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Ana Clara Aguilar de Almeida – Atenção Integral à Saúde da Criança e do Adolescente I – Nov. 2022 1 COLESTASE – PEDIATRIA - Termo utilizado para descrever estados patológicos que cursam com redução do fluxo biliar por alterações anatômicas ou funcionais do sistema biliar. - Manifesta pela presença de BD acima de 1 mg/dl - Sempre considerar esta possibilidade em icterícia que prolongue por mais de 14 dias. Paciente que tem mais de 10-14 dias de vida e continuou ictérico, deve repetir os exames laboratoriais. Primeiro para avaliar se ele continua as custas da bilirrubina indireta ou se agora está aumentando a bilirrubina direta e a continuação da icterícia agora seja uma doença COLESTÁTICA. Possíveis causas de prolongar uma hiperbilirrubinemia por bilirrubina INDIRETA: ▪ Icterícia do leite humano ▪ Hipotireoidismo ▪ Doença de Gilbert Todo paciente que mantem a icterícia as custas de indireta, além dos 14 dias de vida, deve repetir os exames, dosar TSH (avaliar se não é hipotireoidismo congênito), investigar se não é doença de Gilbert e fazer os exames laboratoriais. Se os exames mostram um quadro hemolítico, provavelmente ele tem uma incompatibilidade para tratar com disfunção celular que está prolongando o quadro ictérico. Se ele não tem um quadro hemolítico, não tem hipotireoidismo, está em aleitamento materno exclusivo, provavelmente a continuidade da bilirrubina indireta será devido a icterícia do leite humano. E de qualquer forma pensar em Gilbert como uma hipótese diferencial se não tiver uma outra causa que justifique. Eventualmente pode ocorrer de quando for repetir esses exames, começa a perceber que há um aumento da bilirrubina DIRETA. Neste caso está tendo uma modificação do quadro clínico do paciente de uma doença que antes era as custas de uma bilirrubina indireta para uma doença colestática, que é uma preocupação do ponto de vista hepático. Colestase é uma doença relacionada a uma hiperbilirrubinemia em que há um aumento da bilirrubina DIRETA (>1 mg/dL já pode ter uma suspeita). Sempre deve considerar essa possibilidade em um paciente que está ictérico além dos 14 dias de vida. Do ponto de vista semiológico, vai ver na história do paciente uma colúria (urina cor de coca cola) e acolia fecal. Sempre deve questionar pela cor das fezes do paciente quando suspeita de doença colestática. Deve estar atento que essa coloração das fezes pode ser mascarada pela ingesta de chá, que pode corar no entorno das fezes, mas não no meio. Questionar se está tomando algum chá e se estiver tomando chá, deve pegar uma espátula e abrir as fezes ao meio para ver a cor da parte central das fezes. Se for descorada, será uma acolia fecal. - Pode ser dividida em dois grupos: ▪ Colestase Obstrutiva: obstrução anatômica ou funcional das vias biliares Exemplos: o Atresia biliar extra-hepática o Cisto de colédoco o Síndrome da bile espessa o Colangite infecciosa o Síndrome de Alagille 25% das doenças colestáticas neonatais são atresia de vias biliares. A obliteração das vias biliares ocorre depois na maioria das vezes. Nasce um bebê com aspecto de saudável, sem nenhuma alteração clínica. É um bebê vigoroso, mama bem, ganha peso, mas ele desenvolve icterícia colestática geralmente após a 2ª semana de vida. Pode conseguir palpar a borda do fígado, mas sob outros aspectos não é uma criança doente. Não é um vomitador, ele ganha peso adequadamente, ele é ativo. Se o paciente com doença colestática tem essa clínica, deve pesar em atresia de vias biliares que pode ser a causa mais provável. Ana Clara Aguilar de Almeida – Atenção Integral à Saúde da Criança e do Adolescente I – Nov. 2022 2 ▪ Colestase Hepatocelular: comprometimento dos mecanismos de formação da bile o Infecções: Hepatite A-B-C-D-E, CMV, herpes, Rubéola,Enterovírus, Bactérias( E coli, Listeria),Toxoplasmose , sífilis o Tóxica: Nutrição parenteral, endotoxinas, drogas o Metabólica e defeitos genéticos: Deficiência