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Relato de Caso DDIV Hansen Tipo I

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO 
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia 
 
 
 
GIOVANNA MINUCCI SANCHES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RELATO DE CASO: FISIOTERAPIA NO TRATAMENTO DE HÉRNIA DE DISCO 
CERVICAL HANSEN TIPO I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2022 
GIOVANNA MINUCCI SANCHES 
 
 
 
 
Relato de Caso: Fisioterapia no Tratamento de Hérnia de Disco Cervical Hansen 
Tipo I 
Área: Clínica Médica e Reabilitação de Pequenos Animais 
 
 
 
 
 
 Orientadora: Prof.ª. Dr.ª Denise Tabacchi Fantoni 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de conclusão de curso 
apresentado à Faculdade de Medicina 
Veterinária e Zootecnia da Universidade de 
São Paulo como requisito parcial para 
obtenção de título de Médica Veterinária. 
 
 
 
 
 
 
 
São Paulo, dezembro de 2022 
ABREVIATURAS 
DCF – Displasia Coxofemoral 
DDIV – Doença do Disco Intervertebral 
DII – Doença Inflamatória Intestinal 
DIV – Disco Intervertebral 
FIV – Feline Immunodeficiency Vírus, Vírus da Imunodeficiência Felina 
HOVET – Hospital Veterinário 
LED – Lúpus Eritematoso Discoide 
MTE – Membro torácico esquerdo 
RLCC – Ruptura do Ligamento Cruzado Cranial 
SDC – Síndrome de Disfunção Cognitiva 
SRD – Sem Raça Definida 
TTT – Transposição da Tuberosidade Tibial 
TPLO – Tibial Plateau Leveling Osteotomy, Nivelamento do platô tibial 
UAM – Universidade Anhembi Morumbi 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sumário 
1. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................... 5 
1.1 Doença do Disco Intervertebral em Cães .......................................................... 5 
1.2 Fisioterapia e Reabilitação no tratamento da DDIV ........................................... 7 
1.2.1 Cinesioterapia ................................................................................................. 7 
1.2.2 Magnetoterapia ............................................................................................... 8 
1.2.3 Fotobiomodulação ........................................................................................... 8 
1.2.4 Eletroterapia .................................................................................................... 8 
1.2.5 Hidroterapia..................................................................................................... 9 
2. RELATO DE CASO ................................................................................................. 9 
2.1 DISCUSSÃO ....................................................................................................... 14 
3. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 16 
4. BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................... 17 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. REVISÃO DE LITERATURA 
1.1 Doença do Disco Intervertebral em Cães 
A hérnia de disco ou doença do disco intervertebral (DDIV), é uma das causas 
mais comuns de alterações neurológicas em cães, sendo provocada pela 
degeneração do disco intervertebral (FINGEROTH & THOMAS, apud CHAVES et al., 
2017). Pode ser dividida em Hansen Tipo I, caracterizada pela passagem do material 
discal para o canal raquidiano, ou seja, extrusão do DIV, e Hansen Tipo II, quando 
ocorre protrusão do DIV, ou seja, extravasamento do material discal sem ruptura do 
anel fibroso, não passando para o canal raquidiano (MORAILLON, 2013). 
A B 
 
