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1 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Distúrbios da Hemostasia A hemostasia é dividida em: Primária: aquela que estanca o sangramento, pela formação do trombo ou tampão plaquetário; Secundária: aquela que evita o ressangramento pela formação de uma rede adesiva de fibrina que consolida o trombo (chamada de coágulo a partir daí). Compreendendo melhor as plaquetas Plaquetas são FRAGMENTOS CELULARES anucleados que “brotam” dos megacariócitos na medula óssea. A vida média de uma plaqueta livre é de cerca de 7 a 10 dias. Dentre outras funções, a plaqueta armazena receptores de agregação plaquetária. Uma das proteínas transmembrana é o receptor de von Willebrand (FvW) – a ausência ou disfunção desse fator ou seu receptor é a causa da doença de von Willebrand e a síndrome de Bernard- Soulier. Por que a importância do fator de von Willebrand?1? A superfície do endotélio lesado/exposto tem receptores de colágeno (a plaqueta precisa aderir ali com força), mas eles sozinhos não conseguem prender a plaqueta ali; através do receptor e fator de von Willebrand a plaqueta fica firmemente presa ali. A ligação entre o colágeno, o fator de von Willebrand e seu receptor estabilizando a plaqueta. Hemostasia Primária - adesão, ativação e agregação Adesão Plaquetária Quando há lesão tecidual o endotélio expõe sua matriz subendotelial (uma complexa rede de fibras) – o colágeno é o principal substrato de adesão plaquetária ali. A glicoproteína GP VI permite adesão plaquetária e emite os primeiros sinais de ativação plaquetária. Enquanto isso o fator de von Willebrand permite que o tampão plaquetário permaneça agarrado ao colágeno. Ativação Plaquetária As plaquetas são estimuladas pelos agonistas plaquetários (colágeno, epinefrina e trombina). Ela começa a “regurgitar” fatores de adesão e agregação do seu interior. A estimulação dos agonistas induz a síntese de Tromboxane A2 (TxA2) pela COX-1 – o TxA2 fecha uma alça de retroalimentação positiva com a ativação plaquetária, ela recruta plaquetas em “repouso” que estão passando próximo à área lesada. AAS: O ácido acetilsalicílico (AAS) “acetila” a molécula de COX-1, causando um bloqueio irreversível pelo resto da vida da plaqueta. Assim, após uma dose adequada, o AAS pode reduzir a formação de trombos pelos próximos 7-10 dias; Outros AINES: Os demais AINE induzem bloqueios reversíveis da COX-1, permitindo 2 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! a secreção de TxA2 pela mesma plaqueta após a suspensão da droga. Agregação Plaquetária A agregação é mediada pela glicoproteína GP IIb/IIIa, utilizando o fibrinogênio como ponte ligando uma plaqueta à outra. Hemostasia Secundária Por ter efeito exponencial, mesmo pequenos estímulos pró-coagulantes resultam em quantidade maciça de fibrina - os monômeros de fibrina se polimerizam e formam uma “rede” em volta do plug plaquetário. TODOS os fatores de coagulação são sintetizados no fígado, EXCETO O FATOR VIII! Este é sintetizado no endotélio. Vejamos agora as 2 vias de coagulação: via intrínseca e extrínseca – na vida real há apenas um processo de coagulação operante. Via intrínseca (+ lenta): inicia quando há contato do sangue com o colágeno – é avaliado pelo tempo de tromboplastina parcial ativada, o “TTPa”; Via extrínseca (+ rápida): iniciada com liberação do fator tecidual (localizado nas células subendoteliais), entra em contato com o sangue caso haja lesão do endotélio – é avaliado pelo Tempo e Atividade da Protrombina, o “TAP”. LINK SOBRE FATORES DE COAGULAÇÃO Fator 7 é o ÚNICO fator da via extrínseca 10, 2 e 5 são fatores COMUNS (5 é cofator do 10) TODO