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CADERNO -Direito Empresarial - NATALIA OLIVEIRA

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CADERNO DE DIREITO EMPRESARIAL – JOÃO GLICÉRIO - FBD 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 1 
 
DIREITO EMPRESARIAL 
POR: NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 
 
- PROVAS: 
. 28 de setembro/2022 – 1ª avaliação. 
. 23 de novembro e 30 de novembro/2022 – 2ª avaliação. 
 . Avaliação será uma competição com a outra turma de Direito Empresarial 
(ministrada pelo prof. Abelardo). 
- REFERÊNCIAS: 
. Globais: 
 . Manual Direito Empresarial - André Luis Santa Cruz Ramos. Ed. Juspodvm. 
(Manual um pouco mais completo, mas continua sendo manual). 
 . Manual de Fábio Ulhoa Coelho. 
 . Manual de Gladston Mamede. 
. Específicas: 
 . 1° Volume – Direito empresarial - Marlon Tomazette. 
 . 1° Volume - Gladston Mamede. 
. Sobre títulos de crédito: 
 . Wille Duarte Costa – Títulos de Crédito. 
 . Luís E. da Rosa Jr. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 CADERNO DE DIREITO EMPRESARIAL – JOÃO GLICÉRIO - FBD 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 2 
 
O DIREITO EMPRESARIAL 
 
1) Noções históricas: 
 
. Existem dois momentos marcantes para o Direito Empresarial. - O primeiro, o da Teoria 
dos Atos de Comércio (1808- França) e o segundo momento é o da Teoria da Empresa 
(1942-Itália), os dois ligados de forma íntima a fatos históricos relevantes. 
 . A primeira Teoria surge logo depois da Revolução Francesa e a segunda na Itália, 
durante a Segunda Guerra Mundial, com uma das potências envolvidas. 
. A Teoria dos Atos de Comércio vem acompanhada da bipartição do Direito Privado, 
que se divide em direito civil e direito comercial, com o objetivo de oferecer um 
tratamento distinto entre nobreza e burguesia. 
 . Normas romanas eram normas ditas COMUNS. 
 . A separação do Direito Privado se deu em face do não mais pertencimento dos 
burgueses ao povo. Eles estavam no poder e, por conseguinte, precisavam de um 
regramento próprio. 
 . Direito comercial = o direito da classe dos burgueses = tenta preservar os 
privilégios adquiridos pelos burgueses. – Exemplo: somente burgueses tinham o 
monopólio da outorga de procuração por instrumentos particular (as demais pessoas só 
podiam fazer por instrumento público). 
 . O Código Comercial era recheado de benefícios e privilégios, dos mais simples ao 
mais complexos, pois cuidavam das relações estabelecidas por aqueles que estavam no 
poder. – É O SISTEMA DA BASE DO NOSSO SISTEMA ATUAL. Algumas mudanças foram 
impostas pelo passar do tempo, outras nem tanto. Não por outra razão, quem paga hoje 
menos tributos é quem exerce atividade econômica (influência advinda justamente da 
Revolução Francesa). Além disso, o acesso do sistema de insolvência se aplica mais 
facilmente para aquele que exerce uma atividade empresarial. 
 . O direito das obrigações com o foco no dever se destaca no Direito Civil, e tem do 
outro lado equivalente o direito cambiário no direito comercial, chamado também de 
direito de título de crédito, seguindo a ideia de que credito é o que a burguesia deveria ter 
e, então, débito, para a nobreza. 
 . A burguesia então escolhe não trazer no Código de Comercio Francês os conceitos 
fundamentais para que pudessem excluir os nobres dos benefícios. Nesse sentido, foram 
listados os atos relacionados à burguesia como o comércio, a indústria, os bancos e os 
seguros, não listando, por exemplo, a agricultura e outras atividades ligadas aos nobres, 
para que eles não tivessem acesso aos benefícios ligados à Ata Comercial. 
 . Assim, ao se fixar a um conceito, a burguesia poderia se adaptar a ele. Todavia, a 
doutrina buscou encontrar um conceito fundamental para o Direito Comercial Francês, 
mas todas elas foram refutadas. 
 . Alfredo Rocco então estabelece um conceito que alcançava boa parte das 
atividades comerciais da época, de modo que a doutrina percebe que seria necessário um 
novo sistema, pela falta de sustentação que essa passou a ter, considerando os seus 
conceitos fundamentais. 
 
. Surge então a Teoria da Empresa (movimento que se consolidou em 1942 – Itália), junto 
ao nascimento do Código Civil Italiano, que contempla, de maneira sistémica, 
 CADERNO DE DIREITO EMPRESARIAL – JOÃO GLICÉRIO - FBD 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 3 
 
concretizando e corrigindo as lacunas e defeitos deixados pela Teoria dos Atos, 
considerando suas principais características: a bipartição e sua ausência do conceito 
fundamental. 
 . Trouxe consigo um conceito fundamental/estruturante. 
 . Então a Teoria da Empresa vem acompanhada da Tese da reunificação do Direito 
Privado e traz um conceito para a matéria. - Logo em seu primeiro artigo do Direito de 
Empresa ele traz o conceito de Empresário, que seria copiado pelo Código Civil Brasileiro 
(1950), e outros ao redor do mundo. 
 . Mas, essa Tese de reunificação do Direito Privado foi frustrada. 
 
ATIVIDADES EMPRESARIAIS E CIVIS 
1) Empresário: 
. Direito empresarial é ramo autônomo do Direito Civil. 
. Empresário é um gênero que comporta 2 espécies: 
 . Empresário individual. – Pessoa física que exerce uma atividade empresarial. – 
Apesar de ser pessoa física, recebe CNPJ. 
 . Sociedade empresária. – Pessoa jurídica. 
. É o artigo 966 do Código Civil o mais importante aqui, pois ao definir quem é empresário, 
por tabela, acaba definindo também quem não é. – Apresenta, portanto, um panorama de 
quem deve ser considerado empresário. 
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a 
produção ou a circulação de bens ou de serviços. 
 
. Esse “profissionalmente” do art. 966 do CC é o primeiro elemento do conceito de 
empresário. 
 . O que é ser profissional? O profissionalismo é marcado pelo HÁBITO (ser 
habitual é atender a demanda periódica daquela atividade, o que não quer dizer “estar 
naquela demanda todo dia”, já que existem atividades que não ensejam demandas 
diárias), PESSOALIDADE (significa que a atividade será exercida em nome do 
empresário, mas não exclusivamente por ele, pois ele pode e deve contratar pessoas para 
atuar em seu nome) e pelo MONOPÓLIO DE INFORMAÇÕES (aquilo que é relacionado ao 
consumo do produto ou serviço que ele oferece, está dentro do campo/espectro de 
informações que ele precisa saber e que é obrigado a compartilhar com seus 
consumidores através do MANUAL DE INSTRUÇÕES). 
 . Exemplo em relação a característica de ser habitual: montar um bloco de 
carnaval é esperar que ele funcione todos os anos no período do carnaval. E isso, por 
óbvio, atende à demanda periódica daquela atividade. 
 . Pessoalidade é o grande fundamento da responsabilidade. 
 CADERNO DE DIREITO EMPRESARIAL – JOÃO GLICÉRIO - FBD 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 4 
 
 . A expressão “monopólio de informações” passa uma impressão errada, pois 
o empresário não pode guardar tudo para ele e nem tem como saber de tudo. – Aquilo que 
ele é obrigado a saber, precisa ser compartilhado com seus consumidores. – Ele não é 
obrigado a ter informações técnicas e específicas de sua atividade (exemplo: dono de uma 
construtora pode ser um contador; não precisam saber que a porta 46 encaixa na porca 
3f etc.). – Mas, aquilo que é relacionado ao consumo do produto ou serviço que ele oferece, 
está dentro do campo/espectro de informações que ele precisa saber e que é obrigado a 
compartilhar com seus consumidores (exemplo: formas de uso do produto/serviço que 
ele oferece; eventuais riscos à saúde ou à vida etc.). 
. Pessoa física que exerce uma atividade empresarial = apesar de ser pessoa 
física, recebe CNPJ. 
. A sociedade empresária é uma pessoa jurídica, que adquire personalidade a partir 
do registro no órgão competente, que nos casos das atividades empresariais são as 
JUNTAS COMERCIAIS (há um registro específico para as sociedades advogadas – OAB, e, 
para as outras sociedades civis, RCPJ). Essa sociedade empresária é formada por sócios 
(pode ser uma sociedade unipessoal, com um único integrante, ou com mais de um). *O 
SÓCIO NÃO É EMPRESÁRIO, A SOCIEDADE QUE ELE INTEGRA É QUE É EMPRESÁRIA; 
QUEM DETEM A PERSONALIDADE JURÍDICA É ASOCIEDADE E NÃO O SÓCIO* 
. “Exercício de uma atividade econômica com intuito lucrativo” é o segundo elemento 
trazido pelo art. 966 do CC. 
 . Tratando tanto de uma atividade de natureza civil quanto empresarial. – Uma 
associação/fundação, exercem atividades econômicas. Mas, dentro da lógica de atividade 
econômica existe a ideia de lucro. 
 . Associação e fundação não podem ter FINALIDADE LUCRATIVA. – Mas, o 
lucro é possível, até porque não é um conceito que possa ser apreendido pelo direito. É o 
resultado da subtração entre receita e despesa, quando a receita é maior que a despesa. O 
que esses órgãos não poderão fazer é distribuir o lucro (porque lá o lucro é meio para 
alcançar outros fins: culturais, sociais, de assistência etc.). 
 . Na atividade empresarial a busca pelo lucro é essencial. Não podemos falar 
em atividade empresarial sem a busca do lucro. É inerente à condição de empresário a 
busca pelo lucro. 
 . Nem todo aquele que persegue o lucro é empresário. 
 . Aquele que não tem intuito lucrativo não pode ser considerado empresário, 
pois não atendeu o requisito exigido. MAS, NEM TODO AQUELE QUE TEM INTUITO 
LUCRATIVO É EMPRESÁRIO. 
. OBS: aquilo que entendemos como empresa, por ouvirmos dia-a-dia, não é o que 
devemos conceber como tal. – Ideia de empresa foi consolidada na Itália de 1942, e quem 
melhor a consolidou foi o professor Alberto Asquini: a empresa é um perfil poliédrico, 
marcado por 4 perfis – (i) subjetivo, relacionado com o empresário; (ii) objetivo, 
relacionado ao objeto da atividade econômica organizada, isto é, o estabelecimento 
empresarial; (iv) funcional/abstrato, tendo sido relacionado com a empresa, que não é 
coisa e nem objeto/não é agente e nem paciente, é um elemento abstrato dentro da Teoria 
da Empresa, isto é, o vínculo jurídico que liga o sujeito ao objeto; (v) corporativo. 
 CADERNO DE DIREITO EMPRESARIAL – JOÃO GLICÉRIO - FBD 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 5 
 
