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Tutoria| Prob 03: “Beber, cair, levantar...” Módulo 2 | P6 Tutora: Mariana Silvestre Natalia Alves Cirrose hepática alcoólica e Coagulação Intravascular Disseminada ➢ Definição: • A cirrose hepática é uma lesão crônica do fígado, consequentemente todas as doenças hepáticas crônicas e ocorre por processo patológico difuso, caracterizado por fibrose e conversão da arquitetura hepática normal para nódulos estruturalmente anormais, conhecidos como nódulos regenerativos. Sendo tradicionalmente considerada uma lesão irreversível. • Ela pode decorrer de diversas causas e é o estágio final de qualquer doença hepática crônica. Pode levar a hipertensão portal, insuficiência hepática e carcinoma hepatocelular. Em geral, é considerada irreversível nos estágios avançados, embora possa haver uma recuperação significativa se a causa subjacente for tratada. • De início, a cirrose alcoólica é micronodular, mas, com o tempo, transforma-se em macronodular, tal qual a viral. • A alteração vascular mais característica na cirrose é o aparecimento de anastomoses porto-hepáticas, verdadeiras fístulas que encaminham o sangue portal às veias hepáticas, privando os hepatócitos de adequado aporte de fatores hepatotróficos, como, por exemplo, insulina e glucagon. • Na hepatopatia alcoólica, ocorre acentuado depósito de colágeno no espaço de Disse, principalmente nas áreas centrolobulares. ➢ Epidemiologia: • Mais da metade das mortes por cirrose hepática são atribuíveis ao álcool e parte considerável da mortalidade por acidentes automobilísticos também. ➢ Fatores de risco: • Consumo excessivo de álcool • Quantidade e duração do consumo • Tipo de bebidas: Destilados e cervejas. • Obesidade; • Desnutrição. ➢ Fisiopatologia: • Os mecanismos subjacentes à lesão hepática alcoólica podem ser amplamente classificados naqueles causados pelos efeitos do álcool diretamente sobre os hepatócitos e naqueles causados pelos efeitos mediados por células de Kupffer. • Os mecanismos dos hepatócitos incluem o estado de redox alterado induzido por reações ao álcool e aldeído desidrogenase, o estresse oxidativo e peroxidação lipídica causados pela indução de enzimas CYP2E1 e do sistema de transferência de elétrons mitocondriais; e os efeitos do álcool sobre os fatores de transcrição nuclear AMP cinase e SREBP-1c, formação de proteínas aduzidas e metabolismo alterado de metionina e folato com estresse do retículo endoplasmático resultante. • O consumo crônico de álcool aumenta a permeabilidade intestinal e a endotoxemia portal, ativando as células de Kupffer. • As células de Kupffer ativadas liberam certo número de mediadores pró-inflamatórios, incluindo fator de necrose tumoral-α (TNF-α), fator transformador de crescimento-β1 (TGF-β1), interleucinas 1, 6, 8 e 10 e fator de crescimento derivado de plaquetas (FCDP). TNF-α possui uma multiplicidade de efeitos biológicos e causa apoptose de hepatócitos, enquanto TGF-β1 e FCDP desempenham importantes papéis na ativação de células estreladas, produção de colágeno e fibrose hepática. • As doenças hepáticas, em sua fase cirrótica, frequentemente evoluem com distúrbios da crase sanguínea. A natureza desses distúrbios é complexa e multifatorial em decorrência da interação dinâmica entre os sistemas pró-coagulante, anticoagulante e fibrinolítico. • A cirrose hepática resulta em graus variados de déficit de fatores plasmáticos da coagulação (com exceção do fator VIII), disfunção e diminuição do número de plaquetas, disfunção endotelial e hiperfibrinólise. • Condições associadas contribuem para agravar os distúrbios de coagulação. • A insuficiência renal comumente associada à doença hepática avançada agrava a disfunção plaquetária. • Infecções bacterianas levam à liberação de heparinoides endógenos, o que explica a piora de diversos parâmetros de coagulação durante episódios de infecções graves, em particular da peritonite