Buscar

Adoção Tardia

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 35 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 35 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 35 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

0 
UNISÃOMIGUEL 
BACHARELADO EM SERVIÇO SOCIAL 
 
 
 
LAUDIELLY DE ALMEIDA SERAFIM DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
ADOÇÃO TARDIA 
Dificuldades e Potencialidades 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ​RECIFE 
2019 
 
 1 
 ​LAUDIELLY DE ALMEIDA SERAFIM DOS SANTOS 
 
 
 
ADOÇÃO TARDIA 
Dificuldades e Potencialidades 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso, 
apresentado ao Curso de Serviço Social, da 
Unisãomiguel, como requisito parcial para 
obtenção do grau de Bacharelado. 
 
Orientador(a): Me. Maria Luiza Duarte 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RECIFE 
2019 
 
 2 
LAUDIELLY DE ALMEIDA SERAFIM DOS SANTOS 
 
 
 
ADOÇÃO TARDIA 
Dificuldades e Potencialidades 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado ao curso de Serviço Social, da 
UNISÃOMIGUEL, como requisito parcial 
para obtenção do grau de Bacharelado. 
 
 
Trabalho Aprovado com conceito __________ em ___/___/____. 
 
 
Banca examinadora 
 
____________________________________________ 
Professora: Drª. Rosiglay Cavalcante de Vasconcelos 
 
____________________________________________ 
Professora: Me. Silvania Carrilho 
 
 
 
 3 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Quero agradecer primeiramente a Deus, que me conduziu ao longo desse curso e 
por ter me dado sabedoria para concluir esse trabalho. 
A minha família, pelo apoio e compreensão que sempre me deram ao longo desses 
anos. 
Aos meus pais Eli e Laudicéa que sempre estiveram ao meu lado me apoiando ao 
longo de toda a minha trajetória. 
Ao meu querido esposo que me ajuda e me encoraja a não desistir dos meus 
objetivos. Que sempre esteve ao meu lado, dando forças para continuar. Obrigada 
pela sua compreensão e paciência ao longo desse processo. 
Quero agradecer a UNISÃOMIGUEL, pela excelente qualidade de ensino. 
As minhas queridas professoras que contribuíram com os seus conhecimentos, para 
o meu crescimento desses anos acadêmicos, pela excelência da qualidade técnica 
de cada uma. 
Em especial a Professora Me. Malu, que aceitou orientar esse trabalho, pelas dicas 
e pela dedicação em seu escasso tempo ao meu trabalho. Seus conhecimentos 
fizeram grande diferença no resultado deste trabalho. 
A todos os meus amigos da minha querida turma, que compartilharam dos inúmeros 
desafios que enfrentamos, sempre com espírito coletivo. 
Enfim, a todos que passaram em minha vida ao longo desses anos acadêmico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 4 
RESUMO 
 
 
Este trabalho tem como objetivo geral tratar da questão da adoção tardia, 
conceituando a adoção no Brasil. Compreendendo e verificando o processo da 
adoção tardia. Uma primeira aproximação do tema foi realizada uma análise 
legislativa no processo de adoção junto dos principais impactos gerados nas vidas 
das crianças e adolescentes, a problemática dessa questão, onde, a maior parte dos 
interessados em adotar, ainda tem o seu desejo por crianças mais novas, fazendo 
com que a procura por crianças com a idade maior que 4 anos caia para menos. Em 
primeiro momento, o trabalho vai buscar um breve processo histórico da adoção até 
o contexto atual, a fim de compreender dentro da história, a construção da política 
da adoção e sua evolução. Logo após, irei buscar compreender a adoção tardia na 
contemporaneidade e as principais dificuldades encontradas. A abordagem do tema 
é no intuito de compreender melhor a adoção no Brasil, com ênfase no processo da 
adoção tardia. Com a pretensão de contribuir com o debate sobre a adoção tardia, 
os fatores e reflexos que influenciaram direta e indiretamente o bem-estar das 
crianças e adolescentes. Também, verificando as motivações por aqueles que 
pretendem adotar, seus mitos e preconceitos, fazendo necessário compreender 
sobre o aspecto que envolve a adoção tardia. Realizando uma análise reflexiva no 
projeto criado pelo TJPE junto com Sport Club do Recife, o “Projeto Adote um 
pequeno Torcedor”. 
 
 
 
 
Palavras chave: ​Adoção Tardia, Brasil, Crianças, Adolescentes, Dificuldades, 
motivações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 5 
SUMÁRIO 
 
 
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................06 
2. CAPÍTULO 1 – Questão da Infância afastada do convívio familiar e 
comunitário .............................................................................................................08 
2.1. Aparato histórico da infância antes do ECA .................................................08 
2.2. Questões sobre o afastamento do convívio familiar e comunitário após o 
ECA……………………………………………………………………………………........12 
3. CAPÍTULO 2 – História da Adoção no Brasil…………………………………….17 
3.1. Breve resumo do contexto histórico da Adoção……………………………...17 
3.2. Lei Nacional da Adoção – Principais mudanças em relação ao ECA……..21 
4. CAPÍTULO 3 – Desafios e potencialidades da Adoção Tardia .......................23 
4.1. Caracterização da Adoção Tardia. .................................................................23 
4.2. ​Fatores que influenciam na adoção tardia……………………………………..25 
4.3. ​Análise da experiência do TJPE com o projeto “Adote um pequeno 
torcedor”​ .................................................................................................................27 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................29 
REFERÊNCIAS .......................................................................................................31 
 
 
 
 
 
 
 
 
 6 
1. INTRODUÇÃO 
 
 
De acordo com o Cadastro Nacional da Adoção (CNA), a maioria das crianças e 
adolescentes que estão disponíveis para adoção, são maiores de 3 anos de idade. 
Enquanto que a quantidade de pretendentes, são quase o triplo. Este trabalho vai 
analisar a questão da adoção tardia, que é justamente a problemática do deste 
trabalho. 
O que acontece para que este número de pretendentes seja bem superior do que 
as crianças e adolescentes disponíveis? Porque existe um preconceito e uma 
rejeição em relação a essas crianças e adolescentes? Quais as dificuldades 
encontradas para conseguir a adoção tardia? 
Para iniciar este trabalho, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, com base em 
fontes teóricas e seguras para possibilitar uma essência dos fatos. Com isso, este 
trabalho está dividido em três capítulos. 
Com isso, no primeiro capítulo o intuito desse trabalho é compreender melhor a 
questão da adoção no Brasil, com a questão da infância afastada do convívio 
familiar e comunitário. Realizando um apanhado histórico da infância antesdo ECA, 
como era tratada a questão da infância e dessas crianças e adolescentes afastados 
do convívio familiar e comunitário. 
Como está sendo tratada a infância após o ECA, principais alterações em relação 
à convivência familiar e comunitária, a questão da adoção e uma de suas principais 
problemáticas que é a adoção tardia. Procurando contribuir em um debate sobre 
essa adoção tardia, e os fatores que influenciam o bem-estar das crianças e 
adolescentes. 
No segundo capítulo, foi feito um apanhado histórico sobre a história da adoção 
no Brasil, com um breve resumo do contexto histórico. Correlacionando a Lei da 
adoção e as principais mudanças em relação ao ECA sobre a adoção tardia. 
No terceiro capítulo, através das pesquisas realizadas, foi explicado como se 
define a adoção tardia, suas principais motivações, porque os pretendentes à 
adoção tem um perfil desejado que foge da realidade das instituições de 
 7 
acolhimento, as dificuldades encontradas em relação a questão ao número de 
crianças e adolescentes que estão em fila de espera. 
Foi analisado o projeto “Adote um pequeno Torcedor” do TJPE junto com o 
SPORT Clube do Recife, quais são os objetivos desses projetos e para que 
finalidade. É necessário um projeto como esse para diminuir o número de crianças e 
adolescentes em instituições de acolhimento. 
A intenção deste trabalho, é analisar as dificuldades e as potencialidades da 
adoção tardia buscando conscientizar a sociedade sobre a sua importância neste 
processo. As consequências deste processo nas crianças e adolescentes que são 
os que mais sofrem durante esse processo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 8 
2. CAPÍTULO 1 - Questão da Infância afastada do convívio familiar e 
comunitário. 
 