. OBS: substituir empresa por atividade para ver se a acepção está correta. 
 . Exemplo: não posso afirmar que a empresa pegou fogo, pois a “atividade” não 
pegou fogo. Também não posso afirmar que a empresa exportou x quilos de arroz, pois a 
“atividade” não exportou isso. MAS, POSSO DIZER QUE A EMPRESA É MUITO ARRISCADA, 
POIS A ACEPÇÃO SERIA COERENTE COM A “ATIVIDADE É MUITO ARRISCADA”. 
. “Organização” é o 3° elemento trazido pelo art. 966 do CC. 
 . É a articulação dos 04 fatores de produção = capital, insumos, tecnologia e 
mão de obra. 
 . Insumo é a matéria prima utilizada na atividade. 
 . Tecnologia é o aprimoramento da técnica para atender a demanda. 
 . Capital pode ser próprio ou alheio. 
 . Mão de obra pode ser direta (tem vínculo empregatício) ou indireta (não tem 
vínculo empregatício). 
 . OBS: o requisito para ser empresário não é contratar empregado, MAS SIM 
MÃO DE OBRA (exemplo: contratar prestadores terceirizados). – QUEM NÃO 
CONTRATAR NINGUÉM NÃO PODE SER CONSIDERADO EMPRESÁRIO. 
. Vincenzo Buonocore defendia que a contratação de mão de obra deveria ser requisito do 
conceito de empresário. Para ele, o indivíduo que consegue executar todas as tarefas 
relacionadas ao negócio, também pode ser considerado empresário. – Já Evaristo de 
Moraes filho defendia que a contratação de mão de obra é indispensável para a 
configuração de empresário, pois é inerente a condição de empresário. 
 . Entende-se, majoritariamente, que não há possibilidade do exercício da 
atividade empresarial sem a contratação de atividade alheia. 
 . Mas, e a criança que cria um jogo do sofá de casa sem ninguém? Não é exerce 
atividade comercial? Sim, mas de natureza civil. 
2) Quem não é empresário? 
A) Hipóteses de atividade civil/não empresarial: 
. Hipótese EXCLUDENTE. – Não será considerado empresário quem não atender a 
qualquer dos requisitos do art. 966 do CC. 
. Hipótese do parágrafo único do art. 966 do CC – PROFISSIONAL INTELECTUAL. 
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, 
literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão 
constituir elemento de empresa. 
 
 . “Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual de natureza 
científica, literária ou artística” – Exemplos: médico, contador, advogado, escultor, músico 
etc. – AFIRMAÇÃO CATEGÓRICA. 
 CADERNO DE DIREITO EMPRESARIAL – JOÃO GLICÉRIO - FBD 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 6 
 
 . “Ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores”. – Mesmo que contrate 
uma galera/mão-de-obra, essa pessoa não será considerado empresário. 
 . “Salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa”. 
 . OBS: médica que tenha o seu consultório, e contrate auxiliares como 
recepcionista, enfermeiro etc. A atividade que essa médica exerce é de natureza civil, pois 
está encaixada no parágrafo único do art. 966/CC, mesmo contratando colaboradores ou 
auxiliares. – MAS, É POSSÍVEL QUE ESSE MÉDICO SE ENCAIXE NA ÚLTIMA PARTE DO 
ART.966? NA EXCEÇÃO? Enquanto ela está no consultório, ela é o referencial daquela 
atividade para a sua clientela. Mas, se esse médico também dá plantão na emergência do 
hospital aliança, onde não é procurado médico A/B/C, mas sim o atendimento, ela é então 
um elemento de empresa. O hospital aliança nesse caso presta o serviço de 
estacionamento, serviço de hospedagem, serviço de alimentação, serviço médico etc. 
Dentro da prestação de serviço médico tem um emaranhado complexo de fatores de 
produção (enfermeiro, médico, auxiliares etc.). 
 . Se a organização for estabelecida de forma que o referencial seja a instituição, 
estamos diante de atividade empresarial. Caso o referencial seja o profissional, a atividade 
é civil. 
. OBS: e escritório de advocacia? Como fica? Pode ser praticante de atividade empresarial? 
Art. 5º do Código de Ética da Advocacia: O exercício da advocacia é incompatível com qualquer 
procedimento de mercantilização. 
 . A OAB e STJ entendem que aqui a atividade exercida pela advocacia é de natureza 
civil e, portanto, não poderia ser enquadrada como atividade empresarial. – A OAB então 
proíbe publicar anúncio na TV, venda cassada, produção outdoor etc. MAS, dizer que um 
escritório de advocacia não pode ter estrutural empresarial é algo incontrolável, pois 
existem escritórios de advocacia no Brasil que claramente possuem estrutura 
empresarial. 
 . Se cair na prova da OAB, marcar sempre que escritório de advocacia não comporta 
estrutura empresarial. 
. Hipótese daqueles que EXERCEM ATIVIDADE RURAL. 
 . Para quem exerce uma atividade rural, o critério é meramente formal – Apenas 
para quem exerce atividade rural é o registro na junta comercial o único fator 
determinante para a configuração da atividade rural como empresarial. – É o lugar do 
registro o fator determinante para configuração da atividade rural como empresarial. 
 . Se for registro no RCPJ (Registro Civil de Pessoa Jurídica), a atividade é de 
natureza civil. 
 . O registro é obrigatório, o que irá mudar é onde será realizado: junta comercial 
ou RCPJ. 
. Hipótese dos CLUBES DE FUTEBOL. – Associação que desenvolve atividade 
futebolística de caráter habitual e profissional. 
 CADERNO DE DIREITO EMPRESARIAL – JOÃO GLICÉRIO - FBD 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 7 
 
 . Os clubes de futebol também podem escolher a realização do registro na junta 
comercial, essa escolha que determinará sua posição jurídica (assim como aqueles que 
exercem atividade rural). 
. Hipótese das COOPERATIVAS. 
 . O parágrafo único do artigo 982 do CC estabelece que as cooperativas serão 
sempre sociedades simples (sem exceções), ou seja, nunca serão sociedades empresárias. 
Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, 
simples, a cooperativa. 
 . A legislação da cooperativa, todavia, estabelece que ela deve realizar o seu 
registro najunta comercial. 
. OBS: SOCIEDADES ANÔNIMAS SERÃO SEMPRE SOCIEDADES EMPRESÁRIAS. 
 . A estrutura da sociedade anônima é totalmente incompatível com sociedade civil. 
 . OBS: Sociedade Anônima, ou S.A, SA, S/A, é uma natureza jurídica que tem como 
principal característica a divisão por ações. Isso quer dizer que a participação e a 
responsabilidade de cada sócio, chamados de acionistas, está totalmente vinculada e 
limitada ao preço de emissão das ações que adquirir. 
B) Vedações ao exercício da atividade empresarial: 
. Incapacidade: 
 . É uma condição do sujeito, isto é, serve para proteger aquele indivíduo que não 
tem o necessário discernimento para prática dos atos da vida civil. 
 . Se o incapaz é absolutamente incapaz, deve ser protegido pelo instituto da 
representação; já o relativamente incapaz, protegido pelo instituto da assistência. 
 . O emancipado é plenamente capaz, logo, pode praticar qualquer ato da vida civil 
e empresarial. – HIPÓTESES DE EMANCIPAÇÃO PREVISTAS NO CC: CASAMENTO, 
NOMEAÇÃO PARA OCUPAR CARGO PÚBLICO EFETIVO, ESTABELECIMENTO POR 
ECONOMIA PRÓPRIA, GRADUÇÃO EM CURSO SUPERIOR, OUTORGA DOS PAIS. 
 . Pode o incapaz ser empresário individual? SIM. Mas, ele não pode começar uma 
atividade como empresário individual, ele só pode continuar uma atividade que tenha 
sido objeto de herança ou que ele mesmo tenha iniciado quando era capaz. MESMO ASSIM, 
PARA CONTINUAR A ATIVIDADE EMPRESARIAL ELE PRECISARÁ DE AUTORIZAÇÃO 
JUDIICAL CONSTANTE DE ALVARÁ (nesse alvará o juiz vai listar os bens particulares do 
incapaz ao tempo da sucessão, pois esses bens estarão protegidos do eventual insucesso 
do negócio, isto é, não serão alcançados por dívida do negócio, SALVO SE ELE UTILIZAR 
NA ATIVIDADE ESSES BENS PARTICULARES). Além de listar os bens, ele irá mencionar 
no alvará aquele que já é o assistente ou representante do incapaz. Todavia, no caso de o 
representante/assistente estar impedido para atividade empresarial, será substituído por 
um gerente (SOMENTE EM RELAÇÃO AS ATIVIDADES EMPRESARIAIS). 
 CADERNO DE DIREITO EMPRESARIAL – JOÃO GLICÉRIO - FBD 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 8 
 
 . Pode o incapaz ser sócio de uma sociedade empresária? SIM, pode ser sócio desde 
seu começo. Para isso, entretanto, se faz necessário o atendimento de 03 requisitos, todos 
dispostos no parágrafo 3° do art. 974 do CC. – O primeiro requisito é o incapaz estar 
representado ou assistido. O segundo requisito é que ele não pode participar da 
administração da sociedade (por óbvio, já que não tem discernimento necessário para 
administrar seus próprios bens, quem dirás bens de terceiros). O terceiro requisito diz 
que o capital social deve estar devidamente integralizado. 
§3º O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais deverá registrar contratos ou 
alterações contratuais de sociedade que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de forma conjunta, os 
seguintes pressupostos: 
I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade; 
II – o capital social deve ser totalmente integralizado; 
III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve ser representado por 
seus representantes legais. 
 
