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Alunos:
Carlo Coimbra
Enzo Bernardes
Jaime Júnior
Larissa Barros
Roberto rodrigo
MULHERES NO ESPORTE: 
DESIGUALDADE E REPRESENTATIVIDADE
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MULHERES NO ESPORTE: 
DESIGUALDADE E REPRESENTATIVIDADE
Mulheres sofrem com desigualdade de gênero no esporte, com falta de incentivo, 
oportunidades e equidade de salário.
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O esporte é um meio integrador que abre portas para novas oportunidades, mas não para todos. Ainda nos tempos atuais, há 
uma enorme desigualdade de gênero nesse espaço. 
Herança deixada pelos tempos de ditadura militar, 
onde na Constituição brasileira algumas práticas es-
portivas eram proibidas para mulheres, até hoje elas 
sofrem com desigualdades de oportunidade, salários 
e papel de destaque. 
Dados do canal Combate comprovam que os 
salários dos homens no UFC (Ultimate Fighting 
Championship) são 77% maiores do que os das mul-
heres. Falta de investimento, patrocínios e propa-
ganda são taxados com a desculpa de que o esporte 
feminino não é lucrativo, fazendo com que o acesso 
seja dificultado a ponto de menosprezar a partici-
pação feminina no mesmo ramo. 
Entrevistamos algumas atletas de artes marci-
ais, que falaram sobre a desigualdade de gênero no 
esportes e sobre experiências pessoais. Jessica Vieira, 
faixa preta e hexacampeã brasileira de karatê, conta 
como entrou no esporte e situações que já vivenciou 
como atleta: 
“Eu morava numa favela, no Sol Nascente na 
Ceilândia, comecei a praticar esporte porque minha 
mãe não queria que eu ficasse muito tempo na rua. 
Quando tinha 7 anos, ela me colocou em um projeto 
de artes marciais que tinha karatê e judô, desde en-
tão nunca parei.” 
Jessica dá aula de karatê há quatro anos, para 
crianças, a partir de 3 anos, e adultos, além de aulas 
de defesa pessoal para mulheres, que são, na maio-
ria, as mães de seus alunos e/ou mulheres que já 
passaram por experiências de violência: Jessica re-
lata que sempre foi muito bem aceita nos tatames, 
em contrapartida, não recebia essa mesma aceitação 
por parte da família, que acreditava que esse tipo de 
luta seria “esportes para meninos”. Mesmo com essa 
“barreira”, Jessica seguiu carreira no esporte, que 
abriu novas portas para sua vida:
“Graças ao esporte, consegui entrar na facul-
dade, com apoio do pessoal que treinava comigo, 
me formei em engenharia civil pela UnB e, desde 
que eu comecei a fazer artes marciais e comecei a 
viver aquilo, fui ganhando confiança e inteligência, 
atraindo coisas na minha vida que eu nunca achei 
que uma criança da favela conseguiria”, desabafou.
Raphaella Amorim também falou sobre o gan-
ho de confiança e empoderamento através do es-
porte: 
“Quando você é menor e mais fraco que seu 
adversário, e mesmo assim consegue se sobressair, 
a confiança aumenta lá em cima. Isso ajuda muito 
na vida pessoal e nos problemas cotidianos, você se 
sente forte e capaz.”
Apesar de toda a represália e falta de oportuni-
dades, ainda existem casos como os de Jessica e Ra-
phaella, mulheres que conseguiram construir uma 
carreira consolidada e vencer na vida através do es-
porte, alcançando liberdade e confiança.
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Mulheres no esporte, luta 
e empoderamento
Não é novidade que a participação das mul-
heres no esporte é bem menor que a atuação mascu-
lina em competições, mas essa falta de estímulo da 
prática esportiva por mulheres vem desde a Grécia 
Antiga, berço das primeiras competições esportivas 
que se tem notícia, onde a participação das mulheres 
nos jogos eram proibidas, inclusive como espectado-
ras. Já na Idade Média, a força das mulheres tinha se 
feito presente em quase todas as competições esport-
ivas, mas no século XVII essa participação voltou a 
ser restrita pois as atribuições femininas nessa épo-
ca deveriam ser relacionadas somente com o lar e a 
família, então só apenas no século XIX, quase 200 
anos depois, é que as mulheres voltaram a ser aceitas 
na participação de competições esportivas.
