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Prévia do material em texto

I
Pesque-pague
Uma alternativa
na Piscicultura
2ª edição
João Batista Kochenborger Fernandes
Cléber Fernando Menegasso Mansano
Thiago Matias Torres do Nascimento
Thaís da Silva Oliveira
Centro de Aquicultura da Unesp
Jaboticabal-SP
2021
2021
Proibida a reprodução total ou parcial.
Os infratores serão punidos na forma da lei.
Fundação de Apoio a Pesquisa, Ensino e Extensão - Funep
Via de Acesso Prof. Paulo Donato Castellane, s/nº
14884-900 - Jaboticabal - SP
Fone: (16) 3209-1300 / Fax: (16) 3209-1301
Site: http://www.funep.org.br
Copyright©: Fundação de Apoio à Pesquisa, Ensino e Extensão - Funep
Editoração e Impressão Gráfica:
Funep
Ficha Catalográfica elaborada pela STATI - Biblioteca da UNESP
Campus de Jaboticabal/SP - Karina Gimenes Fernandes - CRB 8/7418
P474 Pesque-pague : princípios básicos da atividade / João Batista 
Kochenborger Fernandes ... [et al.]. -- Jaboticabal : Funep, 
2021
 Recurso digital
Formato: ePDF
Requisitos do sistema: Adobe Acrobat Reader
Modo de acesso: World Wide Web
ISBN 978-65-5671-028-0
1. Piscicultura. 2. Espécies de peixes. 3. Instalações. 4. 
Comercialização. 5. Alternativa de renda. I. Fernandes, João 
Batista Kochenborger.
CDU 639.3:339
Apresentação
O Brasil apresenta uma série de características para a pro-
dução de pescado em cativeiro, possuindo uma grande varieda-
de de clima, regimes de chuvas, hidrologia e tipos de solos. O 
potencial para produção de peixes é enorme, uma vez que na 
maior parte de nosso país as temperaturas elevadas proporcio-
nam crescimento dos peixes durante quase o ano inteiro.
Assim, para quem produz peixes, uma das alternativas de co-
mercialização está na pesca esportiva, destacando-se os pesque-
-pagues. Esta foi a fórmula encontrada de resgatar uma antiga 
atividade de lazer, anteriormente praticada somente em alguns 
membros da família, que se deslocavam a grandes distâncias 
para pescar e que agora podem fazer isso com seu grupo fami-
liar em locais não distantes, seguros e aprazíveis.
Com o propósito de aproveitar melhor esse potencial, e com 
apoio da Universidade Estadual Paulista - UNESP, através de fi-
nanciamento da Coordenação de Pós-Graduação em Aquicultu-
ra do CAUNESP, gestão 2017-2020, (Profa. Julieta R. E. Moraes), 
com recursos do PROAP/Editoração, é que estamos lançando a 
segunda edição atualizada deste informativo. O objetivo desta 
publicação é incentivar os produtores rurais a aproveitar os re-
cursos já existentes em seus sítios, fazendas e pisciculturas para 
ingressar nesta também rentável atividade produtiva e comer-
cal que é o PESQUE-PAGUE.
Sobre os autores
JOÃO BATISTA KOCHENBORGER FERNANDES, Zootecnista, forma-
do pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), 
em 1987, sendo que, desde 1982, vem atuando na área de Piscicultura.
Em 1992, concluiu sua Pós-Graduação, (Mestrado), em Zootecnia, na 
área de concentração em Piscicultura, na Universidade Federal de Vi-
çosa, Minas Gerais.
Em 1998, concluiu seu Doutorado em Aquicultura, no Centro de 
Aquicultura da UNESP, em Jaboticabal, São Paulo.
Desde 1990, atua como Técnico Especializado em Piscicultura no 
Centro de Aquicultura da UNESP, Jaboticabal-SP, desenvolvendo ativi-
dades de pesquisa e de extensão rural, através de consultorias, projetos 
e assistência técnica.
e-mail: jb.fernandes@unesp.br
CLÉBER FERNANDO MENEGASSO MANSANO, Médico veterinário, 
formado pela Universidade Camilo Castelo Branco (UNICASTELO), 
Câmpus de Fernandópolis, em 2009, atuando desde 2008 na área de 
aquicultura. 
Em 2012, concluiu sua Pós-Graduação (Mestrado), em Aquicultura, 
na área de concentração em Nutrição de Organismos Aquáticos, do 
Centro de Aquicultura da Universidade Estadual Paulista Júlio de 
Mesquita Filho (UNESP), Câmpus de Jaboticabal.
Em 2015, concluiu sua Pós-Graduação (Doutorado), em Aquicultura, 
na área de concentração em Nutrição de Organismos Aquáticos, do 
Centro de Aquicultura da Universidade Estadual Paulista Júlio de 
Mesquita Filho (UNESP), Câmpus de Jaboticabal.
Em 2017, concluiu seu Pós-Doutorado pelo Curso de Pós-Graduação 
em Ciência e Tecnologia Animal da Universidade Estadual Paulista, 
UNESP, Câmpus de Dracena.
e-mail: cleber.mansano@universidade.edu.br
THIAGO MATIAS TORRES DO NASCIMENTO, Zootecnista, formado 
pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), 
Câmpus de Jaboticabal, em 2008, atuando desde 2006 na área de 
piscicultura.
Em 2011, concluiu sua Pós-Graduação (Mestrado), em Zootecnia, na 
área de concentração em Nutrição de Peixes, na Universidade Estadual 
Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), Câmpus de Jaboticabal.
Em 2015, concluiu seu Doutorado também em Zootecnia, na área 
de concentração em Nutrição de Peixes, na mesma instituição, com 
período sanduíche na University of Guelph, no Canadá. 
Em 2017, concluiu seu Pós-Doutorado no Centro de Aquicultura 
da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), 
Câmpus de Jaboticabal.
e-mail: thiago.nascimento@mcassab.com.br
THAÍS DA SILVA OLIVEIRA, Engenheira de Pesca, formada pela 
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), 
Câmpus de Registro, em 2017.
Em 2020, concluiu sua Pós-Graduação (Mestrado), em Aquicultura, 
na área de concentração em Nutrição de Organismos Aquáticos, do 
Centro de Aquicultura da Universidade Estadual Paulista Júlio de 
Mesquita Filho (UNESP), Câmpus de Jaboticabal.
Atualmente, desenvolve seu Doutorado no Centro de Aquicultura 
da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), 
Câmpus de Jaboticabal.
e-mail: tsilva.engpesca@gmail.com
Sumário
 
Pesque-Pague - Princípios Básicos da Atividade
1. Introdução ..................................................................................................01
2. Categorias de Pesqueiros .....................................................................02
 2.1 Aluguel de lagos ...............................................................................02
 2.2 Pesque-pague ....................................................................................02
 2.3 Pague-pesque ....................................................................................02
3. Estrutura de um pesque-pague ........................................................03
 3.1 Lago, tanque e viveiros .................................................................05
 3.1.1 Captação e condução da água .................................................06
 3.1.2 O viveiro ..........................................................................................08
 3.2 A água ...................................................................................................12
 3.3 Fontes de rendas alternativas no pesque-pague ...............17
4. As espécies de peixes .............................................................................18
 4.1 Peixes indicados para clima temperado ................................18
 4.2 Peixes indicados para clima tropical .......................................23 
 
5. Aquisição e transporte dos peixes ...................................................30 
6. Alimentação e nutrição dos peixes .................................................32
7. Profilaxia e prevenção de doenças ..................................................34
8. Recomendações .......................................................................................36
1
Pesque-Pague 
Princípios básicos da atividade
1. Introdução
A pesca esportiva, ou recreativa, é uma atividade muita anti-
ga no mundo, e este sistema de exploração, que hoje é comercial, 
movimenta cifras astronômicas. Com a redução da qualidade e 
quantidade do pescado em áreas de pesca públicas, principal-
mente devido à poluição e ao desmatamento, assim como ao 
alto custo de deslocamento e à legislação pesqueira mais rígida, 
motivou-se o surgimento de pesqueiros localizados perto de ci-
dades. Hoje, é possível realizaruma pescaria com todo o con-
forto e segurança, sem a necessidade de se deslocar a grandes 
distâncias, além de ser uma boa escolha para o final de semana 
em família, pois muitos dos pesqueiros atendem tanto os pesca-
dores como seus familiares.
