Direito Constitucional Aplicado - Aula 10

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Direito Constitucional
Aplicado
Aula 10 - Defesa do Estado e das Instituições
Democráticas (Estado de Defesa e Estado de
Sítio)
INTRODUÇÃO
Sendo certo que o Estado brasileiro tem toda a sua estrutura e o seu funcionamento de�nidos pela CRFB, é certo que o
Brasil, tal como uma empresa, deve funcionar dentro de um equilíbrio e de uma harmonia entre seus entes e institutos.
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No entanto, com muita maturidade, o legislador constituinte originário percebeu que, por forças endógenas ou
exógenas, tal equilíbrio poderia ser periclitado ou até mesmo perdido, momento que fez constar em nossa Carta
Magna duas formas excepcionais de funcionamento do Estado, com vistas a retomar a ordem. Essa seção levou o
nome de defesa do Estado e das instituições democráticas.
Nela, encontramos os chamados estado de defesa e estado de sítio, verdadeiros antídotos para a retomada da ordem
periclitada ou perdida.
Separamos esse prazeroso estudo para o �nal, já que durante todo o curso o objetivo foi reconhecer o funcionamento
do Estado.
Esperamos que esse conteúdo seja proveitoso e que seja um belo encerramento de nossos trabalhos.
OBJETIVOS
Analisar as estruturas de defesa institucional do Estado brasileiro.
Reconhecer as condições e os limites do estado de defesa.
Reconhecer as condições e os limites do estado de sítio.
Compreender o modo de �scalização das medidas atípicas aplicadas durante a defesa do estado e das instituições
democráticas.
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DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS
A Constituição Federal de 1988, nos artigos 136 a 141, estabelece o seu sistema constitucional de crises graves, no
qual a ordem legislativa confere ao Estado os mecanismos para suportar crises internas e externas e recobrar a ordem
constitucional perdida.
Neste caminho, a ordem jurídica nacional por meio da Constituição prevê a supressão e ou a diminuição de direitos e
liberdades individuais com �to de resguardar a continuidade do Estado. 
Assim, o sistema de controle de crises prevê uma alteração temporária dos direitos e fundamentos da constituição.
Dentre os estados de excepcionalidade estão o de defesa (art. 136 da CF) e o de sítio (art. 137, I e II CF).
, ESTADO DE DEFESA
Segundo o art. 136, consiste na instauração de uma legalidade extraordinária, por certo tempo, em locais restritos e
determinados, mediante decreto do presidente, para preservar a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente
instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza.
INSTABILIDADE INSTITUCIONAL
Ocorre quando as instituições democráticas são constrangidas ou estão ameaçadas de constrangimento,
caracterizando mácula ao pacto federativo, pelo que se justi�ca a medida de exceção ante a sua salva guarda.
CALAMIDADE DA NATUREZA
Fato inicialmente natural, mas que traz como consequência a calamidade pública, a perturbação social ou a perda da
paz social. Nitidamente ocorrerá quando após uma catástrofe da natureza de maneira oportunista ataca-se a ordem
pública.
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• DECLARAÇÃO E PRAZOS PARA O ESTADO DE DEFESA
O estado de defesa é uma medida obrigatoriamente de curta vigência podendo ser decretada pelo prazo de 30 dias e
prorrogada por uma única vez, por igual período, nos termos do § 2º, do art. 136, da CF, se persistirem as razões que
justi�caram a sua decretação.
Assim, o Presidente da República depois de ouvir o Conselho da República (art. 89 e 90, I CF) e o Conselho de Defesa
Nacional (art. 91, §1º, II CF), (função meramente opinativa), pode decretar o estado de defesa em determinadas
localidades com vistas a restabelecer a ordem pública.
• RESTRIÇÕES POSSÍVEIS PARA O ESTADO DE DEFESA
Declarado por decreto, o estado de defesa deve possuir tempo determinado e cunho localizado, decreto este que
também apresentará as medidas coercitivas que serão tomadas.