 
2.1 Aparato histórico da infância antes do ECA. 
 
 
A muito o que pensar sobre a infância em nossa sociedade, e para falar sobre 
algum tema da mesma, devemos retomar para o início. Ao longo desse tempo a 
infância foi tratada de diversas maneiras no Brasil, há uma longa caminhada para ter 
chegado nos direitos que existe hoje. Porém, como Rizzini (2009) diz, que devemos 
analisar essas mudanças que ocorreram ao longo desse tempo, e perceber que 
muita coisa não mudou. A infância pobre ficou à margem da sociedade, e mesmo 
com os graves problemas, nada sério foi feito. 
 
Assim, o “problema da infância”, claramente diagnosticado há pelo menos 
100 anos como um “problema gravíssimo”,e, invariavelmente associado à 
pobreza, em momento algum foi enfrentado com uma proposta séria e 
politicamente viável de distribuição de renda, educação e saúde. (Rizzini, 
2009, p.16) 
 
O que se percebe é que as política públicas voltadas à infância, foi dominada pela 
necessidade do controle da população pobre. Faleiros (2009), diz que os discursos e 
as práticas sobre as políticas para a infância, sempre distinguiram as crianças 
desvalidas das que são “válidas”. Com a intenção de trocas de serviços e recursos 
entre as instituições, para o uso ótico do Estado com seus interesses particulares. 
Em qualquer lugar no mundo, existem crianças desvalidas, abandonadas, 
maltratadas e etc. Mas, a quem caberia essa responsabilidade? No Brasil, muitas 
foram as mãos que esse grupo passou ao longo da história. 
No período colonial, segundo Rizzini (2009), a assistência à infância seguia 
determinações de Portugal e, a igreja e estado andavam juntos. Com o objetivo de 
converter as crianças índias em futuros súditos a coroa portuguesa, pois instruíam 
elas para influenciar os adultos. Esse período durou até a mão de obra escrava, 
proveniente da áfrica chegar e a escravidão dos índios ser proibida. 
 9 
As crianças escravas não eram muito importante para os senhores, pois elas não 
davam lucro. Onde o abandono de crianças escravas e até mesmo as não escravas 
era bastante frequente até meados do século XIX. A profunda desigualdade social 
com a carência social, teve profundas consequências para a infância no Brasil. 
Segundo Rizzini (2009), muitas crianças eram deixadas em locais públicos, em 
igrejas e em portas de casas. Foi assim que a Santa Casa de Misericórdia implantou 
o sistema de rodas no Brasil, que eram um cilindro na parede, onde colocava a 
criança para dentro do estabelecimento. 
 
[...]. O objetivo era esconder a origem da criança e preservar a honra das 
famílias. Tais crianças eram denominadas de enjeitadas ou expostas. 
(Rizzini, 2009, p.19) 
 
A assistência da casa dos expostos a essas crianças abandonadas, durava cerca 
de sete anos. A partir daí, essa criança ficava nas mão de qualquer outro órgão, a 
mercê da determinação do Juiz. Faleiros (2009), fala que a roda dos expostos é uma 
máquina que rompe laços de afeto, uma afronta às leis sociais e humanas. Nos 
primeiros anos da República alguns projetos de leis para a infância foram 
apresentados, porém se tornaram políticas gerais, deixando o enfrentamento da 
mortalidade infantil, e o abandono em segundo plano. 
No século XIX, era comum que os abandonados vivesse em asilos de órfãos, 
onde tiveram a ideia de proporcionar a educação industrial aos meninos e educação 
doméstica as meninas, “preparando-os” para a sociedade. Nesse momento 
começou a surgir institucionalização das crianças e adolescentes. 
 
Sendo a instituição voltada para a prevenção ou para a regeneração, a meta 
era a mesma: o “sentimento de amor ao trabalho” e uma “conveniente 
educação moral”, como aparece no regulamento do Abrigo de Menores, de 
1924. (Rizzini, 2009, p.20). 
 
Em muitos momentos na história da infância, a família aparece como aquela que 
não é capaz de cuidar de seus filhos, principalmente das classes empobrecidas. 
Segundo Faleiros (2009), o Estado na década de 1920, marcou profundamente a 
articulação da política para a infância, o 1º Congresso Brasileiro de Proteção à 
 10 
Infância tornou mais assistemática a proteção social. No Código de Menores de 
1924 (promulgado em 1927), com a intenção de regulamentar a “assistência e 
proteção ao menor abandonado e delinquente”, legitimou a suspensão do Pátrio 
Poder e a apreensão desses menores abandonados, mesmo contra a vontade dos 
pais. 
[...]. No sentido de intervir no abandono físico e moral das crianças, o pátrio 
poder pode ser suspenso ou perdido por falta dos pais. [...]. O 
encaminhamento pode ser feito á familia, a instituições públicas ou 
particulares que poderão receber a delegação do pátrio poder. (Faleiros, 
2009, p.47). 
 
De acordo com Rizzini (2009), essas medidas foram consequência do preconceitoda sociedade com essas famílias pobres. 
 
Por isso, na lei, as situações definidas como de abandono, tais como: não ter 
habitação certa; não contar com meios de subsistência; estar empregado em 
ocupações proibidas ou contrárias à moral e aos bons costumes; vagar pelas 
ruas ou mendigar etc., só se aplicavam aos pobres. (Rizzini, 2009) 
 
No período de Vargas, a família e a criança foram alvos de inúmeras ações do 
governo, e seu projeto era centralizador e intervencionista. O estado e a sociedade 
se uniram para manter a “estabilidade” da família, de acordo com a concepção 
preconceituosa da época. Segundo Rizzini (2009), até a criação do Serviço de 
Assistência a Menores (SAM), em 1941, não existia um órgão federal responsável 
pelo controle da assistência. O SAM manteve o modelo que o governo vem fazendo 
desde a década de 1920, pelos Juízes de Menores. 
Porém, de acordo com Rizzini (2009): 
 
[...]. O modelo de assistência daí originado persistiu ao longo do tempo. 
Contudo, a trajetória dessa relação é repleta de “estórias mal contadas” de 
abusos, corrupção e clientelismo. [...] 
 