Fig. 1 – A: degeneração do disco Hansen tipo I; B: degeneração do disco Hansen tipo II. Fonte: Fossum 
(2014). 
 Além dos tipos Hansen tipo I e II, o avanço do diagnóstico por imagem trouxe 
uma terceira classificação de hérnia de disco, geralmente decorrente de exercícios 
extremos ou trauma, podendo ser chamada de hérnia de disco tipo III ou extrusão 
aguda não compressiva. Acomete, normalmente, animais mais velhos de raças 
condrodistróficas, com sintomas que variam de dor à plegia dependendo do local e 
grau de lesão. Assim como no tipo Hansen tipo I, também há extrusão do DIV, mas 
nesse caso a extrusão ocorre em alta velocidade causando contusão no parênquima 
e dissipando-se pelo espaço epidural sem causar compressão (NERONE, 2018). 
Os sintomas observados em casos de DDIV normalmente são dor radicular, 
deficiência locomotora (ataxia, paresia, paraplegia, tetraplegia), perda de 
propriocepção, perda da nociocepção, incontinência urinária e incontinência fecal 
(MORAILLON, 2013). Normalmente a diferença se dá pela velocidade com que os 
sinais clínicos se desenvolvem: a DDIV Hansen tipo I é caracterizada pelo 
desenvolvimento agudo dos sinais clínicos, enquanto a Hansen tipo II apresenta 
desenvolvimento crônico dos sinais (FOSSUM, 2014). 
Raças condrodistróficas (Dachshund, Beagle, Basset, Shih Tzu, Maltês e Lhasa 
Apso) são as mais acometidas pela DDIV, principalmente pela Hansen tipo I (VITURI 
e HENRIQUE, 2020), e podemos citar obesidade, capacidade muscular reduzida e 
coluna mais longa que os membros como os principais fatores contribuintes para o 
aparecimento da doença (MACHADO apud OLIVEIRA, 2018). Dentre os cães 
acometidos pela doença do disco intervertebral, levando em conta somente a divisão 
entre Hansen Tipo I e II, a DDIV cervical é a segunda mais comum (RAMALHO et al., 
2014), acometendo aproximadamente 15% desses animais, enquanto a DDIV 
toracolombar é responsável por aproximadamente 85% dos casos (LEMARIÉ et al. 
apud SANTINI et al., 2008), assim sendo o tipo que possui mais estudos e relatos. 
Em relação aos sinais observados, enquanto os danos na medula toracolombar 
atingem somente os membros pélvicos, diminuindo ou anulando a percepção de dor 
e possivelmente causando paresia e ataxia ou até mesmo paralisia desses membros, 
a DDIV cervical atinge os quatro membros, podendo causar tetraplegia em casos 
graves. Normalmente, a dor causada pela hérnia de localização toracolombar é menos 
acentuada do que a dor do disco cervical (MOSCHEN, 2017). 
O diagnóstico é feito através de exames neurológicos e de imagem. Nos 
exames neurológicos, o déficit proprioceptivo pode ser um achado (VITURI e 
HENRIQUE, 2020). Dentre os exames de imagem, podemos observar diminuição do 
espaço intervertebral associada à opacificação do forame e à calcificação do disco no 
exame radiográfico que, apesar de orientar o diagnóstico, não é suficiente para um 
diagnóstico conclusivo. A mielografia pode ser usada para afirmar o caráter 
compressivo da lesão e dar precisão ao sítio operatório, enquanto a 
tomodensitometria permite diferenciar as causas de compressão extramedular. Já a 
ressonância magnética permite o estudo das consequências da hérnia de disco e de 
seu diagnóstico diferencial, sendo o melhor exame para a exploração da medula 
espinal (MORAILLON, 2013). 
O tratamento mais apropriado dependerá principalmente da severidade e 
duração dos sinais clínicos do paciente, e pode ser cirúrgico ou conservativo 
(tratamento clínico e reabilitação). O tratamento cirúrgico é recomendado a animais 
que não respondem ao tratamento conservativo, em casos de dor persistente e 
animais com déficit neurológico moderado a grave. De acordo com Vituri e Henrique 
(2020, p. 118), as técnicas mais utilizadas para descompressão da medula espinhal 
são laminectomia dorsal ou hemilaminectomia e slot ventral. As complicações mais 
frequentes são a piora neurológica transitória pós-cirurgia e hemorragia do seio 
venoso (FOSSUN, 2014). O tratamento conservativo pode combinar estratégias 
como repouso com restrição à ambientes em que o animal não possa correr ou 
pular, prescrição de medicamentos como anti-inflamatórios e analgésicos e técnicas 
de fisioterapia (RAMALHO, 2015). O prognóstico pode variar de acordo com a 
gravidade e tempo de duração da doença e dos déficits neurológicos(FESTUGATTO 
et al., 2008). 
 