bacteriana espontânea. • Dentro dessa visão clássica, todos esses fatores se combinam para determinar um estado de hipocoagulabilidade. CIRROSE HEPÁTICA ALCOÓLICA Tutoria| Prob 03: “Beber, cair, levantar...” Módulo 2 | P6 Tutora: Mariana Silvestre Natalia Alves • A cirrose, definida como alteração crônica e irreversível do fígado, processo difuso que envolve todo órgão, pode ser classificada em duas fases: o CLINICAMENTE COMPENSADA: ▪ A ausência de queixas clínicas pode estar confrontada com achados de exame físico compatíveis com hipertensão portal (o fígado não é palpável, havendo esplenomegalia bem menos destacada em relação à esquistossomótica) e alterações sorológicas das enzimas hepáticas. ▪ USG abdominal: já pode demonstrar atrofia do órgão, irregularidade do parênquima, esplenomegalia e aumento do calibre portal; a biópsia hepática é indicada para confirmação diagnóstica. ▪ Angiografia: as veias porta e esplênica não estão tão dilatadas quanto na esquistossomose, a artéria hepática é desenvolvida e a microvasculatura hepática é rica, havendo aspecto vascular floculado que chega à periferia do órgão, cujo volume global está reduzido. ▪ Estes pacientes têm 90% de sobrevida de cinco anos, mas aos dez anos de seguimento, a probabilidade de sobrevivência é de 47%, pior ainda para os que descompensam, cuja probabilidade cai a 16% em cinco anos. ▪ A bilirrubina sérica e o tempo de protrombina são os mais sensíveis indicadores laboratoriais de prognóstico. ▪ É importante rastrear tais pacientes quanto à possibilidade de surgimento de hepatocarcinoma, com exames de imagem a cada três meses e com dosagem seriada de alfafetoproteína. ▪ Os pacientes sem varizes esofágicas devem ser submetidos a endoscopia digestiva alta a cada dois anos; ▪ Aos que apresentam vasos de pequeno calibre, indica-se endoscopia anual; ▪ Aos portadores de varizes de grosso calibre, deve ser ministrado beta-bloqueador profilático. o DESCOMPENSADA: ▪ Evidências mais frequentes: são ascite, icterícia, encefalopatia hepática e sangramento digestivo alto, contando-se também “spiders” (aranhas vasculares) e “flapping” (movimento involuntáriao grosseiro das mãos. ▪ As alterações laboratoriais são marcantes: ✓ Hiperbilirrubinemia; ✓ Elevação dos níveis séricos de transaminases, de fosfatase alcalina e de gamaglutamiltranspeptidase ; ✓ Hipoalbuminemia; ✓ Hiperamonemia. ▪ Com o aparecimento de ascite, o prognóstico de sobrevivência de um e cinco anos, passa, respectivamente, a 50% e 20%, caindo ainda mais se for caracterizada síndrome hépato renal.Ascite refratária, assim como ▪ hiponatremia, necessidade de tratamento de peritonite bacteriana primária e síndrome hépato-renal constituem indicações clínicas de transplante hepático, tanto como icterícia e encefalopatia. ▪ A hemorragia das varizes, que incide de 15 a 68% nos cirróticos está associada com mortalidade de 30 a 50%, com risco de ressangramento de 70% nos sobreviventes no período de um ano. Tutoria| Prob 03: “Beber, cair, levantar...” Módulo 2 | P6 Tutora: Mariana Silvestre Natalia Alves ▪ Considerando-se a classificação de Child-Pugh, que considera ascite, encefalopatia, hipoalbuminemia, bilirrubinemia e tempo de protrombina como índices de gravidade, para classificar os pacientes em estádios A, B e C em escala crescente de perda da função hepática, o calibre das varizes e a presença de “red spots” estabelece-se o risco de sangramento, mas por maior que seja a vigilância e a orientação, muitos destes pacientes acabam apresentando episódio agudo de hemorragia em determinado momento. ➢ Diagnóstico: • Achados laboratoriais: o Níveis séricos de albumina ou bilirrubina anormais, bem como elevação do “índice de normalização internacional” (INR). o Contagem baixa de plaquetas (<150.000/mm3), que ocorre como resultado da hipertensão portal e hiperesplenismo. o Hepatoparia sem cirrose os níveis de ALT (TGP) costuma estar maiores que os AST (TGO), dando