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Educando a Realeza ebook

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São Paulo, SP
Atwood, Roy Alden
Educando a realeza / Roy Alden Atwood ; [tradução: Cesare 
Turazzi]. – São Paulo: Trinitas, 2020.
 25 p. ; 21cm 
 Tradução de: Educating royalty.
 Inclui referências bibliográficas. 
 ISBN 978-65-89129-00-4
 1. Educação cristã. 2. Ensino – Aspectos religiosos – Cristianismo. 
I. Título.
CDD: 268.6
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Editora Trinitas LTDA
São Paulo, SP
www.editoratrinitas.com.br
Copyright © 2019 by Roy Alden Atwood
Publicado originalmente sob o título:
Educating Royalty
Disponível em: https://reformedperspective.ca/educating-royalty/
1ª edição 2020
ISBN: 978-65-89129-00-4
Impresso no Brasil
Tradução: Cesare Turazzi
Revisão: Maurício Fonseca
Capa: Júlio Araújo
Diagramação: Marcos Jundurian
Sumário
Quem é você? ........................................... 7
A resposta que muda tudo ........................ 9
O que isso quer dizer?............................... 13
Prioridades: somos realeza. 
Comecemos a agir como realeza ................ 15
A educação da realeza: recuperando 
as ferramentas perdidas da educação ....... 17
Conclusão................................................. 25
Educando a Realeza
7
Quem é você?
Devemos ensinar os nossos filhos e nossas crian-
ças a serem herdeiros e herdeiras do Reino — e não 
meros assalariados no mercado de trabalho.
“Quem é você?”, certa vez um universitário 
perguntou-me.
Pergunta estranha, pensei. Eu já havia lidado com 
inúmeras perguntas feitas por outros estudantes, mas 
esta, em específico, me pegou despreparado. 
“É… sou professor”, respondi, cambaleante. 
“Não!”, ele retrucou. “Não quis dizer o que você faz, 
mas: quem é você?”.
A pergunta me desconcertou. De forma semelhante 
à maioria dos norte-americanos, também eu fui meticu-
losamente, embora não intencionalmente, catequizado 
desde pequeno por meus pais, na afirmativa de que a 
primeira e mais importante pergunta que fazemos a 
alguém adulto quando pela primeira vez o conhecemos 
(depois de saber seu nome) é: “O que você faz?”.
Aprendi muito bem esta pergunta do catecismo 
secular, repetindo-a, literalmente, centenas de vezes no 
decorrer dos anos, em todos os âmbitos de interação 
social. Mas este catecismo deixou-me primordialmente 
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despreparado para responder àquela pergunta tão fun-
damental acerca de minha identidade pessoal separada 
do meu ambiente de trabalho.
Aquilo me entristeceu, porque, como cristão, estive 
mais versado no catecismo do pragmatismo secular do 
que nas perguntas 12 e 13 do Catecismo de Heidelberg 
ou nas Escrituras. E eu sabia não ser o único.
Educando a Realeza
9
A resposta que muda tudo
“O mesmo Espírito testifica com o nosso espí-
rito que somos filhos de Deus. E, se nós somos 
filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros 
de Deus, e coerdeiros de Cristo...” (Rm 8.16–17a)
Com o passar dos anos, refleti naquele embate 
e percebi que a resposta bíblica e pactual à per-
gunta “Quem é você?” é gloriosa, erguendo-se em 
rígido contraste contra o mito secular de que nosso 
emprego, ou “carreira”, nos define. Claro, nosso 
trabalho e chamado como cristãos no mercado de 
trabalho são importantes. Prover para as nossas 
famílias é de grande privilégio e responsabilidade. 
Todavia, o enfoque dado ao trabalho, tanto em 
nossa vida quanto na educação de nossos filhos, 
na maioria dos casos está aplicado da maneira 
errada e é, hoje, enfatizado exageradamente nos 
círculos reformados.
