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PROBLEMA 02 - SIGILO MÉDICO E TELEMEDICINA

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[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes 
 
PROBLEMA 02 – SIGILO PROFISSIONAL E TELEMEDICINA 
 SIGILO PROFISSIONAL / SEGREDO MÉDICO 
- Silencio a que o profissional da medicina está obrigado a manter sobre os fatos e circunstâncias dos quais tomou conhecimento quando esteve 
na relação médico-paciente, no pleno exercício da sua profissão; 
**se houver revelação de fatos verídicos a terceiros, sem que esses tenham relação com suas atividades médicas, não se questiona o ilícito 
ético** 
- O sigilo médico é o mais antigo e universal princípio da tradição médica, estando fundamentado no juramento de Hipócrates (“o que, no 
exercício ou fora do exercício e no comércio da vida, eu vir ou ouvir, que não seja necessário revelar, conservarei como segredo”), em que esse 
contrato era considerado uma obrigação quase religiosa, não repousando em bases jurídicas, nem sobre uma noção de ordem pública; 
- Não se pode admitir a sacralização do segredo e assimilação da relação médico-paciente ao sacramento da confissão, pois o sigilo é de ordem 
natural e racional e não de ordem sacramental e transcendente como a confissão; 
- Existe um interesse coletivo na tutela do segredo, pois a discrição e a reserva de certos fatos assimilados no exercício de uma profissão visam 
à proteção e à defesa dos bens morais e materiais, estando o estado diretamente interessado em que o indivíduo encontre amparo e guarida 
na inviolabilidade desse sigilo; 
- O sigilo médico, entre uma época e outra, não é o mesmo; 
- O sigilo médico atual deve tolerar certas limitações, pois prevalece no espírito de quase todos os interesses coletivos sobre o interesse 
particular; 
- Atualmente, o sigilo médico é o mais discutido e controvertido problema deontológico, em virtude dos múltiplos e variados aspectos, além da 
difícil aplicação dos princípios éticos e jurídicos estabelecidos acerca do sigilo em determinadas circunstâncias; 
1. ESCOLAS DOUTRINÁRIAS SOBRE O SEGREDO PROFISSIONAL 
 Escola Absolutista 
- Impõe um sigilo absoluto, em todos os casos, em qualquer situação, mesmo que por meio desse sigilo a inocência seja perseguida ou o crime 
protegido; 
- Acredita que o médico diante de um criminoso, deve prestar cuidados com toda a segurança, vendo nele apenas um enfermo, não podendo se 
converter a um denunciante, mesmo que o silêncio comprometa os interesses da justiça; 
- A obrigação do segredo é formal e absoluta e não facultativa; 
- Acreditava que seria desejável que a legislação fizesse distinção entre a revelação do sigilo feita no propósito de prejudicar os doentes e o 
testemunho de justiça, que seria deixada à consciência do médico, devendo o médico evitar de se pronunciar de modo a prejudicar o cliente; 
- Tem como defensores Baltazard, Francisco de Castro e Paul Brouardel; 
**essa escola é questionada pois os médicos como profissionais têm deveres e obrigações que os colocam acima das transigências individuais, 
pois sua ciência e sua arte assumem caráter público** 
 Escola Abolicionista 
- Coloca o sigilo como uma farsa entre o doente e o médico, estranhando que a lei proteja o interesse de uma pessoa em prejuízo dos interesses 
da coletividade; 
- Tem como defensores Charles Valentino e George Jacomet; 
 Escola Intermediária 
- Encontra-se entre a doutrina absolutista e abolicionista, aceitando o sigilo médico relativo, de modo a se fundamentar em razões jurídicas, 
éticas, morais e sociais, que visam a vida e a saúde como um bem comum; 
- O certo é que o sigilo médico absoluto inexista nos nossos dias; 
2. ASPECTOS LEGAIS 
- Nossas leis ao tratarem do segredo profissional, não fazem do sigilo médico uma forma particular de segredo, porém a natureza e a 
circunstâncias das exigências traçadas pela tradição e pelos costumes na medicina fazem com que o sigilo esteja sob forma mais rígida de 
exigência; 
- A violação do sigilo é um constrangimento à liberdade individual, pois a privacidade de cada indivíduo é um princípio consagrado, um imperativo 
de ordem constitucional e um ganho amplamente protegido pelo direito público – a lei proíbe a revelação ilegal, que tenha como motivação a 
má-fé, a leviandade e o baixo interesse; 
- O sigilo médico na atualidade tem se tornado uma letra morta com os boletins médicos sobre as condições e diagnósticos de pessoas com 
projeção ou sobre cirurgias de publicidade exagerada, deixando o paciente em plano secundário; 
a. CONSTITUIÇÃO FEDERAL BRASILEIRA 
- Art. 5 – (V) assegura o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; (X) são 
invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem de pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral 
decorrente de sua violação; 
b. CÓDIGO CIVIL 
- Art. 448 – (II) a testemunha não é obrigada a depor de fatos a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo – sob pena de 
indenização; 
c. CÓDIGO PENAL 
- Art. 154 – revelar a alguém, sem justa causa, segredo de que tenha ciência, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação 
possa produzir dano a outrem: pena de detenção de 3 meses a um ano, ou multa; 
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes 
 
- Art. 269 – deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória: pena de detenção de 6 meses a 2 anos, e 
multa; 
- Art. 66 das Leis de Contravenções Penais – deixar de comunicar à autoridade competente de crime de ação pública, de que teve conhecimento 
no exercício da medicina ou de outra profissão sanitária, desde que a ação penal não dependa de representação e a comunicação não exponha 
o cliente a procedimento criminal: pena de multa; 