. OBS: capital social é a contribuição dos sócios para a formação da sociedade empresarial 
= os sócios se reúnem e decidem contribuir com um valor para que a sociedade possa 
começar a sua atividade. 
 . Integralizar o social é PAGAR o que os sócios prometeram encontrar. – Então, se 
03 sócios se reúnem e entendem que para começar aquele negócio eles precisam de 30 
milhões de reais (de forma que podem dividir como quiser), e cada um promete pagar a 
sociedade em contrato 10 milhões de reais, quando assim prosseguirem com o pagamento 
ele estará devidamente integralizado. 
 . Mas, por quê isso é importante quando falamos de participação do incapaz na 
sociedade? Pois, isso interfere na responsabilidade dos sócios (responsabilidade menor). 
. Incapacidade existe para proteger o sujeito da coletividade, tendo em vista que ele não 
tem como praticar os atos sozinhos. 
. Proibições ao exercício da atividade empresarial: Quem está proibido de exercer 
a atividade empresarial? 
. Aqui o sujeito é nocivo ou potencialmente nocivo, por isso busca-se proteger a 
coletividade do indivíduo. 
. A primeira hipótese de proibido é o FALIDO. 
 . Ele já deu errado, já prejudicou pessoas, então está proibido de exercer a atividade 
empresarial até a sua reabilitação. 
 . A extinção das obrigações (pagamento, prescrição, transação, novação, 
compensação etc.) gera a reabilitação do falido, que poderá então voltar a exercer a 
atividade empresarial. 
 . No Brasil, depois de ser decretada a falência em caso de você entregar o 
patrimônio, por determinação legal, em 03 anos você está habilitada. Já nos EUA isso é 
automático (entregou o patrimônio = reabilitou). 
 CADERNO DE DIREITO EMPRESARIAL – JOÃO GLICÉRIO - FBD 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 9 
 
. A segunda hipótese é O CONDENADO POR CRIME INCOMPATÍVEL COM O EXERCÍCIO DA 
ATIVIDADE EMPRESARIAL. 
 . Até quando ele fica proibido? Até a extinção da punibilidade. Uma vez extinta a 
punibilidade, ele poderá voltar a exercer a atividade empresarial. 
 . Seriam tipos penais cujos resultados são potencializados quando do exercício da 
atividade empresarial. – Como identificar na lei esse tipo de crime? Basta olhar o tipo 
penal: não irá se encontrar só pena privativa de liberdade, mas também pena restritiva de 
exercício da atividade empresarial. 
. A terceira hipótese é o LEILOEIRO. 
 . Está proibido por ser um auxiliar do empresário. 
 . O leiloeiro hoje ajuda o Estado a vender seus bens, ajuda o judiciário. Mas, ele foi 
pensado/nasceu para auxiliar o empresário, de forma que acabou assumindo essa função 
pública posteriormente. Assim, por ter acesso a informações privilegiadas, em razão da 
posição que ocupa, não pode exercer a atividade empresarial. 
. A quarta hipótese é o DEVEDOR DE TRIBUTOS. 
 . Fica impedido de iniciar uma nova atividade empresarial. 
. A quinta hipótese é uma proibição para certas atividades empresariais, sendo o 
ESTRANGEIRO PROIBIDO DE EXERCER NO BRASIL APENAS ALGUMAS ATIVIDADES 
ESPECÍFICAS. 
. Quais são elas? O exemplo mais relevante é o da CF, art. 222 (estrangeiro não pode 
ter participação superior a 30% em empresas jornalísticas ou de radiodifusão). 
§ 1º Em qualquer caso, pelo menos setenta por cento do capital total e do capital votante das 
empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens deverá pertencer, direta ou 
indiretamente, a brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, que exercerão obrigatoriamente a 
gestão das atividades e estabelecerão o conteúdo da programação. 
. A sexta hipótese é o SERVIDOR PÚBLICO. 
 . Cada entidade federativa tem um regime jurídico próprio para os seus servidores 
públicos. Tenho regimes altamente restritivos, e tenho outros muito mais livres. Mas, a 
maioria dos regimes é intermediário, seguindo, por exemplo, o Regime Jurídico Único dos 
Servidores Públicos Federais da Ativa = estabelece que esses servidores não podem ser 
empresários individuais, só podem ser sócios não administrador. 
C) Os prepostos do empresário: 
. Preposto é toda mão-de-obra contratada pelo empresário para o exercício da atividade. 
. O ATO PRATICADO PELO PREPOSTO VINCULARÁ O EMPRESÁRIO SE FOR PRATICADO 
NO LUGAR DA ATIVIDADE E ESTIVER RELACIONADO COM O OBJETO DA ATIVIDADE. 
. OBS: no Direito do Consumidor, propostas irrisórias, não vinculam o empresário se 
forem feitas por engano. MAS, só se for de fato constatada a proposta irrisória. 
 CADERNO DE DIREITO EMPRESARIAL – JOÃO GLICÉRIO - FBD 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 10 
 
. OBS: preposto não pode concorrer com empresário, sob pena de cometer crime de 
concorrência desleal. – Além de responsabilização civil. 
. O Código Civildestaca 02 prepostos como os mais importantes para o empresário. 
 . Gerente: é o preposto do empresário que tem função de chefia. – Qualquer pessoa 
capaz pode ser gerente (não se exige característica específica). É também um preposto 
facultativo (o empresário só vai ter gerente, se assim desejar). 
 . Contador ou contabilista: necessita ter formação específica em contabilidade e 
registro no conselho competente. – É UMA FIGURA OBRIGATÓRIA PARA O EMPRESÁRIO 
(todo empresário é obrigado a ter contador), salvo nos lugares em que não existir 
contador. 
D) Obrigações do empresário: 
. 1ª obrigação: registrar-se na junta comercial, isto é, dizer ao Estado que irá iniciar uma 
atividade econômica organizada. 
. 2ª obrigação: manter uma escrituração regular, lançando nos LIVROS as operações 
realizadas. – TUDO QUE ELE FIZER DEVE CONSTAR EM SEU LIVRO EMPRESARIAL. 
 . Serve tanto ele revisitar o desempenho passado, como projetar o 
desenvolvimento futuro. 
 . Demonstra a terceiros o desempenho de sua atividade, quando se está buscando, 
por exemplo, investidores. 
 . Tem função fiscal, pois o Estado pode fiscalizar a atividade com base nisso. 
 . DIFERENÇA ENTRE LIVRO E BALANÇO: é o nível de descritividade/profundidade 
da informação, pois no livro a operação é lançada individualizada/detalhada; já no 
balanço é de forma condensada. 
. 3ª obrigação: levantar balanços periódicos. 
3) Registro: 
. OBS: o que rege a atividade empresarial no Brasil é a livre iniciativa, prevista na CF no 
núcleo irredutível (chamadas de cláusulas pétreas = aqui o núcleo pode ser ampliado, só 
não reduzido), em seu artigo 1°. 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e 
do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: 
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; (Vide Lei nº 13.874, de 2019) 
. Qualquer um pode decidir iniciar uma atividade comercial, e não pode o Estado proibir 
tal exercício se esta for lícita. O Estado não pode sequer exigir atendimento de requisitos 
relacionados ao exercício da própria atividade para dizer se permite ou não seu início. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13874.htm#art1
 CADERNO DE DIREITO EMPRESARIAL – JOÃO GLICÉRIO - FBD 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 11 
 
 . O ESTADO SÓ PODE EXIGIR REQUISITOS QUANDO SE FIZEREM NECESSÁRIOS 
PARA PRESERVAR OUTROS FUNDAMENTOS BASILARES DA CF, COMO A DIGNIDADE DA 
PESSOA HUMANA, SOBERANIA, CIDADANIA, SEGURANÇA NACIONAL ETC. 
. O Estado irá verificar apenas se você atendeu requisitos formais, ele não vai analisar 
requisitos materiais. 
 . Exemplo: contrato social indo na junta comercial para fazer o registro da atividade 
empresarial. O Estado não pode dizer, por exemplo, que naquela região x não tem solo 
propício para essa atividade. Ele só pode entrar em questões formais. 
A) Histórico: 
. O Registro Comercial começa na Idade Média com as corporações de ofício, onde os 
artesãos precisavam ser inscritos. 
. No Brasil, a primeira notícia que se tem acerca do Registro ocorre em 1808. 
 . A família real portuguesa foge de Portugal por conta da ameaça Bonapartista e 
vem para o Brasil, transferindo a sede do reinado para o RJ. Cria-se uma infraestrutura 
nacional, com instituições autônomas (que até então só tínhamos acessórias) como o 
primeiro curso superior, abrem-se os portos etc. 
 . Alvarás reais falavam de tudo, como uma espécie de decreto presidencial que 
tinha força de lei. Eram nomeados pela data da publicação, e só era feita uma publicação 
por dia. 
 . ALVARÁ REAL DE 23/08/1808: criou no Brasil o Tribunal da Real Junta do 
Comércio, Agricultura, Fábrica e Navegação (julgava litígios e registrava atividades 
empresariais do país); e também criou o Banco do Brasil. 
 . Esses Tribunais estavam localizados nas capitais, e havia uma necessidade de 
avanço pelos interiores do país. Foi então que em 1950 editou-se o Código Comercial 
Brasileiro mudou o nome do supracitado Tribunal para tão somente Tribunais do 
Comércio (ficavam no litoral/capital); e também foram criados os Tribunais de Relação 
(que ficavam no interior do país). MAS, AINDA CUMULAVAM FUNÇÕES INCOMPATÍVEIS: 
LEGISLAR E JULGAR, pois como um Tribunal que faz o registro irá julgar um litígio 
envolvendo este? Não faz sentido. 
. Em 1875 o registro é confiado às JUNTAS COMERCIAIS (nas capitais, junto aos 
Tribunais de Comércio) e as INSPETORIAS REGIONAIS (ficavam nos interiores, junto aos 
Tribunais de Relação), de forma que os Tribunais ficaram apenas com a função de julgar. 
 . Quando aconteceu a proclamação da República em 1889 com o golpe militar do 
Marechal Teodoro da Fonseca, às JUNTAS COMERCIAIS passam então a ser de 
competência dos ESTADOS. 
 . Passamos a ter um problema: cada ESTADO fazia um registro de uma forma, de 
modo que quando um comerciante passava de um estado para o outro enfrentava vários 
problemas para prosseguir com o registro. Esse problema só foi resolvido em 1946, com 
 CADERNO DE DIREITO EMPRESARIAL – JOÃO GLICÉRIO - FBD 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 12 
 