Esse período foi combinado de repressão, com os discursos de manter a ordem, 
com medidas assistenciais. A política da infância, conhecida na época como “política 
do menor”, foi uma das maneiras de articulação da repressão, assistência, onde 
ganha um âmbito nacional, e teve uma longa duração e influência sobre a trajetória 
das crianças e adolescentes pobre do Brasil, segundo Faleiros (2009). 
 11 
Mas, esse período foi minimizado com um período democrático posterior ao da 
era Vargas. Onde, iniciou uma estratégia com a preservação da saúde da criança e 
com a participação da comunidade. Mas na prática a política tenha critérios 
higienistas e assistencialistas. 
Em 1964, com a Ditadura Militar, a assistência da infância passou a ser 
competência do governo militar e a política foi substituída pela repressão. Onde 
criou a Fundação Nacional do Bem-estar do Menor (FUNABEM) e a Política 
Nacional do Bem-estar do Menor (PNBEM), a missão delas não era as deixas que 
os “menores abandonados” não “caíssem” no comunismo e nas drogas, o governo 
via o “menor” como problema social. 
Com a criação de uma CPI, pela câmara de deputados em 1975, abriu uma 
investigação sobre o real situação da criança carente no Brasil. Com essa 
investigação, segundo Faleiros (2009), a questão da infância voltou a ter uma 
proporção nacional. Porém, não tinha pretensão de resolver a questão. 
Nesse período o Código de Menores, criado em 1924, foi substituído pelo de 
1979, onde veio consagrar esse termo de “menor em situação irregular”. Porém, 
essas estratégias não alteraram a situação da criança no Brasil e segundo Faleiros 
(2009), esse regime não sobreviveu a política dos anos 1980. 
Surgiram movimentos sociais, como Movimento Nacional de Meninos e Meninas 
de Rua (MNMMR) em favor das crianças e adolescentes em situação de pobreza, 
onde declarava que esses indivíduos são sujeitos de direitos. Onde colocou em 
evidência os direitos da criança e do adolescente. Chegando a refletir em 
discussões internacionais, como na Convenção das Nações Unidas sobre os 
Direitos da Criança em 1989. 
 
Esse movimento conseguiu inscrever sua proposta na Constituição de 1988, 
sob a forma de artigo 227, que manda assegurar, com absoluta prioridade, os 
direitos de crianças e adolescentes, incumbindo desse dever a família, a 
sociedade e o Estado, aos quais cabe, igualmente, protegê-las contra 
qualquer forma de abuso. (Rizzini, 2009, p.29) 
 
Essa ação levou a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), e o 
MNMMR foi fundamental para mobilização da sociedade em exigir a aplicação do 
 12 
estatuto, pois o transformando o atendimento dessas crianças e adolescentes como 
parte integral das políticas sociais. Onde essas questão da infância foi 
descentralizada e transferida para a sociedade civil. 
Porém, segundo Rizzini (2009), o conhecimento do Estatuto da Criança e do 
Adolescentes está longe de ser uma unanimidade. 
 
 
2.2 Questões sobre o afastamento do convívio familiar e comunitário após o 
ECA. 
 
 
Com a pressão social pela democratização, na Constituição de 1988 e no 
Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990, conseguiu implantar um acesso às 
políticas sociais, de garantias de direitos e proteção para a criança eo adolescente. 
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), de Julho de 1990, traz os 
direitos da criança e do adolescente e em seu 1º artigo, reconhece-os como 
cidadãos. 
[...]. e) A doutrina da proteção integral, da criança como sujeito de direitos, é 
incorporada pelo Estatuto da Criança e do adolescente, significando a 
prioridade para a criança e o adolescente e sua visão como cidadão de todos 
os direitos e como ser em desenvolvimento. (Faleiros, 2009, p.91) 
 
Logo após um ano da vigência do ECA, em 12 de outubro de 1991, foi criado o 
Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA), a 
instalação desse Conselho foi fundamental, pois impulsionou a implantação do ECA, 
trazendo mudanças importantes nas políticas anteriores à infância. 
Em 1993, foi criado o Programa Nacional de Atenção Integral à Criança e ao 
Adolescente (PRONAICA), sob a Lei 8.642, articulando ações de apoio à criança e o 
adolescente, com a coordenação do Ministério da Educação. 
Mesmo com a implantação do ECA e a criação desses programas e essas 
políticas, muita coisa não mudou. A questão da infância afastada do convívio familiar 
e comunitário é uma questão bastante presente e forte em nossa sociedade. 
Segundo Guimarães (2011), o afastamento de uma criança e adolescente da sua 
 13 
família, pode acontecer por vários fatores. E essa questão deveria ser mais 
discutida, pois não basta levar essas crianças e adolescentes para instituições de 
acolhimento e deixar a responsabilidade com as mesmas. A essa responsabilidade 
dessa situação, segundo Guimarães (2011), é pública. 
 
O Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu artigo 86, afirma que “A 
política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente far-se-á 
através de um conjunto articulado de ações governamentais e não 
governamentais, da União, dos, Estados, dos Distrito Federal e dos 
municípios”.​ ​(Guimarães, 2011, p.26) 
 
De acordo com esse artigo, existe a possibilidade de desenvolver políticas de 
proteção, organizada pela sociedade civil, e também, implementadas pelo governo 
municipais. Porém, vemos em muitos casos que esse processo não é muito seguido. 
Segundo Guimarães (2011), a regiões que tem ausência de serviços de 
acolhimento, provocando o encaminhamento de crianças e adolescentes para uma 
única casa de acolhimento,causando superlotação e muitas vezes longe de sua 
cidade. 
A convivência familiar e comunitária, não pode significar uma privação dessas 
crianças e adolescentes a esse direito de acolhimento institucional ou familiar. 
Segundo Guimarães (2011), o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários 
tem uma relação direta com a localização geográfica dos acolhimentos. Pois, muitos 
casos de crianças e adolescentes institucionalizados são provenientes de família 
pobre. 
Os acolhimentos institucionais estão definidos nas modalidades de abrigo, 
casa de passagem ou casa lar e o acolhimento familiar como serviços na 
modalidade de família acolhedora. [...]. (Guimarães, 2011, p.35) 
 
Para cada caso, existe um tipo de acolhimento institucional e tempo de 
permanência. Um exemplo que autora Guimarães (2011), fala é a casa de 
passagem que o nome é proveniente da brevidade da permanência. Este processo 
não é uma escolha da criança e do adolescente é uma forma que o sistema de 
garantia de direito encontrou de protegê-las. Ainda segundo Guimarães (2011), 
muitas destas instituições de acolhimento surgiram após a promulgação do ECA. 
 14 
O ECA indicou várias mudanças com o reconhecimento da criança e do 
adolescente como sujeitos de direito, uma delas foi justamente nessas instituições 
de acolhimento junto com o Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do 
Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária (PNCFC), 
criado em 2006 pelo CONANDA e CNAS. 
 
[...], o PNCFC vem confirmar o que está posto no ECA, contribuindo para 
fortalecer a importância da família e da comunidade no desenvolvimento da 
criança e do adolescente [...]. (Guimarães, 2011, p.44) 
 
O plano estabelece que o afastamento da criança e do adolescente de sua 
família como última alternativa e esses espaços de acolhimento como algo 
provisório, tentando reintegrar para sua família de origem, onde somente quando 
esgotar todas as possibilidades é que se encaminha para adoção. 
O art. 19 do ECA regulamenta o direito à convivência familiar e comunitária, 
onde determina que toda criança e adolescente tem o direito de conviver com sua 
família e excepcionalmente, em família substituta. Pois, é direito fundamental elas 
tenham um familia, seja biológica ou substituta. 
Uma das sugestões do ECA é o não desmembramento de irmãos, garantindo o 
convívio e seus vínculos entre eles (art.9,inc.IV e V). Segundo Guimarães (2011), o 
tempo de permanência nas instituições seja o mais breve possível, para o retorno à 
sua família de origem, mas, com grande atenção para que esse retorno seja o mais 
seguro possível. 
Uma crítica feita é aos responsáveis por esse processo, onde muitos casos se 
abreviam o tempo de permanência para acelerar a adoção, algo que deveria ser em 
último caso, não permitindo tempo de realizar o trabalho com a sua família de 
origem ou se alonga esquecendo-as nas instituições por anos. 
 