- Art. 207 do Código de Processo Penal – são proibidas de depor as pessoas, que em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam 
guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho; 
d. CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA 
- Inciso XI (princípio fundamental) – o médico guardará sigilo a respeito das informações de que detenha conhecimento no desempenho de suas 
funções, com exceção dos casos previstos em lei; 
 Capítulo IX – Sigilo Profissional 
- É vedado ao médico: 
- Art. 73 – revelar fato de que tenha conhecimento em virtude do exercício de sua profissão, salvo por motivo justo, dever legal ou 
consentimento, por escrito, do paciente – essa proibição permanece mesmo que: (1) o fato seja de conhecimento público ou o paciente tenha 
falecido; (2) seu depoimento como testemunha, devendo comparecer perante a autoridade e declarar seu impedimento; (3) na investigação de 
suspeita de crime, o médico é impedido de revelar segredo que possa expor o paciente a processo penal; 
- Art. 74 – revelar sigilo profissional relacionado a criança ou adolescente, inclusive a seus pais ou representantes legais, desde que o menor 
tenha capacidade de discernimento, salvo quando a não revelação possa acarretar dano ao paciente; 
- Art. 75 – fazer referência a casos clínicos identificáveis, exibir pacientes ou imagens que os tornem reconhecíveis em anúncios profissionais ou 
na divulgação de assuntos médicos, em meios de comunicação em geral, mesmo com autorização do paciente; 
- Art. 76 – revelar informações confidenciais obtidas quando do exame médico de trabalhadores, inclusive por exigência dos dirigentes de 
empresas ou de instituições, salvo se o silêncio puser em risco a saúde dos empregados ou da comunidade; 
- Art. 77 – prestar informações a empresas seguradoras sobre as circunstâncias da morte do paciente sob seus cuidados, além das contidas na 
declaração de óbito; 
- Art. 78 – deixar de orientar seus auxiliares e alunos a respeitar o sigilo profissional e zelar para que seja por eles mantido; 
- Art. 79 – deixar de guardar o sigilo profissional na cobrança de honorários por meio judicial ou extrajudicial; 
 Capítulo X – Documentos Médicos 
- É vedado ao médico: 
- Art. 85 – permitiro manuseio e o conhecimento dos prontuários por pessoas não obrigadas ao sigilo profissional quando sob sua 
responsabilidade; 
- Art. 88 – negar ao paciente ou, na sua impossibilidade, a seu representante legal, acesso a seu prontuário, deixar de lhe fornecer cópia quando 
solicitada, bem como deixar de lhe dar explicações necessárias à sua compreensão, salvo quando ocasionarem riscos ao próprio paciente ou a 
terceiros; 
- Art. 89 – liberar cópias do prontuário sob sua guarda exceto para atender a ordem judicial ou para sua própria defesa, assim como quando 
autorizado por escrito pelo paciente – (1) quando requisitado judicialmente, o prontuário será encaminhado ao juízo requisitante; (2) quando o 
prontuário for apresentado em sua própria defesa, o médico deverá solicitar que seja observado o sigilo profissional; 
- Art. 90 – deixar de fornecer cópia do prontuário médico de seu paciente quando de sua requisição pelos Conselhos Regionais de Medicina; 
e. RESOLUÇÃO 1605/2000 (CFM) 
- Revoga a resolução CFM n° 999/1980; 
- Art. 1 – o médico não pode, sem o consentimento do paciente, revelar o conteúdo do prontuário ou ficha médica; 
- Art. 2 – nos casos em que a comunicação da doença é compulsória, o dever do médico se restringe a comunicar al fato à autoridade competente, 
sendo proibido a remessa do prontuário médico do paciente; 
- Art. 3 – na investigação da hipótese de cometimento de crime o médico está impedido de revelar segredo que possa expor o paciente a processo 
criminal; 
- Art. 4 – suspenso – garantia a apresentação do prontuário para médico perito nomeado pelo juiz, agora o prontuário deve ser enviado para o 
juiz; 
- Art. 5 – se houver autorização expressa do paciente, tanto na solicitação como em documento diverso, o médico poderá encaminhar a ficha 
ou prontuário médico diretamente à autoridade requisitante; 
- Art. 6 – o médico deve fornecer cópia da ficha ou do prontuário médico desde que solicitado pelo paciente ou requisitado pelo CFM ou CRM; 
- Art. 7 – para sua defesa judicial o médico pode apresentar a ficha ou prontuário médico à autoridade competente, solicitando que a matéria 
seja mantida em segredo de justiça; 
- Art. 8 – os casos não previstos na resolução e em caso de conflito sobre a remessa ou não dos documentos à autoridade requisitante, o médico 
deve consultar o CRM quanto ao procedimento a ser adotado; 
f. LIMITES DO SIGILO 
- As normas éticas e jurídicas consagram a inviolabilidade do segredo médico, buscando estabelecer a confiança do paciente, de modo a 
assegurar um diagnóstico correto e uma terapêutica eficiente; 
- O sigilo é a regra, a possibilidade da sua quebra e revelação é exceção, devendo ter razões comprovadas, fundamentadas e documentadas; 
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes 
 
- Apesar do segredo médico pertencer ao paciente, esse conceito é relativo, pois deve-se proteger a tutela do bem comum, os interesses de 
ordem pública e o equilíbrio social, fundamentando-se em questões éticas, legais e sociais – princípio da beneficência; 
- Situações em que a revelação do segredo médico é tolerada: (justa causa) interesse de ordem moral ou social, com motivos relevantes para 
justificar a violação, devido ao estado de necessidade, estando voltada aos interesses individuais ou coletivos e defendida por reais 
preocupações, condizentes com as prerrogativas da sociedade organizada; (dever legal) quebra do sigilo por obediência ao lei, sendo que seu 
não cumprimento constitui crime, como a notificação compulsória de doenças transmissíveis; (autorização expressa do paciente) paciente maior 
