeca_demarcos@hotmail.com
mailto:marcela.smarostica@gmail.com
mailto:thaylinequeiroz@gmail.com
mailto:alinepmaciel@yahoo.com.br
mailto:carolina@bio.feis.unesp.br
19 
 
 
 
junto com os alunos. Na atividade 4 foi elaborado um experimento para mostrar a importância das matas 
ciliares. Foi montado em um recipiente retangular grande de plástico um cenário, que correspondesse a um rio 
com mata ciliar de um lado e sem mata ciliar do outro. O recipiente foi forrado com saco de lixo preto, colocou-
se uma garrafa PET cortada ao meio que iria simbolizar o rio, terra (que foi distribuída ao redor da garrafa) e 
gramíneas. Outra garrafa PET transparente foi utilizada para simular a chuva. Após a demonstração do 
experimento, foi entregue um questionário contendo quatro questões dissertativas que foi preenchido em duplas 
e trios e a análise das respostas foi realizada utilizando a Análise de Conteúdo de Bardin (2016). 
 
Resultados e discussão 
O ensino sobre o espaço geográfico contribui muito para o aprendizado, segundo Goulart (2011) a 
compreensão do espaço geográfico pressupõe o desenvolvimento do olhar espacial, especificidade da 
Geografia, o qual proporciona as condições para a efetiva aprendizagem geográfica, valorizando o movimento, 
a contextualização e o cotidiano. Durante a realização das três primeiras atividades foi possível observar as 
curiosidades e dúvidas que os alunos possuíam sobre o Cerrado. As atividades realizadas em grupo 
proporcionaram melhor interação entre os alunos e entre professora-alunos. Os alunos fizeram associações 
corretas entre a fauna presente no Cerrado, sendo que as maiores dúvidas estavam relacionadas com as espécies 
com ampla distribuição geográfica, isto é, espécies não endêmicas deste Bioma. Em relação à elaboração dos 
cartazes, percebeu-se que os alunos conseguiram relacionar o grande tema com as frases disponíveis para 
leitura. Verificou-se que a montagem dos cartazes foi coletiva e que os alunos se ajudaram mutuamente. Foram 
respondidos 38 questionários por duplas ou trios na atividade 4 (90 alunos). Na questão 1, os alunos 
descreveram o que observaram no experimento. Como exemplo tem-se: “Que a mata com vegetação quando 
choveu absorveu água e a mata sem vegetação quando choveu começou a fazer pequenos buracos e começou 
a deslizar terra para dentro do rio”. Na pergunta 2, 87% citaram erosão e assoreamento como principais 
problemas apresentados no experimento. Na questão 3, 95% descreveram as consequência, tal como: “As 
consequências são a entrada de barro no rio e o desequilíbrio ambiental” e “Pode causar buracos no solo e 
assoreamentos nos rios, desmatamento das florestas e a extinção dos animais”. Na questão 4, 87% dos alunos 
apresentaram a importância e eficácia da mata ciliar, tal como: “A importância é de absorver a água e mandar 
ela para os lençóis freáticos e para as bacias hidrográficas”. Ao analisar os resultados obtidos das quatro 
turmas, de modo geral todas as atividades corresponderam ao que havia sido planejado e considerando a faixa 
etária dos alunos, por volta dos 10 – 11 anos, considera-se que mesmo com temas complexos, o uso de 
metodologias participativas, estímulo ao trabalho em grupo e utilização de experimentos, favorecem a 
aprendizagem. 
 
Conclusões 
O bioma Cerrado no contexto escolar ganha a possibilidade de se fazer notável aos olhos dos alunos, 
logo nos anos iniciais do Ensino Fundamental, propiciando melhorias na relação do ser humano com o meio 
ambiente, demonstrando sua importância e preparando os alunos para que saibam diferenciar os problemas 
existentes no Cerrado. 
 
Referências 
 
BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo (Trads. Luís Antero Reto e Augusto Pinheiro). 3ª reimp. da 
1ª ed. de 2016. Lisboa: Edições, v. 70, 2016. 
 
GOULART, Ligia Beatriz. Aprendizagem e ensino: uma aproximação necessária à aula de Geografia. O 
ensino de Geografia e suas composições curriculares. Porto Alegre: UFRGS, 2011. 
 
MAROTTI, A. C. B. et al. Projeto Biodiversidade do Cerrado – Escola Oca dos Curumins no Município de 
São Carlos-SP. Piracicaba-SP: [s.n.], 2016. 2 p. Disponível em: 
<http://www.esiga.org.br/sigaciencia/Trabalhos_publicados/V_SIGA_Ciencia/E.1-04%20-
%20PROJETO_BIODIVERSIDADE_CURUMINS.%20Ana%20Cristina%20Bagatini%20Marotti.pdf>. Acesso em: 30 
mar. 2018. 
 
REIGOTA, Marcos. O que é educação ambiental. Brasiliense, 2017. 
 
