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LP Leitura e Interpretação Sequência Didática do Professor Ensino Médio Campo jornalístico-midiático Artigo de Opinião e Editorial Habilidade FOCO • (EM13LP05) Analisar, em textos argumentati- vos, os posicionamentos assumidos, os mo- vimentos argumentativos (sustentação, refu- tação/ contra-argumentação e negociação) e os argumentos utilizados para sustentá-los, para avaliar sua força e efi cácia, e posicionar- -se criticamente diante da questão discutida e/ou dos argumentos utilizados, recorrendo aos mecanismos linguísticos necessários. Habilidades RELACIONADAS • (EM13LP02) Estabelecer relações entre as par- tes do texto, tanto na produção como na leitura/ escuta, considerando a construção composicio- nal e o estilo do gênero, usando/reconhecendo adequadamente elementos e recursos coesivos diversos que contribuam para a coerência, a continuidade do texto e sua progressão temática, e organizando informações, tendo em vista as condições de produção e as relações lógico-dis- cursivas envolvidas (causa/efeito ou conse- quência; tese/argumentos; problema/solução; defi nição/exemplos etc.). • (EM13LP07) Analisar, em textos de diferentes gêneros, marcas que expressam a posição do enunciador frente àquilo que é dito: uso de diferentes modalidades (epistêmica, deôntica e apreciativa) e de diferentes recursos gramati- cais que operam como modalizadores (verbos modais, tempos e modos verbais, expressões modais, adjetivos, locuções ou orações adjeti- vas, advérbios, locuções ou orações adverbiais, entonação etc.), uso de estratégias de impessoa- lização (uso de terceira pessoa e de voz passiva etc.), com vistas ao incremento da compreensão e da criticidade e ao manejo adequado desses elementos nos textos produzidos, considerando os contextos de produção. EM.12.LP.2.2.54.P-2920 Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | Artigo de Opinião e Editorial 3 Ponto de PARTIDA Um dos temas que interessam diretamente aos estudantes brasileiros e suas famílias são os objetivos e o currículo da Educação Básica, ou seja, qual a finalidade e a compatibilidade curricular com a vida social, com o mundo das ideias e com as aspirações pessoais e profissionais dos estu- dantes, o que vão aprender efetivamente na escola. Entre 2016 e 2017, esse tema ganhou relevância com o surgimento de uma proposta de reforma do Ensino Médio que tem sido objeto de muitas reflexões, de pontos de vista contraditórios, de ocupações de escolas pelos estudantes, de muita polêmica, enfim. A reportagem da Folha de S. Paulo, a seguir, sintetiza esse tema e con- textualiza algumas das muitas discussões a esse respeito. LP Leitura e Interpretação Ensino Médio Campo jornalístico-midiático | Artigo de opinião e Editorial A Sequência Didática (SD) está organizada para, contínua e progres- sivamente, permitir ao aluno refletir sobre distintos modos de emitir opinião, argumentar em favor de um posicionamento nos gêneros artigo de opinião e editorial. Como o tema, da reforma do Ensino Médio, na época, despertou muita discussão, opiniões divergentes e, portanto, tornou-se objeto de polêmi- ca de que participaram não apenas os educadores e especialistas, mas também os alunos e suas famílias e a mídia em geral, foram selecionados para estudo um artigo de opinião e dois editoriais de jornais distintos. O que se pretende nesse trabalho de análise é estudar como se manifesta a diversidade de posicionamentos, como se dá a construção da argu- mentação e da contra-argumentação e quais os tipos de argumentos e operadores argumentativos utiliza- dos em cada texto selecionado. Os dois editoriais são estudados em contraponto, ou seja, comparativa- mente, observando-se, nas entreli- nhas, como o posicionamento midiá- tico também influencia a formação da opinião pública sobre um tema que afeta diretamente os alunos e suas famílias, mas que, evidentemente, a médio prazo afetará todo o sistema educacional brasileiro e suas intercor- rências com a formação da cidadania, o setor produtivo etc. Evidentemente, a mobilização de conhecimentos prévios (de mundo, textuais e linguísticos), os conheci- mentos construídos, inclusive em SDs sobre argumentação, anteriores a esta, é condição para um melhor Orientação ao PROFESSOR Senado aprova medida provisória que reforma o ensino médio DÉBORA ÁLVARES DE BRASÍLIA PAULO SALDAÑA DE SÃO PAULO 08/02/2017 O Senado aprovou na noite desta quarta-feira (8) a medida provisória da reforma do ensino médio. O texto é o mesmo já avalizado pelos depu- tados e, agora, segue para sanção do presidente Michel Temer. [...] A proposta prevê a fl exibilização das disciplinas e o aumento da oferta de ensino em tempo integral. Até 60% da carga horária será destinada ao ensino de disciplinas comuns a todos os alunos. O restante será destinado ao aprofundamento em áreas específi cas. Nesses casos, o aluno poderá optar por uma entre cinco áreas: lingua- gens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e formação técnica e profi ssional. No entanto, a oferta das opções dependerá da rede de ensino e das escolas. [...] 