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São Paulo, SP Atwood, Roy Alden Educando a realeza / Roy Alden Atwood ; [tradução: Cesare Turazzi]. – São Paulo: Trinitas, 2020. 25 p. ; 21cm Tradução de: Educating royalty. Inclui referências bibliográficas. ISBN 978-65-89129-00-4 1. Educação cristã. 2. Ensino – Aspectos religiosos – Cristianismo. I. Título. CDD: 268.6 PIRATARIA É PECADO E TAMBÉM UM CRIME RESPEITE O DIREITO AUTORAL O uso e a distribuição de livros digitais piratas ou cópias não autorizadas prejudicam o financiamento da produção de novas obras como esta. Respeite o trabalho de ministérios como a Editora Trinitas. Catalogação na publicação: Mariana C. de Melo Pedrosa – CRB07/6477 A887e Todos os direitos reservados à: Editora Trinitas LTDA São Paulo, SP www.editoratrinitas.com.br Copyright © 2019 by Roy Alden Atwood Publicado originalmente sob o título: Educating Royalty Disponível em: https://reformedperspective.ca/educating-royalty/ 1ª edição 2020 ISBN: 978-65-89129-00-4 Impresso no Brasil Tradução: Cesare Turazzi Revisão: Maurício Fonseca Capa: Júlio Araújo Diagramação: Marcos Jundurian Sumário Quem é você? ........................................... 7 A resposta que muda tudo ........................ 9 O que isso quer dizer?............................... 13 Prioridades: somos realeza. Comecemos a agir como realeza ................ 15 A educação da realeza: recuperando as ferramentas perdidas da educação ....... 17 Conclusão................................................. 25 Educando a Realeza 7 Quem é você? Devemos ensinar os nossos filhos e nossas crian- ças a serem herdeiros e herdeiras do Reino — e não meros assalariados no mercado de trabalho. “Quem é você?”, certa vez um universitário perguntou-me. Pergunta estranha, pensei. Eu já havia lidado com inúmeras perguntas feitas por outros estudantes, mas esta, em específico, me pegou despreparado. “É… sou professor”, respondi, cambaleante. “Não!”, ele retrucou. “Não quis dizer o que você faz, mas: quem é você?”. A pergunta me desconcertou. De forma semelhante à maioria dos norte-americanos, também eu fui meticu- losamente, embora não intencionalmente, catequizado desde pequeno por meus pais, na afirmativa de que a primeira e mais importante pergunta que fazemos a alguém adulto quando pela primeira vez o conhecemos (depois de saber seu nome) é: “O que você faz?”. Aprendi muito bem esta pergunta do catecismo secular, repetindo-a, literalmente, centenas de vezes no decorrer dos anos, em todos os âmbitos de interação social. Mas este catecismo deixou-me primordialmente roy alden atwood 8 despreparado para responder àquela pergunta tão fun- damental acerca de minha identidade pessoal separada do meu ambiente de trabalho. Aquilo me entristeceu, porque, como cristão, estive mais versado no catecismo do pragmatismo secular do que nas perguntas 12 e 13 do Catecismo de Heidelberg ou nas Escrituras. E eu sabia não ser o único. Educando a Realeza 9 A resposta que muda tudo “O mesmo Espírito testifica com o nosso espí- rito que somos filhos de Deus. E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus, e coerdeiros de Cristo...” (Rm 8.16–17a) Com o passar dos anos, refleti naquele embate e percebi que a resposta bíblica e pactual à per- gunta “Quem é você?” é gloriosa, erguendo-se em rígido contraste contra o mito secular de que nosso emprego, ou “carreira”, nos define. Claro, nosso trabalho e chamado como cristãos no mercado de trabalho são importantes. Prover para as nossas famílias é de grande privilégio e responsabilidade. Todavia, o enfoque dado ao trabalho, tanto em nossa vida quanto na educação de nossos filhos, na maioria dos casos está aplicado da maneira errada e é, hoje, enfatizado exageradamente nos círculos reformados. Nossa ética de trabalho calvinista e nosso senso vocacional reformado — servir a Deus em todas as coisas — são heranças gloriosas; contudo, em nosso roy alden atwood 10 contexto do século XXI, tornaram-se amplamente indistinguíveis da idolatria típica da classe média, encontrada comumente mesmo entre os crentes mais próximos de nós (isto é, esta idolatria é ter “alguma [outra] coisa em que se deposite confiança” [Catecismo de Heidelberg, pergunta 95]). Na verdade, por mais de trinta anos de ensino universitário, alternados entre universidades secu- lares e cristãs, posso atestar que a única pergunta que todos os pais — cristãos e não cristãos — têm em comum e fazem acerca da educação superior, é: “Que tipo de trabalho meu filho conseguirá ter quando se graduar?”