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*Direitos humanos, diversidade e inclusão social – o olhar da 
Terapia Ocupacional
 *Marilia Caniglia 
“A cada um, segundo suas necessidades. De cada um, segundo suas capacidades.” Karl Marx
Resumo: Este artigo aborda a questão da 
inclusão social considerando a sociedade 
múltipla, plural e híbrida. Enfatiza que numa 
sociedade inclusiva os indivíduos são 
diferentes em suas habilidades, competências, 
singularidades e identidades; e que são iguais 
em direitos humanos. Defende e esclarece que 
o papel da Terapia Ocupacional no grande 
projeto transdisciplinar da inclusão social é 
reconhecer e promover a diversidade das 
habilidades humanas numa sociedade plural. 
Palavras-chave: Direitos humanos, 
diversidade, inclusão social, Terapia 
Ocupacional.
 
 
1
*1 – Artigo escrito para o Núcleo de Estudos de Terapia Ocupacional do Centro-Oeste Mineiro – 
NETOCOM / 2008
*2 - Terapeuta Ocupacional, graduada pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais 
(1980), Especialista em Educação – Metodologia do Ensino Superior – UEMG (1980), Docente 
do curso de Terapia Ocupacional da UFMG (1982/1995), Mestranda em Educação, Cultura e 
Organizações Sociais - UEMG, Coordenadora do Núcleo de Estudos de Terapia Ocupacional do 
Centro-Oeste Mineiro – NETOCOM, Membro do Núcleo de Estudos e Pesquisa do Pensamento 
Complexo – NEPPCOM da UFMG.
Abstract: This article involves the question 
of social inclusion considering a multiple, 
plural and hybrid society. It emphasizes that 
an included society advocates that the people 
are different in their skills, competencies, 
singularities and identities, which are equals 
in the humans rights. Besides, it explains that 
the role of Occupational Therapy, in the big 
transdisciplinate project of social inclusion, is 
to recognize and to promote the diversity of 
the humans skills in a plural society. 
Key words: Humans rights, diversity, social 
inclusion, Occupational Therapy
2
 Introdução – direitos humanos
A ideia de direitos universais constitui uma das características comuns do 
pensamento filosófico, político e jurídico da modernidade, tendo sido formulada por 
pensadores que se diferenciaram em suas posições mas que compartilhavam a mesma 
intenção de procurar estabelecer como fundamento da ordem jurídica positiva um 
direito encontrado na natureza do homem e da sociedade. A escola jusnaturalista 
moderna terminou por ser um referencial obrigatório no pensamento filosófico e 
jurídico dos últimos três séculos, ainda que não se possa estabelecer um mesmo eixo 
temático entre os seus representantes, que além de sustentarem a existência de um 
direito natural, pouco se assemelham na abordagem dos problemas filosóficos, políticos 
e jurídicos. As diferentes concepções do direito e do Estado, desenvolvidas em obras 
como as de Hobbes, Locke, Rousseau e outros, têm, no entanto, um mesmo princípio 
básico como da existência de uma lei natural e de um direito natural, fundamento da 
sociedade, do Estado e do direito. No final do século XVIII, foi essa ideia comum que 
serviu como argumento ideológico para as declarações de direitos da Revolução 
Francesa.
Dentre outros filósofos, Kant tenta investigar a possibilidade de uma ordem 
jurídica fundada em valores universais. Segundo BARRETO (2007), Kant abandona a 
tradição jusnaturalista moderna e procura estabelecer a ideia de direito cosmopolita. O 
conceito de direito cosmopolita refere-se, principalmente, ao entendimento de que a 
evolução histórica, e com ela as luzes da razão, iriam encontrar normas com 
fundamentação ética. A razão como categoria universal, comum a todos os seres 
humanos, serviria na concepção Kantiana, de instrumento para a determinação de 
valores livremente aceitos por todos os homens, independentemente de cultura, etnia ou 
religião e em qualquer lugar no mundo. O direito cosmopolita é entendido como uma 
forma da organização entre todos os povos, baseada na racionalidade e, em função dela, 
justificando-se e legitimando-se.
