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Aula 5 - Instrumentos de política agrícola

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Jesmar Nunes

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GRADUAÇÃO 
UNEC / EAD 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA 
DISCIPLINA: Comercialização e Marketing Agrícola 
 
 
POLÍTICA AGRÍCOLA E SEUS INSTRUMENTOS 
 
5.1 INTRODUÇÃO 
 
Manter uma política agrícola robusta é crucial para o crescimento e estabili-
zação econômica de qualquer nação, especialmente no Brasil, onde a agricultura de-
sempenha um papel significativo na economia nacional. No ano de 2020, o setor agrí-
cola elevou sua contribuição para o Produto Interno Bruto (PIB) do país para 6,8%, 
conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O PIB totali-
zou R$ 7,4 trilhões naquele ano, com a agropecuária respondendo por R$ 439,8 bi-
lhões desse montante. Este valor não só destaca a importância do setor, mas também 
o coloca como o único entre os três grandes setores econômicos do país a registrar 
crescimento, enquanto a indústria e os serviços recuaram 3,5% e 4,5%, respectiva-
mente. A agropecuária impulsionou o PIB novamente no primeiro trimestre de 2021, 
que teve um crescimento de 1,2% em relação ao trimestre anterior, ajustado sazonal-
mente, graças ao aumento de 5,7% no setor. Esses dados reforçam a relevância da 
política agrícola para o Brasil. 
A intervenção do governo no mercado pode ser justificada por várias razões, 
sendo a segurança alimentar uma das principais. Esta não se restringe apenas às 
iniciativas para aumentar a produção agrícola, mas engloba também a estabilidade 
dos fluxos de mercado e a garantia de acesso dos cidadãos aos alimentos. A segu-
rança alimentar é impactada por uma combinação de fatores, incluindo infraestrutura, 
apoio à comercialização agrícola, políticas de emprego e renda, além de macroeco-
nômicas e estratégias de desenvolvimento gerais. Neste sentido, são apresentados 
agora os principais instrumentos públicos de apoio à comercialização agrícola. 
 
 
 
 
 
 
AULA 5 
 
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5.2 O QUE É POLÍTICA AGRÍCOLA? 
 
Conjuntos de ações, medidas e orientações são implementados pelo governo 
ou outras organizações com o objetivo de regular, incentivar e fomentar o desenvolvi-
mento da agricultura dentro de uma nação. Estas iniciativas procuram alcançar diver-
sos fins, incluindo: 
• Assegurar a Segurança Alimentar: Tornar alimentos nutritivos e em 
quantidade suficiente acessíveis a preços justos para a população. 
• Fomento ao Desenvolvimento das Zonas Rurais: Incentivar o pro-
gresso econômico e social em regiões campestres, buscando aprimorar o 
bem-estar de agricultores e comunidades locais. 
• Regularidade dos Preços: Controlar as tarifas de bens agrícolas para 
prevenir oscilações significativas, assegurando assim rendimentos constantes 
para os produtores. 
• Preservação Ambiental: Incentivar métodos de cultivo que conser-
vem os recursos naturais, como a terra, água e a diversidade biológica. 
• Fortalecimento da Competitividade: Aumentar a capacidade compe-
titiva dos itens agrícolas no âmbito local e global através de investimentos em 
tecnologia, infraestrutura e logística. 
• Diminuição da Pobreza no Campo: Estabelecer iniciativas e ações 
para mitigar a indigência em regiões campestres, proporcionando vias de em-
prego e melhoria de renda para os trabalhadores do campo e suas famílias. 
• Promoção de Inovação e Pesquisa: Fomentar o progresso tecnoló-
gico e a pesquisa no setor agrícola com o intuito de elevar a produção e efi-
cácia da agricultura. 
No tocante à facilitação da venda e distribuição de produtos agrícolas, as po-
líticas agrícolas têm um papel vital ao apoiar os agricultores em diversas facetas deste 
processo. Através de um leque de medidas e ferramentas, estas políticas buscam 
estabelecer um ambiente propício que permita aos agricultores vender seus produtos 
de forma eficaz e rentável. Uma das estratégias primordiais é o fornecimento de in-
centivos e auxílio financeiro, que pode se manifestar de diferentes formas, incluindo 
subsídios para o transporte e armazenamento, financiamentos para a criação de in-
fraestrutura de vendas, e auxílios para a participação em eventos e feiras do setor. 
 