4 Como se leu no texto acima, o fato virou polêmica, deu origem a debates na TV, no rádio e nas rodas de conversa. Muitos manifestaram suas opiniões por meio de variados gêneros de textos, escritos e publicados na imprensa brasileira: reportagens, editoriais de jornais, artigos e opinião, comentários de leitores, entre outros. Agora, é sua vez de opinar sobre esse tema que o afeta diretamente. Você, estudante, acredita que é oportuna uma reforma do Ensino Médio para adequá-lo aos novos tempos, buscando melhorar a sua efi cácia? Os gêneros textuais que você vai ler e analisar, a seguir, tratam desse tema educacional e refl etem parcialmente a polêmica ocorrida: um artigo de opinião e dois editoriais. aproveitamento do material, por isso nada pode ser desconsiderado, principalmente nas colocações orais dos alunos em vários momentos da aprendizagem. Ponto de PARTIDA A leitura de trecho da reportagem da Folha de S. Paulo – Senado aprova medida provisória que reforma o en- sino médio – contextualiza o tema e algumas das muitas discussões, como a polêmica causada por ele. A questão feita ao aluno, além de respondida oralmente, pode ser de- batida pela classe, caso o professor julgue conveniente, exercitando nos alunos a capacidade de defenderem também oralmente suas opiniões, usando argumentos/contra-argu- mentos adequados e plausíveis para defendê-las, recorrendo a fatos, vivências, dados, relatos, citações e o que mais acharem por bem utilizar para obterem sucesso em sua argumentação. Obviamente, ao dar “voz aos jovens”, como propõe o Texto 1, é preciso que o professor esteja atento e aberto ao acolhimento de críticas de toda sorte, bem como não perder de vista o objetivo último desse debate: exercitar a argumentação oral. Orientação ao PROFESSOR REPERCUSSÃO A escolha do governo em acelerar a aprovação por medida pro- visória foi muito criticada pelos especialistas por limitar o tempo de discussão de uma reforma como essa. Para Anna Helena Altenfelder, do Cenpec (Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária), o país perdeu a oportunidade de promover uma discussão consistente. [...] “A reforma, como foi aprovada, tem grande potencial de acentuar as desigualdades. Como será a oferta de vários itinerários em cidades pequenas?”, questiona ela, indicando ainda o erro na ênfase sobre o ensino integral, que costuma atender famílias mais privilegiadas. Para Daniel Cara, da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, o que foi aprovado é de difícil aplicabilidade. “Será muito difícil que os go- vernos consigam implementar, porque tudo que se prevê é alheio aos processos e difi culdades dos governos”, diz ele, que também critica o trâmite legislativo. [...] Eduardo Deschamps, ex-presidente do Consed (conselho que reúne os secretáriosestaduais de Educação), discorda. Para ele, o caminho de implementação nos Estados não será simples, mas é viável. “Os pilares da reforma foram mantidos, que é a fl exibilização e articulação maior com educação profi ssional. Obviamente os Estados terão que se adaptar, mas muita coisa vai depender de ajustes nas estruturas já existentes”, diz ele, que é secretário de Educação de Santa Catarina e membro do Conselho Nacional de Educação. ÁLVARES, Débora; SALDAÑA, Paulo. Senado aprova medida provisória que reforma o ensino médio. Folha de S. Paulo, São Paulo, 08 fev. 2017. Educação. Disponível em: www.iqe.org.br/surl/?ce5404 Acesso em: 11 maio 2020. Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | Artigo de Opinião e Editorial 5 Atividade 1 O Texto 1 é um artigo de opinião assinado por Maria Alice Setúbal e foi publicado no jornal Folha de S. Paulo, caderno Opinião, em 14/11/2016, em plena efervescên- cia da polêmica sobre a reforma do Ensino Médio. Orientação ao PROFESSOR Atividade 1 Texto 1 A VOZ DOS JOVENS A educação tem ocupado espaço de destaque nos meios de comunica- ção nos últimos meses. Isso ocorre não apenas por conta da realização do Enem, principal porta de entrada ao ensino superior no país. Deve-se, sobretudo, às propostas do teto dos gastos públicos e de reforma do ensino médio, que enfrentam forte resistência de diferentes setores da sociedade, em especial dos estudantes que ocuparam mais de mil estabelecimentos de ensino. É neste contexto que reverberou nas redes sociais a fala da adolescente Ana Júlia Ribeiro, que defendeu o direito à educação e a posição contrária do movimento secundarista frente às reformas, em sessão na Assembleia Legislativa do Paraná. Apesar de nossos baixos indicadores educacionais, há muitas Anas Júlias pelo Brasil afora. Por isso, vale destacar outras iniciativas que contribuem para ampliar o repertório argumentativo de nossas crianças e jovens e com- provam que a escola pública é, sim, capaz de promover a aprendizagem. É o caso da “Olimpíada de Língua Portuguesa - Escrevendo o Futuro”, que reuniu estudantes do ensino médio, fi nalistas da etapa regional no gênero artigo de opinião, todos da rede pública. Durante o encontro, além de escrever belos textos, eles debateram, com ponderação e bons argumentos, os avanços e os desafi os das políticas para a garantia e a ampliação do acesso à universidade. Em um momento em que faltam diálogo e discussões qualifi cadas no debate público brasileiro, a fala de Ana Júlia e a dos fi nalistas da Olimpíada trazem pontos de vista diferentes, apoiados em estudos e dados, sobre possibilidades concretas de escolherem seus próprios projetos de vida. Mas por que, hoje, temos jovens tão engajados? Pela primeira vez no país, há uma população oriunda de classes sociais mais amplas e diversas que se manifesta porque teve mais acesso à educação. Agora, ela quer mais. O Brasil avançou muito desde a promulgação da Constituição de 1988. Con- tudo, ainda há muito por fazer. São inúmeros os exemplos do nosso atraso. Avançamos em todas as modalidades de ensino, mas o buraco era e ainda é muito fundo. Somente em 2014 o Brasil