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HORAS ACC Meio ambiente, social e governança

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DEFINIÇÃO
Apresentação das questões ambientais, sociais e de governança corporativa, envolvendo investimentos responsáveis e finanças
sustentáveis.
PROPÓSITO
Promover a reflexão sobre como a sustentabilidade pode impactar não somente as atividades das empresas, mas também a forma como os
investidores tomam suas decisões financeiras.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Descrever a evolução da sustentabilidade no mercado de investimentos e os conceitos de investimento sustentável
MÓDULO 2
Identificar os principais índices sustentáveis e tendências regulatórias no tema
MÓDULO 3
Definir caminhos possíveis para a integração da sustentabilidade nas decisões de investimentos, seus desafios e tendências
INTRODUÇÃO
A maioria das pessoas já ouviu falar em sustentabilidade e muitas empresas, além de investidores, têm se preocupado com esse tópico nos
últimos anos.
Inicialmente, podemos pensar que isso tem apenas uma motivação ética ou de reputação, mas, na verdade, o assunto tem ganhado mais
força no mercado financeiro em função dos impactos que as questões ambientais, sociais e de governança corporativa (ASG) podem ter
sobre vários aspectos, inclusive sobre a rentabilidade das empresas que estes agentes investem. É por isso que a agenda saiu das mesas
dos ambientalistas e foi parar no centro da discussão do setor financeiro.
Neste tema, vamos tratar com atenção de cada uma dessas dimensões. Primeiramente, vamos estudar sobre a evolução da sustentabilidade
ao longo do tempo e os mais recentes investimentos sustentáveis. Depois, vamos aprender sobre os índices de sustentabilidade, aspectos da
indústria e a regulação. Por fim, vamos elencar as principais tendências e desafios do setor.
MÓDULO 1
 Descrever a evolução da sustentabilidade no mercado de investimentos e apresentar conceitos de investimento sustentável
EVOLUÇÃO DA SUSTENTABILIDADE
Entre as três dimensões das questões ASG — ambientais, sociais e de governança corporativa —, a última foi a primeira a ser incorporada
pelos investidores. Fica claro quando entendemos que as ações de governança são aquelas que influenciam como os conselheiros, diretores
e demais executivos orientam as decisões da empresa.
Fonte: Monkey Business Images/Shutterstock
Uma instituição com boas práticas de governança corporativa tem, portanto, uma melhor capacidade de gestão e, por isso, espera-se que ela
gere melhores resultados e maior valor para os seus acionistas (IBGC, 2015).
Hoje, podemos dizer que boa parte dos investidores institucionais, ou seja, organizações especializadas na gestão de investimentos, já
analisa a governança corporativa como parte das questões essenciais para a escolha de empresas que vão compor, por exemplo, as suas
carteiras de ações.
 COMENTÁRIO
De alguns anos para cá, especialmente a partir da década de 1990, as questões ambientais também entraram na pauta. Os desafios
ambientais, como o aumento da poluição e do desmatamento, as mudanças climáticas e até mesmo desastres — como o que ocorreu
recentemente em Brumadinho — chamam a atenção para os riscos que as questões ambientais podem representar para todos, mas
especialmente, neste caso, para a operação de uma empresa.
Finalmente, vários fatores levaram os temas sociais a serem considerados muito relevantes para as empresas, como, por exemplo: o
aumento do uso de mídias sociais até o envelhecimento da população e a entrada de uma nova geração, os millenials, no mercado de
trabalho.
As questões sociais dizem respeito à maneira como essas organizações vão lidar com os seus colaboradores, fornecedores, clientes etc.
Afinal, uma empresa não é uma bolha fechada em si mesma.
Embora a sustentabilidade esteja só agora entrando nos debates financeiros, os conceitos ligados ao desenvolvimento sustentável não são
exatamente novos. Foi em 1987, há 33 anos, que se definiu em uma conferência das Nações Unidas o conceito oficial de desenvolvimento
sustentável, que é:
AQUELE QUE ATENDE ÀS NECESSIDADES DO PRESENTE, SEM COMPROMETER
A CAPACIDADE DAS GERAÇÕES FUTURAS DE ATENDER ÀS SUAS
NECESSIDADES”.
(UNITED NATIONS, 1987, tradução livre)
Trazendo esse conceito para o universo financeiro, isso significa que, se usarmos mais recursos do que o nosso planeta é capaz de
regenerar, entraremos no “cheque especial” do nosso ecossistema.
Podemos pensar, inicialmente, que o conceito de desenvolvimento sustentável estaria na contramão do que estudamos nos modelos
econômicos tradicionais. De fato, existem algumas contradições.
Na economia, em muitos casos, consideramos as questões ambientais e sociais como variáveis externas aos modelos, ou seja, que não têm
relação com as projeções e análises (PENTEADO, 2010). Este, no entanto, é um falso dilema.
A atenção para com o meio ambiente é fundamental para que tenhamos recursos, como água e matérias-primas, destinados à produção,
assim como os recursos sociais (mão de obra) impactam a produção e o crescimento da economia.
A Universidade de Cambridge (CISL, 2015) estabeleceu um modelo que ilustra a lógica entre essas dimensões e seus participantes, bem
como as trocas que acontecem entre elas. Na Figura 1, podemos observar que, para o funcionamento adequado e o crescimento da
economia, precisamos dos insumos ambientais e dos recursos sociais.
É aí que, em um olhar de longo prazo, começamos a discutir a sustentabilidade como uma forma de garantir a perenidade das empresas.
Fonte:Shutterstock
 Figura 1 ‒ A lógica das relações entre meio ambiente, sociedade e economia. Fonte: CISL, 2015, tradução livre.
As relações entre as áreas ambiental, social e econômica não dizem respeito apenas ao fornecimento de insumos para a produção de bens e
serviços. O resultado dessa produção também gera o que chamamos de externalidades para a sociedade e o meio ambiente.