A lei nº 12.010, de agosto de 2009, inclui no ECA, em seu art.19, parágrafo 
2º, que “a permanência da criança e do adolescente em programa de 
acolhimento institucional não se prolongará por mais de 2 (dois) anos, [...]. 
(Guimarães, 2011, p.59) 
 
 15 
Vale ressaltar que quase todas essas crianças e adolescentes são proveniente 
de famílias pobre, claro que isso não é motivo do afastamento, mas que a situação 
de pobreza caracteriza muitas ausências que potencializa a violação de seus 
direitos. Segundo Guimarães (2011), essa situação de pobreza levam essas 
crianças e adolescente a serem mais vulneráveis a várias formas de exclusão. Ao 
longo da história persiste o “mito” de que elas estariam protegidas se tiverem longe 
de suas famílias, onde são consideradas “desestruturadas”. 
Porém, vale considerar muitos dos casos não é da omissão da família, mas, que 
muitas vezes a violação cometida com seus filhos é por falta de apoio do próprio 
estado. Pois, muitas vezes essas famílias não têm acesso a setores básicos para 
receber uma orientação básica. 
 
[...]. Grande parte delas não teve acesso à rede de ensino. Contam com a 
rede familiar e comunitária que também retrata as vulnerabilidades locais. 
Enfim, não foram incluídas. Como seus filhos, são invisíveis. (Guimarães, 
2011, p.64) 
 
Em seu art. 23, o ECA estabelece que a falta de recursos financeiros não 
constitui um motivo para perda do poder familiar, ou seja, a situação financeira não 
poderá ser um fator de retirada da criança e adolescente de sua família. 
Ao longo da história as crianças e adolescentes negras, sofrem muitas 
discriminações, e são sujeitas a viverem em situação de pobreza do que as crianças 
e adolescentes brancas. Como consequência, segundo Guimarães (2011), elas 
estão em maior número em instituições de acolhimento e as que passam maior 
tempo nas mesmas. Pois, as famílias adotantes preferem as brancas. 
Um dos cuidados que essas instituições devem ter, é de trabalhar com essas 
crianças e adolescentes o estigma de que são as não escolhidas, causando danos 
como sujeitos. 
Com o viés de que toda criança e adolescente tem o direito de ter uma família e 
de que o tempo de permanência em uma instituição de acolhimento seja o menor 
possível, pois a retirada do convívio familiar deve ocorrer, quando for inevitável. É 
entender que sua família de origem pode ser a mais adequada de cuidar e entender 
 16 
que a adoção é o último recurso a ser feito, quando todas as outras possibilidades 
foram esgotadas. 
A adoção é um meio em que, essa crianças e adolescentes sejam incluídos em 
um ambiente familiar adequado para o seu desenvolvimento como sujeito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 17 
3. CAPÍTULO 2 - História da Adoção no Brasil 
 
