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Pediatria 1 � Pediatria Bibliografia: Nelson e Fonseca lima Aula 01 - Febre sem sinais localizatórios Febre com menos de sete dias e sem causa estabelecida É diferente de febre prolongada de origem obscura, pois essa tem duração minima de 3 semanas e mesmo com exames realizados não consegue identificar a causa 25% das consultas são com queixa de febre. Geralmente é uma doença infecciosa benigna, mas que pode se desenvolver para grave (Itú, pneumonia, meningite, celulite) Criança com queixa de febre, não se deve esperar 7 dias para ir à consulta pois pode evoluir rapidamente Critérios de avaliação para complicação para doença bacteriana grave Criança de ate 3 anos tem maior chance de complicar. Dessas, são divididas em: RN (menor que 30 dias), lactentes (30 a 90 dias) e crianças (3-36meses) Pediatria 2 Critérios de Rochester: critérios de baixo risco para infecção bacteriana grave. aplicados para crianças de 30 a 90 dias. São os critérios clínicos: previamente saudável, nascido a termo e sem complicações, sem sinais de toxicidade ao exame físico e sem doença crônica E critérios laboratoriais: contagem de leucócitos entre 5 e 15.000, contagem de bastonetes < 1.500, contagem de < 10 leucócitos por campo no exame de urina e contagem de <5 leucócitos por campo no exame de fezes nas crianças com diarreia. Tem que ter todos os critérios de Rochester pra ser baixo risco. E se não tiver 1, já é alto risco. Bacteremia oculta Hemocultura positiva em criança com febre sem sinal localizatório (FSSL), clinicamente bem e sem infecção localizada Relacionada com a vacinação: Hib e pneumococo Os agentes mais comuns são Streptococcus pneumoniae (70%), Haemophilus influenzae tipo b (20%), Neisseria meningitidis (5%) e Salmonella sp (5%). Podem ocorrer complicações sérias, como pneumonia, meningite, artrite séptica, osteomielite, sepse e morte. Pediatria 3 ITU Principal causa de febre sem sinal localizartório É mais frequente em meninos e menores que 12 meses e meninas menores que 24 meses, devido ao uso de fraldas Circuncisão é um fator de proteção O padrão ouro para diagnóstico é a urocultura por punção Pneumonia Criança com febre, mas não tem taquipneia nem sintoma respiratório - pneumonia oculta (febre sem queixa respiratória) Relacionada a vacinação Meningite Mais comum é o pneumococo Pediatria 4 Vacina do meningococo com 3 e 5 meses e vacina ACWY de 11 a 13 anos pelo SUS Avaliação clinica Busca sinais de toxemia: aumento de FC, FR - tem que estar sem febre para avaliar Avalia estado geral, temperatura e idade Laboratório: leucograma, exame de urina e raio X de tórax Criança com toxemia: investiga sepse (coleta de hemograma completo, hemocultura, sedimento urinário, urocultura e, quando indicado, líquido cefalorraquidiano) e trata com ATB. Se não tiver toxemia, depende da idade. qualquer criança com febre que se apresente com evidências de alteração de perfusão de orgãos com má-perfusão periférica, alteração do estado de consciência, taquipnéia, taquicardia, hipotensão, oligúria ou evidência de coagulopatia deve receber o diagnóstico presuntivo de sepse e ser tratada como tal. Contagem de leucócitos: < 10.000/mm3 taxa de bacteremia de 0,3% > 20.000/mm3 taxa de bacteremia de 8,2% Formas jovens < 3 meses de idade, total de leucócitos < 5.000/mm3 é considerado fator de risco Provas de fase aguda: PCR não se eleva antes de 12 horas. Identificação: >80. Exclusão: <20. Obs: a procalcitonina se eleva mais rápido mas é pouco disponível. identificação: >2. Exclusão: <0.5 Exame de urina: urocultura (padrão ouro). Nitrito positivo quer dizer que tem bacteria, mas negativo não exclui. Leucócito esterase, numero de leucócitos por campo, bacterioscopia, leucocitúria + bacterioscopia RX de tórax: só faz se: tiver aumento da FR ou satO2 < 95% e leucocitose acima de 20.000 O ATB usado é uma cefalosporina de 3 geração (ceftriaxona) Pediatria 5 Escala de Yale: É uma observação clínica que procura identificar crianças com doença bacteriana grave sem sinais de toxemia → composta por 6 itens: qualidade do choro, reação ao estímulo dos pais, cor, estado de hidratação, resposta social e estado de consciência. Para cada item é atribuído 1 ponto se normal, 3 pontos se moderadamente alterado e 5 pontos se gravemente alterado. Escore maior ou igual a 16 indica doença grave, e menor ou igual a 10, baixa probabilidade. Na pratica não usa tanto. Vírus Testes virais : cultura viral (padrão ouro, mas demora muito o resultado então não usa na pratica), teste rápido de detecção de antígeno (boa especificidade, mas tem baixa sensibilidade, então se der negativo não exclui a infecção), imunofluorescencia indireta (é rápido e tem boa especificidade, mas tem baixa Pediatria 6 sensibilidade e necessita de pessoal treinado), rt-pcr (tem bastante sensibilidade e especificidade, mas é complexo e caro) Painel