de idade e capaz ou representantes legais dos incapazes (< 16 anos, insanos mentais) autorizam por escrito, por livre manifestação e mediante 
um consentimento esclarecido, devendo ser precedida de explicações detalhadas sobre as consequências dessa revelação; 
- Se o fato sigiloso for indicativo de hipótese de crime de ação pública, cujo procedimento independe de representação ou que essa revelação 
não exponha o cliente a procedimento delituoso, o médico é obrigado a revelar, principalmente se esta trazer elementos conclusivos na apuração 
de inquéritos no âmbito do direito público; 
- Fatores necessários para caracterização do delito de quebra de sigilo: (existência de um segredo) fato conhecido por alguém ou por um n° 
limitado de pessoas interessadas na sua inviabilidade, pois a divulgação poderia causar certos danos, assim deve-se manter em caráter sigiloso 
assuntos que trariam prejuízo de ordem moral ou material; (conhecê-lo em razão da função, ofício, ministério ou profissão) o profissional da 
medicina está obrigado a manter o sigilo médico sobre fatos de que tomou conhecimento a partir da profissão, buscando estabelecer a confiança 
do paciente, para o tratamento eficiente, podendo ser quebrado apenas em casos especiais; (ausência de justa causa) o sigilo pode ser quebrado 
apenas na presença de justa causa, ou seja, interesse de ordem moral ou social, que autorize/justifique/legitime o não cumprimento do sigilo, 
ou seja, o ato proibido, tornando lícita a coação; (possibilidade de dano a outrem) a possibilidade concreta de dano ou prejuízos a outra pessoa; 
(existência de dolo) o crime é punido por dolo, pois faltam elementos necessários para sua violação por culpa, como ao esquecer por negligência 
o envelope com resultados de exames que comprovem doença de alguém, ao confidenciar com um colega sobre o mal de um paciente e for 
ouvido por terceiros ou quebrar o sigilo por coação física ou moral; 
- Casos de quebra de sigilo profissional consagrados nos Códigos e na Jurisprudência: declarações de nascimento e de óbito, sevícias de menores, 
perícias e pareceres médico-legais, notificações de doenças transmissíveis, acidentes de trabalho, casos de crimes de ação pública (desde que a 
ação penal não dependa de representação e a comunicação não exponha o paciente a procedimento criminal); 
- Em caso de hospital ou serviço de saúde com convênio de assistência médica com empresas públicas ou privadas, estas não podem acessar as 
informações pessoais dos empregados, pois essas revelações são prejudiciais ao empregado e ilícitas; 
- Conflito entre o médico e o seu compromisso com a ordem coletiva – ex.: tratar paciente portador de tuberculose, que se recusa a afastar do 
trabalho, devendo informar às autoridades competentes; 
- Conflito entre o médico e o próprio paciente, para salvaguardar os interesses deste – ex.: psiquiatra que tem certeza da tendência ao suicídio 
do paciente, devendo comunicar esse fato aos familiares; 
- Conflito entre o médico e os imperativos de ordem legal – pode-se revelar apenas o necessário ou entregar todo o relatório clínico; 
- Casos que poderiam ser usados como justificativas para a quebra do sigilo médico, mas não devem: (fato de conhecimento público) apesar do 
dado conhecido já ter sido notificado pela mídia para a população, o médico não deve confirma-lo ou negá-lo; (paciente falecido) o sigilo faz 
parte do patrimônio jurídico do paciente, assim as informações conhecidas pelo médico só devem ser utilizadas no limite da sua essencialidade, 
utilidade e justeza, apenas para resolver o problema de saúde do assistido, havendo quebra de sigilo apenas sob dever legal ou justa causa, caso 
contrário o médico mantém sigilo até mesmo aos familiares do falecido; (depoimento do médico como testemunha) o médico deve comparecer 
presencialmente quando solicitado a depor como testemunha em âmbito judicial ou extrajudicial, mas afirmar que compareceu apenas por 
respeito, mas que se encontra legal e eticamente impedido de prestar qualquer tipo de informação médica (diagnóstico, quadro clínico, 
prognóstico, procedimentos médicos feitos), podendo apenas fornecer dados administrativos (data, local da consulta, número e código do 
benefício previdenciário, nome dos membros da equipe), porém o novo código de ética médica (art. 89) determina como dever legal liberarcópias do prontuário para atender a ordem judicial e sob requisição do conselho de medicina para apurar infrações éticas dos médicos; 
(investigação criminal) o médico deve comparecer para depor em meio ao poder executivo (polícia civil e federal), mas no depoimento deve 
informar apenas dados não médicos, recusando-se a divulgar dados médicos do paciente, pois pode expor o indivíduo a um processo penal; 
 Circunstâncias em que se discute a validade da quebra do sigilo 
- Em causa própria – quando a quebra do sigilo se faz em defesa de um interesse próprio e legítimo, devendo o lugar de defesa do médico ser 
justiça ou seus órgãos de classe específicos, sem utilizar os meios publicitários da imprensa leiga; 
- Estudantes de medicina – o estudante de medicina está obrigado moralmente ao silêncio daquilo que vê ou se percebe em sua formação 
técnica e intelectual – podem ser passíveis de sanção penal, sendo legalmente imputáveis, porém o corpo docente responsável pode assumir a 
pena de responsabilidade ética dos aprendizes; 
**os médicos têm o dever de zelar para que terceiros (auxiliares e acadêmicos de medicina) respeitem a confidencialidade da informação, 
devendo ser exemplo, orientar e zelar para que esses aprendam os preceitos éticos** 
- Revelação ao paciente – a conscientização do paciente sobre seu diagnóstico não é quebra do sigilo; 
