Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MODELO DE RESUMO EXPANDIDO IDENTIFICADO ADOÇÃO TARDIA LATE ADOPTION Jéssica Pinto de Miranda¹ Talyssa Mariano de Paiva² Resumo O presente estudo versa sobre a adoção tardia e tem como objetivo verificar quais são seus aspectos atuais no Brasil. Para se compreender o objeto do presente estudo, é preciso expor que o número de crianças e adolescentes que se encontram abrigados à espera da finalização do processo de adoção é bastante significativo. Observa-se que as crianças e adolescentes acabam passando grande parte de suas vidas em Instituições de acolhimento e consequentemente privados do seu direito à convivência familiar. Palavras-chave: Adoção. Adoção Tardia. Crianças e Adolescentes. Abstract The present study deals with adoption and aims to verify which aspects are related to late adoption in Brazil. For the understanding or object of this study, it is necessary to state that the number of children and adolescents sheltered awaiting the completion of the worship process is quite significant. I know that children and adolescents end up spending a large part of their lives in foster care institutions and, consequently, deprived of their frankness with family life. Key-words: Adoption. Late Adoption. Children and Adolescents. INTRODUÇÃO O tema é atual e de suma importância, tendo em vista que, devido ao problema de abandono de menores, há um número grande de crianças em lares/orfanatos aguardando por adoções, uma das formas de voltarem ao seio familiar. Porém, há certa dificuldade de encontrar famílias dispostas a adotar crianças com idade superior a dois anos de idade, situação que piora a partir dos cinco anos de idade. Em razão da condição de vulnerabilidade de desenvolvimento que as crianças e adolescentes se encontram e, apesar das existências dos direitos garantidos na legislação pátria, vê-se que alguns de seus direitos ainda são violados diariamente. É o caso do direito à convivência familiar, que, embora previsto nos diplomas legislativos, mais especificamente no art. 19, ECA, tem aplicabilidade distante da realidade, conforme há de se averiguar através deste estudo. Logo, ao observar as instituições de acolhimento no Brasil, é possível observar crianças e adolescentes vivendo grande parte de sua infância e juventude longe de uma família, à espera de ter concretizado o seu direito à convivência familiar. Estudos apontam que quando mais idade a criança possuir, mais comum é o fato de as encontrar em instituições de acolhimento, pois se demonstra uma enorme dificuldade em coloca-los no núcleo de uma família. Considerando tais preocupações, o ponto inicial e principal deste estudo é a demonstração da importância do direito à convivência familiar, com perspectiva de ser um direito humano garantido por lei, bem como da constituição de uma família para as crianças e adolescentes adotados tardiamente. CONCEITO DE ADOÇÃO Adoção é um contrato solene que cria entre duas pessoas relações iguais às que resultariam de filiação legítima ou verdadeira, sendo regida pela lei nº 12.010/09, bem como pelo Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA. No que tange, ao conceito de adoção é pertinente destacar o que diz Maria Helena Diniz, (2010, p. 522) “Ato jurídico solene pelo qual, observados os requisitos legais, alguém estabelece, independentemente de qualquer relação de parentesco consanguíneo ou afim, um vínculo fictício de filiação, trazendo para sua família, na condição de filho, pessoa que, geralmente, lhe é estranha”. Ainda, nas lições de CUNHA (2009, p. 30), conceitua este instituto como “ato ou efeito de adotar, que é aceitar, assumir; forma pela qual se estabelece relação de filiação sem laço natural”. CLÓVIS BEVILACQUA, eminete jurista brasileiro, no seu livro “em defesa do projeto Código Civil”, escreveu: “... o instituto da adoção, tinha uma alta função social a desempenhar como instituição de beneficência destinada a satisfazer e desenvolver sentimentos afetivos do mais doce matiz, dando a quem não teve a ventura de gera-los, e desvelo paternais a quem privado deles pela natureza talvez condenado, sem ela a descer pela escada da miséria, e ao abismo dos vícios e dos crimes”. E reafirma suas ideias depois de entrar em vigor o código civil. “o que é preciso, porém salientar é ação benéfica social e individualmente falando, que a adoção pode exercer na sua fase atual. Dando filhos a quem não tem os tem por natureza, desenvolve sentimentos afetivos do mais puro quilate e aumenta na sociedade o capital de afeto e de bondade ao seu aperfeiçoamento moral”. Na lei, podemos encontrar o conceito de adoção descrito no Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu artigo 41: Art. 41: a adoção atribui a condição de filho ao adotando, com os mesmo direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer vínculo com os pais e parentes, salvo os impedimentos matrimonias”. Diante de tantas conceituações sobre o que seria adoção, constata-se que a adoção é o ato de adotar, acolher mediante processo regulado por lei, uma criança ou adolescente, atribuído a este a condição de filho, abraçando este no âmbito familiar, onde o mesmo deverá usufruir de todos os direitos e garantias do filho consanguíneo. ADOÇÃO TARDIA Popularmente, entende-se por adoção tardia a adoção de crianças maiores do que 2 anos de idade. Assevera-se que tal termo tem sido contestado porque pode dar a ideia de que a adoção aconteceu “fora do tempo”, e de que a adoção “no tempo certo” seria apenas a de bebês. Conforme artigo 2º da Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990, denominado Estatuto da Criança e do Adolescente, considera-se criança a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade (BRASIL, 1990). A criança ou o adolescente adotado têm uma história