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1986 FSP Da energia nuclear à bomba_page0001 O homem das ca vernas descobriu como fazer fogo. pelo atrito das pedras. Começa va, na historia da humanidade. a geração da ener século 18 a roda era a força motriz utiliza da para o fole das forjas e rocas de tecer. A aurora da Revolução Indus =rial vem com a descoberta, por James Watt, da primeira máquina a vapor. Valorizam se as nações que possuem apreciáveis jazidas de car vão. o que vai marcar um ciclo duradouro. Segue se o ciclo do petró leo, que entretanto não desbanca totalmente o “deus carvão", apesar da universalização do motor à explo são. Em ambos esses ciclos 0 Brasil ficou à margem, depossuído de car vão e de petróleo. Mas a história da nossa civilização é a história da conquista da energia. As necessidades mundiais de ener gia crescem em razão geométrica, enquanto o petróleo, que é um recurso finito, deve exaurir se num horizonte de uma geração. Queira mos ou não. o papel principal passará a ser representado pelo átomo, em que pese o perigo terrível das radiações e a ameaça de destruição da vida na Terra. Toda a questão está em dominar essa fabulosa fonte Da energia nuclear à bomba JARBAS PASSARINHO inesgotável de energia. As nações que não souberem faze lo não atingi rão os umbrais do próximo século em condições de relevo. 0 Brasil, que se recusou a assinar um tratado de não proliferação, o fez porque deseja possuir o domínio do átomo. E 0 quer, declaradamente, para fins pacificos. Os membros do clube fechado dos que detém a tecnologia da energia nuclear não querem novos sócios. Lembre se da insólita intervenção do presidente Carter, que no dia seguinte à sua posse, enviou o seu vice, Walter Mondale, a Bonn, para pressionar o governo alemão a fim de romper o acordo nuclear Brasil Alemanha Fe deral. Não creio que se tratasse apenas de garantir privilégios da Westinghouse, que nos vendeu Angra 1, como “caixa preta". Suponho que o receio dos americanos te nisso in cluímos soviéticos e demais) estava em que o Brasil, ajudado pelos cientistas alemães, viesse a possuir a tecnologia do ciclo do átomo e, consequentemente, se habilitasse ã fabricação da bomba atômica. Na verdade, o receio se justifica. pois quem pode produzir o urânio enri quecido, pode chegar ao plutõnio, através do bombardeio do urânio 238 por nêutrons liberados do urânio 235. Qual o interesse que teria o Brasil. porém, de além de ter a energia núcleo elétrica, enveredar pelo ca minho bélico, ao produzir a bomba atômica e artefatos nucleares? A estratégia militar, desde Napoleão. não se satisfaz com a vitória na guerra: quer a destruição do inimigo. Austerlitz é o exemplo napoleõnico: o da 2” Grande Guerra foi a destruição do 3° Reich. Ocorre que essa estraté gia se complica, quando entra em cogitação o arsenal atômico. Para garantir a vitória exterminadora seria necessário impedir o inimigo de fazer a represália. Ora, a partir do chamado “equilíbrio do terror". as superpotências sabem que não po dem impedir a represália, tão aniqui ladora quanto 0 ataque de quem tomar a iniciativa. Ainda que o ataque eliminasse todas as bases de lançamento terrestre. restariam ao agredido os submarinos atõmicos e A pergunta da Folha Você acha que o Brasil deve ter condições de construir a bomba atômica ? as forças aéreas especiais. Logo. so o temor da represália mantém a paz. Foi isso que fez De Gaulle criar a "force de frappe" Não foi outro o motivo de o Paquistão lançar se à busca da produção da bomba._pois cresciam os rumores de que a India estava avançada no mesmo caminho E por que Israel bombardeou o