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brasil-politica-exterior-003613

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1986 FSP Da energia nuclear à bomba_page0001
O homem das ca
vernas descobriu
como fazer fogo.
pelo atrito das
pedras. Começa
va, na historia da
humanidade. a
geração da ener
século 18 a roda
era a força motriz utiliza
da para o fole das forjas e rocas de
tecer. A aurora da Revolução Indus
=rial vem com a descoberta, por
James Watt, da primeira máquina a
vapor. Valorizam se as nações que
possuem apreciáveis jazidas de car
vão. o que vai marcar um ciclo
duradouro. Segue se o ciclo do petró
leo, que entretanto não desbanca
totalmente o “deus carvão", apesar
da universalização do motor à explo
são. Em ambos esses ciclos 0 Brasil
ficou à margem, depossuído de car
vão e de petróleo. Mas a história da
nossa civilização é a história da
conquista da energia.
As necessidades mundiais de ener
gia crescem em razão geométrica,
enquanto o petróleo, que é um
recurso finito, deve exaurir se num
horizonte de uma geração. Queira
mos ou não. o papel principal passará
a ser representado pelo átomo, em
que pese o perigo terrível das
radiações e a ameaça de destruição
da vida na Terra. Toda a questão
está em dominar essa fabulosa fonte
Da energia nuclear à bomba
JARBAS PASSARINHO
inesgotável de energia. As nações
que não souberem faze lo não atingi
rão os umbrais do próximo século em
condições de relevo.
0 Brasil, que se recusou a assinar
um tratado de não proliferação, o fez
porque deseja possuir o domínio do
átomo. E 0 quer, declaradamente,
para fins pacificos. Os membros do
clube fechado dos que detém a
tecnologia da energia nuclear não
querem novos sócios. Lembre se da
insólita intervenção do presidente
Carter, que no dia seguinte à sua
posse, enviou o seu vice, Walter
Mondale, a Bonn, para pressionar o
governo alemão a fim de romper o
acordo nuclear Brasil Alemanha Fe
deral. Não creio que se tratasse
apenas de garantir privilégios da
Westinghouse, que nos vendeu Angra
1, como “caixa preta". Suponho que o
receio dos americanos te nisso in
cluímos soviéticos e demais) estava
em que o Brasil, ajudado pelos
cientistas alemães, viesse a possuir a
tecnologia do ciclo do átomo e,
consequentemente, se habilitasse ã
fabricação da bomba atômica. Na
verdade, o receio se justifica. pois
quem pode produzir o urânio enri
quecido, pode chegar ao plutõnio,
através do bombardeio do urânio 238
por nêutrons liberados do urânio 235.
Qual o interesse que teria o Brasil.
porém, de além de ter a energia
núcleo elétrica, enveredar pelo ca
minho bélico, ao produzir a bomba
atômica e artefatos nucleares? A
estratégia militar, desde Napoleão.
não se satisfaz com a vitória na
guerra: quer a destruição do inimigo.
Austerlitz é o exemplo napoleõnico: o
da 2” Grande Guerra foi a destruição
do 3° Reich. Ocorre que essa estraté
gia se complica, quando entra em
cogitação o arsenal atômico. Para
garantir a vitória exterminadora
seria necessário impedir o inimigo de
fazer a represália. Ora, a partir do
chamado “equilíbrio do terror". as
superpotências sabem que não po
dem impedir a represália, tão aniqui
ladora quanto 0 ataque de quem
tomar a iniciativa. Ainda que o
ataque eliminasse todas as bases de
lançamento terrestre. restariam ao
agredido os submarinos atõmicos e
A pergunta da Folha
Você acha que o Brasil deve ter condições de
construir a bomba atômica ?
as forças aéreas especiais. Logo. so o
temor da represália mantém a paz.
Foi isso que fez De Gaulle criar a
"force de frappe" Não foi outro o
motivo de o Paquistão lançar se à
busca da produção da bomba._pois
cresciam os rumores de que a India
estava avançada no mesmo caminho
E por que Israel bombardeou o
reator enterrado do Iraque?
