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OAB EXAME DE ORDEM DIREITO AMBIENTAL Capítulo 03 1 CAPÍTULOS Capítulo 1 – Princípios do Direito ambiental Capítulo 2 – Tutela Constitucional do Meio Ambiente e Responsabilidade Ambiental Civil e Administrativa. Capítulo 3 (Você está aqui!) – Política Nacional do Meio Ambiente. Capítulo 4 – Licença Ambiental. Capítulo 5 – Código Florestal. Capítulo 6 – Unidades de Conservação da Natureza. Capítulo 7 – Política Nacional de Recursos Hídricos e Os Recursos Minerais. Capítulo 8 – Tutela Processual Coletiva do Meio Ambiente e Tutela Penal e Processual Penal do Meio Ambiente. 2 SOBRE ESTE CAPÍTULO A apostila de número 03 do nosso curso de Direito Ambiental tratou sobre a PNMA. Agora, vamos as nossas considerações: “PNMA” apareceu apenas 1 VEZ nos últimos 3 anos, sendo considerado um assunto de baixa recorrência no Exame de Ordem. Mas isso não significa que devemos achar que esse assunto é irrelevante, muito pelo contrário! Por já ter sido objeto de questão, o seu aprendizado se torna essencial. Adicionamos questões de outros concursos que versam sobre esse tema para que você assimile ainda mais o conteúdo, tá? A FGV costuma seguir o padrão já conhecido, trazendo um caso hipotético, no qual será cobrado do aluno o conhecimento sobre a letra seca da lei. Vamos juntos! 3 SUMÁRIO DIREITO AMBIENTAL .............................................................................................................................. 4 Capítulo 3 .................................................................................................................................................. 4 4. Política Nacional do Meio Ambiente ........................................................................................... 4 4.1 Introdução ................................................................................................................................................................ 4 4.2 Princípios e objetivos .......................................................................................................................................... 4 4.3 Conceitos importantes ........................................................................................................................................ 9 4.4 Sistema Nacional do Meio Ambiente -SISNAMA ................................................................................ 11 4.5 Instrumentos da PNMA ................................................................................................................................... 15 4.6 Taxa de controle e fiscalização ambiental - TCFA ............................................................................... 30 QUADRO SINÓTICO .............................................................................................................................. 32 QUESTÕES COMENTADAS ................................................................................................................... 36 GABARITO ............................................................................................................................................... 47 QUESTÃO DESAFIO ................................................................................................................................ 48 GABARITO QUESTÃO DESAFIO ........................................................................................................... 49 LEGISLAÇÃO COMPILADA .................................................................................................................... 53 JURISPRUDÊNCIA ................................................................................................................................... 54 MAPA MENTAL ...................................................................................................................................... 57 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................................... 59 4 DIREITO AMBIENTAL Capítulo 3 4. Política Nacional do Meio Ambiente 4.1 Introdução A Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA foi instituída no Brasil em 1981 através da Lei 6.938, influenciada pelas normas de direito ambiental internacional e recepcionada pela Constituição de 1988. Essa lei é um dos principais instrumentos legais de regulamentação ambiental no nosso país, pois funciona como uma regra norteadora da proteção ambiental, institui princípios, objetivos, instrumentos e o Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA. A PNMA regulamenta a competência material comum em matéria administrativa ambiental dos entes federados, prevista no art. 23, VI e VII da CF/88, estabelecendo padrões mínimos gerais que devem ser especificados no âmbito do território de cada ente, de acordo com as peculiaridades inerentes a cada um. Portanto, cabe à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios implementar a PNMA e exercer a atividade pública de acordo com os seus princípios e objetivos, utilizando de seus instrumentos, especificando as suas regras de acordo com os interesses próprios. 4.2 Princípios e objetivos Segundo o art. 2º da PNMA, a Lei tem como objetivos a preservação, a melhoria e a recuperação da qualidade ambiental propícia à vida. Ainda, visa assegurar, no País, condições 5 ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana. Em seguida, o mesmo dispositivo enumera princípios1 norteadores que devem ser atendidos nas ações para implementar a PNMA: Art. 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios: I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo; II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; III - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais; IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas; V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras2; VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais; VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental; VIII - recuperação de áreas degradadas; IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação; X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente. Perceba que os princípios estabelecidos na PNMA não se confundem com os princípios do Direito Ambiental geralmente indicados pela doutrina, mas neles se fundamentam. Eles não são contraditórios, ao contrário, eles convergem para manter o meio ambiente ecologicamente equilibrado. Inclusive, é possível traçar o seguinte paralelo: 1 Vide questão 5 desse material. 2 Vide questão 10 desse material. 6 Ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo Princípio da obrigatoriedade de intervenção estatal Racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar Princípio da prevenção Planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais Princípio da obrigatoriedade de intervenção estatal Proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativasPrincípio da prevenção Controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras Princípio da obrigatoriedade de intervenção estatal Incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais Princípio da educação ambiental Acompanhamento do estado da qualidade ambiental Princípio da obrigatoriedade de intervenção estatal Recuperação de áreas degradadas Princípio do poluidor-pagador Proteção de áreas ameaçadas de degradação Princípio da prevenção e princípio da precaução Educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente Princípio da educação ambiental A doutrina chama os objetivos previstos no caput do art. 2º da PNMA de objetivos gerais; e de objetivos específicos aqueles previstos no art. 4º da mesma lei, que se referem a procedimentos que devem ser realizados para alcançar o resultado esperado, qual seja, os objetivos gerais. Art. 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará: 7 I - à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico; II - à definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios; III - ao estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais; IV - ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o uso racional de recursos ambientais; V - à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de dados e informações ambientais e à formação de uma consciência pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico; VI - à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida; VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos. compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico3 O desenvolvimento sustentável deve ser entendido como a união do desenvolvimento econômico com equidade social e a preservação ambiental. O inciso I do art. 4º da PNMA dispõe exatamente sobre isso quando afirma que a Lei visará “à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico”. definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios 3 Vide questão 2 desse material. 