 
3.1 Breve resumo do contexto histórico da Adoção 
 
 
Ao analisar o processo histórico da adoção no Brasil, deve-se começar através 
dos casos de abandono e exclusão que prevalecia com as crianças pobres, onde 
criança perde o direito de conviver no seio de uma família. Onde, percebemos que a 
criança tinha pouca importância no quesito social, pois a prática do abandono era 
muito comum (Weber, 1998, p.28). Segundo a história, no início do século XX, no 
Brasil a adoção não era regulamentada. 
Existia neste período a Roda dos Expostos ou Roda dos Enjeitados criada em 
1926, uma roda que era feita de madeira em muros de conventos ou em Santas 
Casas de Misericórdias. Verificando, podemos dizer que a roda foi a primeira política 
de acolhimento pelo governo junto às Santas Casas de Misericórdias.Nessas rodas 
eram deixadas crianças de até 7 anos de idade; era um objeto giratório e que 
possuía uma companhia, a criança era deixada sem que sua origem fosse revelada, 
fator este, de ser anônimo aumentava o número de abandono das crianças. 
​Criou-se a ​roda dos expostos e enjeitados​, instalada nas casas de famílias 
abastadas, conventos, hospitais, santas casas e instituições públicas, para 
receberem recém-nascidos, assim abandonados sem identificação civil, 
acreditando-se que, com isso, se protegeria a maioria deles. [...]. (Simões, 
2009, p.221). 
Muitas mulheres deixavam os seus filhos por motivo de miséria ou por causa da 
sua honra, mas, não era utilizada por apenas mulheres pobres, também eram 
utilizadas por mulheres brancas e de alto nível que se envolviam com homens 
casados ou fugia do estigma de mulher solteira. Essas rodas era uma forma de 
assistência caritativa na época, porém a relatos de que as crianças deixadas nas 
rodas eram maltratadas e que muitas não “vingavam”. 
 18 
Vemos que no Brasil a utilidade da Roda de Expostos sempre teve vínculo a 
condição de pobreza, porque nessa época a população carente era ligada à Igreja 
Católica e as Santas Casas de Misericórdias que também fazia parte da Igreja. Para 
Weber (1998), este sistema de rodas era uma forma oficial das crianças 
abandonadas se torna filhos do estado. 
Somente no final do século XIX e início do século XX é que foi começar a criar 
políticas públicas sobre a proteção das crianças. Nesta época, apenas alguns casais 
tinham direito de adotar ou como dizia na época “pegar para criar” uma criança, 
davam preferência aqueles que não tinha filhos biológicos. Esse tipo de situação 
deixava as crianças e os casais em situação de vulnerabilidade, pois não tinha 
nenhum direito assegurado sobre a adoção. Neste momento, foi promulgada a 
primeira legislação sobre a adoção, a Lei 3.071 de 1916, no código civil brasileiro, no 
direito da família. Esta lei só privilegia os casais que não possuíam filhos biológicos. 
Por causa desta vulnerabilidade e dos maus tratos cometidos dentro das 
instituições, o sistema de rodas foi combatido e condenado em 1923, pelo Decreto 
nº 16.300. Mesmo com esse decreto, muitas dessas instituições continuaram a 
funcionar por muito tempo. Uma das últimas rodas de expostos a serem fechadas foi 
a da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo em 1950. Atualmente não existe 
mais as Rodas dos Expostos no Brasil. Porém, nos deparamos com a 
institucionalização de crianças e adolescentes, fato este que nos aponta para a 
desigualdade social existente no País. Pois, vale lembrar que o Brasil foi o último 
país do mundo a extinguir essas rodas. 
Com o aparecimento da família moderna no século XVIII, passou a ficar comum 
o envio de crianças de idade entre 6 e 7 anos, para casas dos nobres da época. 
Essas crianças, segundo (Fonseca, 2006), eram enviadas para fazerem trabalhos 
domésticos. A criança, passou a ser considerada uma forma de mão de obra barata. 
Embora existisse, o abandono com o tempo o número de circulação de crianças nos 
casarões ficava maior. Para Fonseca (2006): 
Inferimos dessas disposições certas atitudes: 1) que a criança pequena era 
considerada um peso na economia da família que a criava, exigindo algum 
 19 
tipo de recompensa 2) que, a partir de 7 ou 8 anos, a criança prestava 
serviços economicamente significativos e 3) que a “adoção” de uma criança 
não implicava, necessariamente, colocá-la em pé de igualdade com outras 
crianças da família. Legalmente a adoção nessa época fazia-se por 
escritura pública em cartório. Era um contrato entre adultos, semelhante à 
transferência de propriedades ou de bens, e dispensava a intervenção do 
juiz ou poder público maior. O ato podia ser desfeito com relativa facilidade, 
excluía o adotado de qualquer herança se na hora da adoção já existissem 
crianças do adotante, e limitava sua parte à metade da parcela dos filhos 
legítimos se viessem estes a nascer depois da adoção”. (FONSECA, 2006 
pg. 63). 
Muitas destas crianças eram vistas como uma fonte de renda para a família, e 
não se criava um vínculo de afetividade. Isso ocasionava a adoção dessas crianças 
pelas famílias nobres. É neste contexto, que se criou a chamada “adoção à 
brasileira”, onde podia entregar o filho para outra pessoa e esta poderia registrar a 
criança em seu nome. Por causa desses fatos foram criadas as primeiras leis de 
adoção, mas, ocasionou na institucionalização dessas crianças. 
A institucionalização das crianças e adolescentes, foram criadas para proteger, 
porém essa institucionalização pode causar danos e muitas são vítimas de 
preconceito e exclusão social. A um longo processo para desmistificar a sociedade, 
que mostre que essa institucionalização não é a solução do problema do abandono 
e exclusão social. É neste aspecto, que diferenciamos a criança abandonada da 
criança carente. 
Ao adotar uma criança, este ato não deve ser um ato caridoso, e sim, um ato 
consciente dos fatos e da sua história. Que a criança e principalmente o adolescente 
possui um vínculo familiar e a família é um sujeito coletivo. Então a adoção é uma 
forma de resposta a questão do abandono e exclusão social. E como já falado foram 
esses fatores que deram origem às primeiras leis de adoção no Brasil, desde o 
código civil brasileiro de 1916. Este introduziu vários aspectos que que diz respeito à 
criança e ao adolescente, como pátrio poder ao marido e ele tinha o poder sobre os 
filhos (Simões, 2014). A adoção passou a ser realizado através de uma escritura 
pública registrada em cartório e era possível para pessoas acima dos 50 anos de 
idade, não tendo restrição quanto ao sexo, nacionalidade e estado civil (Fonseca, 
2006). Mesmo que esse código de 1916, tenha introduzido a proteção sobre a 
 20 
criança e ao adolescente, só em 1957 que foi feito alterações no código civil, com a 
Lei 3.133. Uma dessas alterações foi na idade mínima do adotante que passou a ser 
acima dos 30 anos e na herança onde o adotado não teria direito se caso o adotante 
já tivesse filhos biológicos no ato da adoção. 
Em 1965, foi legitimada a Lei 4.655 que dá origem a adoção irrevogável, onde 
não seria mais possível a devolução da criança ou o cancelamento da mesma. 
Nessa Lei vemos que ainda não havia uma procura para efetivar os direitos das 
crianças e adolescentes, apenas interesse em favorecer o adotante, como Fonseca 
explica: 
[...]apesar de criar a adoção irrevogável, ainda delegava à criança uma 
parte menor da herança caso viessem a nascer filhos legítimos dos 
adotantes.” (Fonseca, 2006, p.123) 
Já em 1979, foi vigorado o Código de Menores, onde foi introduzida duas 
maneiras de adoção, “Adoção Simples” que é a forma de adoção que já vinha sendo 
utilizada, e “Adoção Plena” onde o adotado é que colocado como parte da família 
substituta, ou seja, tem direitos iguais aos outros membros da família, inclusive 
direito à herança. Com este código de menores a adoção progrediu, pois, com a 
adoção plena a lei brasileira passou a dar atenção aos direitos da criança e dos 
adolescentes, porque ele passou a tratar das primeiras formas de pensar no 
bem-estar do menor (Weber, 2004). 
Com a Constituição de 1988, houve uma revogação em relação às leis anteriores 
sobre a adoção, pois a adoção simples deixa de existir e a adoção plena fica como a 
única forma de adoção no art. 227 § 6º. O art. 277, assegura os direitos da criança e 
do adolescente, e salienta a responsabilidade da família, da sociedade e do estado. 
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao 
adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, 
à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à 
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, 
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, 
exploração, violência, crueldade e opressão. (BRASIL, 1988). 
 21 
Este art. 277, tornou-se base para a criação do estatuto da criança e do 
adolescente (ECA) em 1990. Se no código de menores, trabalhava com as situações 
irregulares, no ECA trabalha na proteção integral, ou seja, todas as crianças e 
adolescentes estão acobertados pela legislação. Vargas (2013), diz: 
As mudanças introduzidas pelo ECA colocam a sociedade brasileira diante 
de um novo paradigma em relação à ótica e aos modos de ação quando se 
trata de Infância e Juventude. A Carta Constitucional, tanto como o Estatuto, 
traz avanços fundamentais quando passa a considerar a criança e ao 
adolescente: 1) sujeito de direito; 2) pessoas em condições peculiares de 
desenvolvimento, 3) de prioridade absoluta. Isto significa que já não 
poderão mais ser tratados como objetos passivos da intervenção da família, 
da comunidade e do Estado; adquiriram direitos especiais em virtude de: 
ainda não terem acesso ao conhecimento pleno de seus direitos e nem 
possuírem condições de defende-los, não contarem com meios para a 
satisfação de suas necessidades básicas e estarem em pleno 
desenvolvimento físico, emocional, cognitivo e sociocultural, que lhes faculta 
a primazia no recebimento de proteção e socorro em qualquer 
circunstância. (VARGAS, 2013, p. 29) 
Depois do ECA, a adoção tem o objetivo de assegurar à criança e ao adolescente 
um lar e estabelecer laços afetivos. Em 2009, ele sofreu alterações em relação à 
adoção e entrou em vigor a Lei 12.010, chamada de “Lei Nacional da Adoção”. 
 
 
3.2 Lei Nacional da Adoção – Principais mudanças em relação ao ECA 
 
A Lei Nacional da Adoção, Lei Nº 12.010/2009, entrou em vigor em 3 de agosto 
de 2009, com algumas mudanças em relação a adoção. Onde, a maioridade para 
adotar ficou acima dos 18 anos, frequência dos pretendentes em curso preparatório 
e entre outras. Ao importante salientar, que a lei reafirma que a adoção é a última 
das opções de mecanismo da garantia de direito e convivência familiar. Mesmo em 
família substituta a reinserção familiar é prevista na Constituição de 88 e no ECA, 
como uma prioridade. 
 
 
 22 
A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual deve se recorrer 
apenas quando esgotados os recursos e manutenção da criança ou 
adolescente na família natural ou extensa [...]. (Lei n. 12.010 art. 39 § 1º). 
 
Em 2008, foi implantado o Cadastro Nacional de Adoção (CNA), a fim de 
centralizar em um único cadastro, os dados das crianças e adolescentes aptos a 
adoção e a lista dos pretendentes habilitados. É dentro desses aspectos que a nova 
Lei de Adoção vem facilitar os processos de Adoção. Mas, existe uma realidade 
“cultural”, que dificulta em nosso país, que é a preferência dos pretendentes a 
crianças menores de 2 anos, brancas, e com bom estado de saúde. Sendo que a 
realidade das crianças aptas à adoção é acima dos 3 anos, e muitas apresentam 
quadro de abalos psicológicos e são negras. 
A nova Lei, apresenta a adoção para tratar a política pública e resolver a 
situação das crianças e adolescentes em situação de rua ou abrigada. Porém, não 
leva em conta o quadro social do abandono, uma vez seria necessário fortalecer as 
tentativas de recuperar a família de origem, essa ação precisa de tempo, mais a Lei 
enxuga o tempo dessas crianças e adolescentes em abrigos, o que impede esse 
trabalho (Simões, 2014). 
Com isso, verificamos até aqui que houve sim, um grande avanço no processo 
histórico em relação a proteção da criança e do adolescente, porém é preciso de 
avanças em relação ao trabalho social para com as famílias das crianças em 
vulnerabilidade, para que a adoção seja o último recurso. 
Em suma, é necessário analisar a real situação e aspectos que envolve a 
adoção. Existe em nossa cultura, a ideia arcaica de que a adoção é para aqueles 
que não podem ter filhos biológicos, mas a realidade é de que a adoção assegura a 
criança e ao adolescente a oportunidade de ingressar em uma nova família, desde 
que não possua a possibilidade de voltar a família de origem. 
No próximo capítulo, será centralizado na adoção com debate na adoção tardia 
e seus dilemas e motivações para a adoção. 
 