de alfa-1-antitripisina, Tirosinemia, Galactosemia, Frutosemia, Fibrose Cística, Síndrome de Dubin-Johnson e Síndrome de Rotor Se o paciente é colestático, vomitador, hipoativo, padrão de respiração acidótico, com sangramentos ele provavelmente tem erro inato do metabolismo. Paciente colestático aparentemente saudável – atresia das vias biliares (causas cirúrgicas) Paciente colestático com aspecto de doente – sepse ou erro inato do metabolismo ou infecção grupo TORCH (causas não cirúrgicas) Na imagem acima: vários transportadores que são essenciais no processo de metabolismo, estão no fígado do paciente, mas também estão no enterócito, no túbulo renal proximal, colangiócito, etc. Então alguns pacientes com erro de metabolismo podem ter manifestações clínicas hepáticas e extra-hepáticas dependendo de qual transportador que está deficitário. - CLÍNICA: ▪ Tríade: ICTERÍCIA + FEZES ACÓLICAS + COLÚRIA ▪ Prurido cutâneo, hepatoesplenomegalia, distúrbios do crescimento, ascite e hipertensão portal ▪ Aumento sérico dos sais biliares, do colesterol e BD > 2 mg/dl ou > 20% da BT ▪ Distúrbios secundários – são relacionados ao prejuízo da absorção de vitaminas lipossolúveis. Se o paciente tem uma doença colestática, com um problema na síntese de bile, tem menor quantidade de bile chegando no intestino, há um prejuízo na absorção de vitamina A, D, E e K (lipossolúveis). Se o paciente tem deficiência de vitamina A, ele pode ter clinica com cegueira noturna. Se tem deficiência de vitamina D, pode ter raquitismo, fraturas patológicas. Se tem deficiência de vitamina K, pode ter coagulopatias, sangramentos. Se tem deficiência de vitamina E, pode ter degeneração neuromuscular e anemia hemolítica. Se tem pouca bile no intestino, terá prejuízo na absorção de gordura, pode ter uma esteatorreia que favorece desnutrição. O aumento de ácidos biliares, prurido, xantomas, icterícia pelo aumento de bilirrubina e hepatotoxicidade pelo aumento do cobre. Essa hepatotoxicidade devido aos ácidos biliares e ao cobre, vão levar a uma doença hepática progressiva, hipertensão porta, cirrose hepática, varizes esofagianas, ascite e falência hepática. Lembrar que somente percebe a icterícia quando o nível de bilirrubina direta está acima de 4. Quando estava falando de bilirrubina indireta, se fala de 18, 20, 25 de BT. Entretanto nas colestases deve ser acima de 8 BT com 4 de BD. Nem sempre o paciente está evidentemente ictérico, mas ele pode sinais de raquitismo, sangramentos relacionados ao prejuízo da absorção de vitaminas lipossolúveis. Ana Clara Aguilar de Almeida – Atenção Integral à Saúde da Criança e do Adolescente I – Nov. 2022 3 Se ele tiver bilirrubina direta acima de 4 se percebe a icterícia, mas se ele tiver 2 de BD já é colestático mesmo estando anictérico visualmente. As vezes a primeira expressão clinica não é a icterícia e sim pode ser desnutrição com esteatorreia, raquitismo, coagulopatia, por exemplo. Alerta Amarelo: chama a atenção para observar a cor das fezes. Determina as cores normais (tom amarelo-ouro), e as cores mais pálidas que podem ser fezes suspeitas de doenças colestáticas. Chama atenção também que a atresia de vias biliares são as principais causas de transplante hepático em crianças. E se não tratadas é fatal em 100% dos pacientes. Paciente portador de atresia de vias biliares deve ser operado em até 60 dias de vida. Se for operado depois disso, o prognostico dele piora a ponto de precisar de transplante hepático ainda na infância. Mesmo o paciente operado em momento oportuno, é possível que na idade adulta ele precise de transplante. Mas é muito mais fácil manipular um transplantado adulto do que uma criança.