8 No inciso II temos o princípio da obrigatoriedade de intervenção estatal. De acordo com a PNMA, o Poder Público deve definir as áreas que trabalhará com prioridade nas ações ambientais. estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais Ao estabelecer critérios e padrões de qualidade ambiental e normas regulamentadoras do uso e manejo dos recursos naturais, a PNMA passa a tolerar determinados impactos ambientais. Com isso, podemos afirmar que o impacto ambiental causado por determinada atividade que cumpra as normas ambientais é permitido. O que diferencia esse impacto do dano ambiental é exatamente a atividade fora dos critérios e padrões de qualidade estabelecidos. desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o uso racional de recursos ambientais O inciso IV dispõe que é um objetivo da PNMA que a Administração Pública desenvolva tecnologias para que as atividades que usam recursos ambientais possam ser exercidas de forma racional4. difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, divulgação de dados e informações ambientais e formação de uma consciência pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico Esse objetivo da PNMA está consubstanciado nos princípios da informação, da educação ambiental e da participação democrática. A sociedade deve atuar junto ao Estado na preservação do meio ambiente, mas, para tanto, ela precisa ter uma consciência pública de democracia e acesso a dados e informações sobre a qualidade ambiental e sobre o equilíbrio ecológico. preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida 4 Vide questão 10 desse material. 9 Aplica-se a esse objetivo da PNMA os princípios da precaução, da prevenção e, no caso de dano, o princípio da restauração, que deve ser a mais abrangente possível, visando o mais próximo da condição original. à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos. Em caso de dano ao meio ambiente, cabe ao poluidor restaurar a sua condição anterior. Caso isso não seja possível, o poluidor deverá recuperar os danos que causou, deixando o ecossistema em condição de equilíbrio ambiental, mesmo que diferente da condição original. Geralmente os danos ambientais não são reversíveis por completo. Por isso, a recomposição do meio ambiente pode ser cumulada com a indenização. A preferência é pela tutela específica de recuperar os danos causados, mas, caso isso não seja possível, haverá a imposição de obrigação de indenizar ao poluidor, que deve ser revertido à preservação do meio ambiente. Estamos diante do princípio do poluidor-pagador. Ao final, o inciso VII trata do princípio do usuário-pagador. O usuário-pagador não comete nenhum ilícito ambiental, o intuito do princípio é racionalizar o uso do meio ambiente, evitando o seu desperdício e mantendo a sua forma preservada. Para tanto, é definido um valor econômico ao bem natural. 4.3 Conceitos importantes O art. 3º da PNMA define diversos conceitos importantes para o nosso estudo. Essa conceituação se aplica à toda matéria ambiental e não somente à lei em análise. Meio ambiente conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. Degradação a alteração adversa das características do meio ambiente. 10 Poluição5 degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem- estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos Poluidor pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental Recursos ambientais a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora. O conceito de meio ambiente apresentado pela Lei 6.938/81 trata apenas dos seus aspectos naturais, mas ele não se resume a isso na sociedade atual. De acordo com a Constituiçãode 1988 e com o princípio do desenvolvimento sustentável, devemos acrescentar ao conceito de meio ambiente os aspectos sociais, culturais e econômicos. O conceito de meio ambiente deve ser amplo, assim como o previsto na Resolução 306/2002 do CONAMA: “conjunto de condições, 5 Vide questões 3, 6 e 10 desse material. 11 leis, influências e interações de ordem física, química, biológica, social, cultural e urbanística, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. Portanto, temos como meio ambiente os seguintes patrimônios: O conceito de degradação ambiental e o conceito de poluição especificados no art. 3º da PNMA devem ser analisados em conjunto. Tenha em mente que a degradação é um gênero do qual a poluição faz parte. A degradação do meio ambiente pode ocorrer por causas naturais ou artificiais. No primeiro caso, não acarretará nenhuma implicação jurídica. Entretanto, quando a degradação ambiental ocorre por causas artificiais, por ação humana, estamos falando de poluição. 4.4 Sistema Nacional do Meio Ambiente -SISNAMA O SISNAMA é uma rede governamental, formada pelos diversos níveis da federação, que visa implementar a Política Nacional do Meio Ambiente de forma eficiente. Natural também chamado de meio ambiente físico, composto pelo solo, pela água, ar, fauna, flora... Cultural é constituído pelo patrimônio histórico, artístico, arqueológico, paisagístico e turístico. art. 215 e 216 da CF/88 Artificial é o espaço urbano, composto de edificações, ruas, praças... Do trabalho deve garantir ao homem proteção em seu local de trabalho. art. 200, VIII da CF/88 MEIO AMBIENTE 12 Estrutura do SISNAMA6 O órgão superior do SISNAMA é o Conselho de Governo. Ele tem como função o assessoramento imediato ao Presidente da República na formulação da política nacional e nas diretrizes governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais. O Conselho de Governo é presidido pelo Presidente da República, que pode determinar a sua substituição pelo Ministro de Estado Chefe da Casa Civil; e composto por Ministros de Estado e o titular do Gabinete Pessoal do Presidente da República. O órgão consultivo e deliberativo do SISNAMA é o Conselho Nacional do Meio Ambiente, mais conhecido como CONAMA. Tem como finalidade o assessoramento, estudo e proposta ao Conselho de Governo de diretrizes para as políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais; e deliberação, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sabia qualidade de vida. 6 Vide questão 1 desse material. Órgão Superior - Conselho de Governo Órgão Consultivo e Deliberativo - CONAMA Órgão Central - Ministério do Meio Ambiente Órgãos Executores - IBAMA e ICMBio Órgãos Seccionais - órgãos e entidades estatais Órgãos Locais - órgãos e entidades municipais 13 De acordo com o Decreto 99.274/90, o CONAMA compõe-se de: Plenário; Comitê de Integração de Políticas Ambientais; Câmaras Técnicas; Grupos de Trabalho; e Grupos Assessores. Integram o Plenário do CONAMA: I – o Ministro de Estado do Meio Ambiente, que o presidirá; II – o Secretário-Executivo do Ministério do Meio Ambiente, que será o seu Secretário- Executivo; III – o Presidente do Ibama; IV – um representante dos seguintes Ministérios, indicados pelos titulares das respectivas Pastas: a) Casa Civil da Presidência da República; b) Ministério da Economia; c) Ministério da Infraestrutura; d) Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; e) Ministério de Minas e Energia; f) Ministério do Desenvolvimento Regional; e g) Secretaria de Governo da Presidência da República; V – um representante de cada região geográfica do País indicado pelo governo estadual; VI - dois representantes de Governos municipais, dentre as capitais dos Estados; VII - quatro representantes de entidades ambientalistas de âmbito nacional inscritas, há, no mínimo, um ano, no Cadastro Nacional de Entidades Ambientalistas – CNEA, mediante carta registrada ou protocolizada junto ao CONAMA; e VIII - dois representantes indicados pelas seguintes entidades empresariais: a) Confederação Nacional da Indústria; b) Confederação Nacional do Comércio; c) Confederação Nacional de Serviços; d) Confederação Nacional da Agricultura; e e) Confederação Nacional do Transporte. Ademais, o Ministério Público Federal poderá indicar um representante, titular e suplente, para participar do Plenário do CONAMA na qualidade de membro convidado, sem direito a voto. A participação dos membros do CONAMA é considerada serviço de natureza relevante e não será remunerada. O Plenário do CONAMA reunir-se-á, em caráter ordinário, a cada três meses, no Distrito Federal, e, extraordinariamente, sempre que convocado pelo seu Presidente, por iniciativa própria ou a requerimento de pelo menos dois terços de seus membros. As reuniões do Plenário serão públicas, e devem contar com pelo menos a metade mais um dos seus membros. As deliberações devem ser feitas por maioria simples dos membros presentes na sessão, cabendo ao Presidente o voto de qualidade, além do seu voto pessoal. 