Desta forma, a pesca recreativa tornou-se uma grande opção 
de atividade. Quem possuir uma propriedade estrategicamente 
localizada e com a possibilidade de implantar ou de aproveitar 
viveiros ou represas, poderá desfrutar de mais esta fonte de 
rendimentos, obtendo boas margens de lucratividade. O retor-
no pode ficar em torno de 40%, sem contar outras receitas que 
poderão ser obtidas com aluguel de equipamentos para pesca 
e vendas de iscas, até mesmo aluguel de quiosques ou do espa-
ço para festas. Além disto, os serviços prestados no restaurante 
ou na lanchonete são altamente rentáveis. Outros produtos da 
propriedade também poderão ser comercializados, aproveitan-
do esta visibilidade. Tudo isto depende do tino comercial do 
proprietário/empreendedor. O importante é deixar o pescador 
e, muitas vezes, sua família satisfeitos por passar horas de lazer 
em um ambiente agradável, preservado ecologicamente, sosse-
gado e com muitos peixes para levar para sua casa.
2
2. Categorias de Pesqueiros
2.1 Aluguel de lagos
Nos Estados Unidos, é comum esse tipo de atividade para 
a realização de torneios de pesca ou até para a concessão por 
períodos maiores. O proprietário pode ou não realizar o povoa-
mento. Normalmente, nestes ambientes, o número de peixes é 
pequeno, quando comparados a tanques de pescaria. Nestes ca-
sos, a biomassa de peixes raramente ultrapassa 1 ton/ha.
2.2 Pesque-pague
Mais tradicional, em que o pescador paga o que pescou, sem 
direito à devolução do peixe fisgado, principalmente por pro-
blemas sanitários que este ato possa provocar. Este sistema é o 
mais comum, onde geralmente os peixes colocados à disposição 
são de peso razoável (acima de 1 kg), com qualidade muito boa. 
Normalmente, as espécies utilizadas neste sistema, além de se-
rem ótimas para consumo, devem ser daquelas “lutadoras”, ou 
seja, que “brigam” bastante com o pescador quando são fisgadas. 
Apesar de o fluxo de pessoas se concentrar mais nos finais de 
semana e feriados, este sistema de pesqueiro é o que tem apre-
sentado maior retorno ao proprietário.
2.3 Pague-pesque
Neste caso, paga-se um ingresso com direito a pesca livre ou 
com cotas. No pague-pesque, em alguns casos, podem ocorrer 
prejuízos ao proprietário. Existem pescadores habilidosos que, 
aproveitando-se da situação, podem pescar até mais de 50 kg de 
peixe num único dia.
Em algumas situações, o sistema de pesque-pague pode tor-
nar-se pague-pesque. Isto ocorre quando começa a aumentar 
3
muito a quantidade de peixes refugos, ou seja, aqueles de porte 
pequeno ou que se tornaram ariscos às iscas. Assim, o pesquei-
ro muda temporariamente, promovendo uma “liquidação” do 
plantel, angariando algum recurso extra.
3. Estrutura de um pesque-pague
A localização do empreendimento é um ponto crucial. A dis-
tância da cidade não deve ser grande, e os acessos, facilitados e 
sinalizados, mesmo em épocas de chuva, garantindo que o pú-
blico encontre facilmente a propriedade.
O local onde funcionará a atividade deverá ser o mais agra-
dável possível, com muita sombra e natureza (Figura 1). Água 
potável, eletricidade, sanitários limpos e higienizados, área de 
lazer para crianças e tanques de pesca para os mais jovens são 
opções bem-vindas e atrativas. Ter uma lanchonete ou restau-
rante é fundamental para o sucesso do empreendimento, já 
que, na maioria das vezes, a renda proveniente da venda de be-
bidas e de comida é muito maior do que a renda da venda de pei-
xe propriamente dita, além de garantir que os clientes passem 
mais tempo no pesqueiro. Outra instalação essencial é o local 
para limpeza e evisceração de peixes, pois, na grande maioria 
das vezes, o pescador quer levar o peixe para sua casa já limpo e, 
em muitos casos, filetado.
Outro fato que deve ser levado em consideração, é que as 
atividades econômicas localizadas em zona urbana, da maio-
ria das cidades, são regulamentadas pelo Plano Diretor Urbano 
(PDU). Essa Lei é que determinará o tipo de atividade que po-
derá funcionar em determinado endereço. A consulta de local 
junto à Prefeitura é o primeiro passo para avaliar a implantação 
do seu pesque-pague. 
Em qualquer empreendimento aquícola, as condições do 
meio irão limitar o desempenho das espécies, demarcando o 
sucesso ou o insucesso da atividade exercida. No pesqueiro, a 
4
situação não é diferente, a eficiência, o desempenho e a sani-
dade estão na dependência, dentre outros fatores, da qualidade 
da água. Desta forma, o êxito da atividade de pesca esportiva 
também está diretamente relacionado às instalações (tanques e 
viveiros) que, por sua vez, também influenciam os parâmetros 
qualitativos da água.
Para implantar uma criação de peixes em uma proprieda-
de rural, o fator custo é muito importante. No pesque-pague, a 
construção dos viveiros será responsável por grande parte do 
capital inicial investido na atividade. Desta forma, a implanta-
ção deverá ser muito bem planejada, sendo precedida de um 
bom projeto técnico, elaborado por um profissional da área. O 
objetivo final é proporcionar aos peixes um ambiente com con-
dições adequadas, buscando o máximo de conforto dos animais 
estocados que serão pescados. Desta forma, vários detalhes de 
construção deverão ser observados.
Figura 1. Exemplo de pesqueiro com várias instalações. (Fonte: Pes-
queiro Matsumura https://www.pesqueiromatsumura.com/inicio).
5
3. 1 Lagos, tanque e viveiros 
Para implantação de um pesque-pague básico, é necessária 
uma área mínima de 5.000 m². Neste espaço, além de toda es-
trutura já mencionada anteriormente, devem ser construídos, 
no mínimo, três tanques, sendo dois tanques de pesca e um 
para quarentena dos peixes recém-adquiridos. Desta forma, 
permite-se ao pesqueiro continuar operando no caso de um dos 
tanques apresentar problemas com a qualidade da água, doen-
ça dos animais ou necessitar de drenagem para a renovação do 
estoque de peixes. Outro importante aspecto que deve ser con-
siderado quando se trabalha com poucos tanques, é o fato de 
manter no local mais de uma espécie de peixe, pois esse cuidado 
pode atrair pescadores de diferentes modalidades, consequen-
temente maior número de clientes.
É recomendado que os tanques sejam de 1.000 a 3.000 m2 e 
com profundidade de 1,2 m a 1,5 m. Essas dimensões permitem 
acomodar boa quantidade de pescadores e considerável esto-
que de peixes (Figura 2), e ainda facilita a despesca, utilizando 
redes de arrasto para remoção de estoques residuais de peixes.
Figura 2. Exemplificação de um tanque com vários sítios de pesca 
(Fonte: Pesqueiro Triângulo http://www.pesqueirotriangulo.com.br/).
6
Os pesqueiros podem ser abastecidos por peixes provenien-
tes de outros criatórios ou daqueles originados da própria pro-
dução; contudo, para esta segunda opção, o proprietário irá 
demandar de áreas maiores para reprodução, alevinagem e 
crescimento dos animais. 