A poluição, as mudanças climáticas e outros fatores são exemplos dessas externalidades, que podem gerar acidentes, prejuízos à saúde da
população ou até mesmo mudanças estruturais que prejudiquem a economia em longo prazo.
 EXEMPLO
Podemos trazer como exemplo o agronegócio, com o apoio de alguns relatórios de instituições, como a Embrapa, que buscam medir o efeito
potencial das mudanças climáticas na agricultura brasileira.
De acordo com a pesquisa, boa parte dos cultivos analisados apresenta um potencial de queda na produção, dependendo do cenário de
aumento médio de temperatura e o horizonte de tempo (EMBRAPA, 2008).
Em um país como o Brasil, que tem uma boa parte do PIB ligado ao agronegócio, os impactos das mudanças climáticas podem representar
uma queda no crescimento econômico.
Ao analisar esses impactos potenciais, os investidores entendem que as questões ASG podem representar riscos à rentabilidade das suas
carteiras e, por isso, aumentam a busca por informações que permitam que estes profissionais consigam incorporar, também, estes riscos
aos seus processos de análise de empresas e decisão de alocação em carteira.
O aumento da demanda por informações ASG das empresas é crescente, segundo pesquisas de mercado como a da Ernst & Young (EY),
que aponta que cerca de 90% dos investidores acredita que estas informações podem ser importantes no ajuste do valor atribuído às
empresas (EY, 2018).
Esse movimento, que passou a tratar de temas ASG entre os investidores, ficou mais conhecido como investimentos responsáveis. Nas
próximas seções, abordaremos os principais conceitos, iniciativas e práticas do mercado brasileiro e internacional sobre esta agenda.
INVESTIMENTOS RESPONSÁVEIS
Assista ao vídeo e saiba mais sobre investimentos responsáveis.
O conceito é mais amplo do que uma responsabilidade moral, já que também trata do dever que os investidores institucionais têm com os
seus clientes, de analisar de forma adequada os riscos das empresas e outros ativos em que investem.
ATIVOS
Consideramos ativos os bens que o investidor possui em carteira. São considerados exemplos dessa classe: ações, títulos públicos do
governo, dívidas de empresas (ex.: debêntures),cotas de fundos de investimento, moedas, entre outras modalidades possíveis.
Se essas questões podem, de fato, impactar a capacidade das empresas de gerar resultados, é dever desses profissionais considerá-las nas
suas decisões. A esta responsabilidade, damos o nome de dever fiduciário.
A seguir, discutiremos um pouco mais sobre como cada um desses fatores impacta o mercado de investimentos, em seus diversos aspectos.
RELEVÂNCIA: QUAIS QUESTÕES ASG SÃO MAIS
IMPORTANTES?
Existem várias iniciativas que listam questões ambientais, sociais e de governança corporativa a serem analisadas em um processo de
investimento. Entre elas, podemos selecionar como exemplo a do próprio PRI, adequada por se tratar de uma iniciativa orientada
especificamente para este mercado.
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A Tabela 1, a seguir, mostra uma lista de alguns destes fatores, que não devem ser vistos como exclusivos. O tópico é complexo, mas
podemos considerar este como um bom ponto de partida.
Ambiental Social Governança
Mudanças climáticas Direitos humanos Suborno e corrupção
Esgotamento de recursos naturais Escravidão moderna Remuneração de executivos
Gestão de resíduos Trabalho infantil Diversidade e estrutura do Conselho de Administração
Poluição Condições de trabalho Lobby e doações políticas
Desmatamento Relações trabalhistas Estratégia tributária
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Tabela 1 - Exemplos de Fatores ASG. Fonte: PRI, 2020, tradução livre.
Diversos fatores ASG devem ser considerados, mas eles vão depender, basicamente, do que estamos analisando. As questões mais
relevantes no setor de petróleo, por exemplo, que têm impactos significativos sobre o meio ambiente, não são as mesmas do setor de
educação, com um impacto muito maior sobre os aspectos sociais.
Chamamos de materialidade esse olhar setorial específico sobre as atividades de cada empresa para determinar a relevância das questões
ASG.
 EXEMPLO
Vamos analisar uma empresa do setor de varejo: as Lojas Renner. Entre as questões ambientais, as mais relevantes talvez sejam, por
exemplo, o uso de energia nas lojas ou as emissões de gases de efeito estufa (GEE) da sua operação logística, como o transporte das
mercadorias por caminhões a diesel, altamente poluentes. No entanto, ao analisarmos os seus aspectos sociais, alguns pontos chamam a
atenção.
Em primeiro lugar, o relacionamento com os fornecedores. Sabemos que a cadeia de confecção está altamente exposta a riscos de trabalho
degradante ou análogo ao escravo. Como compradora, a Renner possui a corresponsabilidade por estes fornecedores.
Outro público relevante para a empresa é, evidentemente, o cliente. Qualquer empresa no setor de varejo que lida diretamente com o
consumidor final precisa estar atenta às suas demandas, necessidades e satisfação, para garantir e aumentar sua participação no mercado.
Entre as questões de governança corporativa, embora todas sejam relevantes, pode-se dar atenção extra à forma como a empresa remunera
seus executivos (se por metas exclusivamente de curto prazo ou considerando aspectos mais estratégicos e de longo prazo) e seus
programas de diversidade, especialmente considerando a diversidade de gênero e classe social de seus consumidores.
Neste caso, ter representantes de diferentes públicos apoiando a elaboração da estratégia pode ser um bom negócio para a companhia!
MAPEAR E CONTROLAR ESSES ASPECTOS PODE REPRESENTAR UM
CUSTO ADICIONAL ÀS EMPRESAS, CERTO?
Sim, é verdade. E é justamente por isso que vários profissionais acreditam que a sustentabilidade reduz os resultados das empresas. Esse é
um dos principais mitos do investimento responsável e já existem várias evidências contrárias a esse dilema.
Tomemos o exemplo citado há pouco, das Lojas Renner. O investimento em eficiência energética — troca de iluminação por lâmpadas mais
econômicas e regulação do ar condicionado — não traz benefício apenas para o meio ambiente, mas reduz o custo de manutenção das lojas.