O RESTO é intrínseca! TTPA via intrínseca TAP INR, via extrínseca (“o tapa vem de fora”) Resumindo. . . Na VIA EXTRÍNSECA: tecido lesionado, libera fator tecidual – causando ativação do fator 7 – que ativa o fator 10; Na VIA INTRÍNSECA: fase de contato – fator 11 se adere à superfície exposta – fator 11 é ativado na presença de cininogênio de alto peso molecular (CAPM) (pelo fator 12 ativado) – fator 11 ativa o fator 9 – fator 9 ativado estimula o fator 10. Na VIA COMUM: ativação do fator 10 na via intrínseca leva à via comum – fator 10 ativado une-se à fosfolipídeos e ao fator 5 (complexo ativador de protrombina) – há ativação de protrombina (fator 2) em trombina (fator 2 ativado) – a trombina converte o fibrinogênio (fator 1) em monômeros de fibrina. Atualmente existe outra teoria que explica como a coagulação acontece: a teoria que se baseia em superfícies celulares. De acordo com essa teoria, a coagulação ocorre em quatro fases: iniciação, amplificação, propagação e finalização. Na iniciação, observa-se a perturbação das células do sangue e do endotélio vascular. Nesse momento, acontece a interação entre o fator VII ativado e o fator tecidual. Na amplificação, observa-se que a trombina ativa as plaquetas, levando-as a expor receptores e sítios de ligação para os fatores de coagulação que estão ativados. Depois da amplificação, temos a propagação, em que se observa um aumento na quantidade de trombina e a interrupção da perda sanguínea pela formação de um tampão. Na finalização, anticoagulantes naturais atuam para parar o processo de coagulação e evitar que ocorra o fechamento total do vaso sanguíneo. Entendendo melhor as provas de hemostasia São comumente chamadas de “coagulograma”. Tempo de sangramento: é o tempo necessário para que um pequeno corte superficial na pele pare de sangrar. Depende da hemostasia primária (plaquetas e fator de von Willebrand). O valor normal é de 3-7 min. Embora barato, não é fidedigno. É valorizado em casos de suspeita de distúrbio de hemostasia primária. Nesta situação, um TS significativamente alargado (> 10min), 3 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! diante de plaquetometria normal, sugere (1) doença de von Willebrand; ou (2) um distúrbio genético da função plaquetária (trombastenia de Glanzmann, síndrome de Bernard-Soulier); ou (3) adquirido (uremia, circulação extracorpórea, paraproteinemia); Tempo de coagulação: ou teste de Lee- White é o tempo necessário para que o sangue coagule dentro de um tubo de ensaio. O valor normal é de 5 a 10 min. a coagulação é ativada apenas pela via intrínseca em contato com o vidro do tubo – o TC está elevado quando há deficiência grave de algum fator da via intrínseca ou comum da coagulação; Tempo de tromboplastina parcial ativado (TTPa): é um teste no plasma descalcificado usando-se quelantes citrato. O valor normal encontra-se entre 25-35s. o resultado do PTTa deve ser interpretado em função da relação entre o tempo do paciente e o tempo de controle: se o controle for 30s e o tempo do paciente for 60s, a relação do PTTa é 2 (Rel. = 2). O PTTa está alargado nas coagulopatias da via intrínseca ou via comum, geralmente quando há deficiência moderada ou grave (< 25% da atividade normal) de apenas um fator ou quando há deficiência leve a moderada de vários fatores ao mesmo tempo; Tempo de protrombina (TAP): também feito no plasma descalcificado pelo uso de citrato. O valor normal é 10-13s. Clinicamente, o resultado do TP pode ser dado em termos da relação entre o tempo do paciente e o tempo controle: se, por exemplo, o controle for 12s e o tempo do paciente for 18s, a relação será 1,5 e a atividade de protrombina será 