 
 
 23 
4. CAPÍTULO 3 - Desafios e potencialidades da Adoção Tardia. 
 
 
 
4.1 Caracterização da Adoção Tardia. 
 
 
De acordo com as pesquisas realizadas, foi verificado que a adoção tardia se 
caracteriza pela adoção de crianças maiores, ela é apenas uma das múltiplas faces 
da adoção. Onde, segundo Vargas (1998), é considerada adoção tardia quando a 
crianças é maior de dois anos de idade, pois elas não estão enquadradas no perfil 
requisitado pelos pretendentes. 
 
A expressão “adoção tardia”, bastante utilizada, refere-se à adoção de 
crianças maiores ou de adolescentes. Remete à discutível idéia de que a 
adoção seja uma prerrogativa de recém-nascidos e bebês e de que as 
crianças maiores seriam adotadas fora de um tempo ideal. Desconsidera-se, 
com isso, que grande parte das crianças em situação de adoção tem mais de 
2 anos de idade e que nem todos pretendentes à adoção desejam bebês 
como filhos. (FERREIRA, M. R. P.; CARVALHO, S. R​., ​2002, p.7) 
 
Quando a criança ou adolescente chega para adoção, ela passa por um outro 
processo. Na maioria das vezes, segundo (Andrei, E., 2001) quando uma pessoa secadastra nos Juizados da Infância e Juventude, preferem crianças recém-nascidas, 
do sexo feminino, de cor branca e saudáveis. 
Ferreira e Carvalho (2002) ressalta, que a maioria dos pretendentes querem 
crianças recém-nascidas e brancas. 
 
Grande parte dos candidatos a pais adotivos manifesta o desejo de adotar 
bebês meninas e brancas, sendo que a maioria das crianças em situação de 
adoção dificilmente corresponde a essas características. Além disso, a 
proporção de crianças abrigadas em condições legais para adoção é 
reduzida. E, por último, é preciso respeitar o tempo e as medidas necessárias 
para ocorrer a destituição do poder familiar. (FERREIRA, M. R. P.; 
CARVALHO, S. R​., ​2002, p.9) 
 
Vargas (1998), também ressalta essas informações, onde diz que de acordo com 
estudos realizados no Brasil, o perfil desejado pelos pretendentes são de crianças 
de até dois anos de idade, brancas, sem doenças e sem irmãos. Com base nos 
 24 
dados pesquisados no CNA, a maioria das crianças aptas para a adoção, são 
crianças acima de 4 anos de idade, de maioria negras e com irmãos. Onde, 
verifica-se que a maioria dos pretendentes, tem uma preferência por crianças de até 
3 anos de idade, de cor branca e sem irmãos. 
Isso verifica que grande maioria dos adotantes tem um certo receio de adotar 
crianças mais velhas, por possuir uma carga emocional e uma vivência anterior. 
Weber (1998) fala: 
[...] é verdade que todas as adoções de crianças maiores sejam problemáticas, 
mas elas apresentam características especiais, pois, sem dúvida, são 
diferentes das adoções de bebês. (Weber, 1998, p.120) 
 
Almeida (2003, p. 233) indica que “uma incontestável preferência pelos 
postulantes à adoção de crianças de pele branca, recém nascidos, crianças do sexo 
feminino, e ainda que não possuam nenhum histórico de doenças crônicas 
biológicas.” 
Ainda segundo Almeida (2003), essas crianças que não se encaixam no perfil, 
ficam muito tempo nas instituições de acolhimento e quando chegam a ser adotadas 
se enquadram no perfil de adoção tardia. 
 
[...] a cultura de adoção no Brasil apresenta fortes obstáculos com relação a 
adoção de crianças com as idades avançadas, consideradas fora do 
padrão, sendo assim, mais velhas, eles alimentavam crenças e criam 
expectativas negativas sobre a prática de Adoção tardia. (Camargo, 2006, 
p.91) 
 
Segundo Camargo (2003), os candidatos a adoção buscam crianças menores, 
pois preferem que o seu período de adaptação seja mais tranquilo. Pois acreditam 
que a personalidade dela já esteja formada e dificulte a adaptação com a nova 
família. 
É Importante salientar que, toda criança adotada tem um histórico de 
abandono ou orfandade e tal fato deve ser respeitado e levado em 
consideração por todos. Quanto maior idade a criança ou o adolescente 
tiver, mais precisarão da presença constante de uma família, a fim de se 
sentirem aceitas e amadas, para que assim, possam se adaptar e 
reescrever uma história totalmente diferente da vida que conheciam, [...]. 
(Vargas, 1998, p. 35) 
 
 25 
Essas crianças que não se enquadram no perfil desejado pela maioria, muitas 
vezes são esquecidas nas instituições de acolhimento. Para Andrei (2001): 
 
[...] quanto mais tardia a adoção, mais vivas serão as lembranças do 
passado e mais enraizadas na sua memória as ilusões, sonhos, desejos e 
frustrações dos anos de abandono. (Andrei, 2001, p. 91) 
 
Segundo Weber e Kossobudzki (1996), o preconceito com relação a esse tipo de 
adoção é muito forte, pois é como se todas as adoções de bebês fossem um 
indicativo de que todas as adoções de crianças mais velhas já representassem um 
fracasso. 
 
 
4.2 Fatores que influenciam na adoção tardia 
 
 
Com base nas pesquisas realizadas a adoção tardia é uma tema muito complexo. 
Pode se analisar que muitas das crianças e adolescentes que vivem em instituições 
de acolhimento, chegaram na fase adulta sem ser adotadas. Por que como já foi 
dito, não preenchem os requisitos solicitados pelos pretendentes. Vargas (1998) 
ressalta que essas crianças são frequentemente rejeitas por não possui um perfil 
idealizado pelos pretendentes. 
Um dos fatores principais que dificulta a adoção dessas crianças e adolescentes 
é a idade. Vargas (1998), fala que essas crianças são chamadas de “idosas”, por 
não serem mais recém-nascidas. 
As crianças consideradas "idosas" para adoção, segundo Vargas (1998, p. 35) 
“ou foram abandonadas tardiamente pelas mães, que por circunstâncias pessoais ou 
socioeconômicas, não puderam continuar se encarregando delas ou foram retiradas 
dos pais pelo poder judiciário, que os julgou incapazes de mantê-las em seu pátrio 
poder, ou, ainda, foram ‘esquecidas’ pelo Estado desde muito pequenas em 
‘orfanatos’ que, na realidade, abrigam uma minoria de órfãos [...].” 
 26 
Muitos desses pretendentes têm receio, por causa das experiências vivenciadas 
por essas crianças e adolescentes anteriormente. Schettini (2007) relata que a 
adoção tardia provoca na sociedade, impactos, por expor as diferenças entre os 
adotantes e adotados. 
Não podemos esquecer que o processo de institucionalização é prolongado 
– descumprindo-as determinações do ECA – e acaba trazendo para a 
criança e/ou adolescente um quadro de referências que permeia toda sua 
vida cognitiva, afetiva e emocional, que norteia todas as suas relações e 
que dita suas respostas comportamentais. (Freire, Marques, Silva; 2013, 
p.6) 
 
Outro fator verificado é a cor da pele, pois a maioria ainda preferem crianças de 
cor branca. Também, sua estado de saúde e se por possuírem irmãos. 
Vale ressaltar o fato sobre a institucionalização dessas crianças e adolescentes, são 
demorados e isso acaba influenciando em uma adoção tardia. 
 