Projetos como este, muitas vezes, se pagam em um curto espaço de tempo e podem ser vantajosos para as empresas.
Outra questão que podemos analisar, no mesmo exemplo, é a gestão de fornecedores. Não podemos negociar o aspecto ético de
remuneração e condições de trabalho dignas dos funcionários do setor de confecção. Esse é um custo que sequer deveria ser discutido.
Independente disso, o controle sobre os fornecedores reduz a chance de a empresa se envolver em um escândalo sobre trabalho análogo ao
escravo, como já vimos em algumas organizações do setor. Além de pagar multas e indenizações, os danos à marca podem custar a
fidelidade de clientes e a receita da empresa.
A gestão da sustentabilidade, portanto, tem duas vantagens:
Preservar o valor das empresas, evitando riscos que podem prejudicar a receita, a reputação e gerar passivos trabalhistas e em outras
esferas cíveis e judiciais.
Pode antecipar tendências e aumentar a geração de valor para os colaboradores, clientes, cadeia de fornecedores e, por consequência, os
acionistas.
É isso que vários estudos têm demonstrado estatisticamente. Uma pesquisa de Harvard aponta que as empresas com boas práticas em
sustentabilidade apresentam nível mais baixo de endividamento, maior fidelidade de clientes e maiores indicadores de retorno (ECCLES,
2012).
No mesmo estudo, a avaliação de duas carteiras de ações, uma com as melhores e outra com as piores empresas em sustentabilidade,
demonstrou que o desempenho das ações também pode ter relação com as questões ASG.
A Figura 3, a seguir, mostra o que teria acontecido se uma pessoa investisse um dólar em uma carteira de ações com as melhores empresas
em sustentabilidade versus a mesma quantia nas piores empresas nesse quesito.
 Figura 3 - Desempenho de uma carteira teórica de ações com alto nível de sustentabilidade (high)
e baixo nível de sustentabilidade (low). Fonte: ECCLES, 2012.
Com o tempo, as questões ASG passaram a ser vistas pelos investidores como uma forma de avaliar a gestão das companhias. Aquelas que
estão preocupadas com a satisfação dos seus colaboradores, a gestão adequada de fornecedores, o olhar para o meio ambiente e para a
governança corporativa tendem a realizar uma gestão mais madura de suas atividades.
Com isso, tendem a apresentar um desempenho melhor que seus concorrentes. É simples: empresa que está no vermelho não pensa no
verde!
DEMANDA DOS CLIENTES: QUAL É O TAMANHO DO MERCADO ASG?
Conforme o mercado conhece melhor as questões ASG e seus impactos, começa a surgir a demanda por produtos que incluam essa agenda
em seus processos de escolha de empresas e de alocação de recursos.
Globalmente, surge um mercado de investimentos socialmente responsáveis, ou SRI (da sigla em inglês socially responsible
investments). Os primeiros fundos dessa natureza surgiram ainda nos anos 1970 e 1980, mas foi na década de 1990 que os investimentos
responsáveis ganharam a primeira referência de mercado, por meio de um índice de sustentabilidade.
Em 1999, foi lançado na bolsa de Nova Iorque o Dow Jones Sustainability Index (PRI, 2020).
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. QUAL DAS ALTERNATIVAS REPRESENTA MELHOR O FALSO DILEMA ENTRE O DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL E OS MODELOS ECONÔMICOS TRADICIONAIS?
A) O de que variáveis ambientais não têm relação direta com o desenvolvimento econômico.
B) O de que variáveis ambientais não são sequer consideradas como propulsoras do desenvolvimento econômico.
C) O de que variáveis ambientais desempenham um papel maior do que deveriam nos modelos econômicos.
D) O de que modelos econômicos são completamente incapazes de incorporar os fatores ambientais.
2. DE QUE MANEIRA A GESTÃO DA SUSTENTABILIDADE PODE PRESERVAR O VALOR DE UMA EMPRESA?
A) Criando novas estratégias de marketing ambiental.
B) Fidelizando mais os clientes.
C) Trabalhando ativamente para gerar valor por meio de políticas ambientais.
D) Evitando os riscos associados a fatores ASG que prejudiquem receitas, reputaçãoe condições de trabalho.
GABARITO
1. Qual das alternativas representa melhor o falso dilema entre o desenvolvimento sustentável e os modelos econômicos
tradicionais?
A alternativa "A " está correta.
Modelos econômicos tradicionais incorporavam as variáveis sociais e ambientais como externas (exógenas) ao desenvolvimento econômico,
de modo que não tinham impacto direto na economia.
2. De que maneira a gestão da sustentabilidade pode preservar o valor de uma empresa?
A alternativa "D " está correta.
A preservação de valor ocorre por meio da redução dos riscos associados aos fatores ASG.
MÓDULO 2
 Identificar os principais índices sustentáveis e tendências regulatórias no tema
OS ÍNDICES DE SUSTENTABILIDADE
Índices de ações são a principal referência para sabermos a média de desempenho deste tipo de investimento em um determinado mercado.
No Brasil, por exemplo, o principal índice de ações é o IBOVESPA, que vemos anunciado todos os dias nos jornais e publicações do mercado
financeiro.
Quando ouvimos que um índice subiu ou caiu, isso significa que, em média, suas ações se valorizaram ou desvalorizaram, respectivamente.
Fonte: rafapress/Shutterstock
A criação de um índice de sustentabilidade tem como principal objetivo conferir a tese que apresentamos neste documento. Se as ações de
empresas com boas práticas em sustentabilidade tendem a ter uma rentabilidade maior, poderia se esperar que um índice composto dessas
empresas se valorizasse mais do que os tradicionais do mercado.
Foi com esta intenção que surgiram os índices de sustentabilidade, que são carteiras teóricas de ações escolhidas por suas iniciativas e
indicadores ASG.