50%. O TP e o INR estão elevados nas coagulopatias da via extrínseca ou comum,geralmente quando a deficiência é moderada ou grave; Tempo de trombina: O tempo normal é de 5-15s, sendo que, após 60s, o coágulo encontra-se sólido, firme e aderente à parede do tubo quando este é invertido. Um tempo de trombina alargado ou a formação de um coágulo sem as características citadas significa que existe afibrinogenemia, hipofibrinogenemia ou disfibrinogenemia. As 4 principais provas de hemostasia são: contagem de plaquetas, tempo de sangramento, TAP e TTPa. As duas primeiras medem a hemostasia primária, e as duas últimas, a hemostasia secundária. Se houver trombocitopenia significativa (< 50.000/mm3), com PTTa e TAP normais (sem coagulopatia), o diagnóstico está claro. Devemos procurar as causas de trombocitopenia – Púrpura Trombocitopênica Idiopática (PTI), Púrpura Trombocitopênica Trombótica (PTT), Síndrome Hemolítico-Urêmica (SHU), anemia aplásica, leucemia, hiperesplenismo, etc.; Se houver trombocitopenia + coagulopatia (alargamento do PTTa e/ou do TAP), devemos pensar em insuficiência hepática com hiperesplenismo, CIVD ou uso de heparina; Se a plaquetometria for normal, mas o Tempo de Sangramento (TS) for anormal (> 10min), a suspeita recai sobre a doença de von Willebrand ou os distúrbios hereditários da função plaquetária (raros) ou adquiridos; Se as provas de hemostasia primária forem normais, mas TAP e TTPa estiverem alteradas: - PTTa alterado e TAP normal (o problema está na via intrínseca!); - PTTa normal e TAP alterado (o problema está na via extrínseca!); - PTTa e TAP alterados (o problema está na via comum); 4 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! - PTTa e TAP normais: se todos os testes convencionais da hemostasia estiverem normais, incluindo aqueles da hemostasia primária, as hipóteses passam a ser: (1) doença de von Willebrand (alguns casos podem ter TS e PTTa normais); (2) hiperfibrinólise; (3) deficiência de fator XIII; e (4) disfibrinogenemia. Trombocitopenia A trombocitopenia pode ocorrer por 5 mecanismos diferentes: Pseudotrombocitopenia: é uma falsa baixa contagem de plaquetas pelo aparelho de automação devido a artefatos técnicos; Destruição acelerada: CAUSA MAIS COMUM! O aumento do consumo ou destruição de plaquetas estimula a trombopoiese. Os mecanismos imunes são responsabilizados pela grande maioria dos casos. Os principais exemplos são a Púrpura Trombocitopênica Imune idiopática (PTI) ou as relacionadas a doenças autoimunes (LES, HIV, induzida por drogas, etc.). Pode ser devido a um mecanismo não imune: a Púrpura Trombocitopênica Trombótica (PTT), a Síndrome Hemolítico- Urêmica (SHU) e a Coagulação Intravascular Disseminada (CIVD) são encontradas com frequência. Nessas desordens, a plaqueta é consumida em trombos intravasculares (fazendo parte de sua formação) e em superfícies endoteliais danificadas. Diminuição de sua produção pela medula óssea: Os distúrbios que provocam lesão da célula-tronco podem comprometer a diferenciação megacariocítica e levar à trombocitopenia; Distribuição anormal: aumento do baço, doenças infiltrativas, trombocitopenia hemodiluicional, hemodiluição, etc. Púrpura Trombocitopênica Imune Plaquetopenia e mais nada! É uma doença autoimune idiopática – produção de autoanticorpos antiplaqueta que aceleram a remoção das plaquetas circulantes no baço. Além disso, esses autoanticorpos conseguem inibir a liberação de novas plaquetas pela medula óssea – evitando a trombopoiese compensatória. A PTI é um DIAGNÓSTICO DE EXCLUSÃO! Primeiro avaliamos: pseudotrombocitopenia, HIV, LES, uso de certos medicamentos, neoplasias (linfomas). Afeta a hemostasia