Os fundamentos dos direitos humanos, como manifestação de universalidade 
jurídica, supõem que se encontrem justificativas que sejam universais pois a natureza 
humana apresenta-se de forma múltipla e variada, por isso a necessidade de se encontrar 
uma fonte comum e universal de direitos.
Desde a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948, pelas Nações 
Unidas, houve uma tendência a definir os direitos humanos em função das realidades 
sociais, econômicas e políticas. No decorrer do século XX, o conceito de direitos 
humanos foi ampliando-se e incorporando outros direitos visando à correção das 
desigualdades sociais, econômicas e culturais encontradas na sociedade. Entretanto a 
interpretação não-universal da natureza desses direitos evidenciou dúvidas e 
questionamentos sobre essa universalidade dos direitos humanos, o processo comum a 
ser adotado e a garantia de serem respeitados. Conceituações e interpretação conflitantes 
demonstraram a falta de argumentos universais que estabelecem os fundamentos éticos, 
universais e legitimadores.
Referindo-se à questão da ética BARRETO (2007, p.3) diz: “A falta dessas 
justificativas racionais, entretanto, não significou que o tema da ética estivesse para 
sempre sepultado na cultura e no pensamento social. Permaneceu subjacente na 
cultura cívica ocidental, como um conjunto de valores que se encontram esquecidos, 
face ao avanço do positivismo e do cientificismo, nos últimos duzentos anos, mas que 
serviram como referência obrigatória na luta contra despotismos e tiranias. A 
experiência totalitária, em suas duas versões, durante o século XX, as duas guerras 
mundiais, as atrocidades cometidos no campo de batalha e os bárbaros experimentos 
genéticos, levados a efeito pelos médicos nazistas em campos de concentração, fizeram 
com que se acordasse para uma empírica que situava a questão moral de maneira 
contundente e em estado puro. A história mostrava, assim, como o direito e suas 
pretensões normativas não atendera as necessidades mínimas de proteção da pessoa 
humana, o que obrigou a que se recorresse às fontes legitimadoras do direito. A 
recuperação do tema clássico das relações da moral com o direito, renasceu então, 
como meio de explicar e superar o impasse moral em que se encontrava mergulhada a 
consciência do homem ocidental.”
Em relação ao totalitarismo, para LAFER (1997), na exata medida que 
representou uma proposta de organização do Estado e da Sociedade tornou a propor em 
novos termos o tema clássico da resistência à opressão e, em consequência, o da 
obrigação política. É a partir dessa questão que vem a contribuição de Hannah Arendt 
com o termo “direito de associação”. O direito de associação é um ingrediente 
indispensável à análise do poder como agir em conjunto. Aqui não há a preocupação 
com a aquisição e a manutenção do poder, nem com o seu uso pelos governantes. Para 
Hannah Arendt o poder deve ser entendido como a aptidão humana para agir em 
conjunto. A questão da obediência à lei não se resolve pela força, ou seja, a pergunta 
essencial não é por que se obedece à lei, mas por que se apoia a lei, obedecendo-a.
Segundo LAFER (1997, p.3): “No mundo contemporâneo continuam a persistir 
situações sociais, políticos e econômicas que mesmo depois do término dos regimes 
totalitários, contribuem para tornar os homens supérfluos e sem lugar no mundo 
comum. Entre outras tendências, menciono a ubiquidade da pobreza e da miséria: a 
ameaça do holocaustonuclear; a erupção da violência, os surtos terroristas, a limpeza 
étnica, os fundamentalismos excludentes e intolerantes.”