viral (PVR): Adenovírus, influenza, parainfluenza, rhinovírus, VSR, HHV-6, coxsackie, COVID-19 Atualização do fluxograma Aula 02 - Dor abdominal na infância Dor - mecanismo de defesa (desagradável) Pode estar associada a dano tecidual (lesão de órgão - orgânico) ou ser funcional Tem prevalência de ate 20% nas crianças em algum momento da vida Pediatria 7 Classificação Aguda ou crônica Aguda- causa orgânica de curto prazo, associado a algum outro sinal ou sintoma Crônica- mais de 2 meses de duração, pode ser constante ou intermitente, de caracterização indefinida e geralmente benigna Abdome agudo Dor abdominal aguda Frequente na emergência Clínica: acidose metabólica, cetoacidose diabética, pielonefrite aguda, pneumonia, pancreatite, gastrite, porfiria, púrpura O que avaliar? Idade do paciente - avaliar a frequência da doença dentro da faixa etária Exame físico detalhado Observação clinica Exames complementares Sinais de alarme: dor subida ou recidivante, despertar noturno, interrompe brincadeiras, acompanhada de choro, vômitos presentes, sintomas sistêmicos, alterações físicas, evacuações características de melena, enterorragia ou ausência de evacuação Medidas iniciais Estabilização respiratória e circulatória - intervenção cirúrgica imediata em caso de apendicite aguda ou perfuração intestinal Exames laboratoriais e de imagem Pediatria 8 Diagnostico diferencial por faixa etária Apendicite aguda Dor abdominal de origem cirúrgica - mais comum Apresentação clássica: dor periumbilical que migra pra QID, associada a vômitos e febre Pacientes menores de 4 anos: sintomas inespecíficos - de gastroenterite aguda Trauma abdominal Terceira causa de morte na infância A parede abdominal não oferece proteção Fígado e baco localizam-se em posição anterior e baixa (fora da caixa torácica) Diafragma é horizontalizado Bexiga possui uma porção intraabdominal Arcos costais cartilaginoso e elásticos Causas: colisão de veiculo, atropelamento, cinto de segurança, queda de bicicleta Exame físico: busca resistência a palpação abdominal, equimose e escoriações, hematuria, baixa pressão sistólica. Pode-se usar o USG FAST e TC para diagnostico Pediatria 9 Dor abdominal crônica Funcional: dor abdominal que ocorre na ausência de uma causa anatômica, inflamatória ou dano tecidual. Tem exacerbação e redução da dor em cada episódio e tem duração variável. Mesmo depois da avaliação médica, os sintomas não podem ser atribuídos a qualquer outra condição médica Orgânica: quando associada a uma causa anatômica, inflamatória ou dano tecidual. Estão acompanhadas de sintomas ou sinais de alarme. Classificação: História clinica e exame físico: Pediatria 10 DAC funcional Pediatria 11 DAC funcional - síndrome dos vômitos cíclicos Pediatria 12 DAC funcional - nausea e vômito funcional Podem estar associadas a sintomas autonômicos (transpiração, tonturas, palidez, taquicardia) Pediatria 13 DAC funcional - síndrome da ruminação Regurgitação repetitiva,desprovida de esforço acompanhada de reingestão e/ou o ato de cuspir o alimento no prazo de alguns minutos após ter iniciado a alimentação Pediatria 14 Transtorno psiquiátrico causado principalmente por privação social - depressão, ansiedade, transtorno obsessivo compulsivo, estresse pós tarumático Acontece mais com adolescentes do sexo feminino DAC funcional - aerofagia Ingestão de ar excessiva. O gás preenche o lúmen gastrointestinal resultando em eructações excessivas, distenção abdominal, eliminação de flatos e dor Pediatria 15 DAC funcional - dispepsia funcional Anormalidades da função gástrica motora, hipersensibilidade visceral devido a sensibilização central ou periférica Acomodação gástrica prejudicada, determinada pela diminuição da capacidade de relaxamento do estômago, em resposta ao alimento Pediatria 16 DAC funcional - síndrome do intestino irritável Pediatria 17 Transtorno do eixo cérebro/trato digestivo; diarreia ou constipação com dor intensa e estresse psicossocial; distúrbio funcional mais comum; pode haver presença de muco nas fezes Pediatria 18 DAC funcional - enxaqueca abdominal Mecanismos deflagradores: estresse, fadiga, viagem Podem estar associados a sintomas como anorexia, náuseas, vômitos Fatores de alívio: repouso e sono Epidemiologia: acomete mais crianças de 7 a 12 anos, com histórico familiar de enxaqueca Pediatria 19 DAC funcional - dor abdominal funcional inespecífica Não consegue fechar outro diagnostico Pediatria 20 Se diferencia da síndrome do intestino irritável é a ausência de hipersensibilidade retal e alteração das fezes DAC funcional - constipação funcional Pediatria 21 Pediatria 22 DAC funcional - incontinência fecal não retentora Frequência de evacuação e parâmetros de motilidade colônica e anorretal normais Sente vontade mas não consegue segurar Diferenciar de escape fecal Melhor tratamento: terapia comportamental pois tem associação com sintomas