[...] embora eles, em sua maioria, não tenham qualquer vínculo com sua 
família de origem e a probabilidade de resgatar este vínculo é quase nula, 
eles também não podem ser encaminhados para uma família substituta, 
uma vez que não foi destituído de seus pais o pátrio poder. [...] (Weber, 
MPPB) 
 
Ebrahim (2001) aponta em seu trabalho, algumas pesquisas que mostram que a 
população ainda apresenta alguns preconceitos em relação à adoção tardia, sendo 
eles: 
a) o medo de adotar crianças mais velhas pela dificuldade na educação; 
b) o receio de adotar crianças institucionalizadas pelos maus hábitos que trariam; 
c) as crianças que não sabem que são adotivas têm menos problemas , por isso 
deve-se adotar bebês e esconder deles a verdade, imitando um a família 
biológica. 
Oscar (2007) diz que “os pais temem que a criança não esqueça a família 
biológica e que venha problemática”. Pois delas muitas vezes, carregam traumas 
sofridos anteriormente.Camargo (2007), explica: 
 
Os mitos que constituem a atual cultura da adoção no Brasil, apresentam-se 
como fortes obstáculos à realização de adoções de crianças "idosas" e 
adolescentes (adoções tardias), uma vez que potencializam crenças e 
 27 
expectativas negativas ligadas à prática da adoção enquanto forma de 
colocação de crianças e adolescentes em famílias substitutas. [...] 
 
Weber (1998), fala que muitas crianças institucionalizadas ficam com seu 
desenvolvimento comprometido. 
 
O desenvolvimento de um a pessoa é severamente prejudicado num 
ambiente institucional, onde imperam a f alta de identidade e a disciplina 
massificadora. O abandono sofrido pelas crianças e adolescentes 
institucionalizados leva a o sentimento de rejeição, baixa auto-estima e 
expectativas de futuro negativas. (Weber, 1998) 
 
Devemos analisar as circunstâncias para esse processo mude, pois não afeta as 
crianças e adolescentes, mas também os pretendentes. 
 
 
4.3 Análise da experiência do TJPE com o projeto “Adote um pequeno 
torcedor”. 
 
 
O projeto “Adote um pequeno torcedor” é uma ação desenvolvida através de 
uma parceria entre a 2ª Vara da Infância e Juventude da Capital, com o time Sport 
Club do Recife e o Ministério Público de Pernambuco, a ação tem como objetivo 
conseguir famílias interessadas em adotar crianças de sete anos ou mais que vivem 
em abrigos do Recife. 
Foi lançado em agosto de 2015, na Arena Pernambuco, num jogo entre Sport e 
Flamengo. Antes do início da partida, 22 crianças que vivem em abrigos da capital 
pernambucana entraram em campo de mãos dadas com os jogadores, que exibiram 
os nomes delas nos uniformes. Na abertura do jogo, também foi exibido um vídeo 
com o depoimento de crianças que esperam ser adotadas e expressaram a vontade 
de ter uma família. 
Para divulgar o projeto além dos estádios, foi criado um site 
(​www.adoteumpequenotorcedor.com​), que apresenta o perfil com caricaturas e 
informações sobre cada criança do programa. Este projeto dura até hoje e já 
aconteceu em vários estados do Brasil. 
https://www.comunicaquemuda.com.br/adote-pequeno-torcedor/www.adoteumpequenotorcedor.com
 28 
Porém, observando esta ação devemos refletir sobre o que é este processo. Pois, 
como já foi mencionado anteriormente que há uma dificuldade enorme por vários 
fatores, tanto para os pretendentes, mas, principalmente, para as crianças. 
Analisando essa ação, verifica-se que a grande exposição pode levar à 
objetificação e passar uma ideia de mercantilização. Devemos observar que são 
crianças que já passaram por várias situações de riscos. 
Pois isso, pode ser prejudicial para essas crianças, pois a expõe ainda mais a 
vulnerabilidade social. E ainda podem causar sérios sentimentos de frustração, 
quando não houver adoção. Deve ser observado com um olhar mais crítico essas 
ações de aceleramento da adoção tardia. 
Vale ressaltar aqui, um episódio acontecido com 18 adolescentes acima de 12 
anos desfilaram em uma passarela criada em um shopping de Cuiabá. Cerca de 200 
pessoas teriam acompanharam da plateia. 
Este episódio, teve várias críticas em relação principalmente ao aumento do risco 
da vulnerabilidade social que essas crianças e adolescente vem sendo expostos. A 
Anadef – Associação Nacional dos Defensores Públicos Federais manifestou 
indignação e repulsa ao evento. "​O ato representa grave violação aos direitos 
humanos ao tratar as crianças como um objeto de apreciação, podendo ocasionar 
graves efeitos psicológicos devido à exposição​." 
Mesmo que as intenções dessas ações e de muitas outras sejam as melhores 
possíveis, tanto para as crianças, quanto para os pretendentes. Devemos olhar se 
são realmente necessário essa exposição. 
 
É preciso falar deles, pensar neles e procurar encontrar meios de 
engajamento, principalmente quando se fala de crianças. Denunciar as 
injustiças e repensar a miséria e a tragédia cotidiana dessas crianças é uma 
reivindicação dos direitos da infância, mas também e simplesmente o direito 
à infância. (WEBER, 1998, p.34) 
 
Essas crianças e adolescentes já passaram e passam por várias situações, que é 
realmente viável mostrá-los como se fossem uma vitrine de mercadorias? Essas 
crianças devem ser protegidas e preservadas. 
 
 
 