primária e o sangramento costuma ser do tipo mucocutâneo (petéquias e equimoses, epistaxe, menorragia). Clinicamente temos a PTI do adulto e a infantil. A do adulto é uma doença crônica, e a infantil costuma ser aguda e autolimitada – geralmente benigna. Tratamento PTI Em adultos é indicada quando plaquetas abaixo de 20.000-30.000/ml. A base terapêutica consiste na corticoterapia (ex.: prednisona 1 mg/kg/dia por 7-10 dias, seguido de desmame progressivo ou dexametasona 40 mg/dia durante quatro dias a cada duas semanas, repetindo por quatro ciclos). A transfusão de plaquetas não é indicada de rotina, mas, em casos graves pode ser utilizada. Se o paciente não responder a corticoterapia, a abordagem de segunda linha será o uso de rituximabe, um anticorpo monoclonal anti-CD20 e o uso de agonistas do receptor de trombopoietina, como o romiplostim 5 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! (1 mcg/kg SC 1x/semana) ou o eltrombopague (50 mg/dia VO). Se AINDA ASSIM o paciente permanecer REFRATÁRIO: ESPLENECTOMIA!!! A meta terapêutica deve ser a manutenção de uma plaquetometria persistentemente > 30.000/ml na ausência de sangramento. Em crianças um breve curso de glicocorticoide está indicado para pacientes com sangramento clinicamente significativo, porém sem ameaça à vida. Se o quadro de hemorragia recidivar, costuma-se prescrever o glicocorticoide na menor dose efetiva (geralmente entre 2,5-5 mg VO 2x/dia) até resolução espontânea da PTI ou desmame gradual completo. Tal como no adulto, as opções de segunda linha são o rituximabe e os agonistas do receptor de trombopoietina. Se após 12 meses o paciente permanece refratário, considera-se a realização de esplenectomia!!! Em PTI induzida por drogas o tratamento é a cessação do uso da medicação e sua substituição se necessário. Ex: heparina trocar para argatrobana! Nos casos de PTI em pacientes HIV+, o tratamento de escolha é a zidovudina (AZT); Os corticoides devem ser evitados, por estarem associados a um percentual significativo de complicações. Púrpura Trombocitopênica Trombótica - PTT Representa o grupo das microangiopatias trombóticas difusas do qual também participa a CIVD (coagulação intravascular disseminada). A PTT é caracterizada por oclusão trombótica disseminada na microcirculação. Sua fisiopatologia está na injúria endotelial sob estímulos desconhecidos – as células do endotélio liberam substâncias que ativam plaquetas. IMPORTANTE: lembrar da deficiência adquirida de ADAMTS-13. Esta metaloproteinase realiza a clivagem dos multímeros do FvW. Alguns pacientes, por razões desconhecidas, desenvolvem anticorpos da classe IgG contra a ADAMTS-13, o que resulta em sua inativação e consequente acúmulo dos multímeros de maior tamanho do FvW. Clinicamente, a doença é definida pela pêntade: (1) anemia hemolítica; (2) trombocitopenia; (3) sintomas neurológicos; (4) febre; (5) insuficiência renal. O tratamento é a plasmaférese. A transfusão diária de plasma fresco congelado (mais de dez unidades) tem efeito terapêutico razoável, estabilizando o paciente enquanto se providencia a plasmaférese. A plasmaférese deve ser realizada retirando-se diariamente todo o plasma do paciente (40 ml/kg), trocando-o por unidades de plasma fresco congelado. As trocas devem continuar até a completa estabilização do paciente e normalização dos exames laboratoriais. O período médio é de dez dias. Muitos médicos também administram corticosteroides em doses imunossupressoras (ex.: prednisona 2 mg/kg/dia) em conjunto com a plasmaférese. A TRANSFUSÃO DE PLAQUETAS É CONTRAINDICADA!!! Disfunção Plaquetária Urêmica Na uremia, o acúmulo de ácido guanidinossuccínico, entre outras toxinas