14 Também poderão ser realizadas reuniões regionais, de caráter não deliberativo, com a participação de representantes dos Estados, do Distrito Federal e das capitais dos Estados das respectivas regiões. O art. 7º do Decreto 99.274/90 define as competências do CONAMA, entre elas, destacamos: estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios para o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser concedido pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios e supervisionada pelo referido Instituto; estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais de controle da poluição causada por veículos automotores, aeronaves e embarcações, mediante audiência dos Ministérios competentes; estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional dos recursos ambientais, principalmente os hídricos; assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais; deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida; e deliberar, sob a forma de resoluções, proposições, recomendações e moções, visando o cumprimento dos objetivos da Política Nacional de Meio Ambiente. Devemos lembrar que competência normativa do CONAMA decorre do poder regulamentar da Administração Pública. Portanto, as normas editadas por este órgão devem ser complementares à lei, com o objetivo de viabilizar a sua fiel execução. O órgão central do SISNAMA é o Ministério do Meio Ambiente, com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como órgão federal, a política nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente. Obs.: na literalidade da Lei 6.938/81, você vai encontrar “Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República”, mas em 1992 ela foi transformada em Ministério do Meio Ambiente. 15 Os órgãos executores do SISNAMA são o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio7. O IBAMA é uma autarquia federal de regime especial, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente. Tem autonomia administrativa e financeira; atua em todo o território nacional; e é administrada por um presidente e cinco diretores. O Instituto Chico Mendes também é uma autarquia federal vinculada ao Ministério do Meio Ambiente. Tem como atribuição a execuçãodas ações federais que tratam sobre a política nacional de unidades de conservação da natureza. Em caso de omissão do Instituto Chico Mendes quanto às suas atribuições, o IBAMA pode, de forma supletiva, exercer o seu poder de polícia ambiental. Os órgãos seccionais do SISNAMA são os órgãos ou entidades estaduais. Eles são responsáveis pela execução de programas, projetos, controle e fiscalização de atividades capazes de provocar degradação ambiental8. Os órgãos locais do SISNAMA são os órgãos ou entidades municipais. São responsáveis pelo controle e pela fiscalização das atividades capazes de provocar degradação ambiental, nas suas respectivas jurisdições. 4.5 Instrumentos da PNMA Para que os órgãos ambientais possam efetivar a PNMA seguindo os seus princípios para alcançar os objetivos elencados, a Lei 6.938/81 estabeleceu em seu art. 9º alguns instrumentos9. Art. 9º da PNMA – São Instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente: I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; II - o zoneamento ambiental; 7 Vide questão 8 desse material. 8 Vide questão 4 desse material. 9 Vide questão 7 desse material. 16 III - a avaliação de impactos ambientais; IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras; V - os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental; VI - a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas; VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente; VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumento de Defesa Ambiental; IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental. X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA; XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o Poder Público a produzí-las, quando inexistentes; XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais. XIII - instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e outros. Vejamos detalhadamente os instrumentos mais importantes da PNAM: Estabelecimento de padrões de qualidade ambiental Praticamente todas as atividades humanas causam algum tipo de impacto ambiental, que é definido pela Resolução 01/86 do CONAMA como “qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II - as atividades sociais e econômicas; III - a biota; IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V - a qualidade dos recursos ambientais”. 17 Portanto, é preciso estabelecer, através de análises técnicas e científicas, quais os limites socialmente aceitáveis para os impactos ambientais de determinas atividades. A definição desses limites configura o padrão de qualidade ambiental. Zoneamento ambiental O zoneamento ambiental é conhecido como Zoneamento Ecológico-Econômico – ZEE. Ele decorre de estudos técnicos e científicos das características do meio ambiente em um determinado espaço geográfico, que tem como objetivo conhecer a vocação ambiental e econômica de cada região10. O ZEE procura dividir o território em zonas de acordo com as necessidades de proteção, conservação e recuperação dos recursos naturais e do desenvolvimento sustentável. A distribuição espacial das atividades econômicas no ZEE deve considerar a importância ecológica, as limitações e as fragilidades dos ecossistemas, e o zoneamento deve estabelecer vedações, restrições e alternativas de exploração da área e, quando for o caso, a mudança de local de atividades incompatíveis com as suas diretrizes gerais. De acordo com a Lei Complementar 140/11, é de competência da União elaborar o zoneamento ambiental de âmbito nacional ou regional; de competência dos estados elaborar o zoneamento ambiental de âmbito estadual; e de competência dos municípios elaborar o Plano Diretor, que deve ser compatível com os zoneamentos dos demais entes. Avaliação de impactos ambientais Qualquer atividade que causa impacto ambiental deve passar por uma avaliação prévia para que a Administração possa autorizar ou não o empreendimento e exigir do empreendedor as medidas necessárias para corrigir, mitigar e/ou compensar os impactos negativos ao ecossistema que elas podem gerar. A Avaliação de Impactos Ambientais – AIA é um instrumento da PNMA que consiste em procedimento para examinar os impactos ambientais de uma atividade e suas alternativas. Os 10 Vide questão 9 desse material. 18 seus resultados devem ser públicos, em prestígio ao princípio da informação e da participação democrática. O Princípio 17 da Declaração do Rio de Janeiro sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento dispõe sobre a AIA nos seguintes termos “a Avaliação de Impacto Ambiental deve ser empreendida para as atividades planejadas que possam vir a ter impacto negativo considerável sobre o meio ambiente, e que dependem de uma decisão de autoridade nacional competente”. Como existem diversos níveis de impactos ambientais, também existem diversas formas de AIA, com avaliações menos complexas para atividades que gerem baixo impacto e avaliações mais complexas para atividades que gerem significativa degradação ambiental. A imagem acima mostra os tipos de AIA de acordo com a sua complexidade, quanto maior o círculo, mais complexa a avaliação, que deve ser feita nos casos de maiores riscos ambientais. O Estudo Prévio de Impacto Ambiental – EIA deve ser feito para subsidiar o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras que causem significativa degradação EIA Plano de manejo Relatório ambiental Plano e projeto de controle ambiental Plano de recuperação de área degradada Relatório ambiental preliminar Diagnóstico ambiental 19 ambiental. É um instrumento previsto na PNMA, mas que também tem fundamento constitucional (art. 225, §1º, IV). Para que seja concedida a licença ambiental para uma atividade (pública ou privada) que apresente grande potencial de degradação do meio ambiente, deve ser realizado previamente o EIA. Nesse sentido, a Resolução 237/97 do CONAMA: Art. 3º- A licença ambiental para empreendimentos e atividades consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de significativa degradação do meio dependerá de prévio estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto sobre o meio ambiente (EIA/RIMA), ao qual dar-se-á publicidade, garantida a realização de audiências públicas, quando couber, de acordo com a regulamentação. Parágrafo único. O órgão ambiental competente, verificando que a atividade ou empreendimento não é potencialmente causador de significativa degradação do meio ambiente, definirá os estudos ambientais pertinentes ao respectivo processo de licenciamento. Mas quais seriam essas atividades causadoras ou potencialmente causadoras de significativos danos ambientais? O CONAMA, em sua Resolução 01/86, elenca um rol exemplificativo dessas atividades: I - Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento; II - Ferrovias; III - Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos; IV - Aeroportos, conforme definidos pelo inciso 1, artigo 48, do Decreto-Leinº 32, de 18.11.66; V - Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissários de esgotos sanitários; VI - Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230KV; VII - Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como: barragem para fins hidrelétricos, acima de 10MW, de saneamento ou de irrigação, abertura de canais para navegação, drenagem e irrigação, retificação de cursos d'água, abertura de barras e embocaduras, transposição de bacias, diques; VIII - Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão); 20 IX - Extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código de Mineração; X - Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou perigosos; XI - Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia primária, acima de 10MW; XII - Complexo e unidades industriais e agro-industriais (petroquímicos, siderúrgicos, cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo de recursos hídricos); XIII - Distritos industriais e zonas estritamente industriais - ZEI; XIV - Exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de 100 hectares ou menores, quando atingir áreas significativas em termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental; XV - Projetos urbanísticos, acima de 100ha. ou em áreas consideradas de relevante interesse ambiental a critério da SEMA e dos órgãos municipais e estaduais competentes; XVI - Qualquer atividade que utilize carvão vegetal, em quantidade superior a dez toneladas por dia., entre elas encontramos as estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento, as ferrovias, portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos, oleodutos, gasodutos e mineradouros. Todas as atividades que constam nesse rol são, portanto, presumidamente causadoras de significativa degradação ambiental. Todas essas atividades supracitadas são presumidamente causadoras de significativo dano ambiental. Por se tratar de um rol exemplificativo, a autoridade ambiental licenciadora, dentro do seu poder discricionário, também pode exigir a realização do EIA no caso concreto para atividades que não constem na lista do CONAMA, mas que considere potencialmente poluidora. Segundo a mesma resolução do CONAMA, a elaboração do EIA deve conter obrigatoriamente: I - Diagnóstico ambiental da área de influência do projeto completa descrição e análise dos recursos ambientais e suas interações, tal como existem, de modo a caracterizar a situação ambiental da área, antes da implantação do projeto, considerando: a) o meio físico - o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d'água, o regime hidrológico, as correntes marinhas, as correntes atmosféricas; 21 b) o meio biológico e os ecossistemas naturais - a fauna e a flora, destacando as espécies indicadoras da qualidade ambiental, de valor científico e econômico, raras e ameaçadas de extinção e as áreas de preservação permanente; c) o meio sócio-econômico - o uso e ocupação do solo, os usos da água e a sócio- economia, destacando os sítios e monumentos arqueológicos, históricos e culturais da comunidade, as relações de dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura desses recursos. II - Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, através de identificação, previsão da magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios sociais. III - Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, entre elas os equipamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, avaliando a eficiência de cada uma delas. lV - Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento (os impactos positivos e negativos, indicando os fatores e parâmetros a serem considerados. A realização do EIA deve ser feita pelo sujeito interessado em exercer a atividade que será licenciada, que também deve arcar com todos os seus custos. Para tanto, o empreendedor poderá contratar uma empresa de consultoria cujos membros sejam inscritos no Cadastro Técnico Federal de Atividades. Atenção: é muito importante você saber que o EIA não vincula a decisão do órgão ambiental11. O EIA é dotado de linguagem técnica, muitas vezes incompreensível para a sociedade. Para prestigiar o princípio da informação e o princípio da participação democrática, a legislação exige que também seja elaborado um o Relatório de Impacto Ambiental – RIMA, com uma linguagem mais acessível que demonstre as conclusões do EIA, as vantagens e as desvantagens do projeto e as consequências ambientais da sua implementação12. 11 Vide questão 9 desse material. 12 Vide questão 9 desse material. 22 Artigo 9º da Resolução 01/86 do CONAMA - O relatório de impacto ambiental - RIMA refletirá as conclusões do estudo de impacto ambiental e conterá, no mínimo: I - Os objetivos e justificativas do projeto, sua relação e compatibilidade com as políticas setoriais, planos e programas governamentais; II - A descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais, especificando para cada um deles, nas fases de construção e operação a área de influência, as matérias primas, e mão-de-obra, as fontes de energia, os processos e técnica operacionais, os prováveis efluentes, emissões, resíduos de energia, os empregos diretos e indiretos a serem gerados; III - A síntese dos resultados dos estudos de diagnósticos ambiental da área de influência do projeto; IV - A descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e operação da atividade, considerando o projeto, suas alternativas, os horizontes de tempo de incidência dos impactos e indicando os métodos, técnicas e critérios adotados para sua identificação, quantificação e interpretação; V - A caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência, comparando as diferentes situações da adoção do projeto e suas alternativas, bem como com a hipótese de sua não realização; VI - A descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em relação aos impactos negativos, mencionando aqueles que não puderam ser evitados, e o grau de alteração esperado; VII - O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos; VIII - Recomendação quanto à alternativa mais favorável (conclusões e comentários de ordem geral). Parágrafo único - O RIMA deve ser apresentado de forma objetiva e adequada a sua compreensão. As informações devem ser traduzidas em linguagem acessível, ilustradas por mapas, cartas, quadros, gráficos e demais técnicas de comunicação visual, de modo que se possam entender as vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as consequências ambientais de sua implementação. A publicidade dada ao EIA e ao RIMA tem como principal fundamento proporcionar a participação da sociedade nas questões ambientais, para tanto, eles e as suas respectivas aprovações ou rejeições devem ser publicados no Diário Oficial e disponibilizados no órgão 23 licenciador em local de fácil acesso ao público. Lembre-se que, apesar da ampla publicidade dada às avaliações ambientais, deve ser respeitado sigilo industrial. Ainda em relação à publicidade do EIA e do RIMA, o órgão competente deverá promover audiência pública para informar e debater o projeto e seus impactos ambientais, sempre que julgar necessário, quando for solicitado por entidade civil, pelo Ministério Público ou por cinquenta ou mais cidadãos. A audiência pública é tão relevanteque, se solicitada e não realizada, a licença ambiental concedida não terá validade! Por fim, a elaboração ou apresentação de qualquer avaliação de impacto ambiental total ou parcialmente falso ou enganoso, inclusive por omissão, configura crime previsto no art. 69- A da Lei 9.605/98, que trata dos crimes ambientais, com pena de reclusão de 3 a 6 anos e multa, se doloso, e de detenção de 1 a 3 anos, se culposo. Ademais, a pena deve ser aumentada de 1/3 até 2/3 se em decorrência do crime ocorre dano significativo ao meio ambiente. Licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras13 O licenciamento ambiental é um procedimento administrativo feito pelo órgão ambiental competente para autorizar a localização, a instalação, ampliação e operação de atividade efetiva ou potencialmente poluidora que utilize recursos ambientais e as que, de qualquer forma, possam causar degradação ambiental. Todas as atividades e empreendimentos precisam de licenciamento ambiental? NÃO! Apenas aquelas que utilizem recursos naturais e as que possam causar degradação ambiental. 