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Estes incentivos visam diminuir os custos vinculados à venda, ampliando o acesso ao 
mercado para os produtores, especialmente aqueles em localidades isoladas ou com 
infraestrutura deficitária. 
Programas de apoio à venda, como os que estipulam preços mínimos garan-
tidos, também são exemplos de como as políticas agrícolas podem auxiliar os agricul-
tores. Ao definir um valor mínimo para os produtos agrícolas, os produtores recebem 
uma segurança de rendimento, mesmo em períodos de baixa demanda, incentivando-
os a continuar investindo na produção e comercialização. 
Outra forma de apoio vem através dos programas de compras governamen-
tais, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de 
Alimentação Escolar (PNAE), que realizam compras diretas dos agricultores, priori-
zando, muitas vezes, os pequenos produtores e a agricultura familiar. Esta demanda 
assegurada fornece aos agricultores uma fonte de receita estável, auxiliando na venda 
de seus produtos. 
Ademais, a formação de cooperativas e associações é incentivada pelas po-
líticas agrícolas, facilitando a venda coletiva dos produtos. Tais entidades permitem 
que os agricultores combinem seus produtos, fortaleçam sua posição de negociação 
e acessem canais de distribuição mais eficientes, além de oferecer serviços de su-
porte como armazenamento, transporte e marketing. 
Por fim, o desenvolvimento de infraestrutura de mercado, como estradas ru-
rais e centros de distribuição, é fundamental para o escoamento dos produtos agríco-
las até os consumidores, reduzindo custos de venda e elevando a competitividade dos 
produtos no mercado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vá no tópico MATERIAL COMPLEMENTAR em sua sala virtual e 
acesse o artigo “Política agrícola brasileira: breves considerações”. 
 
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5.3 INSTRUMENTOS PARA O APOIO À COMERCIALIZAÇÃO AGRÍCOLA 
 
No Brasil, a atuação do governo geralmente se dá como reação a demandas 
do setor produtivo ou em situações de crise no fornecimento, tendo um caráter mais 
imediato do que planejado a longo prazo. Entre as ações com foco mais duradouro, 
destaca-se a formação da Comissão de Financiamento da Produção (CFP) em 1943, 
que posteriormente se encarregou de implementar a Política de Garantia de Preços 
Mínimos (PGPM). Na década de 60, surgiram a SUNAB, a COBAL e a CIBRAZEM, 
instituições que constituíam um sistema encarregado da gestão do abastecimento de 
alimentos no país, abrangendo o controle de preços, além das operações de distribui-
ção e armazenagem. No início da década de 1990, ocorreu a união dessas três enti-
dades na formação da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), que se vin-
cula atualmente ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). 
A intervenção no mercado, como por meio da oferta de créditos para a comer-
cialização, permite que os produtores 
possam armazenar seus produtos até 
que encontrem um momento mais opor-
tuno para venda.Esse tipo de crédito é 
essencial para a manutenção da regula-
ridade da oferta durante o ano e desem-
penha um papel crucial na estabilização 
dos preços, afetando tanto os valores 
recebidos pelos produtores quanto os 
custos finais para os consumidores. A fi-
gura ao lado ilustra essas dinâmicas. 
Na ausência de medidas gover-
namentais nos mercados, nota-se uma tendência a flutuações mais acentuadas nos 
preços, com declínios acentuados nos períodos de colheita e aumentos durante a en-
tressafra. A presença de intervenções governamentais, que atuam no sentido de mi-
nimizar os superávits em épocas de colheita (por exemplo, por meio da formação de 
estoques, sejam eles públicos ou privados) e de disponibilizá-los no mercado para 
prevenir falta de produtos na entressafra, tem o efeito de suavizar as variações de 
preços e contribuir para a estabilidade do mercado. 
Figura 12 – redução das variações sazo-
nais dos preços agrícolas com a interven-
ção governamental nos mercados possibili-
tando a formação de estoques reguladores. 
 
Fonte: Waquil; Miele; Glauco, 2010. 
 
