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O queijo e os vermes 01 ANDRESSA MENDES CARVALHO JÉSS ICA FERNANDES MOURÃO CARLO GINZBURG Carlo Ginzburg é um renomado Historiador e Antropólogo italiano, nascido na cidade de Turim. Formou-se em História e passou a lecionar na Universidade de Bolonha, na Itália, não muito tempo depois se mudou para os Estados Unidos onde passou a lecionar nas universidades de Harvard, Yale, Princeton e da Califórnia. Ginzburg ocupou durante duas décadas a cadeira de Renascimento Italiano no Departamento de História. Regressou ao seu país de origem para lecionar cultura europeia na mesma Escola Normal Superior de Pisa onde teve sua formação. Está entre os pioneiros, tornou-se um dos principais nomes da Microhistória, escola historiográfica que reduz a escala de observação e dá notoriedade a fatos relevantes que são ignorados dentro de um contexto construído de forma generalizadora, além de utilizar como recurso documental uma série de fontes que não era considerada pela história tradicional. Seus textos e a metodologia inovadora de pesquisa baseada no aprofundamento da vida de um indivíduo ou de uma comunidade para revelar detalhes de uma época lhe renderam vários prêmios, com destaque para o Prêmio Antonio Feltrinelli, em 2005, em razão de sua contribuição para a ciência histórica, e o Prêmio Balzan, em 2010, como personalidade das artes e da cultura. Carlo Ginzburg é membro honorário da Academia Americana de Artes e Ciências e é colaborador de importantes revistas das Ciências Humanas, tais como: Past and Present, Annales e Quaderni Storici. C R E A T IV E P O R T F O L IO O queijo e os vermes ANÁLISE DA OBRA 03 Breve apresentação 04 O ponto de partida do livro O queijo e os vermes é a história de Domenico Scandella, o qual vem a ser conhecido pelo nome de Menocchio, um moleiro do século XVI que foi perseguido pela inquisição de acordo com documentos encontrados por Ginzburg, essa perseguição aconteceu por Menocchio ter uma visão diferente daquela pregada pela Igreja. Por consequência o moleiro foi submetido a interrogatórios, nos quais ele apresentou suas crenças, a principal delas de que os conhecimentos bíblicos não seriam universais e, portanto, inquestionáveis. Isso fez com que os inquisidores o tratassem com certa desconfiança, por se manter fiel a essas crenças, Menocchio é então exilado. O moleiro voltou para a região da Itália depois de seu exílio e foi novamente perseguido pela inquisição. Quando foi questionado sobre as suas ideias, de onde teriam surgido, Scandella respondeu que teria acontecido de maneira natural, e usou a analogia de que da mesma forma acontecia como os vermes que surgiam no queijo. Membros do tribunal não acreditam em Menocchio, afinal um moleiro não poderia ter tal conhecimento e poder de argumentação, portanto, devia delatar quem o havia instruído em naquela heresia. Ele seguia insistindo a pessoa por trás de tais ideias o que lhe rendeu uma condenação perpétua depois que os inquisidores fizeram busca e apreensão em sua casa e acharam livros proibidos. 05Por que ESTUDAR ESTE processo? Através da leitura, é possível perceber que Ginzburg estava interessado em demonstrar em seu livro a complexidade de Menocchio, buscando assim chamar a atenção dos historiadores para que não se reduza uma figura histórica complexa sem uma extensa análise e reflexão acerca do contexto em que a mesma está inserida e assim debater sobre macro e micro história. É possível também que Ginzburg problematize as tendências que existem na profissão do historiador e coloca em foco a necessidade de interdisciplinaridade ao aliar a história à filosofia para compreender a figura de Menocchio. É preciso que se entenda que, no século XVI, existiam outras centenas ou milhares de processos ocorrendo no que hoje conhecemos como Itália, então o que leva Ginzburg a estudar justamente o processo de um moleiro? O historiador e antropólogo responde isso no próprio livro: um homem alfabetizado naquela classe social não era comum, leitor voraz, questionador, que sabia calcular e se analisarmos o que o autor traz na obra é possível perceber que Menocchio possuía certo nível autodidatismo. Tudo isso lhe conferia características bem próprias para o período em que vivia. Marco Temporal 06 Século XVI Pribição de outras interpretações da Bíblia Apreensão de livros considera dos proibidos Perseguições a pessoas que não fossem católicas O Q U E I J O E O S V E R M E S Todas essas características situam o texto no período em que acontecia Inquisição, mas também podemos citar o início do Renascença Italiana, que reflete em todo contexto daquela sociedade afetando a política, arquitetura, religião e economia da época. O renascentismo se expande posteriormente para toda Europa. 