Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
VII SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA VIII ENCONTRO DE ZOOTECNIA – UNESP DRACENA DRACENA, 05 e 06 DE OUTUBRO DE 2011 1 DDIIAAGGNNÓÓSSTTIICCOO DDAA OOBBEESSIIDDAADDEE EEMM CCÃÃEESS Ferreira, J.M.C.C¹.; Cruz, V.C².; , Pereira, A.M3 1Zootecnista Autônomo formado pela Faculdade de Zootecnia - UNESP- Campus de Dracena. e-mail: jmcamargo@zootecnista.com.br 2Docente da Faculdade de Zootecnia - UNESP. e-mail: valquiria@dracena.unesp.br 3Discente da Faculdade de Zootecnia - UNESP. e-mail: amofp@hotmail.com Introdução Para o homem ocidental, a alimentação constitui uma forma de interação e de expressar afetos. Por esse motivo é freqüentemente encarada como o meio mais fácil de estabelecer contato com um animal (ex. dar alimentos aos animais dos zoológicos). A alimentação também pode ser uma forma de pedir desculpa ao animal ou de lidar com a própria sensação de culpa, por exemplo, quando o proprietário se sente culpado por deixar o cão sozinho durante todo o dia. Na perspectiva do cão, este sistema de comunicação não tem o mesmo significado. Com efeito, se lhe for dada uma guloseima sem ser como recompensa a um determinado comportamento, essa oferta irá confundir o animal, uma vez que não constitui nem um ritual previsível nem corresponde aos seus códigos sociais. O cão pode tornar-se ansioso e desenvolver alterações comportamentais, como por exemplo, uma atitude provocativa de solicitação de alimentos - insistente e por vezes agressiva – que adota como um novo meio de comunicação com o proprietário (COLIN, 2010). A obesidade é provavelmente a forma mais comum de má nutrição observada na clínica de pequenos animais, atingindo estimados 30% da população canina (WALTHAM, 2007). As causas mais freqüentes de obesidade em cães são as influências externas no consumo alimentar conhecidas pelos proprietários, como o fornecimento de alimentos ricos em gordura: petiscos, bolachas, chocolates, bordas de pizza, restos de lanches rápidos ou sobras de refeições. (BATISTELA e DOMINGUES, 2005). Ou seja, há um desequilíbrio entre o consumo e o gasto energético gerando um excesso calórico. Outros fatores que contribuem para a obesidade são: idade, sexo, estado reprodutivo, alterações hormonais, lesões do hipotálamo, predisposição genética, níveis de atividade, composição dietética, palatabilidade, situação ambiental e estilo de vida. A obesidade pode ser caracterizada como o acúmulo excessivo de gordura nos locais de estoque adiposo do corpo, provocando um excesso ponderal de 15 a 20% acima do peso fisiológico ideal do indivíduo, suficiente para deteriorar as funções orgânicas e para prejudicar a boa saúde e o bem-estar (DEHASSE et al., 2002; SAAD, 2004). Desenvolvimento Uma variedade de métodos é utilizada em pesquisas, contudo não são aplicáveis na prática da clínica. Hoje no Brasil é muito utilizado como referência no diagnóstico de VII SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA VIII ENCONTRO DE ZOOTECNIA – UNESP DRACENA DRACENA, 05 e 06 DE OUTUBRO DE 2011 2 obesidade o método de Laflame de 9 pontos (ECC) contudo é um método que pode causar diversas interpretações na classificação do animal de acordo com sua condição corporal. 1. Peso corporal relativo (PCR) PCR = peso corporal do animal Peso ótimo estimado PCR = 1,0 – peso ideal PCR < 1,0 - abaixo do peso PCR > 1,0 - acima do ideal Os valores de 1,1 e 1,2 foram sugeridos como pontos de divisão para a classificação do peso de cães e gatos acima do peso e obesos, respectivamente. Contudo, ainda não existe um consenso de qual valor deveria ser usado para distinguir animais obesos, existindo a necessidade de colher dados epidemiológicos abrangentes. Desvantagens: Dificuldade em estabelecer o peso ideal, que seria em que o animal atinge a idade adulta, pois o animal pode atingir a idade adulta com desnutrição ou obesidade; Dificuldade em determinar os pesos médios (Kennel Club Americano). Entretanto, os pesos ideais dentro de uma mesma raça podem variar em até 25% por diferenças individuais. 2. Escore de condição corporal (ECC) É uma avaliação subjetiva do teor de gordura do organismo do animal. Considera a conformação do animal independentemente de seu peso. Os sistemas de escores que utilizam critérios definidos tornam o processo mais objetivo, mas não eliminam totalmente a subjetividade envolvida pelo aspecto visual e palpação. Existe um sistema de 9 pontos ou de 5 pontos para definir o escore corporal dos animais. 