O sistema mais empregado para tanques de pesca é o semi-
-intensivo em policultivo, onde se tem uma densidade baixa-
-média de peixes de diferentes espécies. O produtor dispõe de 
técnicas simples de manejo como: calagem, adubação e despes-
ca. A condição de manejo restringe-se a fertilizações químicas 
ou orgânicas para a produção de organismos vivos da cadeia 
alimentar, tornando a água levemente esverdeada, juntamente 
com o fornecimento regular de ração balanceada e o controle 
da qualidade da água. É comum a utilização de duas ou mais es-
pécies com hábitos alimentares diferentes, aproveitando todo o 
ambiente, além de disponibilizar mais opções para os clientes.
Deve-se atentar que, em alguns locais, pode haver proble-
mas com a crise hídrica devido à pouca incidência de chuva ou 
a problemas com a utilização de águas subterrâneas. Nestes ca-
sos, é possívela criação de peixes em viveiros sem circulação de 
água, desde que tenha o mínimo para compensar as perdas por 
evaporação e por in filtração. Desta forma, de acordo com essas 
perdas, é recomendada a recomposição do nível normal de água 
do viveiro. Nesse sistema, o volume de peixes no viveiro é me-
nor em comparação ao sistema com renovação de água. É um 
sistema que exige muita atenção do piscicultor.
3.1.1 Captação e condução da água
A condução da água deve ser feita, preferencialmente por 
gravidade; desta forma, evita-se o gasto com energia e com 
aquisição de bombas de água. Caso isso não seja possível, estes 
gastos devem ser analisados, bem como a viabilidade econômi-
ca da implantação do projeto.
A água utilizada para piscicultura, após a captação (de ria-
chos, rios, minas ou represas), deverá ser conduzida aos lagos, 
7
de preferência, a “céu aberto” através de canaletas ou canais, 
que poderão ser revestidos ou não, dependendo do tipo de solo 
do local. Normalmente em solos argilosos ou argiloarenosos, 
não há necessidade de revestimentos, apenas a compactação 
já é suficiente. Contudo, em solos arenosos, turfosos ou muito 
pedregosos (pedras soltas), há necessidade de revestimento dos 
canais de abastecimento, com o uso de vários tipos de material, 
como alvenaria, concreto, madeira, lona plástica, manilhas do 
tipo meia-cana e outros.
Caso a água seja captada em rios, riachos ou represas e que, 
nestes locais, possa haver peixes predadores ou indesejáveis à 
criação, será necessária a construção, junto ao canal de abaste-
cimento, de filtros ou anteparos de proteção que impeçam que 
ovos, larvas, alevinos ou mesmo peixes maiores tenham acesso 
aos tanques de cultivo, evitando, desta forma, a ocorrência de 
predação ou de competição com os peixes ali estocados.
Na Figura 3, é exemplificado o esquema de telas de diferen-
tes malhas conjugadas. O dimensionamento do canal de abaste-
cimento deverá ser feito em função do número de viveiros que 
irá abastecer.
Figura 3. Forma do canal de abastecimento e barreiras pelas telas de 
proteção
8
3.1.2 O Viveiro
Abastecimento – deverá ser feito por tubulação, captando a 
água do canal de abastecimento e conduzindo-a até ao viveiro 
(Figura 4). Este tubo deverá avançar pelo menos, 1,0 metro para 
dentro do viveiro, evitando-se que a água caia sobre os taludes, 
causando erosões. Também é importante que esta tubulação fi-
que, pelo menos, 0,5 metro acima do nível máximo da água do 
viveiro, para auxiliar na oxigenação.
O abastecimento deve ser feito do lado oposto ao escoamen-
to, facilitando a renovação de água (Figura 5). Cada tanque deve 
ter uma entrada de água individual, com quantidade suficiente 
para manter o nível de oxigenação, para reduzir o material em 
suspensão e para manter os parâmetros de qualidade da água 
para criação de peixes. Em geral, uma renovação entre 10 e 20 
litros/segundo para cada hectare (10.000 m2) de lâmina d´água é 
suficiente para atender a essa demanda. É importante que essa 
vazão seja dimensionada para o período de estiagem, já que, 
nessa época, a quantidade de água é reduzida naturalmente.
Figura 4. Esquema de abastecimento de viveiros.
9
Taludes (paredes) – Os viveiros de criação de peixes, normal-
mente, são construídos diretamente no solo compactado, não 
havendo necessidade de revestimento interno, com exceção 
de construção em solos muito permeáveis ou pedregosos que 
permitem grandes perdas de água por infiltrações. As paredes 
devem ser construídas com inclinação mínima de 45o para dar 
mais estabilidade à estrutura. Para um pesqueiro, não há neces-
sidade de taludes muito altos, ficando a profundidade média do 
lago em torno de 1,5 metro. Em regiões que apresentam tem-
peraturas mais baixas, com invernos rigorosos, recomendam-se 
profundidades maiores, entre 1,8 e 2,0 metros, para proporcio-
nar aos peixes um refúgio durante as inversões térmicas.
Fundo – Normalmente, o fundo do viveiro é de terra, sem 
revestimento. Deve apresentar inclinação de 0,5 a 3,0%, em di-
reção ao sistema de escoamento, o que facilitará a drenagem e a 
desinfecção do viveiro.
Escoamento – Existem vários sistemas de drenagem dos vi-
veiros. O importante é que a retirada da água seja feita sempre 
pelo fundo e não pela superfície. A água do fundo é mais pobre 
Figura 5. Esquema da construção de viveiro de terra.
10
em oxigênio e mais rica em detritos em decomposição e metabó-
litos; portanto, essa água é a mais prejudicial aos peixes e deve 
ser descartada. Já a água de superfície (mais rica em oxigênio e 
em comunidades planctônicas) deve permanecer no viveiro por 
ser a mais útil aos animais.
No aspecto de praticidade de manejo, o escoamento deverá 
ser construído de tal forma que retire a água do fundo, facilitan-
do a drenagem do viveiro, que poderá ser realizada sem o uso de 
bombas, mas, sim, por gravidade.
Quanto à localização do sistema de escoamento, ele deve ser 
construído sempre no lado oposto ao sistema de abastecimento, 
conforme mencionado anteriormente (Figura 5). Desta forma, 
a água que abastecerá o viveiro circulará ao longo dele até o es-
coamento, evitando “cantos mortos”, com água estagnada.
Os sistemas de escoamento poderão estar localizados dentro 
e fora do viveiro. Na medida do possível, recomenda-se a cons-
trução das caixas de escoamento fora da área do viveiro. Assim, 
evita-se que elas prejudiquem ou atrapalhem operações de des-
pesca com redes de arrasto.
Dentre vários modelos de sistemas de escoamento, existem 
os “monges” (Figura 6), com suas variações: cotovelos móveis ou 
articulados (Figura 6A) e sistemas de comportas (Figuras 6B e 
C) e registros. O importante, como já mencionado, é que a água 
seja retirada do fundo dos viveiros.
No aspecto de instalações, é importante salientar que o su-
cesso do empreendimento está diretamente ligado à qualidade 
das mesmas. Viveiros construídos adequadamente implicam 
condições ambientais adequadas, com água de boa qualidade 
e, consequentemente, com peixes saudáveis, que aliados a um 
bom manejo nutricional, apresentarão excelente desempenho 
e êxito ao produtor.
11
Figura 6. Exemplos de sistemas de escoamento de água de viveiros de 
peixes. [A] Sistema de cotovelos móveis ou articulados; [B] Sistemas de 
comportas interno e; [C] Sistemas de comportas externos.
12
3.2 A água
A água é o fator primordial em uma criação de peixes. Em 
um pesqueiro, os peixes permanecem em tanques de pesca por 
muitos meses e, às vezes, até anos. O ambiente então deverá es-
tar em perfeitas condições, proporcionando ao animal fatores 
de ambiência que o manterão sempre saudável e confortável.
 Com intuito de manter os animais sadios, o adminis-
trador do pesqueiro deverá sempre estar atento para a manu-
tenção da qualidade da água. A origem da água é de crucial im-
portância e, quando possível, é desejável que se utilize a água 
originada na própria propriedade, pois dessa forma a manuten-
ção da qualidade é facilitada. 