a Constituição, em que o SISTEMA REGISTRAL passou a ser de competência concorrente 
entre a UNIÃO (função regulamentatória/legislativa) e os ESTADOS (função executiva). A 
UNIÃO diz como devem ser feitos os registros, e os ESTADOS fazem. 
 . NA PRÁTICA, HOJE, AINDA TEMOS UMA CERTA CONFUSÃO. 
 . ESSE É O SISTEMA DA ATUAL LEI DE REGISTROS: LEI 8934/1994. 
B) SINREM: 
. A Lei 8.934/94, instituiu o SINREM, isto é, o Sistema Nacional de Registro Empresarial, o 
qual está dividido em duas esferas: no âmbito federal, temos o DREI (Departamento 
Nacional de Registro Empresarial e Integração), dizendo como o Registro deve ser 
realizado; no âmbito estadual, as JUNTAS COMERCIAIS, que fazem propriamente o 
registro comercial de acordo com as determinações do DREI. 
 . DREI substituiu o antigo DNRC. 
C) Atos do registro: 
. Registro é o gênero que comporta 03 espécies: 
 . Matrícula - Já foi no passado o ato de registro do empresário, o que não é mais. 
HOJE, ELA É O ATO DE REGISTRO DOS AUXILIARES DO EMPRESÁRIO (leiloeiros, 
intérpretes comerciais e tradutores públicos). 
 . Tradutor público juramentado: surge como um auxiliar do empresário, 
mas o Estado se apropria de suas funções de tradução também. 
 . Intérprete traduz em tempo real as conversações entre empresários de 
idiomas diferentes. 
 . Leiloeiro serve para vender bens dos empresários, e depois o Estado se 
apropria de suas funções. 
 . Arquivamento – ato de registro do empresário individual e de constituição, 
alteração e dissolução das sociedades empresárias. 
 . Pega o contrato social e leva à arquivamento na junta comercial: se a junta 
comercial arquivar o contrato é porque foi deferido o pedido de registro. 
 . Qual o prazo para requerer o arquivamento? 30 dias, a contar da prática 
do ato (seja ele qual for, a exemplo de assinatura de um contrato, dissolução de sociedade 
empresarial etc.). – Se o pedido de requerimento for feito dentro do prazo, e ele depois for 
deferido, se produzirão efeitos ex tunc, isto é, atingirão os atos anteriormente praticados 
até a data do requerimento (serão convalidados). 
 . Exemplo: contrato assinado em 21 de agosto; requerimento em 13 de 
setembro; e o deferimento somente em 28 de setembro. – Nesse caso, retroage para a 
data de requerimento como ele foi feito dentro do prazo de 30 dias e, por conseguinte, 
retroage até 21 de agosto (prática do ato). – SE O REQUERIMENTO NÃO TIVESSE SIDO 
 CADERNO DE DIREITO EMPRESARIAL – JOÃO GLICÉRIO - FBD 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 13 
 
FEITO DENTRO DO PRAZO DE 30 DIAS, RETROAGIRIA SOMENTE ATÉ A DATA DO 
REQUERIMENTO (13 DE SETEMBRO) SEM ATINGIR O CONTRATO ASSINADO 
 . O requerimento realizado fora do prazo não retroage, isto é, não convalida 
os atos anteriormentepraticados (efeito ex nunc). Os atos praticados anteriormente 
continuarão sendo considerados como praticados por empresário irregular. 
 . Autenticação - tem dupla função: (i) veracidade; (ii) regularidade. 
 . Veracidade = a junta comercial confere que a cópia confere com a original, 
e então atribui fé pública à cópia do documento. 
 . Regularidades = documentos empresariais somente serão considerados 
regulares se devidamente autenticados (evitar fraudes). 
D) Processo decisório da junta comercial: 
. Faz o pedido na Junta Comercial, que irá analisá-lo. MAS, ELA CLASSIFICA OS PEDIDOS 
PARA FACILITAR A ANÁLISE. – Classificados em atos de MAIOR e MENOR complexidade. 
 . Atos de maior complexidade serão julgados por um órgão colegiado. – Quem são 
os colegiados que irão julgar? O PLENÁRIO DE VOGAIS e as TURMAS DE VOGAIS. 
 . Atos de menor complexidade serão julgados singularmente. – É O PRESIDENTE 
DA JUNTA COMERCIAL QUEM DECIDE SINGULARMENTE. 
 . O Plenário de Vogais julga apenas os recursos das decisões singulares e das 
decisões das turmas (ELE NÃO POSSUI COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA, APENAS 
DERIVADA). 
 . As Turmas de Vogais irão julgar os atos de maior complexidade: arquivamentos 
relacionados com operações societárias (fusão, cisão, incorporação, transformação etc.); 
arquivamentos relacionados com grupos de sociedades e consórcios de empresas; 
arquivamentos relacionados com constituição e dissolução (apenas) de sociedades 
anônimas. 
 . Os demais arquivamentos são atos de menor complexidade, bem como a 
matrícula e autenticação: serão realizados pelo presidente da junta comercial 
singularmente. 
 . O prazo que o Colegiado tem de decidir acerca dos atos de maior complexidade 
são 05 dias úteis. 
 . Os atos de menor complexidade devem ser respondidos em até 02 dias úteis. 
 . Os prazos acima se descumpridos geram consequências: DEFERIMENTO TÁCITO 
DO PEDIDO. 
. Em 2019, alguns pedidos passaram a contar com autorização automática dos pedidos. E 
depois quando a junta for analisar, se ela notar algum vício, ela pede a parte para corrigir. 
Se a parte não corrigir, ela anula a autorização. – QUAIS SERIAM OS ATOS SUJEITOS À 
ISSO? Atos de menor complexidade que atendam a 02 requisitos: modelo pré-elaborado 
 CADERNO DE DIREITO EMPRESARIAL – JOÃO GLICÉRIO - FBD 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 14 
 
pelo DREI e a viabilidade do nome (e quando for o caso, da localização) poderão fazer 
pedido de registro automático. 
. OBS: para qualquer atividade empresarial eu preciso de nome livre e autorização para 
funcionar pelo município. 
. OBS - as juntas comerciais têm dupla subordinação: (i) administrativa ao governo do 
Estado; (ii) e subordinação técnica ao DREI. 
 . Quem paga conta de água, luz, telefone etc. das juntas = o Estado. 
 . Mas, quem diz como deve funcionar a junta comercial do ponto de vista técnico = 
o DREI. 
E) Exame das formalidades do registro empresarial: 
. Análise da flagrante ilicitude do objeto. - Se o objeto for flagrantemente ilícito, o pedido 
de arquivamento do contrato pode ser indeferido com base nisso. 
 . Essa não é a regra, já que como a regra no Brasil é de livre iniciativa, a junta 
comercial faz apenas a análise das formalidades. 
. Ao fazer o exame das formalidades, a junta comercial pode ser deparar com vícios, que 
podem ser INSANÁVEIS ou SANÁVEIS. 
 . Vícios insanáveis atingem a validade do ato praticado. – Exemplo: contrato 
assinado por absolutamente incapaz sem representante. 
 . Ao se deparar com vício insanável (que não pode ser corrigido), caberá a junta 
comercial apenas indeferir o pedido. 
 . Vícios sanáveis são aqueles que podem ser corrigidos, pois atingem apenas a 
eficácia/registrabilidade do ato praticado. – Junta comercial converte o pedido em 
exigência para que o interessado no prazo de 30 dias corrija o vício sanável. 
 . Exemplo: pedido de registro que não foi acompanhado de uma certidão 
obrigatória. 
. O que a junta irá analisar, no final das contas, no prazo de 02 (atos menos complexos) ou 
05 (atos de maior complexidade) dias úteis é isso. 
F) Processo revisional do registro: 
. É possível tentar administrativamente a reversão da decisão, independentemente do 
processo judicial (pode propor nas duas esferas ao mesmo tempo ou não). 
. PROCESSO REVISIONAL é o que trata da eventual modificação da decisão que indeferiu 
o pedido, e está dividido em 03 etapas: (i) PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO é direcionado 
ao mesmo órgão julgador, que irá reavaliar sua decisão (se for ato de menor 
complexidade, o presidente da junta comercial; se de alta complexidade, as turmas de 
vogais), podendo manter o indeferimento ou não; (ii) em caso de ser mantido o 
indeferimento, o interessado pode interpor RECURSO AO PLENÁRIO DE VOGAIS; (iii) se 
 CADERNO DE DIREITO EMPRESARIAL – JOÃO GLICÉRIO - FBD 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 15 
 
o plenário mantiver o indeferimento, caberá o RECURSO AO DREI, que pode também 
manter o indeferimento ou não. 
G) Irregularidade do registro: 
. Acontece quando o empresário não realiza o registro na junta comercial (estará, 
portanto, irregular). 
 . Se for feito no RCPJ quando deveria ter sido feito na junta comercial, tem-se 
também irregularidade. 
. Quais são as consequências da irregularidade? 
 . A responsabilidade dos sócios será ILIMITADA, isto é, os sócios responderão 
ilimitadamente por todas as obrigações de uma sociedade irregular. - O patrimônio 
particular do sócio pode ser alcançado para sanar dívida do negócio. 
 . A ilegitimidade para requerer recuperação de empresas, isto é, o empresário 
irregular não tem direito ao benefício da recuperação de empresa. 
 . O empresário irregular não pode (não tem legitimidade) requerer a falência de 
outro empresário. – O empresário irregular pode ter a sua falência decretada (esta, 
inclusive, é a única que ele poderia requerer = autofalência), mas não pode requerer de 
outro empresário. 
 . OBS: um empresário iria querer decretar a falência de outro empresário, 
por exemplo, porque é credor dessa outra. 
 . Impossibilidade de inscrição nos cadastros fiscais, podendo sofrer sanção por não 
pagar os tributos. 
 . Não terá matrícula junto ao INSS. 
 . Não poderá contratar com o Poder Público. – Não pode participar de licitações e 
nem firmar contratos administrativos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 16 
 
LIVROS EMPRESARIAIS 
1) Introdução: 
. É obrigação de toda e qualquer empresa, com exceção das pequenas empresas, ter esse 
“diário”, que é um livro empresarial. 
 . Irá detalhar todas as atividades desenvolvidas. – Guardar memória do 
empresário. 
Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, 
mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a 
documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. 
§ 1o Salvo o disposto no art. 1.180, o número e a espécie de livros ficam a critério dos interessados. 
§ 2o É dispensado das exigências deste artigo o pequeno empresário a que se refere o art. 970. 
 