13 Vide questão 9 desse material. 24 As etapas do procedimento de licenciamento serão estudadas em tópico próprio mais adiante no nosso curso, ok? Mas você já pode ir se familiarizando com os tipos de licenças ambientais que existem no ordenamento jurídico: A licença prévia autoriza o projeto arquitetônico do empreendimento. Quando emitida, o órgão pode estabelecer várias condicionantes que devem ser cumpridas na fase do projeto. Cumpridas todas as condicionantes da licença prévia dentro do prazo de até 5 anos, o empreendedor poderá solicitar a licença de instalação, que permite a construção do empreendimento. Durante o prazo da licença de instalação, o empreendedor também deve cumprir condicionantes impostas pelo Poder Público, como por exemplo, instalar filtros nas chaminés de uma fábrica. Se todas as condicionantes forem cumpridas no prazo de 6 anos, o interessado poderá solicitar a licença de operação, permitindo que o empreendedor exerça a sua atividade, mas nela também podem ser previstas condicionantes, que devem ser cumpridas até o momento da sua renovação. A licença de operação pode ser concedida por 4 até 10 anos. Depois desse prazo será necessário requerer uma prorrogação. O prazo para solicitar essa prorrogação é de até 120 dias antes do fim do prazo de validade. Se o órgão público demorar mais tempo para avaliar a concessão da prorrogação, a licença fica automaticamente renovada até a manifestação definitiva da Administração. LICENÇA PRÉVIA Prazo de até 5 anos LICENÇA DE INSTALAÇÃO Prazo de até 6 anos LICENÇA DE OPERAÇÃO Prazo de 4 a 10 anos 25 Criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas14 Existem vários tipos de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público, como por exemplo as Áreas de Preservação Permanente – APP, as Áreas de Reserva Legal e as Unidades de Conservação da Natureza. Todos os entes da federação são competentes para instituir a proteção ambiental especial para espaços territoriais importantes e para seus componentes. Sistema Nacional de Informações Sobre o Meio Ambiente – SINIMA O SINIMA é o instrumento responsável pela gestão da informação dentro do SISNAMA. É de extrema importância, pois mantêm as informações ambientais integradas nacionalmente, permitindo uma melhor gestão ambiental para o Poder Público e subsídio para que a sociedade possa participar ativamente na proteção ao meio ambiente. De acordo com a LC 140/11, a organização e a manutenção do SINIMA são de competência da União, com colaboração dos órgãos e entidades da Administração Pública dos estados, DF e municípios. Os estados devem fornecer informações ambientais à União para a formação e atualização do SINIMA e organizar e manter, com a colaboração dos seus respectivos municípios, um Sistema Estadual de Informações sobre o meio ambiente. Por sua vez, o município deve prestar as suas informações ambientais ao seu respectivo estado e à União para formar e atualizar o Sistema Estadual de Informação sobre o meio ambiente e o SINIMA. Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumento de Defesa Ambiental De acordo com o art. 17 da PNMA, o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental serve para o registro obrigatório de pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam a consultoria técnica sobre problemas ecológicos e ambientais e à 14 Vide questão 9 desse material. 26 indústria e comércio de equipamentos, aparelhos e instrumentos destinados ao controle de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras. Os órgãos ambientais só podem aceitar avaliações técnicas como o EIA que tenham sido elaborados por profissionais, empresas ou sociedades civis registradas no Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumento de Defesa Ambiental. O cadastro deve ser administrado pelo IBAMA e possui o objetivo de relacionar e tonar público quais são os profissionais dedicados a prestar consultoria ambiental, as suas habilitações técnicas e as tecnologias de controle da poluição, além de contribuir para a formação do SINIMA. penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental Como já vimos neste curso, o Poder Público deve proceder a fiscalização das atividades que utilizam recursos naturais por meio do seu poder de polícia ambiental. Diante de ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente, o agente público competente deve autuar o infrator ambiental, responsabilizando-o administrativamente. As penalidades administrativas são instrumentos fundamentais para a efetivação da PNMA, para mais detalhes, o aluno deve retomar o capítulo sobre responsabilidade ambiental. Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais. O Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras e/ou Utilizadoras de Recursos Ambientais, segundo o art. 17 da PNMA, serve para o registro obrigatório de pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam a atividades potencialmente poluidoras e/ou à extração, produção, transporte e comercialização de produtos potencialmente perigosos ao meio ambiente, assim como de produtos e subprodutos da fauna e flora. É um cadastro administrado pelo IBAMA e serve para integrar as informações dos entes federados em matéria ambiental, assim como o Cadastro Técnico de Atividade e Instrumentos de Defesa Ambiental e o SINIMA. 27 O Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras e/ou Utilizadoras dos Recursos Naturais serve especificamente para listar as pessoas físicas ou jurídicas potencialmente poluidoras e facilitar a fiscalização delas pelos órgãos públicos e pela sociedade. Instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e outros Na prática, a simples fiscalização e controle das atividades potencialmente poluidoras do meio ambiente é muito difícil e ineficaz, tendo em vista o vasto território brasileiro e os diferentes ecossistemas que nele se encontram, cada um com as suas peculiaridades. Nesse contexto, foram criados mecanismos complementares para efetivar a PNMA, como os instrumentos econômicos, a concessão florestal, a servidão ambiental e o seguro ambiental. O intuito é incentivar uma gestão ecológica das áreas ambientalmente relevantes. Para tanto, são usados benefícios econômicos paraaqueles que preservam o meio ambiente, como a servidão ambiental e o ICMS ecológico; as atividades poluidoras são desestimuladas com o aumento de tributos ou com a redução de subsídios governamentais; e são asseguradas a reparação de danos ambientais por meio seguro ambiental. A servidão ambiental está prevista a partir do art. 9º-A da PNMA. Por ela, o proprietário ou possuidor de imóvel rural, pessoa natural ou jurídica, voluntariamente, pode, por instrumento público ou particular ou por termo administrativo firmado perante órgão integrante do SISNAMA, limitar o uso de toda a sua propriedade ou de parte dela para preservar, conservar ou recuperar os recursos ambientais existentes. No caso das florestas, a servidão deve se referir à vegetação localizada fora da Reserva Legal mínima exigida e das Áreas de Preservação Permanente – APP, que veremos mais adiante. Mas, desde já, guarde a informação que a proteção desses espaços decorre da lei. Mas a quem interessa a servidão ambiental? A propriedade rural precisa ter um percentual de área ambientalmente protegida, ok? Ok! Mas se uma propriedade não atingir esse percentual mínimo de área protegida estipulado nas normas ambientais, pode compensar esse déficit com 28 outras propriedades em que há proteção ambiental além dos limites legais, por meio da servidão. 