Nossa ética de trabalho calvinista e nosso senso 
vocacional reformado — servir a Deus em todas as 
coisas — são heranças gloriosas; contudo, em nosso 
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10
contexto do século XXI, tornaram-se amplamente 
indistinguíveis da idolatria típica da classe média, 
encontrada comumente mesmo entre os crentes 
mais próximos de nós (isto é, esta idolatria é ter 
“alguma [outra] coisa em que se deposite confiança” 
[Catecismo de Heidelberg, pergunta 95]). 
Na verdade, por mais de trinta anos de ensino 
universitário, alternados entre universidades secu-
lares e cristãs, posso atestar que a única pergunta 
que todos os pais — cristãos e não cristãos — têm 
em comum e fazem acerca da educação superior, 
é: “Que tipo de trabalho meu filho conseguirá ter 
quando se graduar?”.
Intencionalmente ou não, é uma pergunta que 
revela profundas prioridades mundanas. Ques-
tionamento que, certamente, não é fruto de uma 
reflexão cuidadosa, regada em oração, por parte 
dos pais sobre o que significa educar filhos da 
aliança como herdeiros de Cristo, como seres que 
buscarão em primeiro lugar o Reino.
Em contraste, as Escrituras jamais identificam 
os filhos da aliança de Deus como pessoas com 
empregos e que se apegarão a tradições particulares 
de alguma religião. Ao contrário, a Bíblia repetidas 
vezes nos chama de herdeiros dum Reino, filhos e 
filhas adotados pelo Rei do universo. Não somos 
simplesmente cristãos que pretendem ter vários 
empregos ou serviços a prestar. Nós somos da 
realeza (Rm 8.14–17; Ef 1.3–6; 1Pe 2.9).
Nós, junto de Cristo, reinaremos sobre todas as 
criaturas, eternamente (Catecismo de Heidelberg, 
Educando a Realeza
11
pergunta 34). Somos os filhos adotados de Deus 
e coerdeiros com Jesus, desfrutamos de todos os 
privilégios dos filhos de Deus (Lc 2.11; At 10.36; 
1Tm 6.15; Ap 19.16; Catecismo de Heidelberg, 
pergunta 34). Somos príncipes e princesas do Rei 
dos reis! Somos herdeiros da realeza!
E esta resposta à pergunta “Quem é você?” 
muda tudo!
Bem como no caso do príncipe George, o pe-
queno herdeiro ao trono da Inglaterra e do Rei-
no Unido, não podemos ficar nem um dia sequer 
sem nos maravilharmos por quem somos, por que 
estamos sendo educados e para que preparados 
para ser e fazer. Somos herdeiros de um trono e 
reino muito superiores e mais gloriosos do que o 
da Inglaterra. A Casa de Windsor se empalidece 
quando comparada ao reinado de Jesus e à nos-
sa herança divinal. Quanto mais nós, então, que 
somos os herdeiros do Rei dos reis e Senhor dos 
senhores, deveríamos fazer preparação para nós 
e para nossas crianças no que diz respeito à fiel 
instrução em tudo o que signifique ser um filho e 
uma filha do Criador, Redentor e Senhor do uni-
verso; fiel e zelosamente educados em tudo o que 
signifique ser da realeza.
Educando a Realeza
13
O que isso quer dizer?
Se entendemos que estamos educando a reale-
za, como tal entendimento deve impactar o modo 
como ensinamos? E o que esperamos disso tudo?
Entenderemos que não há espaço para a ideia 
depravada e sem sentido de “aproveitar a juven-
tude adoidado”, nem para ter poucas expectativas 
por nossos filhos. Este seria o espírito rebelde dos 
pródigos que se esquecem de quem eles (e seus 
filhos) realmente são. Aquele que se posiciona e 
se prepara para tomar seu lugar como príncipe ou 
princesa no reino de Cristo, deve esperar mais de 
si e de seus filhos. “E, a qualquer que muito for 
dado, muito se lhe pedirá” (Lc 12.48). Uma vez que 
somos realeza em Cristo, Deus tem expectativas e 
bênçãos reservadas da magnitude da realeza para 
nós e nossos filhos — desde que tenhamos olhos 
para ver e ouvidos para ouvir. 
