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Transferência e Contratransferência II Prof. Ms. Lucas Lotério Prof. Ms. Lucas Lotério Graduação em Psicologia pela USP-RP Especialização Técnica pela Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto Mestrado em Psicologia pela USP-RP Membro Titular do Instituto de Estudos Psicanalíticos de Ribeirão Preto Roteiro Conceituação Transferência do Analista Contratransferência Erotizada Contratransferência Somatizada Sonolência Conceituação • A constante interação entre analista e paciente implica em um processo recíproco de introjeção de identificações projetivas do outro, ou seja, tanto paciente quanto terapeuta introjetam as identificações projetivas que o outro projeta em si. • Quando isso ocorre na figura do analista, pode mobilizar nele uma resposta emocional, sob a forma de: • Sentimentos • Afetos • Associações • Fantasias • Evocações • Lapsos • Imagens • Sonhos • Sensações Corporais Conceituação • Com outras palavras, o fenômeno “contratranferencial” resulta das identificações projetivas oriundas do analisando, as quais provocam no analista um estado de “contraidentificação” projetiva. • Não há consenso se a contratransferência é apenas inconsciente, ou se também é possível percebê-la de forma consciente. • Autores como Bion e Segal postularam que a parte mais importante da contratransferência é inconsciente, e somente podemos reconhecê-la através de seus derivados conscientes. • Outros, como Zimerman, postulam que é possível que o analista perceba este fenômeno de forma consciente, e até fazer uso proveitoso disso, desde que saiba distinguir entre o que foi projetado e o que é dele mesmo. Transferência do Analista • Muitos confundem o conceito de contratransferência com o de transferência do analista. • A contratransferência parte de conteúdos projetados pelo paciente no analista, e de sua reação a partir disso. • A transferência do analista é um fenômeno que tem origem no próprio terapeuta, a partir de suas projeções e sentimentos. Transferência do Analista • É possível diferenciar estes fenômenos da seguinte forma: • Se um mesmo paciente despertasse em qualquer outro terapeuta a mesma resposta emocional, sugere que estamos diante de uma contratransferência. • Por outro lado, se o mesmo analista tem a mesma reação emocional frente a diferentes pacientes com aparelhos psíquicos análogos, provavelmente tal sentimento é um conteúdo latente dele, portanto uma transferência do analista. Contratransferência Erotizada • É normal que um analista sinta sensações e desejos eróticos despertados por um paciente. • Contudo, pode acontecer de o analista ficar impregnado desses desejos eróticos, recíprocos, que ocupam a maior parte do espaço analítico, interferindo em sua atividade psicanalítica. • Isto pode perverter o vínculo analítico, com a prática de actings e contra-actings sexuais. • É necessário separar o desejo do terapeuta enquanto pessoa de seu lado analista, como forma de se desvencilhar desse tipo de contratransferência. Contratransferência Somatizada • Esta contratransferência se manifesta em alguns momentos da situação analítica sob a forma de somatização na figura do terapeuta. • Podem variar na forma e intensidade, desde algum desconforto físico até fortes sensações e sintomas corporais. • Estes sintomas corporais podem variar amplamente, como sensações de imobilização, visão escurecida, dor de barriga, ânsia de vômito, dentre inúmeras outras. • Nem todo sintoma físico, contudo, é uma contratransferência somatizada, e cabe ao analista realizar uma autoanálise sobre isto. Sonolência • Este estado é um dos mais comuns. Quase todos, senão todos, os analistas já devem ter experienciado sensação de sonolência frente a um paciente mesmo estando descansado e tendo tido uma boa noite de sono. • Tal sonolência pode ter três explicações (ZIMERMAN, 2004): • O analista consome um esforço enorme para manter afastadas de sua consciência algumas pulsões e ansiedades que foram despertadas pelo discurso do paciente. • A entrada em um “estado hipnoide” diante de um paciente cujas associações adquirem um caráter estereotipado, pronunciadas num tom de voz monótono. • Identificações projetivas do paciente de objetos que habitam o espaço depressivo dele; cujos, embora mortos, permanecem vivos em sua mente.
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