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SER HOMOSSEXUAL NO SÉCULO XXI: OS DESAFIOS E AS CONQUISTAS VIVENCIADOS PELOS ASSOCIADOS DO GRUPO SHAMA - UBERLÂNDIA/MG 1 Selma Aparecida da Costa Ana Lúcia Martins Kamimura RESUMO O presente trabalho resulta de pesquisa realizada junto aos associados do grupo SHAMA (Associação Homossexual de Ajuda Mútua) com a finalidade de compreender o que pensam sobre Homossexualidade a partir de suas representações sociais. Para tanto, inicialmente apresentamos uma análise histórica de como vem sendo estruturado o núcleo familiar no decorrer dos séculos. Analisamos como a ideologia dominante influencia em nossa formação moral, social e sexual, colaborando de maneira expressiva na formação de nossa identidade e, também, discutimos sobre a sexualidade humana, onde retratamos o pensamento de vários estudiosos sobre o tema. Por meio de pesquisa aplicada em campo, levantamos informações e relatos pessoais, bem como questionamentos sobre as relações sociais cotidianas deste grupo na família e na sociedade. Neste sentido, compreendemos que a homossexualidade é um assunto vergonhoso para várias pessoas, tornando-se de difícil compreensão e aceitação, porém, apesar destes estigmas, este público tem lutado por seus direitos e se organizado para efetivação dos mesmos. Outra questão diz respeito ao fato de assumirem uma orientação sexual diferente da tradicional, o que acarreta situações constrangedoras para eles e o grupo familiar onde o tema sexualidade nem sempre foi discutido abertamente. A pesquisa reflete ainda como o reconhecer-se homossexual gera conflitos e negações e, a dificuldade de assumir-se faz com que alguns homossexuais permaneçam em silêncio, receosos dos julgamentos do grupo familiar a da sociedade em geral. 1. Introdução Mesmo em épocas distintas a homossexualidade sempre esteve presente no cotidiano da humanidade, sendo tratada sob perspectivas diferentes de acordo com o momento histórico. Neste contexto, ainda hoje a relação homoafetiva não é vista com “bons olhos” para 1 Este artigo é parte integrante do trabalho monográfico intitulado “AS DORES E AS DELÍCIAS DE VIVENCIAR A HOMOSSEXUALIDADE: UM ESTUDO DOS ASSOCIADOS DO GRUPO SHAMA EM UBERLÂNDIA”, apresentado por Selma Aparecida da Costa, sob a orientação da prof. Me. Ana Lúcia Martins Kamimura para obtenção do título de bacharel em Serviço Social pela Faculdade Católica de Uberlândia em 2011/1. uma grande parte da sociedade. Para Suplicy (1983) cada geração pintou a sexualidade e a homossexualidade de acordo com suas preocupações e de forma a reforçar a concepção sexual de seu tempo. E, para Chauí (1991, p. 22): “A repressão sexual se diferencia bastante no tempo e no espaço, estando articulada às formas complexas de simbolização que diferentes culturas [...]”. Percebe-se, pois que o ato repressivo, mesmo que de forma e maneira diferentes, se faz presente em todos os contextos sociais. Assim, a humanidade convive com esta realidade e, de certa forma e em certa medida, tem ao longo da história, naturalizado esta questão. Segundo Suplicy (1983, p.34): “A grande maioria dos pais busca uma receita, uma resposta fácil para baixar sua ansiedade diante da situação que eles estão vivendo e eliminar a sensação de culpa. A procura é por alívio e não por um aumento de conhecimento”. Ao tentar esclarecer junto aos associados do Grupo Shama - Associação Homossexual de Ajuda Mútua 2 –, como cada grupo familiar trata esse tema, observamos que existem múltiplas interpretações, em relação à temática homossexualidade. Alguns grupos familiares tratam o tema com mais reservas e até mesmo evitam falar, outros conseguem tratar sobre o assunto com uma visão mais esclarecedora. Foi neste contexto onde a discussão envolvendo a convivência, o medo da não aceitação, da discriminação se fez presente, que se desencadeou a questão norteadora da presente discussão: para os associados do grupo Shama, quais os reflexos de sua orientação sexual na realidade social em que estão inseridos? Para tanto, objetivamos compreender o que pensam os associados do grupo Shama sobre Homossexualidade a partir de suas representações sociais. Evidencia-se a partir daí que é interesse deste estudo buscar compreender o papel social que cada indivíduo ocupa no cenário familiar, apontando a relevância do tema. Como pressuposto básico percebe-se que os homossexuais ainda são foco de preconceitos nesta sociedade, que historicamente desenvolveu padrões culturais de comportamento baseados em conceitos morais e dogmáticos. Nesta perspectiva, além dos espaços públicos, o homem/mulher que têm orientação homoafetiva, em muitos casos é excluído do próprio seio familiar, o que os levam, via de regra, a não assumirem abertamente a própria identidade. Nesta perspectiva, observa-se que os associados do grupo Shama, também vivenciam esta realidade. No encaminhamento metodológico utilizamos de pesquisa aplicada em campo para