 
20 
 
 
 
Antes eu sonhava com a UNESP, agora nem durmo: Influência do 
semestre letivo sobre a qualidade do sono 
 
Aymar Orlandi Neto(1)*; Agatha Yukari Horoiwa(2), Ariadyne Santos Soares(2), Aryane 
Mendes Magnani(2), Bianca da Silva Miguel(2), Caroline de Lima Frachia(2), Eduardo 
Akira Yamamoto(2), Fabielli Souza Leite Martins(2), Isis Caroline Ferreira Barbosa(2), 
Jéssica Natália Barbosa de Almeida(2), Luiz Henrique Carneiro Alves(2), Márcia Evelyn 
Alves(2), Mariana Bocchi da Silva(2), Márla Alixandre Silva(2), Matheus Alexandre dos 
Santos Pina(2), Paula Beatriz Pereira de Oliveira(2), Pedro Lacal da Cunha Minin(2), 
Sonia Yoko Sawakuchi(2), Stefanie Oliveira de Sousa(2), Taiene Maiara Santos(2), 
Tamara Jarosi Handajevsky(2), Thaisa Teixeira(2), Vanessa Capeletti Bernardes(2), 
Victor Navarro da Silva(2), Vinícius Santos dos Reis(2), Cristiele da Silva Ribeiro(3) 
 
1UNESP- IBB, Curso de Pós-graduação em Ciências Biológicas (Zoologia)- orlandi.aymar@gmail.com 
2UNESP-FEIS, Discentes do 9º semestre do Curso de Ciências Biológicas, matriculados na disciplina 
Fisiologia Geral e Comparada: Sistemas – Bacharelado e Licenciatura. 
3UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia. 
 
Introdução 
O sono é um estado da consciência de acentuada importância na saúde física, mental e psicológica nos 
indivíduos, pois regula a homeostase fisiológica, secretando hormônios, reduzindo a temperaturacorporal e 
função cardiovascular, além de alterar o desempenho cognitivo e de humor (Pascotto e Santos, 2013). 
Estudantes universitários são um grupo de risco para o desenvolvimento de distúrbios relacionados ao sono, 
devido a má qualidade e/ou privação do sono (Pereira et al., 2011). Tais condições, interferem negativamente 
na atividade do indivíduo durante o dia, prejudicando os processos cognitivos (Souza e Guimarães,1999). 
Observa-se que as exigências durante a graduação são muitas, e aumentam conforme a graduação vai 
chegando ao fim, consequentemente reduzindo o número de horas e qualidade do sono compensatório ao 
trabalho ser realizado (Depieri et al., 2016). Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi comparar aspectos da 
qualidade de sono entre alunos do primeiro e nono semestres do curso de Ciências Biológicas da UNESP, 
câmpus de Ilha Solteira – SP. 
 
Métodos 
O presente estudo foi realizado na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, câmpus 
de Ilha Solteira pelos alunos regularmente matriculados na disciplina Fisiologia Geral e Comparada: Sistemas, 
no 1º semestre de 2018. Os questionários foram aplicados para 39 alunos, sendo 18 do 1º semestre (idade média 
de 18 anos e 8 meses ± 1 ano e 7 meses) e 21 do 9º semestre (idade média de 22 anos e 7 meses ± 1 ano e 3 
meses). Todos os participantes estavam cientes e de acordo com o Termo de Consentimento Livre e 
Esclarecido. 
Aplicou-se um questionário respondido por 7 dias subsequentes (19/03/2018 – 25/03/2018) pelos 
sujeitos da pesquisa, contendo as seguintes questões: “Você fez uso de qualquer substância química que altera 
o padrão de sono (álcool, cafeína, etc.)?”; “Você realizou atividade física?”; “Horas de sono”; “Como você se 
sentiu ao acordar?”; “Comparado ao seu sono habitual, sua qualidade de sono foi (melhor, pior ou igual)”; 
“Você se lembra de ter acordado e dormido de novo?”; “Quanto tempo para pegar no sono?”. Sendo as 
respostas transformadas em escala ordinal. Posteriormente, realizou-se o teste de Shapiro-Wilk para verificar a 
normalidade das variáveis. Para os dados paramétricos foi aplicado o teste T de student, e não paramétricos foi 
aplicado o Teste de soma de Postos de Wilcoxon. Ainda, utilizou-se do Teste de Corrrelação de Pearson para 
medir a força da relação linear entre variaveis, e também a idade dos sujeitos da pesquisa. Os dados foram 
analisados utilizando o software estatístico RStudio, versão 1.1.442. 
 
