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Doenças do Trato Respiratório de Maior Prevalência Síndrome Gripal: Na ausência de outro diagnóstico específico considerar o paciente com febre, de início súbito, mesmo que referida, acompanhada de tosse ou dor de garganta e pelo menos um dos sintomas: mialgia, cefaleia ou artralgia; OBS: Em crianças com menos de 2 anos de idade considerar, na ausência de outro diagnóstico específico, febre de início súbito, mesmo que referida, e sintomas respiratórios: tosse, coriza e obstrução nasal. Fatores de risco: ❖ População indígena aldeada ou com dificuldade de acesso; ❖ Gestantes; ❖ Puérperas (até 2 semanas após o parto); ❖ Crianças < 5 anos (sendo que o maior risco de hospitalização é em menores de 2 anos, especialmente as menores de 6 meses com maior taxa de mortalidade). Sinais de piora do estado clínico: ❖ Persistência ou agravamento da febre por mais de 3 dias; ❖ Miosite comprovada por CPK (> 2 a 3 vezes); ❖ Alteração do sensório; ❖ Desidratação e, em crianças, exacerbação dos sintomas gastrointestinais. Manejo clínico: ❖ Resolução espontânea em 7 dias; ❖ Tosse, mal-estar e lassidão podem persistir por semanas. Sinais de agravamento: ❖ Aparecimento de dispneia; ❖ Persistência ou aumento da febre por mais de 3 a 5 dias; ❖ Exacerbação de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC); Síndrome de Reye e, raramente, miocardite, pericardite, mielite transversa e encefalite; ❖ Piora dos sintomas gastrointestinais; ❖ Sinais de condensação ao Rx ou TC de tórax; ❖ Mialgia intensa. Todo paciente em acompanhamento ambulatorial deve ser orientado, em caso de piora do quadro clínico, a retornar para reavaliação; Conduta: em caso de aparecimento de sinais de complicação conduzir conforme definição e conduta para SRAG; Tratamento para pacientes sem fatores de risco: ❖ Medicamentos sintomáticos; ❖ Hidratação oral e repouso domiciliar; ❖ Não usar Ácido Acetilsalicílico. Tratamento para pacientes com fatores de risco: ❖ Tratamento sintomático; ❖ Hidratação; ❖ Oseltamivir para todos os casos de SG com risco de complicações, de forma empírica; ❖ Não aguardar confirmação laboratorial: a terapêutica precoce reduz a duração dos sintomas e a ocorrência de complicações pelo H1N1. Rinite: Doença inflamatória da mucosa nasal; Etiologia: infecciosa, alérgica, mista e não alérgica ou não infecciosa (medicamentos, hormonal, ocupacional não alérgica, gustatória e idiopática); Classificação: ❖ Frequência: intermitente e persistente (sintomas de mais de 4 dias na semana e mais de 4 semanas); ❖ Gravidade: leve, moderada e grave. Sintomas: obstrução, coriza e espirros; Não infecciosas: ❖ Rinite alérgica; ❖ Rinite idiopática “vasomotora”; ❖ Rinite medicamentosa; ❖ Outras. Infecciosas: ❖ Rinites virais; ❖ Rinites bacterianas; ❖ Rinites específicas. Diagnóstico: anamnese e exame físico; Exames complementares: Raios x cavum, TC e RMN de seios da face; Diagnóstico diferencial: polipose nasal, desvio de septo, tumores e hipertrofia de adenoide, discinesia ciliar e corpo estranho; Tratamento: anti-histamínico (sistêmico ou tópico), descongestionantes tópicos nasais, corticosteróides (sistêmicos e tópicos) e outros; Complicações: sinusite, HAA, polipose, tosse crônica, otite média, conjuntivite, laringite e asma. Sinusite: Inflamação dos seios da face ou nos canais que formarão os seios da face, dependendo da idade da criança , por isso é denominada rinossinusite; Rinossinusite viral = resfriado comum, muito frequente até 7 anos (6 a 10 x/ano). Menos de 10% evoluem para rinossinusite aguda bacteriana; Etiologia: bacteriana, viral e fúngica; Classificação: aguda, crônica; Diagnóstico: clínico; Exames complementares: Raio x e tomografia não fazer de rotina; Tratamento: não tratar com antibióticos pois 90 a 95% são vírus; Prevenção: ❖ Vacina influenza e pneumococo 13 (13 sorotipos); ❖ Tratar doenças predisponentes (rinites e RGE). Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG): Considera-se SRAG quando, além dos sinais da síndrome gripal, o paciente apresenta dispneia ou dos seguintes sinais de gravidade: ❖ SpO2 < 95% em ar ambiente; ❖ Sinais de desconforto respiratório ou aumento da FR para a idade; ❖ Piora nas condições clínicas de doença de base; ❖ Hipotensão em relação à pressão arterial habitual do paciente. Em crianças: além dos itens anteriores, observar os batimentos de asa de nariz, cianose, tiragem intercostal, desidratação e inapetência; Avaliação inicial: ❖ Avaliação pediátrica (aparência, respiração e circulação para a pele) - incluir SpO2 - ABCDE / SAMPLE (sinais e sintomas, alergias, medicamentos de uso habitual, passado médico, líquidos ingeridos nas últimas horas, ambientes e eventos relacionados); ❖ Oferta de oxigênio; ❖ Acesso venoso; ❖ Monitorização; ❖ Avaliação sobre internação de acordo com gravidade; ❖ Decisão sobre propedêutica (exames a serem coletados). Critérios de gravidade: ❖ Sinais de insuficiência respiratória ou choque; ❖ Disfunção neurológica; ❖ Disfunção de outros órgãos; ❖ Evidência de SIM-P; ❖ Multimorbidades; ❖ Síndrome de ativação macrofágica. Inaloterapia: ❖ Utilizar, nos casos de sibilância, beta2-adrenérgico de curta duração (salbutamol) por meio de inalador dosimetrado (“puffs”) com espaçador; ❖ Salbutamol: dose 1 jato para cada 3 kg máximo de 4 jatos (crianças < 11 anos) e 4 - 6 jatos por vez em adolescentes (> 12 anos); ❖ Em casos selecionados, como as laringites (nebulização com adrenalina), se for imprescindível, levar para sala com filtro HEPA. Em todas as situações os profissionais de saúde devem usar EPI apropriados para ambiente com produção de aerossol. Notificação: ❖ Os casos de SRAG internados na unidade são notificados na ficha de notificação para SRAG do Ministério da Saúde; ❖ Todos os campos devem ser preenchidos com letra legível, principalmente a data de início dos sintomas; ❖ O material coletado (swab de nasofaringe) deve ser encaminhado ao laboratório da unidade, junto à ficha de notificação SRAG. Ao chegar no laboratório, a amostra é cadastrada no sistema GAL (Gerenciador de Ambiente Laboratorial) e segue encaminhado para análise; ❖ Amostras de pacientes serão analisadas no LACEN (Laboratório Central do Rio de Janeiro); ❖ A ficha de notificação SRAG segue do laboratório para o Núcleo de Vigilância Epidemiológica da unidade que, a partir de então, assume a responsabilidade sobre o acompanhamento e resultados. SARS-CoV-2: É um vírus de RNA de fita simples, sendo comum a diferentes espécies, incluindo os humanos; Transmissão: ❖ Secreções respiratórias (gotículas e aerossóis contendo vírus no seu interior); ❖ Liberadas através da fala, respiração, tosse e espirros; ❖ Essas secreções contaminam outras pessoas com até 2 metros de distância e são a principal rota de propagação da doença; ❖ Os indivíduos doentes são os principais contaminantes, porém pessoas assintomáticas ou que ainda estão dentro do período de incubação são também potenciais contaminantes. Patogenia: ❖ Após a transmissão, o vírus se deposita ao longo do trato respiratório. Utiliza a enzima conversora de angiotensina-2 (ECA-2) para penetrar na célula onde tem a capacidade de replicação; ❖ Na fase inicial: sintomas locais de vias aéreas superiores e sintomas gerais como adinamia, mialgias e febre; ❖ Esta fase é contaminante e pode se encerrar nesse estágio, levando ao término da doença, o que ocorre em torno de 80% dos infectados; ❖ 7 dias após esse período pode ocorrer a fase pulmonar com infiltração e proliferação do vírus nos pulmões determinando pneumonia com vasodilatação, aumento da permeabilidade do endotélio, recrutamento de leucócitos e lesão pulmonar com hipóxia. Pode haver estresse cardiopulmonar associado; ❖ Na terceira etapa (fase inflamatória) ocorre inflamação sistêmica, denominada tempestade de citocinas. É descrito mais frequentemente a lesão cardíacacom miocardite e déficit de contração muscular cardíaca e lesão hepática com elevação de transaminases. Outro acometimento é a coagulação