. Intencionalmente ou não, é uma pergunta que revela profundas prioridades mundanas. Ques- tionamento que, certamente, não é fruto de uma reflexão cuidadosa, regada em oração, por parte dos pais sobre o que significa educar filhos da aliança como herdeiros de Cristo, como seres que buscarão em primeiro lugar o Reino. Em contraste, as Escrituras jamais identificam os filhos da aliança de Deus como pessoas com empregos e que se apegarão a tradições particulares de alguma religião. Ao contrário, a Bíblia repetidas vezes nos chama de herdeiros dum Reino, filhos e filhas adotados pelo Rei do universo. Não somos simplesmente cristãos que pretendem ter vários empregos ou serviços a prestar. Nós somos da realeza (Rm 8.14–17; Ef 1.3–6; 1Pe 2.9). Nós, junto de Cristo, reinaremos sobre todas as criaturas, eternamente (Catecismo de Heidelberg, Educando a Realeza 11 pergunta 34). Somos os filhos adotados de Deus e coerdeiros com Jesus, desfrutamos de todos os privilégios dos filhos de Deus (Lc 2.11; At 10.36; 1Tm 6.15; Ap 19.16; Catecismo de Heidelberg, pergunta 34). Somos príncipes e princesas do Rei dos reis! Somos herdeiros da realeza! E esta resposta à pergunta “Quem é você?” muda tudo! Bem como no caso do príncipe George, o pe- queno herdeiro ao trono da Inglaterra e do Rei- no Unido, não podemos ficar nem um dia sequer sem nos maravilharmos por quem somos, por que estamos sendo educados e para que preparados para ser e fazer. Somos herdeiros de um trono e reino muito superiores e mais gloriosos do que o da Inglaterra. A Casa de Windsor se empalidece quando comparada ao reinado de Jesus e à nos- sa herança divinal. Quanto mais nós, então, que somos os herdeiros do Rei dos reis e Senhor dos senhores, deveríamos fazer preparação para nós e para nossas crianças no que diz respeito à fiel instrução em tudo o que signifique ser um filho e uma filha do Criador, Redentor e Senhor do uni- verso; fiel e zelosamente educados em tudo o que signifique ser da realeza. Educando a Realeza 13 O que isso quer dizer? Se entendemos que estamos educando a reale- za, como tal entendimento deve impactar o modo como ensinamos? E o que esperamos disso tudo? Entenderemos que não há espaço para a ideia depravada e sem sentido de “aproveitar a juven- tude adoidado”, nem para ter poucas expectativas por nossos filhos. Este seria o espírito rebelde dos pródigos que se esquecem de quem eles (e seus filhos) realmente são. Aquele que se posiciona e se prepara para tomar seu lugar como príncipe ou princesa no reino de Cristo, deve esperar mais de si e de seus filhos. “E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá” (Lc 12.48). Uma vez que somos realeza em Cristo, Deus tem expectativas e bênçãos reservadas da magnitude da realeza para nós e nossos filhos — desde que tenhamos olhos para ver e ouvidos para ouvir. O livro todo de Provérbios consiste nas instru- ções de Salomão dadas aos seus herdeiros reais: Para se conhecer a sabedoria e a instrução; para se entenderem, as palavras da prudência. roy alden atwood 14 Para se receber a instrução do entendimento, a justiça, o juízo e a equidade; para dar aos simples, prudência, e aos moços, conhecimen- to e bom siso; o sábio ouvirá e crescerá em conhecimento, e o entendido adquirirá sábios conselhos; para entender os provérbios e sua interpretação;as palavras dos sábios e as suas proposições (Pv 1.2–6). Esta é a educação que deve providenciar muito mais do que fatos inconscientes ou fragmenta- dos, muito mais do que habilidades profissionais especializadas por uma vaga no mercado de tra- balho. Mais uma vez, não quer dizer que fatos e habilidades não sejam importantes. Nem mesmo