levantamento de dados quantitativos e qualitativos com os associados do Grupo Shama. Para 2 O Grupo SHAMA é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos que apóia e luta pelas causas e Direitos dos homossexuais. Esta associação foi criada em 2003, a partir da intenção de um grupo de quatro amigos que interessados em discutir questões da comunidade LGBT (Lésbicas, Gays Bissexuais e Transgêneros), passou a se reunir periodicamente, o grupo foi ganhando novos adeptos e simpatizantes tornando- se uma associação. tanto, a pesquisa foi realizada por amostragem não probabilística por acessibilidade com 06 (seis) associados 3 do grupo Shama. Inicialmente, o estudo se norteou por meio de pesquisa bibliográfica, na busca de embasamento teórico que conduzisse a análise sobre representações sociais, especificamente sobre os reais desafios da convivência familiar com o homossexual. A coleta dos dados se realizou com a utilização da técnica de entrevista estruturada por melhor se adequar ao objetivo do projeto, visto que possibilita uma maior interação entre as partes (pesquisador e pesquisado), condição necessária para abordar o tema. Após a coleta dos dados, as informações foram analisadas em seu conteúdo, resgatando a subjetividade e a originalidade das respostas. Todos os dados, a partir de então, foram analisados criteriosamente, considerando a opinião de cada entrevistado dentro de sua individualidade, para então serem discutidos em consonância com a base teórica. 2. A Luta pela garantia e o reconhecimento dos Direitos dos Homossexuais no Brasil Devemos considerar que os direitos humanos representaram uma grande conquista para a humanidade, pois conforme sua especificação abrangente se chega à conclusão que o respeito à dignidade são essenciais para universalização das pessoas. Porém para que ocorra esta universalização se faz necessário a eliminação do preconceito e da discriminação em todas as suas formas: sociais, culturais e ideológicas. Conceitualmente, o termo homossexual foi criado por um medico húngaro Karoly Maria Kertbeny em 1869. Somente na década de 1890, aparece pela primeira vez em inglês a palavra „„Homossexualidade‟‟usada por Charles Gilbert. A partir de então se passou a designar como homossexuais as pessoas do mesmo sexo/ gênero (homens e mulheres) que sentem atração entre si. Somente em 1973, os Estados Unidos retirou “homossexualismo” da lista dos distúrbios mentais da American Psychology Association, passando a ser usado o termo Homossexualidade. Em 1985, o conselho Federal de Medicina aprovou a retirada, no Brasil, da homossexualidade do código 302.0, referente aos desvios e transtornos sexuais, da Classificação Internacional de Doenças. Em 17 de maio de 1990, a Assembléia Mundial da Saúde aprovou a retirada docódigo 302.0 da Classificação Internacional de Doenças e da Organização Mundial da Saúde. A nova classificação entrou em vigor a partir de 1º de janeiro de 1993 entre os países-membro das Nações Unidas. No Brasil como em outros países, cientificamente, homossexualidade não 3 Inicialmente, por meio de solicitação dos próprios associados, foram distribuídos entre eles 10 (dez) formulários de pesquisa, porém houve devolutiva de apenas três destes formulários. Dada as dificuldades e a própria questão do tempo para conclusão da pesquisa, para a obtenção de dados foi necessário que o pesquisador se dirigisse pessoalmente à instituição e conversasse com um grupo de associados para a finalização do trabalho. é considerada doença. Por isso, o sufixo “ismo” (terminologia referente à “doença”) foi substituído por “dade” (que remete a “modo de ser”) Atualmente nas mais diversas áreas do cotidiano os homossexuais tem enfrentado a histórica situação de discriminação e marginalidade decorrentes de uma sociedade que possui como pilares originais, a desigualdade e a intolerância. Há ainda aqueles que propugnam a manutenção da união homossexual fora das considerações acerca das relações familiares, por considerarem o casamento civil e a união estável entre homem e mulher como os únicos institutos legítimos, formadores e mantenedores da família. Um dos principais dilemas do homossexual em se “afirmar” como tal é o ter de se assumir diante da família e da sociedade na busca de aceitação e apoio 4 . Este processo de auto-aceitação pode durar a vida inteira, pois na maioria dos casos, constrói-se uma identidade de lésbica, gay, bissexuais ou transexuais primeiramente para si mesmo, e, então isso pode ser ou não revelado para outras pessoas. No Brasil o ato de assumir publicamente sua orientação sexual e/ou identidade de gênero é popularmente denominado como “Sair do armário”, em língua inglesa tal fato denomina-se Outing. Esta aceitação tem seus desdobramentos nos processo de sociabilidade dos homossexuais, que ao se reconhecerem e se aceitarem como tal, lutam pela garantia de seus direitos de cidadão, livre da discriminação, independente de sua