. O principal livro empresarial é chamado e LIVRO DIÁRIO. 
2) Funções: 
. Função gerencial: você enquanto empresário tenha noção do que está acontecendo nas 
operações internas. – “Uma função para si mesmo”. 
 . Ajuda o empresário a tomar decisões sobre a sua própria atividade. – Usar como 
base até mesmo p/ suas projeções futuras. 
. Função documental: uma função mais voltada para o terceiro, de ter ali registrado 
naquele livro empresarial o que aquele terceiro teria interesse em saber (exemplo: um 
terceiro que desejasse investir). 
. Função fiscal: o Estado quer saber se você enquanto empresário está agindo dentro das 
regularidades. 
 . O Estado analisa a incidência dos tributos a partir dos livros.3) Espécies: 
 
 
 
 
 
 
 
 
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. Livros obrigatórios: previstos em lei, que toda empresa deve ter. 
 . Comum: é o LIVRO DIÁRIO que todo empresário deve ter, com exceção do 
pequeno empresário. 
Art. 1.180. Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o Diário, que pode ser substituído por 
fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica. 
Parágrafo único. A adoção de fichas não dispensa o uso de livro apropriado para o lançamento do balanço 
patrimonial e do de resultado econômico. 
 
 . Especiais: obrigatório para alguns seguimentos ou setores específicos da 
atividade empresarial. - Ex: livro razão, caixa, estoque, borrador, conta-corrente etc. 
. OBS: antigamente existiam dois livros obrigatórios, o DIÁRIO e o COPIADOR DE CARTAS, 
já que o empresário fechava o negócio jurídico por carta. 
. Livros facultativos: facultado a empresa ter ou não. 
 . Se não tem = não enseja sanção. 
. QUEM REALIZA A ESCRITURAÇÃO: 
Art. 1.182. Sem prejuízo do disposto no art. 1.174, a escrituração ficará sob a responsabilidade de 
contabilista legalmente habilitado, salvo se nenhum houver na localidade. 
4) Requisitos para os livros obrigatórios: 
. OBS: se for considerada uma falsa escrituração deste livro, isso ensejará na configuração 
de crime (Art. 297, §2°, CP). 
. Intrínsecos: serve para analisar a técnica dos livros empresariais - moeda, idioma, se tem 
rasura, se segue ordem cronológica. 
Art. 1.183. A escrituração será feita em idioma e moeda corrente nacionais e em forma contábil, por 
ordem cronológica de dia, mês e ano, sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borrões, rasuras, 
emendas ou transportes para as margens. 
Parágrafo único. É permitido o uso de código de números ou de abreviaturas, que constem de livro próprio, 
regularmente autenticado. 
 
. Extrínsecos: serve para analisar se há segurança jurídica dos livros empresariais - termo 
de abertura, encerramento e autenticação na junta. 
5) Eficácia probatória dos livros empresariais: 
. Os livros empresariais são documentos que possuem força probante. 
Art. 378. Os livros comerciais provam contra o seu autor. É lícito ao comerciante, todavia, demonstrar, por 
todos os meios permitidos em direito, que os lançamentos não correspondem à verdade dos fatos. 
. Deve sempre estar disponível para ser meio de prova contra o seu titular. A eficácia 
probatória dos livros empresariais contra o empresário opera-se independentemente de 
eles estarem corretamente escriturados e nada impede que o empresário demonstre, por 
outros meios de prova, que os lançamentos constantes daquela escrituração que lhe é 
desfavorável são equivocados. 
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NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 18 
 
. Em caso de necessidade de prova a favor do seu titular, será utilizado apenas quando os 
livros estiverem regulares e em demandas contra outros empresários, em face do 
princípio constitucional da igualdade. A outra parte não tem livros para provar a seu 
favor, se não for empresário. Para que os livros façam prova a favor do empresário é 
preciso que eles estejam regularmente escriturados. 
. Podem conter informações prejudiciais ao empresário? 
Art. 417. Os livros empresariais provam contra seu autor, sendo lícito ao empresário, todavia, 
demonstrar, por todos os meios permitidos em direito, que os lançamentos não correspondem à verdade 
dos fatos. 
. Os livros empresariais provam contra o seu autor, cabendo ao empresário provar 
pelos meios de provas permitidos em direito o contrário. 
. Podem conter informações favoráveis ao empresário? 
Art. 418. Os livros empresariais que preencham os requisitos exigidos por lei provam a favor de 
seu autor no litígio entre empresários. 
6) Exibição dos livros empresariais: 
 
 
 
. São sigilosos, via de regra. 
Art. 1.190. Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob qualquer 
pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresário ou a sociedade empresária 
observam, ou não, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas em lei. 
. MAS, esses livros poderão ser exibidos de forma parcial ou total. 
 . Parcial: ex officio ou requerimento da outra parte interessada. 
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 . Integral: ex officio, MAS PARA ALGUMAS AÇÕES ESPECÍFICAS (sucessão por 
morte de sócio, administração ou gestão a conta de outrem, falência ou quando e como 
determinar a lei). 
. Ainda pode ocorrer a exibição administrativa dos livros empresariais, que serão 
determinadas por autoridades administrativas, sendo elas a autoridade fiscal, conforme 
art. 195 do CTN, ou a autoridade previdenciária, conforme o art. 33, § 1º, da Lei nº 
8.212/91. 
Art. 1.193. As restrições estabelecidas neste Capítulo ao exame da escrituração, em parte ou por 
inteiro, não se aplicam às autoridades fazendárias, no exercício da fiscalização do pagamento de 
impostos, nos termos estritos das respectivas leis especiais. 
 
BALANÇOS PERIÓDICOS 
 
1) Introdução: 
. Art. 1020 do CC: 
Art. 1.020. Os administradores são obrigados a prestar aos sócios contas justificadas de sua administração, e 
apresentar-lhes o inventário anualmente, bem como o balanço patrimonial e o de resultado econômico. 
2) Balanço patrimonial: 
. Verifica o que tivemos de ativo e passivo. 
. Confiabilidade e clareza à situação da empresa. 
. Seguir os requisitos. 
CC. Art. 1.188. O balanço patrimonial deverá exprimir, com fidelidade e clareza, a situação real da 
empresa e, atendidas as peculiaridades desta, bem como as disposições das leis especiais, indicará, 
distintamente, o ativo e o passivo. 
3) Balanço periódico: 
. Balanço de resultado econômico (DRE). 
CC. Art. 1.189. O balanço de resultado econômico, ou demonstração da conta de lucros e perdas, 
acompanhará o balanço patrimonial e dele constarão crédito e débito, na forma da lei especial. 
 
 
 
 
 
 CADERNO DE DIREITO EMPRESARIAL – JOÃO GLICÉRIO - FBD 
 
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ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL 
1) Introdução: 
. O que não é estabelecimento empresarial? 
 . Ao contrário do que se pensa, o estabelecimento empresarial não é o lugar onde a 
atividade empresarial é desenvolvida/estabelecida. – Esse local onde a atividade 
empresarial é exercida se chama PONTO COMERCIAL/PONTO EMPRESARIAL. 
. O que seria estabelecimento empresarial? 
 . É o complexo de bens organizados e utilizados pelo empresário ou pela sociedade 
empresária, no exercício de sua atividade. – É um conceito constante no art. 1142 do CC. 
Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, 
por empresário, ou por sociedade empresária. 
§ 1º O estabelecimento não se confunde com o local onde se exerce a atividade empresarial, que poderá 
ser físico ou virtual. 
§ 2º Quando o local onde se exerce a atividade empresarial for virtual, o endereço informado para fins 
de registro poderá ser, conforme o caso, o endereço do empresário individual ou o de um dos sócios da 
sociedade empresária. 
§ 3º Quando o local onde se exerce a atividade empresarial for físico, a fixação do horário de 
funcionamento competirá ao Município, observada a regra geral prevista no inciso II do caput do art. 3º 
da Lei nº 13.874, de 20 de setembro de 2019. 
 
. Estabelecimento empresarial, apesar de ser um conjunto de bens utilizados pelo 
empresário ou sociedade empresária no exercício da atividade empresarial, não se 
confunde com o patrimônio da sociedade. 
. POIS O PATRIMÔNIO PODE SER MUITO MAIOR QUE AQUILO QUE COMPÕE O 
CONJUNTO DE BENS UTILIZADOS PELO EMPRESÁRIO OU SOCIEDADE EMPRESARIAL NO 
EXERCÍCIO DA ATIVIDADE EMPRESARIAL. 
 . O patrimônio do empresário (ou da sociedade empresária) que não é utilizadono 
exercício da atividade não é considerado estabelecimento comercial. 
 . O QUE DEFINE SE UM BEM DO PATRIMÔNIO INTEGRA OU NÃO O 
ESTABELECIMENTO É COMERCIAL É A DESTINAÇÃO. 
 . PATRIMÔNIO DA SOCIEDADE = bens utilizados na atividade + demais bens não 
utilizados na atividade. 
 . Estabelecimento patrimonial é parte do patrimônio utilizado na atividade. 
 . Exemplo: o prédio da Faculdade Baiana de Direito é alugado, logo não faz parte 
do estabelecimento empresarial, pois não integra, portanto, o patrimônio da instituição 
educacional. PORÉM, o direito real de uso que a baiana tem sobre o prédio, decorrente do 
contrato de locação firmado, que emana direitos e deveres, integra o estabelecimento 
comercial da faculdade. 
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NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 21 
 
. Já o prédio de Amaralina que pertence a Faculdade Baiana de Direito 
pertente ao patrimônio da baiana, mas não faz parte do estabelecimento 
comercial, porque não está sendo utilizado na atividade empresarial. 
. O estacionamento, móveis etc. que estão sendo utilizados para o serviço de 
educação que a Faculdade Baiana se propõe a fazer, integrarão o 
estabelecimento empresarial. 
. O estabelecimento é formado por bens que tem com finalidade a realização do objeto 
da empresa: 
. Bens materiais ou tangíveis (coisas): imóvel, veículo, mercadoria, máquinas etc. 
. Bens imateriais ou intangíveis (direitos): ponto comercial, marca, patente, 
direitos reais de uso que geram direitos e deveres em um contrato de locação etc. 
. O estabelecimento é o complexo de bens organizados para a atividade empresarial, por 
isso exige que sejam especificamente organizados para a execução da atividade. Todo 
esse agrupamento de coisas e direitos faz com que, em conjunto e de forma organizada, 
se possa realizar a sua atividade. 
2) Ponto comercial: 
. OBS: o principal elemento do estabelecimento, na concepção de Caio, é o ponto 
comercial. 
. É o local onde a atividade empresária é exercida. 
. Por quê seria ele tão importante? 
 . Pois, ele por si só, em muitas das vezes é o ponto crucial para desenvolvimento 
daquela atividade. 
 . Exemplo: ao passar por hospitais, sempre vemos funerárias próximas, o que do 
ponto de vista comercial é um elemento de suma importância. 
A) Renovação contratual compulsória: 
. Existe proteção legislativa para o empresário que desenvolve sua atividade 
empresarial em imóvel alugado contra eventuais tentativas de ser destituído do seu 
ponto comercial? 
 . É a faculdade/proteção do locatário (aquele que aluga o imóvel, que para esse 
fim é o empresário ou sociedade empresarial) para compulsoriamente renovar seu 
contrato de locação mesmo contra a vontade do locador. 
. Art. 51 da Lei de Locações: 
Art. 51. Nas locações de imóveis destinados ao comércio, o locatário terá direito a renovação do contrato, 
por igual prazo, desde que, cumulativamente: 
 CADERNO DE DIREITO EMPRESARIAL – JOÃO GLICÉRIO - FBD 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 22 
 