significa que deveríamos trocar subitamente o suor e os esforços pragmáticos por chavões pieguistas, aparentemente espirituais. O ponto é: 1. onde e quando a educação dos herdeiros reais de Cristo se encaixa em nossa lista de prioridades, e 2. como deve ser essa educação? Educando a Realeza 15 Prioridades: somos realeza. Comecemos a agir como realeza. Esquecemo-nos da exortação que nos foi pro- ferida como filhos? “E já vos esquecestes da exor- tação que argumenta convosco como filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor, e não desmaies quando por ele fores repreendido; porque o Senhor corrige o que ama, e açoita a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija?” (Hb 12.5–7). Os herdeiros de Cristo sabem que seus meios régios não consistem no domínio à força, no despo- tismo, no comando egoísta, métodos próprios aos ímpios. Longe disso. Cristo ascendeu ao trono do Pai exatamente após ter sacrificado tudo por seu povo e suas criaturas. Ele entregou-se a si mesmo. O meio por que Cristo rege é o caminho do amor altruísta, do sacrifício. Ele morreu para que pos- samos morrer para o pecado e para a morte. Ele vive para que possamos viver na glória, para todo o sempre. Serviço sacrificial em nome do Reino é a roy alden atwood 16 marca da verdadeira realeza, do verdadeiro reina- do. Esse serviço sacrificial é que caracteriza nosso Senhor Jesus Cristo. E o mesmo deve caracterizar os verdadeiros herdeiros do Senhor, quer na vida, quer na educação. Sendo nós herdeiros reais de Cristo, não ousa- mos estar contentes se preparamos a nós mesmos ou educamos nossos filhos para o mero papel de engrenagens no maquinário econômico de nossa cultura secular e consumista. Mesmo os nossos antepassados compreenderam que os escravos eram treinados para o cumprimento de tarefas. Escravos não têm uma herança por direito, não têm uma identidade mais profunda. A identidade do escravo está no trabalho que este faz. Todavia, quanto aos cidadãos livres e à rea- leza, que se dedicarão ao avanço do reino, eles devem ser educados no âmago, para o dia quando o serviço e a liderança esperados da realeza se fi- zerem necessários. De forma semelhante, somos chamados para propósitos mais elevados, para carregar maiores responsabilidades pelo modo como vivemos e preparamos nossos filhos para a vocação real que lhes é própria. Infelizmente, como o autor de Hebreus recorda, temos nos esquecido da exortação divina de educar nossos filhos na disciplina e na instrução do Senhor (Ef 6.4; Hb 12.5). Em parte, temos nos esquecido disso porque nos esquecemos de quem somos. Educando a Realeza 17 A educação da realeza: recuperando as ferramentas perdidas da educação Este lapso de memória fica mais evidente em como, hoje, educamos nossos filhos. A educação, mesmo a que pretende ser cristã, segue, atualmen- te, na maior parte das vezes, sobretudo o objetivo de produzir bons operários mirins para a força de trabalho secular, peças eficientes para a nossa linha de produção econômica, entre outras coisas mais. É algo que está longe da expectativa bíblica sobre os filhos dos cristãos, de que eles sejam satu- rados com a instrução do Senhor e cresçam sabendo o que significa ser herdeiros reais de Cristo, o Rei. Uma educação que leva o nome do Rei deveria, no mínimo, oferecer aos seus herdeiros reais: 1. Uma compreensão abrangente e integrada do mundo criado por Deus e de como todas as coisas convergem no Senhor Jesus Cristo (Ef 1.4–11). Tal educação dará de ver às crianças o “quadro maior”, a visão, a perspectiva completa de como roy alden atwood 18 todas as coisas, todas as esferas da criação, estão inter-relacionadas na glória do Criador. A própria universidade foi invenção cristã, cria- da na Idade Média (a primeira foi estabelecida entre 1100 d.C. e 1200 d.C.), estruturada a fim de fornecer aos alunos uma visão e um fundamento cristãos integrados para todo o aprendizado futu- ro. Este era o propósito original das Artes Liberais clássicas (quer dizer, as artes de um cidadão livre). Por quase um milênio, as universidades cristãs ensinaram as Artes Liberais