reator enterrado do Iraque? Ora, a necessidade desse “equili brio do terror" tsuponho que a frase é de Raymund Aron) pode levar um pais a habilitar se á produção da bomba. se nas vizinhanças houver a mesma ameaça potencial. Quanto a mim, não creio em antagonismos irremediáveis perto de nós, mas já Huxley afirma, no "Contraponto", que “a moral é importante, mas 0 guarda da esquina ajuda" Confiar em motivação etica. quando se trata de guerra. é uma temeridade. Refletindo sobre os exemplos que citei, não vejo correlação clara conosco e nossos vizinhos. A menos que o futuro imediato indique ser melhor. para nós, estarmos prontos para dissuadir quem se deixe domi nar por más intenções... JAIIÁS GONÇILVIS PISSÀIUNNO ä 0' vice pre sidente noclonol do PD$_ foi ministro do lroholho tgovemo Costa e Silva] do Educação igoverno Medm. e do Previdência Social (govornq Figueiredo) Q lombérn governador do Puro senador do Pepúblico O presidente do Congresso Nacional. r' mssrsr-uz znzrgiz nuizinzr à izomiz=_p=g=ooo1 O homem das ca- vernas descobriu como fazer fogo. pelo atrito das pedras. Começa- va, na história da humanidade. a geração da ener- século 18 a roda era a força motriz utiliza- para o fole das forjas e rocas de tecer. A aurora da Revolução Indus- =rial vem com a descoberta. por James Watt, da primeira máquina a vapor. Valorizam-se as nações que possuem apreciáveis jazidas de car- vão, o que vai marcar um ciclo duradouro. Segue-se o ciclo do petro- Pleo, que entretanto não desbanca totalmente o “deus carvão", apesar da universalização do motor à explo- 2 são. Em ambos esses ciclos o Brasil ficou à margem, depossuido de car- vão e de petróleo. Mas a história da i nossa civilização é a história da | conquista da energia. As necessidades mundiais de ener- | gia crescem em razão geométrica, enquanto 0 petróleo, que e um recurso finito, deve exaurir-se num horizonte de uma geração. Queira- mos ou não, o papel principal passará a ser representado pelo átomo, em que pese o perigo terrivel das radiações e a ameaça de destruição da vida na Terra. Toda a questão ,está em dominar essa fabulosa fonte Da energia nuclear à bomba JARBAS PASSARINHO inesgotável de energia. As nações que não souberem fazê-lo não atingi- râo os umbrais do próximo século em condições de relevo. 0 Brasil, ue se recusou a assinar um tratado ãe não-proliferação, o fez porque deseja possuir o dominio do átomo. E o quer. declaradamente. para fins pacificos. Os membros do clube fechado dos que detêm a tecnologia da energia nuclear não querem novos sócios. Lembre-se da insólita intervenção do presidente Carter, que no dia seguinte à sua posse. enviou o seu vice, Walter Mondale, a Bonn, para pressionar o governo alemão a fim de romper o acordo nuclear Brasil-Alemanha Fe- deral. Não creio que se tratasse apenas de garantir privilégios da Westinghouse, que nos vendeu Angra 1. como “caixa preta". Suponho que 0 receio dos americanos te nisso in- cluímos soviéticos e demais) estava em que o Brasil. ajudado pelos cientistas alemães, viesse a possuir a tecnologia do ciclo do átomo e, consequentemente, se habilitasse à fabricação da bomba atômica. Na verdade, o receio se justifica. pois quem pode produzir o urânio enri- quecido. pode chegar ao plutônio. atraves do bombardeio do urânio 238 por nêutrons liberados do urânio 235. Qual o interesse que teria o Brasil. porém. de além de ter a energia núcleo-elétrica, enveredar pelo ca- minho bélico, ao produzir a bomba atõmica e artefatos nucleares? A estratégia militar, desde Napoleão. não se satisfaz com a vitória na guerra; quer a destruição do inimigo. Austerlitz e o exemplo