O livro todo de Provérbios consiste nas instru-
ções de Salomão dadas aos seus herdeiros reais:
Para se conhecer a sabedoria e a instrução; 
para se entenderem, as palavras da prudência. 
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14
Para se receber a instrução do entendimento, 
a justiça, o juízo e a equidade; para dar aos 
simples, prudência, e aos moços, conhecimen-
to e bom siso; o sábio ouvirá e crescerá em 
conhecimento, e o entendido adquirirá sábios 
conselhos; para entender os provérbios e sua 
interpretação;as palavras dos sábios e as suas 
proposições (Pv 1.2–6).
Esta é a educação que deve providenciar muito 
mais do que fatos inconscientes ou fragmenta-
dos, muito mais do que habilidades profissionais 
especializadas por uma vaga no mercado de tra-
balho. Mais uma vez, não quer dizer que fatos e 
habilidades não sejam importantes. Nem mesmo 
significa que deveríamos trocar subitamente o suor 
e os esforços pragmáticos por chavões pieguistas, 
aparentemente espirituais. 
O ponto é:
1. onde e quando a educação dos herdeiros 
reais de Cristo se encaixa em nossa lista de 
prioridades, e
2. como deve ser essa educação?
Educando a Realeza
15
Prioridades: somos realeza. 
Comecemos a agir como realeza.
Esquecemo-nos da exortação que nos foi pro-
ferida como filhos? “E já vos esquecestes da exor-
tação que argumenta convosco como filhos: Filho 
meu, não desprezes a correção do Senhor, e não 
desmaies quando por ele fores repreendido; porque 
o Senhor corrige o que ama, e açoita a qualquer 
que recebe por filho. Se suportais a correção, Deus 
vos trata como filhos; porque, que filho há a quem 
o pai não corrija?” (Hb 12.5–7).
Os herdeiros de Cristo sabem que seus meios 
régios não consistem no domínio à força, no despo-
tismo, no comando egoísta, métodos próprios aos 
ímpios. Longe disso. Cristo ascendeu ao trono do 
Pai exatamente após ter sacrificado tudo por seu 
povo e suas criaturas. Ele entregou-se a si mesmo. 
O meio por que Cristo rege é o caminho do amor 
altruísta, do sacrifício. Ele morreu para que pos-
samos morrer para o pecado e para a morte. Ele 
vive para que possamos viver na glória, para todo 
o sempre. Serviço sacrificial em nome do Reino é a 
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16
marca da verdadeira realeza, do verdadeiro reina-
do. Esse serviço sacrificial é que caracteriza nosso 
Senhor Jesus Cristo. E o mesmo deve caracterizar 
os verdadeiros herdeiros do Senhor, quer na vida, 
quer na educação.
Sendo nós herdeiros reais de Cristo, não ousa-
mos estar contentes se preparamos a nós mesmos 
ou educamos nossos filhos para o mero papel de 
engrenagens no maquinário econômico de nossa 
cultura secular e consumista. Mesmo os nossos 
antepassados compreenderam que os escravos 
eram treinados para o cumprimento de tarefas. 
Escravos não têm uma herança por direito, não 
têm uma identidade mais profunda. A identidade 
do escravo está no trabalho que este faz. 
Todavia, quanto aos cidadãos livres e à rea-
leza, que se dedicarão ao avanço do reino, eles 
devem ser educados no âmago, para o dia quando 
o serviço e a liderança esperados da realeza se fi-
zerem necessários. De forma semelhante, somos 
chamados para propósitos mais elevados, para 
carregar maiores responsabilidades pelo modo 
como vivemos e preparamos nossos filhos para a 
vocação real que lhes é própria. 
