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Resumo - Aulas de Psicologia e Metafísica (Henri Bergson)

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Aulas de Psicologia e Metafísica – 
Henri Bergson 
 
Aula 5 – Seu objeto. Características próprias dos fatos que ela 
estuda. 
 
Quando dizemos que estamos sentindo uma dor no dedo, queremos dizer 
que a causa física dessa dor, ou seja, a ponta do alfinete foi colocada nesse 
lugar do dedo. Mas o dedo, por si só, não pode sentir, ele é apenas matéria. 
Uma dor ou prazer são fenômenos, fatos que existem, que ocorre, isso é 
incontestável, mas que não têm extensão. 
 Uma dor como a picada será verdade a fortiori (por causa de uma razão 
mais forte) para aquela dor de outro tipo, que é chamada de dor moral. 
 Seria inútil dissecar o coração para procurar a tristeza. 
 São fenômenos fisiológicos que acompanham as emoções, mas não são 
as emoções propriamente ditas, pois elas não ocupam lugar no corpo humano. 
 Se o pensamento ficasse dentro da cabeça, ocuparia um lugar ali; e quem 
dissecasse os tecidos que a formam acabaria encontrando o pensamento na 
ponta do escapelo. 
 O cérebro realmente é o órgão do pensamento, mas não é o pensamento, 
e o pensamento não mora no cérebro, pois, se residisse nele, seria encontrado. 
 Tem duração, como o sentimento, mas não tem extensão. 
 Paralelamente, eu sei que tenho um corpo. Mas essa força que chamo de 
“eu”, que chamo de “mim”, não posso dizer que ela esteja no meu corpo, pois, 
se estiver, está onde? 
 
Fatos/fenômenos Psicológicos: Fatos não localizáveis. 
 Localizados na duração, mas não no espaço, ocupam tempo, mas não 
extensão. 
 Não são conhecidos pelos sentidos. 
Os fatos psicológicos são conhecidos pela Consciência 
Consciência: Faculdade de observação interior. 
Fatos psicológicos = fatos da consciência. 
 
Os fatos psicológicos não podem ser superpostos, não são mensuráveis. 
Uma dor pode ser o dobro de outra dor? 
Apesar de real, apesar de passível de intensidade, ele possui uma 
intensidade que não pode ser medida. 
 
Fatos/fenômenos Físicos: Localizáveis. 
By: Ewylle Farias 
 Conhecidos pelos sentidos. 
 
Fenômenos físicos que não impressionarem nossos sentidos não podem 
ser conhecidos por nós e permanecem ignorados para sempre. Mas, justamente 
porque nossos sentidos só entram em ação quando seus órgãos receberem uma 
estimulação física, esses sentidos só podem perceber objetos extensos. 
 
Aula 6 – Distinção entre fatos psicológicos e fatos fisiológicos. A 
psicologia fisiológica 
 
O alemão Wundt queria reduzir a psicologia à fisiologia. 
Há distinção entre fato psicológico e fato fisiológico: o fato fisiológico é 
apenas um fenômeno físico ou um conjunto de fenômenos físicos ou químicos. 
Já os fenômenos do pensamento, pensamento e vontade não são localizáveis, 
reflexão interior. 
 
Os chamados fenômenos psicológicos sempre se reduzem a movimentos 
moleculares, a fenômenos físicos ou químicas que se produzem no sistema 
nervoso. Mas, então, por que instituir uma ciência especial cujo objeto seria 
estudar o sentimento e o pensamento, sendo que o estudo do cérebro é 
amplamente suficiente? 
Funções do cérebro é papel da fisiologia. 
Porém, na fisiologia, “Função” é um conjunto de movimentos. Assim, dizer 
que o pensamento é uma função do cérebro é admitir que o pensamento pode 
ser identificado com movimentos moleculares que se realizam no cérebro – o 
que é insustentável. 
Os fisiologistas têm razão ao dizerem que o fígado secreta a bílis, pois 
basta dissecar o fígado para encontrá-la. Mas e quando dizem que o cérebro 
secreta o pensamento? 
 
Gall e Spurzheim fundaram a frenologia, que atribuíam ao espírito as 
sedes determinadas no cérebro. 
 
Broca e linguagem: Bergson distinguem o homem do animal pela 
linguagem, a fala e a compreensão de signos. Mas os bichos se comunicam da 
forma deles, não? 
 
Sobre a linguagem e determinada parte do cérebro, tudo o que as 
pesquisas estabelecem é que essa circunvolução do cérebro é o instrumento 
material, o órgão da fala, que sem esse órgão o entendimento dos signos é 
impossível. Mas afirmar que esse órgão é idêntico ao entendimento dos signos 
há uma grande distância, há um abismo. 
Localiza-se o instrumento material da alma sem o qual o fato psicológico 
não ocorreria, mas não se localiza o fato psicológico propriamente dito. Os 
sentidos nunca perceberam e nunca perceberão um fato psicológico. 
Os fatos fisiológicos têm todos um mesmo objeto, ou seja, a manutenção 
da vida e a conservação do indivíduo e da espécie; a digestão, a circulação etc. 
E os fatos psicológicos tendem para essa mesma finalidade, mas a maioria 
ultrapassa infinitamente essa finalidade. 
A observação pela consciência não me informa que os primeiros estados, 
os de dor física, sejam necessariamente as causas do último. 
 