Ora, a necessidade desse “equili
brio do terror" tsuponho que a frase
é de Raymund Aron) pode levar um
pais a habilitar se á produção da
bomba. se nas vizinhanças houver a
mesma ameaça potencial. Quanto a
mim, não creio em antagonismos
irremediáveis perto de nós, mas já
Huxley afirma, no "Contraponto",
que “a moral é importante, mas 0
guarda da esquina ajuda" Confiar
em motivação etica. quando se trata
de guerra. é uma temeridade.
Refletindo sobre os exemplos que
citei, não vejo correlação clara
conosco e nossos vizinhos. A menos
que o futuro imediato indique ser
melhor. para nós, estarmos prontos
para dissuadir quem se deixe domi
nar por más intenções...
JAIIÁS GONÇILVIS PISSÀIUNNO ä 0' vice pre
sidente noclonol do PD$_ foi ministro do lroholho
tgovemo Costa e Silva] do Educação igoverno Medm.
e do Previdência Social (govornq Figueiredo) Q
lombérn governador do Puro senador do Pepúblico O
presidente do Congresso Nacional.
r'
mssrsr-uz znzrgiz nuizinzr à izomiz=_p=g=ooo1
O homem das ca-
vernas descobriu
como fazer fogo.
pelo atrito das
pedras. Começa-
va, na história da
humanidade. a
geração da ener-
século 18 a roda
era a força motriz utiliza-
para o fole das forjas e rocas de
tecer. A aurora da Revolução Indus-
=rial vem com a descoberta. por
James Watt, da primeira máquina a
vapor. Valorizam-se as nações que
possuem apreciáveis jazidas de car-
vão, o que vai marcar um ciclo
duradouro. Segue-se o ciclo do petro-
Pleo, que entretanto não desbanca
totalmente o “deus carvão", apesar
da universalização do motor à explo-
2 são. Em ambos esses ciclos o Brasil
ficou à margem, depossuido de car-
vão e de petróleo. Mas a história da
i nossa civilização é a história da
| conquista da energia.
As necessidades mundiais de ener-
| gia crescem em razão geométrica,
enquanto 0 petróleo, que e um
recurso finito, deve exaurir-se num
horizonte de uma geração. Queira-
mos ou não, o papel principal passará
a ser representado pelo átomo, em
que pese o perigo terrivel das
radiações e a ameaça de destruição
da vida na Terra. Toda a questão
,está em dominar essa fabulosa fonte
Da energia nuclear à bomba
JARBAS PASSARINHO
inesgotável de energia. As nações
que não souberem fazê-lo não atingi-
râo os umbrais do próximo século em
condições de relevo.
0 Brasil, ue se recusou a assinar
um tratado ãe não-proliferação, o fez
porque deseja possuir o dominio do
átomo. E o quer. declaradamente.
para fins pacificos. Os membros do
clube fechado dos que detêm a
tecnologia da energia nuclear não
querem novos sócios. Lembre-se da
insólita intervenção do presidente
Carter, que no dia seguinte à sua
posse. enviou o seu vice, Walter
Mondale, a Bonn, para pressionar o
governo alemão a fim de romper o
acordo nuclear Brasil-Alemanha Fe-
deral. Não creio que se tratasse
apenas de garantir privilégios da
Westinghouse, que nos vendeu Angra
1. como “caixa preta". Suponho que 0
receio dos americanos te nisso in-
cluímos soviéticos e demais) estava
em que o Brasil. ajudado pelos
cientistas alemães, viesse a possuir a
tecnologia do ciclo do átomo e,
consequentemente, se habilitasse à
fabricação da bomba atômica. Na
verdade, o receio se justifica. pois
quem pode produzir o urânio enri-
quecido. pode chegar ao plutônio.
atraves do bombardeio do urânio 238
por nêutrons liberados do urânio 235.
Qual o interesse que teria o Brasil.
porém. de além de ter a energia
núcleo-elétrica, enveredar pelo ca-
minho bélico, ao produzir a bomba
atõmica e artefatos nucleares? A
estratégia militar, desde Napoleão.
não se satisfaz com a vitória na
guerra; quer a destruição do inimigo.