orientação sexual. Segundo Reich (1989, p.224): “A supressão da sexualidade das crianças e adolescentes tem a função, em última instância, „de facilitar, para os pais, a imposição de que seus filhos os obedeçam cegamente‟”. De acordo com este autor o cerceamento da sexualidade na fase tenra das crianças e adolescentes facilitaria o domínio de ditados críticos voltados a questões sexuais. Este cerceamento relacionado à sexualidade influência de tal forma no comportamento das pessoas, principalmente os grupos LGBT, que permanecem por longo tempo ocultando sua real orientação sexual. Assumir publicamente sua orientação sexual ou identidade de gênero é um momento significativo na trajetória pessoal e social, pois no decorrer da historia vários fatos contribuíram negativamente para o inicio desta aceitação, pois se sabe que sempre houve uma forte influência ideológica advinda das grandes religiões ocidentais 5 . No Brasil uns dos principais empecilhos para a aprovação de leis que beneficiem os homossexuais decorreram da pressão de religiosos fundamentais, liberalistas e dogmáticos 6 no Congresso e no Senado, pois, apesar do Brasil ser um Estado laico, a cultura cristã se encontra fortemente arraigada no país. 4 Grifos nossos. 5 As grandes religiões ocidentais historicamente reconhecidas são o catolicismo, o judaísmo e o protestantismo. 6 Esses religiosos são os que interpretam a Bíblia ao pé da letra. As relações homoafetivas são um retrato verídico desta limitação, uma vez que os direitos previstos na Constituição a todos os cidadãos são na realidade diferenciados entre heterossexuais e homossexuais devido à orientação sexual predominante. Mediante tal diferenciação, que é antes de tudo discriminatória, vários grupos de homossexuais permanece à margem da sociedade, descriminados e rejeitados, privados de assumir-se em público, posicionando-se assim como pessoas excluídas da sociedade. O fato de não serem aceitos por pessoas que não acolhem este tipo de relacionamento vem de encontro aos direitos previstos na constituição Federal de 1988. Após sua promulgação presenciamos um avanço significativo relacionado aos direitos humanos, onde rege em seu preâmbulo (1988 p.1): Assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus. Os direitos humanos previstos na Constituição são universais. No entanto, na vida cotidiana, não presenciamos sua efetivação, pois a discriminação permeia os espaços de convivência de diversos grupos sociais, limitando-os de expressar seus desejos e sentimentos no que diz respeito a suas relações afetivas ou orientação sexual, ou seja, os direitos são universais, porém na prática tais afirmações não correspondem com o que este documento normatiza. A Lei Magna garante no capítulo I, Art. 5º, § IV e X “livre manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato, ressaltando também que são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”. Não obstante de todas estas afirmações, repetidas e reforçadas por vários estudiosos políticos, o que se vê na realidade é que inúmeras pessoas são tratadas com desigualdade. A própria lei que garante igualdade de direitos, ao comparados com os costumes praticados em certos povos, nos permite concluir que se alicerçam na desigualdade, podendo- se ver claramente que em grande número de situações as pessoas não são tratadas como iguais. No entanto estas leis e esses costumes estão tão arraigados no nosso cotidiano que quase todas as pessoas consideram normal o tratamento desigual. A razão de ser da luta dos movimentos sociais dos homossexuais é pela legitimação dos seus direitos no conjunto das representações sociais, especificamente no âmbito dos poderes públicos. A base ao respeito pelas diferenças e pelo ser humano é no mínimo uma questão ética e moral, porém, infelizmente, muitos problemas em relação às questões da homossexualidade continuam em aberto, pois as conquistas neste sentido são fragmentadas beneficiando pequena parte da categoria homossexual. O movimento homossexual no Brasil tem sua origem no final da década de 1970 e inicío da década de 1980, especialmente no eixo Rio-São Paulo. Após certa estagnação na organização do movimento durante a década de 80, ele volta a florescer em meados da década de 90, pressionado pela epidemia da Síndrome de Imuno Deficiência Adquirida - AIDS. Desde 1985 o reconhecimento legal e judicial de direitos LGBT no Brasil tem avançado. Em decorrência da discriminação histórica dos homossexuais foi nessário uma reconstrução coletiva de sua identidade social por meio da organização de um movimento social em defesa dos direitos desta população. Em 2008 o sistema público de saúde após a identificação das vulnerabilidades que contribuíam para tornar os grupos homossexuais mais suscetíveis à infecção, entre elas as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), e a dificuldade de acesso à prevenção e tratamento no sistema público de saúde lança o “Plano Nacional