Infelizmente, como o autor de Hebreus recorda, 
temos nos esquecido da exortação divina de educar 
nossos filhos na disciplina e na instrução do Senhor 
(Ef 6.4; Hb 12.5). Em parte, temos nos esquecido 
disso porque nos esquecemos de quem somos. 
Educando a Realeza
17
A educação da realeza: recuperando as 
ferramentas perdidas da educação
Este lapso de memória fica mais evidente em 
como, hoje, educamos nossos filhos. A educação, 
mesmo a que pretende ser cristã, segue, atualmen-
te, na maior parte das vezes, sobretudo o objetivo 
de produzir bons operários mirins para a força de 
trabalho secular, peças eficientes para a nossa linha 
de produção econômica, entre outras coisas mais. 
É algo que está longe da expectativa bíblica 
sobre os filhos dos cristãos, de que eles sejam satu-
rados com a instrução do Senhor e cresçam sabendo 
o que significa ser herdeiros reais de Cristo, o Rei. 
Uma educação que leva o nome do Rei deveria, no 
mínimo, oferecer aos seus herdeiros reais:
1. Uma compreensão abrangente e integrada 
do mundo criado por Deus e de como todas 
as coisas convergem no Senhor Jesus Cristo 
(Ef 1.4–11).
Tal educação dará de ver às crianças o “quadro 
maior”, a visão, a perspectiva completa de como 
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18
todas as coisas, todas as esferas da criação, estão 
inter-relacionadas na glória do Criador.
A própria universidade foi invenção cristã, cria-
da na Idade Média (a primeira foi estabelecida 
entre 1100 d.C. e 1200 d.C.), estruturada a fim de 
fornecer aos alunos uma visão e um fundamento 
cristãos integrados para todo o aprendizado futu-
ro. Este era o propósito original das Artes Liberais 
clássicas (quer dizer, as artes de um cidadão livre). 
Por quase um milênio, as universidades cristãs 
ensinaram as Artes Liberais clássicas, ou as assim 
chamadas Trivium e Quadrivium: 
• o Trivium, ou Três Vias, Três Caminhos, 
salientou a excelente e adequada estrutura 
da linguagem (Gramática), de modo a dis-
cernir a verdade (Lógica), e como expressar 
a verdade com beleza (Retórica) — tudo de 
modo a encorajar perpetuamente no aluno 
o amor pela bondade, pela verdade e pela 
beleza em palavras e na linguagem, como 
é tipificado naquele que é A Palavra, em 
João 1.1–14;
• o Quadrivium, ou Quatro Vias, Quatro Ca-
minhos, encorajou o amor perpétuo pela 
bondade, pela verdade e pela beleza no uso 
dos números (Aritmética), dos números no 
espaço (Geometria), dos números no tempo 
(Música ou Harmonia), e dos números no 
espaço e no tempo (Astronomia), revelando 
a unidade e a diversidade da criação e de 
Educando a Realeza
19
nosso Criador Trino no espaço e no tempo 
(Dt 6.4: “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus 
é o único Senhor”; Mt 28.19: “Portanto ide, 
fazei discípulos de todas as nações, bati-
zando-os em nome do Pai, e do Filho, e do 
Espírito Santo”);
• juntos, Trivium e Quadrivium, originalmen-
te chamados de As Sete Artes Liberais, 
propuseram ao aluno a compreensão e 
o discernimento essenciais da harmonia 
e completude do diversificado mundo de 
Deus, e da verdade, da bondade e da beleza 
do Criador Trino, que estão inter-relacio-
nadas. Ambos não dão ao estudante meros 
fatos ou habilidades para algum trabalho, 
mas, sim, sob a perspectiva cristã, as ferra-
mentas de um aprendizado que perdurará 
por toda a vida.
