Buscar

Diferenças entre o Estado de Defesa e Estado de Sítio

Prévia do material em texto

Diferenças entre o Estado de Defesa e Estado de Sítio 
 
A propagação da pandemia de coronavírus (Covid-19) trouxe ao Brasil a necessidade de decretação de 
estado de emergência e situação de calamidade públicas nas esferas municipais, estaduais e federal. 
Os impactos orçamentários, econômicos e políticos dessa crise sanitária acabaram trazendo à tona o 
conceito de diversos institutos jurídicos, como Estado de Defesa, Estado de Sítio. 
Afinal, você sabe o que é o Sistema Constitucional de Crises? As diferenças entre o Estado de Defesa e o 
Estado de Sítio? 
Essas hipóteses nos parecem bem familiares atualmente não é mesmo? E qual é o momento em que se faz 
necessária e adequada a utilização desses institutos pertencentes ao Sistema Constitucional de Crises 
Brasileiro? Quais são as etapas e requisitos da decretação de cada um deles? 
Vamos entender melhor neste artigo. 
O que é o Estado de Defesa? 
Antes de saber apropriadamente do que se trata o Estado de Defesa, vejamos quem pode decretá-lo. 
O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, 
decretar estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e 
determinados, a ordem pública ou a paz social: 
• ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional; ou 
• atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza. 
Duas características são importantes: 
1. o Estado de Defesa é aplicado em locais restritos e determinados, não podendo ser genérico, do 
ponto de vista físico; 
2. visa preservas ou reestabelecer a ordem pública ou a paz social. 
Além disso, o decreto que instituir o estado de defesa determinará o tempo de sua duração, especificará as 
áreas a serem abrangidas e indicará as medidas coercitivas a vigorarem, dentre as seguintes possíveis: 
I – restrições aos direitos de: 
• reunião, ainda que exercida no seio das associações; 
• sigilo de correspondência; 
• sigilo de comunicação telegráfica e telefônica; 
II – ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na hipótese de calamidade pública, 
respondendo a União pelos danos e custos decorrentes. 
Adendo: pode haver ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos na hipótese de Estado de 
Defesa para preservar ou reestabelecer a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente 
instabilidade institucional? NÃO! 
A ocupação de bens e serviços só pode ser decretada na hipótese de Estado de Defesa para preservar ou 
reestabelecer a ordem pública ou a paz social atingidas por calamidades de grandes proporções na 
natureza. 
Prazo de duração do Estado de Defesa 
O tempo de duração do estado de defesa não será superior a 30 dias, podendo ser prorrogado UMA VEZ, 
por igual período, se persistirem as razões que justificaram a sua decretação. 
Demais Informações sobre o Estado de Defesa 
Na vigência do estado de defesa: 
I – a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo executor da medida, será por este comunicada 
imediatamente ao juiz competente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao preso requerer exame de 
corpo de delito à autoridade policial; 
II – a comunicação será acompanhada de declaração, pela autoridade, do estado físico e mental do detido no 
momento de sua autuação; 
III – a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser superior a 10 dias, salvo quando autorizada 
pelo Poder Judiciário; 
IV – é vedada a incomunicabilidade do preso, em qualquer hipótese. 
 
Ratificação do Congresso Nacional 
Ao contrário do Estado de Sítio, em que o Congresso autoriza, o Estado de Defesa prescinde de autorização. 
Contudo, fica sujeito à ratificação do Congresso. 
Desse modo, decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o Presidente da República, dentro de 24 
horas, submeterá o ato com a respectiva justificação ao Congresso Nacional, que decidirá por maioria 
absoluta. 
Adendo: Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será convocado, extraordinariamente, no prazo de 5 
dias. 
Adendo II: O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de dez dias contados de seu 
recebimento, devendo continuar funcionando enquanto vigorar o estado de defesa. 
Adendo III: os recessos do Congresso acontecem de 18 a 31 de julho e de 23 de dezembro a 1º de fevereiro. 
Tendo o Congresso rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado de defesa. 
Estado de Sítio 
O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa 
Nacional, solicitar ao Congresso Nacional autorização para decretar o estado de sítio nos casos de: 
• comoção grave de repercussão nacional; 
• ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa; 
• declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira. 
Em primeiro lugar, as hipóteses de Estado de Sítio diferem do Estado de Defesa. Em segundo lugar, por ser 
um regime mais autoritário, caso o Estado de Defesa não cumpra sua missão durante a sua instituição, que 
poderá ser prorrogada por apenas um período (prazo máximo: 60 dias), este poderá se converter em Estado 
de Sítio. 
Adendo: a autorização do Congresso também se fará por maioria absoluta. 
Vale ressaltar que durante o Estado de Sítio algumas garantias constitucionais ficam suspensas, não 
havendo o que se questionar. 
Prazos do Estado de Sítio 
1. 30 dias, podendo haver quantas prorrogações forem necessárias, de no máximo 30 dias cada: No 
caso de Estado de sítio em virtude de comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos 
que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa; 
2. Por todo o tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira, no caso de Estado de 
sítio em virtude de declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira. 
Restrições de Direitos 
Na vigência do estado de sítio decretado em virtude de comoção grave de repercussão nacional ou 
ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa, só 
poderão ser tomadas contra as pessoas as seguintes medidas: 
I – obrigação de permanência em localidade determinada; 
II – detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns; 
III – restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de 
informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei; 
IV – suspensão da liberdade de reunião; 
V – busca e apreensão em domicílio; 
VI – intervenção nas empresas de serviços públicos; 
VII – requisição de bens. 
Adendo: pode algumas das restrições acima ser aplicada em caso de Estado de Sítio decretado em virtude 
de guerra ou agressão armada estrangeira? NÃO! 
 
Disposições Finais 
A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes partidários, designará Comissão composta de cinco de 
seus membros para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas referentes ao estado de defesa e ao 
estado de sítio. 
Cessado o estado de defesa ou o estado de sítio, cessarão também seus efeitos, sem prejuízo da 
responsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus executores ou agentes. 
Logo que cesse o estado de defesa ou o estado de sítio, as medidas aplicadas em sua vigência serão 
relatadas pelo Presidente da República, em mensagem ao Congresso Nacional, com especificação e 
justificação das providências adotadas, com relação nominal dos atingidos e indicação das restrições 
aplicadas. 
Diferenças entre Estado de Defesa e Estado de Sítio 
1. Enquanto o Estado de Defesa prescinde de autorização, podendo ser decretado pelo Presidente, o 
Estado de Sítio deve ser autorizado pelas casas do Legislativo; 
2. O Estado de Defesa possui prazo máximo: 30 dias, podendo ser prorrogado uma única vez. Já o 
Estado de Sítio não possui. Desse modo, não existe prazo máximo. 
3. O Estado de Defesa possui local restrito e determinado, enquanto o Estado de Sítio pode ser aplicado 
genericamenteem todo território nacional; 
4. No Estado de Defesa não se faz restrição à liberdade de ir e vir, enquanto no Estado de Sítio esse 
direito pode ser restringido. 
Estas, portanto, são as principais diferenças entre o Estado de Defesa e o Estado de Sítio que você deve levar 
para a sua prova. 
Finalizando 
O sistema constitucional de crises foi construído com o intuito de retomar a estabilidade em casos de 
tumulto institucional. São medidas excepcionais modeladas para situações de crise, como meios de resposta 
a determinadas anormalidades, restritas a certos locais e períodos. 
Nesse artigo estudamos como funciona esse sistema, quais são seus principais institutos e quais são as 
diferenças entre o Estado de Defesa e o Estado de Sítio. 
Por hoje é isso. Um grande abraço.

Continue navegando