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RESUMO FADIGA Gabriela Barbosa Turma 74 – Medicina Unimontes ANEMIAS CONCEITUAÇÃO E EPIDEMIOLOGIA ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA QUADRO CLÍNICO DIAGNÓSTICO TRATAMENTO E PROFILAXIA ANEMIAS MEGALOBLÁSTICAS - Grupo de anemias com eritrócitos anormalmente grandes (VCM > 98 fL), devido ao atraso na maturação do núcleo em relação ao citoplasma; - Associada às deficiências vitamínicas de B12 e B9; - Síntese defeituosa de DNA associada às deficiências vitamínicas e às anomalias do metabolismo vitamínico; Vitamina B12/Cobalamina - Fonte de aquisição: alimentos de origem animal; - Absorção: forma o complexo fator intrínseco (FI)-B12 no estômago, sendo endocitado pelas células do íleo ao se ligar a amnioless, com destruição do fator intrínseco e absorção de B12; - Transporte: absorvida no sangue portal, ligando-se a transcobalamina II que a entrega à medula óssea e outros tecidos; **a transcobalamina I liga-se a B12 no plasma mas não a transfere para a medula, sendo funcionalmente morta** - Função Bioquímica: coenzima das reações que formam metionina (resulta na formação do folato ativo) e succinil-CoA; - Causas da Deficiência: anemia perniciosa, dieta com falta de B12 (veganismo ou vegetarianismo estrito), gastrectomia, doenças do intestino delgado, ausência congênita ou anormalidades do fator intrínseco (manifesta aos 2 anos quando o estoque de B12 materno esgota), mutação genética no receptor de fator intrínseco e B12, deficiência de transcobalamina (proteína sérica de transporte de B12), uso prolongado de fármacos; inibidores da bomba de cátions ou metformina - A deficiência da vitamina B12 leva cerca de 2 anos para se desenvolver após o estabelecimento da má absorção de B12 na dieta, com depleção de 1 a 2 µg/dia; - Anemia Perniciosa – agressão autoimune à mucosa gástrica por anticorpos contra células parietais dirigidos contra a H+/K+-ATPase gástrica e por anticorpos que inibem a ligação do fator intrínseco à vitamina B12, gerando parede delgada, com infiltrado de linfócitos e plasmócitos na lâmina própria, metaplasia intestinal, acloridria, aumento da gastrina sérica e ausência total ou parcial da secreção de fator intrínseco; - Muitos pacientes são assintomáticos; Manifestações Gerais - Perda de peso; - Glossite – língua com aspecto de carne bovina crua, ardendo com alimentos ácidos; - Estomatite angular; - Púrpura – deve-se à trombocitopenia; - Esterilidade; - Anomalias morfológicas dos epitélios cervical, bucal e vesical; - Menor atividade osteoblástica; - Maior incidência de doenças cardiovasculares; Alterações Dermatológicas - Icterícia leve – a eritropoese ineficaz da medula gera excesso de catabolismo da hemoglobina; - Hiperpigmentação generalizada – causa incerta, sendo reversível; Alterações Neurológicas Deficiência de B12 - Neuropatia progressiva que afeta os nervos sensoriais periféricos e os cordões posterior e lateral da medula, gerando metilação defeituoda da mielina; - Neuropatia simétrica, predominantemente nos membros inferiores, cursando com formigamento dos pés e dificuldade para deambular; - Neuropatia periférica reversível com o tratamento com B12, mas a recuperação medular é incompleta; Deficiência de Folato - Quando ocorre durante a gestação predispõe defeitos no tubo neural do feto, podendo ocasionar anencefalia, espinha bífida e encefalocele; - A suplementação de ácido fólico na concepção e no início da gestação diminui em 75% a sua incidência; - Sangue Periférico: pancitopenia, anemia, macrocitose, reticulócitos baixos, granulocitopenia, neutrófilos hipersegmentados (núcleo com 6 ou + lobos), plaquetopenia, bilirrubina indireta elevada e desidrogenase láctica (DHL) aumentada; - Medula Óssea: hipercelular, hiperplasia eritroide, eritropoese ineficaz, macroeritroblastos, megaloblastos (falta de maturação, com cromatina frouxa), diseritropoese, metamielócitos gigantes e alterações morfológicas de megacariócitos; - Dosagem de vitamina B12 e de folato demonstra redução da concentração sérica; - Ácido metilmalônico – sua dosagem testa a deficiência de B12; - Homocisteína – sua dosagem testa a deficiência de B12 e de folato; - Pesquisa da Causa da Deficiência de B12 – história dietética, dosagem da gastrina sérica, pesquisa de anticorpos contra fator intrínseco e contra células parietais, endoscopia; - Pesquisa da Causa da Deficiência de Folato – história dietética, testes para má absorção intestinal, anticorpos antitransglutaminase e antiendomísio, biópsia duodenal e doença de base; - Diagnóstico Diferencial: abuso de álcool, hepatopatia, hipotireoidismo, síndromes - Hidroxicobalamina – suplemento de vitamina B12, administrado por via intramuscular, na dose de 1.000µg, com dose inicial de 6 x 1.000 µg, em 2 a 3 semanas, e manutenção de 1.000 µg, a cada 3 meses – usado profilaticamente na gastrectomia total, na ressecção ileal e na cirurgia bariátrica; - Ácido Fólico – suplemento de B9, administrado por via oral, na dose de 5 mg, diariamente por 4 meses ou por toda a vida em anemias hemolíticas hereditárias crônicas – usado profilaticamente na gravidez (400 µg/dia), anemia hemolítica grave, diálise crônica e prematuridade; - Paciente com anemia grave que necessita de tratamento urgente – tratamento com suplementação de B12 e folato simultâneos, após a coleta de sangue, enquanto saem os resultados, pois o ácido fólico se prescrito isoladamente sem excluir a deficiência de B12 pode agravar a anemia e a neuropatia; - Realiza-se tratamento com altas doses diárias para garantir absorção suficiente; - Após 24 a 48h de tratamento o paciente já apresenta melhora com perda do aspecto megalobástico medular e com aumento da hemoglobina em 2 a 3 g/dL a cada 2 semanas; B9 / Folatos - Fonte de aquisição: vegetais, frutas e fígado; - Absorção: o folato é convertido em monoglutamato e diglutamato, que é absorvido no duodeno e no jejuno proximal; - Transporte: nas células são convertidos em folato poliglutamato (THF), que é a forma ativa; - Função Bioquímica: interconversões de aminoácidos e síntese de precursores purínicos de DNA, pois atua como coenzima na reação que sintetiza a timidina; - Causas da Deficiência: dieta pobre em folato, aumento da utilização devido ao turn over excessivo, má absorção de folato, medicamentos anticonvulsivantes e barbitúricos; mielodisplásicas, uso de antimetabólicos, anemia aplástica, gravidez, tabagismo, reticulocitose, mieloma, paraproteinemia; ANEMIA FERROPRIVA - Anemia causada pela deficiência de ferro, que prejudica a síntese da hemoglobina; - 60% da anemia mundial, sendo mais frequente na população de baixa renda; - Maior incidência em crianças menores de 3 anos; - Fonte de aquisição de ferro: fontes vegetais (ferro não heme/inorgânico), carnes e ovos (ferro heme/orgânico) – proporção e absorção variada entre os alimentos; - O organismo só absorve 5 a 10% do ferro presente nos alimentos, perdendo o restante nas fezes; - A maior parte do ferro usado é proveniente do sistema de reciclagem de hemácias, pois os eritrócitos ao serem destruídos pelos macrófagos do sistema reticuloendotelial, apresentam seu ferro liberado da hemoglobina, retornando ao plasma; - Absorção – ocorre no duodeno – (heme) tem regulagem própria, sendo absorvido por um receptor presente na membrana apical do enterócito duodenal e posteriormente digerido para liberação do ferro; (não heme) absorção favorecida por fatores antinutricionais como ácidos e agentes redutores que o mantém na luz do intestino na forma ferrosa (Fe2+), devido à conversão pela ferridutase presente na superfície apical dos enterócitos; - Fatores que favorecem a absorção: ferro heme. Forma ferrosa (Fe2+), acidose (HCl e vitamina C), agentes solubilizantes, redução da hepcidina sérica, eritropoese ineficaz, gestação e hemocromatosehereditária; - Fatores que diminuem a absorção: ferro não heme, forma férrica (Fe3+), antiácidos, secreções pancreáticas, fitatos, fosfatos, chá, - As manifestações são determinadas pelos estágios de depleção e deficiência de ferro, de modo que os sinais clínicos se tornam visíveis após quadro de deficiência já intenso; - Palidez das mucosas e dos leitos ungueais; - Apatia; - Cansaço; - Irritabilidade; - Dispneia aos esforços; - Taquicardia; - Pulso amplo; - Coiloníquia – unhas em colher; - Período Pré-Natal – repercussão deletéria no desenvolvimento de habilidades cognitivas, comportamentais, linguagem e de capacidades motoras; - Infância – cáries dentárias, menor discriminação e identificação de odores, alterações na imunidade não específica, alterações no paladar e apetite (quadros de PICA), resposta alterada ao estresse metabólico, prejuízo do desenvolvimento audiovisual; - Gestação – prematuridade, baixo peso ao nascer, maior mortalidade peri e neonatal; - Baseia-se nos sinais clínicos da deficiência de ferro e nos parâmetros bioquímicos e laboratoriais; - Inclui: hemograma, laboratório de ferro e contagem de reticulócitos; - Hemograma: anemia microcítica e hipocrômica, raras células em alvo e em forma de lápis, anisocitose (células de diferentes tamanhos e formas), reticulócitos em pequena quantidade, leucopenia, plaquetose; - Ferritina Sérica – pequena fração circula no plasma, permitindo estimar a concentração de ferro nos tecidos, de modo que sua diminuição é o 1º estágio da anemia ferropriva; - Ferro Sérico – diminui no 2º estágio da anemia ferropriva; - Capacidade Ferropéxica Total (TIBC) – capacidade total de ligação do ferro; - Mielograma – ausência de ferro depositado nos macrófagos e nos eritroblastos em desenvolvimento, com - Administra-se ferro para corrigir a anemia e repor os depósitos + trata a causa subjacente; - Apenas a readequação alimentar