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cores28 03

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A cor no 
processo 
criativo
A cor no 
processo 
criativo
Desde os mais remotos tempos a Teoria das Cores vem sendo estudada. 
• Leonardo da Vinci (séc XVI) descobriu as cores complementares. 
• O primeiro círculo cromático foi inventado por Isaac Newton (séc XVII). 
• Mais de um século depois o poeta e dramaturgo Goethe (séc XIX) enquanto 
estudava os efeitos psicológicos das cores adicionou mais informações à Teoria 
da Cores. 
• Ele dividiu as cores em dois grupos, de um lado as cores quentes e de outro as 
cores frias. Goethe percebeu que as cores quentes geravam excitação nas 
pessoas que observavam, enquanto as cores frias geravam sentimentos 
instáveis.
• Louis Prang (séc XIX) notável educador ajudou a popularizar a teoria
das cores primárias: vermelho, azul e amarelo no estudo de artes na América. 
• Wilhelm Ostwald (séc XX) ganhador do Prêmio Nobel de química desenvolveu 
um sistema de cores relacionado a harmonia psicológica. Suas ideias 
influenciaram futuros teóricos de cores.
O maior conjunto de teorias vem de Bauhaus, a mais influente escola
de artes e design da Alemanha (1919-1923). 
O uso do círculo cromático de maneira ideal consegue estimular sentimentos, além de
transmitir percepções.
Com o grande avanço do estudo do círculo cromático e as combinações que ele
proporciona, as cenas de cinema ficaram cheias de emoção e significado.
Não apenas utilizada em efeitos de pós edição, as cores são peça chave na construção de
figurinos, cenários e iluminação.
Quando bem analisadas e escolhidas a dedo, as cores desempenham papel de destaque
nas narrativas.
Contribuindo assim para a construção de personagens e identidades, bem das histórias em
que estão inseridos.
Transmitindo realismo às cenas, constrói atmosferas distintas para cada mensagem
passada, nos levando a críticas e identificação com o mundo em que fomos inseridos.
Mesmo que alguns assuntos ou fatos não estejam explícitos em um filme, as cores são
capazes de dar explicações que normalmente passam despercebidas diante dos nossos
olhos.
Caso haja ausência de cor em determinado filme, o preto e branco também aparecem para
incrementar o significado da estória.
Movimento: o amarelo possui um movimento irradiante e
excêntrico e representa um salto para além de todo limite, a
dispersão da força em torno de si mesma.
Simbolismo: uma cor essencialmente material e terrestre, uma cor
fascinante e extravagante, uma explosão de energia, um desperdiçar
das forças.
Temperatura: Kandinsky caracteriza como a cor mais quente de
todas.
Som Musical: sons extremos agudos.
Estado de Espírito: a cor da loucura e delírio, uma explosão
emocional, um acesso de fúria. Uma cor que possui uma forte
intensidade e atormenta o homem.
AMARELO
Uma única cor pode ser utilizada para transmitir diversos sentimentos. O amarelo pode 
nos remeter a: loucura, doença, insegurança e ingenuidade. Na cultura oriental, o 
amarelo significa vingança, o que explica a cor do figurino da personagem conhecida 
como “A Noiva” em Kill Bill.
No caso do filme Moonrise Kingdom (2012), de Wes Anderson, o amarelo nos 
transmite, na maioria do tempo, a ingenuidade dos personagens.
Movimento: o azul possui um movimento de distanciamento do homem físico, possui um 
movimento concêntrico.
Simbolismo: uma cor imaterial, capaz de despertar no ser humano um profundo desejo de 
pureza e de contato com o divino.
Temperatura: é considerada a cor mais fria de todas.
Som Musical: sons graves.
Estado de Espírito: o azul traz consigo a paz e a calma, mais também detecta um estado de 
tristeza a medida que se escurece na direção
do preto.
A cor azul é conhecida por transmitir calma e passividade, mas as suas nuances podem 
gerar outras sensações. Por ser um tom frio, o azul também está muito ligado à tristeza, 
melancolia, isolamento, e frieza. O tom é muito usado em dois filmes famosos: a 
animação A Noiva Cadáver, de Tim Burton e O Regresso, de Alejandro Iñárritu e que 
rendeu a Leonardo DiCaprio o Oscar de Melhor Ator.