de Enfrentamento da Epidemia de AIDS e das DSTs entre gays, homens que fazem sexo com homem (HSH) e travestis”, uma das metas deste plano era garantir programasde saúde e equipes capacitadas para atender as demandas de enfrentamento da AIDS entre gays e HSH. O Ministério da Saúde, por intermédio do Programa Nacional de DST e AIDS, lança cartazes e folders de conscientização para a população gay focando o estímulo do uso de preservativos. Este trabalho foi realizado com a parceria e apoio de ONGs especializadas em ações de prevenção, as quais se responsabilizaram de esclarecer e orientar o público alvo. A nossa constituição de 1988, reconhecida como “cidadã”, também nega alguns direitos para esta população: “Não têm direito a remoção/transferência de servidor público sob justificativa da absoluta prioridade do direito à convivência familiar” (art.226 e 227 da CF) e na CLT verifica-se: “ Não têm direito a receber os eventuais direitos de férias e outros benefícios do vínculo empregatício se o companheiro falecer; Não têm direito a licença gala, quando o trabalhador for celebrar sua união, podendo deixar de comparecer ao serviço, pelo prazo três dias (art.473, II da CLT) e se professor, período de nove dias (§ 3º. do art. 320 da CLT)”. Nos dias atuais a proteção judicial dos direitos individuais e coletivos vem se exacerbando, a positivação dos direitos e garantias fundamentais nos textos constitucionais torna-se presentes no Estado Democrático de Direito. A Constituição Federal como Lei Maior serve de fundamentação institucional e política à legislação ordinária, seus textos encontram- se abarrotados com inúmeros dispositivos relativos aos direitos fundamentais, conforme o artigo 5° (1998, p.2): “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade [...]”. As relações homoafetivas representam um fato que se impõe e não pode ser negado pelos órgãos jurídicos. As decisões judiciais têm avançado bastante no reconhecimento de direitos, enquanto a legislação tem encontrado resistência para avançar. Os postulados constitucionais não podem ignorar o respeito às diversas modalidades de orientação sexual socialmente existente, dentre as quais a homossexualidade se insere. Isso seja pelo respeito à vida privada e à intimidade, seja pelo caráter plural e participativo inerentes ao nosso governo. Para o adequado conhecimento do atual Direito de Família, a percepção dessas mudanças é de suma importância, pois este dinamismo culminou, em nosso ordenamento jurídico, com a promulgação da Constituição da República em 1988, onde foram inseridas diversas normas a respeito da família. Em 2004 e implantado no Brasil o “Programa Brasil sem Homofobia” onde apresenta um conjunto de ações destinadas à promoção do respeito à diversidade sexual e ao combate as várias formas de violação dos direitos humanos contra grupos de Gays, Lésbicas, Transgêneros e Bissexuais. Priorizando o combate à Violência e à discriminação, no intuído de promover a Cidadania dos Homossexuais no Brasil. Esta decisão e um verdadeiro marco histórico na luta pelo direito à dignidade e pelo respeito à diferença. É o reflexo da consolidação de avanços políticos, sociais e legais tão duramente conquistados. O Governo Federal, ao tomar a iniciativa de elaborar o Programa, reconhece a trajetória de milhares de brasileiros e brasileiras que desde os anos 1980 vêm se dedicando à luta pela garantia dos direitos humanos dos grupos homossexuais. Em decorrência da 1ª Conferência Nacional LGBT, ocorrida em Brasília entre 05 e 08 de junho de 2008, surge o Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais. Este documento foi elaborado por uma Comissão Técnica Interministerial, apresentando em suas diretrizes, ações para a elaboração de Políticas Públicas voltadas para esse segmento. O Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais reflete o esforço do Governo e da Sociedade Civil na busca de políticas públicas que consigam responder às necessidades, potencialidades e direitos da população envolvida. Este Plano tem como compromisso e desafio de interferir nas ações do Estado, de forma a promover a cidadania, com respeito às diversidades onde a população LGBT deve ser considerada como sujeito de direito e sujeito político. Recentemente presenciamos uma nova realidade onde os direitos previstos na constituição alargam-se para beneficiar a população LGBT, que até então não tinham respaldo jurídico favorável a sua identidade, quando direcionada a relação afetiva. A decisão unânime do Supremo Tribunal Federal (STF), concedida no dia 05 de maio de 2011 abre caminho para que o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo seja permitido, onde as uniões homoafetivas passem a ser reconhecidas como uma estrutura familiar. Para a comunidade LGBT, esta decisão do STF traz fim a vários constrangimentos relacionados ao grupo familiar e ao próprio casal homoafetivo. Do ponto de vista estritamente jurídico, o grupo familiar não se encontrava sem razão, porém do ponto de vista ético, traduzia uma clara situação de injustiça, preconceito e discriminação, pois sem o reconhecimento do mesmo direito legado a outros em absoluta igualdade de condições. Tal situação era também experimentada por casais homossexuais diante do rompimento de uma união estável, pois diante da separação nenhuma das partes tinha seus direitos garantidos. Assim, para melhor ilustrar a presente análise, a discussão seguinte aponta elementos de reflexão sobre a homossexualidade e a família. 