psíquicos Pediatria 23 DAC funcional - regurgitação do lactente Retorno involuntário do alimento previamente deglutido para a boa ou para o meio externo Atenção - vômito é definido como um reflexo do sistema nervoso central que envolve a musculatura autonômica e esquelética, no qual o conteúdo do estômago é expelido para a boca em um movimento coordenado do intestino delgado, estômago, esôfago e diafragma Pediatria 24 DAC funcional - cólica do lactente Choro inconsolável, prolongado, após a alimentação, distensão abdominal, flatulência, flexão das pernas, sintomas que não sao necessariamente indicativos de dor ou doença Lactentes de ate 4-5meses de idade sem sinais de alteração do sistema nervoso central ou do desenvolvimento, com exame físico normal e bom ganho pôndero- estatural DAC orgânica Sinais de alerta Pediatria 25 Causas Pediatria 26 DAC orgânica - esofagite de refluxo Dor - processo inflamatório mucoso secundário à exposição ácida ou alcalina continua - contrações esofágicas descoordenadas durante a ingestão Dor em queimação, localizada em abdome superior ou retroesternal Pode estar associada a regurgitação ou vômito, eructações ou soluços excessivos, sintomas otorrinolaringológicos, sintomas respiratórios EDA - hematêmese, melena, disfagia, odinofagia, perda de peso, aversão alimentar e anemia ferropriva inexplicado ou refratários ao tratamento empírico Pediatria 27 Gastrite, duodenite e ulcera péptica Lesão da mucosa do estômago ou do duodeno Dor em abdome superior ou periumbilical no caso de crianças menores Pode ter sintomas associados Úlcera péptica: infecção H. Pylori Intolerância a lactose Redução da enzima lactase Dor abdominal tipo cólica, distensão abdominal, flatulência ou diarreia após ingestão de lactose Geralmente se inicia na fase pré escolar Secundária - infecção, alergia alimentar, doença celíaca Doença inflamatória intestinal A clínica depende do local e extensão do acometimento inflamatório Apresentações: colite indeterminada; retrocolite ulcerativa (perda de peso, sangramento retal, diarreia com muco e dor abdominal tipo cólica. Envolve reto e áreas próximas e tem acometimento contínuo, atingindo mucosa e submucosa); doença de Crohn (insidiosa, dor abdominal, diarreia, perda de peso, mais comum manifestações extraintestinais. Ocorre em qualquer porção do trato gastrointestinal de maneira salteada, com inflamação transmural, podendo apresentar fístulas, úlceras, granulomas e vasculites Doença celíaca Doença sistêmica imunomediada, induzida por gluten (autoanticorpos específicos). Cursa com diarreia, alterações de crescimento, anemia e distensão abdominal. É comum apresentar manifestações extraintestinais (dermatológicas, endócrinas, hematológicas, hepática, renal, neurológica e etc). Pediatria 28 O diagnóstico é feito com a dosagem de igA antitransglutaminase humana e antiendomísio Abordagem da dor abdominal crônica Depende da hipótese diagnostica Causa orgânica: especifico para cada doença, tratamento individualizado. Importante assegurar ao paciente e a familia à benignidade do quadro -Abordagem dietética: evitar carboidratos fermentáveis não absorvíveis (FODMAPs); sensibilidade ao glúten não celíaca; aditivos alimentares; em caso de DAC associada à distensão abdominal e diarreia - retirada de lactose pode ser considerada. Em caso de dispepsia funcional - cafeina, picantes e gordurosos devem ser evitados -Terapia farmacológica: manipulação do microbioma intestinal é um potencial alvo terapêutico (lactobacilos); anticolinérgicos (escopolamina/buscopam) - não devem ser usados para dor abdominal aguda. Para dor crônica, usa-se os antidepressivos que agem diminuindo o trânsito intestinal, tratando a depressão, melhorando o sono e induzindo analgesia. Para casos de enxaqueca abdominal, usa ciproheptadina, amitriptilina, propanolol e etc. para dispepsia funcional, usa-se bloqueio ácido com antagonista dos receptores de histamina (H2) ou inibidores da bomba de prótons -abordagem psicológica: boa relação médico-paciente-família, fatores psicológicos, terapias (suporte familiar, terapia cognitivo comportamental (TCC) e psicoterapia Aula 3 - Parasitoses intestinais Está relacionada a questões socioeconômicas, estando mais aumentada em países subdesenvolvidos e com condições precárias de moradia e saneamento básico É mais prevalente também em areas tropicais e subtropicais Há necessidade de intervenção preventiva Classificação Pediatria 29 Protozoários: E.coli, Entamoeba histolytica (amebíase), Giárdia lamblia (giardíase) Helmintos: -Nematelminto: Ascaris Lumbricoides - lombriga, Tricuris Trichiura - tricuríase, Ancylostoma - ancilostomose, Enterobius vermiculares - ociúrus -platelmintos: Taenia sollium ou saginata - teníase Amebíase Entamoeba Histolystica: causa a destruição do tecido e da mucosa do intestino, fazendo uma lesão do tipo “botão de camisa” Pode ser assintomática ou