- COLESTASE NEONATAL: ▪ Associada a infecção: TORCHS, Sepse, ITU ▪ Doenças metabólicas: galactosemia, tirosinemia ▪ Formas hereditárias da colestase intra-hepática: deficiência de transportadores, def de alfa1- antitripisina, Sínd de Alagille ▪ Síndromes endócrinas: hipotireoidismo, pan- hipopituitarismo ▪ Síndromes genéticas: Down, Turner, Zellweger, Fibrose cística ▪ Doenças de depósito: D Gaucher ▪ Fármacos e toxinas: NP, antiboticos, hidrato cloral ▪ Hipóxia e hipoperfusão ▪ Idiopáticas: Hepatite neonatal idiopática ▪ Outras: LES, Histiocitose X, D Caroli, Sind hemofagocítica ▪ Extra-hepáticas: atresia de vias biliares, cisto de colédoco, coledocolitíase, estenose das VB, compressão externa das vias biliares (massas ou tumores) Esse paciente deve ser internado, faz um US para avaliar se não é um cisto de colédoco, começa os exames para investigação de sepse de infecções do grupo TORCH, faz avaliação da coagulação sanguinea. Se chegar a conclusão que não é cisto de colédoco, não é sepse, não é infecção do grupo TORCH, deve realizar uma biopsia hepática desse paciente. Se a biopsia hepática sugere atresia de vias biliares, faz uma colangiografia para comprovar que ela tem uma alteração das vias biliares e faz a cirurgia Kasai. Na cirurgia de Kasai leva o duodeno para próximo do fígado para fazer a drenagem da bile direto para o duodeno. Se for um erro inato do metabolismo, deve descobrir qual é o erro inato pois o tratamento pode ser genético, restringido a algum alimento. Todo paciente colestático no período neonatal deve ser transferido para um serviço com experiencia de biópsia hepática e cirurgia de Kasai. Não é ideal que esse paciente faça cirurgia com um cirurgião pouco experiente. ▪ Atresia Biliar: 25% ▪ Doenças metabólicas: 20% ▪ Hepatite Neonatal Idiopática:15% ▪ Deficiência de alfa-1-antitripsina:10% Ana Clara Aguilar de Almeida – Atenção Integral à Saúde da Criança e do Adolescente I – Nov. 2022 4 ▪ Infecções Virais: 5% ▪ Causas hereditárias, Colestase intra-hepática familiar progressiva, Erro Inato do Metabolismo de Ácidos Biliares: 25% ▪ Colestase multifatorial ou transitória ▪ Idiopática – tem uma colestase, mas não se sabe a causa Prioridade da Investigação: Definir se secundária a causas intra-hepáticas como infecções e doenças genéticas que necessitam tratamento clínico urgente. OU Decorrente de causas extra-hepáticas como Atresia de Vias Biliares ou Cisto de Colédoco que exigem cirurgia. Investigar: ▪ TORCHS ▪ Sepse e ITU ▪ Doenças Metabólicas: sinais de insuficiência hepática fulminante com RNI elevado e paciente não séptico (Galactosemia, Tirosinemia, Frutosemia, Citopatias Mitocondriais, Hemocromatose) ▪ Nutrição Parenteral: avaliar internação para início de dieta enteral ▪ Avaliar causas extra-hepáticas Abordagem Inicial: ▪ Administrar Vitamina K Como se sabe que esse paciente tem deficiência de vitaminas A, D, E, K deve administrar vitamina K. ▪ Solicitar USG abdome ▪ Observação diária da cor das fezes ▪ Pesquisa de substâncias redutoras na urina: 10 gotas de água, 5 gotas de urina, 1 comp de Clinitest: positivo quando superior a 0,5 g%. Para pesquisa de sacarose, troque água pelo ácido cloridrico ▪ Exames laboratoriais: hemograma, coagulograma, bioquimica, triagem de erros inatos do metabolismo no sangue e urina, sorologias, dosagem de alfa-1-antitripsina ▪ Exame oftalmológico ▪ Biópsia hepática ▪ Tratamento inespecífico: recomendação dietética + Vitaminas - ATRESIA DE VIAS BILIARES: Se o paciente não está séptico, não tem infecções do grupo TORCH, US inconclusivo, mas o paciente teve um bom ritmo de ganho de peso, ele provavelmente tem uma atresia de vias biliares. A biópsia hepática pode sugerir a presença de uma atresia. Mas a colangiografia durante a cirurgia, confirma o diagnóstico. ▪ Condição obstrutiva e progressiva dos canais biliares de etiologia desconhecida. ▪ Incidência pouco mais alta em meninas ▪ Crianças não tratadas evoluem para óbito na totalidade e mesmo casos tratados podem necessitar transplante hepático ▪ Época da obliteração das vias biliares, dois tipos: o Embrionária ou fetal – 20% Paciente nasce geralmente com baixo peso, as vezes é prematuro, pode ter outras más formações associadas, mas é o menos comum. 