3. Família e Relações Homoafetivas A sexualidade é um conceito muitas vezes difícil de ser compreendido, pois a maioria das pessoas não entende bem seu real significado, tendem a não se questionar sobre o assunto, nem ir à busca de sua verdadeira forma de expressão, pois culturalmente não temos o hábito de encarar a sexualidade com naturalidade, devido ideologias determinadas como adequadas para cada época. Segundo Picazio (1998, p.17) “Falar sobre as diferentes manifestações sexuais não é um caminho para praticá-las, mas exercer a sexualidade com respeito pela própria natureza e pela dos outros”. Nas relações de poder, a sexualidade não é o elemento mais rígido, mas um dos dotados da maior instrumentalidade: utilizável no maior número de manobras, e podendo servir de ponto de apoio, de articulação as mais variadas estratégias. “Compreender a sexualidade, em sua complexidade, prevê enxergá-la também como um produto das densas relações de poder. [...] Nas relações de poder, a sexualidade é, [...] um elemento dotado de instrumentalidade”. (FOUCAULT, 1988, p. 98) As famílias contemporâneas compostas por filhos(as) homossexuais ou por uniões homoafetivas surgem ocupando uma parcela significante da sociedade mundial, fato este que não os colocam em uma posição diferenciada dos outros grupos familiares, porém estes grupos surgem quebrando valores e condutas morais enraizadas por longo período. Importa lembrar que família não é um conceito unívoco. Segundo Osório (1996), seria possível descrever as várias estruturas ou modalidades assumidas pela família através dos tempos, mas não defini-la ou encontrar algum elemento comum a todas as formas com que se apresenta. As variáveis ambientais, sociais, econômicas, culturais, políticas ou religiosas são determinantes para a composição familiar, ainda hoje. Escardó (1996, p. 15) observa que: “Através dos tempos a família adota formas e mecanismos sumamente diversos e na atualidade coexistem no gênero humano tipos de família constituídos sobre princípios morais e psicológicos diferentes e ainda contraditórios e inconciliáveis”. A estrutura familiar compõe-se de indivíduos com condições e posições pré- determinadas, socialmente reconhecidase aprovadas. É neste espaço que ocorrem os primeiros processos de socialização, onde aprendemos e constituímos nossa personalidade, através da apropriação de valores, crenças e modelos comportamentais. Um arranjo familiar não difere do outro quando analisado num contexto de totalidade social, pois todos seus membros, independente da orientação sexual, representam papéis que nem sempre refletem “verdades” em decorrência de padrões socialmente construídos e perpetrados pela sociedade burguesa. A não aceitação da homossexualidade produz e reproduz comportamentos que se refletem em atos de violência por parte de alguns grupos com denominações e comportamentos homofóbicos. Quando privilegiam o gênero enquanto homem/mulher negam a condição maior do gênero humano presente nos contextos sociais cotidianos, que se dão norteados por diferentes formas de orientação sexual. É neste contexto repleto de diversidades que os grupos homossexuais tornam-se alvos de desigualdades sociais, pelo simples fato de distinguir-se de outras relações afetivas. A intolerância aos grupos homossexuais não está restrita somente aos ambientes públicos, mas dentro das próprias famílias que não sabem como lidar com essa situação que é no momento considerado “diferente”, pois foge aos padrões construídos historicamente. Segundo Lins (2007, p. 204) “[...] a repressão não é apenas algo que vem de fora, submetendo as pessoas. As proibições e interdições externas são interiorizadas, convertendo- se em proibições e interdições internas, vividas sob a forma de vergonha e culpa”. A repressão sexual gera uma influência tão forte no seio de alguns grupos familiares, que o preconceito contra a homossexualidade tem inicio no próprio lar, pois os pais não estão via de regra, preparados para encarar a orientação sexual de seus filhos. O fato de ter um filho gay mexe com sentimentos morais enraizados durante décadas, pois quebrar paradigmas diante desta situação demanda remexer com “conceitos e verdades” socialmente aceitos e cristalizados não só na família, mas também nas sociabilidades. As uniões homoafetivas encontram-se presente em vários contextos históricos, porém na atualidade emergem com maior perceptibilidade, dispondo-se como grupo familiar, esses grupos lutam contra o preconceito, julgamentos e ideologias pré-estabelecidas. A família diversificada é hoje um fato que não podemos negar, pois estas novas configurações são formadas por pessoas que assumem responsabilidades, portanto buscam igualdade de condições perante a sociedade. 