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Os instrumentos principais voltados ao suporte da comercialização incluem, 
dentre muitos outros: 
 
Política de Preços Mínimos 
A Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) se apresenta como uma 
estratégia crucial para reduzir as flutuações nos ganhos dos agricultores, assegu-
rando-lhes um ganho mínimo. Ela orienta a produção agrícola, podendo tanto estimu-
lar quanto desencorajar a produção, com o objetivo de manter o abastecimento regular 
no país. Os preços são determinados antes do início do plantio, funcionando como um 
valor de segurança para a comercialização dos produtos agrícolas, protegendo os 
agricultores contra possíveis quedas nos preços, especialmente durante o pico da co-
lheita. Além disso, o preço mínimo serve como referência para outras ferramentas de 
comercialização agrícola. 
 
Aquisição pelo Governo Federal (AGF) 
Esta ferramenta da Política de Garantia de Preços Mínimos apoia agricultores, 
produtores familiares e suas cooperativas através da compra de produtos quando os 
preços de mercado estão abaixo do mínimo estipulado para a safra atual de qualquer 
produto listado pela PGPM, dependendo da disponibilidade de recursos do Tesouro 
Nacional. O processo se dá através de uma transação direta de venda ao governo, 
permitindo a aquisição de excedentes em temporadas de grande produção para sua 
posterior reintrodução ao mercado em momentos de escassez. Assim, atua como um 
mecanismo regulador da oferta e demanda entre diferentes safras, beneficiando tanto 
os produtores quanto os consumidores. A AGF se mostra essencial para a garantia 
efetiva do preço mínimo quando os preços de mercado caem abaixo desse nível. Con-
tudo, um ponto negativo é que, caso os preços de mercado aumentem após a venda 
ao governo, o agricultor perde a oportunidade de aproveitar a alta dos preços. 
 
Empréstimo do Governo Federal (EGF) 
Este é um tipo de financiamento destinado ao armazenamento que possibilita 
aos agricultores esperar por um momento mais vantajoso para comercializar suas pro-
duções, contribuindo para a redução da superoferta durante o período de colheita, o 
que poderia levar a uma diminuição drástica dos preços. Os valores dos empréstimos 
 
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são estabelecidos com base nos preços mínimos, tendo também como finalidade for-
necer capital de giro para que as indústrias adquiram matéria-prima dos produtores e 
cooperativas a preços que não sejam inferiores aos mínimos estabelecidos. Uma van-
tagem do EGF sobre a AGF é que o produtor não precisa vender sua produção ime-
diatamente; ao invés disso, ela é utilizada como garantia para o empréstimo recebido. 
O prazo do EGF é determinado pelo tipo de produto e pelo momento da contratação, 
permitindo ao produtor liquidar o empréstimo e vender sua produção a qualquer mo-
mento, caso os preços de mercado se tornem mais atraentes. 
 
Contrato de Opção de Venda 
Similarmente ao mecanismo de preço mínimo, esse instrumento atua como 
uma espécie de seguro contra a queda dos preços, geralmente estabelecendo um 
valor de exercício acima do preço mínimo do produto em questão. O contrato de opção 
de venda concede ao agricultor ou à cooperativa o direito (mas não a obrigação) de 
vender sua produção por um preço predeterminado (preço de exercício) em uma data 
futura especificada. A Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) é responsá-
vel por comercializar esses contratos por meio de leilões públicos nas Bolsas de Mer-
cadorias, e o valor pago para adquirir um contrato é denominado prêmio. Diferente-
mente do preço mínimo, que é uma garantia sem custo adicional, o contrato de opção 
implica um custo (o prêmio pago); contudo, oferece uma garantia concreta e segura, 
enquanto o preço mínimo está sujeito à disponibilidade de recursos orçamentários. 
 
Cédula de Produto Rural (CPR) com Liquidação Física 
Este instrumento é um título que funciona como uma promessa de entrega 
futura de produtos agrícolas, podendo ser emitido por produtores rurais e suas asso-
ciações, incluindo cooperativas. A CPR permite ao produtor vender antecipadamente 
sua produção, com o objetivo principal de financiar as despesas do plantio. Esse título 
é transferível e a liquidação ocorre exclusivamente através da entrega física dos pro-
dutos especificados no documento. A variante conhecida como CPR Export é direcio-
nada para a comercialização de produtos agropecuários no mercado externo, também 
exigindo a entrega física da produção. 
 