MAS AFINAL, PARA QUE SERVE UM ÍNDICE?
A partir desta referência teórica, gestores de investimentos podem espelhar ou se referenciar nessa carteira e criar fundos de investimento
compostos por estas ações.
Assim, pessoas físicas ou grandes investidores institucionais que queiram investir em empresas mais sustentáveis podem alocar seus
recursos nesses fundos de investimento.
Fonte: metamorworks/Shutterstock
Além do Dow Jones Sustainability Index, outros índices foram criados em diversos países do mundo, inclusive no Brasil. A B3 lançou em
2005, ainda como Bovespa, o índice de sustentabilidade empresarial (ISE), que há 15 anos avalia as empresas listadas no mercado
brasileiro em diversos aspectos da sustentabilidade. O processo de construção do ISE segue as seguintes etapas:
As empresas listadas na B3 são convidadas a participarem do processo de seleção da carteira do ISE.
Para as que aceitam, é enviado um questionário que avalia as práticas da empresa em sete dimensões (B3, 2020).
Após a consolidação das notas, as empresas são submetidas à aprovação do conselho deliberativo do ISE, CISE, composto por profissionais
que representam as associações de empresas, de instituições financeiras e da sociedade civil.
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A carteira teórica é definida e divulgada ao público. Ela vale por um ano, de janeiro a dezembro.
A B3 monitora e divulga diariamente a valorização do índice, calculado com base no preço das ações que compõem a carteira.
SETE DIMENSÕES
Dimensão Definição
Geral
Compromissos com o desenvolvimento sustentável, alinhamento às boas práticas de sustentabilidade,
transparência das informações corporativas e práticas de combate à corrupção.
Natureza do
produto
Impactos pessoais e difusos (para toda a sociedade e o meio ambiente) dos produtos e serviços
oferecidos pelas empresas, adoção do princípio da precaução e disponibilização de informações ao
consumidor.
Governança
corporativa
Relacionamento entre sócios, estrutura e gestão do conselho de administração, processos de auditoria e
fiscalização, práticas relacionadas à conduta e a conflito de interesses.
Econômico-
financeira
Políticas corporativas (normas e procedimentos internos), gestão (iniciativas e processos), desempenho
(indicadores e metas) e cumprimento legal.Ambiental
Social
Mudança do
clima
Política corporativa, gestão, desempenho e nível de abertura das informações sobre o tema (quanto a
empresa divulga ao mercado sobre as suas iniciativas e como mede a sua exposição a questões
climáticas).
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Tabela 2 - Dimensões do ISE. Fonte: B3, 2020.
Além do ISE, a B3 também possui um índice que olha exclusivamente para as questões climáticas. É o índice carbono eficiente (ICO2), que
compõe a sua carteira teórica a partir de um cálculo que usa como referência as emissões de gases de efeito estufa das empresas.
Outros índices no mercado internacional possuem características distintas. Na bolsa de Londres, por exemplo, o FTSE4GOOD é um índice
de sustentabilidade que avalia não somente as iniciativas das empresas, mas as classifica de acordo com o risco setorial em relação às
questões de sustentabilidade (FTSE, 2013).
É uma outra forma de olhar a materialidade, usada na composição de um índice. A Tabela 3 apresenta, como exemplo, a classificação de
riscos ASG usada no Reino Unido.
3. Alto 2. Médio 1. Baixo
Agricultura Construção Do It Yourself (DIY) Tecnologia de informação
Transporte aéreo Equipamentos elétricos e eletrônicos Mídia
Aeroportos Distribuição de energia e combustíveis Financiamento ao consumo
Materiais de construção Engenharia e equipamentos pesados Investidores em propriedade
Químicos e farmacêuticos Indústria financeira Pesquisa e desenvolvimento
Construção Hotelaria, catering e facilities Atividades de lazer e esporte
Engenharia de grandes sistemas Indústria manufatureira Serviços de suporte
Cadeias de fastfood Portos Telecom
Alimentos, bebidas e tabaco Impressão e publicação de jornais Distribuidores atacadistas
Florestas, papel e celulose Incorporadoras
Mineração e metais Varejistas
Petróleo e gás Aluguel de veículos
Geração de energia Transporte público
Logística terrestre e marítima
Supermercados
Produção automobilística
Gestão de resíduos
Água
Controle de pragas
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Tabela 3 - Classificação de nível de impacto ASG do índice FTSE4Good. Fonte: FTSE, 2013, tradução livre.
Os índices são uma alternativa para o desenvolvimento de produtos de investimento. Em todo o mundo, aumenta significativamente o
número de investidores e o volume de recursos que adota o olhar para os riscos e oportunidades ASG, entre as suas práticas de
investimento.
Esses investimentos não acontecem somente no mercado de ações, e são adotados até mesmo por investidores globais na compra de títulos
públicos, comparando as políticas públicas de sustentabilidade entre os países em que podem investir.
 ATENÇÃO
É importante analisarmos esse mercado para entender os riscos, bem como as oportunidades de negócios que surgem da integração ASG.
A INDÚSTRIA DE INVESTIMENTOS RESPONSÁVEIS NO MUNDO
Aqui, vamos dar um passo importante para entender não apenas o que são investimentos responsáveis, mas como investidores usam
informações ASG para decidir em quais ativos investir.
Embora falamos bastante sobre mercado de ações, estes processos de investimento podem valer para diferentes modalidades de
investimento.
Fonte: PopTika/Shutterstock
À semelhança dos mercados tradicionais, cada investidor tem o seu jeito de escolher os ativos que compõem a sua carteira. Alguns mais
conservadores, outros mais arriscados, com diferentes prazos e critérios de escolha. Isso vale para as questões ASG.
Para entender como o mercado vem crescendo, é importante entender as diferentes estratégias de investimentos responsáveis (BUOSI,
2017).
Assista ao vídeo e saiba mais sobre as estratégias de investimento sustentável.