1.2 Fisioterapia e Reabilitação no tratamento da DDIV 
Dentro da rotina de reabilitação veterinária, a DDIV é a enfermidade 
neurológica mais comum. Em casos cirúrgicos, o paciente pode ser levado para a 
fisioterapia imediatamente, sendo essa uma abordagem fundamental para a 
preservação da musculatura e para manutenção e/ou melhora no quadro neurológico 
do paciente. Em casos não cirúrgicos, deve ser respeitado o período de repouso 
absoluto que varia de 4 a 6 semanas, durante as quais o animal poderá receber 
tratamento através de recursos terapêuticos como a magnetoterapia e 
fotobiomodulação (VITURI e HENRIQUE, 2020). 
A fisioterapia vem se mostrando a cada dia como importante recurso 
terapêutico no tratamento e até mesmo na prevenção de diversas doenças e lesões. 
É muito utilizada em casos de hérnia de disco, pós-operatório ortopédico e traumas, 
auxiliando na diminuição da dor e no tempo de recuperação, promovendo melhora na 
qualidade de vida do paciente (GUIDI et al., 2021). Algumas das técnicas mais 
utilizadas na recuperação do paciente com DDIV são a cinesioterapia, 
magnetoterapia, laserterapia, eletroterapia e hidroterapia. 
 
1.2.1 Cinesioterapia 
 O tratamento através do movimento, chamado de cinesioterapia, pode ser 
usado com fins preventivos, terapêuticos e curativos. Podemos classificar o 
movimento como passivo (realizado pelo terapeuta no corpo do paciente), ativo 
(realizado pelo próprio paciente de maneira autônoma) e ativo assistido (quando 
realizado pelo paciente, mas com ajuda do terapeuta). As condições clínicas do 
paciente definirão os melhores exercícios a serem realizados, além de sua 
intensidade, duração e tempo de intervalo entre os exercícios (AMARAL apud 
KISTEMACHER, 2017). Entre os exercícios utilizados podemos citar o de estação 
assistida, exercícios em plataforma estável ou instável, caminhada (com rampa, pista 
proprioceptiva, entre outras variações) e “senta-levanta”. Tais exercícios trabalham 
amplitude de movimento, alongamento, mobilização e resistência (VITURI e 
HENRIQUE, 2020). 
 
1.2.2 Magnetoterapia 
A terapia que usa campos magnéticos estáticos ou pulsados gera diversos 
efeitos como relaxamento muscular, vasodilatação, analgesia e efeito anti-
inflamatório, e pode ser usada tanto em lesões agudas como crônicas (OLIVEIRA et 
al., 2018). Os campos magnéticos estáticos são permanentes e não sofrem variação 
de intensidade, e o modelo mais usado é o de polos alternados (polo norte e polo sul). 
Os magnetos são aplicados diretamente na região afetada e, além do ímã, podem ser 
encontrados modelos de colchões magnéticos e colares. Já o campo magnético 
pulsátil pode variar em uma frequência terapêutica de 1 a 100Hz, e se baseia na 
geração de energia por meio de um aparelho chamado solenoide, que cria um campo 
eletromagnético. Podemos encontrar solenoides dispostos em bobinas planas, 
colchões eletromagnéticos ou cilindros (VITURI e HENRIQUE, 2020). 
 
1.2.3 Fotobiomodulação 
 De acordo com Vituri e Henrique (2020, p.77), o uso do laser terapêutico é feito 
de forma focal, e consiste na emissão de radiação na forma de fluxo de fótons, 
ocasionando alterações fisiológicas e bioquímicas no tecido-alvo. A luz laser é emitida 
através de uma caneta portátil, e pode ser aplicada de maneira pontual ou em 
varredura. A dose recomendada para animais de companhia varia de 1 a 25J/cm² 
dependendo da profundidade do tecido-alvo, localização anatômica, cor e tipo de 
pelagem, cor da pele e condição corporal do animal. Como efeitos da laserterapia, 
podemos citar o anti-inflamatório, analgésico e cicatrizante. 
 
1.2.4 Eletroterapia 
O uso da energia elétrica como recurso terapêutico pode ter diferentes 
aplicações, sendo as principais manejo da dor, estímulo muscular e promoção do 
reparo tecidual. As correntes mais utilizadas na rotina são: TENS (transcutaneous 
electrical nerve stimulation), e NMES (neuromuscular electrical stimulation). A corrente 
TENS consiste na aplicação de corrente elétrica de baixa frequência, estimulando 
nervos periféricos e promovendo efeito analgésico. Já a corrente NMES é aplicada ao 
músculo inervado, aumentando a força e melhorando o controle motor, além de evitar 
a atrofia muscular por desuso em pacientes com lesão na medula espinhal (VITURI e 
HENRIQUE, 2020). 
 