I - o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e com prazo determinado; 
II - o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos dos contratos escritos seja 
de cinco anos; 
III - o locatário esteja explorando seu comércio, no mesmo ramo, pelo prazo mínimo e ininterrupto de três 
anos. 
§ 1º O direito assegurado neste artigo poderá ser exercido pelos cessionários ou sucessores da locação; no 
caso de sublocação total do imóvel, o direito a renovação somente poderá ser exercido pelo sublocatário. 
§ 2º Quando o contrato autorizar que o locatário utilize o imóvel para as atividades de sociedade de que 
faça parte e que a esta passe a pertencer o fundo de comércio, o direito a renovação poderá ser exercido 
pelo locatário ou pela sociedade. 
§ 3º Dissolvida a sociedade comercial por morte de um dos sócios, o sócio sobrevivente fica sub - rogado 
no direito a renovação, desde que continue no mesmo ramo. 
§ 4º O direito a renovação do contrato estende - se às locações celebradas por indústrias e sociedades civis 
com fim lucrativo, regularmente constituídas, desde que ocorrentes os pressupostos previstos neste 
artigo. 
§ 5º Do direito a renovação decai aquele que não propuser a ação no interregno de um ano, no máximo, 
até seis meses, no mínimo, anteriores à data da finalização do prazo do contrato em vigor. 
. Os requisitos que a lei de locações prevê (arts. 52 e 72) para esta hipótese de renovação 
contratual compulsória/forçada (APENAS PARA LOCAÇÕES COMERCIAIS, NÃO SE 
APLICA P/ LOCAÇÕES RESIDENCIAIS), são TRÊS sendo estes CUMULATIVOS: 
 . O contrato de locação necessariamente precisa ser firmado por escrito e com 
prazo determinado. 
 . A locação anterior a renovação tenha prazo mínimo de 5 anos (não precisam ser 
firmados em um único contrato, pois podemos ter vários contratos que juntos somam 5 
anos). Se forem vários contratos, estes precisam ser ININTERRUPTOS. 
. O empresário ou sociedade empresária deve comprovar que exerce a mesma 
atividade empresarial no imóvel por, no mínimo, 3 anos. – Isto é, tem que ser o mesmo 
RAMO. 
. Observações: 
. A ação deverá ser proposta entre 1 ano à 6 meses da data do final do contrato. – 
Prazo decadencial (não se suspende, não se interrompe, não se prolonga). 
. O empresário deverá estar com suas obrigações locatícias em dia. 
. Caso vença o processo, o empresário terá seu contrato de locação renovado pelo 
mesmo período previsto no contrato original, MAS LIMITADO ATÉ 5 ANOS 
(entendimento do STJ de setembro/2022). 
. Hipóteses em que o locador pode opor-se a esta renovação compulsória, mesmo que 
preenchidos os requisitos: 
 . Por determinação do Poder Público para execução de obra que transforme 
radicalmente a estrutura. 
 CADERNO DE DIREITO EMPRESARIAL – JOÃO GLICÉRIO - FBD 
 
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 . Utilização do imóvel por ascendente, descendente ou cônjuge PARA O 
EXERCÍCIO DE ATIVIDADE COMERCIAL EM QUE ESSE ASCEDENTE, DESCEDENTE OU 
CÔNJUGUE JÁ EXERCEM ATIVIDADE EMPRESARIAL HÁ PELO MENOS 1 ANO EM OUTRO 
LUGAR (a anterior a atividade não pode ser do mesmo ramo da atividade que virá a ser 
exercida naquele imóvel, a única exceção é quando o imóvel em si tem um maquinário 
específico para aquele fim). 
 . A proposta de renovação é em valor inferior ao valor de mercado. 
 . Necessidade de realização de obra pelo locador/proprietário do imóvel, que 
quer drasticamente transformar as características do imóvel. – Exemplo: um terreno 
vazio que é alugado para estacionamento, mas o locador quer construir um prédio 
comercial. 
 . Caso o empresário receba uma proposta financeiramente maior de um terceiro, 
ele também não será obrigado a permanecer na relação contratual. – Nesse caso, o 
locador precisa ofertar a possibilidade do locatário oferecer o mesmo valor do terceiro 
e se manter no local. 
. Em caso de o locador compor uma dessas exceções, alegando que está enquadrado 
nestas, mas acabar não realizando-as, ele responde tanto em danos emergentes quanto 
lucros cessantes (o que o empresário deixou efetivamente de ganhar em razão da 
mudança não concretizada). 
. OBS: Podemos considerar que o valor de todos os bens que compõe o estabelecimento, 
se somados, chega ao valor do próprio estabelecimento em sentido amplo? 
 . NÃO, porque tem um elemento extra que se chama AVIAMENTO. 
 . O aviamento é aptidão do empresário ou sociedade empresária para organizar 
esses bens da melhor forma para se chegar ao objetivo final da atividade. Em outras 
palavras, é a competência do empresário de organizar esses bens e assim ter uma 
atividade final lucrativa. 
 . Valor do estabelecimento = valor dos bens + aviamento. 
3) Negócios jurídicos: 
. O estabelecimento também pode ser objeto de negócios jurídicos. 
. São basicamente 3 negócios jurídicos que podem ser celebrados a partir do 
estabelecimento: 
 . Usufruto. 
 . Arrendamento. 
 . Alienação (trespasse), que é o principaldentre os demais. 
A) Alienação (trespasse): 
 CADERNO DE DIREITO EMPRESARIAL – JOÃO GLICÉRIO - FBD 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 24 
 
. Trespasse é um negócio jurídico pelo qual se aliena se o estabelecimento empresarial . 
 . Negócio de comprar e vender estabelecimento empresarial. 
. TRESPASSE não se confunde com a VENDA DE COTAS OU AÇÕES DE UMA SOCIEDADE. 
 . Exemplo: a Faculdade Baiana de Direito pode vender o estabelecimento, mas 
manter o mesmo quadro de sócios. 
 . Importante destacar que o estabelecimento empresarial não se confunde com a 
sociedade. Assim, quem está fazendo negócio com o estabelecimento, não perde sua 
participação na sociedade. Vender o estabelecimento, por exemplo, não é deixar de ser 
sócio. 
. Requisitos de validade e eficácia do trespasse: 
 . Contrato precisar ser por escrito. - Primeiro porque traz mais segurança 
jurídica, e também porque para ser oponível para terceiros precisa ser registrado no 
Registro Público de Empresas (juntas comerciais). 
. E para ser registrado na junta comercial precisa também de publicidade, 
que é configurada a partir da publicação na imprensa oficial (jornal). 
 . Para que o contrato de trespasse tenha eficácia, ele precisa da comunicação de 
todos os credores do alienante de que aquilo está sendo alienado, seja de forma expressa 
ou tácita. – Em caso de anuência expressa do credor, ele responderá no prazo de 30 dias 
ao comunicado do trespasse; caso seja de forma tácita, tem-se que o credor não 
respondeu no prazo de 30 dias. 
. De quem é a responsabilidade sobre as dívidas daquele estabelecimento? 
 . Celebrado o contrato de trespasse, a regra geral é de que as dívidas sejam de 
responsabilidade do adquirente, sendo o alienante (vendedor) solidariamente 
responsável pelo prazo de 1 ano. 
 . Recomendação expressa do CTN (Código Tributário Nacional), de que as dívidas 
TRIBUTÁRIAS, via de regra, serão de responsabilidade do adquirente, exceto se o 
alienante (vendedor) constituir uma nova atividade econômica (nessa hipótese, a 
responsabilidade do adquirente será subsidiária). 
 . No caso de dívida trabalhista, com previsão na CLT, teremos que as dívidas 
trabalhistas, via de regra, serão só do adquirente. 
 . Na Lei de Recuperação de Empresas e Falências, tem-se que na hipótese de o 
adquirente comprar um estabelecimento de uma empresa em recuperação judicial ou 
massa falida (empresa já falida), o adquirente não responde por nenhuma das dívidas 
(recebe o bem livre e desembaraçado de ônus). 
. No caso de trespasse, a regra geral é que o vendedor não pode voltar a competir no 
mesmo ramo, sob pena de concorrência desleal. – CLÁUSULA DE NÃO 
 CADERNO DE DIREITO EMPRESARIAL – JOÃO GLICÉRIO - FBD 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 25 
 
RESTABELECIMENTO, que compõe 5 anos. – A exceção é se for pactuado de forma 
diversa (quem estiver comprando abrir mão disso). 
 . Exemplo: comprar o estabelecimento da Faculdade Baiana de Direito, e abrir 
uma faculdade no Pará não enseja concorrência desleal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 26 
 
NOME EMPRESARIAL 
 
1) Conceito: 
. Nome empresarial não é o mesmo que marca e nem patente. 
 