4. A família e a homossexualidade em dados A homossexualidade para certos grupos familiares encontra-se no terreno do “proibido”, do negado, uma vez que este assunto em pleno século XXI, via de regra, se vincula ao campo do que é moral/imoral e, portanto, não aceito por parte da sociedade. Esta negação vai diretamente de encontro aos costumes ditos e reconhecidos como “corretos” e cristalizados em nossa consciência conforme as instruções que recebemos na formação de nossos valores culturais. A pesquisa foi aplicada em campo para levantamento de dados qualitativos, com propósito de repensar/refletir sobre as relações familiares daqueles grupos que tem em suas composições familiares que assumem uma orientação sexual diferente da considerada “normal”. Os resultados são apresentados nos dados que se seguem. Quanto à faixa etária dos entrevistados, a maioria (66%) tem entre vinte e seis a trinta anos, dos demais um grupo (17%) encontra-se com a idade de dez a quinze anos e o outro grupo (17%) encontra-se com a idade entre trinta e seis a quarenta e cinco anos. Um dado significativo e que merece ser analisado sobre a idade, diz respeito ao grupo da menoridade, porém importa lembrar que os índices utilizados para classificar a faixa etária podem seguir variados padrões, de acordo com os critérios que se deseja avaliar, para a OMS (Organização Social de Saúde) as fases da vida humana podem ser assim divididas: Idade da Infância - vai de 0 a 10 anos, Idade da Adolescência - de 10 a 19 anos, Idade Adulta Jovem ou Juvenil - 15 a 30 anos, Idade Madura - 31 a 45 anos, Idade de Mudança ou Média, também chamada de Involução ou Envelhecimento - 46 a 60 anos, Idade do Homem mais velho - 61 a 75 anos, Idade do homem velho - 76 a 90 anos, Idade do homem muito velho - mais de 90 anos. Quanto a manifestação religiosa a maioria (67%) dos entrevistados se declarou católico e os demais (33%) se declararam evangélicos. Neste sentido percebe-se que o catolicismo predomina sob a religião evangélica. O que sabemos é que os grupos religiosos presentes, segundo os entrevistados, não acolhem bem a comunidade LGBT. O discurso religioso predominante é que a condição de ser desses indivíduos não se encaixa dentro dos dogmas religiosos. Para melhor refletir sobre esta questão, Reich (1988, p.324) nos aponta que: “O grito de liberdade é um indício de repressão. Esse grito não cessará enquanto o homem se sentir aprisionado. Por mais diversas que sejam as formas de clamar pela liberdade, todas elas, sem exceção, exprimem, no fundo, a mesma coisa [...]”. Neste sentido, numa perspectiva análoga, percebemos que para os religiosos dogmáticos a orientação sexual homossexual é um desvio de conduta que deve ser tratado/corrigido. Assim, o discurso religioso reforça a repressão dos sujeitos que precisam ser colocados numa “camisa de força” nos relacionamentos heterossexuais ao mesmo tempo em que negam e inferiorizam os “comportamentos indesejáveis” ao cumprimento da moral religiosa. Quanto ao grau de escolaridade, está assim distribuído: ensino fundamental incompleto17%, ensino fundamental completo17%, ensino médio incompleto 33%, ensino superior completo 33%, diante desses dados observamos duas interpretações possíveis: os entrevistados do ensino fundamental e médio conviveram com uma realidade escolar onde há pouco ou nenhuma alerta para questões contra homofobia, existem algumas iniciativas recentes para incentivar práticas de tolerância, porém as mesmas não alcançam a totalidade da comunidade escolar. Esse fato gera ações desrespeitosas contra estudantes, professores e demais funcionários que assumem sua orientação sexual, o exercício do “bulling” desestimula a permanência e provoca a evasão escolar. Já o grupo com ensino superior completo, por ter maior grau de instrução e esclarecimento, têm a possibilidade de alcançar maior sucesso profissional e independência socioeconômica. Para Dallari (2004, p.50): “a experiência tem demonstrado que adianta muito pouco a lei dizer que todos são iguais e proibir que umas pessoas sejam tratadas como inferiores às outras”, é evidente que esse fator favorece a pressão que os homossexuais exercem para adquirir seu espaço e alcançar mais respeito, na tentativa de sofrerem menos preconceito. Assim sendo, estão estimulados a lutarem por seus direitos. A forte presença dessa comunidade de “letrados” exerce notório influência junto ao poder público para a formulação de políticas públicas voltadas para essa população. Quanto a escolaridade associada ao nível de empregabilidade, conforme dados relacionados acima percebe-se