O valor e a dignidade do ser humano encontraram a expressão jurídica nos 
direitos humanos. Estes foram, a partir do século XVIII, positivados em declarações 
constitucionais. O elenco dos direitos humanos contemplados pelo Direito Positivo foi 
se alterando do século XVIII até os nossos dias. Assim caminhou-se historicamente dos 
direitos humanos de primeira geração – os direitos civis e políticos de garantia, de 
cunho individualista voltados para tutelar a diferença entre Estado e Sociedade e 
impedia a dissolução do indivíduo num todo coletivo – para os direitos de segunda 
geração – os direitos econômicos, sociais e culturais concebidos como créditos dos 
indivíduos com relação à sociedade a serem saldados pelo Estado em nome da 
comunidade nacional.
LAFER (1997, p.6) referindo-se ao pensamento de Hannah Arendt diz: “a 
cidadania é o direito a ter direitos, pois a igualdade em dignidade e direitos dos seres 
humanos não é um dado. É um construído da convivência coletiva, que requer o acesso 
a um espaço público comum. Em resumo, é esse acesso ao espaço público – o direito a 
pertencer a uma comunidade política, que permite a construção de um mundo comum 
através do processo de asserção dos direitos humanos”. Nesse sentido e referindo-se ao 
genocídio, LAFER coloca que o genocídio não é um crime contra um grupo nacional, 
étnico, racial ou religioso. É um crime que ocorre, lógica e praticamente, acima das 
nações e dos Estados – das comunidades políticas. É um tema global, pois diz respeito 
ao mundo como um todo. Para Hannah Arendt o crime de genocídio, administrado por 
Eichmann e perpetrado no corpo do povo judeu, é um crime contra a humanidade por 
ser uma recusa frontal da diversidade e da pluralidade, características da condição 
humana na proposta de um mundo plural.
Habitamos um mundo plural, híbrido, para isso “é necessário perceber, nos 
diversos contextos, os elementos culturais que nos orientam à pluralidade, como 
também compreender tanto os velhos quanto os novos processos e fenômenos que 
constroem as identidades, e afirmar a diferença. Enfim, buscar situar as referências 
estabelecendo um diálogo na multiplicidade, que certamente é contextualizada num 
cotidiano dinâmico, e que por isso deve ser revitalizado”. (BARREIROS e 
MORGADO, 2002, p.101).
 
 Diversidade, inclusão social e o novo paradigma.
Quando falamos em inclusão social falamos também em exclusão social que 
compreende todas as pessoas até então excluídas dos sistemas sociais comuns. Também 
designados grupos ou segmentos “minoritários”, essas pessoas deverão ser incluídas 
pela mudança de paradigma da Inclusão Social, onde a sociedade se forma para adaptar 
às necessidades das pessoas.
No antigo paradigma a sociedade ditava o padrão a ser seguido e todos 
procuravam se adaptar à norma. No novo paradigma as diferenças são bem vindas e 
trazem a marca da diversidade. A padronização e massificação do paradigma antigo dão 
lugar à convivência com as diferenças e as singularidades.
Todavia, conviver com as diferenças de valores, crenças, costumes, hábitos, etc., 
não é tão fácil e costuma gerar atritos e conflitos. Segundo GIDDENS (2005, p.38): 
“Mesmo dentro de uma sociedade ou comunidade, os valores podem ser contraditórios: 
alguns grupos ou indivíduos podem valorizar crenças religiosas tradicionais, enquanto 
outros podem enfatizar o progresso e a ciência. Enquanto algumas pessoas preferem 
conforto material e sucesso, outras podem preferir a simplicidade e uma vida tranquila. 
Em nossa época de mudanças, tomada pelo movimento global das pessoas, das ideias, 
dos bens e da informação, não é surpreendente que encontremos exemplos de valores 
culturais em conflito”.