clássicas, ou as assim chamadas Trivium e Quadrivium: • o Trivium, ou Três Vias, Três Caminhos, salientou a excelente e adequada estrutura da linguagem (Gramática), de modo a dis- cernir a verdade (Lógica), e como expressar a verdade com beleza (Retórica) — tudo de modo a encorajar perpetuamente no aluno o amor pela bondade, pela verdade e pela beleza em palavras e na linguagem, como é tipificado naquele que é A Palavra, em João 1.1–14; • o Quadrivium, ou Quatro Vias, Quatro Ca- minhos, encorajou o amor perpétuo pela bondade, pela verdade e pela beleza no uso dos números (Aritmética), dos números no espaço (Geometria), dos números no tempo (Música ou Harmonia), e dos números no espaço e no tempo (Astronomia), revelando a unidade e a diversidade da criação e de Educando a Realeza 19 nosso Criador Trino no espaço e no tempo (Dt 6.4: “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor”; Mt 28.19: “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, bati- zando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”); • juntos, Trivium e Quadrivium, originalmen- te chamados de As Sete Artes Liberais, propuseram ao aluno a compreensão e o discernimento essenciais da harmonia e completude do diversificado mundo de Deus, e da verdade, da bondade e da beleza do Criador Trino, que estão inter-relacio- nadas. Ambos não dão ao estudante meros fatos ou habilidades para algum trabalho, mas, sim, sob a perspectiva cristã, as ferra- mentas de um aprendizado que perdurará por toda a vida. Triste dizer, as disciplinas acadêmicas, dispos- tas arbitrariamente feito um bufê, e o currículo universitário de hoje, estruturado aleatoriamente, seguindo a tradição analítica e científica da mo- dernidade, tendem a fazer o oposto: é um todo que oferece cacos fragmentados de informação, sem princípios de coerência ou de relação. Contudo, na ordem da criação, pelo contrário, o todo sempre é maior do que a soma das partes. Uma educação que não nos ensine a como enxergar a inteireza da criação divina, que não nos muna de modo a com- preendermos como todas as coisas convergem em Cristo, inevitavelmente deixa escapar a perspectiva roy alden atwood 20 completa da criação e do Deus da Criação. É uma educação parcial, incompleta, distorcida. Curiosamente, a especialização para o nível de graduação era praticamente desconhecida na América do Norte antes do fim do século XIX. Uni- versitários não seguiam bacharéis dentro de es- treitas e limitadas disciplinas acadêmicas ou de especializações vocacionais antes de 1879. Nem poderiam. O bacharelado nem ao menos existia até então. Em vez dele, todos os graduandos rece- biam um alicerce clássico, integrado com as Artes Liberais. A universidade dava-lhes as ferramentas essenciais para educar-se, que se aplicavam ao chamado de cada um, vocações várias, como filhos e filhas, cônjuges, pais, vizinhos, cidadãos, pro- vedores, eleitores, compradores e vendedores no mercado, congregantes. As habilidades de trabalho e o treinamento num emprego necessários a fim de prover para a família eram desenvolvidos fora da sala de aula, com treinamento de campo ou aprendizado feito no contexto onde o serviço fosse realizado. Agostinho, Lutero, Calvino, Kuyper, C. S. Lewis — todos os grandes líderes de nossa tradição cristã — foram educados sob o modo clássico, no tradicional método das Artes Liberais integradas doTrivium e do Quadrivium, e treinados na prática. Mas o pragmatismo do fim do século XIX e do início do século XX trocou seu direito à primoge- nitura pela balbúrdia modernista de um ensopado de carreiras. As escolas foram transformadas em campos de treinamento para trabalhos igualitários Educando a Realeza 21 que contratam trabalhadores deste mundo, aban- donando a busca cristã por sabedoria e conheci- mento no Senhor. As escolas ficaram idiotizadas e a igreja ficou cada vez mais fraca desde então. Reverter o quadro exigirá que os herdeiros reais do Rei anseiem por: 2. Professores-mestres verdadeiramente pie- dosos e sábios (Lc 6.40). De acordo com Jesus, o professor — não o currículo, não o plano de tarefas, não a