 
 
 
 
2) Princípios que norteiam a formação do nome empresarial 
segundo o art. 34 da Lei 8.934/1994: 
. VERACIDADE E NOVIDADE: 
. Esse efeito não tem, inicialmente, extensão no território nacional completamente. 
 . Tenho que fazer registro em todas as juntas comerciais, pedindo essa extensão. 
– Caso contrário, poderá se ter outra empresa com o mesmo nome em outro estado. 
. Se eu tenho uma marca, como a Coca-Cola, INPI, fazendo o registro ela terá extensão 
em todo território nacional (= marca registrada). 
. Exemplo: sociedade com nome OLIVEIRA, MACHADO E PELOZI. – Caso o sócio que deu 
o nome PELOZI saia da sociedade, deverá também se ter um aditivo mudando o nome 
empresarial. 
3) Duas funções relevantes do nome empresarial: 
. Individualizar e identificar o sujeito de direitos exercente da atividade empresarial. 
. Garantir fama, renome e reputação. 
4) Espécies de nomes empresariais: 
. Pelo Código Civil: Considera-se nome empresarial a firma ou a denominação adotada, 
de conformidade com este Capítulo, para o exercício de empresa. (Art. 1.155) 
 
 
 CADERNO DE DIREITO EMPRESARIAL – JOÃO GLICÉRIO - FBD 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 27 
 
 
. A Constituição Federal aproximou os institutos nome empresarial e marca, ao conferir-
lhes proteção: 
“a lei assegurará (...) à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo 
em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País” (art. 5º, inc. XXIX). 
. De igual modo, a Lei atual sobre a Propriedade Industrial (Lei n. 9.279/96), ao impedir 
o registro de marcas que componham a “reprodução ou imitação de elemento 
característico ou diferenciador de título de estabelecimento ou nome de empresa de 
terceiros, suscetível de causar confusão ou associação com estes sinais distintivos” (art. 
124, inc. V, da Lei n. 9.279/96). Por isso, nome empresarial e marca — reitere-se —, 
ainda que não se confundam, podem ser considerados espécies de bens intangíveis 
componentes do estabelecimento empresarial. 
A) A sociedade ilimitada se opera sob firma: 
Art. 1.157. A sociedade em que houver sócios de responsabilidade ilimitada operará sob firma, na qual 
somente os nomes daqueles poderão figurar, bastando para formá-la aditar ao nome de um deles a 
expressão "e companhia" ou sua abreviatura. 
Parágrafo único. Ficam solidária e ilimitadamente responsáveis pelas obrigações contraídas sob a firma 
social aqueles que, por seus nomes, figurarem na firma da sociedade de que trata este artigo. 
. 
B) A sociedade limitada adota firma ou denominação: 
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NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 28 
 
Art. 1.158. Pode a sociedade limitada adotar firma ou denominação, integradas pela palavra final 
"limitada" ou a sua abreviatura. 
§ 1º A firma será composta com o nome de um ou mais sócios, desde que pessoas físicas, de modo indicativo 
da relação social. 
§ 2º A denominação deve designar o objeto da sociedade, sendo permitido nela figurar o nome de um ou 
mais sócios. 
§ 3º A omissão da palavra "limitada" determina a responsabilidade solidária e ilimitada dos 
administradores que assim empregarem a firma ou a denominação da sociedade. 
C) Em síntese: 
 
 
 
 
 
 
 
 
D) Observações gerais: 
. O EMPRESÁRIO opera sob firma constituída por seu nome, completo ou abreviado, 
aditando-lhe, se quiser, designação mais precisa da sua pessoa ou do gênero de 
atividade. - Art. 1.156, do CC/02. 
. A sociedade cooperativa funciona sob denominação integrada pelo vocábulo 
"cooperativa". (Art. 1.159. do CC). 
. A sociedade anônima opera sob denominação designativa do objeto social, integrada 
pelas expressões "sociedade anônima" ou "companhia", por extenso ou abreviadamente. 
(Art. 1.160, do CC). 
. A sociedade em comandita por ações pode, em lugar de firma, adotar denominação 
designativa do objeto social, aditada da expressão "comandita por ações". (Art. 1.161, 
do CC) 
. A sociedade em conta de participação NÃO PODE TER FIRMA OU DENOMINAÇÃO. (Art. 
1.162, do CC) 
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5) Nome empresarial é diferente de nome fantasia: 
. A Lei n. 9.279/96, Lei de Propriedade Industrial, regula o registro de marcas e patentes. 
As Juntas Comerciais, órgãos estaduais que são, ao promoverem o registro do nome 
empresarial e de fantasia, conferirão proteção em âmbito estadual e no ramo de 
atividade a referidos signos. 
. O INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial), órgão federal, promoverá o 
registro das marcas e patentes, conferindo-lhes proteção nacional.6) Qual a abrangência da proteção ao nome empresarial no 
território brasileiro? 
Art. 1.163. O nome de empresário deve distinguir-se de qualquer outro já inscrito no mesmo registro. 
Parágrafo único. Se o empresário tiver nome idêntico ao de outros já inscritos, deverá acrescentar 
designação que o distinga. 
 
 
Art. 1.166. A inscrição do empresário, ou dos atos constitutivos das pessoas jurídicas, ou as respectivas 
averbações, no registro próprio, asseguram o uso exclusivo do nome nos limites do respectivo Estado. 
Parágrafo único. O uso previsto neste artigo estender-se-á a todo o território nacional, se registrado na 
forma da lei especial. 
 
. JDC491 - A proteção ao nome empresarial, limitada ao Estado Membro para efeito 
meramente administrativo, estende-se a todo o território nacional por força do art. 5º, 
XXIX, da Constituição da República e do art. 8º da Convenção Unionista de Paris. 
. Cabe ao prejudicado, a qualquer tempo, ação para anular a inscrição do nome 
empresarial feita com violação da lei ou do contrato. (Art. 1.167) 
. A inscrição do nome empresarial será cancelada, a requerimento de qualquer 
interessado, quando cessar o exercício da atividade para que foi adotado, ou quando 
ultimar-se a liquidação da sociedade que o inscreveu. (Art. 1.168) 
 CADERNO DE DIREITO EMPRESARIAL – JOÃO GLICÉRIO - FBD 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 30 
 
DIREITO CAMBIÁRIO 
. Direito cambiário é o ramo do direito empresarial que estuda os títulos de crédito 
enquanto instrumentos de circulação da riqueza produzida pelo empresário. 
 . Finalidade do título de crédito é então facilitar essa circulação de riqueza, 
inicialmente do empresário, mas numa visão mais ampla, de todas as pessoas. 
1) Títulos de crédito: 
 
A) Histórico: 
. Títulos de crédito tiveram uma relevância enorme para o comércio mundial, perderam 
muito dela, mas ainda são bem relevantes para atividade econômica global. 
 . Muito forte ainda para comércio marítimo, atividade empresarial etc. 
 . Para o varejo, os títulos perderam muito sua relevância. 
. Houve um período em que o cheque passou a substituir o dinheiro no Brasil. 
. Alguns eventos contribuíram para redução de utilização dos títulos de crédito no Brasil: 
 . Informatização dos sistemas bancários. – Surgiram ferramentas que passaram a 
substituir os títulos de crédito e o dinheiro, tais como TED, DOC e PIX. 
 . Contrato de cartão de crédito. 
. Os títulos de créditos surgem a partir das invasões bárbaras à Europa, que deu início ao 
que foi posteriormente denominado como Idade Média, decorrendo do enfraquecimento 
dos Estados nacionais por conta das invasões. 
. Surgem assim os feudos, onde as pessoas se protegiam das invasões. Eram 
autossuficientes, produziam tudo o que precisavam, mas cada um, por suas 
características, tinham predisposições naturais, geográficas e climáticas, e podiam 
produzir certos insumos numa quantidade além daquela necessária. 
. Quando as invasões e o clima de tensão se acalmavam, as pessoas começavam a 
sair dos seus feudos e passaram a trocar os insumos que possuíam uma produção em 
maior quantidade. Assim, as populações começaram a aumentar, porque elas começaram 
a ter mais insumos. Percebeu-se ali uma oportunidade, fazendo com que algumas pessoas 
inclusive se especializassem nessa troca. 
. Feudos deixaram de fabricar aquilo que estava fora de sua vocação, e 
intensificaram as trocas. 
. Criaram um ponto de encontro no “meio do caminho”, onde cada feudo levava sua 
especialidade, as chamadas FEIRAS MEDIEVAIS. – É um período fortemente marcado pela 
intervenção da igreja na vida das pessoas. 
 CADERNO DE DIREITO EMPRESARIAL – JOÃO GLICÉRIO - FBD 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 31 
 
. Pessoas passaram a morar nas feiras. 
. As pessoas passaram a fazer trocas entre as cidades, de modo que o comércio foi 
aumentando, se configurando, nesse momento, o início da globalização. O problema é que, 
como não existia um programa nacional forte, as ruas eram muito inseguras. Por conta 
disso, as pessoas que saiam de um burgo para outro, com as moedas criadas pelas cidades 
ao longo do tempo, faziam o câmbio delas na outra cidade, quando chegavam. 
. Assim, essa dificuldade dos ricos em transitar pela cidade com o seu dinheiro 
passou a ser uma oportunidade, surgindo a operação de câmbio, que seria a ideia de a 
pessoa entregar o seu dinheiro numa moeda de uma determinada cidade a uma outra 
pessoa nessa cidade, viajaria de forma segura e, ao chegar na outra cidade, receberia o 
equivalente àquele valor, com uma taxa abatida e teria seu dinheiro trocado, todo o 
processo garantido por uma carta. – CHAMADA DE CARTA DE CRÉDITO. 
 . Os cambistas medievais mais tarde dariam origem aos bancos, sendo o primeiro 
surgido na Itália. 
. O primeiro título de crédito criado no mundo foi, então, a LETRA DE CÂMBIO, 
decorrente da ideia de “lettera”, carta em italiano, se referindo aquela que era dada como 
garantia, nas operações de câmbio, pelos cambistas. 
. Letra de câmbio é uma espécie de título de crédito. 
B) Conceito: 
. Temos dois conceitos, um mais técnico (é a decomposição da expressão título de crédito) 
e um mais festejado pela doutrina. 
. Conceito técnico: 
. Título é um documento representativo de uma relação jurídica ou de uma situação 
jurídica. 
. Já crédito vem do latim credere, que vem de crer, acreditar, confiar. – Quando você 
dar crédito a alguém, você está confiando naquela pessoa. Na concepção económica, 
crédito é a troca de um bem presente, por um bem futuro, representando a relação de 
confiança. 
 . Assim, título de crédito é, considerando o seu conceito técnico, é o documento 
representativo de uma obrigação pecuniária futura, pautada na confiança. É uma 
obrigação financeira que vai demonstrar uma relação de confiança. 
. Conceito festejado pela doutrina: 
 . Difundida pelo prof. Cesare Vivante. 
 . Conceito que contempla os princípios do direito cambiário. 
 . Art. 887 do CC já contempla os princípios gerais do direito cambiário. 
 CADERNO DE DIREITO EMPRESARIAL – JOÃO GLICÉRIO - FBD 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 32 
 
