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Coagulopatias Adquiridas e CIVD Coagulograma: Principais Coagulopatias Adquiridas: Distúrbios adquiridos da coagulação são mais comuns do que os distúrbios hereditários. Ao contrário destes, deficiências múltiplas de fatores são usuais. Deficiencia de Vitamina K: A vitamina K, lipossolúvel, é obtida de vegetais verdes e da síntese bacteriana no intestino. A deficiência pode estar presente ao nascimento (doença hemorrágica do recém-nascido) ou em outras situações durante a vida. Pode ser causada por dieta inadequada, má- absorção, ou inibição de vitamina K por fármacos, como os dicumarínicos (varfarina e femprocumona*), que agem como antagonistas da vitamina K. Esses fármacos ocasionam diminuição na atividade funcional dos fatores li, VII, IX e X e das proteínas C e S, pois métodos imunológicos mostram níveis normais destas proteínas. As proteínas não funcionais são chamadas de PIVKA (proteinsformed in vitamin K absence). A conversão de fatores PIVKA em suas formas biologicamente ativas é um evento pós-tradução, envolvendo carboxilação de resíduos de ácido glutâmico na região N-terminal, em que esses fatores mostram grande homologia de sequência (figura abaixo). O ácido glutâmico gama- carboxilado liga íons cálcio, induzindo uma alteração reversível de forma nos N-terminais das proteínas vitamina Kdependentes. Isso expõe resíduos hidrofóbicos que se ligam ao fosfolipídio. No processo de carboxilação, a vitamina K é convertida em epóxido de vitamina K, o qual é reciclado à forma reduzida por uma redutase (VKO RC1). Os dicumarínicos interferem na ação da redutase do epóxido de vitamina K, levando à sua deficiência funcional. Doenca Hemorragica do RN: Os fatores vitamina K-dependentes são escassos no plasma ao nascimento e diminuem ainda mais nas crianças com aleitamento materno nos primeiros dias de vida. Imaturidade das células hepáticas, falta de bactérias intestinais para a síntese de vitamina K e baixa quantidade no leite materno contribuem para uma deficiência que pode causar hemorragia, geralmente entre o segundo e o quarto dias de vida, podendo ocorrer também durante os primeiros dois meses. ❑ Diagnóstico: os testes de coagulabilidade de rotina mostram -se prolongados, o TP mais significativamente que o TTPA (ou K- TTP). A contagem de plaquetas e o fibrinogênio são normais, com ausência de produtos de degradação da fibrina. ❑ Profilaxia: durante muitos anos, a vitamina K foi administrada para todos os recém-nascidos na forma de injeção intramuscular única de 1 mg. Este ainda é o tratamento mais adequado e seguro. Depois de evidências epidemiológicas sugestivas de possível ligação entre vitamina K por via intramuscular e aumento do risco de tumores na infância, sem que tenha havido trabalhos clínicos randomizados para comprová-las, alguns centros passaram a recomendar tratamento por via oral. ❑ Tratamento em Lactentes com sangramento: 1 mg de vitamina K por via intramuscular a cada seis horas. Em hemorragias graves também administrar, inicialmente, concentrado de complexo protrombínico. Deficiencia de Vitamina K em Criancas e Adultos: A deficiência resultante de icterícia obstrutiva, doença pancreática ou do intestino delgado ocasionalmente causa manifestações hemorrágicas em crianças e adultos. ❑ Diagnóstico: o PT e o TTPA (- K-TTP) são prolongados - o PT mais que o TTPA. Os níveis plasmáticos de fatores li, VII, IX e X são baixos, mas as dosagens não são rotineiramente feitas. ❑ Profilaxia: 5 mg diários de vitamina K oral. ❑ Tratamento com Sangramento ativo ou Antes de biópsia de fígado: 1 O mg de vitamina K, lentamente, por via intravenosa. Já pode-se notar alguma correção do TP em seis horas. A dose deve ser repetida nos dois dias seguintes, e após esse período a correção é completa. Hepatopatia: Anormalidades hemostáticas múltiplas contribuem para a tendência hemorrágica das hepatopatias severas e podem exacerbar hemorragias de varizes esofágicas. 1. Obstrução das vias biliares resulta em diminuição da absorção de vitamina K, diminuindo a síntese de fatores li, VII, IX e X pelas células parenquimatosas do fígado. 2. Em doença hepatocelular grave, além da deficiência desses fatores, quase sempre há diminuição dos níveis de fator V e fibrinogênio, e aumento dos níveis de ativador do plasminogênio. 3. E observada anormalidade funcional do fibrinogênio (desfibrinogenemia) em muitos pacientes. 4. Diminuição da produção de trombopoetina pelo fígado contribui para a trombocitopenia. 5. Hiperesplenismo associado a hipertensão portal frequentemente causa trombocitopenia. 