07 Marc Bloch no livro Apologia a História ou o ofício do historiador define que tempo é o plasma que envolve os acontecimentos e que não é possível entendê-los deslocando esses fenômenos do contexto em que aconteceram, pois é com ajuda deles que podemos conseguir ter uma maior compreensão do objeto de estudo. Desta maneira, o conceito tempo histórico está ligado a uma sucessão de eventos que vão ser dispostos e narrados de uma maneira lógica, de acordo com uma sequência temporal. Historiadores se utilizam deste recurso para apontar a passagem de tempo dentro da sociedade, desta forma, o tempo histórico em que o livro se passa é no período da Renasce, especificamente no século XVI, no que hoje conhecemos como Itália. O tempo histórico é entendido como tempo cronológico, aquele que envolve um calendário e datas, o tempo da conjuntura, que é a percepção da passagem daquele tempo e o tempo da estrutura que parece imutável porque as mudanças vão acontecendo muito devagar para o sujeito que as observa. CONCEITO DE TEMPO HISTÓRICO 08 O Q U E I J O E O S V E R M E S Conceitos estruturantes Foi possível identificar no livro três conceitos estruturantes sendo elas a cultura popular oral, circularidade cultural e micro-história. Para entender cada uma vamos tartar delas separadamente. ➢ Cultura popular oral: divulgação de conhecimento troca de saberes muito usual do período visto que os conhecimentos eram detidos por poucos. ➢ Circularidade cultural: prática da leitura - relação social de troca de livros como relata na história ➢ Micro-História: conceito de uma análise detalhada ou seja, o estudo do passado em nuances reduzidas observando questões bem específicas como acontece no livro sendo o alvo dos estudos aspectos sociais, econômicos, culturais . Para escrever o livro fora utilizados foram utilizados os Arquivos da Cúria Episcopapal da cidade de Udine, neste arquivo havia a preservação de uma quantidade considerável de documentos da inquisição ainda não explorados. Desse modo, Ginzberg debruça suas investigações para escrever O queijo e os vermes na seita Friuli. 09 O Q U E I J O E O S V E R M E S FONTES HISTÓRICAS 10 O Q U E I J O E O S V E R M E S Um sujeito social tem diversas definições, optamos por utilizer a que está disponível no site do Ministério da Educação no Caderno do Educador: História a qual diz o seguinte: Os sujeitos históricos podem ser entendidos como sendo os agentes da ação social, que se tornam significativos para o estudo da História, sendo eles indivíduos, grupos ou classes sociais, que atuam em grupo ou isoladamente e produzem para si ou para uma coletividade. (2010, p.09) Cabem aqui inúmeras críticas ao texto disponibilizado pelo MEC, mas a principal delas é que todos somos sujeitos históricos. Dito isto, O queijo e os vermes possui um como sujeito histórico uma sociedade em transição do período medievo para a renascença, com o maior enfoque no Menocchio. SUJEITOS HISTÓRICOS Referências 11 ❖ GINZBURG, Carlo. O Queijo e Os Vermes. São Paulo: Companhia das Letras, 1987❖ BLOCH, Marc. Apologia da história, ou o ofício do historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001. ❖ LaCapra, D. (2015). O queijo e os vermes: o cosmo de um historiador do século XX. Topoi (rio De Janeiro), 16(Topoi (Rio J.), 2015 16(30)). https://doi.org/10.1590/2237-101X016030011 Vancouver ❖ RAGAZZI, ALEXANDRE; MENESES, PATRICIA D.; QUÍRICO, TAMARA. Ensaios interdisciplinares sobre o Renascimento italiano. Editora Unifesp, 2021. ❖ DE PAULA, Ariane Alves Eufrásio. O saber e a montagem: um estudo de O Queijo e os vermes. Belo Horizonte. 2020. Disponível em: <https://docplayer.com.br/213317646-O-saber-e-a-montagem-um-estudo- de-o-queijo-e-os-vermes-de-carlo-ginzburg.html>. Acesso em: 18/12/2022 ❖ SILVA, Lulia Queiroz. Caderno do educador(a) : história / Lulia Queiroz Silva. – Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2010. 44 p. : il. -- (Programa Escola Ativa). Disponível em:< http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=5712-escola-ativa-historia- educador&Itemid=30192#:~:text=Os%20sujeitos%20hist%C3%B3ricos%20podem%20ser,si%20ou%20para %20uma%20coletividade>. Acesso em: 14/01/2023 https://doi.org/10.1590/2237-101X016030011 https://docplayer.com.br/213317646-O-saber-e-a-montagem-um-estudo-de-o-queijo-e-os-vermes-de-carlo-ginzburg.html http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=5712-escola-ativa-historia-educador&Itemid=30192#:~:text=Os%20sujeitos%20hist%C3%B3ricos%20podem%20ser,si%20ou%20para%20uma%20coletividade 12 O Q U E I J O E O S V E R M E S Obrigada PELA SUA ATENÇÃO Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12
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