😉 Entendeu agora? A servidão poderá ser negociada com os proprietários ou possuidores de terras deficitárias. O regime de utilização da vegetação da área sob servidão ambiental deve ser, no mínimo, o mesmo estabelecido para a área de Reserva Legal. Art. 9º-A, § 1º da PNMA – O instrumento ou termo de instituição da servidão ambiental deve incluir, no mínimo, os seguintes itens: I - memorial descritivo da área da servidão ambiental, contendo pelo menos um ponto de amarração georreferenciado; II - objeto da servidão ambiental; III - direitos e deveres do proprietário ou possuidor instituidor; IV - prazo durante o qual a área permanecerá como servidão ambiental. A servidão ambiental poderá ser onerosa ou gratuita, além de perpétua ou temporária15. No último caso, deve ter prazo de, no mínimo 15 anos. Caso haja transmissão, desmembramento ou retificação dos limites do imóvel, é vedada a alteração da destinação da área de servidão ambiental durante o prazo de sua vigência. A servidão ambiental perpétua equivale, para fins creditícios, tributários e de acesso aos recursos de fundos públicos, à Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN. O detentor da servidão ambiental poderá aliená-la, cedê-la ou transferi-la, total ou parcialmente, por prazo determinado ou em caráter definitivo, em favor de outro proprietário ou de entidade pública ou privada que tenha a conservação ambiental como fim social. Para comprovar a servidão ambiental, o instrumento de sua instituição, o respectivo contrato de alienação, cessão ou transferência devem objeto de averbação nas matrículas de todos os imóveis envolvidos, nos respectivos registros de imóveis competentes. 15 Vide questão 10 desse material. 29 Art. 9º-C da PNMA – O contrato de alienação, cessão ou transferência da servidão ambiental deve ser averbado na matrícula do imóvel. § 1o O contrato referido no caput deve conter, no mínimo, os seguintes itens: I - a delimitação da área submetida a preservação, conservação ou recuperação ambiental; II - o objeto da servidão ambiental; III - os direitos e deveres do proprietário instituidor e dos futuros adquirentes ou sucessores; IV - os direitos e deveres do detentor da servidão ambiental; V - os benefícios de ordem econômica do instituidor e do detentor da servidão ambiental; VI - a previsão legal para garantir o seu cumprimento, inclusive medidas judiciais necessárias, em caso de ser descumprido. São deveres do proprietário do imóvel serviente, entre outras obrigações estipuladas no contrato, manter e proteger a área sob servidão ambiental, prestar contas ao detentor da servidão ambiental sobre as condições dos recursos naturais ou artificiais da área, permitir a inspeção e a fiscalização do local pelo detentor da servidão ambiental, e defender a posse da área serviente, por todos os meios em direito admitidos. Por outro lado, são deveres do detentor da servidão ambiental, entre outras obrigações estipuladas no contrato, documentar as características ambientais da propriedade, monitorar periodicamente a propriedade para verificar se a servidão ambiental está sendo mantida, prestar informações necessárias a quaisquer interessados na aquisição ou aos sucessores da propriedade, manter relatórios e arquivos atualizados com as atividades da área objeto da servidão e defender judicialmente a servidão ambiental. Os incentivos governamentais é um dos instrumentos econômicos que servem para efetivar a PNMA, induzindo comportamentos ambientalmente corretos. O art. 12 da PNMA estabelece como condição para a aprovação de projeto habilitado para receber benefícios concedidos pelas entidades e órgãos de financiamento e incentivos governamentais o seu licenciamento ambiental e o cumprimento das normas, critérios e padrões estabelecidos pelo CONAMA. 30 Art 12 - As entidades e órgãos de financiamento e incentivos governamentais condicionarão a aprovação de projetos habilitados a esses benefícios ao licenciamento, na forma desta Lei, e ao cumprimento das normas, dos critérios e dos padrões expedidos pelo CONAMA. Parágrafo único - As entidades e órgãos referidos no "caput" deste artigo deverão fazer constar dos projetos a realização de obras e aquisição de equipamentos destinados ao controle de degradação ambiental e à melhoria da qualidade do meio ambiente. Nesse sentido, foi elaborado um documento internacional chamado de “Princípios do Equador”, que define critérios socioambientais mínimos para a concessão de crédito para financiamento de projetos. As instituições financeiras devem adotar os Princípios do Equador de forma voluntária, de acordo com as suas políticas internas. O objetivo é não fornecer empréstimo para projetos cujo solicitante não respeite as normas e políticas nacionais de proteção ambiental. 4.6 Taxa de controle e fiscalização ambiental - TCFA A PNMA institui em seu art. 17-B a Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental – TCFA, devida ao IBAMA em razão do seu exercício de poder de polícia ambiental no controle e fiscalização das atividades potencialmente poluidoras que utilizam recursos naturais. Antes desse tributo, foi criada a Taxa de Fiscalização Ambiental, muito criticada na doutrina e declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal na ADI 2178/DF. Segundo o Supremo, a Taxa de Fiscalização Ambiental não tinha como fato gerador um serviço prestado ou posto à disposição do contribuinte, pelo ente público, no exercício do poder de polícia. O fato gerador da antiga Taxa de Fiscalização Ambiental era simplesmente a atividade exercida pelo próprio contribuinte. Depois da declaração de inconstitucionalidade da Taxa de Fiscalização Ambiental, foi sancionada a Lei 10.165/00 que alterou a PNMA para instituir a Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental – TCFA que, sanando a inconstitucionalidade do antigo tributo, trouxe como fato gerador o serviço de controle das atividades potencialmente poluidoras e a fiscalização da utilização dos recursos naturais. 31 Ao declarar a constitucionalidade da nova exação, o STF entendeu que não fere o princípio da isonomia o fato de o valor da TCFA ser calculado em função da potencialidade poluidora da atividade exercida pelo contribuinte, e não com base em sua receita. Inclusive, na ocasião do julgamento do RE 416.601, a Corte especificou que a referida taxa não deve ficar restrita aos contribuintes cujos estabelecimentos forem efetivamente visitados pela fiscalização.É suficiente que o órgão de controle seja mantido em funcionamento, pois com as alternativas tecnológicas e as facilidades de compartilhamento de informações, a fiscalização “porta a porta” fica cada vez mais rara e sem sentido prático. O pagamento da TCFA deve ser feito trimestralmente e o seu valor é definido pelo cruzamento do grau de poluição e utilização ambiental com o porte da empresa, nos termos da PNMA. Portanto, quanto maior o porte do empreendimento e o grau de poluição da sua atividade, consequentemente, maior será o valor da taxa devida. Isso se justifica porque a cobrança deve ser maior daqueles contribuintes que exigem mais intensidade na atividade de controle e fiscalização prestada pelo IBAMA. Caso o estabelecimento exerça mais de uma atividade sujeita à fiscalização, pagará a taxa relativamente a apenas uma delas, pelo valor mais elevado. Os recursos arrecadados com a TCFA terão utilização restrita em atividades de controle e fiscalização ambiental. O sujeito passivo da TCFA é obrigado a entregar até o dia 31 de março de cada ano relatório das atividades exercidas no ano anterior, cujo modelo será definido pelo IBAMA, para o fim de colaborar com os procedimentos de controle e fiscalização. São isentas do pagamento da TCFA as entidades públicas federais, distritais, estaduais e municipais, as entidades filantrópicas, aqueles que praticam agricultura de subsistência e as populações tradicionais. 