vascular disseminada, com elevação do risco de tromboembolismo pulmonar ou em outras regiões. Achados radiológicos: ❖ Os exames de imagem fazem parte da investigação do paciente com COVID-19, uma vez que que podem auxiliar no diagnóstico inicial, além de contribuir na avaliação da evolução e do prognóstico da enfermidade; ❖ A TC permite melhor visualização das alterações não observáveis na RTX. Seu uso deve ser criterioso, em especial em crianças, pela maior dose de radiação, além do maior custo e de não ser tão acessível em centros menores. Está indicada internação em terapia intensiva para pacientes que apresentarem as seguintes complicações: ❖ Instabilidade hemodinâmica; ❖ Sinais e sintomas de insuficiência respiratória; ❖ Hipoxemia, com necessidade de suplementação de oxigênio acima de 3 l/min para manter a Sat > 90%; ❖ Relação PO2/FiO2 abaixo de 300, caracterizando a lesão pulmonar aguda; ❖ Alterações laboratoriais como elevação significativa de desidrogenase láctica (DHL) e creatinofosfoquinase (CPK), alteração da função renal e alteração do nível de consciência. Bronquiolite Viral Aguda: A Bronquiolite Viral Aguda (BVA) é definida como o primeiro episódio de sibilância associada a uma infecção respiratória viral, com pródromos catarrais de vias aéreas superiores, em crianças abaixo de 2 anos; Etiologia: ❖ Vírus sincicial (VSR) - 50 a 80%; ❖ Rinovírus; ❖ Adenovírus (3,7 e 21); ❖ Influenza A- H1N1 / H3N2 e B. Transmissão: ❖ Contato direto (mãos) e objetos contaminados; ❖ Gotículas; ❖ Porta de entrada: via aérea e conjuntiva; ❖ Período de incubação: 4 a 5 dias; ❖ Replicação viral na nasofaringe; ❖ Evolução 1 - 3 dias após com acometimento das vias aéreas inferiores. Fisiopatogenia: Fatores de risco: ❖ Idade inferior a 12 semanas; ❖ Prematuridade; ❖ Cardiopatias; ❖ Displasia broncopulmonar; ❖ Imunodeficiências; ❖ Neuropatias; ❖ Anomalias genéticas; ❖ Exposição a fumo-C; ❖ Desmame precoce; ❖ Baixo nível sócio-econômico; ❖ Mais de 2 irmãos e frequentar creche. Diagnóstico - anamnese: ❖ < 2 anos; ❖ História de contato prévio com adultos ou crianças maiores - IVAS; ❖ Pródromos de 2 - 3 dias de IVAS - febre, coriza, congestão nasal e tosse; ❖ Evolução com piora em 48 - 72h; ❖ Piora da tosse, taquidispneia, tempo expiratório prolongado, sibilos; ❖ Cianose; ❖ Apneias (principalmente prematuros). Diagnóstico - exame físico: ❖ Tórax expandido; ❖ Sibilância e prolongamento do tempo expiratório; ❖ Taquipneia; ❖ Tiragens - esforço; ❖ "BAN"; ❖ Gemência; ❖ Desidratação / cianose; ❖ Letargia / apneia. Diagnóstico diferencial: ❖ Asma do lactente (lactente sibilante); ❖ Pneumonias atípicas; ❖ ICC; ❖ Aspiração de corpo estranho / síndromes aspirativas; ❖ Tuberculose; ❖ Displasia broncopulmonar; ❖ Fibrose cística. Critérios para internação (indicadores de gravidade): ❖ Quadro moderado - grave; ❖ Estado geral ruim; ❖ Baixa idade; ❖ Condição social ruim; ❖ Não entende os sinais de alerta. Tratamento: ❖ Suporte e monitorização; ❖ Oxigenoterapia (cateter extra nasal ou máscara facial cânula nasal de alto fluxo e CPAP) se sat < 90 - 92%; ❖ Hidratação; ❖ Alimentação oral fracionada / SNG / HV; ❖ Aspiração de vias aéreas superiores (se necessário). Tratamento medicamentoso: ❖ Broncodilatadores: salbutamol. ❖ Devem ser considerados com reavaliação de resposta; ❖ Deverá ser veiculado através do aerossol dosimetrado com espaçador. Prevenção: ❖ Lavagem das mãos; ❖ Evitar contato com pessoas resfriadas, principalmente pacientes de risco; ❖ Aleitamento materno; ❖ Isolamento respiratório. Pneumonia: Epidemiologia: causa mais comum de morbidade na pediatria; Fatores de risco: ❖ Desnutrição; ❖ Baixa idade; ❖ Multimorbidades; ❖ Baixo peso ao nascer; ❖ Episódios prévios de sibilos e pneumonias; ❖ Ausência de aleitamento materno; ❖ Vacinação incompleta e infecções virais respiratórias. Classificação: Quadro clínico: ❖ O quadro clínico pode variar com: ❖ A idade da criança; ❖ O estado nutricional; ❖ A presença de doença de base e o agente etiológico, podendo ser