Em todo o mundo, crescem anualmente os recursos direcionados a essas estratégias de investimento. A Global Sustainable Investment
Alliance (GSIA) aponta para um crescimento de 34% do volume de recursos que adotam estratégias de investimento responsáveis em
regiões desenvolvidas,como apresentado na Tabela 4.
Na mesma publicação, são apresentados aumentos expressivos nas estratégias de produtos temáticos (+269%), best in class (+125%),
investimento de impacto (+79%) e integração (+69%), todas avaliadas entre os anos de 2016 e 2018.
Região
Ativos (em US$ bilhões)
2016 2018 Cresc. %
Europa $12.040 $14.075 16,90%
EUA $8.723 $11.995 37,51%
Japão $474 $2.180 359,92%
Canadá $1.086 $1.699 56,45%
Austrália/ NZ $516 $734 42,25%
TOTAL $22.839 $30.683 34,34%
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Tabela 4 - Volume de ativos que adotam estratégias ASG. Fonte: GSIA, 2018.
No Brasil, ainda temos poucas opções para os investidores que desejam direcionar seus recursos para a sustentabilidade. Na pesquisa da
Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA), os gestores dizem que as principais estratégias
adotadas são o best in class, por 30%, e as exclusões, por cerca de 27% das instituições (ANBIMA, 2018).
Para que a agenda avance no Brasil, assim como em outras regiões no mundo, é preciso que o mercado de investimento inove, tanto nos
processos de análise como na criação de novos produtos de investimento.
Como este é um assunto relativamente novo, a cooperação entre os vários agentes do mercado é fundamental. No mundo, diversos grupos
de trabalho, iniciativas colaborativas e acordos voluntários debatem a agenda ASG, mas uma em especial é orientada para o mercado de
investimentos: o PRI.
OS PRINCÍPIOS PARA O INVESTIMENTO RESPONSÁVEL (PRI)
O PRI foi uma iniciativa que já começou grande. Lançado oficialmente em 2006, na Bolsa de Valores de Nova Iorque, os princípios foram
apoiados pelas Nações Unidas, na época representadas pelo secretário-geral Koffi Annan, e contaram com a organização de 20 dos maiores
investidores globais.
A ideia desses investidores foi lançar um conjunto de princípios voluntários, mas que trouxessem o compromisso dessas instituições com a
agenda ASG.
Os seis princípios falam da consideração de questões ASG na decisão de investimento, da influência na adoção de melhores práticas pelas
empresas, do trabalho colaborativo entre investidores e da transparência ao mercado.
Princípio 1 Incorporaremos as questões ASG às análises e aos processos de decisão de investimentos.
Princípio 2 Seremos proprietários ativos e incorporaremos os temas de ASG às nossas políticas e práticas de detenção de ativos.
Princípio 3 Buscaremos a transparência adequada nas entidades em que investimos quanto às questões ASG.
Princípio 4 Promoveremos a aceitação de implementação dos princípios dentro da indústria de investimentos.
Princípio 5 Trabalharemos em conjunto para ampliar a eficácia na implementação dos princípios.
Princípio 6 Reportaremos nossas atividades e progresso em relação à implementação dos princípios.
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Tabela 5 - Os princípios para o investimento responsável. Fonte: PRI, 2020a.
PROPRIETÁRIOS DE ATIVOS
Nesta categoria, em geral, estamos falando de grandes investidores institucionais, como fundos de pensão — públicos ou privados —,
fundações, famílias com grandes fortunas e outras instituições que são detentoras de recursos de investimentos.
GESTORES DE ATIVOS
Nesta categoria, encaixam-se instituições especializadas na gestão de recursos de terceiros. Esses gestores podem, inclusive, administrar
fundos ou produtos que recebam os recursos dos proprietários de ativos. Mas, também, podem criar produtos para o mercado de varejo,
recebendo investimentos diretos de pessoas físicas, por exemplo.
PRESTADORES DE SERVIÇOS FINANCEIROS
Consultorias, agências de informação, bolsas de valores e outras instituições ligadas ao mercado de investimentos podem aderir ao PRI
nesta categoria.
E POR QUE O PRI É TÃO IMPORTANTE?
Além de ter sido um dos primeiros acordos voltados para o setor financeiro, a força dos investidores institucionais que o apoiaram gerou um
movimento positivo que ampliou rapidamente o número de signatários do acordo e o volume de recursos que passou a se comprometer com
a agenda ASG.
Em 2020, o PRI atingiu a marca de 3 mil signatários, que respondem por cerca de US$90 trilhões em ativos sob gestão.
No mercado brasileiro, o PRI ganhou força desde o início do acordo. Tendo a Previ — fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil
— como um dos 20 apoiadores iniciais, o Brasil foi o primeiro a estruturar uma rede local de signatários do PRI, em 2007.
O modelo brasileiro espelhou a criação de nove outras redes locais, para que investidores possam considerar as particularidades de seus
mercados no processo de debate e integração ASG. Atualmente, o Brasil possui 65 signatários do PRI.
REGULAÇÃO: COMO O ASG SAIU DO VOLUNTÁRIO PARA O
REGULATÓRIO
Quando investidores trazem novos temas para a mesa, é natural que os reguladores queiram se informar sobre a situação. É assim com
diversos temas, e com o ASG não foi diferente. No mundo todo, bancos centrais e comissões de valores mobiliários, os principais órgãos que
regulam as operações financeiras, articulam-se para entender melhor a agenda ASG e trazê-la para os seus instrumentos de supervisão do
sistema financeiro.
Fonte: kan_chana/Shutterstock
Um estudo das Nações Unidas afirma que as regulações do sistema financeiro que abordam as questões ASG dobraram entre 2013 e 2017
(UNEP-FI, 2018). O PRI, da mesma forma, observa um aumento expressivo destas regulações, orientado especificamente para o mercado
de investimentos, como apresentado na Figura 4 a seguir:
 Figura 4 - Número cumulativo de intervenções regulatórias em relação às questões ASG.
Fonte: PRI, 2020.