Para GIDDENS não são apenas as crenças culturais que diferem através das 
culturas, nota-se também diversidade das práticas e do comportamento humanos e as 
formas aceitáveis de comportamento variam de cultura. Contudo, a maioria das 
sociedades industrializadas está tornando-se culturalmente mais diversa ou 
multicultural: “... processos como a escravidão, o colonialismo, a guerra, a migração e 
a globalização contemporânea têm levado populações a se dispersar através das 
fronteiras e a se fixar em novas áreas. Isso leva à emergência de sociedades que são 
compostos culturais, ou seja, cuja população é feita de um número de grupos de 
diversas formações culturais, étnicas e linguísticas” (GIDDENS, 2005, p.40)
Além das diferenças culturais, a sociedade lida ainda com os chamados 
“excluídos”: deficientes, negros, mulheres, idosos, moradores de rua, indígenas, 
homossexuais, crianças e adolescente em conflito com a lei. Segundo SASSAKI (2003, 
p.2) “O paradigma da inclusão social consiste em tornarmos a sociedade toda um 
lugar viável para a convivência de pessoas de todos os tipos e condições na realização 
de seus direitos, necessidades e potencialidades. Neste sentido, os adeptos e defensores 
da inclusão, chamados de inclusivistas, estão trabalhando para mudar a sociedade, a 
estrutura dos sistemas sociais comuns, as suas atitudes, os seus produtos e bens, as 
suas tecnologias etc., em todos os aspectos: educação, trabalho, saúde, lazer, mídia, 
cultura, esporte, transporte etc.”
Referindo-se à questão da deficiência em particular, SASSAKI (2003) defende 
que a sociedade tem que aprender a conviver com as pessoas com deficiências. A 
sociedade tem que mudar: a concepção das pessoas, a filosofia das empresas, a 
arquitetura deficiente tem que se adaptar às pessoas com dificuldade de locomoção, etc. 
O foco da deficiência não é o indivíduo é a sociedade.
O projeto transdisciplinar da Inclusão Social é uma ação social que integra as 
diversas áreas das ciências e os diversos segmentos sociais em um movimento conjunto 
de toda a sociedade para uma atitude inclusiva de mudança. A inclusão social é uma 
condição de todas as pessoas para que possam exercer sua cidadania. Cidadania é direito 
e é dever. Assim somos iguais no que se refere aos direitos e somos diferentes no que se 
refere às nossas características, dons, aptidões, habilidades, competências, enfim, nossas 
singularidades. As pessoas devem ser reconhecidas, portanto, pelo papel que 
desempenham na sociedade. 
Cabe à sociedade, portanto, prover oportunidades, para facilitar e viabilizar esse 
processo. Oportunidades de educação (de qualidade) para todos, saúde (de qualidade) 
para todos, cursos profissionalizantes para todos, vagas nas universidades para todos, 
trabalho para todos, lazer para todos - para todos que desejarem. A sociedade deve 
evitar assim, “gambiarras sociais”, ou “jeitinhos” produzidos por políticos, para 
encobrir problemas tais como corrupção, nepotismo, populismo, desvios de dinheiro 
público, etc. A sociedade deve entender que dinheiro público “não é de ninguém”. 
Dinheiro público tem dono: é do povo.
O novo paradigma da inclusão social promove a diversidade, a mesclagem, 
enfim reúne as diferenças. Ao mesmo tempo em que reúne as diferenças valoriza a 
identidade, a singularidade, a peculiaridade, a distinção de cada ser humano – todo ser 
humano é único. A sociedade não é homogênea, ela é heterogênea e híbrida. No antigo 
paradigma buscava-se a homogeneidade através de modelos e padrões únicos. No novo 
paradigma busca-se a convivência numa sociedade plural. Atitude inclusiva é acreditar 
que uma sociedade heterogênea, mesclada ou híbrida pode facilitar o desenvolvimento 
do respeito mútuo e que a riqueza das diferenças pode amadurecere qualificar a 
sociedade. Atitude inclusiva é defender uma sociedade com múltiplas oportunidades.