napoleõnico; o da 2" Grande Guerra foi a destruição do 3° Reich. Ocorre que essa estrate- gia se complica, quando entra em cogitação o arsenal atômico. Para garantir a vitória exterminadora seria necessário impedir o inimigo de fazer a represália. Ora. a partir do chamado “equilibrio do terror", as superpotências sabem que não po- dem impedir a represália, tão aniqui- ladora quanto o ataque de quem tomar a iniciativa. Ainda que o ataque eliminasse todas as bases de lançamento terrestre. restariam ao agredido os submarinos atõmicos e A pergimta da Folha Você acha que o Brasil deve ter condições de construir a bomba atômica? as forças aereas especiais. Logo. so o temor da represalia mantem a paz. l-`oi isso que fez De Gaulle criar a “force de frappc" Não foi outro 0 motivo de o Paquistão lançar~sc à buscada produção da bomba. pois cresciam os rumores de que a lndia estava avançada no mesmo caminho E por que israel bombardeou o reator enterrado do Iraque? Ora, a necessidade desse "equiIi- brio do terror" tsuponho que a frase é de Raymund Aron) pode levar um pais a habilitar-se à produção da bomba, se nas vizinhanças houver ai mesma ameaça potencial. Quanto a mim, não creio em antagonismos irremediáveis perto de nós. mas já Huxley afirma. no "Contraponto", que "a moral é importante, mas 0 guarda da esquina ajuda" Confiar em motivação ética. quando se trata' de guerra. e uma temei-idade. Refletindo sobre os exemplos que citei, não vejo correlação clara conosco e nossos vizinhos. A menos que o futuro imediato indique ser melhor, para nós, estarmos prontos para dissuadir quem se deixe domi- nar por más intenções... :nus oouçntvn nsnnmuo eo â me .fz oazzoz nzzlzmzi ao Pos oz. m..¬.wzz as mmziiis igovzfw cow z sim; ao zalzzzçàs igsvzzf-.z wait.. z au m-v.úsn‹.z 5.-,Uai ‹w~.‹nzz n;..«.¢a‹›› z também gsvzmzâzv as nm mzzúm as nzp...iz:.‹z . gfzizaznu ao cengmze nzmziai 1986 FSP Da energia nuclear à bomba_page0002 fl1, l | Ii *if l"l \ Meu não à bomba é um sim à vida. Por que a bom ba? Para sermos tão poderosos como as duas po tencias que po ' dem destruir muitas vezes a humanidade? Para sermos, simplesmente, uma potencia capaz de rivalizar com outra poten cia da America do Sul? Bomba como forma de defesa é uma ilusão de defesa de quem trabalha quase que, exclusivamente, com armas. A defesa de um pais se faz com adesão das pessoas a um projeto nacional. E um problema político muito mais do que técnico. Se não fosse assim, a história engasga ria ao explicar a derrota dos Estados Unidos no Vietnã, onde as bombas não conseguiram explodir a moral de uma resistencia popular disposta a tudo. Se essa pergunta fosse feita com alguns dias de antecedencia, esta riamos falando dela em pleno aniver sário da explosão de Hiroshima. comemorado no 6 de agosto. Nossa discussão não poderia espantar os fantasmas do sofrimento humano. lembrado, todos os anos, em várias cerimonias no Japão. No Rio de Janeiro. entre centenas de adolescentes vestidos de branco. Pela vida, pela paz caminhamos nesse dia pela rua das Laranjeiras, gritando "Pela Vida. Pela Paz, Horoshima, Nunca Mais". Muita gente vai nos chamar de ingenuos por tentar deter os passos dos militares daqui, enquanto os militares de lá, na Argentina, podem estar tão envolvidos num projeto nuclear como gostariam de estar os nossos. SÓ há, entretanto, uma única resposta para responder a esta justa inquietação. Essa resposta é o esfor ço de estabelecer vínculos permanen tes entre todos os setores interessa dos na paz aqui e lá, na união dos incipientes movimentos pacifistas brasileiro e argentino. A pergunta sobre a bomba brasilei ra, entretanto, não