A prática de secar os viveiros periodicamente é comum na 
maioria dos estabelecimentos. A frequência ideal para esta prá-
tica é semestral, pois permite a eliminação de patógenos e ani-
mais não desejáveis (peixes pequenos, resultantes de desovas de 
tilápias, carpas e lambaris presentes nos viveiros).
Deve-se evitar que as enxurradas tenham acesso aos canais 
de abastecimento e aos viveiros e lagos. Para esta proteção, cur-
vas em nível ou terraços devem ser construídos. A água de en-
xurrada, além de conduzir material sólido e particulado para os 
viveiros, também pode arrastar defensivos químicos utilizados 
na agricultura ou em criações de outras espécies animais.
Existem muitos parâmetros físicos, químicos e biológicos 
que devem ser monitorados numa piscicultura. Contudo alguns 
são básicos e de controle mais acessível ao produtor, quer pela 
disponibilidade de equipamentos e de “kits” nos mercados, quer 
pela sua facilidade de observação in loco.
Transparência da Água – Este parâmetro é o indicativoda 
presença (falta ou excesso) de plâncton ou então de material 
sólido em suspensão na água. Em ambos os casos, quando em 
excesso, a situação é prejudicial aos peixes. Para determinar 
(medir) a transparência da água, utiliza-se o Disco de Secchi 
(Figura 7); este equipamento simples é composto de um disco 
de 20 cm de diâmetro de ferro ou PVC com algum tipo de peso 
13
para afundar, pintado de branco ou preto e branco, preso a uma 
corda ou corrente. Este disco é submerso na água do tanque até 
o seu desaparecimento. Quando não é mais possível observar o 
disco no fundo, mede-se a distância que o disco permaneceu em 
relação à superfície da água do viveiro e adota-se esta profundi-
dade como um indicativo da transparência da água.
O plâncton (microrganismo de origem vegetal e animal pre-
sente na água) é proveniente do aporte de nutrientes (principal-
mente nitrogênio, fósforo e potássio) presentes no meio aquá-
tico. Quando o viveiro recebe adubação excessiva ou os peixes 
receberam quantidade elevada de ração (que também é matéria 
orgânica), poderá haver proliferação muito grande do plâncton, 
principalmente de algas. A água passa a apresentar tonalida-
de verde-escura ou, em outros casos a cor passa a ser marrom. 
Estes casos são extremamente prejudiciais e comprometedores, 
Figura 7. Ilustração de dois Disco de Secchi de diferentes tamanhos.
14
podendo até matar os peixes. Como a alga é um vegetal, durante 
o dia, ela, produz oxigênio; contudo, à noite, ela passa a consumir 
oxigênio, podendo competir com os peixes quando em excesso.
Grandes quantidades de material sólido em suspensão na 
água podem também prejudicar ou até causar mortalidade, pois 
estas partículas, normalmente de argila ou de silte, acabam obs-
truindo as brânquias, causando dificuldade de respiração aos 
animais.
A transparência entre 30 e 40 cm é ideal para o desempenho 
adequado dos peixes. Água muito transparente, com mais de 60 
cm, também não é indicada; pois, com o acesso da luz solar ao 
fundo do tanque, poderá ocorrer grande proliferação de macró-
fitas (vegetais submersos), que poderão prejudicar o crescimen-
to dos animais. 
Caso seja constatado baixa transparência, algumas medidas 
podem ser tomadas. Quando a baixa transparência for decor-
rente da alta quantidade de plâncton na água, deve-se aumen-
tar o fluxo de água do tanque e reduzir a alimentação até que 
a transparência volte a ficar entre 30 e 40 cm. Já quando for 
decorrente da turbidez argilosa (partículas em suspensão na 
água), devem-se adotar práticas de controle da erosão do solo 
nas áreas próximas aos viveiros e também certificar se a água 
de enxurrada não está sendo direcionada ao canal de abasteci-
mento. Já para o controle da alta transparência, pode-se reali-
zar a adução do viveiro diretamente à água com adubo químico 
NPK.
Potencial Hidrogeniônico (pH) - Este é um indicador da 
acidez da água. Para o bom desenvolvimento da comunidade 
fitoplanctônica, a água deve apresentar pH em torno da neu-
tralidade, ou seja, pH=7,0, variando estes valores entre 6,5 e 8,0. 
Dentre os métodos para a determinação do pH, estão as fitas es-
peciais (tipo para uso em piscina) ou o peagâmetro (ou phmetro) 
que é um equipamento de maior precisão; porém seu custo é 
maior, comparado às fitas.
Dentre outros parâmetros para a avaliação do nível de acidez 
15
do meio aquático, temos a alcalinidade, que é um indicador da 
presença de bases na água, sendo também de fundamental im-
portância. Valores acima de 30 mg de CaCO3/litro de água são 
mais adequados para os peixes, assim como para a comunidade 
aquática de modo geral. Normalmente, locais que apresentam 
nascentes junto a rochas calcárias possuem alcalinidade mais 
elevada, proporcionando bom equilíbrio acidobásico do meio, o 
que proporciona à água alto poder tampão. Para a determinação 
dos níveis de alcalinidade, existem “kits” comerciais de reagen-
tes químicos práticos para utilização em campo.
Normalmente, os tanques de cultivo de peixes tendem a 
apresentar valores mais baixos de pH e de alcalinidade. A forma 
clássica de correção destes parâmetros é pela aplicação de cal 
(virgem ou hidratada) ou calcáreo (calcítico ou dolomítico). As 
quantidades a serem aplicadas dependerão dos resultados das 
análises da água, mas em geral variam entre 1 e 4 toneladas por 
hectare.
Oxigênio Dissolvido – Este parâmetro é de fundamental im-
portância para os peixes. Níveis abaixo de 3,0 mg/litro de água 
já são fatais para algumas espécies. O ideal é manter níveis aci-
ma de 4,0 mg/litro. Para as determinações dos teores de oxigê-
nio dissolvido na água, dentre os vários métodos existentes, o 
emprego de oxímetros (Figura 8) é o mais difundido. Estes apa-
relhos são de pequeno porte e permitem avaliações no campo, 
diretamente nos lagos e nos viveiros.
Os níveis de oxigênio variam ao longo do dia, e, desta forma, 
os menores valores são obtidos na madrugada, antes do nascer 
do Sol, sendo que os maiores ocorrem ao final da tarde. Estas 
variações são diretamente provocadas pela ação da luz solar, 
através da fotossíntese.
Várias são as causas de baixos níveis de oxigênio em tanques 
de criação de peixes. A maioria origina-se em manejos inade-
quados, como excesso de matéria orgânica na água, provenien-
te de adubação ou de alimentação excessiva, excesso de peixes 
(alta taxa de estocagem), água estagnada, sem renovação ou 
16
circulação. Para minimizar estes problemas, recomenda-se o 
aumento das trocas de água ou o uso de aeradores nos viveiros.
Amônia – É uma forma de nitrogênio altamente tóxica aos 
peixes. Este produto é originado principalmente da excreção 
nitrogenada dos peixes. Bactérias decompositoras também pro-
duzem amônia, assim como adubos orgânicos e químicos. Para 
a determinação da amônia na água, também existem “kits” que 
trazem boa precisão e confiabilidade nas leituras. Níveis de 
amônia acima de 0,2 mg/litro já podem ser prejudiciais aos pei-
xes, contudo os níveis tóxicos dependem de outros parâmetros 
de água, como o pH e a temperatura.
Para controle, deve-se evitar superpopulação de peixes, as-
sim como acúmulo de matéria orgânica no fundo dos lagos. Para 
isto é importante construir os sistemas de escoamento no fundo 
do viveiro, para que todo o material em decomposição seja ar-
rastado para fora pela corrente de água provocada pelo abas-
tecimento. A correta alimentação, evitando sobras, também 
auxilia na manutenção de níveis adequados de amônia na água.
Figura 8. Oxímetro portátil utilizado em campo.