Austerlitz e o exemplo napoleõnico; o
da 2" Grande Guerra foi a destruição
do 3° Reich. Ocorre que essa estrate-
gia se complica, quando entra em
cogitação o arsenal atômico. Para
garantir a vitória exterminadora
seria necessário impedir o inimigo de
fazer a represália. Ora. a partir do
chamado “equilibrio do terror", as
superpotências sabem que não po-
dem impedir a represália, tão aniqui-
ladora quanto o ataque de quem
tomar a iniciativa. Ainda que o
ataque eliminasse todas as bases de
lançamento terrestre. restariam ao
agredido os submarinos atõmicos e
A pergimta da Folha
Você acha que o Brasil deve ter condições de
construir a bomba atômica?
as forças aereas especiais. Logo. so o
temor da represalia mantem a paz.
l-`oi isso que fez De Gaulle criar a
“force de frappc" Não foi outro 0
motivo de o Paquistão lançar~sc à
buscada produção da bomba. pois
cresciam os rumores de que a lndia
estava avançada no mesmo caminho
E por que israel bombardeou o
reator enterrado do Iraque?
Ora, a necessidade desse "equiIi-
brio do terror" tsuponho que a frase
é de Raymund Aron) pode levar um
pais a habilitar-se à produção da
bomba, se nas vizinhanças houver ai
mesma ameaça potencial. Quanto a
mim, não creio em antagonismos
irremediáveis perto de nós. mas já
Huxley afirma. no "Contraponto",
que "a moral é importante, mas 0
guarda da esquina ajuda" Confiar
em motivação ética. quando se trata'
de guerra. e uma temei-idade.
Refletindo sobre os exemplos que
citei, não vejo correlação clara
conosco e nossos vizinhos. A menos
que o futuro imediato indique ser
melhor, para nós, estarmos prontos
para dissuadir quem se deixe domi-
nar por más intenções...
:nus oouçntvn nsnnmuo eo â me .fz
oazzoz nzzlzmzi ao Pos oz. m..¬.wzz as mmziiis
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1986 FSP Da energia nuclear à bomba_page0002
fl1,
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|
Ii
*if
l"l
\ Meu não à bomba
é um sim à vida.
Por que a bom
ba? Para sermos
tão poderosos
como as duas po
tencias que po
' dem destruir
muitas vezes a humanidade? Para
sermos, simplesmente, uma potencia
capaz de rivalizar com outra poten
cia da America do Sul?
Bomba como forma de defesa é
uma ilusão de defesa de quem
trabalha quase que, exclusivamente,
com armas. A defesa de um pais se
faz com adesão das pessoas a um
projeto nacional. E um problema
político muito mais do que técnico. Se
não fosse assim, a história engasga
ria ao explicar a derrota dos Estados
Unidos no Vietnã, onde as bombas
não conseguiram explodir a moral de
uma resistencia popular disposta a
tudo.
Se essa pergunta fosse feita com
alguns dias de antecedencia, esta
riamos falando dela em pleno aniver
sário da explosão de Hiroshima.
comemorado no 6 de agosto. Nossa
discussão não poderia espantar os
fantasmas do sofrimento humano.
lembrado, todos os anos, em várias
cerimonias no Japão.
No Rio de Janeiro. entre centenas
de adolescentes vestidos de branco.
Pela vida, pela paz
caminhamos nesse dia pela rua das
Laranjeiras, gritando "Pela Vida.
Pela Paz, Horoshima, Nunca Mais".
Muita gente vai nos chamar de
ingenuos por tentar deter os passos
dos militares daqui, enquanto os
militares de lá, na Argentina, podem
estar tão envolvidos num projeto
nuclear como gostariam de estar os
nossos. SÓ há, entretanto, uma única
resposta para responder a esta justa
inquietação. Essa resposta é o esfor
ço de estabelecer vínculos permanen
tes entre todos os setores interessa
dos na paz aqui e lá, na união dos
incipientes movimentos pacifistas
brasileiro e argentino.