Desta forma, pelo estado de defesa é possível restringir direitos consagrados em nossa constituição tais como o de
reunião restringido e o sigilo de correspondência e comunicação, em geral, quebrados, nos termos do artigo 136 § 1º, I,
CF.
, O decreto declaratório do estado de defesa também pode �xar a ocupação e o uso temporário de bens e serviços, �cando a
união responsável pelos gastos recorrentes.
Ainda como medida desse estado de exceção, pode o seu titular, o Presidente da República, decretar a prisão de
pessoa por crime face o Estado, devendo a referida prisão ser comunicada ao juiz competente, o qual procederá a
análise da legalidade da mesma, sendo mediante requerimento do então preso procedido o competente exame de
corpo de delito.
Insta salientar que o preso não pode �car incomunicável e sua prisão só poderá ser nos termos do decreto mantida
pelo prazo de 10 dias, quando a mesma �ca condicionada à análise do poder judiciário competente.
• CONTROLES DO ESTADO DE DEFESA
Observando os termos anteriores, onde são apresentados os requisitos formais para a decretação do estado de defesa
é indispensável, nos termos do § 4º, do artigo 136, da CF, que após a decretação do estado de defesa ou de sua
prorrogação seja feita a comunicação ao Congresso Nacional o qual decidirá por maioria absoluta quanto à
necessidade da instituição ou prorrogação do estado de exceção. Caso o Congresso entenda de forma negativa os
efeitos serão imediatamente suspensos ou não se poderá prorrogá-los.
O estado de defesa é de tal sorte uma medida de exceção, visto que, é capaz de promover uma convocação especial
do Congresso, ainda que em recesso, para que este o aprecie, �cando vinculado a funcionar enquanto este durar, nos
termos dos §s 5º e 6º, do artigo 136 da CF.
E os controles serão assim exercidos pelo Congresso Nacional:
a) Controle imediato
Quando comunicado em prazo não superior a 24 horas, o CN irá, por maioria absoluta de
seus membros, analisar a legalidade do decreto, podendo inclusive mandar suspender o
estado de defesa decretado pelo presidente da república. (ART. 136, § 4º da CF)
b) Controle concomitante
Será feito por uma comissão própria da mesa do CN, que terá a missão de acompanhar e
�scalizar as medidas referentes ao estado de exceção decretado. Este tipo de controle
também deverá ser exercido pelo poder judiciário, o qual não poderá ter, como regra, suas
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funções restringidas especialmente porque funcionará como �scal da aplicação do decreto
impedindo eventuais abusos.
c) Controle sucessivo
Nos termos do artigo 141, § único, da CF, cessado o estado de defesa e seus efeitos,
competirá ao presidente da república emitir relatório ao CN com a especi�cação e
justi�cação das medidas adotadas; e nos termos do caput do artigo citado, o qual deixa
claro que não haverá prejuízos ante à responsabilidade pelos ilícitos cometidos, o controle
sucessivo também será exercido pelo poder judiciário.
ESTADO DE SÍTIO
Consiste na instauração de uma legalidade extraordinária, por determinado tempo e objetivando preservar ou restaurar
a normalidade constitucional, perturbada por motivo de comoção grave de repercussão nacional ou por situação de
beligerância com Estado estrangeiro.
a) Estado de sítio por comoção (art. 137, I, da CF)
Nos termos do artigo citado, o estado de sítio será decretado nos casos de comoção grave
de repercussão nacional, assim a comoção grave tem o mesmo sentido da instabilidade
institucional (presente como requisito do estado de defesa), porém a sua abrangência não é
meramente localizada, mas sim de repercussão nacional.
É necessárioque estejamos diante de um caso de guerra civil, ressalvando-se a autorização
contida no artigo 138, caput, da CF, o qual diz que o decreto presidencial deve determinar a
área de amplitude do estado de sítio.