nitrogenadas, pode levar a uma diminuição na ativação, agregação e, sobretudo, na adesividade plaquetária. As plaquetas de pacientes com insuficiência renal necessitam de uma maior quantidade de fator de von Willebrand (FvW) para semanterem aderidas à parede do vaso. O tratamento do sangramento na uremia é a hemodiálise ou a diálise peritoneal. Uma melhora do hematócrito com transfusões ou com o uso de eritropoetina recombinante humana é 6 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! recomendada. A transfusão de plaquetas não está indicada. Distúrbios Hereditários Doença de Von Willebrand É a desordem hemorrágica hereditária mais comum. Não é uma coagulopatia, mas sim um distúrbio da hemostasia primária (adesão plaquetária). Recapitulando, o FvW realiza a adesividade plaquetária ao colágeno subendotelial em sítios de lesão endotelial e também forma um complexo com o fator 8 (transportando-o e impedindo que este seja rapidamente depurado na circulação). É um distúrbio que afeta o componente primário da hemostasia causando prejuízo à adesão plaquetária! A desordem é herdada quase sempre com padrão autossômico dominante. Há 3 tipos de doença de von Willebrand: O tipo 1 é responsável por cerca de 80% dos casos com redução leve/moderada dos níveis plasmáticos; O tipo 2 (há subdivisões) os níveis plasmáticos são normais, porém, há um defeito qualitativo do fator ou no tamanho dos multímeros; O tipo 3 é raríssima. Nela o FvW está quase totalmente ausente. Os achados laboratoriais são: Tempo de sangramento (TS) prolongado; TTPa alargado (pela deficiência secundária parcial do fator 8); Demais provas hemostáticas normais. ATENÇÃO.: nas formas brandas da doença o fator 8 e o FvW são flutuantes, ou seja, a DvW pode cursar com todas as provas da hemostasia normais! A confirmação diagnóstica é feita pelos seguintes testes: (1) medida da atividade do FvW pelo teste da ristocetina; e (2) medida do antígeno do FvW por métodos sorológicos (ELISA). A ristocetina é capaz de induzir agregação plaquetária em plasma rico em plaquetas de indivíduos normais. Tratamento A primeira orientação é evitar drogas antiplaquetárias (AAS, AINES). No tipo I, o tratamento pode ser feito com DDAVP (desmopressina), um agente que aumenta a liberação do FvW a partir de seus sítios de estoque. Via intravenosa (0,3 g/kg em 50 ml de SF infundido em 20 minutos), subcutânea ou intranasal (150 μg spray em cada narina), com início de ação em 30-60min e duração de 6-12h – não administrar mais que 2 doses em 48 horas. Independente do tipo, a terapia mais eficaz é a reposição de concentrados ricos no FvW. Hemofilias São distúrbios da coagulação de caráter hereditário, com herança ligada ao sexo (cromossoma X), sendo, portanto, quase exclusivo do sexo masculino. O defeito consiste numa atividade muito baixa do fator VIII (hemofilia A – mais comum) ou do fator IX (hemofilia B). Geralmente as manifestações clínicas da forma grave ocorrem por volta dos 2-4 anos de idade (pré-escolares), quando a criança começa a deambular sem ajuda dos pais, e se caracterizam pelo aparecimento de hemartroses – as articulações mais acometidas: joelho, seguida do cotovelo, tornozelo e quadril. Outros sintomas: hematomas intramusculares, hematomas retroperitoneais, hematomas do psoas, sangramento gastrointestinal e geniturinário ou ainda hemorragia intracraniana. Laboratorialmente o TTPa está alargado. O diagnóstico específico em si é realizado pela dosagem dos fatores VIII e IX para diferenciar o tipo A do tipo B. 7 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! Tratamento da Hemofilia A Fator 8 purificado e fator 8 recombinante. O fator purificado é feito