 O Olhar da Terapia Ocupacional
A Terapia Ocupacional busca, juntamente com as demais profissões das áreas da 
saúde, educação, ciências humanas, sociais e outras, a integralidade das ações para o 
bem estar biopsicossocial do ser humano e para a melhoria da qualidade de vida ou da 
promoção da vida com dignidade.
A Terapia Ocupacional acatando as mudanças de paradigma e reconhecendo a 
diversidade, tanto da sociedade quanto do indivíduo, procura investigar as capacidades e 
singularidades das pessoas e investigar as diversas possibilidades de atividades do 
contexto em que o indivíduo está inserido. Procura pesquisar a diversidade de 
habilidades próprias do ser humano e a diversidade de ocupações disponíveis no mundo 
contemporâneo.
O antigo paradigma pensava num padrão de homem, escola, trabalho, empresa, 
profissão. O novo paradigma propõe pensar a diversidade humana, as diversas 
possibilidades de tipos de escolas, as inúmeras opções de profissões, as diversas 
abordagens das ações profissionais, etc. O novo paradigma procura ampliar o leque de 
opções e possibilidades apostando numa sociedade diversificada.
Nas escolas, família e na sociedade em geral, no antigo paradigma predominava 
a valorização da inteligência lógico-formal. As crianças que tinham grande habilidade 
lógico-formal adaptavam bem às escolas e naturalmente iam bem nas provas e seleções. 
Assim, uma minoria era “os melhores da classe” ficando a maioria “de fora”. Mas eram 
“os melhores da classe” em quê? Apenas na inteligência lógico-formal, de acordo com 
valores e critérios das escolas. Mas para lidarmos com as questões da vida, do cotidiano, 
dos problemas inerentes à humanidade e à condição humana, precisamos de uma 
infinidade de habilidades, experiências, vivências, tipos, formas. Precisamos de pessoas 
diferentes para ocupações diferentes.
Segundo SASSAKI (2003, p.3): “Numa perspectiva inclusiva, um novo conceito 
de inteligência passa a ocupar o lugar da velha teoria da inteligência única. Estamos 
utilizando agora a teoria das inteligências múltiplas, segundo a qual todos os seres 
humanos possuem pelo menos oito inteligências: musical, lógico-matemática, verbal-
linguística, interpessoal, intrapessoal, corporal-cinestésica, visual-espacial e 
naturalista. A participação de qualquer pessoa, mesmo daquelas com deficiência mais 
comprometida, torna-se possível graças ao uso das diversas inteligências que 
possuímos. Assim, não mais classificamos as pessoas como tendo “inteligência acima 
da média”, “inteligência média”, “inteligência abaixo da média” e “inteligência 
zero”. De acordo com a teoria das inteligências múltiplas, todas as pessoas são 
inteligentes, cada uma a seu modo, pois é única a composição dos níveis de 
desenvolvimento das oito inteligências combinadas com o estilo de aprendizagem de 
cada pessoa.” 
Reconhecendo a diversidade social, cultural e humana, a Terapia Ocupacional 
procura investigar a 1diversidade de habilidades humanas e ao mesmo tempo a 
2diversidade de atividades lúdicas, laborais, domésticas, culturais disponíveis no mundo 
contemporâneo. O terapeuta ocupacional investiga tanto as facilidades e habilidades do 
indivíduo quanto às dificuldades e barreiras sejam físicas, ambientais ou sociais. 
Procura ampliar o leque de possibilidades e opções favorecendo “encontros” entre: a 
diversidade de habilidades do ser humano e a 3diversidade de ocupações disponíveis e 
presentes no contexto do cotidiano do indivíduo e no mundo atual.