Resultados e discussão 
Verificou-se que os calouros praticam mais atividades físicas e se sentem melhor ao acordar em relação 
aos veteranos (Tabela 1). Ainda, os veteranos tiveram o tempo de sono inferior aos calouros (Tabela 1), sendo 
estes dentro da média brasileira para a faixa etária analisada (Walch, 2016). Tais resultados, bem como a 
correlação da idade com as horas de sono (p>0,0001), sendo quando maior a idade, menor o tempo de sono, 
sugerem que os veteranos, devido a maior carga de exigências acadêmicas, possuem menos tempo para práticas 
esportivas e horas de sono, consequentemente podendo afetar na percepção de bem-estar ao acordar. Sendo 
21 
 
 
 
aspectos importantes na saúde e qualidade de vida dos indivíduos (Lavie, 1996). 
Também, verificou-se uma correlação negativa entre a percepção do bem-estar ao acordar e interrupções 
durante o sono (p=0,008), com indivíduos que tiveram mais vezes o sono interrompido auto-avaliando pior a 
sensação ao acordar. Esta correlação negativa corrobora com outros estudos, que indicaram que indivíduos que 
tem o sono interrompido um maior número de vezes se sentiram menos dispostos do que os indivíduos que não 
enfrentaram interrupções (Depieri et al. 2016; Costa e Ceolim, 2013). 
Observando-se as respostas às questões “Como você se sentiu ao acordar?”; “Comparado ao seu sono 
habitual, sua qualidade de sono foi (melhor, pior ou igual)”, percebe-se que não houve coerência entre as 
respostas para ambos grupos, que por vezes descreviam a qualidade de sono como ruim e a sensação ao acordar 
como boa, e vice-versa. Tal fato pode estar ligado aos estudantes não conseguirem fazer uma autoavaliação de 
forma efetiva (Depieri et al. 2016). Verificando-se a necessidade de trabalhos preventivos direcionados aos 
alunos desde o início da graduação, para que estes consigam desenvolver uma qualidade de sono favorável às 
suas necessidades e possam adequá-las às suas atividades diárias. 
 
Tabela 1 – Aspectos de qualidade de sono em alunos Calouros e Veteranos do Curso de Ciências Biológicas da 
FEIS/UNESP 
a,b 
Mostram diferença estatística significativa entre os grupos de discentes analisados (p<0,005). 
 
Conclusões 
Considerando que estudantes de graduação tendem a ter problemas ligados ao estresse devido à sobrecarga 
mental e física, concluímos que a qualidade de sono foi depletada consideravelmente na comparação entre 
alunos calouros e veteranos, notadamente pela diminuição de horas de sono e pior auto avaliação da sensação 
ao acordar. 
 
Agradecimentos 
Os autores agradecem aos discentes do 1º semestre do curso de Ciências Biológicas pela participação 
na pesquisa. 
 
Referências 
COSTA, S.V., CEOLIM, M.F. Fatores que interferem na qualidade do sono de pacientes internados. Revista da Escola de 
Enfermagem da USP. 47:46-52,2013. 
 
LAVIE, P. The enchanted world of sleep. New Haven: Yale University Press, 1996. 270p. 
 
DEPIERI, N.B., CÍCERO, L.R., GUIZELLINI, V.S., BIANCHI, L.R.O. Qualidade do Sono e Sonolência entre 
Universitários Formandos. Arquivos do MUDI, 20:33-42, 2016. 
 
PASCOTTO, A. C., SANTOS, B. R. M. Avaliação da qualidade do sono em estudantes de ciências da saúde. Revista do 
Instituto de Ciências da Saúde. 31: 306-310, 2013. 
 
PEREIRA, E.G., GORDIA, A.P., QUADROS, T.M.B. Padrão do sono em universitários brasileiros e sua relação com a 
prática de atividades físicas: uma revisão da literatura. Revista Brasileira de Ciências da Saúde. 9: 1-6, 2011. 
 
SOUZA, J. C.; GUIMARÃES, L. A. M. Insônia e qualidade de vida. UCDB, 1999. 194 p. 
 
WALCH, Olivia J.; COCHRAN, Amy; FORGER, Daniel B. A global quantification of “normal” sleep schedules using 
smartphone data. Science advances, 2(5), p 1-6, 2016. 
 
 
Aspectos analisados 
Grupos 
Calouros Veteranos 
Horas de sono (horas, minutos) 8,10±1,37a 6,53±0,10b 
Prática de exercícios físicos (0= nenhuma vez; 1= todos 
os dias) 
0,31±0,07a 0,14±0,01b 
Uso de substâncias químicas que alteram padrões de 
sono (0= nenhuma vez; 1= todos os dias) 
0,31±0,08 0,43±0,07 
Qualidade de Sono (melhor=2; pior=0) 
Sensação ao acordar (bem=2; mal=1) 
Número de despertares noturnos (vezes por noite) 
Tempo para adormecer (<30`=1; >30`=2; >60`=3) 
0,86±0,09 
1,77±0,07a 
0,86±0,17 
1,37±0,10 
0,64±0,13 
1,29±0,04b 
1,00±0,10 
1,00±0,04 
22 
 
 
 
As Cooperativas de Reciclagem e a gestão dos resíduos sólidos urbanos: 
estudo de caso do município de Ilha Solteira (SP) 
 
Marina Guimarães Germini (1)*, Denise Gallo Pizella (2) 
 
1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado. e-mail: marinagermini@gmail.com 
2
UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia. 
 