 
 
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CPR com Liquidação Financeira 
Essa modalidade compartilha os mesmos princípios da CPR Física, diferenci-
ando-se pela forma de liquidação, que se dá em dinheiro na data de vencimento do 
título, ao invés da entrega física do produto. A CPR com liquidação financeira abre a 
possibilidade de outros agentes econômicos, como investidores estrangeiros, fundos 
de investimento e fundos de pensão, investirem no setor agrícola. Essa abertura con-
tribui para a redução dos custos de financiamento para os produtores. Para a liquida-
ção deste tipo de CPR, é necessário estabelecer um preço de referência ou um índice 
de preços que determinará o valor do título no momento do vencimento. 
 
Prêmio de Escoamento de Produto (PEP) 
O Prêmio para Escoamento de Produto (PEP) é uma forma de subvenção 
econômica oferecida pelo Governo Federal a compradores que se comprometam a 
adquirir produtos agrícolas diretamente de produtores rurais e/ou suas cooperativas, 
pagando o valor correspondente ao preço mínimo estabelecido. Este instrumento é 
acionado quando o preço de mercado de um produto específico se encontra abaixo 
do seu Preço Mínimo, como parte integrante da Política de Garantia de Preços Míni-
mos (PGPM). As condições de participação são divulgadas com pelo menos cinco 
dias úteis de antecedência ao leilão, que é realizado através do Sistema de Comerci-
alização Eletrônica da Conab (Siscoe). Após o leilão, o vencedor deve cumprir rigoro-
samente as condições e prazos estipulados, realizar o pagamento ao produtor ou co-
operativa e apresentar na Conab a documentação requerida, comprovando a entregado produto na região destinada conforme especificado. O prêmio é concedido após a 
verificação da documentação, facilitando a venda dos produtos a um preço justo e 
eliminando a necessidade do governo de adquirir e armazenar a produção, reduzindo 
assim os custos associados a essas atividades. 
 
Financiamento Especial para Estocagem de Produtos Agropecuários 
(FEE) 
Este programa visa prover recursos financeiros para o armazenamento e con-
servação de produtos agropecuários, permitindo aos produtores e suas cooperativas 
aguardar por um momento mais oportuno para a comercialização, quando as condi-
ções de mercado forem mais favoráveis. O FEE está disponível tanto para produtores 
 
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individuais quanto para cooperativas de produção agropecuária e produtores de se-
mentes devidamente registrados no órgão competente da administração pública fede-
ral. O objetivo é melhorar as condições de venda dos produtos agropecuários, bene-
ficiando o setor com melhores preços e contribuindo para a estabilidade econômica 
dos produtores. 
 
Valor para Escoamento do Produto (VEP) 
O VEP é uma ferramenta destinada àqueles interessados em comprar produ-
tos do Governo Federal com o intuito de promover o escoamento desses produtos 
para áreas de consumo definidas, recebendo para isso uma subvenção. A comercia-
lização de estoques públicos por este meio acontece quando há a necessidade de o 
Governo Federal intervir no mercado para ajustar preços e garantir o abastecimento 
de determinados segmentos consumidores. Os interessados devem atender às con-
dições divulgadas em um aviso prévio de pelo menos cinco dias úteis antes da data 
do leilão, conduzido pelo Sistema de Comercialização Eletrônica da Conab (Siscoe). 
Após a aquisição no leilão, o comprador é obrigado a cumprir estritamente todas as 
diretrizes e prazos estipulados no aviso específico, além de satisfazer as demandas 
nele contidas. 
 
Linha Especial de Comercialização (LEC) 
Lançada em março de 2003 para fomentar a produção de milho e sorgo na 
safrinha, a LEC é uma inovação que visa incrementar a liquidez na comercialização 
desses cereais. Funcionando de forma complementar ao empréstimo de comerciali-
zação tradicional (EGF), a LEC oferece maior flexibilidade operacional e a possibili-
dade de financiamento a valores superiores ao preço mínimo garantido pelo EGF. Isso 
permite ao beneficiário acessar um montante maior de recursos para a aquisição e 
armazenamento do produto. Devido a essas vantagens, o Conselho Monetário Naci-
onal, por meio da Resolução CMN/BACEN nº 3.083, de 25 de junho de 2003, estendeu 
a aplicabilidade da LEC a todos os produtos abrangidos pela Política de Garantia de 
Preços Mínimos (PGPM). 
 