A pergunta sobre a bomba brasilei
ra, entretanto, não foi colocada sôbre
a mesa durante o aniversário de
Hiroshima. Ela emergiu por causa
das escavações secretas, para fins
militares, encontradas na Serra do
Cachimbo, no sul do Pará.
O frio percorreu a espinha de todo o
movimento ecológico no Brasil que
vem denunciando, há algum tempo, a
existencia de um plano nuclear
paralelo a construção das usinas de
Angra e às instalações de Resende e
Itaguaí, que tratarão também do
enriquecimento de uranio e da pro
dução de equipamentos.
Ha algum tempo também que se
procura criativamente uma anteci
pação ã iniciativa de construir a
bomba. Começamos até pelo argu
mento mais imediato e elementar:
não se pode entrar no Clube Atômico
e comer duas vêzes por dia e o Brasil,
num dilema desse tipo, precisa dici
dir democraticamente.
Mais os argumentos, entretanto.
não param aí. Achamos que é
necessário estimular um movimento
nas ruas, fábricas e universidades,
que possa efetivamente deter a
bomba.
Nas ruas do Rio de Janeiro, no dia
6 de agosto; mais uma vez, estudan
tes e forças politicas, sobretudo os
verdes e o PT, marcaram sua
posição pela paz. Demonstração iné
dita, baseada numa proposta do
poeta Affonso Romano Santana. to
dos de branco, num dia de paz e
amor.
Poucos dias depois, o próprio PT
tomava uma iniciativa parlamentar
fundamental: pedir a presença dos
ministros envolvidos para que expli
cassem no Congresso as escavações
na Serra do Cachimbo.
Nossas forças. entretanto, são mui
to modestas para a dimensão da
tarefa. Precisamos de todos os brasi
leiros/as, independentes de estarem
ou não em partidos politicos para a
construção de um amplo front paci
fista que atravesse todas a camadas
sociais.
Os primeiros passos do movimento
antinuclear ja ioram uaous vz... ,,.....
de Angra dos Reis que num só de
fechou o comércio e repartições
encheu as ruas da cidade par; _
protestar contra a usina atômica. As
crinças gritavam. nas ruas Hiroshi
ma e Tchernobyl nunca mais.
Os desastres que vimos no cini ma
e na televisão e que estreme ceram
nossos pesadelos nos último. z ano 5
estão ai, batendo nas nossas portas.
como uma nova possibilidade trági
ca.
Esta semana mesmo. nos E.<tq`do: =.
Unidos, foi lançada uma coletâr.‹. il de
contos e relatos dos sobrevivem. és do
Hiroshima. Seu título é 'O Fogo =~atd‹=
da cinzas' Se todos pudesem lvr ou
mesmo imaginar as ruas dv Hi
roshima no seis de agosto. creio qui =
todos se vestiriam de branch , e
sairiam as ruas do Brasil para
protestar contra qualquer projet de
bomba atômica.
Enquanto isto não acontec
preciso conquistar, segundo por .'
gundo, minuto por minuto, o d.rz~ito
da vida continuar sôbre o Braszl e o
resto do mundo. Quando já nao na
mais esperanças, a única esperan ;a'=
e combate pela paz. _
_ _ E z Íl_
FERNANDO NÁOLE GAIIIIL A5 rufididulc do P7
governo do Estado do Rio de Junezfg Q |‹_ 11 ~~
escritor e autor de O que e isso .nwnpaut .
Enlrodus e Bondeiros
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Meu não à bomba
é um sim a vida.
Por que a bom-
ba? Para sermos
tão poderosos
como as duas po-
tencias que po-
d e m d e st r u i r
muitas vezes a humanidade? Para
sermos, simplesmente, uma potencia
capaz de rivalizar com outra poten-
cia da América do Sul?
Bomba como forma de defesa é
uma ilusão de defesa de quem
trabalha quase que. exclusivamente.
com armas. A defesa de um pais se
faz com adesão das pessoas a um
projeto nacional. E um problema
político muito mais do que técnico. Se
não fosse assim. a história engasga-
ria ao explicar a derrota dos Estados
Unidos no Vietnã, onde as bombas
não conseguiram explodir a moral de
uma resistencia popular disposta a
tudo.