conseguiu ter 61,4% dos jovens de 15 a 17 anos no ensino médio e 17,7% da população de 18 a 24 anos, no superior. Esses números ainda são baixos, mesmo comparados aos países da América Latina. Além disso, amargamos resultados vergonhosos de quali- dade, tanto nas avaliações nacionais como nas internacionais. A ausência de uma política de Estado, de um projeto de país que priorize a educação de seu povo, é um erro que trouxe graves consequências na qualifi cação da população. Contribuiu, de certa forma, para a permanência 6 MARIA ALICE SETUBAL, a Neca, doutora em psicologia da educação pela PUC-SP, é presidente dos conselhos do Cen- tro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária - Cenpec e da Fundação Tide Setúbal. Foi assessora de Marina Silva, candidata à Presidência, em 2014. Leia, a seguir, um trecho de reportagem sobre fatos derivados da ocupação das escolas por estudantes do Ensino Mé- dio (chamada de Primavera Secundarista), em 2016, que refutavam a proposta dessa reforma educacional por meio de uma MP (medida provisória) e também a PEC 55, uma Emenda Constitucional que estabelece um teto para o crescimento dos gastos públicos por 20 anos. de enormes desigualdades sociais. Refl etir sobre essa perspectiva nos ajuda a contextualizar as escolhas que o país precisa fazer diante da grave crise fi scal atual e da discussão sobre os gastos públicos. Talvez nada seja mais ideológico do que apontar caminhos e saídas com foco exclusivo na economia, ainda que ela seja fator fundamental. Sem uma população com níveis adequados de educação, não conseguiremos ser um país desenvolvido em ne- nhuma das métricas internacionais. É preciso encontrar novos caminhos e cabe a nós, sociedade brasileira, traçar esse rumo. Os jovens podem e devem ser incluídos nesse debate. Será que mais uma vez cometeremos um erro histórico que poderá nos levar a sair da crise fi scal, mas deixará o país novamente na rabeira do desenvolvimento, por com- prometermos o futuro de crianças e jovens? A opção está em nossas mãos. SETÚBAL, Maria Alice. A voz dos jovens. Folha de S. Paulo, São Paulo, 14 nov. 2016. Opinião. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2016/11/1831804-a-voz-dos-jovens.shtml. Acesso em: 11 maio 2020. O quadro Você sabia? dá suporte para compreender a menção a Ana Julia Pires Ribeiro, uma estudante curitibana, nesse artigo de opinião. Orientação ao PROFESSOR Discurso de estudante de 16 anos constrange deputados na Assembleia Legislativa do Paraná O discurso de uma estudante de apenas 16 anos deixou constrangidos os deputados estaduais que acompanhavam a sessão da última quarta-feira (26), na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). Aluna do Colégio Estadual Senador Manoel Alencar Guimarães, em Curitiba, Ana Julia Pires Ribeiro subiu à tribuna para defender a “Primavera Secundarista” e responder a acusações dos próprios parlamentares, feitas no dia anterior, de que o movimento foi o responsável pela morte do jovem Lucas Eduardo Araújo Mota, também de 16 anos, na última segunda-feira (24), numa escola ocupada. “A minha pergunta inicial é: de quem é a escola? A quem a escola pertence? Eu acredito que todos aqui já saibam essa resposta. E é com a confi ança de que vocês conhecem essa resposta que eu falo para vocês sobre a legitimidade desse movimento, sobre a legalidade (...)”, afi rmou. O movimento já atinge mais de mil escolas no Brasil, sendo cerca de 800 no Paraná. ? Você SABIA? RAMOS, Mariana Franco. Discurso de estudante de 16 anos constrange. Folha de S. Paulo, São Paulo, 27 out. 2016. Disponível em: www.iqe.org.br/surl/?bbfd37 Acesso em: 11 maio 2020. Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | Artigo de Opinião e Editorial 7 1. Em relação ao título do Texto 1, pode-se dizer que ele refl ete o posiciona- mento e a tese defendida pela autora? Qual é? Justifi que. 2. Considere outras passagens do Texto 1: I – “Isso ocorre não apenas por conta da realização do Enem, principal por- ta de entrada ao ensino superior no país.” II – “Apesar de nossos baixos indicadores educacionais, há muitas Anas Júlias pelo Brasil afora.” III – “O Brasil avançou muito desde a promulgação da Constituição de 1988. Contudo, ainda há muito por fazer.” IV – “Os jovens podem e devem ser incluídos nesse debate.” Os trechos do Texto 1 que retomam e reforçam o posicionamento e a tese presentes no título são: A) I e II, apenas. B) I, II e III, apenas. C) I e IV, apenas. D) II e III, apenas. E) II e IV, apenas. INSTRUÇÃO: Releia o trecho do Texto 1 para responder às questões 3 e 4. Apesar de nossos baixos indicadores educacionais, há muitas Anas Júlias pelo Brasil afora. Por isso, vale destacar outras iniciativas que contribuem paraampliar o repertório argumentativo de nossas crianças e jovens e comprovam que a escola pública é, sim, capaz de promover a aprendizagem. É o caso da “Olimpíada de Língua Portuguesa - Escrevendo o Futuro”, que reuniu estudantes do ensino médio, fi nalistas da etapa regional no gênero artigo de opinião, todos da rede pública. Durante o encontro, além de escrever belos textos, eles debateram, com ponderação e bons argumentos, os avanços e os desafi os das políti- cas para a garantia e a ampliação do acesso à universidade. 