 
 29 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
Ao longo deste trabalho, foi realizadas diversas descobertas e aprendizagens, 
onde foi possível aprender acerca do tema abordado. O processo rompeu com as 
abordagem do senso comum e a realidade que envolve a adoção tardia. Onde, foi 
possível compreender um novo olhar acerca do assunto e que é tão pouco discutido 
em nossa sociedade. Com isso, buscou analisar e compreender os dados obtidos 
nas leituras com uma análise mais crítica acerca da adoção tardia no Brasil. 
Os autores citados neste trabalho nos mostrar diversas dimensões acerca da 
adoção tardia. Com base nas leituras realizadas conclui-se que a adoção tardia é 
um reflexo da questão social. As conquistas pelos direitos das crianças e 
adolescentes e as políticas públicas criadas ao longo desses anos para a proteção 
dessas crianças e adolescentes é compreendido dentro do convívio familiar e 
comunitário. Por isso, quando não há uma reinserção ao convívio familiar, a criança 
e o adolescentes é colocado em uma família substituta, para efetivar seu direito do 
convívio familiar. Isso é uma questão que se intensifica na sociedade capitalista e 
individualista onde vivemos. A nossa cultura permite cada dia menos a dimensão 
coletiva e o comprometimento e cuidado com o outro. 
É importante dizer que uma das causas que impede a reintegração familiar da 
crianças e do adolescente é a ineficiência dos programas voltados para essas 
famílias, onde a maioria estão em situação de pobreza. E com sua vez, quando falta 
políticas públicas para essas famílias, elas permanecem em situações de risco e por 
consequência irão sofrer esse processo de ruptura. 
Uma das grandes dificuldades do processo de adoção demora, é que ainda a 
nossa sociedade possui preconceito de compreender esse processo. Que necessita 
de uma ruptura dos mitos que a envolve, sendo que esses mitos são os principais 
causadores da adoção tardia e um dos principais causadores da exclusão social 
dessas crianças e adolescentes institucionalizados. Vimos que a adoção tardia, 
requer um cuidado maior, pois envolve crianças e adolescentes que possui um nível 
de consciência da da sua história e que muitas vezes se consideram abandonados 
pelos seus familiares. E por isso, sua história e sua situação respeitada pelos 
pretendentes a adotá-los. 
 30 
Por isso, com base nas questõeslevantadas, é necessário que toda a sociedade 
seja consciente e passe por um processo de conhecimento acerca das crianças e 
adolescentes que perdem o convívio familiar e comunitário. Onde é necessário criar 
projetos ou campanhas que esclareçam dúvidas e que também incentiva não só a 
adoção tardia, mais qualquer outros programas que atendem essa demanda. 
Esses projetos poderia ser aplicado de diversas forma e lugares, contudo que 
não viole nenhum direito da criança e do adolescente, onde sua identidade seja 
respeitada e preservada. 
Os profissionais que trabalham nessa área sejam mais capacitados, através de 
reuniões, treinamentos, que aprimorem seus conhecimentos, levando em 
consideração que estas crianças e adolescentes estão sendo excluídos da nossa 
sociedade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 31 
REFERÊNCIAS 
 
 
 
ANDREI, E. 2001. ​Adoção, mitos e preconceitos. ​In​: F. FREIRE (org.), ​Abandono 
e adoção: Contribuições para uma cultura da adoção.​ Curitiba, Terra dos Homens. 
 
 
BERNARDINO, Karine de Paula; FERREIRA, Caroline Iwancow. ​Adoção Tardia e 
Suas Características. ​Revista Intellectus, 2013. Disponível em 
http://www.revistaintellectus.com.br 
 
BRASIL, ​Estatuto da criança e do adolescente: Lei federal n° 8069, de 13 de 
julho de 1990.​ Rio de Janeiro: Imprensa Oficial, 2002. 
 
 
BRASIL, Constituição (1988). ​Constituição da República Federativa do Brasil. 
Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 
 
 
BRASIL, ​Lei n° 12.010 de 03 de agosto de 2009. ​Estabelece as diretrizes da 
adoção. Brasília, DF. 
 
 
Cadastro Nacional de Adoção. (2019). ​Relatórios estatísticos. Brasília, DF: 
Conselho Nacional de Justiça. ​https://www.cnj.jus.br/cnanovo/pages/publico/index.jsf 
 
 
CAMARGO, Mário Lázaro. ​A adoção tardia no Brasil: desafios e perspectivas 
para o cuidado com crianças e adolescentes. Disponível em: 
http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?pid=MSC0000000082005000200013&s
cript=sci_arttext. Acesso em: 14 nov. 2019. 
 
 
CFEES. ​Atuação de assistentes sociais no Socio jurídico – subsídios para 
reflexão. ​Brasília, DF, 2014. 
 
 
EBRAHIM, Surama Gusmão. ​Adoção tardia: altruísmo, maturidade e 
estabilidade emocional. Psicol. Reflex. Crit., Porto Alegre, v.14, n.1, 2001. 
Disponível em: 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79722001000100006
&lng=en&nrm=iso>. Acesso em : 13 Nov. 2019. 
http://www.revistaintellectus.com.br/
https://www.cnj.jus.br/cnanovo/pages/publico/index.jsf
 32 
FERNANDES, Odete. ​Categorias fundamentais para a compreensão da 
instrumentalidade no trabalho do assistente social. ​Ponta Grossa, 2016. 
 
FERREIRA, M. R. P.; CARVALHO, S. R. ​1º Guia de adoção: novos caminhos 
dificuldades e possíveis soluções.​ São Paulo: Winners Editorial, 2002. 
 
FONSECA, Claudia. ​Caminhos da Adoção​. 3. ed., São Paulo, Cortez, 2006 
 
FREIRE, Débora Rodrigues; MARQUES, Valquíria; SILVA, Yuri Emmanuelle. 
Adoção Tardia e o Trabalho do Assistente Social. ​II Simpósio Mineiro de 
Assistentes Sociais – Minas Gerais, 2013. 
 
GUIMARÃES, Beatriz (Org.) (2011). ​Acolhimento em Pernambuco: a situação de 
crianças e adolescentes sob medida protetiva. Recife: Instituto Brasileiro 
Pró-Cidadania. 
 
IAMAMOTO & CARVALHO, Marilia Vilela & Raul de. ​Relações Sociais e Serviço 
Social no Brasil: esboço de uma interpretação histórico-metodológica. – 28 
Ed. – São Paulo: Cortez, 20. 
 
LIBERATI, Wilson Donizeti. ​Direito da Criança e do Adolescente.​ São Paulo: 
Rideel, 2006. 
 
 
MIRANDA, Humberto; VASCONCELOS, Maria Emília (orgs.). ​História da infância 
em Pernambuco.​ Recife: UFPE - Universidade Federal de Pernambuco, 2007. 
 
 
OSCAR, Naiana. ​Muralha de Medos e Mitos. In_ Adoção Tardia, Estadão Online, 
2007. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/especiais/adocao 
-tardia,8264.htm> Acesso em: 07/11/2019. 
 
Projeto “Adote um pequeno Torcedor”. 
https://www.tjpe.jus.br/-/projeto-adote-um-pequeno-torcedor-estimula-adocao-tardia 
 
https://www.tjpe.jus.br/-/projeto-adote-um-pequeno-torcedor-estimula-adocao-tardia
 33 
RIZZINI, Irene; PILOTTI, Francisco. ​A Arte de Governar crianças: a história das 
políticas sociais, da legislação e da assistência à infância no Brasil. 2ª. Ed. São 
Paulo: Cortez, 2009. 
 
 
SCHETTINI, Suzana Sofia Moeller. ​Filhos por adoção: um estudo sobre o seu 
processo educativo em famílias com e sem filhos biológicos. Dissertação 
(Mestrado). Universidade Católica de Pernambuco, 2007. 
 
 
SIMÕES, Carlos. ​Curso de direito do Serviço Social – Biblioteca Básica do 
Serviço Social. ​3° ed. São Paulo: Cortez, 2009. 
 
 
VARGAS, Marilzete Maldonato. ​Adoção Tardia: da Família Sonhada à Família 
Possível. ​2° ed. São Paulo; Editora Casa do Psicólogo, 2013. 
 
 
WEBER, L.N.D.; KOSSOBUDZKI, L.H.M. 1996. ​Filhos da solidão: 
Institucionalização, abandono e adoção.​ Curitiba, Governo do Estado do Paraná. 
 
 
WEBER, L.N.D. 1998. ​Laços de ternura: pesquisas e histórias de adoção. 
Curitiba. 
 
 
WEBER, L.N.D. ​Da Institucionalização à Adoção: Um Caminho Possível?​. 
Ministério Público do Pará. ​http://www.crianca.mppr.mp.br/pagina-104.html Acesso 
em: 14/11/2019. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.crianca.mppr.mp.br/pagina-104.html
 34

Continue navegando