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Área Rural - BEATRIZ TIANEZE DE CASTRO 1 Área Rural - BEATRIZ TIANEZE DE CASTRO INTRODUÇÃO DEFINIÇÃO Aquelas que se encontram fora dos limites das cidades, cujo estabelecimento é prerrogativa das prefeituras municipais ZONAS ZONAS ECONOMICAMENTE INTEGRADAS Zonas rurais prósperas, geralmente próximas de um centro urbano ao qual se integram por uma rede de comunicações bem desenvolvida, combinando as melhores vantagens da vida no campo e na cidade, e aproveitando economias de escala e de aglomeração, com demanda e oferta diversificadas de emprego ZONAS RURAIS INTERMEDIÁRIAS Zonas tradicionalmente desenvolvidas com base em um setor agrícola próspero e nas atividades a ele associadas; são, em geral, afastadas de centros urbanos, mas com infraestrutura de transporte suficiente para ter acesso a eles Zonas em processo de integração econômica, em que as novas atividades (indústria, comércio, turismo) começam a transformar a estrutura do emprego Área Rural - BEATRIZ TIANEZE DE CASTRO 2 ZONAS RURAIS ISOLADAS Zonas que possuem uma população dispersa e localizam-se em áreas periféricas bem afastadas de centros urbanos (p. ex., montanhas e ilhas) A infraestrutura e os serviços locais são precários, a produção é tradicional (agricultura e pequeno artesanato local) e as rendas e a qualificação da mão de obra são bastante baixas RELAÇÃO RURAL-URBANA ASSOCIADA À SAÚDE IDH Área Rural - BEATRIZ TIANEZE DE CASTRO 3 Alguns municípios com os mais altos índices de qualidade de vida ou de desenvolvimento humano são predominantemente rurais A ocupação agrícola, mesmo nas regiões mais fortemente rurais, pode estar em queda, mas algumas regiões rurais fazem parte das zonas mais dinâmicas de vários países MEDICINA RURAL HABILIDADES NECESSÁRIAS 1. Interpretação de exames sem laudos de especialista 2. Realização de procedimentos que seriam referenciados para outros profissionais em grandes cidades 3. Familiaridade com o manejo inicial de emergências a. A distância e o tempo entre o primeiro atendimento e o da equipe apropriada para o tratamento definitivo, inclusive de saúde mental e traumas, costumam ser maiores do Distribuição percentual da classificação do índice de desenvolvimento humano municipal (IDHM) segundo situação de ruralidade pela PNUD, 2010. MMR, municípios mais rurais; MMU, municípios mais urbanos. Área Rural - BEATRIZ TIANEZE DE CASTRO 4 que em grandes centros 4. Ampliação da escala de habilidades em relação ao cuidado das fases do ciclo vital a. Atenção à gestante e à sua família b. Puericultura c. Puerpério d. Atenção à saúde da criança e do adolescente e. Atenção à saúde da mulher f. Atenção à saúde do adulto, g. Atenção à saúde do idoso h. Cuidados durante o fim da vida 5. Ampliação da escala de habilidades no que diz respeito ao manejo integral e sociofamiliar da pessoa a. Competência dialógica intercultural e diálogo com práticas tradicionais ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE ACESSO OU PORTA DE ENTRADA E LONGITUDINALIDADE O nível primário é ainda mais importante como porta de entrada do sistema de saúde do que nas cidades O número de domicílios brasileiros cadastrados em unidades de saúde da família é maior (70,9% vs. 50,6% de áreas urbanas) nas áreas rurais Visitas mensais domiciliares por profissionais de saúde (62,7% vs. 43,6%) Programa Mais Médicos (PMM): reduziu a falta de profissionais médicos, embora se questione a tendência forte a substituir profissionais que trabalhavam na saúde da família, incluindo médicos de família e comunidade brasileiros, por bolsistas estrangeiros e por tempo limitado INTEGRALIDADE E COORDENAÇÃO Área Rural - BEATRIZ TIANEZE DE CASTRO 5 Ampliação do foco da atenção ao processo patológico individual e de uma intervenção biomédica pontual para uma compreensão ampliada do processo de saúde-doença e uma intervenção continuada e abrangente do ciclo de vida da pessoa, suas redes familiares e comunitárias Prevenção: acesso a atividades de prevenção, promoção e reabilitação, além do enfoque curativo tradicional Acesso a recursos de saúde: exames, procedimentos, referenciamentos a especialistas, internações, etc Utilização com mais frequência do contato direto com outros médicos que trabalham na região, tanto por telefone quanto pessoalmente, facilitando a troca de informações, e uma menor rede burocrática de organização dos sistemas locais, facilitando o acesso direto às pessoas que tomam as decisões ou dispõem das informações necessárias e que podem abrir exceções em casos especiais CENTRALIZAÇÃO NA FAMÍLIA E NA COMUNIDADE As populações das zonas rurais apresentam valores mais tradicionais do que as das grandes cidades A forma de intervenção e as expectativas em relação às condutas e aos papéis dentro do núcleo familiar precisam ser “contextualizadas” para as diferentes comunidades, e não somente de forma individual Adaptação da teoria da terapia de família em relação às diferenças culturais e classes sociais O sentimento de comunidade pode ser muito forte e, se o processo de delimitação de áreas de abrangência das equipes respeitar esse fenômeno, pode-se criar um ambiente muito propício para intervenções comunitárias As atividades intersetoriais são potencialmente facilitadas