Se essa pergunta fosse feita com
alguns dias de antecedencia. esta-
riamos falando dela em pleno aniver-
sário da explosâo de Hiroshima.
comemorado no 6 de agosto. Nossa
discussao não poderia espantar os
fantasmas do sofrimento humano.
lembrado. todos os anos. em várias
cerimonias no Japão.
No Rio de Janeiro. entre centenas
de adolescentes vestidos de branco.
Pela vida, pela paz
caminhamos nesse dia pela rua das
Laranjeiras. gritando "Pela Vida.
Pela Paz. Horoshima, Nunca Mais".
Muita gente vai nos chamar de
ingenuos por tentar deter os passos
dos militares daqui. enquanto os
militares de lá. na Argentina. podem
estar tão envolvidos num projeto
nuclear como gostariam de estar os
nossos. Só há. entretanto. uma única
resposta para responder a esta justa
inquietação. Essa resposta e o esfor-
ço de estabelecer vínculos permanen-
tes entre todos os setores interessa-
dos na paz aqui e Ia. na união dos
incipientes movimentos pacifistas
brasileiro e argentino.
A pergunta sobre a bomba brasilei-
ra. entretanto. não foi colocada sobre
a mesa durante o aniversário de
Hiroshima. Ela emergiu por causa
das escavações secretas. para fins
militares. encontradas na Serra do
Cachimbo. no sul do Pará.
O frio percorreu a espinha de todo o
movimento ecológico no Brasil que
vem denunciando. há algum tempo, a
existencia de um plano nuclear
paralelo a construção das usinas de
Angra e as instalações de Resende e
ltaguai. que tratarão também do
enriquecimento de uranio e da pro-
dução de equipamentos.
Ha algum tempo também que se
procura criativamenteuma anteci-
pação a iniciativa de construir a
bomba. Começamos até pelo argu-
mento mais imediato e elementar:
não se pode entrar no Clube Atômico
e comer duas vêzes por dia e o Brasil.
num dilema desse tipo. precisa dici-
dir democraticamente.
Mais os argumentos. entretanto.
não param ai. Achamos que é
necessário estimular um movimento
nas ruas. fábricas e universidades.
que possa efetivamente deter a
bomba.
Nas ruas do Rio de Janeiro. no dia
6 de agosto. mais uma vez. estudan-
tes e forças politicas. sobretudo os
verdes e o PT, marcaram sua
posição pela paz. Demonstração ine-
dita. baseada numa proposta do
poeta Affonso Romano Santana. to-
dos de branco. num dia de paz e
amor.
Poucos dias depois, o próprio PT
tomava uma iniciativa parlamentar
fundamental: pedir a presença dos
ministros envolvidos para que expli-
cassem no Congresso as escavações
na Serra do Cachimbo.
Nossas forças. entretanto. são mui-
to modestas para a dimensão da
tarefa. Precisamos de todos os brasi-
leiros/as, independentes de estarem
ou não em partidos politicos para a
construçao de um amplo front paci-
fista que atravesse todas a camadas
sociais.
Os primeiros passos do movimento
antinuclear ja iorani uauus pen, pv.-.
de Angra dos Reis que num so di;
fechou o comércio e reparliçóes
encheu as ruas da cidade para
protestar contra a usina atômica. A»
crinças gritavam. nas ruas Hiroshi-
ma e Tchernobyl nunca mais
Os desastres que vimos no cinrmú
e na televisão e que estremeeeram
nossos pesadelos nos últimos ano;
estão ai. batendo nas nossas portas.
como uma nova possibilidade trági-
ca.
Esta semana mesmo. nos l:1.~'!ado:=.
Unidos. foi lançada uma coletânz-u dc
contos e relatos dos sobreviveiiwz di-
Hiroshima. Seu titulo é 'O Fogo zaidiz
da cinzas' Se todos pudesem lvr ou
mesmo imaginar as ruas di- Hi-
roshima no seis de agosto. creio 40»
todos se vestiriam de branco .‹e
sairiam as ruas do Brasil ¡.:r-i
protestar contra qualquer projâ-t de
bomba atômica.