17
3.3 Fontes de rendas alternativas no
pesque-pague
O que os proprietários devem atentar-se é que a principal 
atividade é a pesca; porém, alguns pesque-pagues já oferecem 
outros serviços além da pesca, a fim de aproveitar melhor seu 
espaço e os recursos. Alguns dos serviços que podem ser ofe-
recidos são hospedagem, trilhas ecológicas, passeios a cavalo, 
camping, campos de futebol, jogos de salão e passeios a cachoei-
ras. Estabelecimentos com melhor estrutura oferecem até mes-
mo babás para monitorar os filhos dos clientes. Além disso ser-
viço de limpeza e de filetagem também pode ser oferecido.
Também a comercialização de artesanato, principalmente 
os confeccionados com couro de peixe (carteiras, bolsas, cintos, 
sandálias, chaveiros e bonés) e também iscas para pesca (massa, 
minhoca, minhocuçu, peixes, ração e insetos) podem proporcio-
nar um lucro extra ao proprietário.
18
4. As espécies de peixes
Um bom pesque-pague oferece alternativas ao pescador. Por 
isso, diversificação das espécies é opção bem-vinda à atividade. 
Existem muitas espécies de peixes que podem ser adotadas para 
pesca esportiva. A principal observação a respeito é o clima da 
região. O povoamento com espécies de clima tropical em regiões 
frias é fatal, e certamente haverá prejuízos. Abaixo encontram-
-se algumas das espécies que podem ser utilizadas.
4.1 Peixes indicados para clima temperado:
Serão descritas algumas das principais características de es-
péciescomumente utilizadas em pesqueiros. No entanto, exis-
te uma gama muito maior de peixes com potencial para serem 
produzidos em cativeiro. O produtor deve estar atento para o 
mercado consumidor e atender às particularidades da região 
em que está inserido para efetuar a compra das espécies mais 
procuradas pelos pescadores, sem esquecer-se da biologia dos 
peixes a serem utilizados no pesque-pague.
- Truta-arco-íris (Oncorhynchus mykiss)
Figura 9. Truta-arco-íris (Oncorhynchus mykiss).
Fonte: Amilton e Diego – Dicas de Pesca (http://diego-dicasdepesca.
blogspot.com/2013/04/truta-arco-iris.html).
19
Natural das regiões de água doce do sul do Alasca e norte do 
México, normalmente é encontrada em regiões montanhosas 
de 1.200 metros de altitude ou mais. É um peixe de correnteza 
em águas frias, sendo ideal para temperaturas entre 8 e 12°C, 
podendo suportar temperaturas abaixo de 0ºC e até 20ºC. Apre-
sentam crescimento rápido, com taxas de conversão alimentar 
satisfatórias. É uma espécie carnívora, demandando rações com 
altos teores de proteína (40 a 50% de proteína bruta) e energia 
bruta (4.000 a 5.000 Kcal/Kg). Esse animal é muito exigente 
quanto aos níveis de oxigênio, que deve ser mantido acima de 
5 mg/L no mínimo. É um peixe com grande valor econômico, 
bastante apreciado dentre os salmonídeos.
- Catfish (Ictalurus punctatus)
Figura 10. Catfish (Ictalurus punctatus).
Fonte: Adicaza (https://www.turbosquid.com/3d-models/ictalurus-
-punctatus-channel-catfish-3d-model-1164165).
Também conhecido como bagre-americano ou bagre-do-ca-
nal, ocorre naturalmente nas regiões continentais do Golfo do 
México e Vale do Mississipi, nos Estados Unidos. Introduzido no 
Brasil e difundido em várias regiões como Sul e Sudeste. É uma 
espécie de clima subtropical, onde sua reprodução é estimulada 
por temperaturas abaixo de 20°C, apresentando crescimento 
ótimo em temperaturas da água entre 24 e 30°C. Esses animais 
apresentam ótimo rendimento de carcaça e características fa-
voráveis, como a ausência de espinhas intramusculares. Nutri-
cionalmente, é uma espécie que exige dietas com 28 a 32% de 
proteína bruta e energia bruta de 3.000 a 3.500 Kcal/Kg.
20
- Black bass (Micropterus salmonoides)
Figura 11. Black bass (Micropterus salmonoides).
Fonte: Fishing the Philippines (https://fishingthephilippines.
com/2011/06/09/largemouth-bass/).
Endêmico da América do Norte, a espécie foi introduzida em 
alguns reservatórios das regiões Sudeste (São Paulo e Rio de Ja-
neiro) e Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul). Embo-
ra nos Estados Unidos o Black bass alcance 10 kg, no Brasil, esta 
espécie raramente ultrapassa 3 kg. Ao contrário das outras es-
pécies, tolera muito bem as bruscas variações de temperatura, 
bastante frequentes na região Sudeste. Preferem águas limpas 
e ricas em oxigênio dissolvido, com conforto térmico entre 18 
e 26°C, suportando até 32°C, que pode ser garantido com áreas 
sombreadas e viveiros fundos (de 2 a 3 m). É uma espécie carní-
vora, necessitando de dietas com altos teores de proteína (40 a 
50% de proteína bruta) e energia bruta (4.000 a 5.000 Kcal/Kg). 
21
- Jundiá (Rhamdia quelen)
Figura 12. Jundiá (Rhamdia quelen).
Fonte: Cursos CPT (https://www.cpt.com.br/artigos/peixes-de-agua-
-doce-do-brasil-jundia-rhamdia-quelen).
Um bagre da família Heptapteridae, apresentando distribui-
ção geográfica que vai desde a Argentina até o sul do México. No 
Brasil, apresenta alto interesse para aquicultura, principalmen-
te para a região Sul, devido a sua rusticidade, bom desempenho 
e resistência em temperaturas baixas, carne saborosa sem es-
pinhas intramusculares, com alto rendimento de carcaça. Nor-
malmente, esse peixe é produzido em tanques escavados, e uma 
dificuldade que vem sendo encontrada pelos produtores é o fato 
de esse animal atingir sua maturidade sexual antes de atingir 
seu peso ideal para abate. Este fato interfere no desempenho 
máximo do jundiá durante a fase de terminação, pois parte da 
energia destinada ao crescimento é desviada para os processos 
de maturação das gônadas. É uma espécie onívora, recebendo 
dietas que variam de 28 a 36% de proteína bruta e de energia 
entre 3.000 e 3.800 Kcal/Kg.
22
- Pacu (Piaractus mesopotamicus)
Figura 13. Pacu (Piaractus mesopotamicus). Fonte: Ambiente Brasil (ht-
tps://ambientes.ambientebrasil.com.br/agua/pesca_esportiva_em_
agua_doce/pacu_-_piaractus_mesopotamicus.html).
Peixe redondo da família Serrasalmidae, é originário da Ba-
cia do Prata, pode ser encontrado do Brasil até à Argentina, ca-
racterísticas que permitem sua criação em águas com tempe-
ratura média de 23 a 30ºC. É um peixe de piracema que realiza 
migração para realizar sua reprodução, apresentando desova 
total. No entanto, para aquicultura, sua reprodução vem sendo 
realizada artificialmente em laboratório, para repovoamento de 
represas e produção de alevinos para produtores. É um peixe 
de escamas pequenas e numerosas, com dentes molariformes. 
Possui carne muito saborosa, sendo o principal produto desse 
peixe a costelinha frita, por isso é muito consumido em pes-
que-pagues. É uma espécie que vem sendo muito utilizada na 
aquicultura e para a formação do híbrido tambacu, por meio do 
cruzamento com a fêmea do tambaqui. O pacu pode medir mais 
de 70 cm de comprimento e pesar até 20 kg. É um peixe onívoro, 
alimentando-se na natureza de frutas, matéria vegetal e peque-
nos peixes. Em cativeiro, pode ser alimentado por dietas com 
23
níveis ideais entre 22 e 28% de proteína bruta e energia de 2.600 
a 4.000 Kcal/Kg, dependendo da fase de desenvolvimento.
4.2 Peixes indicados para clima tropical:
- Carpas
Figura 14. Carpa comum (Cyprinus carpio).
Fonte: Encyclopaedia Britannica (https://www.art.com/products/
p46469704662-sa-i10204018/encyclopaedia-britannica-carp-
-cyprinus-carpio-fishes.htm).