3. No trecho, as locuções conjuntivas apesar de e por isso, respectivamente, sem perda de sentido, poderiam ser substituídas por: A) Ainda que; portanto B) Não obstante; por essa razão C) Mesmo com; entretanto D) Com exceção de; por causa disso E) Além de; em conclusão O título dado ao artigo de opinião – A voz dos jovens – (Questão 1) reflete o posicionamento da autora sobre o direito e a necessidade de participação dos jovens na discus- são da reforma do Ensino Médio, subentendendo-se, de certa forma, uma crítica à sua proposição por meio de uma medida provisória (MP 746/2016). A tese defendida pela autora, portanto, é de que os estudantes estão qualifi cados para defenderem seu posicionamento, pois têm capacidade de argumen- tação e de discernimento para tal. (H: Inferir a tese, o ponto de vista em um texto argumentativo, com base na argumentação construída pelo autor). Na Questão 2 a resposta correta é (E) II e IV, apenas, porque os trechos são os únicos a discutirem o problema da educação citando a participação dos jovens, implíci- tos também em “Anas Júlias”, no debate. (H: Inferir a tese, o ponto de vista em um texto argumentativo, com base na argumentação cons- truída pelo autor). A Questão 3 tem como resposta a alternativa (B) “Não obstante; por essa razão”. Trata-se da habilidade de identifi car o sentido de opera- dores discursivos ou de processos persuasivos utilizados em um texto argumentativo. Orientação ao PROFESSOR 8 4. Em relação à frase do 4º § – “a escola pública é, sim, capaz de promover a aprendizagem” – o 5º § constitui um argumento A) de autoridade. B) de raciocínio lógico. C) por exemplifi cação. D) por consenso. E) por comprovação. 5. Assinale o trecho que, no Texto 1, constitui um argumento por comprovação: A) “Deve-se, sobretudo, às propostas do teto dos gastos públicos e de reforma do ensino médio, que enfrentam forte resistência de diferentes setores da sociedade, em especial dos estudantes que ocuparam mais de mil estabelecimentos de ensino.” B) “O Brasil avançou muito desde a promulgação da Constituição de 1988. Contudo, ainda há muito por fazer.” C) “Somente em 2014 o Brasil conseguiu ter 61,4% dos jovens de 15 a 17 anos no ensino médio e 17,7% da população de 18 a 24 anos no supe- rior.” D) “A ausência de uma política de Estado, de um projeto de país que priori- ze a educação de seu povo, é um erro que trouxe graves consequências na qualifi cação da população.” E) “Sem uma população com níveis adequados de educação, não conse- guiremos ser um país desenvolvido em nenhuma das métricas interna- cionais.” 6. No trecho – “Em um momento em que faltam diálogo e discussões qualifi - cadas no debate público brasileiro, a fala de Ana Júlia e a dos fi nalistas da Olimpíada trazem pontos de vista diferentes, apoiados em estudos e dados, sobre possibilidades concretas de escolherem seus próprios projetos de vida.” – o processo persuasivo utilizado é de A) contraposição de fatos. B) comparação entre pessoas. C) retifi cação de opiniões. D) desqualifi cação dos oponentes. E) explicitação de ideias comuns. 7. Destaque e compare as perguntas retóricas no Texto 1. Com que fi nalidade foram usadas? Na Questão 4 a resposta correta é (C), por exemplifi cação, visto que a autora exemplifi ca o que diz sobre os jovens: “É o caso da Olimpíada de Língua Portuguesa - Escrevendo o Futuro”. (H: Localizar um argumento utilizado pelo autor para defender sua tese, em um texto argumentativo). O emprego de dados estatísticos, na Questão 5, caracteriza um argumen- to por comprovação, alternativa (C): “Somente em 2014 o Brasil conse- guiu ter 61,4% dos jovens de 15 a 17 anos no ensino médio e 17,7% da população de 18 a 24 anos no supe- rior”. (H: Localizar um argumento uti- lizado pelo autor para defender sua tese, em um texto argumentativo). Na Questão 6, o processo persua- sivo serve-se da (A) contraposição de fatos, ou seja, ao fato 1 – “faltam diálogo e discussões qualifi cadas no debate público brasileiro” - con- trapõem-se os fatos 2 - “a fala de Ana Júlia” - e 3 - “e dos fi nalistas da Olimpíada”. (H: Identifi car o sentido de operadores discursivos ou de processos persuasivos utilizados em um texto argumentativo). No Texto 1, há duas perguntas retóricas (Questão 7): “Mas por que, hoje, temos jovens tão engajados?” e “Será que mais uma vez comete- remos um erro histórico que poderá nos levar a sair da crise fi scal, mas deixará o país novamente na rabeira do desenvolvimento, por compro- metermos o futuro de crianças e jovens?”. No primeiro caso, a questão retórica solicita a opinião do leitor, fazendo-o refletir sobre o que se pergunta, e responde em seguida: “Pela primeira vez no país, há uma população oriunda de clas- ses sociais mais amplas e diversas que se manifesta porque teve mais acesso à educação. Agora, ela quer mais”. No segundo caso, a preten- são da autora parece ser deixar no ar uma reflexão que o leitor deve Orientação ao PROFESSOR Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | Artigo de Opinião e Editorial 9 8. O Texto 1 apresenta trechos na primeira pessoa do plural. Observe esse emprego na frase: “É preciso encontrar novos caminhos e cabe a nós, sociedade brasileira, traçar esse rumo”. Trata-se de uma estratégia discursi- vo-persuasiva da autora do texto? Explique. 