anterior ao início de seu relacionamento com os pais adotivos, que varia a cada caso: podem ter sido colocados no abrigo recentemente ou há muito tempo, em função de morte, abandono, ou destituição do poder familiar dos pais biológicos. Algumas crianças conseguiram criar laços afetivos com os cuidadores da instituição. Outras passaram por muitas mudanças de ambiente, e sofreram a falta de cuidado individualizado. Muitas desenvolvem formas pessoas de sobrevivência à carência emocional. Essas experiências deixarão marcas na criança, que poderão se amainar com o encontro de uma família adotiva carinhosa e presente. Para Herbet de Souza (2008): “o tempo é da criança e do adolescente e não do adulto. A criança e o adolescente não têm que esperar. O adulto é que tem que correr. A infância e a adolescência podem acabar amanhã.” O motivo pelo qual os adotantes optam por crianças mais novas, é para buscar uma melhor adaptação em relação ao filho e ao pai, tentando chegar a mais próximo da relação sanguínea. Desejam realizar o sonho de ver os primeiros passos de seu filho, as primeiras palavras, trocar fraldas, amamentar, dar colo, fazer dormir, poder construir uma história familiar desde o início. Muitos adotantes assinalam sobre o temor da criança ou adolescente ter a vontade de procurar seus pais biológicos, de terem ciência sobre a adoção e rejeitar todo o afeto que os pais adotantes lhes proporcionam, e tais fatos comprometerem a relação deles, de pais e filhos. Assim, para evitar tais “problemas” os adotantes optam, então, pela adoção de crianças menores de 2 anos, entendendo que tal fato não lhe causará os embaraços acima mencionados. Para adotar uma criança no Brasil o procedimento para a realização é burocrático, e preciso se candidatar à adoção sendo necessário ter mais de 18 anos e ter 16 anos a mais que a criança a ser adotada. O processo tem várias etapas que variam de acordo com o estado e com as Varas de Infância. É preciso apresentar osdocumentos solicitados de acordo com a unidade da Federação, de acordo com o Cadastro Nacional de adoção. No Brasil, a fila para quem deseja adotar uma criança é composta por 46,2 mil pretendentes. Deste total, 93,2% não aceitam adotar crianças maiores de 8 anos. O problema é que 62,9% das crianças no Cadastro Nacional de Adoção têm 8 anos ou mais (LIMA, 2019) As crianças consideradas "idosas" para adoção, segundo Vargas (1998, p. 35) “ou foram abandonadas tardiamente pelas mães, que por circunstâncias pessoais ou socioeconômicas, não puderam continuar se encarregando delas ou foram retiradas dos pais pelo poder judiciário, que os julgou incapazes de mantê-las em seu pátrio poder, ou, ainda, foram ‘esquecidas’ pelo Estado desde muito pequenas em ‘orfanatos’ que, na realidade, abrigam uma minoria de órfãos [...].” Os mitos que constituem a atual cultura da adoção no Brasil, apresentam-se como fortes obstáculos à realização de adoções de crianças "idosas" e adolescentes (adoções tardias), uma vez que potencializam crenças e expectativas negativas ligadas à prática da adoção enquanto forma de colocação de crianças e adolescentes em famílias substitutas. A criança recém nascida, e como nos apontam os números de Almeida (2003), é mais procurada pelas famílias postulantes à adoção. Tal fato se justifica pelo encontro de "possibilidades" e https://observatorio3setor.org.br/carrossel/adocao-no-brasil-a-busca-por-criancas-que-nao-existem/ https://observatorio3setor.org.br/carrossel/adocao-no-brasil-a-busca-por-criancas-que-nao-existem/ https://observatorio3setor.org.br/wp-content/uploads/2019/06/pretendentes-%C3%A0-ado%C3%A7%C3%A3o-25-06-2019.pdf https://observatorio3setor.org.br/wp-content/uploads/2019/07/faixa-et%C3%A1ria-crian%C3%A7as-cadastradas-no-CNA.pdf "expectativas" que nas mesmas se materializam, porque representam (segundo o imaginário dos adotantes). CONCLUSÃO Ante ao exposto, resta claro que existem estigmas da sociedade que devem ser desconstruídos em relação à adoção de crianças maiores de 8 anos, pois muitos dos medos dos adotantes são inerentes à adoção e não tem relação direta com a idade do adotando, o qual pode surpreender a todos com a gratidão pelo ato de amor. Ademais há a necessidade de maiores políticas governamentais e divulgação das benesses da adoção de crianças e adolescentes em fase de pleno desenvolvimento de como essas podem completar o desejo do adotante que só enxerga a adoção de bebês. Infelizmente, existem vários pontos a serem analisados pela ótica da adoção tardia, a grande maioria pode influenciar diretamente no psicológico da criança/adolescente rejeitado e, devido a isso o processo de adoção deve atender a cada dia mais a necessidade de celeridade processual, a fim de que em um lapso temporal menor a adoção seja totalmente efetivada, de modo que as crianças/adolescentes passem o menor tempo possível em abrigos ou casas lar. REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. R. A construção do afeto em branco e negro na adoção: limites e possibilidades de satisfação. 2003. 210 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Faculdade de Ciências e Letras de Assis. Universidade Estadual Paulista. Assis. 2003. BRASIL. Presidência da República. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Brasília, DF. BRASIL. Presidência da República. Lei nº 12.010, de 03 de agosto de 2009. Brasília, DF. DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: direito de família. 25. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. v. 5. 749 p. GIRARDI, Viviane. Famílias contemporâneas, filiação e afeto. A possibilidade jurídica da adoção por homossexuais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, VARGAS, M. M. Adoção tardia: da família sonhada à família possível. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1998.
Compartilhar