não é suficiente para repor os depósitos de ferro; Suplementação de Ferro - Dose de 3 a 6 mg de ferro elementar/kg/dia; Sais Ferrosos - Ex.: sulfato ferroso e fumarato ferroso; - Compostos de baixo custo e rápida absorção, ingeridos por via oral, longe das refeições (em jejum, 1 hora antes da refeição ou antes de dormir) e mantido por cerca de 6 meses; - A hemoglobina deve subir 2 g/dL a cada 3 semanas, com chegarem por hemograma e reticulócitos após 30 a 45 dias de tratamento; - Efeitos Adversos: náusea, vômito, gosto metálico, pirose, dispepsia, dor abdominal, constipação e diarreia; - Causas da falta de resposta: hemorragia persistente, falta de ingestão das drágeas, diagnóstico errado, deficiência mista (associada de folato ou vitamina B12), outra aumento da hepcidina sérica, diminuição da eritropoese e inflamação; - Transporte – (ferroportina) presente na superfície basolateral dos enterócitos, permite a saída do ferro da célula para o plasma da circulação portal; (ferrioxidase) converte a forma ferrosa (Fe2+) na forma férrica (Fe3+) na superfície basal; (transferrina) molécula que armazena até 2 átomos de ferro Fe2+, transportando-o até os tecidos com receptores, como a medula óssea; - Armazenamento: (ferritina) complexo hidrossolúvel formado pela apoferritina em associação ao ferro (Fe3+) que permite o armazenamento de ferro nas células reticuloendoteliais; (hemossiderina) complexo insolúvel proteína-ferro (Fe3+), derivado da digestão lipossômica parcial de moléculas de ferrtina, que permite o armazenamento de ferro nas células reticuloendoteliais; (mioglobina) ferro nos músculos; **ceruloplasmina – enzima que oxida a forma férrica (Fe3+) em ferrosa (Fe2+) para transporte na transferrina** - A saturação da transferrina e os níveis de armazenamento de ferro nos tecidos são contrabalanceados pela proteína reguladora de ferro (IRP), de modo que o aumento da sobrecarga de ferro aumenta a ferritina tecidual, enquanto a deficiência de ferro diminui a ferritina; **hepcidina – polipeptídeo produzido pelo fígado que regula a homeostasia do ferro ao inibir sua liberação pelas células – sua produção é aumentada nos estados inflamatórios e diminuída na talassemia e na hipóxia** - O ferro participa de todas as fases da síntese proteica e dos sistemas respiratórios, oxidativos e anti-infecciosos do organismo; - A deficiência de ferro prejudica a síntese de hemoglobina; - A anemia decorrente da deficiência de ferro só se desenvolve após a depleção completa dos depósitos reticuloendoteliais de hemossiderina e ferritina; - A quantidade necessária de ferro diária varia com a idade e com o sexo, sendo máxima na - Puérpera – redução da qualidade de vida e aumento dos níveis de depressão pós-parto; eritroblastos pequenos e com falhas no citoplasma -indicado em casos complexos; - Investigação da causa na mulher pré-menopáusica: menorragias e gestações sucessivas; - Investigação de causa na mulher pós-menopáusica e homens: perda gastrointestinal de sangue (endoscopia digestiva alta, colonoscopia, sangue oculto nas fezes), perda de sangue na urina e no tórax, pesquisa de Helicobacter pylori, pesquisa de anticorpos anti- células parietais e anti- transglutaminase, exame parasitológico de fezes; - Diagnósticos diferenciais: talassemia e anemia de doença crônica; causa de anemia, má absorção e uso de preparações de liberação lenta; Compostos Férricos Injetáveis - Ex.: Ferrodextran, Carbocimaltose Férrica, Hidroxo-Sucrose Férrica, Ferumoxitol; - Administrados por via parenteral, lentamente, com dose calculada conforme o peso e o grau de anemia; - Refaz os depósitos de ferro mais rapidamente, porém a resposta hematológica ao ferro é semelhante ao tratamento oral; - Indicações: sangramento gastrointestinal, menorragia severa, hemodiálise crônica sob terapia com eritropoietina, necessidade de reposição de ferro por perdas sanguíneas, anemia grave após ineficácia do ferro oral, doenças inflamatórias intestinais, quimioterapia, diálise, cirurgias gástricas com acometimento do intestino delgado; - Efeitos Adversos: hipersensibilidade e anafilaxia; Profilaxia - A suplementação profilática de recém-nascidos é comprovadamente eficiente em elevar a concentração da hemoglobina e estoques de ferro, contribuindo para a redução do risco de anemia; - Lactentes em aleitamento materno exclusivo, sem fatores de risco - suplementação medicamentosa profilática a partir dos 180 dias de vida, até o final do segundo ano, com 1 mg de ferro elementar/kg/dia; - Lactentes com fatores de risco - suplementação medicamentosa profilática a partir dos 90 dias, até o final do segundo ano, com 1 mg de ferro elementar/kg/dia, gestação, lactação e menstruação – grupos mais suscetíveis a desenvolver anemia; Etiologia Fatores de Risco - Baixa Reserva Materna: múltiplas gestações em curto intervalo de tempo, dieta materna deficiente em ferro, perdas sanguíneas, não suplementação de ferro na gravidez e lactação; - Aumento da Demanda Metabólica: prematuridade e baixo peso ao nascer, lactentes em crescimento rápido, grande perda menstrual, atletas de competição; - Diminuição do Fornecimento: clampeamento precoce do cordão umbilical, aleitamento materno exclusivo prolongado, alimentação complementar com alimentos pobres em ferro, consumo de leite de vaca antes de 1 ano, consumo de fórmula infantil com baixo teor de ferro, dietas vegetarianas sem orientação nutricional, ausência ou baixa adesão à suplementação profilática com ferro; - Perda Sanguínea: traumática ou cirúrgica, hemorragia gastrointestinal, hemorragias, discrasias sanguíneas e malária; - Má Absorção do Ferro: síndrome de má- absorção, gastrite atrófica, cirurgia gástrica e redução da acidez gástrica; independentemente do tipo de alimentação; - Lactentes prematuros (< 37 semanas) com peso > 1.500g ou recém-nascido a termo com peso < 2.500g - suplementação medicamentosaprofilática a partir dos 30 dias, com 2 mg de ferro elementar/kg/dia, por um ano e após com 1 mg de ferro elementar/kg/dia, por mais um ano; - Recém-nascido prematuro com peso entre 1.500 e 1.000g - suplementação medicamentosa profilática a partir dos 30 dias, com 3 mg de ferro elementar/kg/dia, por um ano e após com 1 mg de ferro elementar/kg/dia, por mais um ano; - Recém-nascido prematuro com peso < 1.000g - suplementação medicamentosa profilática a partir dos 30 dias, com 4 mg de ferro elementar/kg/dia, por um ano e após com 1 mg de ferro elementar/kg/dia, por mais um ano; - Contraindicação do uso de leite de vaca in natura, não processado, em pó ou fluido antes dos 12 meses e limitação do consumo de 500 ml/dia após 12 meses; - Acompanhamento nutricional especializado para pessoas que optaram por regimes de alimentação restritos para o uso de carnes e de alimentos fonte de ferro hemínico, buscando garantir o consumo adequado de ferro e ou suplementação profilática sempre que necessário; - Medidas secundárias de profilaxia: controle de doenças infecciosas e parasitárias, ampliação da rede de saneamento básico e higiene pessoal, acesso a água tratada, prevenção da gravidez na adolescência, planejamento familiar, estímulo ao acompanhamento nutricional no pré-natal precoce, acesso a cuidados perinatais e pós-natal (clampeamento adequado do cordão umbilical, prevenção de hemorragia pós-parto e intervalo inter-gestacional maior que 18 meses); ESFEROCITOSE HEREDITÁRIA (ESH) - Anemia hemolítica secundária caracterizada por defeitos na membrana, gerando eritrócitos em forma de esfera; - Herança autossômica dominante (75%), com expressão variável, podendo raramente ser autossômica recessiva (25%); - Ocorre em 1 a cada 2.000/5.000 nascimentos; - O defeito celular primário é a perda da área de superfície da membrana em relação ao volume intracelular, devido aos defeitos nas proteínas do citoesqueleto eritrocitário, formando-se esferócitos; - Anormalidades bioquímicas que podem estar presentes: (1) deficiência isolada de espectrina; (2) deficiência combinada de espectrina e anquirina; (3) deficiência de banda 3; (4) deficiência de proteína 4.2; - O grau de deficiência da espectrina é proporcional ao aumento da fragilidade osmótica e à instabilidade da dupla camada lipídica; - A medula óssea produz eritrócitos de forma bicôncava normal, mas à medida que esses circulam pelo sistema reticulo endotelial, acabam perdendo porções de membrana, por liberação de partes da bicamada lipídica que não estão adequadamente sustentadas pelo esqueleto, ficando mais esféricos; - Os esferócitos apresentam redução da área de superfície em relação ao volume, com consequente redução da deformabilidade e predisposição ao aprisionamento esplênico; - Os esferócitos são incapazes de passar pela circulação esplênica, sendo fagocitados pelos macrófagos e morrendo de forma prematura (antes dos 120 dias de vida); - Fatores que corrigem a instabilidade intrínseca da membrana das hemácias: condições ótimas de pH e níveis altos de ATP; - Manifesta-se em qualquer idade; - Quadro heterogêneo, podendo ser assintomático ou grave; - Traço – portadores assintomáticos, com discretas alterações laboratoriais, aumento da fragilidade osmótica das hemácias, leve reticulocitose e diminuição dos níveis de haptoglobina; - Típioa – forma leve a moderada, que ocorre mais frequentemente – cursa com hemólise compensada, sendo diagnosticada na vida aguda devido aos sinais de esplenomegalia, colelitíase, icterícia e evidência laboratorial mínima de destruição acelerada das hemácias; - Grave – ocorre em menos de 10% dos casos; - Caráter Dominante – apresenta evolução clínica favorável, respondendo bem à esplenectomia; - Caráter Recessivo – evolui com quadro típico; - Icterícia – ocorre de forma flutuante, podendo ser acentuada quando houver