Enquanto isto não acontec-
preciso conquistar. segundo po: .-
gundo. minuto por minuto. o dmvito
da vida continuar sôbre o Braszl c n
resto do mundo. Quando ja' nao na
mais esperanças. a única espeiançaz
e combate pela paz. `
rumauoo usou aauin zé zzz..1.azziz› às v:
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t.m.›a‹-‹››ze‹zi¬az.z‹›«
1986 FSP Da energia nuclear à bomba_page0003
l
A necessidade das armas atômicas
SIM. O Brasil
deve procurar os
tar em condições
1 de produzir o ar
. tefato nuclear. Os
motivos são sim
ples. Primeiro es
tar em condições
é contar com pessoal suficiente e
habilitado tecnologicamente, instala
ções e equipamentos adequados e
posse de estoques estratégicos neces
sários. Ora, não há diferença entre
preparar para o progresso e para a
guerra de maneira não imediata. A
guerra é um camaleão, ensinava
Raymond Aron. De qualquer pro
gresso tecnológico pacífico pode re
sultar uma aplicação bélica. Fábri
cas de pacatas e pacificas máquinas
de costura podem se converter em
letais produtoras de metralhadoras.
Do mesmo modo, isótopos radioati
vos indispensáveis a salvação de
vidas na medicina fazem se com o
conhecimento e aparelhos passíveis
de emprego em äiesquisas bélicas. O
conhecimento in ispensãvel à produ
ção de artefatos nucleares não difere
do indispensável à aplicações pacífi
cas, na indústria, medicina etc. 0
mesmo se diga, até certo ponto, do
pessoal, instalações e estoques.
Segundo, tentar impedir ou limitar
o desenvolvimento científico e tecno
lógico do pais a pretexto da paz, é
fazer o jogo de poder das superpotèn
cias, é condenar o nosso sofrido povo
a permanecer condenado a desfrutar
frações insignificantes dos bens colo
cados ã disposição de seus irmãos do
Norte. Para colocarmos os brasilei
ros com a mesma disponibilidade de
energia elétrica e, em conseqliäncia,
do emprego de que dispõe je os
americanos, só será possível aprovei
tando todas nossas disponibilidades
hídricas viáveis, energias alternati
vas mais energia atômica, e ao
fazermos isto, sem o desejarmos,
seremos potência atômica. Ora não
nos parece injusto desejar ao nosso
povo o nível de vida de outro, aliás já
conhecido por ele pela televisão. Ou
devemos fazer voto de pobreza cole
tiva? Araújo Castro denunciou o
esdrúxulo congelamento do poder
mundial forçado pelas duas superpo
tências pelo Tratado de Não Prolife
ração de Armas Nucleares, onde ao
arrepio da experiência histórica es
tabeleceram a presunção de que o
Poder gera moderação e responsabi
lidade, e que o perigo está nos paises
desarmados e não nos seus arsenais
atômicos. E ademais estabeleceram
uma estranha correlação entre ma
turidade e reponsabilidade com paí
ses atômicos e imaturidade e irres
ponsabilidade com países não atômi
cos, ao prescrever que os segundos
deviam ser fiscalizados internacio
nalmente, e os que já tinham de
monstrado suas intenções belicosas
pela posse de artefatos nucleares
eram isentos de tal fiscalização.
O terceiro motiv'o está ligado ao
progresso do conhecimento cientifi
co tecnológico. Recusar estar em
condiçôes de poder produzir o artefa
to só impede o progresso da ciência
no pais. Não há diferença entre
conhecimento que pode ser usado
para fins bélicos e fins paclficos.
Aliás, convém meditar, porque a
India, mais pobre e com mais
analfabetos que o nosso país, ocupa o
oitavo lugar na produção cientifica
mundial (trabalhos publicados), en
quanto que o Brasil só agora conse
guiu chegar ao modesto 25° lugar na
mesma escala. Desnecessário lem
brar as implicações sociais do pro
gresso cientifico para um país.