foi colocada sôbre a mesa durante o aniversário de Hiroshima. Ela emergiu por causa das escavações secretas, para fins militares, encontradas na Serra do Cachimbo, no sul do Pará. O frio percorreu a espinha de todo o movimento ecológico no Brasil que vem denunciando, há algum tempo, a existencia de um plano nuclear paralelo a construção das usinas de Angra e às instalações de Resende e Itaguaí, que tratarão também do enriquecimento de uranio e da pro dução de equipamentos. Ha algum tempo também que se procura criativamente uma anteci pação ã iniciativa de construir a bomba. Começamos até pelo argu mento mais imediato e elementar: não se pode entrar no Clube Atômico e comer duas vêzes por dia e o Brasil, num dilema desse tipo, precisa dici dir democraticamente. Mais os argumentos, entretanto. não param aí. Achamos que é necessário estimular um movimento nas ruas, fábricas e universidades, que possa efetivamente deter a bomba. Nas ruas do Rio de Janeiro, no dia 6 de agosto; mais uma vez, estudan tes e forças politicas, sobretudo os verdes e o PT, marcaram sua posição pela paz. Demonstração iné dita, baseada numa proposta do poeta Affonso Romano Santana. to dos de branco, num dia de paz e amor. Poucos dias depois, o próprio PT tomava uma iniciativa parlamentar fundamental: pedir a presença dos ministros envolvidos para que expli cassem no Congresso as escavações na Serra do Cachimbo. Nossas forças. entretanto, são mui to modestas para a dimensão da tarefa. Precisamos de todos os brasi leiros/as, independentes de estarem ou não em partidos politicos para a construção de um amplo front paci fista que atravesse todas a camadas sociais. Os primeiros passos do movimento antinuclear ja ioram uaous vz... ,,..... de Angra dos Reis que num só de fechou o comércio e repartições encheu as ruas da cidade par; _ protestar contra a usina atômica. As crinças gritavam. nas ruas Hiroshi ma e Tchernobyl nunca mais. Os desastres que vimos no cini ma e na televisão e que estreme ceram nossos pesadelos nos último. z ano 5 estão ai, batendo nas nossas portas. como uma nova possibilidade trági ca. Esta semana mesmo. nos E.<tq`do: =. Unidos, foi lançada uma coletâr.‹. il de contos e relatos dos sobrevivem. és do Hiroshima. Seu título é 'O Fogo =~atd‹= da cinzas' Se todos pudesem lvr ou mesmo imaginar as ruas dv Hi roshima no seis de agosto. creio qui = todos se vestiriam de branch , e sairiam as ruas do Brasil para protestar contra qualquer projet de bomba atômica. Enquanto isto não acontec preciso conquistar, segundo por .' gundo, minuto por minuto, o d.rz~ito da vida continuar sôbre o Braszl e o resto do mundo. Quando já nao na mais esperanças, a única esperan ;a'= e combate pela paz. _ _ _ E z Íl_ FERNANDO NÁOLE GAIIIIL A5 rufididulc do P7 governo do Estado do Rio de Junezfg Q |‹_ 11 ~~ escritor e autor de O que e isso .nwnpaut . Enlrodus e Bondeiros mssrsr-na znzrgiz nueizzr à |›i›miz=_p=g=ooo2 l r ' NÂO ¬'I1 té .L. I Meu não à bomba é um sim a vida. Por que a bom- ba? Para sermos tão poderosos como as duas po- tencias que po- d e m d e st r u i r muitas vezes a humanidade? Para sermos, simplesmente, uma potencia capaz de rivalizar com outra poten- cia da América do Sul? Bomba como forma de defesa é uma ilusão de defesa de quem trabalha quase que. exclusivamente. com armas. A defesa de um pais se faz com adesão das pessoas a um projeto nacional. E um problema político muito mais do que técnico. Se não fosse assim. a história engasga- ria ao explicar a derrota dos Estados Unidos no Vietnã, onde as bombas não conseguiram explodir a moral de uma resistencia popular disposta a tudo. Se