 
 Introdução 
Uma gestão sustentável de resíduos sólidos urbanos necessita de olhares atentos para a inter-relação entre 
a sustentabilidade ambiental, social e econômica, visando não somente a redução da geração de resíduos e o 
desperdício das matérias-primas, mas também sua reciclagem. A Política Nacional de Resíduos Sólidos de 
2010 concedeu às cooperativas de catadores de materiais recicláveis a condição de um instrumento de gestão. 
Para que seja implementado, necessita de recursos, sendo que as prefeituras municipais podem conceder às 
organizações de catadores galpões de triagem, pagamento de despesas como água e energia elétrica, transporte, 
projetos de capacitação, divulgação e educação ambiental. Segundo IPEA (2015) e BESEN (2012), mais de 
oito bilhões de reais são enterradosanualmente no Brasil, em forma de materiais que poderiam ser recuperados, 
impulsionando a geração de trabalho e de renda. 
Para que a gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) cumpra com os requisitos de emancipação social 
dos catadores de materiais recicláveis, há que se observar o papel do Poder Público nesta promoção, pois, 
segundo Besen (2012, p. 423): “[...] Há casos sérios de violação de direitos humanos em que esses trabalhadores 
são submetidos a horas de trabalho a fio sem qualquer salubridade, há casos de servidão por dívida ao 
comprador, vínculos por meio de pequenos vícios, trabalho infantil e análogo à escravidão”. No Brasil, cerca 
de 90% de todo material reciclável é coletado pelos catadores (majoritariamente mulheres negras), agentes 
principais da nossa cadeia produtiva e os que menos se beneficiam com ela. Tendo em vista o protagonismo 
das cooperativas de catadores dadas pela PNRS, este trabalho tem por objetivo analisar as potencialidades e 
problemas enfrentados pelas cooperativa de catadores de materiais reciclaveis no município de Ilha de Solteira 
(SP) em termos da promoção de uma gestão socioambientalmente sustentável dos RSU. 
 
 Material e Métodos 
A metodologia do trabalho correspondeu à análise documental do Plano de Gerenciamento Integrado 
de Resíduos Sólidos do Município de Ilha Solteira de 2012, de modo a identificar as potencialidades e 
dificuldades da gestão de RSU no que se diz respeito à cooperativa de catadores de materiais recicláveis. Deste 
modo, se procurou analisar a frequência e modo de coleta; a renda média obtida pelos cooperados; como se dá 
a venda dos materiais e, por fim, as condições de trabalho dos cooperados. 
Resultados e discussão 
O município de Ilha Solteira (SP) possui um programa de coleta seletiva por meio de uma parceria entre 
a Prefeitura Municipal com a cooperativa COPERSELI (Cooperativa de Reciclagem e Seleção de Lixo), que 
iniciou suas operações no ano de 2002, se localizando no Distrito Industrial municipal. No momento de 
elaboração do Plano de Resíduos Sólidos, a cooperativa possuía 11 trabalhadores, que obtinham uma renda 
que variava entre R$ 600,00 a R$ 800,00 ao mês (ILHA SOLTEIRA, 2012). Segundo Ilha de Notícias (2017) 
a coleta seletiva é realizada de segunda à sábado, abrangendo todas as regiões do município, onde há uma 
divisão de acordo com os bairros/setores existentes, de modo a facilitar sua logística, ocorrendo no periodo 
noturno. 
Os caminhões coletores foram considerados inadequados para a realização da coleta, visto que realizam 
a prensa dos materiais, podendo ocasionar acidentes aos trabalhadores com a quebra de vidros e, dada a 
presença comum de materiais orgânicos dispostos em conjunto com os recicláveis, levar à perda destes (ILHA 
SOLTEIRA, 2012), o que compromete a própria existência da coleta no município. Após a coleta, o material 
é levado ao galpão da COPERSELI, que se encontrava, no momento, desorganizado. Em termos de 
equipamentos, havia duas prensas hidráulicas e uma esteira de catação, sendo que todos se encontravam em 
estado precário de conservação, levando à paradas constantes nas operações que se davam no galpão. Os 
materiais que chegam ao galpão são depositados em um silo e direcionados à esteira. Os materiais recicláveis 
são colocadps em “Big Bags”, onde são reservados de acordo com seu tipo. Posteriormente, aqueles que 
precisam de prensa passam por tal processo e são armazenados para a venda. No galpão, foram observados, no 
momento de elaboração do Plano, materiais volumosos espalhados, como camas, sofás, para-choques de carros, 
dentre outros (ILHA SOLTEIRA, 2012), colaborando para a desorganização no ambiente de trabalho. 
23 
 
 
 