9. Quais as características temáticas, estilísticas (linguísticas) e composicio- nais do Texto 1 que permitem caracterizá-lo como um artigo de opinião? justifi que. Gêneros argumentativos Em jornais e revistas, é possível encontrar vários gêneros com características argumentativas: o editorial, o artigo de opinião, a resenha crítica, a carta ao leitor, as charges, os cartuns, entre outros. Em geral, caracterizam-se por apresentar um ponto de vista, um posiciona- mento sobre um tema ou acontecimento polêmico e seu objetivo é conven- cer o leitor a concordar com o posicionamento apresentado. No entanto, eles não têm o mesmo tipo de composição, de estrutura. No editorial e no artigo de opinião, por exemplo, verifi ca-se a formulação de uma tese que expressa o posicionamento do autor, defendida por meio de argumentos e contra-argumentos que conduzem a uma conclusão, ou seja, à reiteração e confi rmação da tese. Mas eles têm diferentes aspectos composicionais: - o artigo de opinião é assinado, por isso expressa o ponto de vista e o posicionamento do articulista, e, em geral, faz parte de uma coluna do jornal ou revista, ou de um blog do próprio jornalista; - o editorial expressa a opinião do jornal, isto é, a sua linha editorial, por isso não é assinado e aparece nas primeiras páginas do periódico. O esquema básico encontrado, geralmente, no artigo de opinião e no editorial é: TESE ARGUMENTOS CONCLUSÃO ! Você já SABE fazer, responsabilizando-se por sua opinião, que está implícita na frase fi nal do Texto 1: “A opção está em nossas mãos”. (H: Identifi car o sen- tido de operadores discursivos ou de processos persuasivos utilizados em um texto argumentativo). Ao apresentar no Texto 1 trechos em primeira pessoa do plural (Questão 8), a autora inclui o leitor em suas ponderações e apela para a responsabilidade e comprometimen- to dele com o tema. Na frase – “É preciso encontrar novos caminhos e cabe a nós, sociedade brasileira, traçar esse rumo”. – o “nós” usado no textosignifi ca toda a “sociedade brasileira”, sem exceção, portanto nenhum leitor poderá se eximir de discutir o tema e de ter um posicio- namento sobre ele. (H: Identifi car o sentido de operadores discursivos ou de processos persuasivos utiliza- dos em um texto argumentativo). O Texto 1 (Questão 9) caracteri- za-se como um artigo de opinião porque seu tema é atual, factual e polêmico (a proposição da reforma do Ensino Médio); trata-se de texto opinativo, assinado e escrito em linguagem formal; apresenta uma tese/posicionamento sobre um fato, os argumentos que a sustentam e uma conclusão. (H: Reconhecer o gênero de texto com base em seus elementos composicionais, estilísti- cos e temáticos). Orientação ao PROFESSOR 10 Atividade 2 10. Leia integralmente os Textos 2 e 3, a seguir. Ambos são editoriais, pois expressam a opinião dos próprios jornais sobre um fato, por isso não são assinados. Em seguida, responda às questões propostas. Texto 2 Atividade 2 Nessa atividade, o objetivo principal é analisar em contraponto dois edito- riais que expressam a “voz editorial”, ou seja, o posicionamento da empre- sa jornalística responsável pela linha editorial do veículo de comunicação. Trata-se, nesse caso, de editoriais de dois importantes jornais paulistas: editorial de 19/12/2016, da Folha de S. Paulo, que antecede a aprovação da MP, e editorial de O Estado de S. Paulo, de 20/02/2017, posterior à aprovação da reforma. Há muito tempo, os estudiosos da linguagem discutem qual a partici- pação dessas mídias – e de outras como o rádio, a TV, a Internet etc. – na formação da opinião pública, no entendimento e na interpretação que se tem dos fatos noticiados. Sabe-se que a pretendida isenção midiática não é possível, visto que a linguagem não é neutra, propriamente. As mídias marcam-se por um contrato de comunicação paradoxal: por um lado, reivindicam valores cidadãos, quando declaram seu papel de informar com objetividade e isenção; por outro lado, drama- tizam as cenas sociais, políticas etc. com a fi nalidade de captar e fi delizar seus leitores e/ou telespec- tadores. Por isso é que as mídias, na atualidade, têm papel decisivo, muitas vezes, nos modos de cons- trução – ou desconstrução – das identidades sociais e políticas. A propósito, a fi m de expandir essa reflexão, indica-se a leitura do livro de Patrick Charaudeau (Trad. Ângela M. S. Corrêa) Discurso das mídias. São Paulo: Contexto, 2006. O quadro Você já sabe tem a função de retomar informações relativas aos gêneros argumentati- vos que atendam ao esquema tese/ argumentos /conclusão, tais como o artigo de opinião e o editorial. Orientação ao PROFESSOR ESCOLA MAIS FLEXÍVEL A aprovação da proposta de reforma do ensino médio pela Câmara dos Deputados na semana passada representa um passo importante para enfrentar o desinteresse dos jovens brasileiros pela escola. Um dos principais pontos da medida provisória apresentada pelo governo, que ainda precisa passar pelo Senado, é oferecer aos alunos maior autonomia na escolha dos temas em que desejam se aprofundar. Pelo texto, 60% do currículo deve ser comum a todos, enquanto 40% dependerão da preferência individual por áreas específi cas do conhecimento. Segundo pesquisa realizada pelo “Datafolha” com es- tudantes do 8º e 9º anos do ensino fundamental e do ensino médio, a maior fl exibilidade vai ao encontro dos anseios dos jovens. A medida é vista como boa ou ótima por 58% deles. Por outro lado, apenas 40% dos pais, também ouvidos no levantamento, pensam da mesma forma. A atitude cautelosa talvez refl ita insegu- rança em relação à maturidade dos estudantes para decidir sobre o próprio futuro. A escolha, de fato, será precoce para alguns. Preservar a atual estrutura do ensino médio, todavia, trará ainda mais prejuízos nessa etapa da educação formal. Pesquisas recentes apontaram que, estagnados em patamares muito baixos de desempenho, os adoles- centes se distanciam das escolas. Em 2012, 79% dos jovens brasileiros de 15 anos afi rmaram não ter faltado um dia letivo nas duas semanas anteriores ao Pisa, exame realizado pela OCDE (organização de países desenvolvidos). Esse número caiu para 52% no ano passado. Parte do problema resulta de uma combinação nada atraente do ensino médio brasileiro – formato engessado e conteúdo enci- clopédico. A reforma proposta pelo governo federal só terá êxito se conseguir alterar essa base defasada. Embora os deputados tenham reintroduzido como obrigatório o ensino de Filosofi a, Sociologia, Artes e Educação Física – disciplinas que a medida provisória antes tornava optativas –, deixaram uma margem para que as escolas ministrem essas aulas de forma com- binada a outras áreas. Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | Artigo de Opinião e Editorial 11 Parece ser uma boa solução, ao reconhecer o caráter interdisciplinar de muitos campos de estudo e atender a demanda dos jovens que protestaram contra a elimi- nação dessas matérias. Tudo indica que não haverá obstáculos para aprovar a reforma também no Senado. Ainda assim, restarão os desafi os de defi nir a base comum para a parte fi xa do currículo – ainda em discussão pelo governo – e garantir que todos os Estados e Municípios terão, na prática, as condições de oferecer aos alunos a fl exibilidade prometida pela nova legislação. ESCOLA mais flexível. Folha de S. Paulo, São Paulo, 19 dez. 2016. Opinião. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2016/12/1842638-escola-mais-flexivel.shtml Acesso em: 11 maio 2020. Texto 3 A REFORMA DO ENSINO MÉDIO Desde o início, o projeto de reforma proposto por Temer contou com o apoio generalizado de pedagogos e especialistas em educação básica, o único problema foi o modo como a reforma foi proposta Ao sancionar a lei que fl exibiliza o currículo do ensino médio, o presidente Michel Temer tirou de entidades estudantis, corporações docentes e movimentos sociais um dos principais pretextos de que se valiam para se opor ao governo. Essa foi a primeira reforma lançada pelo governo Temer. Apesar de os gastos públicos por aluno terem se multiplicado por quatro nos últimos 15 anos, o ensino médio é a eta- pa mais problemática do sistema educacional brasileiro. Com 8 milhões de alunos, apresenta altas taxas de evasão escolar e baixos índices de aprendizagem. Um em cada quatro alunos desse ciclo de ensino está com mais de dois anos de atraso es- colar, segundo o Censo Escolar de 2016, divulgado no mesmo dia da sanção da lei. Desde o início, o projeto de reforma proposto por Temer contou com o apoio generalizado de pedagogos e especialistas em educação básica. O único problema foi o modo como a reforma foi proposta, por meio de uma medida provisória, que limitou o tempo de discussões entre as autoridades educacionais, as entidades de professores e as ONGs do setor educacional. A principal mudança é a divisão do currículo do ensino médio em duas partes: 60% para disciplinas comuns a todos os alunos e 40% para que aprofundem seus conhecimentos em uma área de interesse, entre Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Sociais e Formação Técnica Profi ssional. Somente Português e Matemática serão obrigatórios nos três anos do ensino médio. E, para toda a rede, a carga horária aumentará gradativamente das atuais 800 horas anuais para 1.400 horas. A nova lei prevê ainda a ampliação do número de escolas com aulas em período integral, por meio de fi nanciamento do governo federal às redes de ensino básico sob responsabilidade dos Estados. Atualmente, a carga diária é de 4 horas e meia e apenas 5,7% das escolas desse ciclo de ensino oferecem jornada ampliada. Além 12 disso, elas terão de ensinar Artes, Filosofi a e Sociologia, mas a lei permite que, em vez de aulas específi cas, essas disciplinas possam ser oferecidas de modo “diluído” entre as demais disciplinas, por meio de estudo, práticas e módulosque ainda precisam ser defi nidos pela Base Nacional Curricular Comum (BNCC), que vem sendo elaborada pelo Ministério da Educação, devendo ser concluída até o fi nal do ano. Em seu formato atual, que está em vigor desde 1996, o ensino médio tem 13 disciplinas e está organizado com base num currículo único de preparação para o Enem, que seleciona os alunos das universidades fede- rais. No novo formato, os estudantes poderão optar por diferentes áreas de concentração – das mais acadê- micas, voltadas para a preparação para o ensino superior, às mais práticas, voltadas para a qualifi cação para o mercado de trabalho. A criação de alternativas de estudo adequadas aos diferentes interesses pessoais e condições sociais dos alunos é outra importante inovação da reforma do ensino médio, uma vez que eles já estão numa idade que lhes permite decidir os percursos de aprendizado com base no qual nortearão suas vi- das. Apesar de esse ciclo de ensino ser obrigatório por lei, 40% dos jovens brasileiros não conseguem comple- tar as três séries. E, dos que completam, dois terços terminam sem qualquer preparo para a vida profi ssional e apenas um terço consegue ingressar numa faculdade. Os especialistas em ensino médio afi rmam que as inovações introduzidas pela nova lei podem demorar algum tempo para serem implementadas e que os resultados só começarão a ser sentidos depois de 2019, mas reconhecem que elas levarão esse ciclo de ensino a fi car mais próximo das aspirações e demandas das novas gerações. E como as mudanças permitem que a parte formativa do currículo seja oferecida conforme a capacidade de cada rede de ensino, os especialistas temem que os estudantes dos pequenos municípios e das periferias das grandes cidades não recebam tão cedo o tratamento pedagógico necessário. Independente- mente disso, classifi cam a reforma como um importante avanço no sistema educacional. A reforma do ensino médio. O ESTADO DE S. PAULO, São Paulo, 20 fev. 2017. Opinião. Disponível em: www.iqe.org.br/surl/?1ae94d Acesso em: 11 maio 2020. Questão 10: a) O fato comentado é a reforma do Ensino Médio. b) O Texto 2 expressa a opinião de que a reforma “representa um passo importante para enfrentar o desinteresse dos jovens brasileiros pela escola”; no Texto 3, o editorial atribui a especialistas a opinião de que “ a reforma (é vista) como um importante avanço no sistema educacional”. (H: Distinguir fato (da opinião pressuposta ou subentendi- da em relação a esse mesmo fato) e/ou opinião). 