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Brenda Alves | Passei Direto DIREITO DAS SUCESSÕES - Herança CONCEITO Herança é o patrimônio do falecido, isto é, o conjunto de direitos e deveres que se transmite aos sucessores. É o conjunto de relações jurídicas patrimoniais, ativas e passivas, pertencentes ao falecido e que foram transferidas aos seus sucessores, por conta de sua morte, para que sejam partilhadas (Farias e Rosenvald). Também compõem a herança os “valores novos, a serem adquiridos”, mesmo após o óbito, como créditos discutidos em juízo (Ney Almada). Créditos novos que se incorporam à herança depois da morte do titular vão formar o direito de acrescer. Não compõem a herança: ● os direitos personalíssimos; ● a obrigação de fazer coisa infungível; ● a empreitada em razão da qualidade pessoal do empreiteiro; ● o uso, o usufruto e a habitação. DIREITO AUTORAL O direito autoral possui regra própria para a transmissão por morte. São transmitidos, por 70 anos a contar do dia 1º de janeiro após a morte do autor, o direito à exploração econômica do direito autoral. OBRIGAÇÃO DE PRESTAR ALIMENTOS Art. 1700 CC. A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor. Vários doutrinadores entendem que é obrigação personalíssima e, portanto, não pode ser transmitida aos herdeiros. Essa é posição defendida por Chaves e Rosenvald. Para estes autores, caso o artigo venha a ser aplicado, a responsabilidade alimentar deverá recair sobre os frutos da herança. Brenda Alves | Passei Direto INDENIZAÇÃO DE SEGURO DE VIDA Indenizações de contrato de seguro de vida não integram a herança do falecido. A indenização pertence ao beneficiário do seguro, que pode nem ser herdeiro. Se não houver indicação do beneficiário no contrato, a indenização irá compor a herança e será dividida entre os herdeiros. HERANÇA DIGITAL A quem pertence as relações eletrônicas de uma pessoa falecida? Farias e Rosenvald dizem que o conteúdo existencial da herança digital extingue-se com a morte, face o caráter personalíssimo. Quando ao conteúdo patrimonial, os direitos serão transmitidos aos sucessores por integrar a herança. A melhor solução é deixar testamento com disposições a respeito da herança digital. ESPÓLIO Por ser um bem jurídico, quando a herança necessitar de um ente para representá- la, em juizo ou extrajudicialmente, essa representação caberá ao espólio. O espólio é, pois, um ente despersonalizado (sem personalidade jurídica), mas que tem capacidade para titularizar relações jurídicas e que possui legitimidade processual. HERANÇA x ESPÓLIO Herança é um bem (objeto da relação jurídica), composto pela universalidade de relações patrimoniais transmitidas pelo morto, enquanto o espólio é um ente despersonalizado que representa a herança, judicial ou extrajudicialmente, quando se fizer necessário (Farias e Rosenvald). HERANÇA x MEAÇÃO A herança não se confunde com a meação do cônjuge ou companheiro da pessoa que faleceu. A meação é direito próprio do cônjuge ou companheiro, decorrente do regime de bens adotado no casamento ou na união estável, direito que já estava titularizado antes da morte do falecido. Para se fazer a partilha da herança é preciso, quando existir meação, separar a meação do montante que será partilhado entre os herdeiros. Brenda Alves | Passei Direto Sobre o valor da meação não incidem impostos de transmissão causa mortis nem custas processuais na ação de inventário. É possível que o cônjuge ou companheiro seja: 1. Apenas meeiro; 2. Apenas herdeiro; 3. Herdeiro e meeiro. Essas hipóteses serão estudadas na aula sobre sucessão do cônjuge ou do companheiro. CARACTERÍSTICAS DA HERANÇA 1. BEM IMÓVEL Código Civil: Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: [...] II - o direito à sucessão aberta. 