Triste dizer, as disciplinas acadêmicas, dispos-
tas arbitrariamente feito um bufê, e o currículo 
universitário de hoje, estruturado aleatoriamente, 
seguindo a tradição analítica e científica da mo-
dernidade, tendem a fazer o oposto: é um todo que 
oferece cacos fragmentados de informação, sem 
princípios de coerência ou de relação. Contudo, na 
ordem da criação, pelo contrário, o todo sempre é 
maior do que a soma das partes. Uma educação 
que não nos ensine a como enxergar a inteireza da 
criação divina, que não nos muna de modo a com-
preendermos como todas as coisas convergem em 
Cristo, inevitavelmente deixa escapar a perspectiva 
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20
completa da criação e do Deus da Criação. É uma 
educação parcial, incompleta, distorcida.
Curiosamente, a especialização para o nível 
de graduação era praticamente desconhecida na 
América do Norte antes do fim do século XIX. Uni-
versitários não seguiam bacharéis dentro de es-
treitas e limitadas disciplinas acadêmicas ou de 
especializações vocacionais antes de 1879. Nem 
poderiam. O bacharelado nem ao menos existia 
até então. Em vez dele, todos os graduandos rece-
biam um alicerce clássico, integrado com as Artes 
Liberais. A universidade dava-lhes as ferramentas 
essenciais para educar-se, que se aplicavam ao 
chamado de cada um, vocações várias, como filhos 
e filhas, cônjuges, pais, vizinhos, cidadãos, pro-
vedores, eleitores, compradores e vendedores no 
mercado, congregantes. As habilidades de trabalho 
e o treinamento num emprego necessários a fim 
de prover para a família eram desenvolvidos fora 
da sala de aula, com treinamento de campo ou 
aprendizado feito no contexto onde o serviço fosse 
realizado. Agostinho, Lutero, Calvino, Kuyper, C. S. 
Lewis — todos os grandes líderes de nossa tradição 
cristã — foram educados sob o modo clássico, no 
tradicional método das Artes Liberais integradas 
doTrivium e do Quadrivium, e treinados na prática.
Mas o pragmatismo do fim do século XIX e do 
início do século XX trocou seu direito à primoge-
nitura pela balbúrdia modernista de um ensopado 
de carreiras. As escolas foram transformadas em 
campos de treinamento para trabalhos igualitários 
Educando a Realeza
21
que contratam trabalhadores deste mundo, aban-
donando a busca cristã por sabedoria e conheci-
mento no Senhor. As escolas ficaram idiotizadas 
e a igreja ficou cada vez mais fraca desde então.
Reverter o quadro exigirá que os herdeiros reais 
do Rei anseiem por:
2. Professores-mestres verdadeiramente pie-
dosos e sábios (Lc 6.40).
De acordo com Jesus, o professor — não o 
currículo, não o plano de tarefas, não a tecnologia, 
não as facilidades, não a competência técnica ou 
curricular, não as aulas particulares — é o mais 
importante diferencial na educação de uma crian-
ça. “O discípulo, quando maduro, será como seu 
mestre”, Jesus diz. Sinos e sirenes podem ser legais 
(embora geralmente sirvam mais de distração do 
que de ajuda), mas o professor é uma chave. 
Durante a minha experiência, contudo, tenho 
visto que os pais cristãos normalmente sabem mais 
acerca do porcentual de admissão das faculdades, 
ou do sucesso de mercado de tal e tal universidade, 
ou do preço dos cursinhos, ou dos planos de finan-
ciamento universitário, ou das bolsas por atividades 
extracurriculares, do que sabem eles a respeito do 
caráter e da saúde espiritual dos homens e mulheres 
que, no fim das contas, modelarão a mente e a vida 
de seus filhos dentro e fora das salas de aula. É 
lamentável dizer, mas muitos corpos administrati-
vos e conselhos de escolas cristãs não são lá muito 
melhores do que isto, tendo por prioridade colecionar 
roy alden atwood
22
credenciais e pontuações em exames padronizados, 
prédios e edifícios, em vez da integridade espiritual 
e do caráter de seus professores. É claro, a espe-
cialização acadêmica e os testes admissionais têm 
seu lugar. Porém, a literatura destinada aos pais, 
ao setor administrativo e escolar salientam com 
maior frequência o que há de menor importância, 
quando sob a perspectiva do Reino. Esta ênfase 
direcionada na direção errada tem o potencial de 
catequizar gerações de pais e filhos com o ensino 
que, dentro do Reino, é de menor importância. 