10 a 50% tem outra malformação associada, pcp, cardiovascular, gastrointestinal (atresia de esôfago ou duodenal) e esplênica Síndrome Poliesplenia Heterotáxica: situs inversus dos órgãos abdominais, má rotação intestinal, fígado centralizado no abdome e múltiplos baços. Presente em 8 a 12 % casos. Cintilografia hepática: boa captação e ausência de excreção o Clássica ou Perinatal – 80% O mais comum que é o bebê que nasce em boas condições, evolui para uma obliteração inflamatória e começa a manifestação depois da 2ª semana de vida. Ductos pérvios ao nascimento, evoluindo para obliteração por reação inflamatória e esclerosante decorrente de algum dano perinatal. Em geral sem más formações associadas. Icterícia inicia entre 2ª e 6ª semanas de vida Exames Laboratoriais: ▪ GGT e FA ▪ ALT e AST ▪ Bilirrubinas: raramente, acima de 12 mg% ▪ Função hepática: Albumina e Fatores da coagulação ▪ RNI pode estar alterada pela deficiência de Vitamina K ▪ USG: jejum de 3 a 4 horas Ana Clara Aguilar de Almeida – Atenção Integral à Saúde da Criança e do Adolescente I – Nov. 2022 5 o Após primeiro exame, alimentar e repetir exame: se vesícula contrair mais de 50% é pouco provável o diagnóstico de atresia de vias biliares o Sinal do cordão triangular: surge após 3 semanas de vida. Espessamento ecogênico na porção cranial da bifurcação da veia porta: sensibilidade de 85% e especificidade de 100% Esse sinal do cordão triangular pode sugerir a atresia das vias biliares, mas isso é mais tardio, apor 3 semanas de vida. ▪ Cintilografia com ácido iminodiacético marcado com Tecnécio ▪ Tubagem duodenal ▪ Biópsia: expansão dos espaços portas, proliferação ductular, infiltrado inflamatório, plugs biliares e transformação gigantocitária dos hepatócitos ▪ Laparotomia com Colangiografia operatória Nos exames vai ter aumento das transaminases, por ter uma doença hepática. Há aumento de uma enzima chamada gamaglutamiltransferase (gama GT) que é uma enzima canalicular. A gamaglutamiltransferase estará aumentada em quase todas as doenças hepáticas, somente a colestase intra- hepática familiar progressiva que pode ter gama GT normal. Se o paciente é colestático, com gama GT normal, já tem o diagnóstico de COLESTASE INTRA-HEPÁTICA FAMILIAR PROGRESSIVA. Todas as outras doenças colestáticas o gama GT estará aumentado. Cirurgia de Kasai – Evolução: ▪ Resposta satisfatória ▪ Resposta parcial: drenagem biliar, porém evolui com fibrose hepática progressiva ▪ Falha terapêutica ▪ Fatores que influenciam: o Idade o Extensão da fibrose o Grau de destruição dos ductos biliares intra- hepaticos o Experiencia do cirurgião o Local de obliteração o Forma de atresia: embrionária(pior) ou perinatal Obs.: 70-80% dos portadores de AVB necessitam de transplante hepático durante as duas primeiras décadas de vida. Mesmo o paciente operado pode evoluir para disfunção hepática, mas provavelmente se ele evoluir ele precisará de transplante na idade adulta. E o paciente que operar tardiamente, provavelmente ele precisa de cirurgia de transplante ainda durante a infância. - HEPATITE NEONATAL IDIOPÁTICA: Se não achou nenhuma outra causa, não é uma doença metabólica, não é sepse, não é TORCH, não é atresia de vias biliares, fica sem conclusão diagnóstica. ▪ Distúrbios heterogêneos de etiologia indefinida, que cursam com colestase, tendo vias biliares patentese achados histopatológicos de biópsia hepática característicos Biópsia hepática ajuda a diferenciar uma causa da outra. ▪ Geralmente, manifesta-se em prematuros ou Pequenos para Idade Gestacional ▪ Cintilografia: captação pobre e excreção irregular *Atresia de vias biliares – Arquitetura lobular preservada, raras células gigantes, infiltrado inflamatório e periportal discreto, fibrose portal e periportal evidente, proliferação ductular, trombos biliares nos ductos. Nessa configuração o paciente vai para investigação na laparotomia. *Hepatite neonatal – Se o padrão for por exemplo de fibrose, hematopoiese extra medular, desarranjo da arquitetura, necrose de