cursar com diarreia líquidas com sangue e muco, tenesmo, náuseas, vômitos, flatulência e dor abdominal Ciclo: ingestão de água ou alimentos contaminados com os cistos. No tubo digestivo, as amebas se desenvolvem e viram trofozoítos que se reproduzem e contaminam o meio Pediatria 30 1- amebíase intestinal: colite não disentérica (cólicas abdominais, períodos de diarreia com fezes líquidas raramente com muco ou sangue, intercalando com períodos assintomáticos); colite disentérica (disenteria amebiana, geralmente após 1 mês, inicia- se a febre moderada, distensão abdominal, flatulência, cólicas abdominais difusas ou na fossa ilíaca direita, disenteria com mais de 10 evacuações mucossanguinolentas por dia, tenesmo, distúrbios hidroeletrolíticos e desnutrição energético-proteica); colite necrosante (quando ocorre perfuração, invasão do protozoário se estende para camadas mais profundas de parede do cólon e tem alta mortalidade. Nos imunossuprimidos é fulminante e cursa com febrealta, fáceis de toxemia, sinais de choque hipovolêmico, sinais de peritonite, diarreia profusa sanguinolenta e com odor de ovo podre, além de leucocitose e distúrbios metabólicos); ameboma (formação de granuloma na mucosa no ceco, cólon ou anorretal, com edema e estreitamento do lúmen. Alterna entre momentos de diarreia e constipação). Pediatria 31 2- amebíase extra-intestinal: disseminação de trofozoítos para região hepática, gerando abcesso hepático amebiano que pode complicar com infecção bacteriana secundária, ruptura para a cavidade abdominal pulmão, pleura ou pericárdio Giardíase É prevalente na infância e provavelmente gera uma imunidade após várias exposições O leite materno é um fator de proteção Ciclo: ingestão dos cistos nos alimentos contaminados, chega no intestino e o trofozoíto se reproduz e adere-se a mucosa, causando repercussões intestinais. São liberados pelas fezes e contaminam ciclicamente o meio Pediatria 32 Alterações intestinais: atapetamento da mucosa duodenal com formação de barreira mecânica, atrofia vilositária de vários graus no intestino delgado, associada a infiltrado inflamatório e hipertrofia de criptas, lesões na estrutura do enterócito, invasão da mucosa, sobressaimento bacteriano no intestino delgado, desconjugação de ácidos biliares, diminuição das atividades das dissacaridases (má absorção de açucares, gorduras, vitamina A,D,E,K,B12, ácido fólico e ferro. Podem ser assintomáticos, mas quando sintomáticos cursam com diarreia aguda autolimitada ou crônica com nauseas, vômitos, distensão abdominal difusa ou epigástrica, flatulência e anorexia. Isso pode gerar a síndrome de má absorção: diarreia crônica esteatorreica ou constipação, perda de peso, parada de crescimento, desnutrição proteico-energética, má absorção secundaria de lactose, enteropatia perdedora de proteínas, edema, hipoproteinemia, deficiência de ferro, zinco, vitamina B12, ácido fólico, vitamina A e E. Ascaridíase Grande prevalência dos ascaris lumbricoides (forma infectante). Os ovos são infectantes em 5 a 10 dias e a fêmea vive de 1 a 2 anos. A contaminação é por água, alimentos e mãos contaminadas Faz ciclo pulmonar: tem sintomas semelhantes aos da asma ou pneumonia intersticial. A síndrome de lofller ocorre quando há presença de achados pulmonares + insuficiência respiratória + febre, cefaleia e astenia + eosinofilia ao leucograma O quadro clinico é variável a depender do numero de parasitas com sintomas predominantemente digestivos. Complicações: síndrome de lofller, ação espoliadora (pois compete pela absorção de nutrientes), obstrução intestinal devido ao bolo de áscaris, migração de áscaris (para o apêndice, pancreas, vesícula, fígado e causar a inflamação desse local) Ciclo: ingestão dos cistos que no intestino se transformam em larva e atravessam a mucosa, chegando na via hematogênica. Através dessa via, ele se instala nos alvéolos e cresce. Depois vai para traqueia e é deglutida, chegando novamente no intestino onde ocorre a liberação de mais ovos e recomeça o ciclo. Pediatria 33 Ancilostomíase Causada pelo ancylostoma duodenale e Necator americanus A transmissão é por via percutânea (lesões na mucosa da pele → via hematogênica), ingestão de água e alimentos contaminados Dermatite larvária: prurido, eritema, edema, erupção papulovesicular durante até duas semanas → ocorre devido a entrada do parasito pela pele Pneumonite larvária: menos intensa do que na infecção por ascaris, não faz síndrome de lofller. Parasitismo intestinal: aguda (dor epigástrica, náuseas, vômitos, anorexia ou bulimia, flatulência ou diarreia); crônica (anemia hipocrômica e microcítica, anorexia, fraqueza, cefaleia, palpitações, sopro cardíaco, hipoproteinemia e edema) Ciclo: invade a corrente sanguínea e se desenvolve na parte pulmonar. Por meio da tosse eles são deglutidos e se transformam em vermes adultos. Possuem dentes para fixação de mucosa no