1.2.5 Hidroterapia 
 O uso da água com fins terapêuticos oferece benefícios como controle da dor, 
fortalecimento muscular, aumento da mobilidade, manutenção da postura e melhora 
do equilíbrio e coordenação, com pouco ou nenhum risco de nova lesão ou piora da 
enfermidade devido às suas propriedades (força de empuxo, pressão hidrostática e 
impacto mecânico diminuído). É um recurso muito importante na reabilitação 
muscular, osteoarticular e neurológica, podendo ser usada no pré ou pós cirúrgicos e 
no tratamento conservativo (OLIVEIRA et al., 2018). 
 
2. RELATO DE CASO 
Animal de espécie canina, Maltês, macho, com aproximadamente 10 anos de 
idade e pesando 6kg, de nome Pingo, foi encaminhado tetraplégico ao serviço de 
fisioterapia após ser submetido à cirurgia de coluna para tratamento de hérnia de disco 
cervical (extrusão do disco intervertebral entre C5 e C6). 
 
Histórico clínico: 
Após apresentar crise de dor severa, em outubro de 2021, o animal foi levado 
até um hospital veterinário, onde realizou exame radiográfico de coluna toracolombar 
e lombo sacra. Após diagnóstico sugestivo de DDIV, foi sugerido realizar tomografia 
computadorizada de coluna cervical, através da qual foram observados achados 
compatíveis com extrusão do disco intervertebral entre C5 e C6 (Hérnia de disco 
Hansen Tipo I). Animal foi submetido à cirurgia e se apresentou tetraplégico e com 
muita dor no pós-operatório. Por conta da dificuldade no controle da dor, foi sugerido 
realizar eutanásia, que foi negada pela tutora, e o animal recebeu alta para controle 
de dor em casa. 
Como tratamento clínico, foi prescrito a fim de proporcionar analgesia: 
Cloridrato de tramadol, 8 gotas, a cada 8 horas, até novas recomendações; Dipirona 
sódica, 6 gotas, a cada 8 horas, até novas recomendações; Gabapentina 200mg/mL, 
0,3mL a cada 8 horas, até novas recomendações; Pregabalina 75mg, ¼ de 
comprimido a cada 12 horas, até novas recomendações; Amantadina 100mg, ¼ de 
comprimido a cada 24 horas, até novas recomendações. Também foi prescrito o 
protetor de mucosa Omeprazol 10mg, ¾ de comprimido a cada 12 horas, até novas 
recomendações, e o antiemético Citrato de Maropitant, 16mg a cada 24 horas, em 
caso de náusea. O tratamento farmacológico teve duração de três meses. 
O tratamento fisioterápico teve início no pós-operatório imediato, ainda na 
internação, com realização de exercícios de estação assistida e estímulo neural 
(movimentos de engrama e estímulo proprioceptivo com uso de disco), além do uso 
do laser terapêutico, aparelho Theravet® classe IIIB, com dosimetria de 4J por ponto 
e comprimento de onda de 808nm, em múltiplos pontos ao longo das regiões cervical 
e toracolombar da coluna vertebral. Após alta, foi estabelecida frequência de duas 
sessões de fisioterapia semanais, com duração de uma hora por sessão. Foram 
realizados os exercícios de estação assistida, engrama no disco e descarga de peso 
em membros pélvicos com apoio em bola feijão, além do uso da magnetoterapia, na 
modalidade de campo magnético pulsado, com intensidade de 70 Gauss, frequência 
de 50Hz e duração de 30 minutos. Além do tratamento clínico e fisioterápico, também 
foi associada a acupuntura, inicialmente duas vezes na semana, objetivando um 
melhor controle da dor e uma resposta mais efetiva da resposta motora do paciente. 
Com o passar das sessões, em aproximadamente um mês, o animal iniciou tentativas 
de se levantar. Após aproximadamente dois meses, passou a defecar e urinar sozinho 
e começou a deambular e a se manter em estação, porém commuita dificuldade. Ao 
longo do tratamento, o animal gradualmente recuperou o movimento dos membros 
pélvicos e, posteriormente, do membro torácico direito, mantendo-se assim por alguns 
meses. Foram introduzidos, gradualmente, novos exercícios como caminhada com 
obstáculos e cavaletes e slalom ou zigue-zague. Com aproximadamente seis meses 
de pós-cirúrgico, quase não eram observadas sequelas. Atualmente (outubro/2022), 
o animal continua com a fisioterapia uma vez na semana e vem recuperando a 
movimentação do membro torácico esquerdo, ainda apresentando amplitude de 
movimento reduzida com falha de propriocepção. Não faz mais uso de nenhum tipo 
de medicamento e recebeu alta assistida da acupuntura. 
 