- Conjugue dos médicos – alguns teóricos acreditam que ninguém consegue viver sem um confidente, propondo a extensão ao conjugue a 
obrigação do sigilo, por um compromisso moral; outros teólogos acreditam que o sigilo deve ser um direito inviolável e nunca para o simples 
interesse particular ou afetivo do médico, sendo essa revelação uma infração; 
- AIDS – o paciente tem o direito ao sigilo, assim se decidir que os familiares não tenham conhecimento cabe ao médico respeitar – é necessário 
a notificação obrigatória das autoridades sanitárias dos casos suspeitos e confirmados de AIDS, quando portadores do quadro clínico da 
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes 
 
síndrome- deve-se buscar, em colaboração com o paciente, rastrear os comunicantes sexuais para controlar epidemiologicamente a doença, 
porém se o paciente se recusa a revelar aos comunicantes sua condição, o médico tem o dever de passar essa informação (justa causa); 
- Requisição de prontuários – o sigilo se restringe aos prontuários e fichas hospitalares/ambulatoriais, não devendo ser enviados – devem ser 
disponibilizados apenas quando o paciente ou responsável legal solicitar ou em caso de solicitação judicial; 
- Boletim médico – deve ser sóbrio, objetivo, verídico e rigorosamente fiel ao que se dispõem as regras do sigilo profissional, devendo respeitar 
as circunstâncias de natureza privada; 
- Segredo compartido – casos em que várias pessoas são interessadas na manutenção de um mesmo segredo, assim o sigilo só pode ser aberto 
se houver consenso de todos os envolvidos em consentir ou justa causa e dever legal – ex.: fecundação assistida heteróloga, em que o doador 
do sêmen, os pais e a criança concebida são titulares deste segredo; 
3. MEDICINA DO TRABALHO 
- Atestado de saúde ocupacional (ASO) – o diagnóstico na maioria das vezes deve ser omitido dos atestados médicos, porém ele pode ser 
consignado nominalmente ou em código em caso de justa causa, dever legal ou autorização expressa e escrita do paciente – não pode conter 
informações sobre hábitos pessoais ou doenças crônicas; 
- Perícia médica – o atestado e o laudo não se referem ao nome ou natureza da doença, exceto quando se refere a acidentes de trabalho, doença 
profissional ou, em caso de aposentadoria por invalidez permanente, com proventos integrais, a doença grave, contagiosa ou incurável 
(tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, cardiopatia grave, doença de Parkinson, 
paralisia irreversível e incapacitante, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avançados do mal de Paget (osteíte deformante) 
e AIDS), uma vez que a não especificação dessas não iria satisfazer os interesses burocráticos desses diagnósticos sérios – não é infração por 
quebra do sigilo pois é amparada pelo dever legal e pela proteção da ordem pública e do interesse coletivo; 
- O médico deve estabelecer a existência ou não da incapacidade, o tipo de incapacidade (uni, pluri ou omniprofissional), as limitações funcionais 
para fins de reabilitação/readaptação e o tempo sugerido de afastamento (temporário ou permanente); 
- O médico é obrigado a notificar formalmente o empregador da ocorrência ou da suspeita de acidente ou doença de trabalho para que a 
empresa emita a comunicação de acidente do trabalho – realiza-se a notificação compulsória; 
- A excludente da justa causa é quando houver rico à saúde dos demais trabalhadores ou da comunidade – ex.: quebra de sigilo do quadro clinico 
de piloto de avião, quando seu problema for passível de causar tragédia; 
- Atestado de óbito – informações que devem ser explicitadas: condições e as causas de óbito (imediata e outras correlacionadas, mencionando 
por último a causa básica), as causas contribuintes (doenças ou lesões que influíram negativamente mas não conduziram ao óbito), sendo que 
quando a causa básica não for identificada menciona-se causa indeterminada ou óbito sem assistência médica – instrumentaliza a emissão da 
certidão de óbito e auxilia frente as seguradoras; 
- Segredos post mortem – a quebra do sigilo após a morte do paciente é um delito de violação do respeito aos mortos; 
4. DOCUMENTOS SIGILOSOS X DOCUMENTOS DE FINALIDADE PÚBLICA 
- Tudo que se refira a registros no atendimento da profissão médico-paciente é atingido pelo segredo profissional; 
- Em sua própria defesa o médico pode utilizar de documentos pertinentes ao atendimento de paciente, pois a regra de processo penal permite 
o uso mesmo de provas ilícitas em favor do acusado – ex.: se um médico é acusado de cometer um crime, e é útil utilizar o prontuário em sua 
defesa, para demonstrar que o procedimento realizado tinha outra intenção que não a de lesionar ou matar, sendo uma prática recomendável 
para a situação – após a apresentação do documento, o processo deve passar a correr em segredo de justiça; 
- São de finalidade pública apenas os documentos que a lei prevê para este fim, como a realização de laudos e perícias oficiais, porque são feitos 
a pedido do Estado e com o conhecimento prévio de que o material será publicado; 
- Quando o médico fornece atestados, dispensas e licenças para encaminhamento a terceiros, é clara a finalidade de fazer comunicações externas 
ao tratamento, não estando sujeitos ao sigilo profissional – os atestados não podem conter CID, exceto se solicitado e autorizado pelo próprio 
paciente (expressa no atestado), por justa causa, exercício de dever legal e perícia médica; 
**o registro de acesso ao atendimento em hospital pode ser público, mas não a doença** 
- O médico, por determinação legal, é obrigado a comunicar às autoridades sanitárias competentes a constatação de doenças infectocontagiosas 
de notificação compulsória, sob pena de responder penalmente por crime de omissão de notificação de doença – deve-se a necessidade de 