32 QUADRO SINÓTICO POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - PNMA OBJETIVOS OBJETIVOS GEAIS OBJETIVOS ESPECÍFICOS Preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana I - à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico; II - à definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios; III - ao estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais; IV - ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o uso racional de recursos ambientais; V - à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de dados e informações ambientais e à formação de uma consciência pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico; VI - à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida; VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar 33 e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos. PRINCÍPIOS I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo; II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar; III - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais; IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas; V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras; VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais; VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental; VIII - recuperação de áreas degradadas; IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação; X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente. MEIO AMBIENTE Conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. DEGRADAÇÃO A alteração adversa das características do meio ambiente POLUIÇÃO Degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. POLUIDOR Pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental RECURSOS NATURAIS A atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora. IMPACTO AMBIENTAL Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas, biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que afetem diretamente ou indiretamente: A saúde, a segurança, e o bem-estar da população; As atividades sociais e econômicas; A biota; As condições estéticas e sanitárias ambientais; A qualidade dos recursos ambientais. 34 INSTRUMENTOS DA PNMA I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; II - o zoneamento ambiental; III - a avaliação de impactos ambientais; IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras; V - os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental; VI - a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas; VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente; VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumento de Defesa Ambiental; IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental. X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA; XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o Poder Público a produzí-las, quando inexistentes; XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais. XIII - instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e outros. EIA Deve ser feito pelo agente interessado, através de empresas de consultoria ambiental cadastradas no órgão competente, para subsidiar o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras que causem significativa degradação ambiental. RIMA Para prestigiar o princípio da informação e o princípio da participação democrática, a legislação exige que também seja elaborado um o Relatório de Impacto Ambiental – RIMA, com uma linguagem mais acessível que demonstre as conclusões do EIA, as vantagens e as desvantagens do projeto e as consequências ambientais da sua implementação. LICENCIAMENTO LICENÇA PRÉVIA: até 5 anos LICENÇA DE INSTALAÇÃO: até 6 anos LICENÇA DE OPERAÇÃO: de 4 a 10 anos RENOVAÇÃO DA LICENÇA: requisitada até 120 dias antes de terminar a o prazo da licença de operação anterior e automaticamente renovada enquanto a Administração não se manifestar. SERVIDÃO O proprietário ou possuidor de imóvel, pessoa natural ou jurídica, pode, por instrumento públicoou particular ou por termo administrativo firmado perante órgão integrante do SISNAMA, limitar o uso de toda a sua propriedade ou de parte dela para preservar, conservar ou recuperar os recursos ambientais existentes, instituindo servidão ambiental. 35 A servidão ambiental não se aplica às Áreas de Preservação Permanente e à Reserva Legal mínima exigida. A restrição ao uso ou à exploração da vegetação da área sob servidão ambiental deve ser, no mínimo, a mesma estabelecida para a Reserva Legal. A servidão ambiental poderá ser onerosa ou gratuita, temporária ou perpétua. Sendo temporária, deve ter o prazo mínimo de 15 anos. O instrumento ou termo que instituir a servidão e o seu contrato de alienação, cessão ou transferência precisam ser averbados na matrícula dos imóveis envolvidos. TCFA Tem por fato gerador é o exercício regular do poder de polícia conferido ao IBAMA para controle e fiscalização das atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos naturais. A TCFA é devida trimestralmente e seus recursos devem ser utilizados restritamente nas atividades de controle e fiscalização ambiental. São isentas do pagamento da TCFA as entidades públicas federais, distritais, estaduais e municipais, as entidades filantrópicas, aqueles que praticam agricultura de subsistência e as populações tradicionais. 36 QUESTÕES COMENTADAS Questão 1 (XXX EXAME DE ORDEM – FGV - 2019) Renato, proprietário de terra rural inserida no Município X, pretende promover a queimada da vegetação existente para o cultivo de cana-de-açúcar. Assim, consulta seu advogado, indagando sobre a possibilidade da realização da queimada. Sobre o caso narrado, assinale a afirmativa correta. A) A queimada poderá ser autorizada pelo órgão estadual ambiental competente do SISNAMA, caso as peculiaridades dos locais justifiquem o emprego do fogo em práticas agropastoris ou florestais. B) A queimada poderá ser autorizada pelo órgão municipal ambiental competente, após audiência pública realizada pelo Município X no âmbito do SISNAMA. C) A queimada não pode ser realizada, constituindo, ainda, ato tipificado como crime ambiental caso a área esteja inserida em Unidade de Conservação. D) A queimada não dependerá de autorização, caso Renato comprove a manutenção da área mínima de cobertura de vegetação nativa, a título de reserva legal. Comentário: Fundamento legal: art. 38, I, Lei 12.651/12, Código Florestal CAPÍTULO IX DA PROIBIÇÃO DO USO DE FOGO E DO CONTROLE DOS INCÊNDIOS Art. 38. É proibido o uso de fogo na vegetação, exceto nas seguintes situações: I - em locais ou regiões cujas peculiaridades justifiquem o emprego do fogo em práticas agropastoris ou florestais, mediante prévia aprovação do órgão estadual ambiental 37 competente do Sisnama, para cada imóvel rural ou de forma regionalizada, que estabelecerá os critérios de monitoramento e controle; (...) ______________________________________ → O Código Florestal (Lei 12.651/12) permite o uso do fogo apenas nas seguintes situações: I – quando autorizado pelo órgão estadual ambiental competente em práticas agropastoris ou florestais; II – quando aprovado pelo órgão gestor da Unidade de Conservação e previsto em seu plano de manejo, observada a caracterização de seu emprego como prática conservacionista da vegetação nativa da UC, nos casos em que características ecológicas estejam associadas evolutivamente à ocorrência do fogo; III – quando autorizado pelo órgão estadual ambiental competente para realização de atividades de pesquisa científica. ______________________________________ → Quando não autorizada, a prática de queimadas constitui crime previsto na Lei 9605/98 (Lei de Crimes Ambientais): Art. 41 Provocar incêndio em mata ou floresta. Pena – reclusão, de dois a quatro anos, e multa. Parágrafo único: Se o crime é culposo, a pena é de detenção de seis meses a um ano, e multa. 38 Questão 2 (FAFIPA - 2019 - Prefeitura de Foz do Iguaçu - PR - Procurador do Município Júnior) Em relação à Lei 6.938/81, é CORRETO afirmar que se caracteriza como um dos objetivos legalmente previstos pela Política Nacional de Meio Ambiente o seguinte: A) A proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas. B) A ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo. C) O controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras. D) Educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente. E) A compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico. Comentário: Na questão proposta, o examinador exige do candidato a diferenciação entre os princípios e objetivos da PNMA. Segundo o seu art. 4º, I, a PNMA visará à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico. As demais alternativas se referem aos seus princípios. Questão 3 (CESPE - 2019 - PGM - Campo Grande - MS - Procurador Municipal) Considerando os aspectos constitucionais relacionados ao direito ambiental, a Lei n.º 6.938/1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, a Lei n.