relaçãoALT/AST >1. Quando a cirrose se instala há uma inversão desse padrão ALT/AST<1, mas em pacientes com doença hepática alcoólica a relação ALT/AST costuma ser <1 nas fazes pré-cirróticas. o Em dano hepatocelular leve a ALT é a forma predominante no soro, enquanto em lesões graves a AST predomina. o Exames por imagem confirmatórios: TC, USG e RM. o Achados compatíveis com cirrose: contorno hepático nodular, fígado diminuído com ou sem hipertrofia do lobo caudado ou esquerdo, esplenomegalia e, em particular, a identificação de vasos colaterais intra-abdominais indicativos de hipertensão portal. o Elastografia transitória: uma nova técnica não invasiva com base na propagação de ondas de ultrassom, mede a rigidez do fígado e parece ser útil no diagnóstico de cirrose. • Para avaliar a FUNÇÃO HEPÁTICA: bilirrubina, INR, albumina, coagulograma... • Para avaliar DANO INTRACELULAR: TGO e TGP (também podem estar alterado em quadros de lesão muscular). ➢ Quadro clínico: Tutoria| Prob 03: “Beber, cair, levantar...” Módulo 2 | P6 Tutora: Mariana Silvestre Natalia Alves • A manifestação clínica varia de assintomática para insuficiência hepática grave com icterícia, ascite, sangramento GI e encefalopatia. Ocorrem anorexia, náuseas, vômitos, febre, icterícia e hepatomegalia dolorosa. • Há um quadro colestático ocasional que simula obstrução da via biliar. • Aspartato Aminotransferase (AST) habitualmente <400 U/L é mais que 2x mais alta que a alanina aminotransferase (ALT). ➢ Tratamento: • Não farmacológico: o Não usar bebidas alcoólicas. o Não administrar sedativos (risco de encefalopatia hepática). o Não administrar AINES (risco de síndrome hepacorrenal). o Dieta hipossódica, especialmente para pacientes com ascite. o Dieta pobre em proteínas animais somente para pacientes. • Farmacológico: o Profilaxia da peritonine bacteriana espontânea (PBE): norfloxacino. o Em casos de hepatites crônicas: corticoides associados ou não a azatioprina. • Sonda de Segstaken-Blackmore: é considerada uma alternativa eficaz de tratamento paliativo em vigência da hemorragia digestiva por varizes de esôfago, com finalidade de promover a hemostasia momentânea, por curto período de tempo (menor que 24 horas) até ser possível o tratamento definitivo (medicamentoso, endoscópico ou cirúrgico. • Transplante: é uma opção razoável para pacientes com cirrose alcoólica descompensada, e dados observacionais sugerem que o transplante hepático precoce pode melhorar a sobrevida em pacientes com hepatite alcoólica grave refratária a medicamentos. Porém, seis meses de abstinência e intenso apoio social geralmente são necessários para a elegibilidade Tutoria| Prob 03: “Beber, cair, levantar...” Módulo 2 | P6 Tutora: Mariana Silvestre Natalia Alves ➢ Manejo: ➢ Definição: • A coagulação intravascular disseminada (CIVD) é definida como uma síndrome adquirida, caracterizada pela ativação difusa da coagulação intravascular, levando a formação e deposição de fibrina na microvasculatura. • Uma síndrome adquirida caracterizada pela ativação das vias de coagulação, que resulta na formação de trombos intravasculares e na depleção de plaquetas e dos fatores de coagulação. • O sistema fibrinolítico está, em geral, amplamente inativado durante a fase de maior ativação da coagulação, o que contribui para deposição de fibrina. o Porém em algumas situações a fibrinólise pode estar acelerada, contribuindo, assim, para quadros de sangramento grave. • A deposição de fibrina pode levar à oclusão dos vasos e consequente comprometimento da irrigação sanguínea de diversos órgãos, o que, em conjunto com alterações metabólicas e hemodinâmicas, contribui para a falência de múltiplos órgãos. O consumo e consequente depleção dos fatores da coagulação e plaquetas, resultantes da contínua atividade pró-coagulante, pode levar a sangramento difuso, o que frequentemente é a primeira manifestação notada. • Importante ressaltar que a CIVD é sempre