proteção da saúde pública; 
5. SIGILO MÉDICO-PACIENTE X SIGILO ENTRE MÉDICOS 
- Na relação com o paciente, se precisar o atendimento ser prestado por outro médico, simplesmente a ele se transfere a mesma confiança, e o 
mesmo segredo, estando também sujeito ao sigilo médico-paciente; 
- Não há sigilo entre médicos, pois todos devem preservar o sigilo do seu paciente; 
- Inclui a permissão de entrega do prontuário médico para o CFM ou CRM que são instituições médicas, não sendo a quebra do sigilo prejudicial 
ao paciente; 
6. DEPOIMENTO DE MÉDICO COMO TESTEMUNHA E INVESTIGAÇÕES CRIMINAIS 
a. DEPOIMENTO DO MÉDICO COMO TESTEMUNHA 
- O médico pode ser chamado a depor como testemunha no âmbito judicial (Poder Judiciário) e noextrajudicial (delegacias, instituições 
administrativas públicas ou privadas); 
- O médico tem a obrigação de comparecer pessoalmente, porém no momento do seu depoimento, o médico pode afirmar que está legal e 
eticamente impedido de prestar qualquer tipo de informação médica (quadro clínico, diagnóstico, prognóstico, procedimentos), podendo 
[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 –Medicina Unimontes 
 
prestar apenas dados administrativos, como data e local da consulta, número e código do benefício previdenciário e nome dos membros da 
equipe; 
- O médico tem o dever legal de liberar cópias do prontuário para atender a ordem judicial do poder judiciário e do CRM e CFM, assim como de 
comparecer à audiência revelando tudo o que sabe; 
b. INVESTIGAÇÕES CRIMINAIS 
- Na investigação de suspeita de crime, o médico estará impedido de revelar segredo que possa expor o paciente a processo penal; 
- O médico deve se recusar a divulgar dados médicos dos pacientes para investigações criminais feitas pela Polícia Civil ou Polícia Federal (Poder 
Executivo), pois a quebra do sigilo médico expõe o paciente a um processo penal; 
- Essa permissão baseia-se na ampla confiança do paciente no médico, pois caso a quebra do sigilo fosse permitida, para evitar possível 
procedimento criminal, o paciente poderia omitir acontecimento de grande importância para sua própria saúde ou de outras pessoas; 
c. CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA 
- O médico é obrigado a comunicar à autoridade competente os crimes de ação pública que independa de representação, desde que essa 
comunicação não exponha o paciente a procedimento criminal – sob pena de processo contra o médico; 
- A maioria desses casos envolve crimes em que o paciente é vítima; 
- Ex.: a constatação de prática criminosa de aborto pela própria paciente não pode ser denunciada, pois ela estaria sujeita ao procedimento 
processual, porém se ocorrer a indução do suicídio ou do abordo por terceiro, à revelia da mulher, este deve ser denunciado 
- Crime de Ação Penal Pública Incondicionada (APPI) – crimes que o Ministério Público é obrigado a iniciar o processo penal, sem necessidade 
de manifestação da vontade da vítima ou de outra pessoa, sendo irrelevante a oposição por parte da vítima – ex.: homicídio, lesão corporal 
grave, maus tratos contra criança e adolescente, violência doméstica contra a mulher (independentemente da extensão das lesões), estupro e 
tentativa de estupro; 
**nos crimes de injúria ou ameaça o processo só se inicia quando a vítima presta queixa** 
- A portaria n° 2.282/2020 torna obrigatório a notificação à autoridade policial pelo médico, demais profissionais de saúde ou responsáveis pelo 
estabelecimento de saúde que acolheram a paciente dos casos em que houver indícios ou confirmação do crime de estupro – o profissional deve 
preservar possíveis evidências materiais do crime de estupro que devem ser entregues de imediato à autoridade penal, que podem contribuir 
para a identificação do respectivo autor do crime; 
7. REFERÊNCIA A CASOS CLÍNICOS IDENTIFICÁVEIS E EXIBIÇÃO DE PACIENTES 
- Pelo código de ética médica (art. 75) é vedado ao médico fazer referência a casos clínicos identificáveis, exibir pacientes ou imagens que os 
tornem reconhecíveis em anúncios profissionais ou na divulgação de assuntos médicos, em meios de comunicação em geral, mesmo com 
autorização do paciente; 
- A constituição federal (art. 5) assegura o direito de indenização por dano à imagem e a inviolabilidade da imagem das pessoas; 
**imagem – projeção/representação da personalidade física de um indivíduo no exterior, não precisando compreender a pessoa inteira, ou seja, 
pode se referir a pequenas partes do seu corpo identificáveis** 
- A exposição de qualquer tipo de imagem do paciente em qualquer tipo de mídia, ainda que devidamente autorizada pelo paciente de forma 
expressa e escrita, é infração ética; 
- Em hipótese nenhuma, os médicos podem expor os pacientes, por nome, depoimentos ou fotografias, em mensagens publicitárias ou em 
divulgações de assuntos médicos em veículos leigos; 
- A exibição da imagem do paciente só é permitida diante dos seguintes pré-requisitos: (1) divulgação da imagem apenas em eventos científicos, 
exclusivos para médicos; (2) exposição de forma moderada, sem possibilidade de identificação do dono da imagem, com tarja nas partes que 
não interessam à discussão; (3) haja autorização prévia, expressa e escrita do paciente para a exposição de sua imagem para cada evento 
especificado, não podendo haver autorização para uso indiscriminado; 
8. COBRANÇA DE HONORÁRIOS JUDICIAL OU EXTRAJUDICIAL 
- Os valores dos honorários devem ser previamente acordados e discriminados por cada membro da equipe, a partir de um contrato, tornando 
obrigatório seu cumprimento integral; 
- Não há reparo qualquer a fazer ao médico que se socorre do poder judiciário para receber seus honorários, principalmente quando foram 
esgotados os meios extralegais (conciliação, mediação e arbitragem); 