tecnologia, não as facilidades, não a competência técnica ou curricular, não as aulas particulares — é o mais importante diferencial na educação de uma crian- ça. “O discípulo, quando maduro, será como seu mestre”, Jesus diz. Sinos e sirenes podem ser legais (embora geralmente sirvam mais de distração do que de ajuda), mas o professor é uma chave. Durante a minha experiência, contudo, tenho visto que os pais cristãos normalmente sabem mais acerca do porcentual de admissão das faculdades, ou do sucesso de mercado de tal e tal universidade, ou do preço dos cursinhos, ou dos planos de finan- ciamento universitário, ou das bolsas por atividades extracurriculares, do que sabem eles a respeito do caráter e da saúde espiritual dos homens e mulheres que, no fim das contas, modelarão a mente e a vida de seus filhos dentro e fora das salas de aula. É lamentável dizer, mas muitos corpos administrati- vos e conselhos de escolas cristãs não são lá muito melhores do que isto, tendo por prioridade colecionar roy alden atwood 22 credenciais e pontuações em exames padronizados, prédios e edifícios, em vez da integridade espiritual e do caráter de seus professores. É claro, a espe- cialização acadêmica e os testes admissionais têm seu lugar. Porém, a literatura destinada aos pais, ao setor administrativo e escolar salientam com maior frequência o que há de menor importância, quando sob a perspectiva do Reino. Esta ênfase direcionada na direção errada tem o potencial de catequizar gerações de pais e filhos com o ensino que, dentro do Reino, é de menor importância. O professor é tão crucial, como diz Jesus, porque todo o processo de educar é, fundamentalmente, pessoal. Isto porque a verdade em si é pessoal. A verdade é uma pessoa. Jesus declara: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida (Jo 14.6). A verdade não é uma coleção de fatos irracionais ou de propo- sições cientificamente verificáveis. É uma pessoa, uma vida. Professores podem ou não representar e incluir esta Verdade para os seus alunos. Pais ou educadores que não compreendem corretamente este princípio bíblico crucial colocam seus filhos ou alunos sob grave risco de não compreender a Verdade, deixando-os à catequização da mentira e da impiedade. Não importa o quanto os pais pensem que seus filhos possam ser “bons testemunhos” no meio educacional secular, crianças não são o professor, mas elas é que estão sendo ensinadas. E não importa o quanto pensemos que nossos filhos já são suficientemente maduros (muitas vezes os superestimando), “o cimento deles ainda não secou”. Educando a Realeza 23 Eles ainda são alunos buscando por ensino e ma- turidade, prontamente influenciáveis por aqueles mais velhos e mais experimentados. A pergunta é: quem lhes ensinará, quem os guiará à maturidade? Ademais, quem pensa que as novas tecnologias que possibilitam o ensino a distância fornecerão uma educação de qualidade, mas sem colocar as crianças sob o risco de serem ensinadas por profes- sores ímpios, cometem erro semelhante. Aprender do conhecimento, da sabedoria e da piedade não é algo que se possa baixar da nuvem ou de um site. O aluno será moldado por seu professor, seja quem ele ou ela for, independentemente do modo como a instrução for transmitida. Por fim, a educação dos herdeiros reais do Rei deve, também: 3. Formar nossos desejos e modelá-los nas realidades do Reino, por meio delas e em prol delas. Por isso vos digo: Não andeis ansiosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário? [...] Porque todas estas coisas os gentios procuram. Decerto vosso Pai celes- tial bem sabe que necessitais de todas estas coisas; Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. (Mt 6.25, 32–33) roy alden atwood 24 Jesus não diz: “buscai primeiro uma prepa- ração técnica e vocacional, e todos aqueles trecos sobre o Reino e a justiça de Deus serão incluídos mais tarde”. O problema é que, ouvindo o que os pais de alunos prontos para ingressar no estágio universitário têm a dizer sobre a meta educacional para seus filhos, você acharia que Jesus, sim disse isso. O modelo secular vocacional