10. a) Qual o fato que ambos os editoriais (Textos 2 e 3) comentam? b) A opinião de ambos os editoriais sobre o fato comentado é a mesma? Explique. 11. Compare as características composicionais dos Textos 2 e 3 e preencha, com X, o quadro a seguir: Orientação ao PROFESSOR Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | Artigo de Opinião e Editorial 13 De um texto ao outro Composição (estrutura) Critérios TEXTO 2 TEXTO 3 a) Há título sugestivo e adequado. b) Há subtítulo que sintetiza o conteúdo e o posicionamento c) Apresenta um ponto de vista /uma tese. d) Existem diferentes tipos de argumentos para sustentar o ponto de vista/a tese. e) Utiliza estratégias argumentativas (contra-argumentos, pergun- tas retóricas, paralelo entre épocas, pessoas etc.). f) A conclusão do texto retoma a tese e propõe solução. Questão 11 - (H: Reconhecer o gênero de texto com base em seus elementos composicionais e temáticos). De um texto ao outro Composição (estrutura) Critérios TEXTO 2 TEXTO 3 a) Há título sugestivo e adequado. x b) Há subtítulo que sintetiza o conteúdo e o posicionamen- to x c) Apresenta um ponto de vista /uma tese. x x d) Existem diferentes tipos de argumentos para sustentar o ponto de vista/a tese. x x e) Utiliza estratégias argumentativas (contra-argumentos, perguntas retóricas, paralelo entre épocas, pessoas etc.). x x f) A conclusão do texto retoma a tese e propõe solução. x x Orientação ao PROFESSOR 14 12. Em relação aos argumentos encontrados nos Textos 2 e 3, preencha o quadro a seguir, copiando um exemplar da cada caso, se houver. De um texto ao outro Tipos de argumentos TEXTO 2 TEXTO 3 a) Autoridade b) Raciocínio lógico c) Consenso d) Comprovação e) Exemplifi cação Questão 12 - (H: Localizar um argumento utilizado pelo autor para defender sua tese, em um texto argumentativo). Objetivação: No caso do trecho do § 7 “Uma combinação nada atraente... for- mato engessado...”, o que se afi rma não é consensual para todos os leitores (talvez para professores do EM), pois poderia ser contestado, trata-se de uma crítica do autor que necessitaria ser comprovada. O argumento de consenso é aquele que contém, em geral, “ditados populares, máximas, que remetem a valores sociais, morais, religiosos aceitos pela maioria das pessoas”. Orientação ao PROFESSOR Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | Artigo de Opinião e Editorial 15 De um texto ao outro Tipos de argumentos TEXTO 2 TEXTO 3 a) Autoridade Não há - Desde o início, o projeto de reforma proposto por Temer contou com o apoio generalizado de pedagogos e especialistas em educação básica. - Os especialistas em ensino médio afi rmam que as inovações introduzidas pela nova lei podem demorar algum tempo para serem implemen- tadas e que os resultados só começarão a ser sentidos depois de 2019, mas reconhecem que elas levarão esse ciclo de ensino a fi car mais próximo das aspirações e demandas das novas gerações. - E como as mudanças permitem que a parte formativa do currículo seja oferecida conforme a capacidade de cada rede de ensino, os especia- listas temem que os estudantes dos pequenos municípios e das periferias das grandes cidades não recebam tão cedo o tratamento pedagógico necessário. Independentemente disso, classifi - cam a reforma como um importante avanço no sistema educacional. b) Raciocínio lógico Não há Não há c) Consenso - A criação de alternativas de estudo adequadas aos diferentes interesses pessoais e condições sociais dos alunos é outra importante inovação da reforma do ensino médio, uma vez que eles já estão numa idade que lhes permite decidir os percursos de aprendizado com base no qual nortearão suas vidas. Orientação ao PROFESSOR 16 Tipos de argumentos TEXTO 2 TEXTO 3 d) Comprovação Segundo pesquisa realizada pelo Datafolha com estudantes do 8º e 9º anos do ensino fundamental e do ensino médio, a maior fl exibilidade vai ao encontro dos anseios dos jovens. - A medida é vista como boa ou ótima por 58% deles. - Por outro lado, apenas 40% dos pais, também ouvidos no levantamento, pensam da mesma forma. A atitude cautelosa talvez refl ita insegurança em relação à maturidade dos estudantes para decidir sobre o próprio futuro. - Pesquisas recentes apontaram que, estag- nados em patamares muito baixos de de- sempenho, os adolescentes se distanciam das escolas. - Em 2012, 79% dos jovens brasileiros de 15 anos afi rmaram não ter faltado um dia letivo nas duas semanas anteriores ao Pisa, exame realizado pela OCDE (organização de países desenvolvidos). Esse número caiu para 52% no ano passado. - Um em cada quatro alunos desse ciclo de ensino está com mais de dois anos de atraso escolar, segundo o Censo Escolar de 2016, divulgado no mesmo dia da san- ção da lei. - Apesar de esse