- O código de ética médica, no art. 79, veda o ato de deixar de guardar o sigilo profissional na cobrança de honorários por meio judicial ou 
extrajudicial - recomenda-se que mesmo nessas situações o médico não quebre o sigilo do diagnóstico, propedêutica e terapêutica; 
**dificilmente favorece o médico, já que este não pode provar o que alega, devido ao dever ético de sigilo** 
9. PRIVACIDADE E SIGILO EM INFORMÁTICA MÉDICA 
- A medida que o sistema tradicional de arquivo médico se torna obsoleto, ascende o processamento eletrônico dos prontuários médicos; 
- Quanto maior o número de informações manipuladas em um programa de computador, maior será o risco de proteção da confidencialidade, 
através da quebra do sigilo de fatos que normalmente se quer preservar; 
- O hospital é responsável ela guarda desse sigilo, usando essas informações conforme a necessidade do paciente – qualquer servidor do hospital 
pode manusear internamente o prontuário, porém tem a obrigação de manter a reserva do conteúdo do prontuário, respondendo legal e 
disciplinarmente pela revelação não autorizada da informação; 
- Existe um número variado de pessoas interessadas nos registros desses prontuários, estando ligados ao paciente, à administração das 
instituições hospitalares ou aos representantes do poder judiciário; 
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- O paciente tem o direito de saber todas as informações registradas no prontuário sobre ele mesmo e sobre suas condições de saúde, 
diagnóstico, tratamento e prognóstico – as informações podem ser minimizadas ou omitidas quando o médico admite que as informações irão 
contribuir negativamente para o seu estado de ânimo; 
- A instituição deve ter um critério definido de uso e da revelação dos prontuários, limitando-se ao essencial e ao justo fim invocado, quando 
consentido por escrito pelo paciente ou pelo representante legal (em caso de informações com identificação do paciente), por solicitação judicial, 
em decorrência da lei, em favor da segurança e saúde do paciente ou por razões de relevância social e moral – deve-se indicar o solicitante, os 
objetivos e o limite de tempo da validade da informação; 
- O prontuário pode ser usado na pesquisa, após cuidadosa análise dos propósitos, da qualidade e dos critérios da pesquisa, desde que preserve 
a privacidade do paciente e o pesquisador assine um termo de responsabilidade pela quebra de confidência; 
- O tempo de manutenção dos registros é variado, devendo-se considerar as informações de interesse permanente, transeunte, as doenças 
cíclicas, as sequelas grosseiras e a cura permanente – os dados relativos aos registros secundários devem ser mantidos por cerca de 5 anos; 
10. ATENDIMENTO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES 
- Menor de idade – (código civil – art. 5) a menoridade cessa aos 18 anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos 
da vida civil; (lei 8.069/90 – estatuto da criança e do adolescente)a pessoa até 12 anos incompletos é considerada criança e entre 12 e 18 anos 
incompletos adolescente; 
- O código de ética médica, art. 74, veda o médico de revelar sigilo profissional relacionado a paciente criança ou adolescente, desde que estes 
tenham capacidade de discernimento, inclusive a seus pais ou representantes legais, salvo quando a não revelação possa acarretar dano ao 
paciente; 
- A confidencialidade se aplica a todas as faixas etárias, assim as crianças e os adolescentes têm o mesmo direito de preservação de suas 
informações pessoais, de acordo com a sua capacidade, mesmo em relação a seus pais ou responsáveis – assim o segredo profissional do paciente 
menor deve ser mantido, salvo quando a não revelação possa acarretar danos a ele; 
- O médico deve analisar os seguintes fatores para determinar a capacidade do menor em conduzir sozinhos: (1) capacidade mental do paciente 
menor em quantificar a gravidade do seu problema; (2) maturidade e independência do menor para seguir as determinações médicas; (3) 
recursos financeiros do menor para fazer frente as despesas do seu tratamento; (4) evitar eventual dano decorrente da não revelação do segredo 
aos pais ou responsáveis do menor – sempre que houver presença de todos os esses, a vontade do paciente deve ser integralmente respeitada 
e o sigilo deve ser mantido - na falta de pelo menos 1 desses pré-requisitos, o médico deve solicitar a presença dos pais ou responsáveis para 
acompanhar a consulta e/ou o tratamento indicado; 
- O adolescente que procura atendimento sem acompanhante deve ser atendido sem restrições, preservando seus direitos, desde que tenha 
capacidade de entendimento dos seus problemas e possa resolvê-los; 
a. SITUAÇÕES ESPECIAIS QUE JUSTIFICARIAM QUEBRA DE SIGILO 
- Nessas situações tudo deve estar muito bem fundamentado, comprovado e documentado no prontuário do paciente, para proteger o médico 
de possível demanda ética posterior; 
- Quando houver possibilidade de dano ou malefício ao paciente menor de idade (justo motivo), independentemente de qualquer outro 
requisito, o sigilo deve ser desvendado para os pais ou responsáveis, ainda que contra a vontade livre e consciente do menor; 
- Situações especiais que justificariam a quebra do sigilo: déficit intelectual relevante, percepção da ideia de suicídio ou homicídio, falta de crítica 
por distúrbios psiquiátricos e drogadição, recusa ao tratamento por doenças de risco, casos em que haja referência explícita ou suspeita de 
abuso sexual, gravidez e atitudes que exponham o paciente ou terceiro a risco de vida; 
b. CONTRACEPÇÃO 
- Pode ser indicada para adolescentes sexualmente ativos, mesmo menores de 14 anos, preservando o sigilo, levando-se em consideração o 
princípio da proteção à adolescente; 