2. UNIVERSALIDADE E INDIVISIBILIDADE Art. 1.791 CC. A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os herdeiros. Parágrafo único. Até a partilha, o direito dos co-herdeiros, quanto à propriedade e posse da herança, será indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio. 3. INDISPONIBILIDADE Art. 1.793. O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de que disponha o co- herdeiro, pode ser objeto de cessão por escritura pública. Obs. O herdeiro não pode vender um bem específico, mas apenas ceder direitos hereditários referentes à sua parte ideal. CESSÃO DE DIREITOS HEREDITÁRIOS É contrato bilateral, inter vivos, aleatório e em caráter gratuito ou oneroso. Na cessão de herança, não se cede a condição de herdeiro, mas apenas os direitos patrimoniais deste, que serão delimitados quando da partilha. É contrato aleatório porque o seu objeto é indeterminado. Brenda Alves | Passei Direto Apenas a partilha irá determinar o direito hereditário que foi cedido. O cessionário assume o risco de não receber, de fato, o quinhão que esperava. REQUISITOS ● Temporal - entre a morte e a partilha; ● Formal - escritura pública ou termo nos autos; ● Subjetivo - cedente precisa ter capacidade de fato e legitimidade para suceder; ● Objetivo - o objeto não pode incidir sobre bens certos e determinados. IMPOSSIBILIDADE Se houver restrição imposta pelo autor da herança, por meio de cláusula de inalienabilidade no testamento, não será possível a realização da cessão de herança. Caso uma cessão de herança seja realizada nestas condições, ela será anulável. SUBSTITUIÇÃO E DIREITO DE ACRESCER Art. 1.793: § 1º Os direitos, conferidos ao herdeiro em conseqüência de substituição ou de direito de acrescer, presumem-se não abrangidos pela cessão feita anteriormente. INEFICÁCIA Art. 1.793: § 2º É ineficaz a cessão, pelo co-herdeiro, de seu direito hereditário sobre qualquer bem da herança considerado singularmente. § 3º Ineficaz é a disposição, sem prévia autorização do juiz da sucessão, por qualquer herdeiro, de bem componente do acervo hereditário, pendente a indivisibilidade. DIREITO DE PREFERÊNCIA Art. 1.794 O co-herdeiro não poderá ceder a sua quota hereditária à pessoa estranha à sucessão, se outro co-herdeiro a quiser, tanto por tanto. Brenda Alves | Passei Direto Violada a preferência legal, o coerdeiro poderá adquirir forçosamente o quinhão cedido, através do depósito do valor indicado na escritura de cessão de direito hereditários (Farias e Rosenvald). O cessionário corre risco de perder o quinhão caso não exija a notificação dos demais herdeiros e, ainda, caso escriture o negócio por valor menor que o valor efetivo, para pagar menos impostos. ACEITAÇÃO DA HERANÇA É o ato pelo qual o titular de um direito hereditário que já lhe foi transmitido (e adquirido) quando da abertura da sucessão confirma a intenção de recolher a herança, consolidando os direitos hereditários (Maria Helena Diniz). Art. 1.804. Aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao herdeiro, desde a abertura da sucessão. Parágrafo único. A transmissão tem-se por não verificada quando o herdeiro renuncia à herança. A aceitação da herança é ato jurídico unilateral, irrevogável e irretratável. Art. 1.812, CC: São irrevogáveis os atos de aceitação ou de renúncia da herança. É possível anular a aceitação da herança por vício de vontade reconhecido em ação anulatória. A aceitação da herança é integral, não se admitindo aceitação parcial, sob termo ou condição. Se a pessoa é, ao mesmo tempo, legatária e herdeira, pode aceitar o legado e repudiar a herança e vice-versa. O mesmo ocorre se tem direito a mais de um quinhão sob títulos diversos. Pode aceitar um e renunciar ao outro. Art. 1.805. A aceitação da herança, quando expressa, faz-se