Exames complementares: 
Hemograma, Bioquímico, Radiografia de coluna toracolombar e lombo sacra e 
Tomografia Computadorizada de coluna cervical. 
 
HEMOGRAMA 
Tabela 4: Valores do eritrograma do paciente descrito 
ERITROGRAMA 
VALORES 
OBTIDOS 
VALORES DE 
REFERÊNCIA 
UNIDADES 
Eritrócitos 7,83 5,70 - 7,40 milhões/μL 
Hemoglobina 17,40 14,00 - 18,00 g/dL 
Hematócrito 50,80 38,00 - 47,00 % 
V.C.M. 64,87 63,00 - 77,00 fL 
H.C.M. 22,22 21,00 - 26,00 pg 
C.H.C.M. 34,25 31,00 - 35,00 g/dL 
RDW-CV 14,40 12,00 - 15,00 % 
Eritrócitos 
nucleados 
0,0 
 
 
Tabela 5: Valores do leucograma do paciente descrito 
LEUCOGRAMA 
VALORES 
OBTIDOS 
VALORES DE 
REFERÊNCIA 
Células nucleadas 8660 /μL 6.0 a 16.0 mil/μL 
Leucócitos 
corrigidos 
8.660 /μL 6.0 a 16.0 mil/μL 
CONTAGEM 
DIFERENCIAL 
% μL 
RELATIVO/ 
ABSOLUTO 
Mielócitos 0 0 0% / 0 - 165 μL 
Metamielócitos 0 0 0% / 0 - 165 μL 
Bastonetes 0 0 
0 - 1 % / 0 - 495 
μL 
Segmentados 66 5.716 
 55 - 80 % / 
3300 - 12705 μL 
Eosinófilos 2 173 
1 - 9 % / 0 - 1650 
μL 
Basófilos 0 0 
0 - 1 % / 0 - 495 
μL 
Linfócitos típicos 29 2.511 
13 - 40 % / 660 - 
4950 μL 
Linfócitos atípicos 0 0 
0 % / 660 - 4950 
μL 
Monócitos 3 260 
1 - 6 % / 0 - 1650 
μL 
Outros (*) 0 0 
Observação da série branca: morfologia de leucócitos dentro dos padrões de 
normalidade 
Contagem plaquetária: 344000 (valores de referência: 175 a 500 mil/μL) 
Tabela 6: Valor de proteína plasmática do paciente descrito 
 VALORES OBTIDOS 
VALORES DE 
REFERÊNCIA 
PROTEÍNA 
PLASMÁTICA 
7,5 6,0 a 8,0 g/dL 
 
PERFIL PRÉ CIRÚRGICO ESTENDIDO 
Tabela 7: Valores da análise bioquímica do paciente descrito 
 VALORES OBTIDOS 
VALORES DE 
REFERÊNCIA (canino) 
TGP (ALT) 24,48 U/L 17 a 95 U/L 
FOSFATASE 
ALCALINA 
40,31 U/L 10 a 96 U/L 
UREIA 29,53 mg/dL 15 a 40 mg/dL 
CREATININA 0,48 mg/dL 0,50 a 1,50 mg/dL 
 
LAUDO RADIOGRÁFICO: 
• Região: Coluna toracolombar e lombo sacra 
• Projeções e considerações: Foram avaliadas três imagens do estudo enviado 
na projeção laterolateral direita. As imagens apresentam boa qualidade 
técnica. 
• Achados radiográficos: Diminuição de espaço intervertebral entre T11-T12 e 
L6-L7; esclerose de face cranial de S1; não visualização de espaço 
intervertebral entre S3 e primeira vértebra coccígea; alinhamento intervertebral 
mantido. 
• Impressões diagnósticas: Possível doença do disco intervertebral, doença 
degenerativa (lombo sacra) e afecção congênita em região do sacro 
(sacralização de coccígea). 
 