hepatócitos, provavelmente será uma hepatite e o paciente não vai se beneficiar da cirurgia. Ana Clara Aguilar de Almeida – Atenção Integral à Saúde da Criança e do Adolescente I – Nov. 2022 6 - GALACTOSEMIA: É um exemplo de erro de metabolismo. ▪ Deficiência de diferentes enzimas no metabolismo da Galactose: tipo 1,2,3 e Duarte ▪ Mais comum é a Deficiência da Galactose-1- fostato-UPD-transferase ▪ Transmissão autossômica recessiva ▪ Clínica: hipoglicemia, vômitos, letargia, diarreia, icterícia, hepatomegalia, tubulopatia renal (perde bicarbonato na urina e faz acidose metabólica), catarata, aumento da PIC, edema cerebral, hemólise, sangramento SE O PACIENTE TEM DOENÇA COLESTÁTICA + CATARATA = GALACTOSEMIA. ▪ A criança pode apresentar-se cirrótica ao nascimento ▪ Alteração na capacidade bactericida e fagocítica dos neutrófilos ▪ Retardo mental ▪ Biopsia: colestase, vacuolização gordurosa difusa, pouca inflamação dos hepatócitos Deve realizar a pesquisa confirmando o diagnostico e o tratamento é a exclusão da Galactose na dieta do paciente. Laboratório: ▪ Aumento da galactose sérica e urinaria ▪ Presença de substâncias redutoras na urina ▪ Disfunção hepática: hipoalbuminemia e coagulopatia ▪ Elevação sérica das Bilirrubinas e Aminotransferases ▪ Acidose metabólica hiperclorêmica - FRUTOSEMIA: É a intolerância à frutose. Quer dizer que o paciente está ingerindo frutose. Na história clínica terão alterações semelhantes à da Galactosemia, mas a doença somente surge quando a criança começa a ingerir frutas, verduras, legumes que tem frutose. Na história o bebê é previamente saudável, por volta de 4-6 meses começa a ingerir frutas, sopinhas de legumes. ▪ 3 distúrbios do metabolismo conhecidos ▪ Sintomas iniciam quando ocorre ingesta de alimentos com sacarose/frutose ▪ Clínica: o Náuseas e vômitos recorrentes e persistentes o Diarreia o Icterícia, hepatomegalia, aumento de amionotransferases o Hipoglicemia o Tubulopatia renal com acidose hipercloremica o Anemia e trombocitopenia - TIROSINEMIA HEREDITÁRIA TIPO 1: ▪ Herança autossômica recessiva por deficiência enzimática de fumarilacetoacetato hidrolase ▪ Clinica: o Icterícia o Insuficiência hepática o Hepatomegalia o Raquitismo o Vômitos o Hipodesenvolvimento o Anemia o Hipoglicemia o Edema e ascite o Sintomas urinários Tem semelhanças com a Galoctosemia. Mas o dado importante é que neste caso o paciente tem um aumento importante de Alfafetoproteina. Dentro da investigação de um paciente com colestase, deve solicitar a dosagem de alfafetoproteína. ▪ Forma Aguda: início no primeiro mês com disfunção progressiva hepática e doença renal, tendo sangramento desproporcional a disfunção hepática ▪ Forma crônica: início mais gradual, evolui com raquitismo resistente a Vitamina D, crises neurológicas, dor abdominal, hipodesenvolvimento, vômitos, diarreia e eventualmente cirrose ▪ Diagnóstico sugerido pelo aumento sérico de Tirosina e Metionina, elevação importante de alfafetoproteina e coagulopatia, confirmado por Ana Clara Aguilar de Almeida – Atenção Integral à Saúde da Criança e do Adolescente I – Nov. 2022 7 presença de succinilacetona e succinilacetoacetato na urina ▪ Restrição dietética de tirosina e fenilalanina ▪ NTBC melhora função hepática e crises neurológicas ▪ 2-(2-nitro-4-trifluorometilbenzoil)1,3- ciclohexanodione ▪ Transplante hepático é a única terapia definitiva - COLESTASE INTRA-HEPÁTICA HEREDITÁRIA: ▪ Síndrome de Alagille: É uma doença de obstrução das vias biliares. Quando ver características fenotípicas que lembram essa síndrome, deve pensar na indicação genética e se confirmar não deve realizar a cirurgia nesse paciente. o Colestase com intensa hipercolesterolemia o Três características entre: ➢ Colestase crônica por ductopenia (rarefação dos ductos biliares interlobulares) ➢ Cardiopatia Congênita (pcp, estenose pulmonar periférica) ➢ Alterações vertebrais como vértebra em borboleta e aumento da distância interpeduncular ➢ Pupilas ectópicas e