por declaração escrita; quando tácita, há de resultar tão-somente de atos próprios da qualidade de herdeiro. § 1º Não exprimem aceitação de herança os atos oficiosos,como o funeral do finado, os meramente conservatórios, ou os de administração e guarda provisória. Uma vez aceita a herança pelo sucessor, qualquer ato posterior abrindo mãos dos seus direitos será caracterizado com cessão de direitos hereditários e não como renúncia. Isso fará incidir uma dupla tributação: imposto de transmissão causa mortis, no momento da morte, e imposto de transmissão de bens imóveis inter vivos, na cessão. Vinte dias após aberta a sucessão, o interessado (credor do herdeiro, por exemplo) poderá entrar com uma ação interrogatória para que o herdeiro confirme se aceita ou renuncia à herança. Brenda Alves | Passei Direto O seu silêncio, após o prazo determinado na citação, será interpretado como aceitação. ACEITAÇÃO INDIRETA DA HERANÇA Art. 1.813. Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à herança, poderão eles, com autorização do juiz, aceitá-la em nome do renunciante. A aceitação limita-se ao montante do crédito. Eventual saldo remanescente será devolvido à massa hereditária. CONCEITO ACEITAÇÃO INDIRETA DA HERANÇA Maria Berenice Dias defende que a aceitação não tem consequência jurídica. É uma posição minoritária na doutrina. Para ela, o Princípio de Saisine é incompatível com a possibilidade de uma aceitação da herança. Como, para Maria Berenice Dias, a aceitação é um ato que não tem nenhuma consequência jurídica, o que pode existir, posteriormente, é a explicitação de que o herdeiro aceitou a transmissão, e não a própria aceitação. Segundo autora, o que existe é uma transmissão automática, sujeita à condição resolutiva, a renúncia. CONCEITO RENÚNCIA DA HERANÇA É ato abdicativo, com eficácia ex tunc, por meio do qual os bens que haviam sido transferidos ao herdeiro, na abertura da sucessão, retornam ao quinhão hereditário. A renúncia é ato que desfaz o ato translativo ocorrido no momento da morte. Ele gera a ficção do renunciante jamais ter sido herdeiro. Para renunciar, o herdeiro não pode ter agido de modo a evidenciar que aceitou a herança, no máximo ele pode ter praticado atos meramente conservatório ou de gestão interna. Na renúncia, o quinhão do renunciante devolve-se ao acervo hereditário. Os bens passam aos demais herdeiros. Costuma-se chamar de renúncia translativa, o ato de o renunciante escolher o terceiro que receberá o seu quinhão. Isto não é uma renúncia, mas cessão de direitos hereditários. REQUISITOS DA RENÚNCIA ● Temporal - entre a morte e a partilha; Brenda Alves | Passei Direto ● Formal - escritura pública ou termo nos autos; ● Subjetivo - renunciante precisa ter capacidade de fato e legitimação para suceder. REQUISITO SUBJETIVO DA RENÚNCIA A renúncia de incapaz só é possível por autorização judicial. Farias e Rosenvald defendem que a outorga do cônjuge é necessária. Maria Helena Diniz, que não. Quanto ao companheiro, Farias e Rosenvald observam que a exigência de outorga pode prejudicar o terceiro de boa fé, já que a união estável não é formalizada. REQUISITO FORMAL DA RENÚNCIA Art. 1.806. A renúncia da herança deve constar expressamente de instrumento público ou termo judicial. Enquanto a aceitação pode ser tácita, a renúncia só pode ser expressa, seja por escritura pública seja por termo assinado no processo. Não se admite escritura particular. RENÚNCIA DA HERANÇA NO TESTAMENTO A renúncia do beneficiário implica na caducidade da disposição. Neste caso: 1. O bem poderá ser destinado a um substituto, se houver previsão no testamento; 2. Ou devolver-se-á ao acervo hereditário para ser dividido entre os herdeiros legítimos.
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