LAUDO DE TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA: 
• Região: Tomografia computadorizada do segmento cervical da coluna 
vertebral, pré e pós contraste intravenoso e pós administração de contraste 
intratecal, com punção da cisterna magna. 
• Aquisição: Helicoidal dualslice em cortes de 2 mm. 
• Relatório: 
o Presença de grande quantidade de material mineralizado entre C5-6, na 
região lateral esquerda entre os corpos vertebrais, e ocupando o forame 
neural e a topografia da raiz nervosa comum esquerda neste ponto. 
o Discreto volume de material partes moles hiperdenso no interior do canal 
vertebral em posição ventral em relação a medula entre C3-4. 
o Discreto volume de material hiperdenso no interior do canal vertebral em 
posição ventrolateral direita em relação a medula entre C4-5, e tendendo 
para o forame neural direito e forame transverso direito. 
o Alteração morfológica da porção média e caudal do corpo vertebral de 
C4 e cranial de C5, por descontinuidade irregular hipodensa e discreta 
proliferação osteofítica nas suas margens, sendo compatível com o 
histórico de acesso cirurgico prévio. 
o Após administração de meio de contraste no espaço subaracnóide 
houve evolução da coluna de contraste por todo o segmento estudado, 
entretanto verifica-se: Tênue adelgaçamento da coluna de contraste 
ventral entre C3-4, por impregnação do material extradural descrito 
acima (considerar a possibilidade de abaulamento das margens dorsais/ 
protrusão discal). 
o Nota-se tênue adelgaçamento da coluna de coluna contraste ventral a 
direita na altura de C4-5, por material extradural descrito acima. 
o Falha de preenchimento focal da coluna de contraste ventrolateral 
esquerda entre C5-6, por impregnação do material extradural descrito 
acima no forame neural esquerdo. 
o Mineralização do disco intervertebral, em diferentes graus ao longo do 
segmento vertebral avaliado. 
 
• Impressões Diagnósticas: 
o Imagens compatíveis com extrusão discal entre C5-6, com maior volume 
no forame neural esquerdo (extrusão foraminal). 
o Desidratação/degeneração discal multifocal. 
o Alteração morfológica em C4 e C5 por acesso cirúrgico prévio. 
 