Esta modalidade de estado de sítio também será cabível quando do registro de ine�cácia
das medidas anteriormente decretadas no estado de defesa, o qual será então convertido
em estado de sítio.
b) Estado de sítio por guerra (art. 137, II, da CF)
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Mais complexo que o anterior, o estado de sítio por guerra só será observado mediante
autorização do CN, nos termos do artigo 49, II, da CF, com vistas a declarar guerra ou
celebrar a paz, contudo o mesmo estado de sítio pode ser declarado privativamente pelo
presidente da república quando da materialização de agressão armada (estado de defesa
por agressão) autorizado pelo congresso nacional ou referendado por ele, nos termos do
artigo 84, XIX e XX CF.
• DECLARAÇÃO E PRAZOS DO ESTADO DE SÍTIO
Nos termos do artigo 137, caput, da CF, o estado de sítio será declarado por decreto após consulta ao Conselho da
República e ao Conselho de Defesa Nacional (função meramente opinativa), restando sua decretação vinculada à
autorização concedida pelo Congresso Nacional.
A referida autorização será decidida por maioria absoluta do Congresso Nacional e o mesmo, inclusive, será
convocado durante o recesso parlamentar para que venha autorizá-lo, no caso de estado de sítio por comoção, e
referendá-lo no caso de estado de sítio por guerra.
O estado de sítio por comoção não pode ser decretado por prazo superior a 30 dias, nem prorrogado de cada vez por
prazo superior a este. Note-se então que, diferente do prazo do estado de defesa, o estado de sítio pode ser prorrogado
por quantas vezes se �zer necessário, insta salientar que, no caso de estado de sítio por guerra o prazo será
indeterminado, ou seja, vinculado ao tempo que perdurar a agressão armada.
Da mesma forma que, no estado de defesa, o CN funcionará ininterruptamente durante todo o tempo que durar o
estado de sítio. Tudo nos termos do artigo 138 da CF.
• RESTRIÇÕES DO ESTADO DE SÍTIO
No tocante às restrições por comoção serão as mesmas descritas no artigo 139, I a VII, da CF, as quais estão
vinculadas a supressão do direito à liberdade, à livre comunicação e ao livre acesso e uso por parte da união federal de
bens públicos e privados.
Observe que, no caso do estado de sítio por guerra, as restrições são ilimitadas, visto que observam-se a segurança
nacional e a segurança individual de toda a nação brasileira, ressalvados por óbvio os direitos humanos que são
fundamento de fato para o existir do estado.
• CONTROLES DO ESTADO DE SÍTIO
É exercido da mesma forma que no estado de defesa, ressalvando-se o controle legislativo prévio que é condição
necessária à decretação do estado de sítio.
Desta forma, o preventivo acaba se transformando em um controle antecipado posto que o Presidente, por regra,
necessita de autorização do CN para decretar o estado de sítio.
Já os demais controles serão veri�cados e aplicados da mesma forma que ocorreu no estado de defesa.
Desta forma os controles a serem exercidos pelo CN, em se tratando de estado de sítio são:
Controle antecipado (presente na autorização indispensável para a decretação do estado de sítio, quando o mesmo
estiver fundamentado no Art. 137, I).
Controle concomitante (igual ao estado de defesa).
Controle sucessivo (igual ao estado de defesa).
ATIVIDADES
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1- “O Brasil vive uma situação tão difícil no campo político que caso o povo tivesse sangue nas veias já teria iniciado
uma guerra civil.” Caso o Brasil mergulhe em uma guerra civil, o presidente da republica poderá tomar alguma medida
para conter a situação? Justi�que sua resposta.
Resposta Correta
2- O prazo de decretação do estado de sítio, na forma do Artº 137, I da CRFB será de:
30 dias.
Não superior a 30 dias.
Prazo inde�nido.
Tanto a decretação como a prorrogação não terá prazo superior a 60 dias.
Não há prazo.
Justi�cativa
3- Para os casos de decretação de estado de sítio, na forma do Art. 137, II, poderá o presidente estabelecer quais
restrições?
Restrição à liberdade de reunião.
Prisão de pessoas.
Ocupação e uso de bens e serviços.
Qualquer restrição pode ser estabelecida.
Nenhuma restrição pode ser estabelecida nesse caso.
Justi�cativa
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Glossário