que a maioria (67%) dos entrevistados estão no emprego formal e se sobressai frente aos demais (33%) entrevistados que encontram-se trabalhando na informalidade. Para Dallari (2004, p. 65) “Nas sociedades modernas, onde prevalece os valores do capitalismo, as pessoas são avaliadas pelo que possuem”, esta realidade é evidenciada também no grupo de homossexuais “escolarizados”, que via de regra, são mais facilmente aceitos em determinados grupos socias quando são possuidores de riqueza conseguida por meio de seu “trabalho”. Neste espaço não importa que em que tipo e/ou modalidade de trablho encontra-se inserido, importa o resultante econômico do mesmo. Merece destaque o fato de estar pronunciadono discurso neoliberal que a informalidade na qual se encontra boa parte da classe trabalhadora, inclusive os homossexuais, decorre desta condição de “não escolarizados”. Contudo, o exército de reserva nos mostra que a realidade não é bem esta. Independente da escolarização o mundo do trabalho é regulado pelas necessidades do capital. Quanto a assumir a orientação sexual, os dados apresentados demonstram que 67% dos homossexuais assumem sua orientação sexual na fase adulta, 17% na adolescência e 16% na infância. O fato da maioria assumir-se na fase adulta, demonstra através de dados reais a forte influencia herdada no desenvolvimento de nossa identidade, principalmente relacionado à sexualidade humana. Na infância e na adolescência, ainda não se sentem seguros para revelar sua orientação sexual, tendo em vista que têm, via de regra, uma “necessidade vital” de serem aceitos nos grupos com os quais convivem e se relacionam. Segundo Chauí (1984, p.9), “a repressão sexual será tanto mais eficaz quanto mais conseguir ocultar, dissimular e disfarçar o caráter sexual daquilo que está sendo reprimido. E que a repressão sexual se liga a um conjunto de valores, regras estabelecidas histórica e culturalmente para controlar o exercício da sexualidade”. Desta feita é possível afirmar que a repressão sexual empreendida nos espaços sociais influencia de forma relevante para a revelação da orientação sexual tardia, ocorrendo em sua maioria na fase adulta. Quanto a outros casos de homossexualidade na família, conforme dados levantados a maioria (50%) afirma não ter outros casos de homossexualidade na família, porém outro grupo (33%) bastante significativo afirma ter consciência da existência de outros homossexuais na família extensa e uma minoria (17%) afirma desconhecer a existência de outros casos de homossexualidade no ciclo familiar. Neste sentido faz-se necessário refletir qual o conhecimento da família em relação a este assunto, pois é fato que esta temática não faz parte dos “diálogos” cotidianos dos grupos familiares. O retrato disso é que “o homossexual, homem ou mulher, organiza o seu mundo secreto com o fim de ter oportunidades de socialização, segurança e conforto no meio de pessoas que o aceitem e respeitem independentemente de sua orientação sexual” (SUPLICY, 1983, p.271). Assim sendo, cria-se uma zona de conforto tanto para a família que ignora a orientação sexual de seus filhos por se tratar de um assunto vergonhoso e repleto de preconceitos, como para o homossexual que, para escapar de situações constrangedoras e preconceituosas, negam sua orientação sexual refletindo e reforçando este universo de respostas negativas existentes em diversos grupos familiares. Por outro lado, um terço da sociedade que admite este questionamento pode contribuir de forma significativa na orientação não só dos filhos homossexuais, mas também difunde a necessidade de debate e compreensão desta situação. Quanto ao reconhecimento de seus direitos, segundo dados obtidos na pesquisa percebe-se que a maioiria (67%) da comunidade LGBT é conhecedora de seus direitos e a minoria (33%) apresenta-se como não conhecedora de seus direitos. Neste contexto a formação escolar também se revela, pois os que buscam conhecer e fazer valer seus direitos são os mesmos que buscam essa formação intelectual. Para Dallari (2004, p.97): Tão importante quanto a informação é a formação da consciência de que os direitos precisam ser defendidos, para que não pereçam e também para que fique assegurado o respeito a todos so direitos. A vida em sociedade é necessáira para os seres humans, mas em quase todos os grupos sociais existe uma competição pelas melhres posições e pelo reconhecimento de mais benefícios e vantagens. É o direito que deve garantir os interesses de cada um e impedir que uns sejam prejudicaso pelos outros. O movimento impetrado pelo grupo de homossexuais que luta pelos seus direitos tem- se refletido também na mídia, que tem veiculado o tema Homossexualidade com uma significância a se considerar. Uma vez que esse assunto é colocado em pauta pela mídia, assistimos uma maior mobilização dos órgãos competentes na luta pela conquista de direitos voltados a essa comunidade. Essas conquistas dizem respeito a melhoria na qualidade de vida, reconhecimento do preconceito como crime, inserção do tema no debate político, combate a homofobia entre outros. Nesse sentido, da busca de reconhecimento de seus direitos, a realidade da cidade de Uberlândia mostra que a comunidade LGBT tem se preocupado em estar por dentro de informações que lhes dizem respeito, entretanto nem todas as famílias conhecem o trabalho da ONG Shama assumem esse aspecto 50% dos familiares entrevistados, os demais 50% de familiares conhecem as ações desenvolvidas pelo grupo. Neste sentido Foucault (1993, p.27) nos assegura que: Deve-se falar de sexo, e falar publicamente, de uma maneira que não seja ordenada em função da demarcação entre o lícito e o ilícito.