ciclo de ensino ser obrigatório por lei, 40% dos jovens brasileiros não conseguem completar as três séries. E, dos que completam, dois terços termi- nam sem qualquer preparo para a vida profi ssional e apenas um terço consegue ingressar numa faculdade. e) Exemplifi cação Não há Não há Orientação ao PROFESSOR 13. A alternativa que apresenta um contra-argumento encontrado no Texto 2 é: A) “Um dos principais pontos da medida provisória apresentada pelo gover- no, que ainda precisa passar pelo Senado, é oferecer aos alunos maior autonomia na escolha dos temasem que desejam se aprofundar.” B) “Pelo texto, 60% do currículo deve ser comum a todos, enquanto 40% dependerão da preferência individual por áreas específi cas do conhe- cimento.” C) “A escolha, de fato, será precoce para alguns. Preservar a atual estru- tura do ensino médio, todavia, trará ainda mais prejuízos nessa etapa da educação formal.” D) “Parte do problema resulta de uma combinação nada atraente do en- sino médio brasileiro – formato engessado e conteúdo enciclopédico.” E) “Parece ser uma boa solução, ao reconhecer o caráter interdisciplinar de muitos campos de estudo e atender a demanda dos jovens que protestaram contra a eliminação dessas matérias.” Na Questão 13, a resposta correta é (C) “A escolha, de fato, será precoce para alguns. Preservar a atual estrutura do ensino médio, todavia, trará ainda mais prejuízos nessa etapa da educação formal”. A afi rmação inicial, reconhe- cendo uma possível crítica, (A escolha, de fato, será precoce para alguns.) vem, na sequência, rebatida pelo emprego da conjunção todavia. (H: Identifi car o sentido de operadores discursivos ou de processos persuasivos utilizados em um texto argumentativo). Orientação ao PROFESSOR Sequência Didática | Língua Portuguesa | Leitura e Interpretação de Textos | Artigo de Opinião e Editorial 17 A Questão 14 trata da habilidade de reconhecer os elementos contextuais, organizacionais e linguísticos dos textos. De um texto ao outro Composição textual e Linguagem Critérios TEXTO 2 TEXTO 3 a) Há adequada organização do texto em parágrafos. x x b) Utiliza conjunções/operadores argumentativos adequa- dos (coesão textual). x x c) Estabelece relações semânticas adequadas entre pala- vras e expressões (clareza). x x d) Há bom uso do vocabulário, sem clichês e frases feitas. x x e) Utiliza a modalidade escrita formal (padrão) da Língua Portuguesa. x x f) Há correção linguística (gramatical). x x 14. Preencha, com X, o quadro a seguir de acordo com os aspectos organizacionais e de linguagem (linguísticos) en- contrados nos Textos 2 e 3. De um texto ao outro Composição textual e Linguagem Critérios TEXTO 2 TEXTO 3 a) Há adequada organização do texto em parágrafos. b) Utiliza conjunções/operadores argumentativos adequados (coesão textual). c) Estabelece relações semânticas adequadas entre palavras e expressões (clareza). d) Há bom uso do vocabulário, sem clichês e frases feitas. e) Utiliza a modalidade escrita formal (padrão) da Língua Portu- guesa. f) Há correção linguística (gramatical). Orientação ao PROFESSOR 18 INSTRUÇÃO: Releia o trecho do Texto 3 a seguir para responder às ques- tões 15 e 16. A nova lei prevê ainda a ampliação do número de escolas com aulas em período integral, por meio de fi nanciamento do governo federal às redes de ensino básico sob responsabilidade dos Estados. Atualmente, a carga diária é de 4 horas e meia e apenas 5,7% das escolas desse ciclo de ensino oferecem jornada ampliada. Além disso, elas terão de ensinar Artes, Filosofi a e Sociologia, mas a lei permite que, em vez de aulas específi cas, essas disciplinas possam ser oferecidas de modo “diluído” entre as demais disciplinas, por meio de estudo, práticas e módulos que ainda precisam ser defi nidos pela Base Nacional Cur- ricular Comum (BNCC), que vem sendo elaborada pelo Ministério da Educação, devendo ser concluída até o fi nal do ano. A correta resposta à Questão 15 é (B) aliás, por se tratar de um advér- bio que também expressa noção de acréscimo. (H: Identifi car o sentido de operadores discursivos ou de processos persuasivos utilizados em um texto argumentativo). A Questão 16 tem como resposta a alternativa (E) uma citação, pois essa expressão está na MP 756/16. (H: Reconhecer o valor expressivo e o efeito de sentido de recursos gráfi co-visuais). Orientação ao PROFESSOR 15. A locução adverbial além disso, sem alteração de sentido, poderia ser substituída por: A) apesar disso B) aliás C) contudo D) mesmo assim E) por isso 16. O uso de aspas em “diluído” marca A) uma ironia. B) um estrangeirismo. C) um neologismo. D) uma gíria. E) uma citação. Sistematizando APRENDIZAGENS Nessa Sequência Didática, você continuou a refl etir sobre os gêneros argumentativos, aprofundando seus estudos sobre o artigo de opinião e o editorial. Pôde também ampliar seus conhecimentos sobre a diversidade de posicionamentos presente em diferentes textos que tratam de um mesmo tema, nesse caso, a reforma do Ensino Médio proposta pelo governo federal em 2016 e apro- vada em 2017. Além disso, teve a oportunidade de retomar e aprofundar o estudo dos diversos tipos de argumentos e de contra-argumentos para defender uma tese; o reconhecimento do sentido de operadores argumentativos e de estraté- gias e recursos discursivos para argumentar. A retomada e o aprofundamento relativo ao estudo das características de composição e de linguagem de cada um desses gêneros também foram objeto de estudos nessa SD.
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