Entrevistas realizadas com os cooperados demonstraram inadequações nas condições de trabalho, quais 
sejam: o baixo rendimento econômico obtido, gerando desmotivação com o trabalho; pequeno apoio por parte 
da Prefeitura Municipal, como a ausência de um coordenador que orientassse os cooperados em todo o processo 
de trabalho, desde a organização do espaço, à triagem, vendas e administração da cooperativa; ausência de 
programas de educação ambiental visando a adesão dos moradores para a separação dos materiais recicláveis; 
a não remuneração, por parte da Prefeitura Municipal, pelos serviços prestados na gestão dos RSU, como 
permite a Lei 12.305/2010 (Política Nacional de Resíduos Sólidos), além de dívidas financeiras da cooperativa 
por conta de tributos fiscais. Em termos de vendas dos materiais, consta no Plano que o maior comprador de 
materiais recicláveis é uma empresa aparista, ou seja, de “ferro-velho”, situada no município, que compra peças 
de ferro e papelão e remunera diretamente os trabalhadores da cooperativa (ILHA SOLTEIRA, 2012). 
No Plano de Resíduos foi realizada uma pesquisa com a população do município em termos da coleta 
seletiva. Deste modo, 99, 35% dos residentes consideraram a coleta como muito importante, o mesmo se dando 
com os comerciantes do município, que responderam neste mesmo sentido, em 100%. Quanto à gestão 
compartilhada dos resíduos, que atribui, segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos, a colaboração de 
todos em termos da coleta seletiva e outros aspectos da Lei, obtiveram-se os seguintes dados: nas residências, 
6,8% das pessoas não separam os recicláveis dos resíduos orgânicos, 81,2% sempre o fazem e 11,8% somente 
de forma esporádica. Já na área commercial, 10% não separa, 82,5% sempre o faz e 7,5% separa 
esporadicamente. Como encaminhamentos do Plano para solucionar os problemas levantados, estão a inserção 
de trabalhadores que atuam de modo autônomo no município; investimento em novos equipamentos para a 
cooperativa e remuneração dos cooperados pelos serviços prestados à Prefeitura Municipal, de modo a 
aumentar a renda dos trabalhadores (ILHA SOLTEIRA, 2012). 
 
Conclusões 
O município de Ilha Solteira possui uma cooperativa de coleta de materiais recicláveis desde o ano de 
2002, que possui potencialidades para uma ação mais efetiva na gestão dos RSU municipais, desde que a 
Prefeitura Municipal, em conjunto com a sociedade ilhense, atue para sua melhoria. A PNRS atribuiu um 
importante papel às cooperativas, pois é um instrumento de gestão que possibilita um aumento na vida útil de 
aterros sanitários, possibilita a diminuição no uso de novos materiais para a confecção dos diversos produtos 
que são consumidos, além de permitir a emancipação social de catadores autônomos. O Plano de Gestão de 
Resíduos apresentou encaminhamentos para sanar os problemas enfrentados pela cooperativa, mas sem ações 
concretas para efetivá-los. Etapas posteriores do trabalho procurarão validar ou não os problemas e 
potencialidades da cooperativa identificados no Plano, por meio de entrevistas com os cooperados e com o 
gestor ambiental local. 
 
Referências 
BESEN, G.R. Política Nacional de Resíduos e o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis. In: 
JARDIM, A.; YOSHIDA, C.; FILHO, J. V. M. (Org). Política nacional, gestão e gerenciamento de resíduos sólidos. 
Barueri, SP: Manole, 2012, p. 414. 
 
CEMPRE. Radiografando a Coleta Seletiva. 2014. Disponível 
em: <http://cempre.org.br/ciclosoft/id/2>. Acesso em: 21 mar. 2018. 
 
ILHA DE NOTÌCIAS. Coleta seletiva segue sem alteração; novo calentário é apenas para o lixo comum. Disponível 
em <http://www.ilhadenoticias.com/index.php/menu-prefeitura/6220-coleta-seletiva-segue-sem-alteracao-novo-
calendario-e-apenas-para-o-lixo-comum.html>. 2017. Acesso em: 10 abril 2018. 
 
ILHA SOLTEIRA. Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos de Ilha Solteira-SP. Ilha Solteira, 2012. 
 
IPEA. Boas Práticas de Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos e de Logística Reversa com a Inclusão de Catadores de 
Materiais Recicláveis. Rio de Janeiro: IPEA, 2015. 
 
MANNARINO, C. F.; FERREIRA, J.A.; GANDOLLA, M. Contribuições para a evolução do gerenciamento de resíduossólidos urbanos no Brasil com base na experiência Européia. Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 21, n. 2, p.379-385, 
2016. 
 
http://www.ilhadenoticias.com/index.php/menu-prefeitura/6220-coleta-seletiva-segue-sem-alteracao-novo-calendario-e-apenas-para-o-lixo-comum.html
http://www.ilhadenoticias.com/index.php/menu-prefeitura/6220-coleta-seletiva-segue-sem-alteracao-novo-calendario-e-apenas-para-o-lixo-comum.html
24 
 
 
 
 
 
A utilização de curtas-metragens socioambientais como ferramenta para 
educação ambiental no ensino formal 
 
João Vitor de Souza Xavier(1) *, Rafael Augusto Martins(2), Denise Gallo Pizella(3) 
 
1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Licenciatura e Bacharelado, Departamento de Biologia e 
Zootecnia. E-mail: joaovitor.sx@hotmail.com 
2UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas – Bacharelado, Departamento de Biologia e Zootecnia. 
3UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia 
 