que impera hoje para a educação superior nos tem influenciado mais a respeito destes pontos do que têm as escolas cristãs, as classes de catecúmeno e até mesmo as igrejas. Dado isto, devemos nos arrepender. Nosso Pai celestial sabe de tudo aquilo de que precisamos para vivermos e nos desenvolvermos, e ele proverá por seus perfeitos meios de acordo com seu tempo, que é infalível. Ele abertamente diz para que não nos preocupemos com as coisas de menor impor- tância. Agarrar-se a um bacharel e esfolar o próprio couro na preparação da carreira não acrescentarão sequer um centavo em nossa conta bancária, não trarão mais uma refeição à mesa, nem muito menos darão um segundo a mais às nossas vidas daquilo que ele já não tenha ordenado. Sendo assim, pare de ser bacharel na preocupação com as coisas de matéria secundária. Pelo contrário, especialize-se nas disciplinas que são de prioridade para Deus: o Reino de Cristo e sua perfeita e reta justiça. Nossas escolas e universidades devem encora- jar nossas crianças, filhos da aliança, a um desejo ardente, constante e profundo pelas coisas de Deus e de seu Reino. Educando a Realeza 25 Conclusão Como calvinistas que somos, e que levam a sério a soberania de Deus — os direitos contidos na coroa de Cristo —, não podemos, não devemos criar nossos filhos para serem meras ferramentas devidamente instruídas no mercado de trabalho secular, pessoas que pretendem ir à igreja no Dia do Senhor e param por aí. No momento do batis- mo de nossos filhos, fizemos votos de criá-los e prepará-los para coisas muito maiores. Então, “Quem é você?”: • você é herdeiro da realeza do Rei dos reis: comece a agir como esse herdeiro; • seus filhos são da realeza: comece a tratá-los como realeza; • seus filhos são herdeiros do Reino: comece a educá-los para essa herança. Leia Também Acesse: editoratrinitas.com.br Neste breve livro sobre a criação de filhos à luz do Evangelho, Douglas Wilson mostra como temos um Pai celestial que tem prazer em nós, tornando possível amá-lo e obedecer-lhe. Se esse é o tipo de Pai que temos, será que os pais deste mundo não deveriam buscar ser da mesma maneira? Wilson mostra como os pais e mães podem evitar as duas grandes tentações na educação de seus filhos, seja criar uma imensa lista de regras a serem minuciosa- mente obedecidas, seja transformar o lar num lugar tão divertido que as regras sequer existem. Ao invés disso, ele insta os pais a inculcarem em seus filhos um amor por Deus e seu padrão de santidade que irá segui-los por toda a vida. Leia Também Acesse: editoratrinitas.com.br As escolas tem por objetivo moldar crianças. Moldar o que elas conhecem, pensam, creem e o que elas aprendem a amar. A escolha da escola onde seus filhos estudarão faz toda a diferença do mundo e tem repercussões eternas! Em capítulos curtos e cativantes, Moldando Mentes e Corações apresentao modelo de educação cristã clás- sica para pais que buscam a melhor educação para seus filhos, e aquela que seja mais alinhada com os princípios e mandamentos bíblicos. Neste livro, Monica Whatley mostra que as duas opções mais comuns, de criar as crianças em uma bolha pro- tetora ou atira-las no mundo despreparadas, não são opções bíblicas, e apresenta uma terceira opção que vai mudar sua forma de enxergar a educação de seus filhos. Leia Também Acesse: editoratrinitas.com.br Como podemos cultivar um coração virtuoso em nossos filhos? Neste guia apaixonante para pais e professores, Vigen Guroian busca em algumas das melhores histórias infantis de todos os tempos a chave para o desenvol- vimento de uma vida de virtudes em nossas crianças. Guroian ilumina as diferentes maneiras pelas quais os contos de fadas e as histórias de fantasia educam a imaginação moral desde a mais tenra infância, sa- lientando virtudes morais clássicas como coragem, bondade e honestidade, especialmente a forma como são compreendidas no cristianismo, e, ao mesmo tem- po, evoca de maneira persuasiva o encanto atemporal dessas obras já conhecidas por muitos. www.editoratrinitas.com.br
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