Sabemos que todas as pessoas são “portadoras” de dificuldades em menor ou 
maior grau. Da mesma forma todas as pessoas são “portadoras” de aptidões, dons, 
talentos e habilidades variadas. Algumas pessoas têm aptidão para música, outras para 
matemática, outras para artesanato, outras para venda, outras para letras, outras para 
advocacia, outras para magistério, outras para esporte, etc. Ou seja, o universo de 
habilidades numa sociedade é infinito e numa mesma pessoa podemos encontrar várias. 
1 Como sugestão para leitura: sobre Habilidades Humanas, ler Kátia Bueno (terapeuta ocupacional); sobre 
Habilidades Vocacionais, ler Lia Giacaglia (pedagogia de orientação vocacional), sobre Habilidades 
Múltiplas, ler Celso Antunes (Teoria das Inteligências Múltiplas).
2 Segundo o IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, utilizando a Teoria e Metodologia do Uso do 
Tempo, as pessoas dedicam seu tempo a: 1 – Cuidados Pessoais; 2 – Trabalho remunerado/emprego; 3 – Atividades 
educacionais/ formativas; 4 – Atividades domésticas; 5 – Atividades de cuidar (crianças, idosos, doentes); 6 – 
Aquisição de bens e serviços (compras, pagamentos); 7 – Trabalho voluntário; 8 – Atividades sociais, culturais, 
políticas, religiosas; 9 – Recreação e lazer.
3 A Classificação Brasileira de Ocupações – CBO, apresenta 2.422 ocupações e cerca de 7.258 atividades.
Assim, numa sala de aula juntam-se várias capacidades como numa equipe de trabalho 
conjugam-se habilidades e competências múltiplas.
Nas ações da Terapia Ocupacional o profissional deve promover a inclusão 
social respeitando as pessoas com suas diferenças e singularidades. O terapeuta 
ocupacional deve ter uma atitude inclusiva pensando a diversidade, a multiplicidade e a 
pluralidade social. Investe no ser humano e nas atividades de sua implicação, 
envolvimento e que lhe são significativas. Busca promover a inclusão dotado de uma 
atitude inclusiva e, portanto participa da construção de uma sociedade em que todos são 
diferentes em suas capacidades, singularidades e identidades; e todas são iguais em seus 
direitos humanos. 
 
 Referências bibliográficas
BARREIROS, Débora e MORGADO, Vânia. Multiculturalismo e o campo do currículo 
no Brasil – um estudo sobre a multieducação. Redes culturais, diversidade e educação. 
Rio de Janeiro: DP&A, 2002.
BARRETO, Vicente de Paulo. Bioética, biodireito e direitos humanos. Enciclopédia 
Digital Direitos Humanos. Disponível em: http://dlmet.org.br Acesso em 01/06/2007.
BOBBIO, Norberto e BOVERO, Michelangelo. Sociedade e Estado na filosofia 
política moderna. São Paulo: Brasiliense, 1986.
FIORATI, Jete Jane. Os direitos do homem e a condição humana no pensamento de 
Hannah Arendt. Revista de Informação Legislativa. Brasília, a.36, n.142, abril/junho, 
1999.
GIDDENS, Anthony. Cap. 2: Cultura e Sociedade. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 
2005.
LAFFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos. São Paulo: Cia das Letras, 
1988.
LAFFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: a contribuição de Hannah 
Arendt. Revista Estudos Avançados, 11(30), 1997.
http://dlmet.org.br/
RIBEIRO, Marli B. Santos e OLIVEIRA, Luiz Roberto. Terapia Ocupacional e Saúde 
Mental: construindo lugares de inclusão social. Interface – Comunicação, Saúde, 
Educação. Disponível em : http://www.scielo.br. Acesso em 10/07/2007.
SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. Rio de 
Janeiro:WVA, 1997.
SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão Social. I Seminário de Políticas Públicas do 
Município de Limeira. SP, Limeira, 24 de setembro de 2003.
Terapia Ocupacional – deficientes mentais começam a conquistar mercado de trabalho. 
Revista O COFFITO. Março de 2002.
http://www.scielo.br/

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