essa pergunta fosse feita com alguns dias de antecedencia. esta- riamos falando dela em pleno aniver- sário da explosâo de Hiroshima. comemorado no 6 de agosto. Nossa discussao não poderia espantar os fantasmas do sofrimento humano. lembrado. todos os anos. em várias cerimonias no Japão. No Rio de Janeiro. entre centenas de adolescentes vestidos de branco. Pela vida, pela paz caminhamos nesse dia pela rua das Laranjeiras. gritando "Pela Vida. Pela Paz. Horoshima, Nunca Mais". Muita gente vai nos chamar de ingenuos por tentar deter os passos dos militares daqui. enquanto os militares de lá. na Argentina. podem estar tão envolvidos num projeto nuclear como gostariam de estar os nossos. Só há. entretanto. uma única resposta para responder a esta justa inquietação. Essa resposta e o esfor- ço de estabelecer vínculos permanen- tes entre todos os setores interessa- dos na paz aqui e Ia. na união dos incipientes movimentos pacifistas brasileiro e argentino. A pergunta sobre a bomba brasilei- ra. entretanto. não foi colocada sobre a mesa durante o aniversário de Hiroshima. Ela emergiu por causa das escavações secretas. para fins militares. encontradas na Serra do Cachimbo. no sul do Pará. O frio percorreu a espinha de todo o movimento ecológico no Brasil que vem denunciando. há algum tempo, a existencia de um plano nuclear paralelo a construção das usinas de Angra e as instalações de Resende e ltaguai. que tratarão também do enriquecimento de uranio e da pro- dução de equipamentos. Ha algum tempo também que se procura criativamenteuma anteci- pação a iniciativa de construir a bomba. Começamos até pelo argu- mento mais imediato e elementar: não se pode entrar no Clube Atômico e comer duas vêzes por dia e o Brasil. num dilema desse tipo. precisa dici- dir democraticamente. Mais os argumentos. entretanto. não param ai. Achamos que é necessário estimular um movimento nas ruas. fábricas e universidades. que possa efetivamente deter a bomba. Nas ruas do Rio de Janeiro. no dia 6 de agosto. mais uma vez. estudan- tes e forças politicas. sobretudo os verdes e o PT, marcaram sua posição pela paz. Demonstração ine- dita. baseada numa proposta do poeta Affonso Romano Santana. to- dos de branco. num dia de paz e amor. Poucos dias depois, o próprio PT tomava uma iniciativa parlamentar fundamental: pedir a presença dos ministros envolvidos para que expli- cassem no Congresso as escavações na Serra do Cachimbo. Nossas forças. entretanto. são mui- to modestas para a dimensão da tarefa. Precisamos de todos os brasi- leiros/as, independentes de estarem ou não em partidos politicos para a construçao de um amplo front paci- fista que atravesse todas a camadas sociais. Os primeiros passos do movimento antinuclear ja iorani uauus pen, pv.-. de Angra dos Reis que num so di; fechou o comércio e reparliçóes encheu as ruas da cidade para protestar contra a usina atômica. A» crinças gritavam. nas ruas Hiroshi- ma e Tchernobyl nunca mais Os desastres que vimos no cinrmú e na televisão e que estremeeeram nossos pesadelos nos últimos ano; estão ai. batendo nas nossas portas. como uma nova possibilidade trági- ca. Esta semana mesmo. nos l:1.~'!ado:=. Unidos. foi lançada uma coletânz-u dc contos e relatos dos sobreviveiiwz di- Hiroshima. Seu titulo é 'O Fogo zaidiz da cinzas' Se todos pudesem lvr ou mesmo imaginar as ruas di- Hi- roshima no seis de agosto. creio 40» todos se vestiriam de branco .‹e sairiam as ruas do Brasil ¡.:r-i protestar contra qualquer projâ-t de bomba atômica. Enquanto isto não acontec- preciso conquistar. segundo po: .