6. Coagulação intravascular disseminada (CIVD) pode ser relacionada à liberação de tromboplastina das células hepáticas lesadas e a concentrações baixas de antitrombina, proteína C e Œ2- antiplasmina. Além disso, há diminuição da remoção de fatores de coagulação ativados e aumento da atividade fibrinolítica. 7. O balanço hemostático final nas hepatopatias avançadas pode ser protrombótico em vez de hemorrágico. CIVD: A Coagulação Intravascular Disseminada (CIVD) é a deposição intravascular inapropriada e dissemina de fibrina, com consumo de fatores de coagulação e plaquetas, ocorre como consequência de muitas doenças que liberam materiais coagulantes na circulação ou causam lesão endotelial disseminada ou agregação de plaquetas. Pode associar-se a síndrome hemorrágica ou trombótica fulminante, com disfunção de órgãos, ou ter evolução menos grave e mais crônica. Causas: Fisiopatologia: O evento-chave da CIVD é uma atividade aumentada de trombina na circulação, que ultrapassa a capacidade de remoção pelos anticoagulantes naturais. Isso pode surgir por liberação de fator tecidual (TF) na circulação a partir de tecidos lesados, de células tumorais ou da regulação para cima de fator tecidual em monócitos circulantes ou em células endoteliais, como resposta a citocinas pró- inflamatórias (p. ex., IL-1, TNF e endotoxina). 1. A CIVD pode ser desencadeada pela entrada de material coagulante na circulação nas seguintes situações: embolia por líquido amniótico, descolamento prematuro de placenta, adenocarcinomas secretores de mucina disseminados, leucemia promielocítica aguda, hepatopatia, malária por P. falciparum, reação hemolítica à transfusão e picadas de algumas serpentes. 2. A CIVD também pode ser iniciada por lesão endotelial disseminada e exposição de colágeno (p. ex., endotoxemia, septicemia por bacilos gram – e meningococo, aborto séptico), certas infecções virais, queimaduras graves e hipotermia: citocinas pró- inflamatórias e ativação de monócitos por bactérias regulam para cima o TF e, também, fazem ser liberadas na circulação micropartículas que expressam atividade de TF. Além do seu papel na deposição de fibrina na microcirculação, a formação de trombina intravascular produz grande quantidade de monômeros de fibrina circulantes, os quais formam complexos com fibrinogênio e interferem com a polimerização da fibrina, contribuindo, dessa forma, para o defeito de coagulação. A fibrinólise intensa é estimulada por trombos na parede vascular, e a liberação de produtos de degradação interfere na polimerização da fibrina, também contribuindo para o defeito de coagulação. A ação combinada de trombina e plasmina causa depleção do fibrinogênio e dos demais fatores de coagulação. A trombina intravascular também causa agregação disseminada de plaquetas nos vasos. Os problemas de sangramento, característicos de CIVD, são agravados pela trombocitopenia causada por consumo de plaquetas. Achados Clínicos: Em geral, predominam manifestações hemorrágicas, sobretudo em locais de punção venosa ou de ferimentos. Pode haver sangramento generalizado no TGI, na orofaringe, nos pulmões, no trato urogenital. Em casos obstétricos, o sangramento vaginal pode ser particularmentegrave. Com menor frequência, microtrombos podem causar lesões cutâneas, insuficiência renal, gangrena de dedos e artelhos ou isquemia cerebral. Alguns pacientes podem desenvolver CIVD subaguda ou crônica, principalmente com adenocarcinomas secretores de mucina. Achados Laboratoriais: Tratamento: O mais importante é o tratamento da causa subjacente. O tratamento dos pacientes que apresentam sangramento difere do tratamento dos pacientes com problemas trombóticos. ❑ Sangramento: o tratamento de suporte com plasma fresco congelado e concentrados de plaquetas é indicado em pacientes com sangramento extensivo ou perigoso. Crioprecipitado ou concentrados de fibrinogênio fornecem fibrinogênio em doses maiores; transfusões de concentrados de eritrócitos podem ser necessárias. ❑ Trombose: o uso de heparina ou de fármacos antiplaquetários para inibir o processo de coagulação deve ser considerado em pacientes com problemas trombóticos, como isquemia de pele. Os inibidores da fibrinólise são contraindicados, pois isso ocasionaria falta de lise de trombos em alguns órgãos, como os rins. Referencias Bibliograficas: 1. Fundamentos em hematologia. 6a.ed. Porto Alegre: Artmed, 2018. Capítulo 26: Distúrbios adquiridos da coagulação; 2. Aula SanarFlix: CIVD (módulo de hematologia). 3. Resumos da Med. 4. Resumo TBL 1: https://www.passeidireto.com/arquivo/117764385/hemostasia-e- coagulopatias-hereditarias https://www.passeidireto.com/arquivo/117764385/hemostasia-e-coagulopatias-hereditarias https://www.passeidireto.com/arquivo/117764385/hemostasia-e-coagulopatias-hereditarias
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