3. IMCC (índice de massa corpórea canina) Índice de Massa Corporal Canino, (IMCC) = peso corporal (kg) / (estatura em m)² O grande benefício do IMCC na medicina veterinária é saber quantos quilos de fato o animal deve perder ou ganhar. Diante disso, torna-se mais palpável para o proprietário a meta da dieta. Já para o veterinário, o acompanhamento do animal passa a ter um dado matemático e não sujeito às interpretações subjetivas (MULLER, 2008) Contudo, o uso do IMC deixa de levar em conta a composição proporcional do corpo ou a distribuição de gordura corporal. Mais especificamente, outros fatores, além do excesso de gordura corporal – osso, massa muscular e até mesmo o aumento de volume plasmático induzido pelo treinamento com exercícios - afetam os números da equação para o IMC. Um VII SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA VIII ENCONTRO DE ZOOTECNIA – UNESP DRACENA DRACENA, 05 e 06 DE OUTUBRO DE 2011 3 IMC alto poderia dar origem a uma interpretação incorreta de gordura excessiva em indivíduos magros, porém com musculatura excessiva, em virtude da constituição genética ou do treinamento com exercícios (MULLER, 2008). 4. Medidas morfométricas É a combinação de estatura e peso corporal para a avaliação da composição corporal. Avaliam-se certas regiões corporais e como essas dimensões podem mudar e se mostrar de acordo com alterações na composição corporal. Utilizada para estimar a percentagem de gordura corporal (%GC), morfometria significa a mensuração das medidas de conformação. Desconsiderando as diferenças de deposição de gordura entre cães e gatos, a principal alteração que ocorre com o aumento de peso é na medida da circunferência pélvica (CP), sendo comprovada em estudos que esta medida é proporcional ao teor de gordura do animal. Para tanto, são necessárias apenas uma fita métrica graduada em centímetros e a cooperação do paciente. Existem medidas adicionais que são utilizadas para uma estimativa da conformação corporal, relacionadas basicamente à estrutura corporal e correlacionadas com a deposição muscular. As medidas devem sempre ser feitas na localização exata com o animal em estação. As circunferências devem ser medidas sem pressão excessiva da fita métrica, apenas o suficiente para aproximar o pêlo da pele. A utilização de medidas morfométricas é bastante útil, principalmente por ser um método quantitativo e fácil de ser demonstrado ao proprietário que muitas vezes não consegue identificar que o seu animal de estimação está obeso. Consideram-se ideais valores de %GC entre 14,0 e 20,1% (BURKHOLDER e TOLL, 2000; MAWBY et al, 2004). Na espécie canina: %GC machos = -1,4 (CL) + 0,77 (CP) + 4 %GC em fêmeas = -1,7 (CL) + 0,93 (CP) + 5 Conclusão A utilização do cálculo de porcentagem estimada de gordura corpórea (%GC) utilizando medidas morfométricas é bastante útil para que o proprietário tenha condições de verificar se o animal está com o escore corporal ideal ou não e com uma boa percentagem de acerto, sem precisar recorrer a técnicas que são feitas somente em clinicas especializadas e recorrer aos métodos atuais que são muito subjetivos levando a diversas interpretações. Referências BATISTELA, C. M., DOMINGUES, J. L. Aspectos nutricionais e de manejo da obesidade em cães . Revista Eletrônica Nutritime, v.2, n°3, p.201 –205, maio/junho de 2005. VII SIMPÓSIO DE CIÊNCIASDA UNESP – DRACENA VIII ENCONTRO DE ZOOTECNIA – UNESP DRACENA DRACENA, 05 e 06 DE OUTUBRO DE 2011 4 BIOURGES, V. Obesidade. Informativo Técnico e Científico, Centro de pesquisa e desenvolvimento da Royal Canin, 1997. [On line]. Disponível : <http://linkway.com.br>. [Data de acesso: 27 jan. 2011]. BURKHOLDER, W.J, TOLL, P.W. Obesity. In: Hand, Thatcher, Remillard, Roudebush (eds), Small Animal Clinical Nutrition, 4th Edition. Mark Morris Institute : Topeka, 2000, 292-347. CASE, L.P., CAREY, D.P., HIRAKAWA, D.A. Nutricion canina y felina: manual para professionales. Barcelona: Ed. Harcourt Brace. 7º ed., 1998. p. 247-267. COLIN, M., - Obesidade canina: como mudanças de comportamento podem ajudar a evitá-la. Focus_Aux_ObesidadeCanina:FOCUS n°2 24/01/10 DEHASSE, J.; HEATH, S., MULLER, G., SHUBERT, A. O livro da obesidade felina e sua abordagem comportamental. Royal Canin. 2002, 39p. MAWBY, D.I., BARTGES, J.W., DAVIGNON, A., LAFLAMME D.P., MOYERS, T.D., COTTRELl, T. Comparison of Various Methods for Estimating Body Fat in Dogs. J Am Anim Hosp Assoc. 2004;40(2):109-114. MULLER, D. C. M., SCHOSSLER, J. E., PINHEIRO, M. Adaptação do índice de massa corporal humano para cães. Ciência Rural, Santa Maria, v.38, n.4, p.1038-1043, jul, 2008 SAAD, F.M. Programas de redução de peso para cães e gatos. In: Simpósio de nutrição de animais de estimação, 4. Anais. Campinas: CBNA, 2004. p.01-48. WALTHAM. waltham news. Guia prático para proprietários - uma ferramenta de apoio ao Clínico Veterinário. jul 2007.
Compartilhar