a partir de plasma de cerca de 10 mil doadores. Já o fator 8 recombinante é obtido através de células de cabras e está indicada em pré e perioperatórios. O foco terapêutico é manter a atividade do fator VIII entre 15-20% nos sangramentos leves, entre 25-50% nas hemartroses ou sangramentos de moderada gravidade e, ainda, em torno de 50% na hemorragia intracraniana e no preparo cirúrgico. A dose do hemoderivado deve ser administrada duas vezes ao dia e por um período de 3-14 dias, dependendo da gravidade do quadro. No pós-operatório, a duração da reposição é de 10-14 dias, para garantir uma cicatrização adequada. Tratamento da Hemofilia B O concentrado do complexo protrombínico parcial (Prothromplex) contém os fatores II, IX e X da coagulação, sendo uma opção terapêutica. Contudo, a presença de alguns fatores ativados neste concentrado pode levar a eventos tromboembólicos. Atualmente, a terapêutica de escolha para a hemofilia B é a reposição de fator IX purificado e de fator IX recombinante. Deficiência de Vitamina K A vitamina K é um cofator dos seguintes fatores: 2, 7, 9 e 10. Sem a vitamina K esses fatores têm seu efeito prejudicado. “2+7= 9 parabéns, você tirou 10!” Neste caso o TP (INR) alarga mais e muito antes do TTPa. O tratamento é a reposição da vitamina 10 mg parenteral, restaurando a hemostasia em 10- 12h. A via pode ser subcutânea ou venosa. Coagulação Intravascular Disseminada (CIVD) É uma desordem grave adquirida da hemostasia. Está relacionada a sepse bacteriana por Gram-negativos, complicações obstétricas, neoplasias malignas, Politrauma, grande queimado, hemólise intravascular aguda, etc. A liberação ou a exposição do fator tecidual é o principal fator na gênese desta síndrome. Como resultado, a coagulação é exacerbada a ponto de levar à formação de fibrina em vários pontos da microvasculatura, consumindo plaquetas (trombocitopenia), fatores da coagulação (coagulopatia), destruindo hemácias (anemia hemolítica microangiopática, com esquizócitos na periferia) e obstruindo pequenos vasos (gangrena periférica). O fator I (fibrinogênio) pode chegar a ser indetectável. Há aumento dos produtos de degradação da fibrina (d-dímero por exemplo). A forma aguda de CIVD relacionada à sepse, trauma, complicações obstétricas e LMA. O consumo de fatores da coagulação e de plaquetas não consegue ser compensado por um aumento da produção hepática e medular. Manifesta-se com sangramentos. A forma crônica quase sempre relacionada a tumores sólidos secretores de fator tecidual. Como há uma resposta compensatória hepática e medular, o consumo excessivo de fatores da coagulação e de plaquetas é reposto. Manifesta- se com repetidas tromboses. Os critérios que definem o diagnóstico são: Hipofibrinogenemia (< 70-100 mg/dl); Aumento dos PDF, especialmente o d- dímero; Alargamento do PTTa, do TP e do TT (Tempo de Trombina); Trombocitopenia; Anemia hemolítica com esquizócitos. Além desses fatores, estes pacientes fazem microtrombose difusa, levando à insuficiência renal aguda, disfunção hepática, depressão do sensório e gangrena de dígitos. O sangramento deve ser abordado com a reposição de plaquetas (se contagem 8 Khilver Doanne Sousa Soares Material restrito, favor não reproduzir nem distribuir sua posse!!! Nenhum serviço de impressão e xerox pode redistribuir este material a outros clientes!!! <50.000/mm3), plasma fresco congelado e crioprecipitado. Na CIVD crônica, a heparinização está indicada para tratar os eventos macrotrombóticos. _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ Referências Hemato, vol. 3, MEDCURSO – 2022. As plaquetas e a hemostasia.
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