 . Título de crédito é o documento necessário (se referindo ao princípio da 
cartularidade) ao exercício do direito literal (se referindo ao princípio da literalidade) 
autônomo (referente ao princípio da autonomia), nele mencionado. 
 . Quais seriam os princípios gerais do direito cambiário? A cartularidade, a 
literalidade e a autonomia (se divide em abstração E inoponibilidade de exceções pessoais 
ao terceiro credor de boa-fé). – TAMBÉM CONHECIDOS COMO CARACTERÍSTICAS DOS 
TÍTULOS DE CRÉDITO. 
C) Princípios: 
. Cartularidade: 
. É a exigência de posse do original do título de crédito para o exercício dos direitos que 
dele emana. 
. Exceções ao princípio da cartularidade: 
 . Perda ou extravio – Não seria justo que a perda do título original gerasse a perda 
do crédito, de modo que a cópia ou cópia autenticada se incumbirão de produzir os 
mesmos efeitos. 
 . Títulos eletrônicos – Pois, para a doutrina clássica, o meio físico é a regra, de modo 
que o título eletrônico é a exceção. MAS, para a doutrina atual não importa o meio (se 
físico ou digital), de modo que entendem que título eletrônico não seria exceção ao 
princípio da cartularidade. 
 . Duplicata – é um título brasileiro, criado pela legislação brasileira para auxiliar o 
empresário em suas funções. A lei da duplicata autoriza o exercício dos direitos que 
emanam de uma duplicata, ainda que eu não tenha a original. – LEI 5.474/68, art. 15, §2°. 
 
Lei nº 5.474 de 18 de julho de 1968: Dispõe sobre as Duplicatas, e dá outras providências. 
Art 15 - A cobrança judicial de duplicata ou triplicata será efetuada de conformidade com o processo 
aplicável aos títulos executivos extrajudiciais, de que cogita o Livro II do Código de Processo Civil, quando se 
tratar: 
§ 2º - Processar-se-á também da mesma maneira a execução de duplicata ou triplicata não aceita e nãodevolvida, desde que haja sido protestada mediante indicações do credor ou do apresentante do título, nos 
termos do art. 14, preenchidas as condições do inciso II deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 6.458, de 
1º.11.1977) 
. Literalidade: 
. É a exigência de prática dos atos jurídicos no próprio título para que estes produzam 
efeitos cambiais. 
. A proteção do crédito faz com que as pessoas confiem no título, e essa confiança faz com 
que ele circule com mais frequência e regularidade. 
. O ato praticado fora do título não produzirá os efeitos esperados ou desejados pelo 
agente. 
 CADERNO DE DIREITO EMPRESARIAL – JOÃO GLICÉRIO - FBD 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 33 
 
 . Não estou no plano da existência e nem da validade, mas sim no plano da 
EFICÁCIA. 
. Tenho crédito, endosso o título e transfiro o crédito. – MAS, para produzir efeitos 
cambiais eu tenho que praticar o endosso no título, pois se ele for praticado fora do título 
não produz efeitos cambiais. 
 . Endosso = ato de transferência do crédito cambiário. – Se eu pratico o endosso, eu 
transfiro o crédito. – PELA LITERALIDADE, eu tenho que praticar o endosso no título, de 
forma que produzirá efeitos cambiais = os efeitos que eu desejo/que eu espero. – MAS, se 
por exemplo, pego uma folha a parte para praticar a transferência do crédito, isto é, não 
fazendo a transferência no título, terei a produção de efeitos a ele equivalentes no 
instituto civil. 
 . OBS: ato ineficaz é aquele que não produz os efeitos esperados ou desejados pelo 
agente. 
. Exemplo: o aval é uma garantia fiduciária, ou seja, pautada na confiança que se tem em 
um terceiro (assim como a fiança, no direito civil, mas ambas possuem diferenças ainda 
que tenham mesma essência). - Assim, o aval praticado no próprio título produzirá os 
efeitos esperados e desejados pelo agente, enquanto aquele praticado fora será ineficaz, 
não produzindo os efeitos esperados pelo agente (produzindo efeitos diferentes, nesse 
caso, serão os efeitos produzidos pelo instituto a ele equivalente no Direito Civil, ou seja, 
a fiança). 
. Autonomia: 
. É a independência entre si das obrigações constantes em um título de crédito. 
. O direito cambiário adota inúmeras medidas de proteção de crédito, e ao fazer isso acaba 
protegendo inevitalmente o credor. 
. Desse modo, se uma obrigação do título for invalidada, inclusive se esta for a principal, 
as outras não serão alcançadas, mesmo que acessórias, vez que são autônomas e 
independentes entre si, mesmo sendo praticadas no mesmo título. 
 . Essa é a segunda medida mais arrojada no direito cambiário. 
. Tem duas repercussões: 
 . Abstração: é a independência do título em relação a sua causa. - ISSO É 
DIFERENTE DO CONCEITO DE AUTONOMIA. 
 . Inoponibilidade de exceções pessoais ao terceiro credor de boa-fé: que trata do 
fato do devedor não poder opor ao terceiro credor de boa-fé defesas que tenham como 
fundamento a sua relação com o credor originário. 
. Isto quer dizer que, caso a relação jurídica seja regida pelo direito civil e não pelo direito 
cambiário, em uma defesa, podem ser alegados vícios formais, processuais e materiais da 
relação jurídica original. Se for instrumentalizada por um título de crédito, só poderá 
 CADERNO DE DIREITO EMPRESARIAL – JOÃO GLICÉRIO - FBD 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 34 
 
ocorrer defesa com base nos vícios formais e processuais, não podendo alegar vícios 
materiais da relação jurídica original. 
D) Classificações dos títulos de crédito: 
. Quanto ao modelo: 
. Os títulos podem ser de modelo: 
 . Livre: é o título cujo modelo não é determinado pela legislação, de forma que 
segue-se a regra do art. 104 do CC (agente capaz; objeto lícito/possível/determinado ou 
determinável; forma prescrita ou não defesa em lei). – Poderá adotar qualquer formato 
não proibido em lei. 
 . Exemplos: letra de câmbio e nota promissória. 
 . Vinculado: é o título cuja forma é determinada pela legislação, prescrita em lei, de 
modo que a inobservância da forma estabelecida gera/acarreta a invalidação do título. 
. Exemplos: a duplicata e o cheque (no caso do cheque além da necessidade 
de observância do modelo vinculado, este só pode ser confeccionado por 
instituição financeira autorizada pelo Banco Central). 
. Quanto à estrutura: 
 . Ordem de pagamento: pressupõe 3 posições/situações jurídicas distintas (NÃO 
FALEI 3 PESSOAS DISTINTAS, PORQUE UMA PESSOA PODE ACUMULAR MAIS DE UMA 
SITUAÇÃO JURÍDICA). Aquele que emite a ordem, é chamado de SACADOR; aquele a quem 
se destina a ordem, chamado de SACADO; e o beneficiário dessa ordem, chamado de 
TOMADOR. 
. O sacador dá/emite a ordem para que o sacado pague ao tomador uma 
determinada quantia em um determinado período/tempo. 
. Exemplo: sacador mandou o sacado pagar ao tomador R$10.000,00 em 30 
dias. – Esta é uma ordem de pagamento. 
. Exemplo: João (sacador) dá a ordem para que André (sacado) pague a 
Luana (tomadora) R$10.000,00 em 30 dias. – MAS, João também pode dar a 
ordem para que André pague R$10.000,00 em 30 dias, de modo que João 
passará a ser sacador e tomador ao mesmo tempo. 
. Exemplos: letra de câmbio; cheque e duplicata. 
. SACADOR → SACADO → TOMADOR. 
 . Promessa de pagamento: pressupõe duas posições jurídicas distintas. Sendo 
aquele que promete pagar, chamado de PROMITENTE; e o beneficiário desta promessa, 
chamado de PROMISSÁRIO. 
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 . PROMITENTE → PROMISSÁRIO. 
 . Exemplo: nota promissória. 
. Quanta à circulação: 
 . Ao portador: é o título que não identifica o beneficiário, não traz o seu nome. 
Sendo assim, o beneficiário se torna o sujeito que tem a posse do título. - Para operar a 
transferência do crédito, basta transferir a posse, ou seja, a simples tradição é suficiente 
para operar a transferência do título cambiário. 
 . Exemplo: qualquer título. 
 . Nominativo: tem-se o nome do beneficiário indicado no título. – Para transferir o 
crédito, será necessário praticar um ato de transferência propriamente, qual seja, o 
ENDOSSO. – MAS, importante frisar que o título nominativo pode conter a cláusula “à 
ordem”, que autoriza a transferência do crédito mediante endosso; ou a cláusula “não à 
ordem” que proíbe a transferência do crédito mediante endosso. OU SEJA, SÓ POSSO 
TRANSFERIR O TÍTULO SE TIVER A CLÁUSULA “À ORDEM”. 
. A cláusula “não à ordem” tem que ser expressa. Já a cláusula “à ordem” 
pode ser tácita ou expressa. 
. Se o título já vier com a cláusula “à ordem” expressa, você (como emitente) 
pode riscar. 
 . Essa cláusula de “não à ordem” só proíbe com relação ao endosso, mas a 
transferência do título pode acontecer de outras formas, como cessão de 
crédito (já que a cessão é de natureza civil, e essa cláusula, seja ela “à ordem” 
ou “não à ordem” não produzem efeitos civis). 
. Se praticar endosso em título que possui cláusula de “não à ordem”, este 
endosso produzirá efeitos de cessão de crédito. 
2) Constituição do crédito cambiário: 
. É o nascimento do crédito. 
 
A) Saque: 
. É o ato de criação e emissão de um título de crédito. 
 . O saque é praticado em qualquer título. 
. Estamos acostumados com outra acepção de “saque” no cotidiano, com frases do tipo 
“vou ao banco sacar um cheque”, quando na verdade o certo é “apresentar o cheque para 
pagamento no banco”. 
. O saque produz o importante efeito de vincular o sacador ao cumprimento da obrigação. 
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. Uma importante característica do direito cambiário, inclusive do saque, é que a 
existência e a solvência de um crédito cambiário caminham juntas/ estão vinculadas, 
diferentemente do direito civil. De modo que, o simples reconhecimento da existência de 
um crédito, repercutirá, necessariamente, na responsabilização da sua solvência, de modo 
que o responsabilizado vira devedor do título.

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