O último e não menos importante
motivo é o moral. Todos devem
colaborar para a äiaz mundial, é
imperativo ético e e sobrevivência
nesta altura do século. Enquanto os
artefatos nucleares forem apanágio
de alguns, será irresistível a tentação
de utiliza los, quando contrariados
seus interesses. A ampla difusão não
do artefato, o que concordo seria um
risco, mas das condições de tê los
num curto prazo por um número
maior de paises, forçaria as grandes
potências a proscreverem de vez a
arma atômica e estabelecerem con
dições reais de paz e a entrarem em
definitivas negociações de paz e
desarmamento. Durante a Segunda
Guerra Mundial, os nazistas não
usaram as 125 mil toneladas de gás
mortal que tinham estocadas, não
porque os aliados tinham a mesma
quantidade, de mesma lgalidadp,
mas porque sabiam da idêntica
capacidade de poder produzir similar
gás que tinham os aliados. Ter
condições em curto prazo de produzir
é dissuasão. Nesse sentido, vale
recordar as palavras de João Paulo
2°: “Nas condiçôes atuais, uma
dissuasão baseada no equilibrio, cer
tamente não como um fim em si, mas
como uma etapa no caminho de um
desarmamento progressivo, pode ser
julgada como moralmente aceita
vel." ('L'Osservatore Romano*
20/06/82, pág. 10). O episcoparlo
católico francês, em fins de 1983,
reafirmou não só a legitimdiade das
condições de poder fazer a bomba
atômica, mas a sua posse pronta
para o emprego para um pais cristão,
com as seguintes palavras: “para
não ter de fazer a guerra, queremos
mostrar nos capaz de faze la". Mes
mo porque nem sempre o adversário
contra o qual se entra em guerra é
um educado e moderado santo, mas
pode ser um Hitler redivido, e é mais
provável que o seja.
Estar em condiçoes de fazer a
bomba é acelerar o progresso do pais
e possibilitar a superação de seu
subdesenvolvimento e contribuir de
cisivamente para a paz e ordem
mundial.
IJIIIITÁN DE MICIÉ. 43. 6 membro do Consclli.
Federal de Culture. ou professor do Colegio I» ne a:n|› I
ricono de Defesa em Washington (EUA), colúberudi
da revisto “Politica e Esuatógie' e autor da .'
Democracia no Brasil"
iossrsr-na znzrgiz nueizzr à i›i›miz=_p=g=oon:i
A necessidade das armas atômicas
SIM. O Brasil
deve procurar es-
tar em condiçõä
de produzir o ar-
tefato nuclear. Os
motivos são sim-
ples. Primeiro es-
tar em condições
com pessoal suficiente e
tecnologicamente. instala-
e equipamentos adequados e
de estoques estratégicos neces-
Ora, não há diferença entre
preparar para oprogresso e para a
guerra de maneira não imediata. A
guerra é um camalo, ensinava
|Raymond Aron. De qualquer pro-
gresso tecnológico pacífico pode re
sultar tuna aplicação bélica. Fábri-
cas de pacatas e paclficas máquinas
de costura podem se converter em
letais produtoras de metralhadoras.
Do mesmo modo, isótopos radioati-
vos indispensáveis a salvação de
vidas na medicina fazem-se com o
conhecimento e aparelhos passíveis
de emprego em gesquisas bélicas. 0
conhecimento in ispensável à produ-
ção de artefatos nucleares não difere
do indispensável à aplicações pacifi-
cas, na indústria. medicina etc. O
mesmo se diga. até certo ponto. do
pessoal. instalações e estoques.