O professor é tão crucial, como diz Jesus, porque 
todo o processo de educar é, fundamentalmente, 
pessoal. Isto porque a verdade em si é pessoal. A 
verdade é uma pessoa. Jesus declara: Eu sou o 
caminho, e a verdade e a vida (Jo 14.6). A verdade 
não é uma coleção de fatos irracionais ou de propo-
sições cientificamente verificáveis. É uma pessoa, 
uma vida. Professores podem ou não representar e 
incluir esta Verdade para os seus alunos. Pais ou 
educadores que não compreendem corretamente 
este princípio bíblico crucial colocam seus filhos 
ou alunos sob grave risco de não compreender a 
Verdade, deixando-os à catequização da mentira e 
da impiedade. Não importa o quanto os pais pensem 
que seus filhos possam ser “bons testemunhos” 
no meio educacional secular, crianças não são o 
professor, mas elas é que estão sendo ensinadas. E 
não importa o quanto pensemos que nossos filhos 
já são suficientemente maduros (muitas vezes os 
superestimando), “o cimento deles ainda não secou”. 
Educando a Realeza
23
Eles ainda são alunos buscando por ensino e ma-
turidade, prontamente influenciáveis por aqueles 
mais velhos e mais experimentados. A pergunta é: 
quem lhes ensinará, quem os guiará à maturidade?
Ademais, quem pensa que as novas tecnologias 
que possibilitam o ensino a distância fornecerão 
uma educação de qualidade, mas sem colocar as 
crianças sob o risco de serem ensinadas por profes-
sores ímpios, cometem erro semelhante. Aprender 
do conhecimento, da sabedoria e da piedade não 
é algo que se possa baixar da nuvem ou de um 
site. O aluno será moldado por seu professor, seja 
quem ele ou ela for, independentemente do modo 
como a instrução for transmitida. 
Por fim, a educação dos herdeiros reais do Rei 
deve, também:
3. Formar nossos desejos e modelá-los nas 
realidades do Reino, por meio delas e em 
prol delas.
Por isso vos digo: Não andeis ansiosos quanto 
à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo 
que haveis de beber; nem quanto ao vosso 
corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida 
mais do que o mantimento, e o corpo mais do 
que o vestuário? [...] Porque todas estas coisas 
os gentios procuram. Decerto vosso Pai celes-
tial bem sabe que necessitais de todas estas 
coisas; Mas, buscai primeiro o reino de Deus, 
e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão 
acrescentadas. (Mt 6.25, 32–33)
roy alden atwood
24
Jesus não diz: “buscai primeiro uma prepa-
ração técnica e vocacional, e todos aqueles trecos 
sobre o Reino e a justiça de Deus serão incluídos 
mais tarde”. O problema é que, ouvindo o que os 
pais de alunos prontos para ingressar no estágio 
universitário têm a dizer sobre a meta educacional 
para seus filhos, você acharia que Jesus, sim disse 
isso. O modelo secular vocacional que impera hoje 
para a educação superior nos tem influenciado 
mais a respeito destes pontos do que têm as escolas 
cristãs, as classes de catecúmeno e até mesmo as 
igrejas. Dado isto, devemos nos arrepender. Nosso 
Pai celestial sabe de tudo aquilo de que precisamos 
para vivermos e nos desenvolvermos, e ele proverá 
por seus perfeitos meios de acordo com seu tempo, 
que é infalível. Ele abertamente diz para que não 
nos preocupemos com as coisas de menor impor-
tância. Agarrar-se a um bacharel e esfolar o próprio 
couro na preparação da carreira não acrescentarão 
sequer um centavo em nossa conta bancária, não 
trarão mais uma refeição à mesa, nem muito menos 
darão um segundo a mais às nossas vidas daquilo 
que ele já não tenha ordenado. Sendo assim, pare 
de ser bacharel na preocupação com as coisas de 
matéria secundária. Pelo contrário, especialize-se 
nas disciplinas que são de prioridade para Deus: o 
Reino de Cristo e sua perfeita e reta justiça.