Grupo pertencente à família Cyprinidae, que compreende 
seis espécies: catla (Catla catlaa), rohu (Labeo rohita), carpa-capim 
(Ctenopharingodon idella), carpa comum (Cyprinus carpio), carpa-
-prateada (Hypophthalmichthys molitrix) e a carpa-cabeça-gran-
de (Aristichthys nobilis). As carpas são um dos peixes mais criados 
no mundo, devido apresentar qualidades desejáveis para uma 
piscicultura produtiva, como grande resistência e adaptação aos 
diversos climas em que é criada, desde os temperados até os tropi-
cais. Não é agressiva, tem precocidade, facilidade de alimentação, 
pois são desde planctófagas, herbívoras a onívoras. Apresenta 
alta prolificidade e fácil reprodução em tanques, lagos e viveiros, 
portanto deve-se atentar para a aquisição de lotes monossexos 
para tanques de pesque-pague a fim de evitar reprodução inde-
24
sejada nos tanques de pescaria, resultando em superpopulação. 
Esses peixes são bem aceitos em pesqueiros devido seu grande 
porte, além de outras aplicações comerciais, como alimentação 
humana e ornamentação de lagos (carpas coloridas – nishikigois). 
As carpas normalmente se reproduzem com temperatura acima 
dos 20 ºC, sendo que seu maior desenvolvimento ocorre em água 
com temperatura de 28 ºC.
- Tilápias
Figura 15. Tilápia-do-nilo (Oreochromis niloticus). Fonte: Scand Posters 
(https://scandposters.com/shop/oreochromis-niloticus-13059p.html).
Originárias da África, Israel e Jordânia, pertencentes à fa-
mília Cichlidae, é um dos animais mais antigos criados em ca-
tiveiro. No Brasil, esses animais foram introduzidos na década 
de 70, com a espécie Oreochromis niloticus, conhecidas como 
tilápia-do-nilo. Atualmente, a tilápia é um dos peixes de água 
doce mais cultivados no mundo, fato associado à rusticidade de 
adaptar-se a temperaturas de 14 a 33°C, sem contar que algu-
mas variedades podem suportar locais salinos. A tilápia-do-nilo 
25
apresenta ótimos parâmetros de desenvolvimento, como cres-
cimento acelerado e qualidade do filé (sem espinhas intramus-
culares e odor e sabor suaves). No Brasil, já é possível encontrar 
juvenis de tilápia melhorados, ou seja, que sofreram melho-
ramentogenético. Essas linhagens são a Chitralada e a GIFT 
(Genetic Improved Farmed Tilapia). A tilápia é uma espécie que 
possui maturação sexual precoce e, por isso, para o seu cultivo, 
é necessária a criação de população de monossexo, evitando as-
sim a reprodução nos tanques de criação, principalmente tan-
ques escavados. Para a obtenção de uma população de monos-
sexo, é necessário o processo de inversão sexual durante a fase 
de pós-larva, que pode ser realizado através do fornecimento de 
uma dieta com hormônio masculinizante (17 α-metiltestotero-
na), ou com a elevação da temperatura da água (32ºC) logo após 
a eclosão, permanecendo entre 15 e 20 dias. Após este período, 
pode-se criá-las em tanques convencionais. Com relação à exi-
gência nutricional para tilápias, já podemos utilizar dados mais 
precisos para formulação de uma dieta, devido à quantidade de 
dados científicos gerados pela pesquisa, mas resumidamente a 
proteína bruta para essa espécie varia de 28 a 36% de proteína 
bruta e 3.000 a 3.500 Kcal/Kg de energia bruta; valores-estoque 
podem variar de acordo com a fase de criação.
- Curimbatá (Prochilodus lineatus)
Figura 16. Curimbatá (Prochilodus lineatus). Fonte: Peixes des-
portivos do mundo (http://peixesdesportivosdomundo.blogspot.
com/2014/10/o-curimbata-prochilodus-lineatus.html).
26
Também conhecidos como curibatá, curimatá, curimatã, 
curimataú ou curimba. São peixes perifitófagos, da família Pro-
chilodontidae, peixes de elevado potencial aquícola devido a 
sua rusticidade, facilidade durante a reprodução e alevinagem, 
com ótimo crescimento no primeiro ano, podendo chegar a pe-
sar 2,5 kg. O curimbatá ainda possuí uma característica impor-
tante, que é sua boca protrátil inferior, responsável pela captura 
do alimento diretamente do fundo. Essa característica é muito 
importante para a utilização desse peixe em um policultivo, pois 
irá consumir o perifiton. Sua utilização em pesque-pague pode 
ser muito interessante, pois será uma renda extra, sem grandes 
gastos, pois irá alimentar-se dos restos de alimentos fornecidos 
aos outros peixes.
- Tambaqui (Colossoma macropomum)
Figura 17. Tambaqui (Colossoma macropomum). Fonte: Ambiente Bra-
sil (https://ambientes.ambientebrasil.com.br/agua/pesca_esporti-
va_em_agua_doce/tambaqui_-_colossoma_macropomum.html).
Peixe nativo da bacia amazônica, muito produzido nas re-
giões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, fato que pode ser expli-
cado pelas temperaturas mais elevadas da água nessas regiões. 
Atualmente, nas regiões Sul e Sudeste, encontram-se vários 
27
produtores que trabalham com essa espécie; no entanto, devi-
do a altas mortalidades encontradas em temperaturas abaixo 
de 17°C, é motivo que tem desencorajado alguns piscicultores. 
O tambaqui é um peixe reofílico, portanto migra longas distân-
cias durante o período de piracema, e por este fato, para sua re-
produção em cativeiro, é necessária a aplicação de hormônios 
reprodutivos. Esses peixes apresentam crescimento rápido, po-
dendo atingir 1,5 kg no primeiro ano de cultivo. Eles são rústi-
cos e aceitam muito bem dietas comerciais, e a quantidade de 
proteína bruta na dieta varia de 28 a 32% na fase de terminação.
- Pintado (Pseudoplatystoma corruscans)
Figura 18. Pintado (Pseudoplatystoma corruscans).
Fonte: Alvaro Nunes (https://www.cpap.embrapa.br/agencia/pei-
xes/Peixe023pintado.htm).
Bagre pertencente à família Pimelodidae, e assim como as 
cacharas e os surubins, não apresentam escamas e são carnívo-
ros. Esses peixes são bastante rústicos, tolerando temperaturas 
baixas da água, podendo ser uma ótima escolha para pesque-
-pague, por apresentarem carne nobre, e são muito agressivos, 
atraindo os pescadores. São bastante exigentes no quesito nutri-
cional, demandando rações em torno de 40% de proteína bruta. 
Atualmente, existe no mercado grande quantidade de juvenis 
de híbridos para venda, como, por exemplo, o pintachara ou 
ponto-e-vírgula, oriundo do cruzamento do pintado com a ca-
chara. Para a criação desses híbridos, deve-se ter cuidado prin-
cipalmente para evitar o escape para a natureza, uma vez que já 
28
foi comprovado que esses peixes são férteis e podem interferir 
negativamente nas populações nativas.
- Matrinchã (Brycon amazonicus)
Figura 19. Matrinchã (Brycon amazonicus). Fonte: iNaturalist (https://
www.inaturalist.org/taxa/96102-Brycon-amazonicus).
Pertencente à família Characidae, nativa da Bacia Amazô-
nica, é um peixe onívoro, alimentando-se de frutos, sementes, 
flores, insetos e, ocasionalmente, de pequenos peixes, podendo 
apresentar canibalismo, principalmente nos estádios iniciais de 
vida. É um peixe de piracema que realiza a desova total, e na na-
tureza faz longas migrações rio acima para se reproduzir. Apre-
senta uma carne muito saborosa e muito apreciada nas regiões 
Centro-Oeste e Norte do País, podendo ser uma ótima escolha 
para os pesque-pagues, principalmente pelo fato de ser um pei-
xe muito agressivo quando fisgado. O nível de proteína bruta 
indicado para essa espécie encontra-se em 36% para a fase de 
alevinagem e em 28% para a fase de engorda, com uma exigên-
cia energética de aproximadamente 3.000 kcal/Kg.