secundária a uma doença de base, e a identificação e tratamento da condição predisponente são fundamentais para resolução da síndrome. COAGULAÇÃO INTRAVASCULAR DISSEMINADA (CIVD) Tutoria| Prob 03: “Beber, cair, levantar...” Módulo 2 | P6 Tutora: Mariana Silvestre Natalia Alves ➢ Fatores de risco: • Trauma maior, queimadura, destruição de órgão ou spese, infecção grave. • Sepse/infecções, leucemia, transplante, insuficiência hepática aguda, reações alérgicas, acidente ofídico, hipotermia, deficiência homozigótica de proteína C, tumores sólidos, cirrose, vasculite, Sd Kasabach-Merrit, SARA (síndrome da angústia respiratória do adulto). • Doenças ou complicaçãoes obstétricas gravas: Embolia do líquido amniótico, descolamento de placenta, aborto séptico, rutura uterina, pré-eclâmpsia, sepse, síndrome de HELLP, feto morto retido. • Tumores sólidos e magnidade hematológicas. • Reações tóxicas ou imunológicas gravas. • Doenças vasculares graves (grandes aneurismas da aorta ou hemangiomas gigantes). • Medicina transfusional: Reação hemolítica transfusional aguda, transfusão maciça. ➢ Etiologia: ➢ Fisiopatologia: • Em organismo saudáveis, os mecanismos normais de formação do coágulo e da fibrinólise são bem equilibrados. Por isso, a coagulação e a formação de coágulos ocorrerão apenas sob demanda. Na CIVD, este equilíbrio é perturbado e proporciona uma formação excessiva de coágulos com hemorragia concomitante. • A trombose pode ser predisposta por 3 fatores, que formam a conhecida tríade de Virchow: o Estase venosa (diminuição do fluxo); o Hipercoagulabilidade; o Lesão à parede dos vasos sanguíneos. • Portanto, qualquer doença/processo que resulte em estase capilar, perda da integridade vascular, ou hipercoagulabilidade (ex: presença da microorganismos patológicos na corrente sanguínea ou necrose tecidual) pode gerar a perda do equilíbrio entre a hemostasia e fibrinólise e induzir a CIVD. • Os pró-coagulantes teciduais, como a trombina, são liberados em diversas condições clínicas comuns incluindo o trauma, hemólise, pancreatite, infecções bacterianas, hepatite aguda, distúrbios sanguíneos imunomediados e possivelmente algumas neoplasias. Tutoria| Prob 03: “Beber, cair, levantar...” Módulo 2 | P6 Tutora: Mariana Silvestre Natalia Alves • A trombina, por usa vez transforma o fibrinogênio plasmático (fator I) em fibrinas que se polimerizam para formar a rede de plaquetas. Esssa produção patológica de fibrinas, acaba pela formação exacerbada de trombos que se depositam em vasos de diversos tecidos ou órgãos. No caso de acidentes ofídicos, a Bothrops jararaca é a principal espécie causadora de transtornos no Brasil, a peçonha em si possui substâncias que tem ação coagulante, proteolítica e vasculotóxica. • As células endoteliais são ricas em tromboplastina, que por sua vez ativa o sistema de coagulação quando lesionada. As plaquetas podem ser ativadas por uma variedade de estímulos, mas principalmente pela sepse. Elas fazem parte fundamental da hemostasia primária e secundária do organismo. • Coagulação: o O processo de CID é iniciado quando há um estímulo para a produção de trombina que ocorre geralmente pela via extrínseca devido à liberação ou aumento da expressão do fator tecidual, como na sepse ou no trauma. Ocasionalmente, o processo pode afetar a via intrínseca devido ao dano endotelial como nas desordens de origem vascular. o O fator X ativado gera trombina a partir de protrombina por clivagem do N-terminal, e forma fragmentos de protrombina 1 e 2. A trombina cliva o fibrinogênio dentro dos fibrinopeptídeos A e B (FPA e FPB), e gera monômeros de fibrina. A trombina também libera interleucina-1 (IL-1) e fator de necrose tumoral (FNT) a partir de monócitos e macrófagos, e este processo é aprimorado na presença de bactérias gram-negativas. o Além disso, a trombina induz o endotélio vascular a liberar endotelina. Senão houver nenhuma atividade fibrinolítica, então os monómeros