Movimento: o movimento do vermelho não possui direção, parece mais um borbulhar
em si mesmo, Kandinsky vê nessa cor uma imensa e irresistível potência.
Simbolismo: o vermelho é a cor autoconfiante, transbordante de vida, ardente, agitada, 
efervescente, ao misturar-se com o preto o vermelho adquire a cor marrom, que se 
classifica como uma cor dura, estagnada, quase sem vida. No entanto, também considera 
o marrom uma cor potente, na sua sonoridade interior, capaz de expressar uma beleza 
interior que não pode ser traduzida em palavras.
Temperatura: é também uma cor quente, embora também tenha potencialidades para se 
tornar uma cor fria.
Som Musical: representa o som impertinente de uma fanfarra, com instrumentos como a 
trombeta, com sua potencia e seus agudos.
Estado de Espírito: com uma mistura ao amarelo o vermelho evoca força, impetuosidade, 
energia, decisão, alegria, triunfo. Já em um tom médio o vermelho representa um estado 
de alma no qual há paixão, um vermelho mergulhado no azul representa uma paixão 
abafada, uma brasa que se apaga na água.
É impossível não relacionar a cor vermelha com paixão, mas, ao mesmo tempo, o 
tom é utilizado para nos informar que a cena traz muito perigo e violência. 
Quando o vermelho está muito atribuído a um personagem, isso pode representar 
a personalidade forte que ele possui, como podemos notar na personagem 
Clementine no filme Brilho Eterno De Uma Mente Sem Lembranças. Já em O 
Silêncio dos Inocentes, a cor está muito relacionada à violência que permeia todo 
o longa.
Em 2001: Uma Odisseia no espaço, Stanley Kubrick usa majestosamente o vermelho e 
o branco para criar uma das cenas mais icônicas do cinema moderno. Nela, o traje 
vermelho representa o poder do personagem, e também o perigo, contrastando com 
o branco da estação que demonstra a tranquilidade e frieza do ambiente. Logo 
adiante no filme, o vermelho é utilizado para demonstrar a violência do personagem 
dentro do processador de Hal, desligando-o. 
Em Ex_Machina, o vermelho é utilizado como alerta e perigo.
Ausência de Movimento: o verde é o ponto de equilíbrio entre as forças do amarelo e do 
azul, e por uma cor ter o movimento concêntrico e a outra movimento excêntrico as duas 
se anulam.
Simbolismo: é a cor mais calma entre todas as cores. Representa passividade saudável, 
repleta satisfação, é tonificante e representa a cor da natureza em seu movimento de 
maior vitalidade e exuberância.
Temperatura: não é quente nem fria, está em equilíbrio.
Som Musical: o verde soa como um violino, tocando em escalas medianas, sem extremos 
de graves ou agudos.
Estado de Espírito: representa um estado de satisfação e realização pleno, sem desejos, 
portanto, imóvel e passivo, tedioso.
Representam a melancolia, a solidão, o perigo e também o isolamento. Além disso, o 
verde está diretamente relacionado à natureza. Na primeira imagem, a cena de ação de 
Arlequina e Coringa em Esquadrão Suicida. O casal é sombrio, por isso o verde se torna 
uma cor predominante na cena. Já no segundo filme, Wild, o verde está ligado à natureza 
e a cena se torna inspiradora e calma.
Em malévola, os tons verdes claros representam no início do filme a juventude da 
protagonista.
O vestido longo verde de cetim usado pela atriz Keira Knightley no filme "Desejo e 
reparação" ganhou a eleição da roupa mais bonita do cinema feita pela revista 
"InStyle" britânica. 
A peça desbancou o clássico e famoso vestido preto Givenchy usado por Audrey 
Hepburn na cena de abertura de "Bonequinha de luxo" (1961), que acabou ficando 
com o terceiro lugar. A segunda colocação foi ocupada pelo vestido branco de 
Marlyn Monroe no longa "O pecado mora ao lado" (1955), desenhado pelo estilista 
William Travilla. 