outras anomalias oculares ➢ Fácies característica com aparência triangular (fronte alargada, queixo pontiagudo e proeminente), hipertelorismo ▪ Deficiência de Alfa 1-antitripsina o 10% dos casos são essa doença o Glicoproteína com função inibitória das proteases o Deficiência implica em doença hepática em crianças e enfisema pulmonar precoce em adultos o Quadro clínico de evolução e gravidade variável o Baixos níveis de alfa 1-globulina em eletroforese de proteínas é sugestivo o Níveis de alfa1-antitripsina aumentam em processos inflamatórios (medida isolada normal não exclui possibilidade do diagnóstico) o Terapia de reposição e transplante (que deve ser indicada antes da instalação da insuficiência hepática) A deficiência de alta 1 antitripsina no período neonatal causa doença colestática e em crianças mais velhas causa doenças respiratórias (é uma causa de DPOC precoce em paciente não fumante). - COLESTASE INTRA-HEPÁTICA FAMILIAR PROGRESSIVA: Única doença colestática que pode ter Gama GT normal. ▪ Tipos 1,2,3,4,5,6 ▪ Colestase hepatocelular crônica ▪ Ausência de distúrbios anatômicos identificáveis ▪ Padrão de herança autossômica recessiva ▪ Tipo 1: GGT normal, hiperbilirrubinemia moderada,elevação de aminotransferases mais sintomas extra-hepáticos (intestino, pâncreas, rins) ▪ Tipo 2: GGT normal sem manifestação extra- hepatica ▪ Tipo 3: GGT elevada, sem manifestação extra- hepática (somente nessa o gama GT estará elevado) ▪ Tipo 4: GGT normal, prurido, doença rapidamente progressiva, sintomas pulmonares e neurológicos ▪ Tipo 5: GGT normal, rapidamente progressivo, prurido e coagulopatias ▪ Tipo 6: GGT normal, lentamente progressivo, diarreia Pode ter essa doença com manifestação exclusivamente hepática ou pode ter outros órgãos afetados. - COLESTASE – ERROS INATOS DO METABOLISMO DE ÁCIDOS BILIARES: O que chama a atenção neste caso é a ausência de prurido. Mas é difícil saber se a criança tem ou não prurido com menos de um mês de vida. Deve ser um diagnóstico feito por um especialista em um quadro de colestase de difícil diagnóstico. ▪ Colestase por diminuição do fluxo biliar por diminuição de ácidos biliares e provável Ana Clara Aguilar de Almeida – Atenção Integral à Saúde da Criança e do Adolescente I – Nov. 2022 8 hepatotoxicidade dos metabólitos intermediários ▪ Sugere: hepatopatia, colestase, ausência de prurido, ácido biliar sérico dentro da normalidade ▪ Má absorção de gorduras e vitaminas ▪ Confirmação: cromatografia dos ac biliares na urina: redução dos ácidos cólico e quenodeoxicólico e aumento dos ácidos biliares atípicos ▪ Tratamento: administração de ácidos biliares - COLESTASE MULTIFATORIAL OU TRANSITÓRIA: ▪ Comum em RN, pcp, prematuros ▪ Relacionado a imaturidade da sec. biliar, hipóxia/isquemia do fígado no período pré ou pós-natal, doença respiratória neonatal, dieta zero prolongada, NPT ▪ Declínio de Bilirrubinas entre1-2 meses, GGT atinge pico entre 2-3 meses ▪ USG normal - EM RESUMO – COLESTASE: ▪ Urgência Médica Paciente com mais de 2 semanas de vida, ictérico, sempre perguntar pela cor das fezes do paciente, cor da urina. ▪ Estabelecer diagnóstico de afecções cirúrgicas nos primeiros 5 dias ▪ Diagnosticar doenças clínicas passíveis de tratamento ▪ Aconselhamento genético Deve realizar uma bateria de exames iniciais e aquele paciente que caminha para ser erro inato de metabolismo ou doença cirúrgica deve ser encaminhado para especialista. No caso acima: resposta correta letra C Na imagem acima: Resposta correta letra C Ana Clara Aguilar de Almeida – Atenção Integral à Saúde da Criança e do Adolescente I – Nov. 2022 9 No caso acima: Galactosemia No caso acima: Frutosemia Se a mãe é Rh negativo, recém-nascido com Rh positivo e sem doença hemolítica (teste coombs indireto negativo), deve realizar imunoglobulina anti Rh na mãe nas primeiras 72h pós parto. Da mesma forma deve realizar nos casos de gravidez ectópica, abortamento.
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