defeito genético da conjugação hepática da bilirrubina (síndrome de Gilbert) concomitante; - A maioria dos pacientes apresenta esplenomegalia; - Frequentemente desenvolvem cálculos vesiculares de pigmento; - A anemia pode ser intensificada de forma súbita pelas crises aplásticas precipitadas por parvovírus; - Hemograma: anemia, reticulocitose (5 a 20%), hemoglobina corpuscular média superior a 36%; - Distensão Sanguínea: microesferócitos, densamente corados com diâmetro menor que dos esferócitos normais – 70%; - Teste de Fragilidade Osmótica – principal teste diagnóstico, baseando-se no fato que a diminuição da relação superfície/volume da forma esférica a garante maior fragilidade; - Teste de Coombs Direto – exame mandatório, que exclui uma causa autoimune de esferocitose e hemólise; - Outras opções: investigação da deficiência de proteínas de membrana e de polimorfismos gênicos; - Diagnósticos Diferenciais: anemias hemolíticas imunes, lesão oxidante aguda, exposição tóxica a agentes oxidantes, lesão térmica, hipofosfatemia e septicemia por Clostridium; - Ácido Fólico – 1 mg/dia – indicado para todos os pacientes, pois previne a anemia megaloblástica, a trombose devido ao acúmulo de homocisteína e a malformação do tubo neural em fetos de gestantes com carência; - Colecistectomia – realizada simultaneamente à esplenectomia se houver litíase com expressão clínica; Esplenectomia - Normaliza a hemoglobina, elimina a anemia e reduz a contagem de reticulócitos para valores próximos ao normal, apesar da permanência dos esferócitos; - Indicação: doença de membrana grave, anemia, litíase biliar, úlceras de perna, retardo de crescimento, hematopoese extramedular; - Contraindicação: estomatocitoses hereditárias; - Complicações: septicemia, infecção, sangramento, doença cardíaca isquêmica, AVE, IAM, pancreatite, plaquetose e tromboembolismo; - Deve ser adiada até os 5 anos de idade, devido ao risco de sepse pós- esplenectomia e colelitíase; - Deve ser antecedida, em pelo menos 8 semanas, por vacina antipneumocócica polivalente e anti-H-influenzae; - Conduta após realização: emprega-se antibioticoterapia - 50% dos neonatos apresentam icterícia, necessitando de fototerapia ou exsanguineotransfusão; profilática com penicilina via oral duas vezes ao dia ou com penicilina benzatina intramuscular a cada 3 semanas, por pelo menos 2 anos; - Falha do Procedimento – presença de baço acessório (15 a 40% dos pacientes) ou associação com outro defeito hereditário do glóbulo vermelho; DEFICIÊNCIA DE GLICOSE-6- FOSFATO- DESIDROGENASE (G6PD) - Herança ligada ao sexo, carreada por mulheres e acometendo homens; - Gera vantagem na resistência ao P. falciparum (malária); - O grau de deficiência varia conforme a etnia, sendo que as formas mais graves acometem as raças brancas; - A G6PD reduz o NADP em NADPH nos eritrócitos, que é necessário para a produção de glutationa; - A deficiência de G6PD torna os eritrócitos suscetíveis ao estresse oxidante; - Geralmente é assintomática; - Pode evoluir com anemia hemolítica aguda em resposta ao estresse oxidante, causado por fármacos, infecções ou por ingestão de favas – ocorre hemólise intravascular rapidamente progressiva com hemoglobinúria – é autolimitada, pois os eritrócitos novos são formados com níveis enzimáticos quase normais; - Icterícia neonatal – deve-se ao comprometimento da função normal do fígado neonatal pela deficiência de G6PD – pode ser necessário fototerapia e exsanguineotransfusão; - Hemograma – normal entre as crises; - Distensão Sanguínea (durante a crise) – células contraídas e fragmentadas, mordidas e vesiculadas, devido à remoção dos corpúsculos de Heinz (hemoglobina oxidada desnaturada) pelo baço; - Dosagem da G6PD – após a fase aguda apresenta baixa atividade, mas quando dosada na fase aguda da hemólise com grande resposta reticulocítica pode fornecer falso nível normal, devido ao nível maisalto de G6PD nos eritrócitos jovens; - Detectada pelos exames de triagem ou pela dosagem direta da enzima nos eritrócitos; - Suspende o fármaco que desencadeou a fase aguda; - Trata-se a infecção subjacente; - Mantém o débito urinário alto; - Transfusão de glóbulos – indicada conforme a gravidade da anemia; SÍNDROMES FALCÊMICAS - Grupo de defeitos na estrutura da hemoglobina, devido à herança da mutação no gene da beta-globina, que sofreu substituição do ácido glutâmico pela valina na posição 6 da cadeia da beta-globina, criando o gene BetaS; - A codominância entre os diferentes alelos do gene da beta-globina - A troca do ácido glutâmico pela valina gera perda da eletronegatividade e ganho de hidrofobicidade da hemoglobina, gerando tendência à autoagregação, com a consequente formação de polímeros de hemoglobina S no interior do citoplasma; - Os polímeros alteram o formato da célula (afoiçamento), prejudicam sua deformabilidade e impedem a liberação do oxigênio; - Situações que exacerbam o afoiçamento das hemácias: hipóxia, acidose, desidratação celular; - Células irreversivelmente falcizadas – lesão irreversível da membrana, de modo que a hemácia não consiga sair do formado afoiçado, devido à repetição da hipóxia, acidose e da desidratação celular – consequências: redução - Os sintomas da anemia são leves pois a HbS libera oxigênio para os tecidos com maior facilidade; - O quadro clínico é variável, sendo marcado por crises vaso-oclusivas, aplásticas, hemolíticas e de sequestro; Crises Vaso-Oclusivas/Álgicas - Oclusão microvascular secundária à falcização das hemácias, que causa isquemia dos tecidos e reposta inflamatória aguda; - São crises autolimitadas (perduram por cerca de 1 semanas), que apresentam frequência e gravidade variada, sendo mais comum entre a 3ª e a 4ª década de vida, sendo - Hemograma – anemia (hemoglobina de 6 a 9 g/dL), presença de eritrócitos falciformes (drepanócitos), células em alvo e corpos de Howell-Jolly; - Eletroforese de Hemoglobina – Hb F em 5 a 15% e não detecta HbA; - Rastreia-se a deformação falciforme dos eritrócitos nos exames de triagem dos recém- nascidos; - Ácido Fólico – 5 mg, 1 vez por semana; - Vacinação – contra pneumococo, Haemophilus, meningococo e hepatite B; - Penicilina – penicilina via oral duas vezes ao dia ou com penicilina benzatina intramuscular a cada 3 semanas, até pelo menos 5 anos – dminui a frequência de infecções; - Evita-se fatores desencadeantes de crises; - Hemotransfusão – indicação: anemia grave e sintomática, AVE, IAM, crise de sequestro visceral, 3 episódios graves de síndrome vaso- oclusiva em 1 ano, resultados determina fenótipos clínicos distintos, sendo esses: anemia de células falciformes (homozigose HbSS), hemoglobinopatia SC e HbS/Beta- talassemia; - O gene BetaS gera afoiçamento dos eritrócitos, que podem ocluir diferentes regiões da microcirculação; - A heterozigose (traço falcêmico) gera vantagem na resistência ao P. falciparum (malária) – quando o Plasmodoium invade a hemácia, a HbS da célula se desnatura rapidamente, gerando modificação antigênica da membrana plasmática e agregação da proteína banda 3, que é opsonizada pelos autoanticorpos anti- banda 3, de modo a aumentar a taxa de eritrofagocitose pelo baço- o rápido clearence dessas células impede o surgimento de altos níveis de parasitemia, permitindo que o sistema imune da meia-vida da hemácia, inflamação e obstrução vascular; - A HbS é uma molécula instável, que tende a sofrer oxidação com mais facilidade quando em contato com os fosfolipídios da membrana celular, formando moléculas desnaturadas de globina, ferro e fosfolipídios, que permanecem ancoradas na face interna da membrana; - Ocorre estresse oxidativo intracelular até nas hemácias bem oxigenadas e não afoiçadas, sendo que as moléculas desnaturadas geram a catalização da síntese de espécies reativas de oxigênio (radicais livres), que agridem as células; - Ocorre a peroxidação de lipídeos e a oxidação de múltiplas proteínas estruturais, causando o rompimento das interações do citoesqueleto, com formação de microvesículas superficiais, que se destacam para a corrente circulatória – as microvesículas iniciam a lesão endotelial; - A peroxidação de lipídeos aumenta a permeabilidade da membrana aos cátions, facilitada nas hemácias afoiçadas, gerando desidratação celular, que facilita o afoiçamento das hemácias – gera um ciclo; - A célula pode se tornar frágil a ponto de ocorrer lise osmótica ou mecânica no compartimento intravascular (hemólise intravascular) – anemia hemolítica; - Surgem modificações antigênicas na membrana que estimulam autoanticorpos anti- banda 3 a opsonizar a superfície da hemácia, aumentando a eritrofagocitose no sistema reticuloendotelial (hemólise extravascular); - A fosfatidilserina (FS) é uma molécula presente na membrana celular com propriedades adesiogênicas e pró-inflamatórias, que conforme a ação da enzima translocase é regulada para dentro ou para fora da célula, porém o estresse oxidativo desregula a translocase, tornando-a mais externalizada e assim causando lesão endotelial difusa e estímulo à resposta inflamatória; - As hemácias falcêmicas que sofrem hemólise intravascular liberam a hemoglobina S, as moléculas desnaturadas para o sangue, gerando efeito tóxico indireto ao estimular as precipitadas por infecção, acidose, desidratação, desoxigenação, tensão emocional, menstruação e libação alcoólica; - Acometem principalmente ossos longos, articulações, região lombar, couro cabeludo, face, tórax e pelve; - Síndrome mão-pé – dactilite dolorosa devido ao infarto dos pequenos ossos, manifestando-se com dor e inchaço das mãos e pés – 1ª apresentação da doença, ocorrendo entre 5 meses a 2 anos de idade; - A ocorrência de mais de 3 episódios graves em um ano caracteriza a doença falciforme com evolução