de fibrina, que são formados como resultado da ativação do pró-coagulante poderiam polimerizar para formar polímeros de fibrina complexos na presença de fator XIII resultando em trombose difusa. • Fibrinólise: o Em CID, o sistema fibrinolítico também é ativado e a plasmina é gerada. A plasmina então cliva o fibrinogênio e forma os fragmentos X, Y, D e E. Estes fragmentos formam os produtos de degradação de fibrinogênio. Os fragmentos X e Y combinam com o monômero de fibrina e formarem monômero solúvel de fibrina, conhecido assim, pois não pode ser polimerizado e, portanto, isso agravaria o sangramento. Os fragmentos D e E ligam-se à membrana de plaquetas resultando em disfunção plaquetária que irá potencializar o sangramento. A plasmina cliva o dímero-D, que é o produto de degradação de fibrina mais específico. o O sistema complementar também é ativado pela plasmina, que resulta em agravamento de muitas das manifestações clínicas de CID. Ativação da plasmina levaria ao aprimoramento do sangramento, porém, os PDFs e dímeros-D lançam PAI-1 a partir dos monócitos e macrófagos o que diminuiria a fibrinólise e aprimoraria a precipitação de polímero de fibrina. Os níveis aumentados de PAI-1 são especialmente vistos na sepse, já que haverá um número maior de monócitos e macrófagos na circulação. A trombose é predominante e contribui ainda mais para a lesão dos órgãos. • Citocinas: o O papel de várias citocinas e peptídeos vasoativos tem sido elucidado. o Os produtos de degradação de fibrina (PDFs e dímeros-D liberam IL-1, IL-6 e fator tecidual (TF) a partir dos monócitos e macrófagos); IL-1 e IL-6 danificam e quebram o endotélio vascular, e aprimoram a trombose junto com o fator tecidual. o A trombina induz a liberação de E-selectina e endotelina a partir do endotélio vascular. o A E-selectina liberada, liga-se a granulócitos, linfócitos, monócitos e macrófagos, e induz mais liberação de citocina e de fator de ativação das plaquetas (PAF). o O PAF induz ainda trombocitopenia e assim agrava o sangramento. o A endotelina provoca vasoconstrição e vasoespasmo o que induz trombose. Os granulócitos se ligam ao endotélio e liberam enzimas proteolíticas tais como a elastase e catepsina o que danifica diretamente os tecidos e degrada muitos dos pró-coagulante e fatores pro fibrinolíticos. • Inibidores inibidores de coagulação: o Durante o processo de CID, os inibidores como a proteína C, proteína S e antitrombina também são consumidos junto com outros fatores de coagulação. o A Proteína C e cofator de proteína S regulam principalmente as quantidades de trombina e fator X que são formados a partir dos seus respectivos precursores. o A antitrombina, em contraste, inibe as enzimas geradas durante a ativação da cascata de coagulação, especialmente trombina, Xa e Ixa. o A antitrombina necessita se ligar a uma unidade específica d pentassacarídeo de heparina para ficar ativa. o Os glicosaminoglicanos (GAG) sulfatados de heparina na superfície das células endoteliais também contém unidade de pentassacarídeo e pode, assim, ativar antitrombina. o A maior parte da ativação da enzima pela antitrombina ocorre no endotélio. A ligação de antitrombina aos GAGs também libera prostaciclina que possui fortes propriedades anti-inflamatórias. Tutoria| Prob 03: “Beber, cair, levantar...” Módulo 2 | P6 Tutora: Mariana Silvestre Natalia Alves o O inibidor de via de fator tecidual (TFPI), que é produzido constitutivamente nas células e doteliais, parece desempenhar um papel na inibição de trombose e CID. No entanto, os níveis plasmáticos de TFPI não diminuem em sepse, mas podem aumentar devido à liberação vindas das células endoteliais. o Uma vez ativada a cascata de coagulação (disseminada na microvasculatura do organismo), diversos eventos ocorrem. Embora eles sejam descritos em sequência, a maioria deles ocorre simultaneamente e a intensidade de cada um varia com o tempo e, assim, tornando o processo