Introdução 
Segundo Tristão (2004), a temática ambiental é facilmente relacionada aos temas apresentados aos alunos em 
sua grade tradicional de disciplinas, mas, por apresentar uma natureza interdisciplinar, é melhor trabalhada por 
meio de projetos ou atividades extracurriculares, pois não é possível inseri-la na estrutura curricular, em uma 
única disciplina. Neste sentido, Gava e Xavier (2008), apontam para a utilização da ferramenta audiovisual 
para que os alunos possam articular diversas visões de mundo de modo estimulante e emocionante, por possuir 
uma liguagem própria e cotidiana. Este Projeto de Extensão teve como principal objetivo desenvolver o espírito 
crítico de estudantes da cidade de Ilha Solteira (SP) frente aos problemas socioambientais nacionais e globais, 
estimulando seu senso crítico de maneira que propusessem soluções que pudessem minimizar tais problemas, 
por meio de debates em sala de aula, fazendo uso da ferramenta cinematográfica. 
Material e métodos 
O projeto foi desenvolvido juntamente a uma escola da rede privada de ensino, no município de Ilha Solteira 
(SP), para alunos do Ensino Médio, perfazendo aproximadamente 42 alunos. Neste sentido foram exibidos, 
quase que mensalmente, curtas metragens relacionados à temática socioambiental. Após a exibição dos curtas-
metragens, foram realizados debates com as turmas referentes aos temas abordados e solicitado aos estudantes 
que respondessem a um questionário, que posteriormente foi analisado, de modo a perceber de que forma o 
público-alvo apreendeu os conteúdos discutidos. Foram exibidos e discutidos os seguintes curtas-metragens no 
período: “Rio Resiliente: áreas verdes urbanas”, “Refugiados do Desenvolvimento”, “São Paulo, a cidade dos 
rios invisíveis”, “Rios Voadores”, “Para onde foram as andorinhas?”, “Ilha das Flores” e “Cuidar das 
borboletas”. 
 
Resultados e discussão 
O primeiro documentário exibido “Rio Resiliente: áreas verdes urbanas” trata da importância destes espaços 
para o aumento da umidade do ar, infiltração das águas da chuva, conforto térmico, entre outros. A análise dos 
questionários mostrou que os alunos participantes consideram tais espaços como importantes por conta destes 
benefícios, porém, consideraram que há uma carência de áreas verdes no ambiente urbano, que são pouco 
valorizados pela população em geral e pouco preservados por parte do Poder Público. Em sua maioria, 
consideraram um dever de toda a coletividade a conservação e uso de tais áreas. 
O segundo curta-metragem “Refugiados do Desenvolvimento” aborda o mito do desenvolvimento econômico, 
que se dá de forma predatória e excludente. Neste sentido, o modelo econômico acaba por promover uma 
elevada degradação ambiental e social, onde as populações mais pobres sofrem de forma desproporcional em 
relação aos impactos gerados, se tornando refugiados ambientais, ou seja, não beneficiados pelas políticas de 
desenvolvimento econômico existentes no Brasil. Nesta intervenção, os estudantes foram levados a pensar 
sobre o desenvolvimento existente no país e se este promoveria de fato a sustentabilidade socioambiental. 
Quando questionados sobre a definição de desenvolvimento sustentável obteve-se “um progresso que não afeta 
o meio ambiente”, por exemplo. Após o documentário e a discussão realizada, percebeu-se uma compreensão 
de que o termo se apóia em um tripé que considera as questões ambientais, sociais e econômicas como 
interligadas. Além disto, a maioria dos estudantes apresentou a definição clássica de desenvolvimento 
sustentável, que inclui as gerações futuras na utilização dos bens e serviços ambientais. Já quando questionados 
sobre os termos “refugiados” e “refugiados do desenvolvimento” se obteve como respostas que refugiados “são 
aqueles que não podem morar em tal local, e são obrigados a sair de lá”, enquanto que refugiados do 
desenvolvimento “são pessoas que tem que sair de suas casas, pois vai ser construído algo no local”. Muitos 
participantes mostraram um entendimento de que há desigualdades sociais no modelo de desenvolvimento 
adotado no país. 
25 
 
 
 