- gundo. minuto por minuto. o dmvito da vida continuar sôbre o Braszl c n resto do mundo. Quando ja' nao na mais esperanças. a única espeiançaz e combate pela paz. ` rumauoo usou aauin zé zzz..1.azziz› às v: geveiz-zz as mad» as nz» as José.-s Q ..- ¬. - mms: â wo. as 0 que z .M .-›...,z.z..›.. t.m.›a‹-‹››ze‹zi¬az.z‹›« 1986 FSP Da energia nuclear à bomba_page0003 l A necessidade das armas atômicas SIM. O Brasil deve procurar os tar em condições 1 de produzir o ar . tefato nuclear. Os motivos são sim ples. Primeiro es tar em condições é contar com pessoal suficiente e habilitado tecnologicamente, instala ções e equipamentos adequados e posse de estoques estratégicos neces sários. Ora, não há diferença entre preparar para o progresso e para a guerra de maneira não imediata. A guerra é um camaleão, ensinava Raymond Aron. De qualquer pro gresso tecnológico pacífico pode re sultar uma aplicação bélica. Fábri cas de pacatas e pacificas máquinas de costura podem se converter em letais produtoras de metralhadoras. Do mesmo modo, isótopos radioati vos indispensáveis a salvação de vidas na medicina fazem se com o conhecimento e aparelhos passíveis de emprego em äiesquisas bélicas. O conhecimento in ispensãvel à produ ção de artefatos nucleares não difere do indispensável à aplicações pacífi cas, na indústria, medicina etc. 0 mesmo se diga, até certo ponto, do pessoal, instalações e estoques. Segundo, tentar impedir ou limitar o desenvolvimento científico e tecno lógico do pais a pretexto da paz, é fazer o jogo de poder das superpotèn cias, é condenar o nosso sofrido povo a permanecer condenado a desfrutar frações insignificantes dos bens colo cados ã disposição de seus irmãos do Norte. Para colocarmos os brasilei ros com a mesma disponibilidade de energia elétrica e, em conseqliäncia, do emprego de que dispõe je os americanos, só será possível aprovei tando todas nossas disponibilidades hídricas viáveis, energias alternati vas mais energia atômica, e ao fazermos isto, sem o desejarmos, seremos potência atômica. Ora não nos parece injusto desejar ao nosso povo o nível de vida de outro, aliás já conhecido por ele pela televisão. Ou devemos fazer voto de pobreza cole tiva? Araújo Castro denunciou o esdrúxulo congelamento do poder mundial forçado pelas duas superpo tências pelo Tratado de Não Prolife ração de Armas Nucleares, onde ao arrepio da experiência histórica es tabeleceram a presunção de que o Poder gera moderação e responsabi lidade, e que o perigo está nos paises desarmados e não nos seus arsenais atômicos. E ademais estabeleceram uma estranha correlação entre ma turidade e reponsabilidade com paí ses atômicos e imaturidade e irres ponsabilidade com países não atômi cos, ao prescrever que os segundos deviam ser fiscalizados internacio nalmente, e os que já tinham de monstrado suas intenções belicosas pela posse de artefatos nucleares eram isentos de tal fiscalização. O terceiro motiv'o está ligado ao progresso do conhecimento cientifi co tecnológico. Recusar estar em condiçôes de poder produzir o artefa to só impede o progresso da ciência no pais. Não há diferença entre conhecimento que pode ser usado para fins bélicos e fins paclficos. Aliás, convém meditar, porque a India, mais pobre e com mais analfabetos que o nosso país, ocupa o oitavo lugar na produção cientifica mundial (trabalhos publicados), en quanto que o Brasil só agora conse guiu chegar ao modesto 25° lugar na mesma escala. Desnecessário lem brar as implicações sociais do pro gresso cientifico para um país. O último e não menos importante motivo é o moral. Todos devem colaborar para a äiaz mundial, é imperativo ético e e sobrevivência nesta altura do século. Enquanto