2.1 DISCUSSÃO 
 A partir dos exames de imagem realizados, podemos observar achados 
compatíveis com hérnia de disco cervical, como a presença de grande quantidade de 
material mineralizado intervertebral, ocupando o forame neural e a topografia da raiz 
nervosa comum, compatível com extrusão do disco (DDIV Hansen tipo I). Além disso, 
o animal também apresentou sintomas agudos típicos, como dor intensa em coluna 
cervical e apatia e, no pós-operatório, apresentou tetraplegia, possível complicação 
do tratamento cirúrgico (FOSSUN, 2014). Os exames de hemograma e bioquímico 
não apresentam alterações, algo esperado para o caso de DDIV. 
 É importante considerar que o paciente apresentado se trata de um Maltês, 
raça considerada condrodistrófica. Tal condição se caracteriza pela ossificação 
prematura da cartilagem dos ossos longos, fazendo com que os membros cessem seu 
crescimento antes do animal alcançar a maturidade, deixando o animal com membros 
mais curtos (de aspecto rebaixado) e, muitas vezes, com canal vertebral mais estreito 
(FELICIANO et al., apud MENDONÇA et al., 2013). A condrodistrofia torna o animal 
mais susceptível a apresentar alterações na biomecânica da coluna, o que acarreta 
maiores tensões, compressões, cisalhamentos e até mesmo torções dos corpos 
vertebrais, fazendo com que o DIV seja exposto a uma força excessiva (FOSSUM 
apud MENDONÇA et a., 2013), e tornando animais condrodistróficos 12 vezes mais 
susceptíveis a desenvolver DDIV (CECIM,2019). 
 O tratamento fisioterápico foi e continua sendo essencial neste caso, tendo 
como objetivo a recuperação dos tecidos nervosos acometidos, prevenção de atrofia 
muscular, fortalecimento da musculatura e a melhoria de desempenho de membros 
com déficit motor. O animal iniciou a fisioterapia no pós-operatório imediato, e essa 
conduta se mostrou muito importante na recuperação do paciente e na prevenção de 
outras complicações, pois ajuda a preservar a musculatura dos membros e da região 
paravertebral e auxilia na melhora do quadro neurológico (VITURI e HENRIQUE, 
2020). O uso de técnicas fisioterápicas de modo precoce auxiliou na redução dos 
sinais clínicos e alívio da dor do paciente, trazendo melhora no bem-estar do animal, 
já que age complementando a analgesia feita por meios farmacológicos. Além das 
propriedades analgésicas, a fisioterapia foi importante para a parte motora do animal, 
já que também auxilia no reaprendizado da função. 
Os recursos fisioterápicos utilizados possuem, cada um, propriedades 
interessantese muito favoráveis em casos de hérnia de disco como no caso descrito: 
 A magnetoterapia é uma ótima aliada no caso descrito, já que a 
propriocepção falha e diminuição de amplitude do MTE afetam a 
descarga de peso e apoio do animal, gerando um quadro álgico devido 
à tensão e sobrecarga. Assim, a magnetoterapia entra como uma ótima 
auxiliar pensando no relaxamento muscular e analgesia. Os parâmetros 
usados no paciente estão de acordo com o citado na literatura. De 
acordo com Vituri e Henrique (2020) e Oliveira et al. (2018), a frequência 
terapêutica ideal utilizada no campo magnético pulsado varia de 2Hz a 
60Hz, com duração de 15 a 30 minutos. 
 A fotobiomodulação foi uma ótima aliada no controle da dor e 
desinflamação local, contribuindo para a melhora do bem-estar do 
paciente, principalmente no período de dor mais intensa. A dose utilizada 
no paciente em questão está de acordo com o citado na literatura. A 
dose sugerida em pequenos animais, objetivando uma ação anti-
inflamatória e analgésica, pode variar de 1 a 8J/cm² (VITURI e 
HENRIQUE, 2020). De acordo com Bruno et al. (2020), há programas 
pré-definidos de tratamento para doenças do disco intervertebral que 
utilizam comprimento de onda de 808nm e densidade de energia de 
4J/cm², assim como utilizado no caso descrito. 
 A cinesioterapia e as técnicas de estímulo neural se tornaram essenciais 
para que o animal recuperasse seus movimentos, sendo uma aliada 
potente na luta contra o imobilismo, já que os exercícios ajudam na 
melhora da propriocepção e equilíbrio, no fortalecimento muscular e na 
restauração da amplitude de movimento (VITURI e HENRIQUE, 2020). 
Apesar de o animal não ter realizado hidroterapia por questões fora do âmbito 
desse trabalho, é importante citar que a técnica possui extrema indicação em casos 
de DDIV, já que auxilia no fortalecimento e melhora do desempenho muscular, 
melhora da mobilidade funcional e melhora da coordenação e equilíbrio (VITURI e 
HENRIQUE, 2020), pontos importantes a serem trabalhados no caso discutido 
anteriormente. 
 
3. CONCLUSÃO 
 A fisioterapia auxilia na diminuição da dor e no tempo de recuperação do 
paciente, auxilia no reaprendizado da função motora, melhora o desempenho de 
membros com déficit motor e ajuda a preservar e fortalecer a musculatura do animal. 
Além disso, também ajuda na prevenção da Síndrome do Imobilismo, condição 
comum em animais que ficam com os movimentos limitados por um período 
considerável. Assim, a fisioterapia é uma grande aliada em casos de DDIV, sendo 
essencial tanto em casos cirúrgicos quanto nos de tratamento conservativo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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