pelo tamanho reduzido das estruturas e das instituições O médico rural tem grande facilidade de acesso à(s) escola(s) local(is), a postos de trabalho, igrejas, etc. e deve utilizar isso em favor da comunidade na qual trabalha COMPETÊNCIA CULTURAL Área Rural - BEATRIZ TIANEZE DE CASTRO 6 O cuidar da saúde realizado pelo médico em áreas rurais precisa ser compreendido como algo além de uma simples transposição das práticas médicas para um local diferente São necessários aprimoramentos, tendo em vista: as características especiais da saúde das populações rurais; as peculiaridades da forma de organização do sistema de saúde; e a necessidade de adequação do perfil exigido para o profissional de saúde rural FORMAS DE MELHORAR A DEFASAGEM RURAL- URBANA PRINCÍPIOS 1. A infraestrutura necessária para a implementação de atenção à saúde integral de áreas rurais, remotas e com dificuldades de acesso deve ser de alta prioridade para os governos nacionais. 2. A natureza específica da prática rural, incluindo a mais ampla gama de habilidades requerida pelos médicos rurais, deve ser reconhecida pelos governos e organizações profissionais. 3. O núcleo de competências da prática geral/de família deve ser ampliado pela provisão de habilidades adicionais para a prática rural apropriada especificamente às localidades determinadas. 4. O status dos médicos rurais deve ser elevado por uma abordagem coordenada que envolva planos de carreira, educação e treinamento, aumento de incentivos e melhora das condições de trabalho. Essas medidas devem ser financiadas e apoiadas pelos governos, comunidades e organizações profissionais, reconhecendo-se o papel vital do médico rural. 5. O médico rural e outros profissionais de saúde devem auxiliar a comunidade na avaliação, na análise e no desenvolvimento de serviços de saúde que sejam voltados para as necessidades locais, sem deixar de reconhecer a importância da abordagem voltada à pessoa no nível individual. 6. Os modelos de serviços em saúde rural devem ser avaliados e promovidos em parceria com as comunidades rurais e em cooperação com autoridades de saúde regionais e nacionais. 7. Os médicos rurais devem adotar a filosofia da APS como chave para a saúde de comunidades rurais. Área Rural - BEATRIZ TIANEZE DE CASTRO 7 8. Deve haver representação feminina em todas as instâncias representativas onde as decisões forem tomadas. RECOMENDAÇÕES 1. Criar políticas de direcionamento para a admissão de estudantes de origem rural nos cursos da saúde, visto que essa proveniência está relacionada a uma chance maior de trabalhar nessas áreas após a conclusão dos estudos. Entre essas políticas, sugere-se a melhoria da qualidadedo ensino primário e secundário nas áreas rurais. Essa medida aumentaria a chance de acesso ao ensino superior de estudantes provenientes de áreas rurais e de difícil acesso em longo prazo. Além disso, o financiamento de bolsas de estudo e o apoio diversificado para os gastos durante os estudos são citados. 2. Revisar os currículos de forma a incluir tópicos de saúde rural com a finalidade de aumentar a competência dos profissionais para trabalhar nessa realidade, aumentando, assim, sua satisfação e fixação. 3. Melhorar as condições de vida para profissionais de saúde rurais e suas famílias investindo em infraestrutura e serviços (eletricidade, saneamento, comunicação, escolas, etc.), já que esses fatores têm grande impacto na decisão de trabalhar e permanecer nessas áreas. 4. Proporcionar um ambiente de trabalho adequado e seguro, incluindo equipamento de proteção, provisões e supervisão de apoio. 5. Identificar e implementar atividades extras, que facilitem a cooperação entre profissionais de saúde de áreas com mais recursos e aqueles das áreas com menos recursos e, quando possível, instrumentos de telessaúde para locais rurais e remotos. 6. Desenvolver planos de carreira que estimulem os profissionais rurais a progredirem em termos de experiência, educação e treinamento sem necessidade de deixar suas áreas. 7. Dar suporte a redes de médicos rurais, associações e periódicos de saúde rural de forma a melhorar o moral e o status dos profissionais que atuam em áreas rurais e a diminuir sua sensação de isolamento. ORIENTAÇÕES 1. Estimular a criação de escolas médicas e de outros cursos de saúde fora das capitais. 2. Promover atividades em áreas rurais durante a graduação. Área Rural - BEATRIZ TIANEZE DE CASTRO 8 3. Criar programas de educação continuada e de desenvolvimento profissional voltados para as necessidades dos trabalhadores rurais. 4. Aumentar e dar suporte a um espectro mais amplo de ação do profissional, a fim de aumentar sua satisfação em áreas rurais. 5. Aumentar a diversidade de profissionais da saúde em localidades rurais e remotas. 6. Assegurar que serviços compulsórios temporários para profissionais de saúde, como os que ocorrem em vários países, sejam acompanhados de suporte apropriado e incentivos. 7. Oferecer bolsas de estudo em troca de serviço temporário posterior em área rural ou remota. 8. Oferecer uma ampla gama de incentivos financeiros, como adicionais de distância e dificuldade de acesso, para moradia e transporte, férias pagas, etc. FATORES DECISIVOS PARA MÉDICOS
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