º 12.651/2012, que estabelece prescrições acerca do Código Florestal e as resoluções do CONAMA, julgue o item a seguir. Poluição é a alteração adversa das características do meio ambiente mediante o lançamento de matérias ou energia em desacordo com padrões ambientais estabelecidos. 39 ( ) CERTO ( ) ERRADO Comentário: De acordo com o art. 3º da PNMA, que estabelece conceitos importantes para toda a matéria de Direito Ambiental, entende-se por poluição a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que, direta ou indiretamente, prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; afetem desfavoravelmente a biota; afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; ou lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. Questão 4 (CESPE - 2019 - TJ-SC - Juiz Substituto) O Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA/SC) é o órgão ambiental da esfera estadual catarinense responsável pela execução de programas e projetos de proteção ambiental, bem como pelo controle e pela fiscalização de atividades potencialmente causadoras de degradação ambiental. De acordo com a Lei n.º 6.938/1981, o IMA/SC compõe o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) na qualidade de A) órgão superior. B) órgão supervisor. C) órgão local. D) órgão seccional. E) órgão consultivo e deliberativo. 40 Comentário: Mais uma questão que trata sobre a estrutura do SISNAMA. De forma contextualizada, mas sem grandes mistérios, o examinador quer que o candidato saiba qual a qualidade de um órgão estadual dentro da estrutura do SISNAMA. Como vimos, todos os órgãos estaduais são considerados órgãos seccionais. Não confunda com os órgãos locais, que são todos os órgãos municipais. Questão 5 (CESPE - 2019 - TJ-PR - Juiz Substituto) Os princípios expressos na Lei n.º 6.938/1981 — Política Nacional do Meio Ambiente — incluem A) o estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais. B) a racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar e a recuperação de áreas degradadas. C) o desenvolvimento sustentável e o poluidor pagador. D) o desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o uso racional de recursos ambientais.Comentário: São princípios da PNMA: ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo; racionalização do uso do solo, do 41 subsolo, da água e do ar; planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais; proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas; controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras; incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais; acompanhamento do estado da qualidade ambiental; recuperação de áreas degradadas; proteção de áreas ameaçadas de degradação; e educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente. O estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais, assim como o desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o uso de recursos ambientais são objetivos da PNMA, enquanto o desenvolvimento sustentável e o poluidor pagador são princípios do Direito Ambiental. Questão 6 (FCC - 2018 - DPE-MA - Defensor Público) Segundo a Política Nacional do Meio Ambiente, é considerada degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente afetem desfavoravelmente a biota, A) o meio ambiente degradado. B) a servidão ambiental. C) a exploração da vegetação. D) o desequilíbrio ecológico. E) a poluição. Comentário: 42 Segundo o art. 3º da PNMA, poluição é a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que, direta ou indiretamente, prejudiquem a saúde, a segurança e o bem- estar da população; criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; afetem desfavoravelmente a biota; afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; ou lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. Questão 7 (TRF - 3ª REGIÃO - 2018 - TRF - 3ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto) De acordo com o artigo 9o da Lei nº 6.938/81, NÃO são instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente: A) O estabelecimento de padrões de qualidade ambiental, o zoneamento e a avaliação de impactos ambientais. B) Os órgãos e entidades que constituem o Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA. C) Os incentivos à criação de tecnologia voltados para a melhoria da qualidade ambiental e os instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental e seguro ambiental. D) O sistema nacional de informações sobre o meio ambiente e o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental. Comentário: De acordo com o art. 9º da Lei 6.938/, são instrumentos da PNMA o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; o zoneamento ambiental; a avaliação de impactos ambientais; o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras; os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental; a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas; o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente; o Cadastro Técnico Federal de 43 Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental; as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental; a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – IBAMA; a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o Poder Público a produzí-las, quando inexistentes; o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais; instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e outros. Questão 8 (CESPE - 2018 - PGM - Manaus - AM - Procurador do Município) Considerando as normas aplicáveis ao SISNAMA e as Resoluções CONAMA n.º 237/1997 e n.º 378/2006, julgue o item seguinte. O IBAMA e o ICMBio são considerados órgãos superiores do SISNAMA. ( ) CERTO ( ) ERRADO Comentário: Já comentamos a estrutura do SISNAMA e vimos que o IBAMA e o ICMBio são os seus órgãos executores. O órgão superior do SISNAMA é o Conselho de Governo. 44 Questão 9 (VUNESP - 2017 - Prefeitura de São José dos Campos - SP - Procurador) Sobre os instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, afirma-se corretamente que A) o zoneamento consiste no estudo e diagnóstico ambiental da área de influência do projeto, completa descrição e análise dos recursos ambientais. B) o EIA tem caráter vinculante, eis que representa um parecer técnico essencial para a concessão da licença ambiental. C) o RIMA consiste no estudo de impacto prévio ambiental elaborado e custeado pelo empreendedor e que envolve atividades técnicas. D) constitui uma de suas espécies a criação de espaços territoriais, especialmente protegidos pelo Poder Público federal, estadual e municipal, tais como área de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e de reservas extrativistas. E) o licenciamento e a revisão de atividades potencialmente poluidoras ocorrerão quando obedecidos os requisitos constantes em rol taxativo previsto em resolução do CONAMA. Comentário: São instrumentos da PNMA: o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; o zoneamento ambiental; a avaliação de impactos ambientais; o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras; os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental; a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas; o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente; o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental; as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental; a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – 45 IBAMA; a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o Poder Público a produzí-las, quando inexistentes; o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais; instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro ambiental e outros. O zoneamento não está vinculado a um projeto específico, a alternativa “A” está se referindo ao EIA, que consiste no estudo prévio de impacto ambiental, elaborado e custeado pelo empreendedor e que envolve atividades técnicas (o RIMA é o “resumo” do EIA com linguagem mais acessível). Quando apresentado, o EIA/RIMA não vincula a autoridade pública. Por fim, o rol que estabelece os requisitos para o licenciamento e a revisão de atividades potencialmente poluidoras é exemplificativo. Questão 10 (MPE-PR - 2017 - MPE-PR - Promotor Substituto) Assinale a alternativa incorreta: A) A fabricação de equipamentos antipoluidores deve ser incentivada pelo Poder Executivo. B) A servidão ambiental não pode ser instituída de forma perpétua. C) Compõe o conceito
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