intestino. Pediatria 34 Estrongiloidíase Causada pelo strongyloides stercoralis infecção pode ser por: Autoinfecção e invasão maciça pelo hospedeiro (imunodeprimidos e desnutridos) A transmissão é pela penetração cutânea Pediatria 35 Faz ciclo pulmonar, logo, pode fazer a síndrome de loffler Penetração na mucosa intestinal (fêmeas) → liberação dos ovos Autoinfecção e liberação no solo Ciclo: autoinfecção (penetração cutânea) → a larva chega ao intestino e libera os ovos que vao eclodir no intestino e evoluir Pediatria 36 Pediatria 37 Quadro clínico: assintomático, oligossintomatico ou com formas graves. Pode ocorrer dermatite larvária nos pés, mãos, nádegas e região anorretal. Ocorre também pneumonite larvária. Os vermes ficam localizados nas criptas do intestino delgado proximal, causando anorexia, náuseas, vômitos, distensão abdominal, dor em cólica ou queimação, muitas vezes no epigástrio. A síndrome de má absorção também ocorre comumente, causando diarreia secretora ou esteatorreica e desnutrição energético- proteica com duração de semanas ou meses. Pacientes que recebem corticoesteroides ou imunodeprimidos a estrongiloidiase é disseminada e grave, resultando em alta mortalidade Pediatria 38 Tricuríase Causada pelo Trichuris trichiuria, é a secunda causa mais comum, impulsionada pelas precárias condições de saúde e educação sanitária A transmissão é pela contaminação de mãos, alimentos e água pelos insetos, principalmente pelas moscas O quadro clinico depende da idade do hospedeiro e da carga parasitária, podendo ser assintomática ou naqueles com carga parasitária pequena pode causar desconforto, distensão abdominal, diarreia leve e nauseas. Se a carga parasitária for moderada, cursa com colite crônica, dor abdominal, diarreia e perda de peso. Em infecções maciças, cursa com diarreia sanguinolenta, com muco e pus, anorexia, perda de peso, dor epigástrica, vômitos, tenesmo, prolapso retal e anemia Ciclo: ingestão dos alimentos contaminados com os ovos, que chegam no intestino e liberam as larvas Pediatria 39 Oxiuríase Causada pelos enterobius vermiculares, é muito frequente na infância A transmissão é pelas roupas, mãos e unhas e poeira doméstica. Ciclo: ingestão dos ovos, evolução no intestino que migram para a região cecal Pediatria 40 Quadro clinico: migração parva oviposição (sai do ceco, para o reto) → causa intenso prurido anal à noite e insônia. Inflamação superficial na música colônica → causa náusea, cólica abdominal, tenesmo e puxo. Nas meninas, se houver migração para a região genital, cursa com intenso prurido vulvar, corrimento, estimulação erótica e ate complicações de anexos caso esse parasite adentre pelo canal vaginal Pediatria 41 Teníase Pode ser causada pela taenia saginata (boi) e taenia sollium (porco). As tênias são proglote e hermafroditas → seus ovos são liberados na porção final Autoinfecção interna (refluxo) e externa (mãos) Ciclo: a vaca e o porco infectados tem a presença da taenia em sua carne, quando o individuo come a carne, se infecta. O quadro clínico pode ser assintomático ou cursar com fadiga, irritação, cefaleia, tontura, bulimia, anorexia, nauseas, vômitos, dor abdominal, perda de peso, diarreia ou constipação, urticaria, eosinofilia moderada ou intensa, sub-oclusão intestinal, apendicite, colangite ou pancreatite. Esses sintomas são mais comuns para a taenia saginata. Já para a taenia sollium, o humano como hospedeiro intermediário tem as Pediatria 42 proglotes no estômago que refluem e liberam seus ovos. Estes liberam o embrião que faz a migração por via circulatória e chega ate os tecidos, inclusive o cérebro, causando a neurocisticercose. Esquistossomose Causada pelo schistosoma mansoni Tem a fase assexuada que ocorre no hospedeiro intermediário (caramujo) e a fase sexuais que ocorre no hospedeiro definitivo (homem). A transmissão pode ser oral, sendo que no caramujo a evolução é de miracídio para cercária que invadem crustáceos e fazemosa ingestão desses crustáceos. Ou pode ser pela via cutânea, onde eles penetram na pele e chegam no sistema porta-hepático O quadro clínico de forma aguda é geralmente assintomático enquanto a forma crônica vai se revelar de 5 a 10 anos depois, hepatosinusal e hepatoesplênica Ciclo: Pediatria 43 Diagnóstico laboratorial Parasitológico de fezes por sedimentação: Coleta as fezes em dias alternados por pelo menos 3 vezes Lâmina direta para giárdia, se suspeita Screening fecal Hemograma: pode ter eosinofilia Pediatria 44 Agentes antiparasitários na pediatria 1- Mebendazol: absorção insignificante, contra indicado durante a lactação 2- Albendazol: não deve ser administrada em menores de 2 anos 3- Tiabendazol: não é larvicida, é contraindicado durante a lactação e não deve ser administrado para menores de 5 anos 4- Pamoato de pirvínio: não absorvível, usado para oxiuríase 5- Ivermectina: paralisia tônica da musculatura periférica