clínica grave; - Tratamento – alívio imediato da dor com AINEs ou oipoides, hidratação via oral (60 ml/kg/dia) e correção do fator desencadeante – quando grave exige tratamento hospitalar com analgésico parenteral por mais de 4 horas; Crises Aplásticas - Queda súbita da hemoglobina e da contagem de reticulócitos; - Possíveis desencadeantes: infecção por parvovírus B19, infecção por Streptococcus pneumoniae, infecção por salmonela, infecção por vírus Epstein-Barr, necrose medular óssea extensa, uso iatrogênico de tensões supramáximas de oxigênio inalatório por 2 dias (suprime temporariamente a produção de eritropoietina, retornando ao normal em 5 a 10 dias) e deficiência de folato; - Cursa com febre, dor óssea, reticulocitopenia e reação leucoeritroblástica; - Tratamento – repouso, aquecimento, antibióticos em caso de infecção, analgesia, hemotransfusão e quelante de ferro; Crises Hemolíticas anormais ao doppler transcraniano, gravidez com história de problemas obstétricos prévios ou crises frequentes – objetivo: reduzir a porcentagem de HbS para 30% ou menos, devendo ser mantido até 2 anos em caso de AVE prévio; - Tratamento quelante – desferoxamina/desferol – indicação: sobrecarga de ferro; - Hidroxicarbamida / Hydrea – aumenta os níveis de HbF – indicação: doença grave ou moderada – contraindicação: gestação; - Transplante de células tronco – indicação: casos graves, com qualidade e/ou expectativa de vida prejudicadas, em menores de 16 anos; realize o controle da infecção; **os homozigóticos (anemia falciforme) apresentam maior chance de morrer quando infectados pelo Plasmodium, pois apesar da mesma modificação antigênica na membrana a perda da função do baço (asplenia) inviabiliza o rápido clearence das células parasitada, agravando a anemia crônica e a malária aguda** - As hemoglobinopatias Hb S são mais frequentes na raça negra; células da imunidade inata a produzirem citocinas pró-inflamatórias,que geram inflamação sistêmica crônica e consequente disfunção endotelial; - O endotélio é difusamente acometido, fazendo com que suas células adquiram fenótipo ativado, com exposição de fatores adesiogênicos na superfície – os vasos de maior calibre apresenta processo de hiperplasia e fibrose nas suas paredes, gerando obstrução progressiva do lúmen; - A inflamação sistêmica crônica depleta o óxido nítrico que tinha propriedade antitrombótica, gerando hipercoagulabilidade, que facilita o surgimento de tromboses; - A vasculopatia macroscópica deve-se a lesão crônica da parede vascular em associação à hipercoagulabilidade; - O fenômeno de vaso-oclusão capilar das crises falcêmicas agudas é explicado pela exposição de fatores adesiogênicos pelas células endoteliais e pelo afoiçamento das hemácias; - Etapas da Vaso-Oclusão Capilar: (1) adesão das hemácias ao endotélio previamente ativado pela resposta inflamatória sistêmica, lentificando o fluxo sanguíneo local; (2) impactação e empilhamento das hemácias afoiçadas e posteriormente das não afoiçadas; (3) estase sanguínea, gerando hipóxia e acidose, com consequente isquemia tecidual e necrose dos órgãos envolvidos; **além do estímulo inflamatório crônico promovido pela hemólise intravascular constante, a adesão das hemácias ao endotélio pode ser afetada por fatores que estimulam diretamente a resposta inflamatória, como as infecções, a desidratação, a exposição ao frio, o estresse emocional, entre outros** - Aumento do ritmo de hemólise, com queda da hemoglobina e aumento da reticulocitose; - Fatores desencadeantes: infecção por Mycoplasma, deficiência de G6PD, esferocitose hereditária associada à anemia falciforme e reação hemolítica tardia (desenvolvimento de aloanticorpos contra antígenos de grupos sanguíneos menores, que ocorre em pacientes aloimunizados após 4 a 10 dias hemotransfusão); - Cursa com crises dolorosas, agravamento da anemia e acentuação da icterícia; - Deve-se realizar diagnóstico diferencial com colelitíase, hepatite e falcização com colestase intra- hepática; Crises de Sequestro Esplênico - A deformação falciforme dos eritrócitos gera obstrução aguda da rede de drenagem microvenular do baço, gerando retenção de sangue em seu interior, de modo a gerar queda súbita dos níveis de hemoglobina, aumento da reticulositose, plaquetopenia e sinais de hipovolemia; - Podem ser desencadeadas por infecções; - O baço é o órgão mais frequentemente acometido, ocorrendo nos primeiros anos de vida (<5 anos – após esse período a maioria dos pacientes já sofreu autoesplenectomia pelos múltiplos infartos teciduais, que o torna atrófico e fibrosado); - Cursa com esplenomegalia rápida e dor abdominal; - Tratamento: reposição volêmica e hemotransfusão – em caso de síndromes recidivantes sugere-se a esplenectomia; Síndrome Falcêmica Torácica Aguda - Sequestro na circulação venocapilar pulmonar; - Cursa com hemorragia alveolar com hemoptise, insuficiência respiratória, dispneia, queda da PO2, dor toráxica e infiltrados pulmonares ao RX; - Tratamento – analgesia, oxigênio, exsanguineotransfusão e suporte ventilatório; Outras Complicações - Infecções frequentes devido ao hipoesplenismo, como a osteomielite por Salmonella spp; - Retinopatia proliferativa; - Priapismo; - Cálculos vesiculares de bilirrubina; - Acidente vascular encefálico, devido à estenose arterial; - Úlceras nas extremidades das pernas, devido à estase vascular e isquemia local; - Hipertensão pulmonar; - Aumento da velocidade da regurgitação tricúspide; - Infartos da medula renal com necrose papilar – gera insuficiência da capacidade de concentrar urina e hematúria; - Enurese noturna; BETATALASSEMIA MAIOR ANEMIA DE COOLEY - Anemia hemolítica hereditária, dependente de transfusão; - Acomete principalmente a população mediterrânea; - Herança de duas mutações pontuais diferentes dentro do complexo do próprio gene ou nas regiões promotoras ou amplificadoras da síntese de beta-globina; - Não ocorre síntese da cadeia Beta ou ocorre síntese em quantidade insuficiente; - O excesso de cadeias alfa precipita nos eritroblastos e nos eritrócitos maduros, causando eritropoese ineficaz e intensa hemólise; - A produção de cadeias gama atenua a doença ao “limpar” o excesso de cadeias gama; - Anemia Grave – manifesta-se 3 a 6 meses após o nascimento, quando ocorre a mudança da produção da cadeia gama (Hb F) para a cadeia beta (Hb A) – gera: palidez progressiva, abdômen inchado e atraso no desenvolvimento; - Hepatoesplenomegalia – aumento do baço e do fígado devido à destruição excessiva dos heritrócitos, à hematopoese extracelular e à sobrecarga de ferro; - Expansão dos Ossos – ocorre devido à intensa hiperplasia eritroide da medula óssea, gerando adelgaçamento do córtex de muitos ossos – consequências: fácies talassêmicas, predisposição a - Hemograma – anemia grave hemoglobina (6 a 9 g/dL), microcítica e hipocrômica, elevada reticulocitose; - Distensão Sanguínea – anemia microcítica e hipocrômica, contagem elevada de reticulócitos, eritroblastos, células-alvo e pontilhado basófilo; - Cromatografia Líquida de Alta Resolução (HPLC) – ausência ou diminuição de Hb A, HbF em grandes proporções e Hb A2 em quantidade normal, baixa ou levemente aumentada; - Transfusão Sanguínea – realiza-se transfusão de 2 a 3 unidades de hemocomponente desleucocitado, a cada 4 a 6 semana – objetivo: manter a hemoglobina > 10 g/dL; - Quelante de Ferro - desferoxamina/desferol – essencial; - Ácido fólico – suplementação de 5 mg/dia; - Esplenectomia – diminui as necessidades de sangue – deve ser adiada até os 6 anos, buscando reduzir o risco de infecções graves após a esplenectomia; - Vacinação – contra pneumococo, Haemophilus, meningococo e hepatite B; fraturas, formação de bossas cranianas (aspecto radiológico de fios de escova); - Sobrecarga Transfusional de Ferro – realiza-se transfusões desde o 1º ano de vida, porém o baixo nível de hepcidina, faz com que a absorção de ferro seja aumentada, gerando retardo no crescimento, dano cardíaco e dano hepático, quando não se emprega quelante de ferro; - Infecções – fatores que a predispõe: anemia, esplenectomia, sobrecarga de ferro, contaminação pelas transfusões – principal causa de mortalidade; - Osteoporose; - Carcinoma hepatocelular – risco maior em pacientes com sobrecarga de ferro e hepatite B ou C crônica, devendo-se realizar a cada 6 meses ultrassonografia e dosagem de alfa- fetoproteína; - Transplante de Células Tronco Alogênicas – perspectiva de cura permanente, com índice de sucesso de 80%; BETATALASSEMIA INTERMEDIÁRIA - Talassemia que não necessita de hemotransfusão regular; - Síndrome clínica que pode ser causada pela beta-talassemia homozigótica com produção de mais Hb F que o normal ou pelo traço beta- talassêmico, com leves anomalias na globina; - Deformidades ósseas; - Hepatomegalia; - Esplenomegalia; - Eritropoese extramedular; - Úlceras de perna; - Litíase vesicular; - Osteoporose; - Tromboses venosas; - Sobrecarga de ferro – aumento da absorção e transfusão de ferro – ocorre na gestação e em infecções; - Hemograma – anemia moderada (hemoglobina 7 a 10 g/dL) - Quelante de ferro – indicado em caso de ferritina > 800 µg/mL ou ferro hepático > 5 mg/g; - Esplenectomia – evita transfusões; BETATALASSEMIA MENOR - Condição comum; - Hereditária; - Em sua maioria assintomática; - Hemograma – anemia leve (hemoglobina de 10 a 12 g/dL), microcítica (VCM baixo) e hipocrômica (HCM baixo), com contagem de eritrócitos alta (> 5,5 x 106/µL); - Aumento da Hb A2 > 3,5%; ALFATALASSEMIAS - Deleções ou mutações dos 4 genes alfa- globínicos; - Sua gravidade depende do número de genes que faltam ou que estão inativos; - Hidropsia Fetal – morte in útero devido à perda dos 4 genes da alfa- globina, suprimindopor completo a síntese da cadeia