Movimento: o movimento em si mesmo, que caracteriza o vermelho, transforma-se, 
com a adição do amarelo, em irradiação e expansão.
Simbolismo: na junção dessas duas cores, a simbologia do vermelho e do amarelo
se unem, resultando numa cormenos acida que o amarelo, material, ativa, que
não tende para a profundidade.
Temperatura: uma cor quente.
Som Musical: soa como uma poderosa voz de contralto, ou como um sino.
Estado de Espírito: o laranja representa a saúde e a força.
Em Mad Max: ao longo do filme, o laranja é utilizado para criar a sensação de calor no 
deserto, contudo seu uso não se restringe a isso, mais adiante, o laranja é utilizado de 
forma mais avermelhada para criar uma tempestade de areia assustadora, simulando 
um apocalipse. Por fim, Mad Max cria uma composição incrível utilizando a cor laranja 
e azul. Aqui, o laranja representa o calor do fogo, mas também o calor humano, 
estando apenas as moças abraçadas nos tons laranjas. Na frente do veículo, o tom azul 
deixa claro a frieza e solidão dos personagens de Tom Hard e Charlize Theron.
Movimento: o violeta possui um movimento concêntrico, característico do azul.
Simbolismo: segundo Kandinsky, tanto o violeta como o laranja possuem um
equilíbrio precário, a determinação dos limites dessas duas cores é imprecisa. Até
onde um laranja pode ser considerado laranja e não amarelo? Qual é o limite do
violeta entre o vermelho e o azul?
Temperatura: é uma cor fria.
Som Musical: o violeta é comparado as vibrações surdas do corne inglês.
Estado de Espírito: o violeta representa um vermelho sem energia, apagado, triste
e doentio.
Em La La Land (2017) a cor também é uma das grandes protagonistas, principalmente 
pelo seu uso nas construções de diferentes formas de harmonia. Nas audições que Mia 
realiza como atriz, por exemplo, cenários e os figurinos mostram cores contrastantes e 
vivas, deixando claro não terem sido escolhidas ao acaso em nenhuma das situações. No 
primeiro quadro, a personagem interpreta uma enfermeira, seu figurino é azul, cor 
clássica usada em hospitais que remetem segurança e tranquilidade, enquanto o cenário
é amarelo, que pode ser entendido como uma cor que desperta novas esperanças para 
quem está em busca da cura e também contribui com vivacidade e leveza.
Na segunda cena ela é uma policial, onde o cenário é vermelho, mostrando sua posição 
de poder; e o figurino roxo, cor que pode representar sua imposição e o respeito da 
profissão.
Na terceira cena Mia é uma professora, com uma jaqueta vermelha representando seu 
poder perante os alunos; e o cenário verde escuro, complementar do vermelho.
Movimento: o preto realiza um movimento concêntrico, é a ausência de
resistência.
Simbolismo: esta cor simboliza a morte e a um “nada sem possibilidades”.
Temperatura: o preto assim como o branco não é nem quente nem frio.
Som Musical: assim como o branco o preto significa o silencio absoluto.
Estado de Espírito: cor associada a morte, assim como um cinza que vai adquirindo ao 
escurecer, o desespero e a sufocação e a profunda tristeza presente
no azul.
Movimento: o branco possui um movimento excêntrico mais não tão ativo quanto
ao amarelo.
Simbolismo: esta cor simboliza pureza, a alegria, o inicio e a eterna possibilidade,
a esperança, um nada antes de todo nascimento, antes de todo começo.
Temperatura: o branco assim como o preto não é nem quente nem frio.
Som Musical: o branco assim como o preto significa o silêncio.
Estado de Espírito: representa o momento de expectativa ou de dúvida diante de
uma possibilidade imprevisível.
BARROS, Lilian Ried Miller. Cor No Processo Criativo. Senac São Paulo, 2006.
GOETHE, Johann Wolfgang. Doutrina das Cores. Nova Alexandria, 1993.
PEDROSA, Israel. Da cor à cor inexistente. Senac Nacional, 2009.
PEDROSA, Israel. O universo da cor. Senac Nacional, 2003.

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