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EFEITOS DA APLICAÇÃO DO GESSO AGRÍCOLA NA PRODUÇÃO 
DE CANA-DE-AÇÚCAR DESTINADA PARA FORRAGEM 
 
Fruchi, V. M.1,*; Ramos, S. B.2; Coutinho, E. L. M.3; Roxo, L. H. K.1; Heinrichs, R.4; de 
Figueiredo, P. A. M.4 
 
1
Discentes de Zootecnia – UNESP – Campus de Dracena – Faculdade de Zootecnia. 
2
Mestrando do Programa de Pós Graduação em Agronomia em Ciência do Solo - UNESP/FCAV – Jaboticabal 
3
Docente do Programa de Pós Graduação em Agronomia em Ciência do Solo - UNESP/FCAV – Jaboticabal 
4
Docentes de Zootecnia – UNESP – Campus de Dracena – Faculdade de Zootecnia. 
 
*
Autor correspondente <vifrutti@dracena.unesp.br> 
 
Introdução 
Nos últimos anos, a produtividade agrícola da cana-de-açúcar tem apresentado aumentos 
expressivos no País, graças à criação de novas variedades, manejo mais adequado do solo, uso de 
resíduos industriais e aplicação racional de adubos e corretivos. 
Dentre os elementos fundamentais para um adequado funcionamento dos processos vegetais 
está o enxofre, que participa no transporte de elétrons e suas pontes de ligação exercem funções 
reguladoras e estruturais em diversas proteínas. Muitos metabólitos secundários também contêm 
enxofre em sua constituição, o que o caracteriza como um dos elementos mais versáteis presentes 
nos organismos vivos (TAIZ; ZEIGER, 2004). 
Uma excelente fonte de enxofre é o gesso agrícola, comumente destinado à adubação e 
nutrição mineral. Além disso, por possuir grande solubilidade, o gesso melhora a fertilidade do solo 
por permitir um importante suprimento de cálcio em profundidade, em função de sua percolação, que 
facilita a movimentação do elemento ao longo do perfil (MALAVOLTA; VITTI; OLIVEIRA, 1997). A 
prática da gessagem possibilita ainda o aprofundamento do sistema radicular da cana-de-açúcar, o 
que vai proporcionar pelas plantas, uma maior exploração dos nutrientes e água disponíveis no solo. 
A aplicação do gesso na cana-de-açúcar, visando a recuperação química do solo em 
profundidade, deve ser realizada preferencialmente após a calagem, ou pelo menos junto a ela, 
podendo ser direcionada tanto para a cana planta como nas soqueiras, dependendo do planejamento 
e da condução da lavoura (DIAS; ROSSETO, 2006). 
O objetivo do trabalho foi avaliar, em função da gessagem aplicada numa soqueira de cana-de-
açúcar destinada para forragem, as respostas em relação ao índice de área foliar (IAF) e toneladas 
de colmos por hectare, por ocasião da colheita. 
 
Material e Métodos 
O experimento foi realizado nas dependências da Usina Dracena, localizada no Município de 
Dracena - SP. A instalação ocorreu em novembro de 2007, com cana-de-açúcar de quarto corte. O 
delineamento experimental foi em blocos casualizados com quatro repetições, envolvendo cinco 
doses de gesso agrícola (0, 1, 2, 4 e 8 t.ha
-1
), aplicadas logo após o corte, na variedade de cana-de-
açúcar RB 86-7515, destinada para forragem e descrita como responsiva à correção e adubação. As 
unidades experimentais possuíam 84,0 m
2
, com uma área útil de 44,80 m
2
. O fornecimento de 
nitrogênio, fósforo e potássio foi uniforme em todos os tratamentos, de acordo com a adubação 
comumente realizada pela unidade produtora. A colheita foi realizada de forma manual, em novembro 
de 2008. 
Os resultados foram analisados estatisticamente através da análise da variância e comparação 
das médias ao nível de 5% de probabilidade. 
 
Resultados 
De acordo com a Tabela 1, verifica-se que não houve diferença (p<0,05) para as 
características analisadas, apesar do aumento crescente da dose de gesso agrícola, previsto nos 
tratamentos, fornecida à variedade de cana-de-açúcar RB 86-7515, soqueira de quarto corte. 
 
 Tabela 1. Índice de área foliar (IAF) e toneladas de colmos por hectare por ocasião da colheita da 
variedade de cana-de-açúcar RB 86-7515, quando destinada para forragem, em função das 
doses de gesso agrícola aplicadas em soqueira de quarto corte. Dracena, 2009. 
 