Devido a todo esse processo da participação 
de mulheres em competições esportivas, sua atu-
ação ainda é vista com pensamentos pré-concebi-
dos, intrínsecos e oriundos, construídos através de 
toda a sua história. Mesmo com o passar dos anos 
é perceptível que o envolvimento da mulher no es-
porte ainda é pequeno em relação a todo incentivo 
que é dado ao sexo masculino. A campeã mundial de 
Jiu-Jitsu Ayla Santana de 24 anos relata um pouco 
das dificuldades enfrentadas pelas mulheres em es-
porte de contato: 
“Procurei me adaptar à regra, como tentar lu-
tar de igual para igual evitando pedir um treino mais 
leve por estar com cólica ou coisas do tipo, pois em 
um esporte de alta performance, onde a maioria é 
masculina, as vezes é necessário anular as suas pe-
culiaridades femininas pra poder conseguir se fazer 
pertencente a este ambiente.”.
Ayla também complementou que uma das 
maiores dificuldades enfrentadas pelas mulheres 
praticantes de artes marciais é o preconceito social 
com o corpo, com postura, com mulher atleta, onde 
público parabeniza seu desempenho, mas crim-
inaliza a sua vivência ou quem você irá se tornar 
no processo. Outra dificuldade vem do incentivo e 
apoio financeiro, pois asnão existem políticas públi-
cas existentes não são suficientes. É um processo de 
revalidação profissional muito grande e constante 
para poder alcançar uma visibilidade maior, o que 
não acontece com os atletas masculinos, que tem 
um espaço de fala amplo, maior visibilidade e recon-
hecimento, e isso facilita um consumo de produtos 
abrangente e consequentemente o investimento fi-
nanceiro ao atleta masculino se torna potencializa-
do.
O atraso na sua aceitação e o precon-
ceito social dificultaram e dificultam muitas 
vezes a participação das mulheres em com-
petições esportivas, devemos então buscar 
soluções para que a equidade possa preva-
lecer entre os sexos, respeitando suas peculiaridades.
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“As mulheres começaram a participar oficialmente dos jogos 
olímpicos como atletas profissionais somente na segunda edição 
das olimpíadas modernas, realizadas em 1900 em Paris, porém 
restritas às modalidades de Tennis, Golf, Vela e Críquete. O even-
to contou com a participação de 22 mulheres. Não obstante, com 
o decorrer das edições olímpicas, mais modalidades esportivas 
passaram a ser também disputadas por mulheres, mas somente 
no ano de 1932 é que o Brasil levou sua primeira atleta mulher 
para os Jogos Olímpicos, que aconteceram em Los Angeles, nos 
Estados Unidos.”
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Instituições esportivas e artes marciais na criação de um ambiente 
harmônico para a prática.
Com tudo que se passa dentro do ambiente esporti-
vo, vários tipos de injustiças acontecem e não são ev-
idenciadas, passadas despercebidas, sem consequên-
cias para quem as pratica e sem justiça para quem 
sofre. Das entrevistas que nossa equipe fez com as 
atletas do ramo, tiramos trechos das declarações de 
Giovanna Ferraz (19 anos) e Gabriela Lédo Aguiar 
(21 anos), e ao perguntar separadamente a opinião 
delas sobre quais iniciativas as instituições deveriam 
tomar, Giovanna relatou:
 “Acredito que o incentivo dentro das escolas é o 
principal, a desigualdade começa desde um fute-
bol que não pode ser jogado na educação física, e 
mostrar desde criança que as mulheres podem, sim, 
entrar nos esportes, é algo que no futuro, talvez não 
precisasse mais ser discutido.”
Já Gabriela respondeu:
“É muito na hora da aula, os professores não toler-
arem gracinha e não diminuir a pessoa por ser mul-
her. Está tudo bem não consegui fazer 50 repetições 
no primeiro treino, todos tem um tempo de adap-
tação e não é diferente para mulher.”
A atleta também conta que o Muay Thai ensinou 
muito sobre os seus limites, e como às vezes o seu 
cansaço dentro e fora da luta talvez seja apenas algo 
mental. “Meu corpo aguenta muito mais, então no 
Muay Thai eu também aprendi a me desafiar.” 
O que foi fortemente percebido, foi o efeito extrema-
mente positivo na confiança e autoestima feminina. 
O esporte dá poder e independência, autossuficiên-cia para defesa e confiança para lidar com situações 
de risco. 
Ayla Santana Soares (apresentar ela), fala sobre as 
mudanças que a arte marcial trouxe à ela, tornan-
do- se uma mulher mais calma estrategista e segura. 
Gabriela relata também mudança de auto-estima at-
ravés do esporte: 
“Entrei no Muay Thai aos 14 anos, na puberdade, 
época de maior transformação, e isso me fez entend-
er mais sobre mim e minha relação com o meu cor-
po, me dando confiança.”
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participação das
mulheres nos jogos
Olímpicos
2,2%
9,5%
23%
45%
48,8%
PARIS LONDRES LOS
ANGELES
RIO DE
JANEIRO
TÓQUIO
1902 1948
1984 2016
2020

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