os artefatos nucleares forem apanágio de alguns, será irresistível a tentação de utiliza los, quando contrariados seus interesses. A ampla difusão não do artefato, o que concordo seria um risco, mas das condições de tê los num curto prazo por um número maior de paises, forçaria as grandes potências a proscreverem de vez a arma atômica e estabelecerem con dições reais de paz e a entrarem em definitivas negociações de paz e desarmamento. Durante a Segunda Guerra Mundial, os nazistas não usaram as 125 mil toneladas de gás mortal que tinham estocadas, não porque os aliados tinham a mesma quantidade, de mesma lgalidadp, mas porque sabiam da idêntica capacidade de poder produzir similar gás que tinham os aliados. Ter condições em curto prazo de produzir é dissuasão. Nesse sentido, vale recordar as palavras de João Paulo 2°: “Nas condiçôes atuais, uma dissuasão baseada no equilibrio, cer tamente não como um fim em si, mas como uma etapa no caminho de um desarmamento progressivo, pode ser julgada como moralmente aceita vel." ('L'Osservatore Romano* 20/06/82, pág. 10). O episcoparlo católico francês, em fins de 1983, reafirmou não só a legitimdiade das condições de poder fazer a bomba atômica, mas a sua posse pronta para o emprego para um pais cristão, com as seguintes palavras: “para não ter de fazer a guerra, queremos mostrar nos capaz de faze la". Mes mo porque nem sempre o adversário contra o qual se entra em guerra é um educado e moderado santo, mas pode ser um Hitler redivido, e é mais provável que o seja. Estar em condiçoes de fazer a bomba é acelerar o progresso do pais e possibilitar a superação de seu subdesenvolvimento e contribuir de cisivamente para a paz e ordem mundial. IJIIIITÁN DE MICIÉ. 43. 6 membro do Consclli. Federal de Culture. ou professor do Colegio I» ne a:n|› I ricono de Defesa em Washington (EUA), colúberudi da revisto “Politica e Esuatógie' e autor da .' Democracia no Brasil" iossrsr-na znzrgiz nueizzr à i›i›miz=_p=g=oon:i A necessidade das armas atômicas SIM. O Brasil deve procurar es- tar em condiçõä de produzir o ar- tefato nuclear. Os motivos são sim- ples. Primeiro es- tar em condições com pessoal suficiente e tecnologicamente. instala- e equipamentos adequados e de estoques estratégicos neces- Ora, não há diferença entre preparar para oprogresso e para a guerra de maneira não imediata. A guerra é um camalo, ensinava |Raymond Aron. De qualquer pro- gresso tecnológico pacífico pode re sultar tuna aplicação bélica. Fábri- cas de pacatas e paclficas máquinas de costura podem se converter em letais produtoras de metralhadoras. Do mesmo modo, isótopos radioati- vos indispensáveis a salvação de vidas na medicina fazem-se com o conhecimento e aparelhos passíveis de emprego em gesquisas bélicas. 0 conhecimento in ispensável à produ- ção de artefatos nucleares não difere do indispensável à aplicações pacifi- cas, na indústria. medicina etc. O mesmo se diga. até certo ponto. do pessoal. instalações e estoques. Segundo. tentar impedir ou limitar o desenvolvimento cientifico e tecno- lógico do pais a pretexto da paz, é fazer o jogo de poder das superpotên- cias. é condenar o nosso sofrido povo la permanecer condenado a desfrutar frações insignificantes dos bens colo- cados a disposição de seus irigiãosldo Norte. Para colocamos os rasi ei- ros com aémama disponibilidäiede de energia e trica e. em conseqmneia. do emprego de que dispõe je os americanos. só será possível aprovei- tando todas nossas disponibilidades hidi-icas viáveis. energias alternati- vas mais energia atônâiêaè. e ao fazermos isto. sem o jarmos. seremos potência atômica. Ora não nos parece