alfa, que é essencial - Detecção da hemoglobina H (beta 4) – eletroforese ou em preparações de reticulócitos; - Alfatalessemia menor – análise do DNA para diagnóstico; para a formação das hemoglobinas, tornando incompatível com a vida; - Doença da Hemoglobina H – perda de 3 genes da alfa-globina - anemia moderadamente grave (hemoglobina de 7 a 11 g/dL), microcítica e hipocrômica, com esplenomegalia, sem sobrecarga de ferro ou hematopoese extramedular; - Alfatalassemia Menor – perda de um ou dois genes – não causa anemia, mas associa-se com microcitose e hipocromia; - Alfatalassemia Não Delecional – mutações pontuais nos genes alfa- globínicos que produzem disfunção ou que afetam a terminação da tradução, resultando em cadeia alongada e instável; ANEMIAS HEMOLÍTICAS AUTOIMUNES (AHAIs) - Produção de anticorpos contra os eritrócitos do próprio organismo; - Classificadas em quente (37°C) ou frio (4°C), conforme o ótimo térmico para reação dos anticorpos com os eritrócitos; - Ocorre em qualquer idade, em ambos os sexos; Quentes - Os eritrócitos são cobertos por imunoglobulina G (Ig G) isolada ou com complemento; - São ingeridos por macrófagos do sistema reticulo endotelial (RE), que apresentam receptores para o fragmento Fc da Ig; - Parte da membrana revestida por anticorpo é perdida, fazendo com que a célula se torne progressivamente mais esférica para manter o mesmo volume, de modo a ser prematuramente destruída pelo baço; Frios - Autoanticorpo IgM se liga aos eritrócitos na circulação periférica (local de temperatura mais baixa); **ligam-se melhor aos eritrócitos a 4°C** - Anticorpo monoclonal – síndrome idiopática de crioaglutininas e distúrbios linfoproliferativos; - Anticorpo policlonal transiente – após infecção; - Pode causar hemólise extra e intravascular; - São eficientes na fixação de complemento; - Doença de Crioaglutinina Primária – anemia hemolítica crônica agravada pelo frio, associada à hemólise intravascular – cursa com icterícia Quentes - Apresenta gravidade variável; - Baço aumentado; - Doença tende a regredir e a recidivar; - Pode se associar à púrpura trombocitopênica idiopática, compondo a síndrome de Ecans; Frios - - Teste Direto de Antiglobulina / Teste de Coombs – positivo; Quentes - Achados indicam hemólise extravascular; - Distensão Sanguínea – esferocitose e policromatocitose; Frios - Quentes - Elimina a possível causa subjacente; - Corticosteroides – o tratamento de 1ª linha é prednisolona 1 mg/kg/dia – boa resposta quando predominam IgG nos eritrócitos, enquanto os com complemento respondem mal; - Anticorpo Monoclonal – rituximabe (anti-CD20) provoca remissões prolongadas; - Imunossupressão – alentuzumabe azatioprina, ciclofosfamida, ciclosporina - empregada se falha dos corticosteroides e anticorpo monoclonal, antes da esplenectomia; - Esplenectomia – indicação: casos que não respondem bem ou não mantêm o nível satisfatório de hemoglobina com doses baixas de esteroides ou rituximabe; - Ácido Fólico – indicado em casos de hemólise grave; - Transfusão de sangue – indicada em caso de anemia grave com sintomatologia; leve, esplenomegalia, acrocianose – pode se transformar em um linfoma agressivo; - Hemoglobinúria Paroxística ao Frio – síndrome de hemólise intravascular aguda após exposição ao frio, causada por anticorpo IgG que se liga ao eritrócito em baixa temperatura, provocando lise com complemento em temperatura mais baixa – autolimitada e predisposta por infecções virais; Frios - Doença da Crioaglutinina Primária – mantém o paciente aquecido + agentes alquilantes (clorambucil e nucleosídios) + anti-CD20 (rituximabe) – esplenectomia apenas se grande esplenomegalia; HEMORRAGIA DIGESTIVA CONCEITUAÇÃO E EPIDEMIOLOGIA ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA QUADRO CLÍNICO DIAGNÓSTICO TRATAMENTO HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA (HDA) - Sangramento visível de aparecimento recente, com menos de 3 dias de duração; - Proveniente do trato gastrointestinal superior (esôfago, estômago ou duodeno), anteriormente ao ligamento de Treitz; - 5 vezes mais frequente que a baixa; - Acomete principalmente homens, idosos e portadores de doenças crônicas; - Mortalidade de 10%; Não Varicosas - Úlcera Péptica Gastroduodenal- 40 a 70% dos casos, com mortalidade de 10%- fatores predisponentes: acidez gástrica, H. pylori e AINEs – fatores que determinam ressangramento mais intenso: úlceras de maior diâmetro e mais profundas, coagulopatias e comorbidades; - Gastropatia Hemorrágica e Erosiva – hemorragia subepitelial e erosões restritas à mucosa, sem sangramento volumoso, cessando espontaneamente em 80% dos casos – inclui: lesão de estresse em pacientes críticos, queimados, pós- operatório; - Lesão de Mallory-Weis – laceração longitudinal ou elíptica na junção esofagogástrica, relacionada aos esforços de vômitos ou tosse – fator predisponente: ingestão excessiva de álcool gerando vômitos acentuados; - Fístula Aortoentérica – comunicação direta entre a aorta e o trato digestivo, devido à aneurisma, aortite sifílica ou tuberculosa, pós-enxerto aórtico, úlcera penetrante, invasão tumoral, traumatismo abdominal e radioterapia -localiza-se no duodeno distal ou jejuno, gerando hemorragia maciça com mortalidade elevada; - Lesão de Dielafoy – artéria submucosa anormal calibrosa exposta na superfície mucosa da parte alta da pequena curvatura do estômago – tompe-se sem formação de - Hematêmese – vômito sanguinolento, de cor vermelho vivo – é precedido de náuseas e é acompanhado de suco gástrico e/ou de alimentos; - Melena – fezes com sangue digerido (degradado no intestino), com cor quase negra, mau cheirosas e pastosas; **pode apresentar hematoquezia em caso de trânsito intestinal rápido** - Gera instabilidade dos sinais vitais, podendo cursar com pré-síncope, dispneia, angina ou choque; - Causa anemia; - Anamnese – forma de exteriorização do sangue, aparência do sangue, duração do evento, investiga dor abdominal, náusea, vômito, mudança do hábito intestinal, anorexia, perda de peso, uso prévio de medicamentos que lesam a mucosa ou que alteram o estado de coagulação, etilismo, cirurgia prévia, doenças prévias, história de hemorragia anterior, cirurgia prévia; - Exame Físico – pulsos, PA, FC, mucosas, sudoerese, palpação de linfonodos, exame do aparelho gastrointestinal (dor, aumento de vísceras, ruídos hidroaéreos aumentados, sinais de hepatopatia crônica); - Sinais de hipovolemia: taquicardia, hipotensão e hipotensão postural; - Classificação do volume de perda sanguínea: (maciça) perda > 2.000mL ou >40% da volemia, com PAS < 90 mmHg e FC > 100bpm; (moderada) perda < 1.500mL ou entre 20 e 40%, PAS > 90 mmHg e FC < 100bpm; (discreta) perda < 1.000mL ou < 20% da volemia; - Colhe-se amostra de sangue para tipagem, hemograma, coagulograma, ureia, creatinina e eletrólitos; - Hemograma – anemia, neutrofilia e trombocitose – a concentração da hemoglobina e o hematócrito apresenta importância no controle - ABC – (A/Vias Aéreas) intubação se vômitos acentuados ou estado mental alterado; (B/Respiração) movimentos respiratórios cianose e saturação; (C/Circulação) PA, FC, tempo de enchimento capilar, débito urinário e sinais de hiperfusão dos órgãos; - Reposição líquida – 2 cateteres calibrosos para infusão rápida de cristaloide; - Suplementação de oxigênio; - UTI – indicação: idoso, hemodinamicamente instável ou portador de comorbidade grave; - Hemotransfusão – indicação: sinais vitais intáveis, sangramento contínuo ousintomas de baixa oxigenação tecidual – objetivo: manter hematócrito > 30% em idosos e portadores de comorbidades e >20 a 25% em jovens saudáveis; - Suplementação de ferro – quando não for mais necessária a hemotransfusão; - O tratamento específico depende da etiologia; - Paciente comsinais preditivos de ressangramento devem ser hospitalizados, enquanto os sem risco imediato de recorrência podem continuar o acompanhamento em casa; Etiologia Não Varicosa - Terapia Endoscópica – indicação: sinais preditivos de recorrência do sangramento ou mau prognóstico - sempre indicada nas horas inicias ao sangramento – emprega-se métodos mecânicos (ligadura elástica e hemoclipes), métodos térmicos (eletrocoagulação) e agentes hemostáticos (adrenalina, álcool úlcera local, gerando hemorragia maciça e recorrente; - Ectasia Vascular Gástrica Antral – estômago em melancia, com pontos avermelhados formando faixas do piloro ao antro – pode ser idiopática ou associada à cirrose e à esclerose sistêmica; - Tumores Gastrointestinais – a hemorragia é o estágio final dos tumores malignos, pois neste o tumor reduz seus suprimentos sanguíneos e gera ulceração da mucosa; - Hemobilia – hemorragia do trato hepatobiliar – ocorre em caso de traumatismo do parênquima hepático ou do trato biliar, colecistetomia, colelitíase ou colecistite, tumor hepático ou do ducto biliar, aneurisma da artéria hepática e abscesso hepático; - Hemoscuccus Pancreaticus – sangramento do ducto pancreático, causado pela comunicação entre o vaso e o ducto pancreático – ocorre em caso de pancreatite crônica, pseudocisto e tumor de pâncreas; Varicosas - Ocorre na pressão portal > 10 mmHg – as varizes aumentam de diâmetro conforme o aumento da pressão portal, rompendo-se quando o aumento da pressão hidrostática no interior do vaso aumenta a tensão da parede da variz; - Incidência de 25 a 35% na cirrose; - Classificação de Palmer e Brick: (grau I) calibre fino < 3 mm; (II) calibre médio, entre 3 e 5 mm; (III) calibre grosso, > 6 mm, com tortuosidade; (IV) > 6 mm, com tortuosidade, sinais da cor vermelha e manchas hemocísticas; - Classificação de Sarin: (gastroesofágica – GOV) 1 estende-se para a pequena curvatura e 2 estende-se para o fundo gástrico; (gástrica isolada – IGV) 