A tendência de aumento da regulação sobre o tema não deve ser modificada nos próximos anos. Em diversas regiões, o debate já faz parte
das agendas do setor público e, especialmente, do setor financeiro. Em 2017, foi estabelecida uma rede internacional de Bancos Centrais e
Supervisores, a NGFS (da sigla em inglês Network for Greening the Financial System, ou Rede para um Sistema Financeiro mais Verde, em
tradução livre).
A iniciativa já conta com 54 membros dos cinco continentes, que representam mais de 57% do PIB Global. O Banco Central do Brasil aderiu
ao NGFS em 2020.
Uma vez que essas iniciativas se traduzam em novas regulações, aumentará o controle sobre os gestores de recursos e, esperamos, sobre
as empresas investidas. Até este momento, a maior parte das regulações é orientativa, ou seja, indica de forma ampla e sem critérios
específicos que os investidores devem atentar para os riscos ASG na sua estratégia de investimentos.
A evolução dessa tendência é definir quais são os temas e indicadores a serem monitorados e reportados aos supervisores e ao mercado.
No mercado local, existem algumas regulações no âmbito do Sistema Financeiro Nacional que devem ser destacadas:
RESOLUÇÃO 4.327/2014 DO CONSELHO MONETÁRIO NACIONAL (CMN)
É aplicável a todas as instituições que reportam ao Banco Central, desde os grandes bancos até cooperativas de crédito, bancos de
investimento, corretoras de valores etc.
É a principal regulação do Sistema Financeiro Nacional sobre o tema, traz a necessidade de as instituições possuírem uma Política de
Responsabilidade Socioambiental (PRSA) e um sistema de gerenciamento do risco socioambiental.
INSTRUÇÃO CVM 552
Orientada às companhias listadas na B3, coloca entre os itens a serem divulgados em seus documentos regulatórios, especialmente o
formulário de referência, questões relacionadas aos riscos socioambientais das companhias, atendimento a regulação socioambiental e
instrumentos usados para a divulgação de informações ASG ao mercado.
RESOLUÇÃO 4.661/2018 DO CMN
Orientada às entidades fechadas de previdência complementar (EFPC), ou fundos de pensão, como são conhecidos no mercado, a
resolução orienta que, sempre que possível, as entidades observem as questões ASG em seus processos de investimento.
INSTRUÇÃO 6/2018DA PREVIC
A superintendência nacional de previdência complementar, responsável pela supervisão das EFPC, emitiu, em complemento à Resolução
4.661/2018, uma instrução que orienta a adoção das questões ASG pelos fundos de pensão, sugerindo que estas adotem um olhar setorial
para os riscos desta natureza.
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FORMULÁRIO DE REFERÊNCIA
O formulário de referência é um documento de divulgação obrigatória, exigido pela comissão de valores mobiliários (CVM), no qual a
empresa divulga as principais informações sobre suas práticas de gestão, resultados financeiros, fatores de risco, atendimento à
regulação e outras políticas relevantes.
O recado é claro: aos investidores que ainda não consideram os temas ASG de forma estratégica, a questão está, cada vez mais, migrando
para uma agenda obrigatória. Antecipar a regulação costuma custar menos às instituições, que têm mais tempo para implementar
estratégias, processos e controles.
Além disso, quem já possui experiência no tema consegue, inclusive, debater com o regulador para dizer o que de fato funciona e o que torna
inviável o processo de investimento. De qualquer forma, o processo parece ser cada vez mais inevitável.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE APONTA O PRINCIPAL OBJETIVO DA ELABORAÇÃO DE UM ÍNDICE DE
EMPRESAS SUSTENTÁVEIS:
A) Criação de um fundo de empresas sustentáveis.
B) A previsão de que um índice composto dessas empresas se valorizasse mais do que os índices tradicionais do mercado.
C) A previsão de que um índice composto dessas empresas se valorizasse menos do que os tradicionais do mercado.
D) O fato de servir apenas para pesquisas na área de sustentabilidade.
2. NO QUE CONSISTE A ESTRATÉGIA DE INVESTIMENTOS RESPONSÁVEIS DE IMPACTO?
A) Consiste na avaliação da performance financeira e dos indicadores ASG.
B) Consiste em utilizar o poder de acionista ou investidor institucional para influenciar boas práticas.
C) Consiste em definir as melhores empresas do setor de sustentabilidade.
D) Consiste em direcionar recursos exclusivamente para setores ou empresas sustentáveis.
GABARITO
1. Assinale a alternativa que aponta o principal objetivo da elaboração de um índice de empresas sustentáveis:
A alternativa "B " está correta.
Destacamos que eles foram criados para indicar a valorização de empresas que respeitam as ASG.
2. No que consiste a estratégia de investimentos responsáveis de impacto?
A alternativa "C " está correta.
Existem diversas estratégias de desenvolvimento de investimento responsável. Uma delas é a estratégia de impacto, que envolve a avaliação
não só da performance financeira, mas dos indicadores ASG — como emprego, renda e redução de emissões de GEE.
MÓDULO 3
 Definir caminhos possíveis para a integração da sustentabilidade nas decisões de investimentos, seus desafios e tendências
TENDÊNCIAS DAS QUESTÕES ASG
Embora tudo que dissemos até agora mostre que já avançamos no entendimento da sustentabilidade pelas empresas e pelos investidores,
ainda há muito a ser feito. Este é um tema em constante evolução, influenciado pelo aumento do conhecimento científico e pelas mudanças
da nossa sociedade.
Com isso, surgem novos olhares para o ASG, que buscam orientar as políticas públicas, as práticas das empresas e, por consequência, as
decisões financeiras. Alguns desses tópicos são explicados neste módulo, mas não concentram todo o debate em torno da sustentabilidade,
que é muito mais complexo.
OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (ODS)
Assista ao vídeo e conheça os objetivos do desenvolvimento sustentável.
AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E A TCFD
Entre todos os temas das questões ASG, as mudanças climáticas — sem dúvida — têm chamado mais atenção, especialmente no setor
financeiro e em países desenvolvidos.