dos nematóides, pode agravar sintomas em pacientes asmáticos e é usado para crianças acima de 15kg 6- Niclosamida: opção para os lactentes, usado para teníase Pediatria 45 7- Metronidazol: destruição da cadeia de DNA ou inibição da sua síntese, contra- indicados na lactação ou em pacientes com doença neurológica e portadores de doenças sanguíneas 8- Secnidazol: contra-indicado para pacientes que usam anticoagulantes orais, pacientes com antecedentes com doença neurológica e doenças sanguíneas Helmintos Pediatria 46 Protozoários Pediatria 47 Prevenção Pediatria 48 Melhores condições de vida, sanitárias, de moradia, educação e etc Vermifugação periódica → 6 a 12 meses a depender da prevalência, segundo a OMS Divide-se em grupos de risco. Os grupos de alto risco como pré-escolar e escolar, mulheres em idade reprodutiva e adultos com ocupações de alto risco fazem a vermifugação 2x por ano. Os outros grupos fazem 1x por ano ou conduta individualizada. Usa o albendazol 400mg-dose única ou o mebendazol 500mg-dose única Aula 4 - Diarreia Diarreia: 3 ou mais evacuações de consistência diminuída ou pelo menos uma evacuação contendo sangue visível num período de 24 horas Aguda: limitada a 14 dias Persistente: entre 14 e 30 dias Crônica: acima de 30 dias Diarreia aguda 2,5 bilhões de casos de diarreia entre crianças menores de 5 anos por ano Desidratação é a principal causa de mortalidade, mas tem reduzido essas taxas Causas infecciosas: virus, bactérias, protozoários Causas não infecciosas: alergias, intolerâncias, medicamentos, erros alimentares Etiologia bacteriana: Pediatria 49 Transmissão: ingestão de carne mal cozida e alimentos contaminados Pediatria 50 Barreia de defesa do organismo: PH ácido gástrico, flora bacteriana comensal, peristaltismo intestinal, mudinhas presentes na camada de muco que reveste a superfície luminal dos enterocitos, fatores antimicrobianos (lisozimas e lactoferrina), sistema imune entérico). Mecanismos: Diarreia osmótica Pediatria 51 Diarreia secretora Pediatria 52 Diarreia inflamatória Pediatria 53 Complicações: desidratação devido a um distúrbio hidroeletrolítico e ácido básico que leva ao choque hipovolêmico e morte, principalmente em crianças menores de 1 ano Diagnóstico clínico + anamnese e exame físico detalhado Estadiamento da desidratação Pediatria 54 Precisa ter 2 critérios para se classificar na categoria Tratamento: terapia de reidratação Pode fazer 10ml por kg Pediatria 55 Pediatria 56 Pediatria 57 Usa droga vasoativa se continuar a má perfusão Tratamento medicamentoso: zinco (20mg por dia se > 6 meses e 10mg por dia se < 6 meses, durante 10 dias); vitamina A (diarreia persistente), antieméticos (se ja tinha antes da diarreia), probióticos, antiperistálticos (não usa), antidiarreico (rececadotrila - aumenta a absorção intestinal de água), antibiótico (diarreia com sangue, imunodeprimidos, lactentes jovens, menores de 4 meses) Prevenção: aleitamento materno exclusivo durante os primeiros 6 meses, alimentação complementar adequada, água tratada, alimentos bem preparados, habito de lavar as mãos, vacinação (rotarix/ rotateq e sarampo) A desnutrição grave pode causar hiponatremia enquanto reposição de volume pode causar hipocalemia Uso de probióticos COVID-19 e manifestações gastrointestinais 10% das crianças apresentam. Sobretudo a diarreia, dor abdominal, nauseas, vômitos. Pediatria 58 A infecção viral aumenta a permeabilidade intestinal por dano tecidual, gerando uma resposta inflamatória intestinal que causa a diarreia Não se sabe se existe transmissão fecal-oral do covid EXERCÍCIO Caso 1: Pediatria 59 1- plano B de reidratação → 50 a 100 ml/kg num período de 4 a 6 horas. Mas a questão pede pelo peso: De acordo com a perda de peso: até 5% → desidratação leve → 50ml/kg. De 5 a 10% → desidratação moderada → 50 a 100 ml/kg. Acima de 10% → desidratação grave → mais que 100ml/kg. O paciente saiu de 11,4 e foi para 10,1 → redução: 1,3 (11%). Então ele vai repor +100ml/kg. → mais que 1.010 ml 2- paciente menor que 5 anos: Fase rápida → soro fisiológico 0,9% → 20ml/kg. → 202 ml em 30 min (até 3x) Manutenção: soro glicosado 5% + soro fisiológico 0,9% (4:1) → 100ml/kg. → 10 kg = 100 ml e 0,1 kg x 50 ml (5ml) → 1.005 ml em 24 horas. Sendo que o soro glicosado vai ser 1005 x4/5 = 804 ml e o soro fisiológico vai ser 1005x1/5 = 201ml. Obs: KCL (2ml a cada 100ml) → 20 ml de KCL Reposição: soro glicosado 5% + soro fisiológico 0,9% (1:1) → 50ml/kg. → 505 ml em 24 horas 3- paciente de 1 a 10 anos → 100 a 200 ml por dia Caso 2: 1- paciente com desidratação grave → plano C de reidratação. Saiu de 25,6 e foi para 21,8 → redução de 3,8 (14,8%). Então vai repor +100ml/kg. → mais que 2.180 ml 2- paciente maior que 5 anos: Fase rápida → 654 ml de soro fisiológico 0,9% em 30 min + 1526 ml de ringer lactato em 2 horas e 30 min Manutenção: soro glicosado 5% + soro fisiológico 0,9% (4:1) em 24 horas (1500 ml + 20ml/kg de peso que excede 20kg) → 1500 + 20x1,8 = 1536 ml. Sendo que de soro Pediatria 60 glicosado é 1536x4/5 = 1.228, 8 e de soro fisiológico é 1536x1/5= 307,2. Obs: KCL (2ml a cada 100ml) → 2x1536/100= 30,7 ml Reposição: 1090 ml de soro fisiológico e glicosado em mesma proporção (metade metade) durante 24 horas 3- paciente entre 1 e 10 anos → 100 a 200 ml Aula 5 - Anemia falciforme Conceito: doença autossômica recessiva, onde ocorre síntese de hemoglobina anômala HbS. A forma heterozigoto é chamada de traço falciforme (HbAS) e a homozigoto de anemia falciforme (HbSS). A doença ocorre também nas formas HbS, HbSC, HbSD e S-beta talassemia. Fisiopatologia: HbS provoca a distorção dos eritrócitos → forma de foice → altera a função Pediatria 61 Epidemiologia: 4% da população brasileira tem o traço falciforme. 2.500/ano das crianças são portadoras de doença falciforme Triagem neonatal + acompanhamento especializado → redução de 80% da mortalidade Diagnóstico: teste do pezinho positivo → faz a eletroforese de hemoglobina associado à dosagem de Hb fetal e diagnostico laboratorial completo com hemograma e estudo familiar. Devem ser reavaliados laboratorialmente após o sexto mês de vidas. Se o paciente fez transfusão sanguínea, faz nova coleta de sangue três meses após a última transfusão Triagem neonatal → cromatografia líquida de alta precisão. HbA > 50% → doença falciforme; HbS <50% → traço falciforme. FAS → traço falciforme; FS, FSC, FSD → doença falciforme; FA → sem doença falciforme Crise de dor Avaliação dos fatores de risco: febre e letargia, dor abdominal, dor no tórax, cefaléia, edema articular agudo, dor que não melhora com medidas de rotina (repouso, analgésicos comuns, líquidos), dor em região lombar que sugere pielonefrite Dor leve: analgésicos, aumentar a ingesta hídrica e passar por reavaliação no dia seguinte. Exame físico deve afastar complicações. Se tiver dor abdominal aguda: internadosdevem ser submetidos a uma avaliação pela equipe de cirurgia e investigação laboratorial: faz hemograma com contagem de reticulócitos. Se tiver febre faz orientação especifica. Se tiver sintomas respiratórios faz orientação especifica. Se tiver suspeita de osteomielite ou artrite, faz radiografia da área e cintilografia, punção aspirativa, cultura de material e avaliação com o ortopedista. Se tiver dor lombar, faz exame de urina e urocultura com antibiograma Avaliação do nível de dor: nível 1 (1-3), nível 2 (3-6), nível 3 (6-10). Usa a escala com as carinhas Conduta: monitoriza a dor até o desaparecimento dos sintomas, prevenção de mudanças bruscas de temperatura, sempre estimular a ingesta de líquidos, aquecimento das articulações quando estas estiverem acometidas Crise vaso oclusiva dolorosa Pediatria 62 Mais frequente. Geralmente é a primeira manifestação (dactilite ou síndrome mão-pé). Dano tecidual isquêmico secundário à obstrução do fluxo sanguíneo pelas hemácias falciforme. Hipoxia regional e acidose. Duram normalmente de 4 a 6 dias e tem como fatores predisponente a hipóxia, infecção, febre, acidose, desidratação e exposição ao frio extremo Dor mais severa nas extremidades, no abdome e nas costas: Nas extremidades pode ser de maneira simétrica ou não, pode ser migratória, com eventual presença de sinais inflamatórios. Deve estar atento para afastar diagnósticos diferenciais como osteomielite, artrite séptica, sinovite e febre reumática. Já na dor abdominal pode simular abdome agudo cirúrgico ou infeccioso, lembrar das pneumonias. Fatores de risco: febre >38º, desidratação, palidez, vômitos recorrentes, aumento de volume articular, dor abdominal, sintomas pulmonares agudos, sintomas neurológicos, priapismo, não se resolvem com analgésicos comuns Tratamento: identificar fatores preciptantes e eliminá-los, repouso do membro acometido, hidratação e analgesia Febre Indício de infecção, e é a principal causa de morte nos primeiros 5 anos. Tem risco de septicemia ou de meningite dos streptococcus pneumoniae. Pneumonias, infecções renais e osteomielite tem alta frequência. Existe um protocolo específico para pacientes esplenectomizados Protocolo de febre para crianças com menos de 5 anos: no exame físico avalia desconforto respiratório, icterícia, sepse ou meningite, esplenomegalia, dor óssea, sinais neurológicos de infarto cerebral. Além disso, solicita exames como hemograma com contagem de reticulócitos, hemocultura, urocultura, coprocultura (diarreia), radiografia de tórax, sorologia para mycoplasma pneumoniae, punção lombar (<1 ano, sinais mínimos sugestivos de meningite, toxemia), radiografia de esqueleto com cintilografia (aspiração do local para cultura), USG de abdome (dor abdominal intensa) Tratamento: para menores de 3 anos com temperatura >38,3º faz internamento e antibioticoterapia venosa pelo elevado risco de bacteremia. As principais bactérias são: streptococcus