 
Aula 7 – O método subjetivo 
 
Consciência = reflexão interna. 
Em filosofia, subjetivo é tudo que é interior ao eu, tudo de que tomamos 
conhecimento unicamente pela consciência. 
Objeto é tudo que é exterior ao eu. 
O método objetivo recorrerá a outras fontes, e não aos testemunhos da 
consciência. 
O método subjetivo tem sobre todos os outros a grande vantagem de, 
primeiramente, não poder nos enganar: a consciência, pelo menos num certo 
nível, é infalível) 
 
Que diferença pode haver entre ter uma sensação e imaginar que a 
tenho? Ou julgo senti-la e realmente a sinto, ou não a sinto – O mesmo 
acontecerá com todos os fenômenos psicológicos. 
Portanto, a consciência tem sobre as outras faculdades de observação 
essa superioridade de não poder perceber outra coisa em vez do que é, pois não 
recorre, como as outras, a um instrumento diferente de si mesma, que talvez 
altere a verdade. 
O próprio olho não vê as coisas tais como são: a física nos prova isso. – 
Mas é impossível que um fenômeno de consciência seja diferente do que parece, 
pois no seu caso a aparência e a existência são a mesma coisa. 
 
 
E, em segundo lugar, de não poder ignorar os fatos dos quais a alma é o 
palco. 
 Um fato psicológico só existe com a condição de ser conhecido pela 
reflexão interior, pela consciência. Como imaginar uma sensação, um 
sentimento, dos quais não tivéssemos nenhuma consciência? 
Foi em vão que alguns psicólogos imaginaram fatos psicológicos inconscientes. 
Não se deve ignorar que a observação pela consciência apresenta graves 
inconvenientes (ex: ato falho), que estão ligados muito mais à natureza dos fatos 
observados do que ao método utilizado para conhece-los. 
Ora, a consciência nos revela sem dúvida a existência do fato psicológico, 
mas na maior parte do tempo é incapaz de pôr em evidência a infinita 
multiplicidade de elementos que concorreram para sua formação. 
É justamente por isso que o método psicológico de observação pela 
consciência, excelente quando se trata de descrever simplesmente os 
fenômenos psicológicos, é extremamente fraco quando lhe pedimos as causas, 
o porquê dos fenômenos. 
Pois uma infinidade de hábitos mentais, de inclinações, de disposições, 
de vícios e virtudes me foi transmitida por meus ancestrais desde os tempos 
mais remotos. Um fato psicológico que ocorre num determinado indivíduo está 
recheado, por assim dizer, com todo o passada desse indivíduo e de seus 
ascendentes. 
 
Psicologia considerada algo intermediário entre a ciência propriamente 
dita e a literatura. 
Uma ciência é tanto mais avançada quanto mais se aproximar da forma 
matemática 
O fato psicológico é o oposto disso por sua própria natureza. 
Toda ciência é obrigada a admitir que os fatos e as leis são os mesmos 
para todos os indivíduos de uma mesma espécie, exceto no caso de anomalias, 
de doenças físicas ou morais. 
 
Acaso a observação pela consciência, dizem alguns filósofos, não altera 
o que pretende observar? 
Pretende-se analisar as paixões; mas, se tento analisar a paixão enquanto 
a estou sentindo, será que realmente a sentirei? 
Assim que me disponho a analisar minha cólera, ela desaparece. 
A fisiologia pode complementar a psicologia, mas não substitui-la. 
 
Aula 8 – O método objetivo e a experimentação 
 
A observação pelaconsciência precisa ser controlada. 
Existem ciências que estão inteiramente relacionadas com a psicologia, 
explicam seus resultados e, portanto, deverão ser utilizadas pela psicologia. 
Vamos enumerar essas diversas ciências: 
1 – Psicologia comparada: estudo do animal do ponto de vista psicológico. 
O selvagem não sente nem raciocina exatamente como nós. A criança não 
conduz suas ideias como o adulto. 
Não se deve julgar que cada homem reproduza, por assim dizer, em sua 
história pessoal e a evolução da humanidade e que a inteligência da criança se 
encontre no mesmo estado que a do homem nos tempos remotos, que a da 
humanidade na infância. As influências hereditárias tornam impossível tal 
assimilação. 
2 – Psicologia mórbida: O louco é um personagem interessante de ser 
observado. O louco, como alguém enquanto sonha, quase sempre é incapaz de 
avaliar com exatidão as sensações que experimenta ou as ideias que concebe. 
3 – Filologia ou ciência das línguas: Linguagem nada mais é que 
expressão do pensamento. 
4 – História: Seria um tanto difícil citar uma teoria psicológica importante 
para a qual a história tenha fornecido documentos significativos. 
A história nos informa sobre superfície, sobre a parte externa das coisas, 
mas o andamento das ideias quase sempre nos escapa, ou então somos 
obrigados a reconstituí-lo por meio da hipótese. 
5 – Literatura: O que é a poesia se não a tradução, a expressão do que 
há de mais elevado na alma? 
Processos de observação. Observar e experimentar são duas coisas 
diferentes. 
Infelizmente, é duvidoso que seja possível fazer nascerem ou produzir à 
vontade os fatos psicológicos que se caracterizam precisamente pelo imprevisto. 
 