1 fundo gástrico e 2 antro, corpo gástrico e duodeno; seriado do sangramento e do seu tratamento; - Aumento da ureia sanguínea e da razão ureia/creatinina – indica sangramento grave; - Deve-se identificar a fonte de sangramento, para contenção e tratamento da doença de base; - Exames de imagem: endoscopia digestiva alta, tomografia, colangiografia, arteriografia; - Endoscopia digestiva alta (EDA)- exame inicial, com grande sensibilidade e especificidade para a HDA, devendo ser realizada nas primeiras 24h de admissão – objetivo: definir a etiologia, orienta a terapêutica, fornece prognóstico, estratifica o risco de ressangramento e permite a realização de procedimentos hemostáticos; **estigmas endoscópicos de ressangramento: sangramento ativo, vaso visível, coágulo aderido e úlcera de base suja** - Radiografia – indicação: suspeita de perfuração visceral concomitante, obstrução intestinal ou aspiração pulmonar; - Angiotomografia – indicação: identificação de sangramento > 30 mL/hora; - Arteriografia Seletiva – indicação: identificação de sangramento > 0,5 mL/min; - Cintigrafia – indicação: hemorragia não elucidada pela EDA, com sangramento de volume < 3 mL/h; absoluto, cola de fibrina) – comumente se associa 2 métodos para controle + efetivo; - Inibidores da Bomba de Prótons – omeprazol ou pantoprazol 80 mg em bolus + 8 mg/hora, em infusão contínua, nas 72h subsequentes - empregados após à endoscopia, aumentando o pH, ou seja, reduzem a acidez que retardaria a coagulação sanguínea e aumentaria a dissolução do coágulo, de modo a facilitar a agregação plaquetária e assim prevenir o ressangramento; **os antagonistas dos receptores H2 apresentam efeitos pequenos** - Pesquisa e Erradicação de H. pylori – o H. pylori é o principal agente, assim deve ser investigado para sua erradicação, prevenindo a recorrência da úlcera; - Somatostatina (50 a 250 µg em bolus, IV, seguido 3,5 µg/kg/hora, em solução salina, em 48 a 72h) e Octreotídio (100 µg em bolus, IV, seguido 25 µg/h, intravenoso) – reduz a pressão venosa portal e o fluxo arterial para o estômago e duodeno, reduzindo o risco de sangramento contínuo; - Tratamento Angiográfico – aplicação intra- arterial de vasopressina ou oclusão seletiva da artéria sangrante com agente embolizante - indicação: hemorragia intensa e persistente, com terapia endoscópica não bem-sucedida; - Intervenção cirúrgica – se falência do tratamento e retratamento endoscópico e/ou farmacológico – sutura a lesão sangrante ou realiza procedimento invasivo para reduzir a acidez; Etiologia Varicosa - Antibiótico – ceftriaxona (1g, 2 vezes por dia, IV) ou norfloxavino (400 mg, 2 vezes/dia, VO) - mantidos por 1 semanas após o início do quadro; - Drogas Vasoativas Parenterais- terlipressina, somatostatina e octreotide - reduzem a pressão portal, devendo ser iniciadas antes da endoscopia e mantida por até 48h a 5 dias após o controle do sangramento – contraindicações: doença arterial coronariana, arritmia, AVE; - Betabloqueadores – propanolo ou nadolol – reduz o risco de recorrência do sangramento – iniciado entre o 3 e 6º dia após o sangramento, após o término das drogas vasoativas; - Terapia Endoscópica; - Tamponamento com Balão Esofágico – medida temporária até o tratamento definitivo, usado por menos de 24h - indicação: sangramento maciço que não responde à terapia farmacológica e endoscópica; - Colocação de TIPS – indicação: sangramento agudo, Child B ou C; - Cirurgias de Derivação Portal – indicação: recorrência ou insucesso dos métodos anteriores, em pacientes Child A; HEMORRAGIA DIGESTIVA BAIXA (HDB) - Sangramento proveniente do trato gastrointestinal inferior (intestino delgado, cólon ou reto), distalmente ao ligamento de Treitz; - 24% dos casos de hemorragia gastrointestinal; - Acomete principalmente homens, idosos e portadores de doenças crônicas; - 80 a 90% são autolimitados; - Taxa de mortalidade de 2 a 4%; - Criança: divertículo de Meckel; - pacientes < 60 anos: doença hemorroidária e doença inflamatória intestinal; - Pacientes > 60 anos: doença diverticular dos cólons, angiodisplasia, colite isquêmica e neoplasia colorretal; - Lesão Vascular – isquemia mesentérica, colite isquêmica, vasculite causada por periarterite nodosa, vasculite por granulomatose de Wegener, aneurisma aórtico ou aortoilíaco e fístula aortocolônica; - Tumores – as formas avançadas dos tumores malignos causam 17% dos casos de HDB aguda – a remoção endoscópica de pólipos pode causar hemorragia imediata ou em até 3 semanas após; - Doenças Inflamatórias – colites por irradiação, doença de Crohn, retocolite ulcerativa; - Doenças Infecciosas – febre tifoide, colite pseudomembranosa, colite por citomegalovírus e tuberculose intestinal; - Doença Diverticular do Cólon (DOC) – 40% dos casos da HDB, com mecanismo de sangramento a partir de ulcerações ou erosões no óstio ou na cúpula dos divertículos- cessa espontaneamente com pouca recorrência de sangramento; - Divertículos de Meckel – principal causa de HDB em crianças e adultos jovens (< 30 anos), sendo a hemorragia provocada pela presença de mucosa gástrica heterotípica - Hematoquezia – eliminação pelo reto de pequena quantidade de sangue vermelho vivo, com coágulos formados recentemente; - Enterorragia – sangramento volumoso nas fezes – pode provocar instabilidade hemodinâmica e necessidade de hemotransfusão; - Sinais de instabilidade: palidez, taquicardia (FC > 100 bpm), dispneia, taquipneia, hipotensão arterial (PAS < 90 mmHg) e síncope; - Diarreia – presente em doenças inflamatórias, infecciosas ou idiopáticas, como colite infecciosa, retocolite ulcerativa inespecífica, colite granulomatosa e colite pseudomembranosa; - Anamnese – forma de exteriorização do sangue, aparência do sangue, quantidade de perda sanguínea, duração do evento, mudança do hábito intestinal,investiga dor abdominal, febre, anorexia, perda de peso, uso prévio de medicamentos que lesam a mucosa ou que alteram o estado de coagulação, etilismo, cirurgia prévia, doenças prévias, história de hemorragia anterior, cirurgia prévia, - Exame Retal – inspeção da região perianal e toque; - Colhe-se amostra de sangue para tipagem, hemograma, coagulograma, dosagem de eletrólitos, lactato e gasometria arterial; - Colonoscopia – procedimento diagnóstico de escolha – objetivo: identificação da lesão sangrante, avalia estigmas de ressangramento, realização de hemostasia – exige preparo anterógrado; - Retossigmoidoscopia – indicada em todo caso de HDB – objetivo: identificar lesão sangrante e indícios de sangramento recente; - Arteriografia Seletiva - indicação: hemorragia volumosa com fluxo > 0,5 mL/minuto, em casos que não é possível realizar a colonoscopia e em casos de sangramento persistente ou recorrente de etiologia não - Transfusão – manter hemoglobina entre 8 e 9 g/dL; - Coagulopatia – tratada com plasma fresco, concentrado protrombínico, crioprecipitado ou transfusão de plaquetas; - Terapia Endoscópica na Colonoscopia – métodos de injeção, térmico e/ou mecânicos; - Terapia Angioterápica – arteriografia com infusão intra-arterial de vasopressina e arteriografia com embolização arterial superseletiva – indicação: insucesso do tratamento endoscópico; - Cirurgia – indicação: sangramento com instabilidade hemodinâmica, necessidade de transfusão de mais de 4 unid. De hemácias em 24h, sangramento persistente, hemorragia recorrente, portador de doença diverticular que volta a sangrar após episódio inicial, concomitância de outra comorbidade; que secreta ácido clorídrico no intestino delgado, de modo a ulcerar a mucosa do divertículo e das áreas adjacentes; - Angiodisplasia/Angiectasia - Acomete principalmente homens, idosos e portadores de doenças crônicas que causa 11% dos casos de HDB; - Hemorroida – lesão anorretal que causa 5 a 10% da HDB - AINEs de desintegração entérica – altera a síntese das prostaglandina, alterando a integridade da mucosa do trato digestivo; identificada – pode ser usado como medida terapêutica para estancar o sangramento; - Cápsula Endoscópica – cápsula com câmera que é deglutida, percorrendo o intestino delgado em 4 horas, gerando boas imagens, principalmente em casos de sangramento obscuro não detectado pelos outros exames; - Enteroscopia – endoscópico inserido por via anterógrada que permite a visualização de todo o intestino delgado – indicação: local de sangramento não identificado por EDA e colonoscopia – permite o diagnóstico e a intervenção terapêutica; - Cintigrafia – detecta pequenos sangramentos – seus achados devem ser confirmados e tratados por endoscopia, arteriografia ou cirurgia; - Angio-TC – avalia alterações anatômicas, tumores e divertículos; HEMORRAGIA DIGESTIVA CRÔNICA (HDC) - Sangramento por vários dias, com perda de sangue lenta ou intermitente, derivada de qualquer local do tubo digestivo; - Oculto – sangramento desconhecido pelo paciente, não sendo evidente macroscopicamente, indicado pela anemia ferropriva crônica e detectado pelos testes com reagente químico das fezes; - Obscuro – sangramento proveniente de local desconhecido no trato gastrointestinal, mesmo após a investigação Oculto - Fatores de risco: idade > 50 anos, neoplasia maligna, insuficiência renal crônica, angiodisplasia/ectasia vascular, diarreia crônica, doença celíaca, AIDS, sarcoma de Kaposi e colite por citomegalovírus; - Causas mais comuns: úlcera gástrica, varizes esofagogástricas, esofagite intensa, gastrite erosiva, câncer gástrico, ectasias vasculares, atrofia gástrica, andiofisplasias, tumores, doença celíaca, gastrenterite eosinofílica, doença de Whipple, endometriose, divertículos, ancilostomíase, carcinoma de cólon, pólipos, ulcerações, doenças inflamatórias intestinais e doenças intestinais isquêmicas; Obscuro - Frequentemente o local de sangramento encontra-se no intestino delgado; - Causas mais comuns: angiodisplasia/ectasia vascular, tumores, fístulas aortoentéricas, divertículo de - Pouca repercussão hemodinâmica; Oculto - Anemia ferropriva crônica (hemoglobina < 13 g/dL em homens e < 12 g/dL em mulheres) – a perda de ferro é superior à capacidade de absorção do intestino delgado – quando grave cursa com adinamia, fadiga fácil, dispneia de esforço, palidez e taquicardia; - Pode apresentar queixas digestivas associadas; Obscuro - Manifestações dependem da intensidade da perda; Oculto - Sangue Oculto nas Fezes – origina de perdas sanguíneas de 0,5 a 1,5 mL/dia, com perda de hemoglobina > 10 mg/g de fezes/dia – relaciona-se principalmente com lesões de cólon, como as neoplasias ulceradas; - Exames indicados: EDA, colonoscopia, enema baritado, retossignoidoscopia flexível, cápsula endoscópica, enteroscopia, cintilografia, arteriografia, enteróclise, TC; Obscuro - Tenta-se identificar a causa a partir das manifestações clínicas e dos métodos laboratoriais; - Exames indicados: EDA, colonoscopia, cápsula endoscópica, enteroscopia, cintilografia, arteriografia, enteróclise, TC; Oculto - Reposição de ferro; - Tratamento específico para a causa do sangramento, conforme a etiologia e a localização; Obscuro - Tratamento endoscópico – indicado em lesões acessíveis; - Cirurgia – indicação: após a realização dos exames de investigação, não se detectou a causa do sangramento, com paciente apresentando sangramento persistente visível ou com necessidade de hemotransfusão; inicial com EDA e colonoscopia; Meckel, hemobilia, hemosuccus pancreaticus, lesão de dieufaloy, varizes gástricas e duodenais, gastropatia portal hipertensiva e ectasia vascular gástrica antral; - Anemia por deficiência de ferro; LEUCEMIAS CONCEITUAÇÃO E EPIDEMIOLOGIA ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA QUADRO CLÍNICO DIAGNÓSTICO TRATAMENTO E PROGNÓSTICO LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA (LMA) - Grupo heterogêneo de doenças clonais caracterizadas pela proliferação anormal de progenitores hematopoiéticos da linhagem mieloide, que são incapazes de amadurecer e de responder aos reguladores naturais de proliferação e morte celular; - As células malignas se acumulam na medula óssea, prejudicando a produção normal das células sanguíneas, e em outros tecidos e órgãos, comprometendo suas funções; - Corresponde a 90% dos casos de leucemia aguda em adultos e menos de 15% dos casos de leucemia aguda em crianças; - Fatores ambientais que podem estar associados: exposição à irradiação ionizante, exposição aos derivados de benzeno (cigarro), exposição à agentes alquilantes (4 a 6 anos após, precedida por síndrome mielodisplásica), exposição aos inibidores de topoisomerase II (1 a 2 anos após, sem associação com síndrome mielodisplásica); - Sua origem pode estar correlacionada com distúrbios hereditários que geram instabilidade cromossomial, como a anemia de Fanconi, síndrome de Bloom, ataxia- telangiectasia, síndrome de Kostman e neutropenia congênita; - A LMA se correlaciona com inúmeras translocações dos genes que codificam fatores de transcrição determinantes do desenvolvimento hematopoético normal, de modo a causar perda da função e bloqueio da diferenciação; - Determinada célula progenitora sofre mutações genéticas cumulativas, que afetam os fatores de transcrição mieloide que controlam a diferenciação hematopoiética (classe II das mutações) ou que resultam na ativação anormal da função de proteínas que atuam na transdução de sinais extracelulares, gerando vantagem proliferativa e/ou resistência à apoptose (classe I das mutações); - As mutações fazem com que a forma jovem da célula (blasto) seja incapaz de prosseguir na diferenciação hematopoiética, proliferando-se descontroladamente, de modo a ocupar a medula óssea e assim impedir o crescimentoe a diferenciação de células normais; - A população de blastos leucêmicos é heterogênea, apresentando pequena fração - Baseia-se falência da hematopoese e na infiltração de tecidos pelas células leucêmicas; - Comumente apresentam queixas inespecíficas nos últimos 3 meses, podendo evoluir de forma aguda (dias) ou subaguda (semanas); - Sintomas da Anemia – fadiga (sintoma inicial em 50% dos casos), palidez cutaneomucosa e fraqueza; - Febre – (febre neoplásica) deve-se a rápida proliferação clonal, que produz muitas citocinas responsáveis pela inflamação; (neutropenia febril) a disfunção neutrofílica (neutrófilos < 500 células/mm3 ou entre 500 e 1000 com tendência à queda nas próximas 48h) favorece infecções bacterianas e fúngicas sistêmicas, que causam febre > 38,3°C por via oral; - Hemorragias, petéquias e epistaxe – ocorre em até 50% dos casos – correlaciona-se com a gravidade da trombocitopenia; - Diátese Hemorrágica – sangramento grave, desproporcional ao grau de plaquetopenia, devido à coagulação intravascular disseminada (CIVD) que é induzida pela secreção de fatores pró-coagulantes pelos promielócitos neoplásicos; - Consequências da infiltração de órgãos e tecidos pelas células leucêmicas: hepatoesplenomegalia, linfadenopatia, hiperplasia de gengivas e dor óssea (proliferação de blastos na medula e invasão do periósteo); - Leucemias cútis – infiltração da pele, gerando placas eritematosas ou violáceas- rara; - Infiltração do SNC – cefaleia, convulsões ou alteração visual; - Realizado a partir das amostras celulares da medula óssea e do sangue periférico; - Faz-se necessário a detecção de 20% ou + de blastos leucêmicos nessas amostras; **o diagnóstico baseado no sangue periférico deve ser confirmado por mielograma** - Mieloblastos Típicos – células grandes, núcleo arredondado ou irregular, cromatina reticulada, múltiplos nucléolos distintos, pouco citoplasma, grânulos azurófilos, bastonetes de Auer (patognomônico); - Determinação da linhagem hematopoética do blasto – (1) por coloração citoquímica das granulações ou demonstração das esterases; (2) por imunofenotipagem, permitindo melhor determinação das linhagens e dos prognósticos associados; - Biópsia da medula óssea – retira fragmento do osso para análise das alterações displásicas e do grau de mielofibrose associada; - Hemograma – anemia moderada a grave, normocrômica e normocítica, sem reticulocitose,, leucocitose (hiperleucocitose em 10%), plaquetopenia; - Exame morfológico do sangue periférico – 20% ou + de mieloblastos entre os leucócitos; - Aspirado de medula óssea – 20% ou + de mieloblastos, diminuição - Divide-se em fase de indução (ciclos de quimioterápicos) e fase de consolidação da remissão (ciclos de quimioterápicos em dosagem menor ou transplante alogênico de células-tronco hematopoéticas); - Neutropenia Febril – antibioticoterapia empírica com antibiótico de amplo espectro, com cobertura para gram- negativas (principal agente pseudômonas), em dose máxima – paciente com critérios de gravidade, fatores de risco ou hemocultura indicando germes gram-positivos deve-se acrescentar antimicrobiano com cobertura, como a vancomicina- realizado em internação, principalmente nos pacientes de alto risco, podendo ser realizado ambulatorialmente em casos de baixo risco, com fácil acesso ao hospital e consultas diárias; - Plaquetopenia / Trombocitopenia – (transfusão terapêutica) indicada em caso de sangramento mucoso ou orgânico, com plaquetometria < 50.000/mm3; (transfusão profilática) plaquetometria < 10.000/mm3 – realiza-se a transfusão de 1 unidade/10kg, preferencialmente de concentrado de plaquetas desleucocitadas e irradiadas para evitar a aloimunização de células-tronco leucêmicas capazes de se autorrenovar e gerar recaídas após o tratamento; Classificação OMS (2008) - Considera alterações citogenéticas e moleculares na divisão de categorias; Leucemia Mieloide Aguda Associada com Anormalidades Citogenéticas Específicas - 60 a 65% dos casos; - Reúne todos os subtipos com translocações cromossômicas (30%) e mutações genéticas específicas (35%); - São 7 subtipos conforme à translocação ou mutação, sendo que a detecção dessas permite o diagnóstico; - Apresentam melhor prognóstico; Leucemia Mieloide Aguda com Alterações Relacionadas à Mielodisplasia - Pacientes com história prévia de síndrome mielodisplásica (SMD) ou de neoplasia mieloproliferativa (NMP); - 50% das células de 2 ou + linhagens mieloides apresentam alterações citogenéticas relacionadas à mielodisplasia; Neoplasias Mieloides Relacionadas à Terapia - Neoplasia mieloide após terapia com agentes alquilantes, radiação e/ou inibidores de topoisomerase II, que geram alterações citogenéticas; - Não responde bem ao tratamento; Sarcoma Mieloide / Sarcoma Granulocítico - Proliferação extramedular d eblastos de uma ou mais linhagens mieloides, alterando a arquitetura do tecido em que se encontra; - Ocorre em paciente com LMA prévia ou recentemente diagnosticada; - Pode ser a manifestação de recaída em paciente que se encontrava em remissão; Proliferação Mieloide Relacionada à Síndrome de Down - Comum, com caraterísticas morfológicas, imunofenotípicas, clínicas e moleculares peculiares; - Sarcomas Granulocíticos – tumores extramedulares de blastos nos ossos, periósteo, linfonodos, pele, órbita e tecidos moles; - Síndrome de Leucostase – hiperleucocitose (> 50.000 ou 100.000/mm3), aumentando a viscosidade sanguínea e favorecendo a adesão ao endotélio das vênulas pulmonares (dispneia, taquipneia, insuficiência respiratória e hipoxemia grave), do cérebro (cefaleia, borramento visual, parestesia, torpor, coma e crise convulsiva) e dos órgãos genitais (priapismo e insuficiência renal aguda); das células de outras linhagens e alterações qualitativas; - Alterações da Hemostasia – consumo dos fatores de coagulação, cursando