[...] Cumpre falar de sexo como uma coisa que não se deve simplesmente condenar ou tolerar, mas gerir, inseir em sistemas de utilidade, regular para o bem de todos. O simples fato de existir do Grupo Shama enquanto instituição que defende os direitos do homossexual, apesar da dificuldades enfrentadas para se firmar e se reconhecer na cidade de Uberlândia, já nos revela a importância de suas ações. Além disso, desenvolve ações que materializam algumas das necessidades de seus associados tais como, participação de palestras em instituições educacionais, em fóruns, em seminários, além da distribuição de preservativos e atendimento na área de assistência jurídica. De resto percebemos nitidamente que o grupo Shama procura assegurar espaço para o debate sobre o tema homossexualidade, revelando a hipocrisia e descortinando o falso moralismo que, ainda, envolve a questão. 4. Considerações finais A proposta inicial deste estudo foi trazer um questionamento sobre os reflexos da homossexualidade junto aos associados do grupo Shama. Diante dos dados foi constatado que a discriminação contra homossexuais por parte da sociedade é um fato real. Neste sentido admitimos que haja preconceito em nossa sociedade, mas somos incapazes de aceitar o preconceito em nós mesmos. Isso se comprova no fato de certos grupos familiares não se manifestarem diante da sexualidade dos filhos, também, que ainda trazemos arraigados costumes e dogmas religiosos os quais, direta ou indiretamente, influenciam em nosso comportamento cotidiano. Diante desta realidade os indivíduos que quebram estes paradigmas dogmáticos são excluídos não só pelo grupo social em que se encontram inseridos, mas excluídos também do próprio seio familiar. Em nossa proposta de pesquisa procuramos analisar o alcance das políticas públicas voltadas à homossexualidade e constatamos que as leis estão emergindo de maneira morosa, assegurando pequenos avanços para esta população. Quando questões polêmicas desperta a opinião pública no sentido de buscar leis que proteja um segmento específico da população, necessário se faz uma reflexão dos reais interesses, envolvidos nesta questão. A aparente aceitação da homossexualidade neste sentido pode ser vista como um meio de garantir o giro do capital, pois as paradas do orgulho gay, realizadas em diversas cidades, demonstram o número grandioso de participantes homossexuais, simpatizantes e curiosos, os quais promovem um aquecimento da economia através do turismo, entretenimento, hotelaria. Neste sentido a população LGBT está se deparando com um novo espaço, onde leis estão sendo criadas no intuito de respaldar os direitos que até então eram negados a está parcela da população, por outro lado temos que reconhecer que direitos são para todos conforme rege nossa constituição e não podem, desta feita, criar leisvisando interesses próprios. Na atualidade o que se percebe é que o tema homossexualidade esta na mídia, sendo notícia de jornais, temas de novelas, e contendas do poder executivo e legislativo. Neste sentido, o pressuposto básico desta pesquisa foi validado uma vez que as relações sociais cotidianas este assunto, ainda hoje, é tema de reprovação/oposição em vários segmentos sociais. Tal fato ficou claramente evidenciado na postura dos próprios associados do grupo SHAMA, quando, ao apresentarmos os questionários desta pesquisa, encontraram dificuldade em respondê-los relatando que poderiam fazê-lo na Associação, porém não levariam para seus familiares, pois tal tema não era assunto proibido em família. Diante deste relato fica o questionamento: o preconceito parte da família, da população ou do próprio grupo descriminado? O esforço feito nesse trabalho é uma contribuição para o estudo do tema em nossa sociedade, porém estamos cientes de que compreende, mesmo que de forma tímida, um primeiro ensaio científico sobre o tema. Conscientes de tal fato, afirmamos que à temática cabem outras reflexões, além do levantamento de outras dúvidas e questionamentos para que as mesmas apresentem novas leituras e possibilidades de novas pesquisas. REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988. ______. Ministério da Saúde. 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