Segundo. tentar impedir ou limitar
o desenvolvimento cientifico e tecno-
lógico do pais a pretexto da paz, é
fazer o jogo de poder das superpotên-
cias. é condenar o nosso sofrido povo
la permanecer condenado a desfrutar
frações insignificantes dos bens colo-
cados a disposição de seus irigiãosldo
Norte. Para colocamos os rasi ei-
ros com aémama disponibilidäiede de
energia e trica e. em conseqmneia.
do emprego de que dispõe je os
americanos. só será possível aprovei-
tando todas nossas disponibilidades
hidi-icas viáveis. energias alternati-
vas mais energia atônâiêaè. e ao
fazermos isto. sem o jarmos.
seremos potência atômica. Ora não
nos parece injusto dsejar ao nosso
povo o nivel de vida de outro,_ aliás já
âonhecidofpor eletopedl: ãâlšvisão. (l)u
evemos azer vo reza coe-
tiva? Araújo Castro denunciou o
esdrgxiälo coiãgelaflenäo do poder
mun ia orça ope s uassuperpo-
tências pelo Tratado de Não Prolife-
ração_ de Armas Nucleares. onde ao
arrepio da experiência lustórica es-
tabeleceram a presunção de que o
Poder gera moderação e raponsabi-
lidade, e que o perigo atá nos paíss
desarmados e äião nos seusbearsenais
atômicas. E a emais esta eceram
uma estranha correlação entre ma-
turidade e reponsabilidade com paí-
ses atõ_ri_iicos e imaturidade e irres-
ponsabilidade com paises não atômi-
cos, ao pracrever que os segundos
deviam ser fiscalizados internacio-
nalmente. e os que já tinham de-
monstrado suas intenções belicosas
pela posse de artefatos niiclearë
eram isentos de tal fiscalização.
0 terceiro motiv'o esta? ligado ao
progresso do conhecimento científi-
co-tecnológico. Recusar estar em
condições de poder produzir o artefa-
to só impede o progresso da ciência
no país. Não há diferença entre
conhecimento que pode ser usado
para fins bélicos e fins pactficos.
Aliás. convém meditar. porque a
India. mais pobre e com mais
analfabetos que o nosso país. ocupa o
oitavo lugar na produção cientifica
mundial (trabalhos publicados). en-
quanto que o Brasil só agora conse-
guiu chegar ao modesto 25° lugar na
mesma escala. Desnectssario lem-
brar as implicaçõa sociais do pro-
gresso cientifico para um pais.
0 último e não menos importante
motivo é o moral. Todos devem
colaborar para a fpaz mundial. é
imperativo ético e e sobrevivência
nesta altura do século. Enquanto os
artefatos nucleares forem apanágio
de alguns, será irrsistivel a tentação
de utiliza-los. quando contrariados
seus interesses. A ampla difusão não
do artefato. o que concordo seria um
risco, mas das condições de tê-los
num curto prazo por um número
maior de países. forçaria as grandes
potências a proscreverem de vez a
arma atômica e estabelecerem con-
dições reais de paz e a entrarem em
definitivas negociações de paz e
desarmamento. Durante a Segunda
Guerra Mundial, os nazistas não
usaram as 125 mil toneladas de gás
mortal que tinham estocadas. não
porque os aliados tinham a mesma
quantidade. de mesma lgalidadp. -i
mas porque sabiam da idêntica
capacidade de poder produzir similar
gás que tinham os aliados. Ter
condições em curto prazo de produzir
é dissuasão. Nesse sentido. vale
recordar as palavras de João Paulo
2": “Nas condições atuais. uma
dissuasão baseada no equilíbrio. cer-
tamente não como um fim em si, mas
como uma etapa no caminho de um
desarmamento progressivo. pode ser
julgada como moralmente aceitá-
vel." (tl./Osservatore Romano'
20/06/02. pág. 10). O episcoparlo
católico francês, em fins de lsltill,
reafirmou não só a legitimdiade das
condições de poder fazer a bomba
atômica. mas a sua posse pronta
para o emprego para um pais cristão.
com as seguintes palavras: "para
não ter de fazer a guerra, queremos
mostrar-nos capaz de fazê-la". Mes-
mo porque nem sempre o adversário
contra o qual se entra em guerra é
um educado e moderado santo. mas
pode ser um Hitler redivido. e é mais
provável que o seja.
Estar em condiçoes de fazer a
bomba é acelerar o progresso do pais
e possibilitar a superação de seu
subdesenvolvimento e contribuir de-
cisivamente para a paz e ordem
mundial.
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