Aula 9 – Classificação dos fatos psicológicos 
 
Esses fatos não deixam de ter analogias uns com os outros. 
A alegria e a tristeza são apenas um prazer ou uma dor. 
Inclinação e a paixão. 
A tristeza tem uma causa independente de mim, mas, uma vez produzida, 
existe por si mesma. 
Da mesma forma, na maioria das vezes uma inclinação e uma paixão têm 
um objeto, transportam-nos para uma pessoa ou uma coisa exterior a nós. 
Esses fatos se produzem na alma ou, em todo caso, se manifestam nela 
independentemente da representação da causa externa, que lhes deu origem. 
O fenômeno sempre se produz em mim, sem que eu tenha sido 
consultado. 
Fatos sensíveis: Fenômenos puramente afetivos são fenômenos de 
sensibilidade, sentimentos ou sensações, inclinações ou paixões. 
Fatos intelectuais: Fenômenos que, independentemente de nós até certo 
ponto, têm como característica em comum implicarem uma representação. 
Determinações voluntárias: Fatos que dependem ou parecem depender 
inteiramente de nós: Uma análise profunda desses fatos mostra que muito 
frequentemente nossa liberdade é incompleta, às vezes até mesmo ilusória: o 
fenômeno devia produzir-se mesmo quando pensávamos que tínhamos de 
escolher entre ele e seu contrário. Composto dos fatos instintivos e fatos do 
hábito. 
Três faculdades da alma: Sensibilidade, Inteligência, Vontade. 
Uma faculdade é uma potência ou energia da alma, uma capacidade de 
gerar ou de receber certas coisas. Significa precisamente poder de fazer. 
(Ela é inteiramente tudo isso, não dividida em 3!) 
 
Todo fenômeno psicológico é um estado da alma ou um ato realizado por 
ela, pois afinal não há meio-termo: ou a alma está ativa ou está passiva. 
Os fatos sensíveis são mais simples que os fatos intelectuais, nos quais 
muito frequentemente entram como elementos compostos, e as determinações 
voluntárias ou fenômenos de atividade, se deixarmos de lado o instinto e o 
hábito, supõem a sensação bem como a inteligência. 
 
Aula 10 – O prazer e a dor 
 
Ligados aos fatos sensíveis. 
Como explicar, como fazer compreender com palavras, a quem nunca 
tivesse sentido um prazer, se tal ser vivo existisse, em que consistem o prazer e 
a dor? Portanto, neste caso uma definição científica é coisa impossível. 
 
Aristóteles: Prazer como atividade livre. Dor como resultado de uma 
coação, uma atividade reprimida. 
 
Toda ação ou conjunto de ações pode ser um prazer ou uma dor, 
dependendo das circunstâncias em que essa ação ou essas ações ocorrem. 
Haverá algo mais fatigante para o espírito, com o passar do tempo, do 
que o jogo de xadrez ou o uíste? Para os que apreciam esses jogos é um prazer 
enorme entregar-se a eles. 
 
Hamilton: A repetição provoca o tédio, o cansaço, depois a aversão. 
O prazer é um desenvolvimento de atividade, mas dentro de um certo 
limite. 
 
Muitos imaginam resolver a dificuldade definindo o prazer como uma 
inclinação atendida. A dor seria então uma inclinação contrariada. Supõe-se que 
a alma seja naturalmente levada a buscar certos objetos e a evitar outros. O 
prazer seria então o estado em que ela se encontra quando alcançou o que 
procurava. O sofrimento seria aquele estado de vazio, de inquietude em que ela 
se encontra quando não alcançou aquilo para o que se inclinava. 
 
Quem sabe o que chamamos de prazer não seria o sentimento vago ou a 
sensação confusa que um objeto apropriado para manter nossa saúde nos 
causa, e se o instinto de conservação, conservação do indivíduo ou da raça, não 
estaria também no fundo desses estados psicológicos? 
 
Platão atribui a Sócrates a relação de interdependência entre prazer e dor. 
 
Leibniz: A dor é tão positiva quanto o prazer. Como saberíamos que nosso 
corpo está doente e exige cuidados se a dor não viesse avisar-nos?

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