 
 
 
 
 
 
 Médias seguidas por letras iguais na coluna não diferem pelo teste de Tukey (5 %). 
 
Discussão e Conclusões 
De acordo com a Tabela 1, verifica-se que não houve diferença (p<0,05) para IAF na colheita, 
na variedade de cana-de-açúcar RB 86-7515, de acordo com doses de gesso agrícola aplicadas em 
soqueira de quarto corte, demonstrando média geral de 5,63. A aplicação de 4 t ha
-1 
de gesso 
agrícola proporcionou maior valor de índice de área foliar na colheita, sendo 11,37% superior à média 
dos tratamentos. O tratamento sem aplicação de gesso agrícola demonstrou menores valores de IAF, 
sendo 7,82% inferior aos demais. De acordo com Casagrande (1991), a maior produção agrícola da 
cultura da cana-de-açúcar está relacionada com a presença de um sistema radicular vigoroso de uma 
determinada variedade, que resulta do somatório de outras características desejáveis apresentadas 
pelas cultivares, como a população; altura; diâmetro e peso dos colmos, além da área foliar. A 
aplicação de gesso agrícola em soqueira de quarto corte demonstrou tendência no aumento no índice 
de área foliar na variedade RB 86-7515. 
Não houve diferença (p<0,05) para toneladas de colmo por hectare na colheita para forragem, 
na variedade de cana-de-açúcar RB 86-7515, de acordo com doses de gesso agrícola aplicadas em 
 PARÂMETROS 
Tratamentos 
(doses de 
gesso agrícola) 
IAF na colheita Toneladas de colmos por hectare na 
colheita para forragem 
0 t.ha
-1
 5,19 a 114,78 a 
1 t ha
-1
 5,40 a 118,64 a 
2 t ha
-1
 5,88 a 117,34 a 
4 t ha
-1
 6,35 a 116,57 a 
8 t ha
-1
 5,32 a 119,74 a 
CV (%) 13,16 2,83 
soqueira de quarto ano, demonstrando média geral de 117,41 toneladas de colmos por hectare. 
Segundo Orlando F° (1993), em termos de quantidade são necessários para produzir 100 t de 
colmos, o equivalente a 174 kg de K, 143 de N, 87 de Ca, 49 de Mg, 44 de S e 19 de P. Para se 
atingir produções acima de 100 toneladas de colmos por hectare é necessária a correção do solo 
após o segundo corte da cana-de-açúcar, através da utilização de calcário, gesso e fósforo 
(KORNDORFER; PRIMAVESI; DEUBER, 1989). A aplicação de 8 t ha
-1 
de gesso agrícola 
proporcionou maior valor de toneladas de colmo por hectare na colheita para forragem, sendo 1,94% 
superior aos demais tratamentos. O tratamento sem aplicação de gesso agrícola demonstrou 
menores valores, sendo 4,14% inferior aos demais. Na variedade RB 86-7515, a aplicação de gesso 
agrícola em soqueira de quarto corte demonstrou tendência no aumento na produtividade de colmos 
por hectare, quando destinadas para forragem. 
. 
Referências 
CASAGRANDE, AA. Tópicos de morfologia e fisiologia de cana-de-açúcar. Jaboticabal: 
UNESP/FUNEP, 1991. 157p. 
 
DIAS, F.L.F.; ROSSETO, R. Calagem e adubação da cana-de-açúcar. In: SEGATO, S. V. et al. (org). 
Atualização em produção de cana-de-açúcar. Piracicaba: CP, 2006. p.107-119. 
 
KORNDORFER, G.H.; PRIMAVESI, O.; DEUBER, R. Crescimento e distribuição do sistema radicular 
da cana-de-açúcar em solo LVA. Boletim Técnico Copersucar, n. 47, p.32-36, 1989. 
 
MALAVOLTA, E.; VITTI, G.C.; OLIVEIRA, S.A. Avaliação do estado nutricional das plantas: 
princípios e aplicações. Piracicaba: Potafós, 1997. 319p. 
 
ORLANDO F°, J. Calagem e adubação da cana-de-açúcar. In: CÂMARA, G.M,S.; OLIVEIRA, E.A.M. 
(Ed.) Produção de cana-de-açúcar. Piracicaba: Fealq/USP, 1993. p.133-146. 
 
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. São Paulo: Artmed, 2004. 719 p.

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