No terceiro mês, foi trabalhado o documentário “São Paulo, a cidade dos rios invisíveis” que relaciona a cidade 
com seus rios, onde se buscou contextualizar o tema com exemplos de Ilha Solteira. Ao questionar os 
estudantes sobre seu conhecimento dos rios visíveis no município, diversos estudantes citaram os principais 
rios e córregos existentes e, de modo geral, apresentaram ideias que relacionam a proteção dos rios com a 
conservação da vegetação ciliar. Nesta intervenção, se procurou discutir as causas das enchentes urbanas e, 
como respostas nos questionários, houve a compreensão da relação entre a canalização e tamponamento dos 
rios com as enchentes. Por fim, foram questionados sobre quais atores sociais deveriam exercer boas práticas 
para a conservação dos rios urbanos, com uma compreensão do dever da coletividade neste sentido. 
“Rios Voadores” foi o quarto audiovisual a ser trabalhado, com o intuito de promover a discussão em torno da 
importância da floresta Amazônica para a geração de massas de ar úmido que levam à grande parte das 
precipitações que se dão nas regiões sudeste e centro-oeste do país. Obtive-se com as discussões e questionários 
a compreensão deste fato e que as principais ameaças para a manutenção da Floresta são as madeireiras, a 
mineração e a expansão agrícola. Quando questionados a respeito das soluções para os problemas que afetam 
a manutenção da Floresta, obtive-se a necessidade de “conscientização da população; respeitar as leis 
preestabelecidas…”; além da mobilização social: “Protestar e denunciar, como o caso que ocorreu no Rock in 
Rio…”. 
O quinto documentário, “Para onde foram as andorinhas?”, teve como finalidade apresentar os impactos que o 
desmatamento visando à expansão agropecuária se dão em tribos que residem no Parque Nacional do Xingu. 
Neste curta, os estudantes conseguiram relacionar as causas e efeitos sofridos pelos povos indígenas e 
refletiram acerca do conhecimento destes povos, destacando a medicina, técnicas de cultivo, de pesca, entre 
outras. 
“Ilha das Flores”, o sexto curta-metragem a ser trabalhado, teve a finalidade de mostrar as desigualdades sociais 
presentes no país, apesar de todos sermos seres-humanos. Os estudantes apresentaram em seus questionários a 
questão das injustiças sociais: “como o Brasil é um país capitalista, quem possui mais poder aquisitivo tem 
mais direitos que uma pessoa que não possui.”. Por fim foram levados a questionar qual a relação entre 
“Desenvolvimento Sustentável” e “Desigualdades Sociais”. Apesar de compreenderem que a idéia de 
desenvolvimento sustentável exclui a realidade das desigualdades sociais, se observou em algumas respostas, 
uma certa dificuldade em realizar tal análise, que a equipe do projeto considerou também como sendo de alta 
complexidade. 
O sétimo e último curta-metragem foi “Cuidar das Borboletas”, que teve por objetivo discutiros problemas 
socioambientais derivados do nosso modelo agrícola de desenvolvimento, baseada nos incentivos à agricultura 
convencional em detrimento da orgânica. Nas discussões e nos questionários, os estudantes demonstram saber 
que a produção orgânica é socioambientalmente sustentável, mas levantaram as dificuldades em encontrar tais 
alimentos nos mercados. Ainda foi possível discutir as possíveis iniciativas para o aumento da produção de 
orgânicos no Brasil por meio de incentivos às cooperativas que os produzem. 
 
Conclusões 
O Projeto de Extensão Universitária “Cinema e Meio Ambiente”, de acordo com as discussões realizadas e as 
respostas dos estudantes, parece ter cumprido com seu objetivo primordial. No entanto, dificuldades foram 
encontradas em seu decorrer, dadas fundamentalmente pelo tempo reduzido dado para as intervenções (uma 
aula de 50 minutos de duração), impossibilidade o trabalho com curtas-metragens com maior tempo de duração 
e comprometendo que discussões mais profundas fossem realizadas. 
Agradecimentos 
A Pró-reitoria de Extensão Univeristária (PROEX) da UNESP, pela bolsa e auxílios concedidos ao 
desenvolvimento deste Projeto. 
 
Referências 
GAVA, R.; XAVIER, W.S. Entre o Ensino e o Debate: o uso do documentário “The Corporation” como recurso 
didático na formação de administradores brasileiros. Revista Eletrônica de Gestão Organizacional, número especial I 
ENEPQ, 2008, p. 70-79. 
TRISTÃO, M. Saberes e fazeres da educação ambiental no cotidiano escolar. Revista brasileira de educação 
ambiental, 2004, p.47-56. 
 
26 
 
 
 
Avaliação da concentração de nutrientes na água do córrego do Ipê, 
município de Ilha Solteira-SP. 
 
Mayra Carolina da Silva Ferreira(1)*, Letícia de Oliveira Manoel (2), Sérgio Luís de Carvalho(3) 
 
1UNESP-FEIS, Curso de Ciências Biológicas, e-mail: mayra.carolina.sf@hotmail.com 
2UNESP-IBB, Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas (Zoologia) 
3UNESP-FEIS, Docente, Departamento de Biologia e Zootecnia. 
 
Introdução 
A crescente escassez de águas naturais de boa qualidade constitui um dos grandes problemas mundiais 
da atualidade. Tal quadro pode, em grande parte, ser atribuído à demanda crescente de água pelas populações 
conjugada à deterioração dos mananciais superficiais e subterrâneos ocasionada pelo lançamento inadequado 
de esgotos sanitários, industriais e resíduos sólidos no solo e em corpos hídricos (CAMPOS, 1999). Sabe-se 
que o lançamento de elevadas concentrações de nutrientes (nitrogênio e fósforo) em cursos de água superficiais 
causa a diminuição dos níveis de oxigênio e o aumento da biomassa algal originada no corpo receptor 
decorrente do processo de eutrofização (CHERNICHARO, 2001). 
 A maioria dos estudos realizados procura enfocar a exportação de nutrientes de bacias de drenagem, 
analisando a relação entre o uso da bacia de drenagem para a agricultura e a exportação de nitrogênio e fósforo. 
Segundo ODUM (1988) uma paisagem puramente urbana tende a liberar relativamente mais nitrogênio, 
enquanto que uma quantidade maior de fósforo tende a escoar de uma bacia predominantemente agrícola. 
O monitoramento dos recursos hídricos superficiais das microbacias permite avaliar a velocidade dos 
processos de degradação e a efetividade de medidas conservacionistas implantadas no sistema por melhores 
práticas de manejo. Neste sentido, o objetivo deste estudo é avaliar a concentração de nutrientes (fósforo e 
nitrogênio) na água do córrego do Ipê, no município de Ilha Solteira - SP. 
 