- Em casos considerados de risco e diante da realização de procedimentos de maior complexidade, como inserção de DIU, implantes e outros 
procedimentos invasivos, recomenda-se a participação dos pais e/ou responsáveis, mas não há nenhuma recomendação formal sobre; 
c. SIGILO MÉDICO E VIDA SEXUAL DO ADOLESCENTE 
- O médico é obrigado, pelo art. 217-A do Código Penal Brasileiro, a notificar a conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com menor de 14 
anos, pois se caracteriza crime de estupro de vulnerável, mesmo que a relação seja consentida, independentemente da idade do parceiro ou do 
conhecimento dos pais ou responsável; 
**em caso de parceiro também menos de 14 anos, cabe ao Ministério Público avaliar se a ocorrência é ou não um ato infracional, podendo o 
menor também ser considerado vítima** 
 TELEMEDICINA 
- Exercício da medicina mediada por tecnologias digitais, de informação e de comunicação (TDICs), para fins de assistência, educação, pesquisa, 
prevenção de doenças e lesões, gestão e promoção de saúde; 
- Esforço organizado e eficiente do exercício médico à distância, que tem como objetivos a informação, o diagnóstico e o tratamento de 
indivíduos, desde que baseado em dados, documentos ou outro tipo de informação confiável, transmitida através dos recursos de 
telecomunicação; 
- A tecnologia da informação e da comunicação facilita o intercâmbio entre os profissionais de saúde e os pacientes; 
- Razões para a implantação: elevação dos custos com a saúde, dificuldades de acesso ou translado para clínicas e hospitais; 
- O uso dessa modalidade de atendimento pode trazer inúmeras e potenciais vantagens, como o pronto atendimento em locais mais remotos, 
a oportunidade de acesso aos especialistas da medicina curativa ou preventiva; 
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- Seu uso depende do acesso aos meios tecnológicos modernos, que ainda não estão disponíveis a toda população; 
- Conflitos – relação médico-paciente, problemas de ordem jurídica; 
- Televigilância - neste processo muitas vezes exige-se a transmissão de informações eletrônicas como pressão arterial e eletrocardiogramas, 
sendo necessário que se faculte certo aprendizado ao paciente e seus familiares para a transmissão de informações necessários e imprencindíveis 
a certas doenças (diabetes, hipertensão, gravidez); 
- Teve ser regida pelos preceitos da ética médica; 
- O médico que usa a telemedicina, mesmo com o consentimento esclarecido do paciente, não deixa de ser responsável pelos maus resultados 
advindos deste recurso, na conclusão do diagnóstico, tratamento e intervenções realizadas; 
- Responsabilidade do paciente – o paciente é responsável pela qualidade e quantidade de informação, podendo ser responsável também pela 
coleta e transmissão dos dados médicos; 
- O médico deve avaliar se o paciente tem uma compreensão compatível com o nível de informações enviadas e recebidas e se ele vai utilizá-las 
de forma adequada; 
- Deve-se manter prontuário clínico adequado, com todos os detalhes do caso, identificação do paciente, achados, recomendações, condutas 
indicadas e cuidados utilizados – devem ser preservadas por 10 anos e armazenadas em meios protegidos que garantam o sigilo; 
- Recomenda-se a promoção de programas permanentes de formação e avaliação das técnicas de telemedicina, em relação à qualidade da 
relação médico-paciente e da eficácia; 
1. REGULAMENTAÇÃO VIGENTE 
a. LEI N° 13.989/2020 
- Autoriza o uso da telemedicina enquanto durar a crise causada pelo coronavírus; 
- O médico deve informar o paciente as limitações inerentes ao uso da telemedicina, como a impossibilidade da realização do exame físico; 
- A prestação de serviço segue os padrões normativos e éticos usuais do atendimento presencial; 
b. RESOLUÇÃO CFM N° 2.314/2022 
- Permite a telemedicina on-line ou off-line por multimeios em tecnologia, dentro do território nacional; 
- Formas de exercer telemedicina: teleconsulta, teleinterconsulta, telediagnóstico, telecirurgia, telemonitoramento/televigilância, teletriagem e 
teleconsultoria; 
- Os dados, anamnese, imagens, propedêutica, resultados de exames complementares e a conduta médica adotada obtidos na consulta devem 
ser registrados em prontuário médico físico ou no Sistema de Registro Eletrônico de Saúde (SRES) do paciente, atendendo aos padrões de 
representação, terminologia e interoperabilidade; 
- O prontuário deve ser preservado, garantindo o sigilo das informações; 
- É direito do paciente ou representante legal solicitar uma cópia dos dados do seu registro; 
- O médico ao atender por telemedicina deve proporcionar linha de cuidados ao paciente, visando sua segurança e a qualidade da assistência; 
- Assegura ao médico a autonomia de decidir se usa ou recusa a telemedicina, indicando o atendimento presencial se necessário; 
- Emissão à distância de relatório, atestado ou prescrição médica – deve apresentar: identificação do médico (nome, CRM e endereço 
profissional), identificação do paciente (endereço e local informado do atendimento), data e hora, assinatura com certificação digital do médico 
no padrão ICP-Brasil e informação de que foi emitido na modalidadeda telemedicina; 
- Todo atendimento por telemedicina deve ser assegurado consentimento explícito, autorizando o atendimento por telemedicina e a transmissão 
das suas imagens e dados; 
- O médico deve ajustar previamente com o paciente e com as prestadoras de saúde o valor do atendimento prestado; 
- As pessoas jurídicas que atenderem por telemedicina devem ter sede estabelecida no território brasileiro e serem inscritas no Conselho 
Regional de Medicina do Estado em que estão sediadas, informando-os as opções de uso de telemedicina; 
 Teleconsulta 
- Consulta médica não presencial mediada por TDICS, com o médico e paciente em diferentes espaços; 