Fonte: ParabolStudio/Shutterstock
Podemos considerar algumas razões para isso. Em primeiro lugar, as economias desenvolvidas estão menos expostas às questões sociais
que atingem outros países, como o Brasil, e, dessa forma, acabam direcionando suas atenções para as questões ambientais.
Além disso, os efeitos das mudanças climáticas podem impactar severamente não apenas o meio ambiente, como a própria sociedade.
Eventos climáticos, como furacões e enchentes, tendem a atingir mais regiões, impactando populações e gerando prejuízos à economia.
O principal grupo de debate sobre as mudanças climáticas é o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, da sigla em inglês
que significa Intergovernamental Pannel on Climate Change).
Esse grupo de cientistas de todo o mundo realiza estudos para avaliar em que nível estamos em relação ao aumento médio de temperatura
no planeta, quais as perspectivas para as próximas décadas e os efeitos adversos desse aumento.
Quando falamos de um aumento médio de 2 oC de temperatura, podemos achar que é pouca coisa, certo? Mas vamos fazer um paralelo: o
que acontece com o seu corpo se a sua temperatura aumentar em 2 oC?
Você fica com febre. Agora, imagine se esse aumento for de 4 oC? Você precisa correr para o hospital! O mesmo ocorre com o nosso
planeta. Os efeitos de um aumento de temperatura média, ainda que pequeno, podem ser desastrosos para muitos países.
Para entender como esses riscos podem impactar a economia, o Financial Stability Board (FSB), responsável pela regulação do
sistema financeiro internacional, criou uma força-tarefa para desenvolver recomendações para empresas e para o setor financeiro
avaliarem e divulgarem os seus riscos climáticos.
Fonte: Piotr Swat/Shutterstock
A Força-Tarefa para Divulgações Financeiras Relacionadas às Mudanças Climáticas vem da sigla TCFD, em inglês, que significa Task-Force
for Climate-related Financial Disclosures. No mercado, a TCFD é chamada apenas pela sigla.
A importância da TCFD foi levar para o setor financeiro um conjunto de recomendações que permitem às empresas avaliarem sua exposição
aos riscos climáticos, mas também identificarem oportunidades de negócios relacionadas ao tema.
As recomendações se organizam em 4 dimensões: a governança das instituições, ou seja, como as lideranças estão olhando para as
questões climáticas; a forma como os impactos reais são considerados na estratégia; os processos de análise e gestão de riscos
climáticos; e as métricas e metas estabelecidas para a redução da exposição a estes riscos (TCFD, 2020).
 Figura 6 - Riscos, oportunidades e impactos financeiros relacionados às mudanças climáticas. Fonte: TCFD, 2020.
Como podemos observar na Figura 6, a TCFD esclarece os potenciais riscos e as oportunidades que advêm da preocupação com a questão
climática. Com isso, bancos, investidores e seguradoras podem analisar mais detalhadamente esses riscos em suas operações financeiras.
A partir das recomendações da TCFD, muitos investidores passaram a fazer análises dos possíveis prejuízos que suas empresas investidas
teriam com o aumento dos impactos das mudanças climáticas, por exemplo.
O tema tomou uma proporção tão grande que, hoje, até mesmo os bancos centrais já estudam uma forma de inserir essa agenda nas suas
próximas regulações.
OS DESAFIOS DA SUSTENTABILIDADE E COMO ENFRENTÁ-LOS
Afinal, se tudo que apresentamos é tão importante, por que ainda temos tanta polêmica quando falamos em sustentabilidade? Por que
governos, empresas e instituições financeiras ainda têm dúvidas sobre a relevância deste tema?
Podemos começar pelo fato de que é difícil medir a sustentabilidade. Especialmente em um modelo econômico tradicional, em que tudo é
medido e priorizado pelo seu impacto na forma de cálculos, essas questões ainda são um pouco abstratas para os líderes empresariais e
financeiros.
Conforme avançamos no debate, vamos desenvolvendo conhecimento, fazendo contas e chegando aos resultados que ajudam a convencer
essas lideranças, mas ainda estamos trilhando esse caminho.
 COMENTÁRIO
Outra dificuldade é que este não é um tema para o qual podemos prescrever uma receita única, que se aplique a todos os setorese
empresas. A sustentabilidade exige uma reflexão para encontrar a materialidade e os riscos específicos de cada organização, o que é mais
complicado quando ainda não existe tanto conhecimento sobre o tema.
Além do desafio em estabelecer essa materialidade, temos que considerar também que os investidores precisam tomar decisões que exigem
que os dados e informações analisados sejam comparáveis. Nas demonstrações financeiras, isso ocorre com alguma facilidade, mas este
não é o caso das informações ASG.
Indicadores não são padronizados e não existe uma regulação específica que diga exatamente o que as empresas devem informar sobre
suas iniciativas e resultados nas questões de sustentabilidade.
Alguns movimentos tentam endereçar esses desafios e já promovem bons avanços. É o caso das iniciativas de relatórios de
sustentabilidade, que criam padrões para apoiar as empresas nessa divulgação.
Fonte: Stokkete/Shutterstock
Os próprios reguladores têm se articulado para aumentar a padronização de dados ASG nas empresas, facilitando a vida de analistas e
gestores de investimentos.
O fundamental é ter consciência de que este é um caminho sem volta. Para atingirmos patamares mais sustentáveis em nossa sociedade,
precisamos, em primeiro lugar, nos informar sobre este tema e debater a respeito nas universidades, empresas e no setor financeiro.
Os impactos da sustentabilidade não ocorrem em outro lugar, distantes de nós. É uma discussão que nos envolve diretamente e precisa da
colaboração de todos para mudarmos o tom dessa conversa.