Material e métodos 
Realizou-se 12 campanhas com periodicidade mensal (maio/2012 a abril/2013), em dois pontos 
amostrais: P1 - na nascente do córrego do Ipê (20° 27’ 25.4” S e 51°18’ 33.7” O) e P2 – na foz do córrego do 
Ipê (20° 27’ 05.2” S e 51° 21’ 46.8” O), localizados na Microbacia Hidrográfica do Córrego Caçula, no 
município de Ilha Solteira, região noroeste do Estado de São Paulo. 
As coletas foram realizadas no período matutino, utilizando garrafas de polietileno de dois litros 
higienizadas com água ionizada, as amostras foram preservadas seguindo os procedimentos recomendados na 
NBR 9898/97. Para a análise de Nitrogênio total (N) e Fósforo total (P) foi utilizado a metodologia de análise 
da digestão de ácido persulfato seguido de espectrofotometria pelo aparelho HACH modelo DR2500, de acordo 
com os Métodos para as Análises de Águas Potáveis e Residuárias – Standard Methods for Examination of 
Water and Wastewater (APHA-AWWA-WPCF, 1998). 
 As amostras foram analisadas no laboratório de Saneamento do Departamento de Engenharia Civil da 
Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira (UNESP), onde foram avaliadas em no máximo 24 horas após a 
coleta. 
 
Resultados e discussão 
 O fósforo total é considerado um dos melhores indicadores do conteúdo de nutrientes em qualquer 
ecossistema (SANTI et al. 2012), e sabe-se que o lançamento de elevadas concentrações de nutrientes (N e P) 
em cursos de água superficiais causa a diminuição dos níveis de oxigênio e o aumento da biomassa algal 
originada no corpo receptor decorrente do processo de eutrofização (Chernicharo, 2001), além de ocasionar 
problemas como gosto e odor, declínio da pesca, mortandade de peixes, obstrução de cursos d’água e efeitos 
tóxicos sobre animais e seres humanos (VON SPERLING, 2005). 
 Em águas naturais, que não foram submetidas a processos de poluição, a quantidade de fósforo total 
varia de 0,005 a 0,020 mg.L-1 (EMBRAPA, 2002), enquanto que nas estações amostrais avaliadas a 
concentração média foi de 3,29 mg.L-1 (Estação 1) e 3,13 mg.L-1 (Estação 2), acima do permitido para corpos 
d’água de classe 2, que é de até 0,0500 mg.L-1 (Resolução CONAMA 357/05). De acordo com Poleto (2003) 
as altas concentrações de P no córrego do Ipê, devem-se ao lançamento de esgotos clandestinos que são 
lançados diretamente nesse corpo d’água, além do transporte de fertilizantes e adubos do solo sem conservação 
adequada. Segundo Freitas (2000), as águas drenadas em áreas agrícolas e urbanas podem provocar a presença 
excessiva de fósforo em águas naturais entre outras fontes antrópicas. 
27 
 
 
 
 Em relação ao Nitrogênio Total, também se observou valores elevados nas duas estações amostrais, 
com concentração média de 1,60 mg.L-1 na estação 1, e 2,45 mg.L-1 na estação 2. Os resultados obtidos estão 
associados ao processo de urbanização que resultou na contaminação do córrego do Ipê, com acentuado 
comprometimento da qualidade de suas águas, decorrente de fontes pontuais e difusas. Tal fato resulta dos 
esgotos clandestinos que são lançados diretamente nesse corpo d’água e da falta de práticas de conservação do 
solo que sejam eficientes na retenção das águas pluviais e controle de erosões. 
 
 
Conclusões 
Conclui-se que as concentrações de P e N no córrego do Ipê, apresentaram valores elevados 
ultrapassando os limites estabelecidos pela legislação, caracterizando o ambiente aquático como contaminado 
e sujeito a processos de eutroficação. Desta forma, torna-se necessária a implantação de técnicas de manejo 
como curvas de nível, para diminuir e evitar erosões, além do carreamento de adubos e nutrientes do solo, bem 
como realizar levantamento e eliminação dos esgotos clandestinos, tornando-os parte do sistema de esgoto 
municipal. 
 
Referências 
APHA – American Public Health Association, AWWA – American Water Works Association, WPCF – Water 
Pollution Control Federation. “Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater”. 19ª ed. Washington, DC, 
USA: ed. APHA, 1995. 
 
CAMPOS, J. R. (Coordenador). Tratamento de esgotos sanitários por processo anaeróbio e disposição controlada 
no solo. Rio de Janeiro: ABES, 1999. 464p. 
 
CHERNICHARO, C. A. L. (Coordenador). Pós-tratamento de efluentes anaeróbios. Belo Horizonte: PROSAB,

Continue navegando