Nossas escolas e universidades devem encora-
jar nossas crianças, filhos da aliança, a um desejo 
ardente, constante e profundo pelas coisas de Deus 
e de seu Reino.
Educando a Realeza
25
Conclusão
Como calvinistas que somos, e que levam a 
sério a soberania de Deus — os direitos contidos 
na coroa de Cristo —, não podemos, não devemos 
criar nossos filhos para serem meras ferramentas 
devidamente instruídas no mercado de trabalho 
secular, pessoas que pretendem ir à igreja no Dia 
do Senhor e param por aí. No momento do batis-
mo de nossos filhos, fizemos votos de criá-los e 
prepará-los para coisas muito maiores.
Então, “Quem é você?”:
• você é herdeiro da realeza do Rei dos reis: 
comece a agir como esse herdeiro;
• seus filhos são da realeza: comece a tratá-los 
como realeza;
• seus filhos são herdeiros do Reino: comece 
a educá-los para essa herança.
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Neste breve livro sobre a criação de filhos à luz do Evangelho, Douglas Wilson mostra como temos um 
Pai celestial que tem prazer em nós, tornando possível 
amá-lo e obedecer-lhe. Se esse é o tipo de Pai que temos, 
será que os pais deste mundo não deveriam buscar ser 
da mesma maneira?
Wilson mostra como os pais e mães podem evitar as 
duas grandes tentações na educação de seus filhos, seja 
criar uma imensa lista de regras a serem minuciosa-
mente obedecidas, seja transformar o lar num lugar tão 
divertido que as regras sequer existem. Ao invés disso, 
ele insta os pais a inculcarem em seus filhos um amor 
por Deus e seu padrão de santidade que irá segui-los 
por toda a vida.
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As escolas tem por objetivo moldar crianças. Moldar o que elas conhecem, pensam, creem e o que elas 
aprendem a amar.
A escolha da escola onde seus filhos estudarão faz toda 
a diferença do mundo e tem repercussões eternas!
Em capítulos curtos e cativantes, Moldando Mentes e 
Corações apresentao modelo de educação cristã clás-
sica para pais que buscam a melhor educação para 
seus filhos, e aquela que seja mais alinhada com os 
princípios e mandamentos bíblicos.
Neste livro, Monica Whatley mostra que as duas opções 
mais comuns, de criar as crianças em uma bolha pro-
tetora ou atira-las no mundo despreparadas, não são 
opções bíblicas, e apresenta uma terceira opção que vai 
mudar sua forma de enxergar a educação de seus filhos.
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Como podemos cultivar um coração virtuoso em nossos filhos?
Neste guia apaixonante para pais e professores, Vigen 
Guroian busca em algumas das melhores histórias 
infantis de todos os tempos a chave para o desenvol-
vimento de uma vida de virtudes em nossas crianças.
Guroian ilumina as diferentes maneiras pelas quais 
os contos de fadas e as histórias de fantasia educam 
a imaginação moral desde a mais tenra infância, sa-
lientando virtudes morais clássicas como coragem, 
bondade e honestidade, especialmente a forma como 
são compreendidas no cristianismo, e, ao mesmo tem-
po, evoca de maneira persuasiva o encanto atemporal 
dessas obras já conhecidas por muitos.
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