extremamente dinâmico. o Os processos que ocorrem são: ▪ 1. Os tampões hemostáticos primários e secundários são formados de forma excessiva levando à formação de múltiplos trombos na microcirculação levando à isquemia em diversos órgãos e consequente falência. ▪ 2. Durante essa excessiva coagulação intravascular as plaquetas são consumidas em grandes quantidades resultando em trombocitopenia que leva a hemorragia. ▪ 3. O sistema fibrinolítico é ativado sistemicamente (Antitrombina III, proteínas C e S) levando a lise do coágulo e inativação (ou lise) dos fatores de coagulação e função plaquetária deficiente levando a hemorragia. ▪ 4. A formação de fibrina no interior da microcirculação envolve as hemácias levando a anemia hemolítica. Aparecem hemácias fragmentadas ou esquistócitos. o Quando esses eventos são levados em consideração, podemos entender a hemorragia espontânea em casos de trombose de múltiplos órgãos. A hemorragia ocorre devido à trombocitopenia, função plaquetária deficiente e inativação dos fatores de coagulação. ➢ Quadro clínico: • Os sinais clínicos apresentados são variáveis e derivados da doença primária, podendo ser: o Epistaxe, hematêmese, hematúria, hematoquezia, hemorragia prolongadas, sangramento fendical, oligúria, tosse, dispneia, e concomitante com outras doenças de caráter sistêmico, como icterícia, desidratação, hipertermia, hepatomegalia, presença de petéquias, equimoses e hematomas. • Exame físico: petéquias, equimoses, gangrena, desorientação mental, hipóxia, hipotensão e hemorragia digestiva. • Divisão CIVD: o Subaguda: Difícil de detectar, pois os sinais podem estar ausentes ou serem inespecíficos. Ocorre a hipercoagulabilidade. Os testes de coagulação podem estar normais ou diminuídos e a contagem de plaquetas pode estar normal. o Aguda: É a forma fulminante. Ocorre descompensação aguda em casos de neoplasia (hemangiossarcoma), sepse e traumas. Nesta apresenta hemorragias primárias (petéquias, equimoses e mucosas) e secundárias (cavidades orgânicas) espontâneas, anemia e/ou trombose de órgãos parenquimatosos. Nesse caso, todos os testes de coagulação são prolongados. o Crônica: comum em casos de neoplasias malignas e outras doenças de caráter crônico, com pouco ou nenhum sinal de hemorragia espontânea. ➢ Diagnóstico: • O diagnóstico baseia-se na clínica associada com os exames complementares indicativos de coagulopatia. • Não existe um só teste laboratorial que inclua ou exclua o diagnóstico de CIVD. • Diante do risco de morte, o diagnóstico preliminar pode ser feito sem a necessidade de exames complementares. • Diante da suspeita de CIVD, os seguintes exames devem ser realizados: Contagem de plaquetas e visualização de sangue periférico, Tempo de Protrombina (TP), Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada (TTPa), Tempo de Trombina (TT), dosagem de Fibrinogênio, Dosagem de fatores da coagulação e anticoagulantes naturais (Proteína C e antitrombina), Produtos da Degradação da Fibrina (PDF's) e Dímeros-D. • O diagnóstico de CIVD pode ser ajudado pela quantificação de dados clínicos por intermédio de uma escala proposta pela Sociedade Internacional de Trombose e Hemostasia. • A presença de uma doença de base associada à CIVD é o primeiro passo do algoritmo e condição indispensável para sua execução. • O diagnóstico é confirmado quando o resultado do algoritmo é igual ou maior que 5, no entanto, uma pontuação menor que 5 não exclui a possibilidade de CIVD. Tutoria| Prob 03: “Beber, cair, levantar...” Módulo 2 | P6 Tutora: Mariana Silvestre Natalia Alves ➢ Diagnóstico diferencial: • Insuficiência hepática grave: Diagnóstico diferencial mais comum e conhecida causa subjacente de coagulação intravascular disseminada (CIVD). Ausência de sinais e sintomas relacionados à trombose em pacientes sem CIVD. • Trombocitopenia induzida pro heparina: Históriade uso de heparina em associação com plaquetopenia, além da ausência de fatores