mais grave nas crianças mais jovens, desnutridas ou que apresentam comorbidades. ❖ A sibilância ocorre com maior frequência nas crianças com infecções virais. Diagnóstico: ❖ Após avaliação criteriosa, verificar a necessidade de: ❖ Rx de tórax; ❖ Indicadores de gravidade (hipoxemia ou desconforto respiratório); ❖ Falha de resposta ao tratamento até 72h ou piora progressiva do quadro (empiema, pneumatocele, pneumotórax); ❖ Paciente internado. Sinais de perigo: ❖ Recusa alimentar / sucção débil; ❖ Vomita tudo que ingere; ❖ Prostração mesmo sem febre (letargia); ❖ Convulsão - nas últimas 72h. Indicações de internação / retaguarda: ❖ < 2 meses; ❖ Insuficiência respiratória aguda; ❖ Hipoxemia, saturação de oxigênio < 92%; ❖ Pneumonia extensa; ❖ Impossibilidade de ingerir medicações (vômitos); ❖ Falha de resposta ao tratamento ambulatorial. Tratamento: inicialmente empírico Asma: Asma é uma doença heterogênea, caracterizada por inflamação crônica das vias aéreas; Asma não é uma única doença; ao contrário, compreende uma síndrome com fenótipos complexos; É definida por história de sintomas respiratórios como chiado, tosse, falta de ar, dor torácica, sensação de opressão torácica, que variam de intensidade e ao longo do tempo, juntamente com limitação variável do fluxo expiratório; Fisiopatologia e genética: Como endótipos podem ajudar: ❖ Preditores do desenvolvimento da asma; ❖ Preditores de risco futuro; ❖ Preditores da resposta ao tratamento. Biomarcadores de inflamação: ❖ Distinguem endótipos inflamatórios; ❖ Preveem resposta a tratamentos específicos (terapias alvo de precisão); ❖ Monitoram sucesso no tratamento; ❖ Avaliam desfechos. Fatores desencadeantes: ❖ Controle inadequado da inflamação; ❖ Infecções respiratórias; ❖ Exposição aos alérgenos; ❖ Poeira doméstica; ❖ Pelo e saliva de animais; ❖ Insetos; ❖ Pólens e fungos. ❖ Exercício / ar frio; ❖ Exposição ocupacional e poluentes; ❖ Drogas (aspirina, AINES, betabloqueador); ❖ Flutuações hormonais (gravidez / menstruação); ❖ Stress emocional. Diagnóstico da asma: ❖ Tosse (seca / irritativa); ❖ Dispneia (falta de ar); ❖ Sibilância (chiado); ❖ Sensação de aperto no peito; ❖ Recorrência de sintomas; ❖ Faixa etária; ❖ Antecedente ou história familiar de atopia; ❖ Ausculta pulmonar; ❖ Testes alérgicos; ❖ Rx de tórax; ❖ Espirometria; ❖ Teste de broncoprovocação. Diagnóstico funcional: ❖ Espirometria: exame realizado em maiores de 6 anos (VEF1 < 80% previsto, VEF1 / CVF < 90% previsto e FEF 25 - 75 baixo); ❖ Pico de fluxo respiratório (PFE); ❖ Provocação bronquial com metacolina ou exercício quando se suspeita de asma com a função pulmonar normal; ❖ No lactente pode ser realizado, mas com maior dificuldade operacional (pletismografia). Diagnóstico radiológico: ❖ Rx de tórax PA e perfil: sinais de hiperinsuflação pulmonar; ❖ Espessamento peribrônquico; ❖ Retificação de arcos costais; ❖ Retificação diafragmática; ❖ Alongamento da silhueta cardíaca; ❖ Aumento do diâmetro ântero-posterior do tórax; ❖ Complicações vistas ao Rx: pneumotórax, pneumomediastino, atelectasias e pneumonia). Diagnóstico de atopia: ❖ Teste cutâneos (prick-test); ❖ IgE total; ❖ IgE específica para aeroalérgenos (ácaros, fungos e epitélios, pólens) - immunocap. Diagnósticos diferenciais: Multimorbidades da asma / doenças associadas: ❖ Rinite alérgica / rinossinusite; ❖ Obesidade; ❖ Doença do refluxo gastroesofágico; ❖ Disfunção das cordas vocais; ❖ Apneia obstrutiva do sono (SAHOS); ❖ Desordens psicológicas; ❖ Aspergilose broncopulmonar alérgica (ABPA), sensibilização à aspirina. Tratamento das exacerbações de asma: ❖ Avaliarinicialmente o paciente: fatores de risco / gravidade da crise; ❖ Reavaliar em 1h: manter SABA. Indicações de internação em UTI: ❖ Parada cardiorrespiratória; ❖ Manutenção ou intensificação da hipoxemia; ❖ Hipercapnia; ❖ Acidose; ❖ Exaustão, respiração paradoxal; ❖ Alteração da consciência: sonolência, confusão mental; ❖ Persistência do PFE < 30%.
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