29
- Piauaçu (Leporinus macrocephalus)
Figura 20. Piauaçu (Leporinus macrocephalus).
Fonte: Vivaterra (http://www.klimanaturali.org/2011/06/peixe-
-piaucu-leporinus-macrocephalus.html).
Peixe da família Anostomidae, apresenta corpo longo e por-
te médio, está amplamente distribuído no Pantanal Mato-Gros-
sense, bem como nos estados de Minas Gerais, Goiás e São Paulo. 
É um peixe onívoro, com tendência a herbívoro, alimentando-
-se principalmente na natureza de caranguejos, frutas e peque-
nos peixes. O piauaçu possui grande aceitação no mercado, seja 
por ser um peixe muito procurado por pescadores por ser agres-
sivo quando fisgado, seja pela sua carne, mesmo apresentando 
espinhas em formato de “Y” na carne. O piauaçu, assim como 
a piapara são produzidos principalmente nas regiões Sudeste, 
Centro-Oeste e Norte, principalmente para os empreendimen-
tos de pesque-pague. A reprodução desses peixes já está bem 
dominada, a temperatura ideal da água de cultivo para o me-
lhor crescimento fica em torno de 24 a 27°C, no entanto é um 
animal que tolera grandes variações da temperatura. Quanto às 
exigências nutricionais, atualmente, são fornecidos aos piaua-
çus dietas que variam de 28 a 36% de proteína bruta, com ní-
veis de energia que variam de 3.000 a 3.500 Kcal/Kg, sendo que, 
para juvenis, é fornecida uma dieta com maior teor de proteína 
e energia.
30
5. Aquisição e transporte dos peixes
Normalmente, os pesqueiros são abastecidos por peixes 
comprados em pisciculturas. São poucos os pesque-pagues que 
produzem seu próprio peixe, o que seria mais conveniente, pois, 
além da não necessidade de compras, o produtor poderia fazer 
sua programação com êxito, ter absoluta certeza da qualidade 
do produto e de menor custo. No entanto, para que o produtor 
produza seu próprio peixe, é necessário um espaço maior para 
manter os reprodutores, tanques de alevinagem, recria e termi-
nação dos animais para, então, sua transferência para os locais 
destinados à pesca esportiva.
Sempre que for realizar uma aquisição, a pesquisa de qua-
lidade é mais importante do que o preço. Adquirir peixe com 
problemas implica fechamento do estabelecimento tempora-
riamente e, às vezes, até permanentemente. O correto é que, 
a cada aquisição de animais, devem-se conferir a qualidade e 
a saúde dos peixes através de, principalmente, observação dos 
lotes. Após a chegada na propriedade, os animais deverão per-
manecer em quarentena com observação constante, a fim de 
evitar a proliferação de possíveis patógenos advindos da pro-
priedade anterior.
Evitar também capturar os peixes na propriedade do forne-
cedor e a estocagem no destino nos horários mais quentes do 
dia, pois o correto é fazer isto de madrugada ou à noite. Os pei-
xes que serão transportados devem ser submetidos ao jejum de, 
pelo menos, dois dias,pois é melhor perder alguns gramas no 
peso do que dezenas de indivíduos no transporte.
O transporte de peixes (Figura 21), geralmente, é realizado 
pelo fornecedor ou por transportadores que prestam serviço, 
porém proprietários com elevada demanda de peixes podem 
adquirir seu veículo e realizar o próprio transporte de seus ani-
mais. Independentemente de qual seja o transportador, este 
deve ser, preferencialmente, realizado com a utilização da mes-
ma água em que os peixes se encontram ou com água limpa. 
31
Diminuir gradativamente a temperatura da água nas caixas de 
transporte utilizando gelo é uma boa prática, reduzindo a de-
manda de oxigênio e a excreção de gás carbônico e amônia dos 
peixes; consequentemente, reduzindo a excreção fecal e a velo-
cidade de multiplicação de bactérias. Temperaturas entre 19 e 
22oC são recomendáveis durante o transporte de peixes vivos. 
Atente para que não seja realizado transporte e qualquer outro 
tipo de manuseio dos peixes nos meses mais frios do ano.
Para diminuir o estresse durante o transporte e ajudar na 
recomposição do muco após o manejo com redes e puçás, reco-
menda-se misturar, na água em que os peixes serão transporta-
dos, sal grosso, na proporção de 6 kg para cada 1.000 litros.
Para o transporte de peixes em alta concentração (300 kg/
m3), é necessário injetar oxigênio puro na água dos tanques. 
Para utilização de ar comprimido, há necessidade de redução na 
carga de peixes. É importante lembrar que, para melhor difusão 
Figura 21. Caminhão com caixas transportadoras de peixes. Fonte: 
AquaSystem (http://www.acquasystembrasil.com.br/produtos/cai-
xa-de-transporte/).
32
do ar na água e economia de oxigênio, o uso de pedras porosas 
(usadas em aquários) ou mangueiras microperfuradas são práti-
cas recomendadas. É importante que, periodicamente durante 
a viagem, os peixes sejam inspecionados e, se possível, o nível 
de oxigênio seja determinado, através de um oxímetro portátil.
Quando os peixes chegarem ao pesqueiro, o local já deve es-
tar preparado e o pessoal de sobreaviso, para evitar correrias 
de última hora. Sempre os novos animais que chegam na pis-
cicultura devem ser soltos em um local de quarentena para 
evitar disseminação de doenças para os animais já existentes. 
Para a aclimatação, o ideal é que os animais que estão nas caixas 
de transporte recebam a água do local em que eles serão soltos. 
Essa troca de água deve ser de forma constante e lenta para que 
os peixes se adaptem à temperatura e ao pH do novo local. Após 
o descarregamento dos peixes, eles devem ser examinados para 
observação quanto a lesões de transporte e a doenças fúngicas e 
parasitárias que possam até comprometer aqueles já existentes 
no estabelecimento. A quantidade e o peso dos peixes também 
devem ser checados. Atenção deve ser redobrada sobre o com-
portamento dos peixes entre uma semana e 10 dias após a sol-
tura, pois neste período ainda pode ocorrer a manifestação de 
problemas oriundos do transporte.
6. Alimentação e nutrição dos peixes
Um bom programa de alimentação deve ser adotado para os 
peixes de pesque-pague. É errada a ideia de que os peixes não 
devam receber alimento para serem atraídos pelas iscas. O que 
é recomendado é a suspensão da alimentação nos dias que ante-
cederem os picos de movimento, como em finais de semana ou 
nas vésperas de feriados. Além de manterem-se saudáveis e de 
aspecto vivaz, o manejo alimentar, ao contrário do que se pensa, 
induz os peixes a serem atraídos pelas iscas e a elevar os índices 
33
de captura pelos pescadores. Um outro fato é que, em um siste-
ma onde são estocadas várias espécies de peixes, os índices de 
ataques entre espécies diferentes sejam reduzidos, diminuindo 
o estresse dos animais.
É de crucial importância o manejo alimentar. Como em pes-
que-pague os peixes já são adultos, a quantidade de alimento 
que eles necessitam é reduzida (0,5 a 1,0% do peso vivo). Tam-
bém é importante alimentar os peixes nos períodos em que os 
níveis de oxigênio dissolvido estiverem mais elevados, ou seja, 
no final da tarde. Quando, por algum motivo, a concentração 
de oxigênio estiver baixa, deve-se evitar o arraçoamento para 
não comprometer a qualidade da água. Uma simples maneira 
de verificar se a quantidade de ração fornecida está correta, é 
analisando o tempo gasto para os peixes ingerirem toda a ração. 
O ideal é que seja entre 15 e 20 minutos.