com: alargamento do tempo de protrombina (TP), alargamento do tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPa), alargamento do tempo de trombina (TT), hipofibrinogenemia e aumento de produtos de degradação de fibrina; - Hiperuricemia – ocorre em 50% dos indivíduos, devido à elevada produção e lise das células tumorais; - Síndrome da Lise Tumoral – destruição maciça de células malignas com liberação do seu conteúdo no espaço extracelular, que ocorre espontaneamente ou após o tratamento quimioterápico citotóxico – produz ácido úrico e xantina em excesso, que se cristalizam nos túbulos renais, podendo causar insuficiência renal; - Ocorre aumento dos níveis séricos de lisozima (presente nos grânulos de monócitos, quando em excesso podem lesão os túbulos renais) e da enzima lactato desidrogenase (LDH); - Diagnóstico Diferencial: anemia aplásica e doença infecciosa grave; contra HLA e a doença enxerto- versos-hospedeiro, respectivamente; - Anemia – quando sintomática realiza-se transfusão de hemoconcentrado, buscando manter a Hb > 8g/dL; - Coagulação Intravascular Disseminada – trata-se com ácido transretinoico (ATRA – reduz a quantidade de blastos promielócitos e consequetmente de fatores pró- coagulantes) – durante o sangramento realiza-se transfusão de plaquetas e de crioprecipitado; - Síndrome de Leucostase – leucoaferése (retira leucócitos do sangue) e quimioterapia; - Prevenção da síndrome de lise tumoral – hidratação venosa e drogas hipouricemiantes (alopurinol) antes da quimioterapia, realizando-a apenas de uricemia < 8 mg/dL e creatinina sérica < 1,6 mg/dL; Prognóstico - Multifatorial; - Idade – com a maior idade ocorre prevalência de outros fatores preditivos de mortalidade precoce, como comorbidades, alterações cromossômicas, BLMA secundária e proteínas de resistência a múltiplas drogas; - Desempenho clínico – importante para os indivíduos > 60 anos; - Contagem de leucócitos ao diagnóstico;- Evolução a partir da síndrome mielodisplásica; - Administração de terapia citotóxica para tratar outras doenças; Neoplasma Blástico de Células Dendríticas Plamocitoides - Origina-se de precursoras de célula dendríticas plasmacitoides; Leucemia Mieloide Aguda Não Especificada - Casos que não atendem aos critérios para inclusão nas outras categorias; - 30% dos casos de LMA; - Alterações citogenéticas e moleculares nas células leucêmicas ao diagnóstico; - Cariótipo ao diagnóstico – as alterações citogenéticas distintas permitem suposições sobre a sobrevida, risco de recaídas e responsividade ao tratamento – permite a classificação dos pacientes adultos < 60 anos conforme o prognóstico em favorável, intermediário I e II e adverso; LEUCEMIA LINFOIDE AGUDA (LLA) - Grupo heterogêneo de doenças clonais caracterizadas pela proliferação anormal de progenitores hematopoiéticos da linhagem linfoide; - É a doença maligna mais frequente em crianças, sendo rara em adultos (< 15%); - A sobrevida em crianças pode ser de 80 a 90% em 5 anos, enquanto nos adultos é de 20 a 30%; - As anormalidades citogenéticas e moleculares apresentam grande impacto prognóstico; - As alterações numéricas (51 a 65 cromossomos ou 47 a 50 cromossomos) são mais frequentes que as estruturais/translocações, ocorrendo em 90% das crianças e associando-se a impacto prognóstico mais marcante; - Ocorre supressão da hematopoese normal, devido á infiltração da medula óssea por células leucêmicas; Classificação OMS (2008) - Leucemia/linfoma linfoblástico de células B sem outra especificação; - Leucemia/linfoma linfoblástica de células B com alterações genéticas recorrentes; - Leucemia/linfoma linfoblástico de células T; **leucemia linfoblástica – envolvimento extenso do sangue periférico e da medula óssea, com linfoblastos na medula > 25%** **linfoma linfoblástico – inicia-se com massas tumorais mediastinais e em outros tecidos, com pouca infiltração do sangue periférico e da medula óssea (linfoblastos na medula < 25%)** Classificação Imunológica - Classificação mais relevante; LLA de Células B - 80 a 95% dos LLA em crianças e 70 a 75% em adultos; - Antígeno Cd22 no citoplasma ou na membrana; - Sintomas da Anemia – fadiga, palidez cutaneomucosa, fraqueza e indisposição; - Febre e sudorese noturna – 1/3 dos casos, associada ou não à infecção; - Manifestações hemorrágicas em pele e mucosas; - Artralgia e dor óssea – a infiltração leucêmica gera distenção do periósteo e das estruturas periarticulares; - Manifestações Neurológicas: confusão mental, cefaleia. comprometimento dos nervos cranianos (VI e VII), edema de papila - resultam da infiltração leucêmica no SNC, das hemorragias ou da leucostase- 5 a 10%; - Hepato-esplenomegalia e/ou enfartamento ganglionar – 50%; - Massa mediastinal – deve-se à proliferação de linfoblastos do timo, principalmente dos linfoblastos T – 15%; - Pode ocorre infiltração de testículos, pele, rins e pulmões; **a presença de LLA nos testículos e SNC (santuários) indica o rompimento da barreira e o avanço da doença** - Exame de sangue periférico e esfregaço da medula óssea; - Corolaração – linfoblastos não se coram nas colorações citoquímicas de Sudan Black e para mieloperoxidase, corando para esterases negativas; - Reação de PAS – positiva em 70% com grânulos grosseiros ou em blocos; - Reação da fosfatase ácida – positiva em 20 a 30%, sendo sugestiva de envolvimento da linhagem T; - Doença Residual Mínima – presença de células neoplásicas residuais na medula óssea ou em outros locais após a finalização do esquema terapêutico, sem detecção pelos métodos convencionais empregados inicialmente –métodos de detecção: (1) rearranjo de imunoglobulinas e rearranjo cromossômico específico; (2) análise molecular por PCR; (3) imunofenotipagem- o nível de DRM é um importante fator prognóstico, pois a presença de células neoplásicas residuais após a indução da remissão apresenta maior taxa de recidiva; - Divide-se em fase de indução (ciclos de quimioterápicos), profilaxia do SNC (radioterapia ou quimioterapia inratecal + sistêmica), fase de consolidação da remissão (ciclos de quimioterápicos em dosagem menor ou transplante alogênico de células-tronco hematopoéticas) e manutenção (realizada por 2 a 3 anos - não é necessária na LLA madura); - A duração da remissão é em média de 15 a 32 meses, podendo se prolongar após 3 anos em 30 a 45% dos pacientes; - Apresenta melhores resultados em crianças; Prognóstico - Multifatorial; - Parâmetros de pior resposta ao tratamento: idade > 60 anos, leucócitos > 30.000/µL; - Quantificação da doença residual mínima por método molecular ou por imunofenotipagem; - Divide-se em subtipos: B-I/LLA pró-B, B- II/LLA do tipo comum, B-III/LLA pré-B, B- IV/LLA de células B maduras; LLA de Células T - 15% dos LLA em crianças e 25% em adultos; - Antígeno Cd3 no citoplasma ou na membrana; - Divide-se em subtipos: LLA de timócitos imaturos/pré-T, timócitos intermediários e timócitos maduros; LEUCEMIA MIELOIDE CRÔNICA (LMC) - Acúmulo de células madura ou quase maduras, derivadas de clones neoplásicos mais jovens, que seguiram no processo normal de maturação; - As células neoplásicas se reproduzem mais lentamente, mantendo algumas das funções; - 14% de todas as leucemias; - Diagnosticada entre a 5ª e 6ª década de vida, com predominância no sexo masculino; - Fator de risco: radiação ionizante; - Doença clonal da célula progenitora hematopoética caracterizada pela presença do cromossomo Filadélfia (Ph), que apresenta o gene híbrido e anormal BCR-ABL, responsável por produzir uma proteína com elevada atividade tirosinocinase, que regula a proliferação celular; - A proteína híbrida p210 interfere na transdução de sinais e processos celulares básicos de proliferação, aderência e apoptose - Dependem da fase e do volume da doença; Fase Crônica - Inicia-se com poucos sintomas, perdurando por 3 a 5 anos; - Manifestações Clínicas: fadiga, perda de peso, sudorese, febrícula, palidez, esplenomegalia (80% - conforme seu volume gera plenitude pós-prandial e distúrbios digestivos), infarto esplênico (gera dor), hepatomegalia discreta, priapismo, zumbido, alterações visuais; - A intensidade das manifestações clínicas depende do volume da doença, da leucocitose e da organomegalia; Fase Acelerada - Fase sintomática que dura alguns meses; - Manifestações Clínicas: febre, sudorese noturna, perda de peso, dores ósseas e esplenomegalia; - Resistente à terapia citorredutora; Crise Blástica - Manifestações Clínicas: febre, sudorese noturna, anorexia, perda de peso, dores ósseas, esplenomegalia, infiltração dos linfonodos, pele e SNC; - A crise blástica isolada em sítios extramedulares precede a infiltração da medula óssea; - Geralmente não ocorre como manifestação inicial da LMC; - Sem tratamento apresenta sobrevida de 3 a 6 meses após o início da crise, sendo que com o tratamento alguns desses pacientes podem retornar para a fase crônica da doença; - Identificação de cromossomo Filadélfia (Ph) ou do gene BCR-ABL; - Hemograma Fase Crônica – anemia normocrômica e normocítica discreta, leucocitose (> 25.000), neutrofilia, basofilia, eosinofilia, plaquetas normais ou aumentadas, desidrogenase láctica aumentada e ácido úrico aumentado; - Mielograma Fase Crônica – hiperplasia granulocítica, blastos < 10%, monocitose absoluta, hiperplasia megacariocítica, fosfatase alcalina leucocitária baixa; - Mielograma Fase Acelerada – aumento da basofilia, trombocitose ou trombocitopenia, mielofibrose; - Crise Blástica – blastos > 20% na medula óssea ou no sangue periférico; - Diagnóstico Diferencial: síndrome mielodisplásica (leucemia mielomonocítica crônica, leucemia mielomonocítica juvenil e leucemia mielonomocítica atípica) e leucemia neutrofilica
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