Ainda há muito caminho a ser percorrido, mas estamos na direção está correta. Precisamos apenas aumentar a velocidade, e isso se faz com
conhecimento e colaboração.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ENTRE TODOS OS TEMAS DAS QUESTÕES ASG, QUAL ASPECTO TEM SIDO MAIS DEBATIDO E
CHAMADO MAIS A ATENÇÃO DE GOVERNOS E INVESTIDORES DOS PAÍSES DESENVOLVIDOS NOS
ÚLTIMOS ANOS?
A) O aspecto ambiental.
B) O aspecto social.
C) O aspecto de governança corporativa.
D) O aspecto das grandes empresas.
2. QUAL DESSAS DIFICULDADES NÃO ESTÁ ASSOCIADA AOS DESAFIOS DA SUSTENTABILIDADE?
A) A sustentabilidade é difícil de ser medida.
B) Não há uma forma única de dimensionar a sustentabilidade.
C) É difícil comparar políticas sustentáveis.
D) A sustentabilidade depende do ponto de vista.
GABARITO
1. Entre todos os temas das questões ASG, qual aspecto tem sido mais debatido e chamado mais a atenção de governos e
investidores dos países desenvolvidos nos últimos anos?
A alternativa "A " está correta.
Conforme falamos, o aspecto ambiental chama mais a atenção de diferentes atores, pois, entre outros fatores, países desenvolvidos
apresentam questões sociais menos urgentes, de modo que podem focar em políticas ambientais.
2. Qual dessas dificuldades NÃO está associada aos desafios da sustentabilidade?
A alternativa "D " está correta.
Durante o tema, estabelecemos que as principais dificuldades enfrentadas pelos defensores de uma agenda sustentável concernem à
medição e à comparação de medidas.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste tema, trouxemos o debate das questões ambientais, sociais e de governança corporativa (ASG).
No primeiro módulo, destacamos como ocorreu a evolução da sustentabilidade como a conhecemos hoje e definimos os investimentos
responsáveis. Com isso, trouxemos uma visão ampla sobre a relação entre finanças e sustentabilidade.
No segundo módulo, abordamos os diferentes índices de sustentabilidade e das suas principais funções, e falamos sobre a importância do
papel regulatório para o setor. Por fim, trouxemos os principais desafios e tendências das questões ASG, adequando o debate aos dias
atuais.
Esperamos que você tenha compreendido a importância de aprofundarmos o debate de sustentabilidade, baseados nos aspectos
econômicos e financeiros que regem as economias dos países contemporâneos.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS ENTIDADES DOS MERCADOS FINANCEIROS E DE CAPITAIS – ANBIMA. 2ª Pesquisa de
sustentabilidade: engajamento de questões ambientais, sociais e de governança na análise de investimento de gestores de recursos. São
Paulo: ANBIMA, 2018.
B3. ISE: processo de seleção. Consultado em meio eletrônico em: 5 jul. 2020.
BUOSI, M. E. Integração ASG (questões ambientais, sociais e de governança) à análise de investimentos. In: COMISSÃO de Valores –
CVM & Associação de Analistas e Profissionais de Investimentos no Mercado de Capitais ‒ APIMEC. Livro TOP análise de investimentos. Rio
de Janeiro: CVM, 2017.
CISL. Rewiring the economy. Cambridge: University of Cambridge Institute for Sustainable Leadership, 2015.
ECCLES, R. G. et al. The impact of a corporate culture of sustainability on corporate behavior and performance. Working Paper,
Harvard Business School, 2011.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA – EMBRAPA. Aquecimento global e a nova geografia da produção agrícola
no Brasil. São Paulo: Cepagri/Unicamp, 2008.
ERNEST & YOUNG ‒ EY. Does your nonfinancial reporting tell your value creation story? 2018.
FINANCIAL TIMES STOCK EXCHANGE SUSTAINABILITY INDEX – FTSE4GOOD. FTSE4Good index inclusion criteria: thematic criteria
and scoring Framework. FTSE, 2013.
GLOBAL SUSTAINABLE INVESTMENT ALLIANCE – GSIA. Global Sustainable Investment Review, 2018.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA ‒ IBGC. Código de melhores práticas de governança corporativa. 5. ed.
São Paulo: IBGC, 2015.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS – ONU. 17 Objetivos para Transformar Nosso Mundo, 2020. Consultado em meio eletrônico em:
6 jul. 2020.
PENTEADO, H. Ecoeconomia — uma nova abordagem. São Paulo: Lazuli, 2010.
PRINCIPLES FOR RESPONSIBLE INVESTMENT – PRI. What is responsible investment? 2020a. Consultado em meio eletrônico em: 5
jul. 2020.
PRINCIPLES FOR RESPONSIBLE INVESTMENT – PRI. What are the principles for responsible investment? 2020b. Consultado em
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TASK-FORCE FOR CLIMATE-RELATED FINANCIAL DISCLOSURE – TCFD. Recomendações da força-tarefa para divulgações
financeiras relacionadas às mudanças climáticas. Tradução das recomendações internacionais, Brasil, 2020.
THE CENTRAL BANKS AND SUPERVISORS NETWORK FOR GREENING THE FINANCIAL SYSTEM – NGFS. In: NGFS Annual Report
2019, 2020.
UNITED NATIONS. Our common future. Genebra: United Nations, 1987.
UNITED NATIONS ENVIROMENTAL PROGRAM-FINANCIAL INITIATIVE – UNEP-FI. Making waves: aligning the financial system with
sustainable development. Genebra: UNEP-FI, 2018a.
UNITED NATIONS ENVIROMENTAL PROGRAM-FINANCIAL INITIATIVE – UNEP-FI.. Rethinking Impact to Finance the SGDs. Genebra:
UNEP-FI, 2018b.
EXPLORE+
Acesse o site do Pacto Global – Rede Brasil, para se aprofundar ainda mais sobre as questões discutidas.
Pesquise sobre os princípios para o investimento responsável, no site da associação.
Pesquise na Internet artigos sobre a iniciativa econômica voltada para o meio ambiente.
CONTEUDISTA
Maria Eugênia dos Santos Buosi
 CURRÍCULO LATTES
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