A seguir, estão descritos alguns fatores que podem influen-
ciar diretamente a ingestão do alimento:
Temperatura da água – Os peixes são animais ectotérmicos, 
ou seja, ao contrário dos mamíferos, não são capazes de man-
ter a temperatura corporal e, quando a temperatura da água 
diminui, o metabolismo também é reduzido, tornando-os len-
tos na busca pelo alimento. Assim, em temperaturas da água 
de até 22oC, o arraçoamento deve ser alternado a cada 2 dias. 
Com temperaturas abaixo dos 20oC, a oferta de alimento deve 
ser suspensa, uma vez que os peixes não se alimentarão, e a ra-
ção estará servindo de adubo ao tanque, podendo comprome-
ter a qualidade da água. Mudanças abruptas também levam à 
redução da ingestão, mesmo que estas alterações sejam para 
temperaturas mais elevadas; e, nestes casos, o fornecimento de 
alimento também deve ser interrompido.
Fotoperíodo – Embora este fator tenha maior interferência 
na ingestão de peixes de clima temperado, é possível observar 
que, durante a época do ano em que os dias são mais longos, o 
consumo de alimento será maior.
Luminosidade - Períodos seguidos de dias nublados reduzi-
rão o teor de oxigênio na água, uma vez que as algas não irão 
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produzir oxigênio através da fotossíntese e, com isso, o consu-
mo de ração será menor. Nestes períodos, recomenda-se a redu-
ção no fornecimento de ração.
Ventos e chuvas fortes – durante estes eventos naturais, 
os peixes costumam migrar para o fundo dos viveiros, e desta 
forma não capturam a ração oferecida na superfície, não sendo 
recomendado alimentar os animais nestas condições.
Qualidade da água - como já abordado anteriormente, a 
qualidade da água está intimamente relacionada à saúde dos 
peixes, e alterações prejudicam principalmente o consumo de 
alimento pelos animais.
Alimento - A escolha da ração deverá ser feita em função 
das espécies escolhidas e do tamanho dos peixes. Em geral, em 
tanques com muitas espécies de hábitos alimentares distintos, 
o ideal seria utilizar uma ração com aproximadamente 32% de 
proteína bruta, e desta forma atender às exigências em proteína 
da maioria dos peixes. Para a escolha do tamanho da ração (gra-
nulometria do pelete), deve-se observar que esta deve ter de 25 
a 50% do comprimento da abertura da boca dos animais.
Embora haja mais de um tipo de ração para peixes (úmidas, 
secas, fareladas, peletizadas, extrusadas e floculadas), a mais in-
dicada para essa atividade é a extrusada, uma vez que é de fá-
cil armazenamento, possui alta estabilidade e facilita o manejo, 
já que flutua e é possível observar com facilidade se foi ou não 
ingerida. A qualidade da dieta é de fundamental importância 
para a manutenção dos animais e para o sucesso do negócio. 
7. Profilaxia e prevenção de doenças
Em um ambiente aquático, existe equilíbrio entre os agen-
tes patogênicos e o meio, ou seja, os microrganismos sempre 
estarão presentes na água; contudo, só atacarão e só se insta-
larão nos peixes se algum fator for desencadeado, desequili-
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brando o meio.
Antes de proceder ao repovoamento de um tanque de pis-
cicultura, algumas medidas devem ser tomadas, para evitar 
problemas patológicos com a nova população de peixes que ali 
será estocada. O tanque vazio deve tomar sol por, pelo menos, 
sete dias. Uma boa calagem com cal hidratada ou virgem deve 
ser também realizada para provocar a desinfecção total do 
ambiente. A cal deve ser distribuída no fundo, nas paredes e, 
principalmente, nas poças de água que eventualmente ficam 
por ocasião da drenagem. Além de um bom profilático, a ca-
lagem eliminaos ovos, larvas e alevinos de peixes predadores 
e indesejáveis remanescentes no tanque. Também este proce-
dimento tem a vantagem de destruir ovos e larvas de insetos, 
que causam prejuízo em tanques de larvicultura e alevinagem.
Quando os peixes são movimentados (transportados), mal 
alimentados ou então quando a qualidade da água fica preju-
dicada, a tendência de estresse nos animais é muito acentuada. 
Isto provoca uma queda da resistência e agentes patogênicos 
tendem a se instalar nos peixes. É neste momento que os ata-
ques de fungos, bactérias e parasitas ocorrem, causando danos 
e prejuízos ao piscicultor. Mudanças bruscas de temperatura 
(choque térmico) também induzem a queda da resistência dos 
peixes.
O importante é manejar os peixes, adequadamente, para 
evitar problemas. Porém, se os peixes manifestarem algum 
sintoma diferente do padrão normal de comportamento (mor-
bidez, nado errático, boquejamento, alterações no corpo, etc.), 
o procedimento correto é capturar alguns peixes, ainda vivos, 
e levar a um especialista da área de patologia de organismos 
aquáticos para um diagnóstico e a devida prescrição do trata-
mento, de preferência um médico veterinário especialista na 
área. Salienta-se que, ainda, a melhor medida é a prevenção.
Atualmente, existem alguns tratamentos que, apesar de 
onerosos, são eficientes, minimizando as perdas. Conforme 
o problema, é utilizado cal ou sal, produtos comumente en-
contrados com facilidade. No mercado aquícola, existem três 
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produtos comerciais, dois antimicrobianos - Aquaflor® (Flor-
fenicol) e a TM - 700® (Terramicina), e um parasiticida - Maso-
ten® (Triclorfon). Para utilização destes compostos, um médico 
veterinário deve realizar o laudo para identificação do agen-
te patológico e prescrição dos medicamentos adequados para 
a situação. Cuidados devem ser tomados na aplicação destes 
produtos, pois dosagens excessivas podem matar os animais, e 
subdosagens podem não ser eficazes.
8. Recomendações
• Água de boa qualidade sempre. O monitoramento é muito 
importante;
• Evitar que enxurradas tenham acesso aos canais de abas-
tecimento ou aos próprios viveiros (podem trazer dejetos 
orgânicos ou resíduos químicos);
• Sempre utilizar filtros de telas, cascalho ou de areia nas 
águas de abastecimento, para evitar entrada de peixes es-
tranhos nos tanques;
• Adquirir alevinos ou peixes adultos de procedência co-
nhecida, de preferência com certificado de qualidade;
• Não transportar e manejar os peixes nas épocas mais frias 
do ano, assim como em horários de muito calor;
• Aparecendo peixes mortos no viveiro, retirá-los imedia-
tamente do local;
• Caso ocorreram problemas sanitários em algum viveiro, 
desinfetar as tralhas de pesca utilizadas, antes de usá-las 
em viveiros com peixes sadios;
• Sempre que um viveiro for totalmente despescado, após o 
esvaziamento completo, aplicar cal (hidratada ou virgem) 
e deixá-lo exposto ao sol por alguns dias;
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• Manter os peixes bem alimentados e nutridos;
• Ao primeiro sinal de problemas com os peixes, coletar al-
guns exemplares e levá-los a um especialista para a iden-
tificação do problema e a prescrição de tratamento ade-
quado.
• Consulte sempre técnicos competentes;
• Conheça estudos de mercado;
• Promova treinamento aos funcionários, com o objetivo de 
melhorar o atendimento ao público;
• Registre seu projeto nos órgãos ambientais de seu Estado 
e Município;
• Visite criações que já estão funcionando, procurando co-
nhecer a atividade;
• Mantenha-se sempre atualizado sobre os problemas do 
setor;
• Evite modismos;
• Use produtos de qualidade, mesmo que mais caros;
• Cuidado com a procedência de organismos a serem culti-
vados;
• Procure técnicos da Extensão Rural ou de Universidades 
para problemas que surgirem;
• Desconfie de resultados estapafúrdios;
• Converse com os criadores mais antigos sobre suas expe-
riências;
• Procure sempre trabalhar integrado;
• Procure implantar algum sistema de tratamento de 
efluentes gerados pelo pesque-pague;
• Sempre que possível, divulgue seu negócio em diferentes 
canais de comunicação e incentive o consumo de peixes.
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