desencadeantes para a CIVD. • Púrpura fulminante idiopática: Lesões cutâneas purpúreas que, caracteristicamente, apresentam bordas bem demarcadas. Geralmente associadas com sepse, são uma conhecida causa subjacente da CIVD. A variedade idiopática geralmente é confinada à pele. • Deficiência de vitamina K: Sinais e sintomas positivos para sangramento, mas negativos para trombose. Associada a uma dieta pobre (por exemplo, anorexia bulímica, alcoolismo) e a condições que afetem a absorção gastrointestinal (por exemplo, fibrose cística, doença inflamatória intestinal, cirrose biliar primária). • Síndrome HELLP (hemólise, enzimas hepáticas elevadas e plaquetopenia): Geralmente ocorre em gestantes, após a 28ª semana de gestação; também pode ocorrer no pós-parto. Principal quadro clínico: hipertensão grave induzida pela gestação, enzimas hepáticas elevadas e plaquetopenia. É também uma conhecida causa subjacente de CIVD, mas apresenta sinais e sintomas negativos para trombose. Tutoria| Prob 03: “Beber, cair, levantar...” Módulo 2 | P6 Tutora: Mariana Silvestre Natalia Alves ➢ Tratamento: • É fundamental o tratamento da doença de base, enquanto são constituídas estratégias de suporte visando especificamente abordar as alterações da coagulação. • A administração de fluidos, antibioticoterapia, correção de distúrbios hidroeletrolíticos e ácido-básicos, suporte ventilatório e cardiocirculatório, devem ser realizados caso seja necessário. Podem ser implementadas também medidas anticoagulantes, de reposição de plasma e de plaquetas, além de inibidores fisiológicos da coagulação. • Medidas de ‘’Suporte’’: o Restauração das vias de coagulação fisiológicas - Anticoagulantes Heparina, LMWH: dose inibidores de trombina Anti-TF (rNAPc2). ▪ Como forma de restauração da via de coagulação fisiológica, pode-se realizar a inibição das vias de coagulação com atividade aumentada. A heparina pode ser utulizada pos inibe a cascata de coagulação e impede nova trombegênese, pois ela intensifica o efeito da antitrombina III, devendo esta estar em seus níveis normais para efetividade da Heparina. ▪ Obs: não deve ser usada em paciente com risco elevado de sangramento por pode agravar os prolemas de sangramento associados ao CIVD. o Terapia de substituição: tem o objetivo de substituir as plaquetas e fatores de coagulação deficientes. É indicada apenas em pacientes com sangramento ativo, com risco elevado de complicações por sangramento, que precisam ser submetidos a um procedimento invasivo, com deficiência documentada de paquetes e ou de fatores inibidores de coagulação. ▪ O escore específico que reflete a gravidade da anormalidade é atribuído a alguns testes globais que são solicitados: d-Dímero (PDFs), contagem plaquetária, tempo de protrombina e fibrinogênio. ✓ Escore total ≥ 5 é compatível com CIVD evidente, devendo repetir o cálculo diariamente. ✓ Escare < 5 sugere CIVD não evidente, e os testes devem ser refeitos nos próximos 1 a 2 dias. ✓ O plasma fresco congelado (PFC) e os concentrados de plaquetas são os 2 componentes sanguíneos comuns usados. ✓ Hemoderivados como Crioprecipitados e concentrados de fibrinogênio podem ser considerados. ✓ Concentrados de inibidores (AT, PC, TFPI) o Agentes anti-fibrinolíticos (contra-indicados): ▪ Devem ser usados com muita cautela, visto que inibem as vias fibrinolíticas, o que acaba pode agravas os sinais e sintomas de trombose. ➢ Complicações: • Curto prazo: o Insufiência renal aguda: devido a ativação sistêmica descontrolada dos sistemas de coagulação resulta em trombose intravascular disseminada, causando isquemia e falência dos órgãos. o Hemorragia com risco de vida: complicação tardia que resulda da deplesão dos fatores de coagulação de das plaquetas. • Variáveis: o Tamponamento cardíaco, hemotórax, hematoma intracerebral; o Gangrena e perda de dedos: devido a isquemia decorrente da trombose.
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