Iniciativa de Comercialização Direta (ICD) 
 
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A Iniciativa de Comercialização Direta visa oferecer aos pequenos produtores 
rurais a possibilidade de adquirirem produtos agrícolas controlados pela Companhia 
Nacional de Abastecimento (Conab), através de vendas diretas, com preços alinhados 
aos praticados no atacado da região. 
Essa estratégia representa um meio de impacto social significativo para o mo-
vimento e comercialização dos estoques governamentais, promovendo a igualdade 
no processo de venda de itens agrícolas do Governo Federal. 
O ICD cria um ambiente de equidade e acessibilidade, considerando que com-
pradores de grande volume são atendidos por leilões governamentais através de Bol-
sas de Mercadorias, os quais demandam aquisições em larga escala e, por conse-
quência, limitam o acesso dos produtores de menor escala. 
Por intermédio do ICD, o setor governamental garante o fornecimento contí-
nuo de recursos para vasto número de fazendas, impulsionando o crescimento de um 
dos setores mais vitais da economia do país. Assim, estimula a criação de renda e 
postos de trabalho, principalmente em zonas rurais carentes, favorecendo, de maneira 
expressiva, os produtores ligados à agricultura familiar. 
Dessa maneira, o ICD atinge seu propósito de simplificar o acesso aos recur-
sos essenciais para a nutrição animal e fomentar a inclusão social de pequenos pro-
dutores em diversas áreas do Brasil, reforçando, portanto, a atividade agropecuária, 
a geração de renda e emprego, e reduzindo a migração para grandes metrópoles. 
Para se qualificar ao programa, os interessados devem cumprir certos requi-
sitos, como a apresentação de documentos que validem sua atuação como pequeno 
produtor (com DAP ou CAF) ou que trabalhem em terras que não excedam 10 módu-
los fiscais. São elegíveis para o programa criadores de aves, suínos, bovinos, capri-
nos, ovinos, búfalos, codornas e aquicultores, sendo a participação de entidades jurí-
dicas excluída do mesmo. 
 
Títulos de Crédito no Setor Rural (TCR) e Cédula Rural (CR) 
Estes documentos financeiros são específicos para operações de compra e 
venda de itens oriundos da agricultura, da extração natural ou da pecuária. A TCR é 
gerada pelo adquirente (tipicamente uma empresa do setor agroindustrial ou um pro-
cessador), enquanto a CR é provida pelo vendedor (normalmente uma cooperativa, 
 
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um processador de sementes ou um agricultor). TCR e CR funcionam como compro-
missos de pagamento por mercadorias negociadas a prazo. Esses documentos po-
dem ser negociados antecipadamente com instituições financeiras, permitindo que 
produtores ou cooperativas recebam mais cedo o montante das vendas a prazo. Ins-
tituições bancárias estão autorizadas a destinar até 5% de suas obrigações bancárias 
ao financiamento desses papéis. 
Além disso, destaca-se o significado do Programa de Aquisição de Alimentos 
(PAA) da Agricultura Familiar, iniciativa detalhada pelo Ministério do Desenvolvimento 
Agrário, cujos pormenores são explorados em textos adicionais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
1) BARBOSA, Françoise de Fátima. Economia rural (Apostila). e-Tec Bra-
sil/CEMF/Unimontes. 2011. 
2) FIA BUSINESS SCHOOL. Política agrícola: o que é, histórico, importância e ins-
trumentos. 2021. Disponível em: > Acesso em: mar 2024. 
3) MENDES, Judas Tadeu Grassi; PADILHA JUNIOR, João Batista. Agronegócio: 
uma abordagem econômica. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. 
4) PADILHA JUNIOR, J. B. Comercialização de Produtos Agrícolas. 2009. (Desen-
volvimento de material didático ou instrucional - Material didático - Graduação). 
Disponível em: >. Acessado em: mar 2024. 
5) WAQUIL, Paulo Dabdab; MIELE, Marcelo; SCHULTZ, Glauco. Mercados e co-
mercialização de produtos agrícolas. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2010. 
 
https://fia.com.br/blog/politica-agricola-o-que-e-historico-importancia-e-instrumentos/
https://fia.com.br/blog/politica-agricola-o-que-e-historico-importancia-e-instrumentos/https://materiais.tripod.com/sitebuildercontent/sitebuilderfiles/apostila2006sc.pdf
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