injusto dsejar ao nosso povo o nivel de vida de outro,_ aliás já âonhecidofpor eletopedl: ãâlšvisão. (l)u evemos azer vo reza coe- tiva? Araújo Castro denunciou o esdrgxiälo coiãgelaflenäo do poder mun ia orça ope s uassuperpo- tências pelo Tratado de Não Prolife- ração_ de Armas Nucleares. onde ao arrepio da experiência lustórica es- tabeleceram a presunção de que o Poder gera moderação e raponsabi- lidade, e que o perigo atá nos paíss desarmados e äião nos seusbearsenais atômicas. E a emais esta eceram uma estranha correlação entre ma- turidade e reponsabilidade com paí- ses atõ_ri_iicos e imaturidade e irres- ponsabilidade com paises não atômi- cos, ao pracrever que os segundos deviam ser fiscalizados internacio- nalmente. e os que já tinham de- monstrado suas intenções belicosas pela posse de artefatos niiclearë eram isentos de tal fiscalização. 0 terceiro motiv'o esta? ligado ao progresso do conhecimento científi- co-tecnológico. Recusar estar em condições de poder produzir o artefa- to só impede o progresso da ciência no país. Não há diferença entre conhecimento que pode ser usado para fins bélicos e fins pactficos. Aliás. convém meditar. porque a India. mais pobre e com mais analfabetos que o nosso país. ocupa o oitavo lugar na produção cientifica mundial (trabalhos publicados). en- quanto que o Brasil só agora conse- guiu chegar ao modesto 25° lugar na mesma escala. Desnectssario lem- brar as implicaçõa sociais do pro- gresso cientifico para um pais. 0 último e não menos importante motivo é o moral. Todos devem colaborar para a fpaz mundial. é imperativo ético e e sobrevivência nesta altura do século. Enquanto os artefatos nucleares forem apanágio de alguns, será irrsistivel a tentação de utiliza-los. quando contrariados seus interesses. A ampla difusão não do artefato. o que concordo seria um risco, mas das condições de tê-los num curto prazo por um número maior de países. forçaria as grandes potências a proscreverem de vez a arma atômica e estabelecerem con- dições reais de paz e a entrarem em definitivas negociações de paz e desarmamento. Durante a Segunda Guerra Mundial, os nazistas não usaram as 125 mil toneladas de gás mortal que tinham estocadas. não porque os aliados tinham a mesma quantidade. de mesma lgalidadp. -i mas porque sabiam da idêntica capacidade de poder produzir similar gás que tinham os aliados. Ter condições em curto prazo de produzir é dissuasão. Nesse sentido. vale recordar as palavras de João Paulo 2": “Nas condições atuais. uma dissuasão baseada no equilíbrio. cer- tamente não como um fim em si, mas como uma etapa no caminho de um desarmamento progressivo. pode ser julgada como moralmente aceitá- vel." (tl./Osservatore Romano' 20/06/02. pág. 10). O episcoparlo católico francês, em fins de lsltill, reafirmou não só a legitimdiade das condições de poder fazer a bomba atômica. mas a sua posse pronta para o emprego para um pais cristão. com as seguintes palavras: "para não ter de fazer a guerra, queremos mostrar-nos capaz de fazê-la". Mes- mo porque nem sempre o adversário contra o qual se entra em guerra é um educado e moderado santo. mas pode ser um Hitler redivido. e é mais provável que o seja. Estar em condiçoes de fazer a bomba é acelerar o progresso do pais e possibilitar a superação de seu subdesenvolvimento e contribuir de- cisivamente para a paz e ordem mundial. unluuu os :nuno às é msmizza ao czflsiiz rzazzai az cimow. «ii-pwmw as relógio i-is-zzi» nzizmz as ozt-sz --fi wzzhmgizn (eua), -.si.zse‹iia› as zu-na -'eziiiizo z ezizziógis' . wie, J» : oenwzioúa no e:o.‹fl“ l
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