- Forma complementar, de modo que a consulta presencial ainda é padrão ouro; 
- O médico deverá informar ao paciente as limitações da teleconsulta, devido à impossibilidade do exame físico completo; 
- O médico e o paciente possui o direito de interromper o atendimento a distância e optar pelo presencial; 
 Teleinterconsulta 
- Troca de informações e opiniões entre médicos, com auxílio de TDICS, com ou sem presença do paciente, permitindo o auxílio diagnóstico, 
terapêutico, clínico ou cirúrgico; 
- O médico assistente responsável pela interconsulta deve ser obrigatoriamente o responsável pelo acompanhamento presencial; 
**os demais médico envolvidos só podem ser responsabilizados por seus atos** 
 Telediagnóstico 
- Ato médico a distância, com a transmissão de gráficos, imagens e dados para emissão de laudo ou parecer por médico especialista; 
 Telecirurgia 
- Realização do procedimento cirúrgico a distância, com equipamentos robótico e mediado por tecnologias interativas seguras; 
 Telemonitorament/Televigilância 
- Monitora a distância os parâmetros de saúde e/ou doença, por meio de avaliação clínica e/ou aquisição direta de imagens, sinais e dados de 
equipamentos e/ou dispositivos agregados ou implantáveis em pacientes em domicílio, em clínica médica especialidade, em instituição de longa 
permanência, em regime de internação clínica ou no translado do paciente até o serviço de saúde; 
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 Teletriagem 
- Avaliação dos sintomas do paciente a distância para regulação ambulatorial ou hospitalar, com definição e direcionamento do paciente ao tipo 
adequado de assistência; 
- Trata-se apenas de uma impressão diagnóstica e de gravidade, não devendo ser confundido com consulta médica; 
 Teleconsultoria 
- Ato de consultoria mediada por TDICs entre médicos, gestores e outros profissionais, com a finalidade de prestar esclarecimento sobre 
procedimentos administrativos e ações de saúde; 
 Teleconferência de Procedimento Médico 
- Pode ser feita para fins de assistência, educação, pesquisa e treinamento, com autorização do paciente ou do seu responsável legal; 
- O grupo de recepção de imagens, dados e áudios deve ser composto exclusivamente por médicos e/ou acadêmicos de medicina, todos 
devidamente identificados e acompanhados dos seus tutores; 
2. USO DE WHATSAPP PELOS MÉDICOS – PARECER CFM N° 14/2017 
- É permitido o uso do WhatsApp e plataformas similares para comunicação entre médicos e seus pacientes, bem como entre médicos e médicos, 
em caráter privativo, para enviar dados ou tirar dúvidas, ou em grupos fechados de especialistas ou do corpo clínico de uma instituição, com a 
ressalva de que todas as informações passadas têm absoluto caráter confidencial e não podem extrapolar os limites do próprio grupo, nem 
circular em grupos recreativos, mesmo que composto apenas por médicos; 
- As discussões jamais poderão fazer referência a casos clínicos identificáveis, exibir pacientes ou sua imagem ou divulgar assuntos médicos de 
comunicação geral, mesmo com autorização do paciente; 
- Usado principalmente quando um profissional necessita de orientação de um colega mais experiente. 
- O ideal é que o médico consultado tenha uma relação pré-existente com o paciente, sendo necessário a permissão do paciente; 
- As informações transmitidas sobre o paciente ao médico consultado só têm respaldo se forem permitidas de forma livre e consciente; 
**excetua-se apenas os casos de iminente perigo de vida** 
- Comumente ocorre vazamento de informações, ao se empregar os meios eletrônicos, devendo-se usar de todas as possíveis medidas de 
segurança para proteger a confidencialidade do paciente; 
- O médico que solicita de outro colega uma opinião fica responsável pela condução do tratamento e de outra qualquer decisão que ele venha 
a tomar na assistência do paciente; 
3. TELEDIAGNÓSTICO / LAUDOS A DISTÂNCIA 
- A telemedicina com laudo à distância foi devidamente regulamentada a partir do Programa Nacional Telessaúde Brasil Redes, instituído pela 
Portaria do Ministério da Saúde, n° 35/2007, que foi redefinida e ampliada pela portaria do MS n° 2.546/2011 – é uma estratégia de melhoria 
da qualidade de atendimento do SUS, ampliando a oferta de telediagnóstico no país e possibilitando a realização de exames com emissão de 
laudo à distância, de modo a diminuir custos com deslocamento de pacientes e assim aumentar a resolutibilidade da Atenção Básica; 
- A prática foi normalizada pela resolução n° 2.107/2014 do CFM, que define a telerradiologia (inclui radiologia geral e especializada, tomografia 
geral e especializada, ressonância magnética, mamografia, densitometria óssea e medicina nuclear) como: exercício da medicina, utilizando as 
tecnologias de informação e de comunicação para o envio de dados e imagens radiológicas com o propósito de emissão de relatório, como 
suporte às atividades desenvolvidas localmente – a transmissão do exame deve ser acompanhada de dados clínicos do paciente, colhidos pelo 
médico solicitante; 
- Deve-se respeitar as normas de sigilo profissional, sendo as imagens e dados transmitidos após consentimento informado, livre e esclarecido 
do paciente; 
 REFERÊNCIAS 
- FRANÇA. G. V. Direito Médico. 12ª Ed. 2014. Cap 5 (pg 153 - 169) e Cap 7.8 (pg 204 - 208); 
- CFM. Código de Ética Médica. 2018/2019. Cap IX (pg 35 – 37); 
- BARROS. E.A.J. Código de Ética Médica Comentado e Interpretado – Resolução CFM 2217-2018. 2019. Cap IX (pg 550 - 567); 
- Lei N° 13.989. 2020. Link: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/lei/L13989.htm#view; 
- Resolução CFM N° 2.314. 2022. Link: istemas.cfm.org.br/normas/arquivos/resolucoes/BR/2022/2314_2022.pdf; 
- Resumos Marina e Isadora.

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