pneumoniae, salmonella, e. Coli, s. Aureus. Por isso faz ceftriaxona via parenteral ja na sala de emergência. Pediatria 63 Se existir forte suspeita de osteomielite faz cobertura para staphylococcus aureus e salmonella sp (cefuroxima). Monitora oximetria para avaliar a síndrome torácica aguda. Se não for detectada nenhuma etiologia, os antibióticos são mantidos por 72 horas e suspensos caso as hemocultura sejam negativas. Após 72 horas com ATB oral, o paciente deve estar afebril, sem toxemia e com nível de Hb seguro. Imunização: os processos vaso-oclusivos no baço podem causar asplenia funcional, ou seja, significativa redução na capacidade imunológica para combater as infecções. Por isso, pacientes com anemia falciforme tem um programa de vacinação especial Vacinação: eles fazem parte do programa nacional de imunização → BCG, hepatite B, DTP, polio, anti-Hib, tríplice viral. Faz também a vacinação contra o streptococcus pneumoniae, heptavalente (DTP, Hib, polio, hepatite B, meningo C) três doses aos 2, 4 e 6 meses e um reforço aos 15 meses, faz também a pneumo23 (uma dose aos 2 anos e reforço aos 3 anos), faz a antigripal anualmente e faz a antimeningocócica. Além disso, eles fazem a profilaxia com penicilina G benzatina ou penicilina via oral dos 3 meses até os 5 anos. A penicilina VO é feita para os lactentes (3 meses a 2 anos) na dose de 200.000UI, 2x ao dia e para os pré escolares (2 anos a 5 anos) na dose de 400.000UI, 2x ao dia. Já a penicilina G benzatina é feita na dose de 300.000UI a cada 28 dias para os lactentes e 600.000UI a cada 28 dias para os pré escolares. Para os pacientes alérgicos a penicilina, faz a eritromicina. Crise de sequestro esplênico Aumento súbito do volume esplênico + queda nos níveis de Hb de pelo menos 2g/dl em relação ao valor basal + reticulocitose Ocorre em até 30% das crianças, sendo mais frequente em pacientes SS homozigotos e o mecanismo de ação ainda não é bem determinado, mas provavelmente está associado às infecções. É a secunda causa de morte dessa doença e prevalece a partir dos 2 meses de idade até os 3 anos. Quadro clínico: aumento do baço, queda importante da hemoglobina até valores inferiores a 5G/dl, sinais de descompensação hemodinâmica, choque hipovolêmico em poucas horas ou minutos. Tratamento: rápida correção da hipovolemia com transfusão de hemácias para aumentar a Hb para 9 a 10g/dl e orientar a familia quanto à palpação do baço para diagnóstico precoce do aumento súbito desde e socorro imediato Pediatria 64 Crise aplástica Não é muito frequente, ocorrem após processos infecciosos, geralmente são autolimitadas e tem duração de 7 a 10 dias. Quando são severas, são devido a infecção pelo parvovírus B19 Sintomas: anemias aguda sem aumento esplênico. A principal diferença laboratorial com sequestro esplênico é a presenca de reticulocitopenia na crise aplástica e reticulocitose na de sequestro Tratamento: é sintomático, com transfusões de concentrado de hemácias e monitorização do estado hemodinâmico Síndrome torácica aguda Quando tiver um dos sintomas: febre, taquipneia, dispnéia, tosse, dor torácica, hipoxemia, novo infiltrado pulmonar à radiografia, sibilância Se tiver historia previa de asma, tem maior chance de recorrência da síndrome então faz a hospitalização Avaliação inicial: pede hemograma com contagem de reticulócitos, hemocultura, gasometria arterial (se saturação de O2 <96% ou decréscimo de 25% do valor basal), tipagem sanguínea ABO e Rh, raio X de tórax, sorologia para Mycoplasma pneumoniae, USG de tórax, cintilografia pulmonar Tratamento: oxigenoterapia (manter a saturação de O2 >92%), analgesia (sedação e depressão respiratória), antibioticoterapia venosa (pneumococo, haemophilus, staphylococcus, salmonella, klebisiella, chlamydia e mycoplasma) usa cefalosporinas de segunda ou terceira geração (ceftriaxona) e associar com eritromicina. Se tiver histórico de asma ou sibilância → associa com broncodilatador. Faz também um tratamento de suporte com fisioterapia respiratória e monitorização do paciente Vasculopatia cerebral Etiologia ainda não está bem esclarescida, mas há inflamação e adesão anormal das hemácias calcinadas e leucócitos, estado de hipercoagulabulidade, lesão vascular Pediatria 65 (hiperplasia da íntima de grandes vasos com progressiva estenose das grandes artérias cerebrais), oclusão e microcirculação cerebral (oclusão ou estenose) Complicações: AVE, infarto cerebral, déficit cognitivo e cefaleia aguda e crônica AVE: alto risco de ocorrer, incidência de 11% nos portadores de anemia falciforme. Com a triagem pela angioTC ocorre redução dessa incidência. O genótipos HBSC tem um risco maior. O AVE isquêmico é mais comum em crianças que o hemorrágico. O risco maior de ocorrer é nos primeiros 2 ou 3 anos após o evento inicial. Sintomas: geralmente focais → hemiparesia, hemiplegia, deficiência do campo visual, afasia, paralisia de nervos cranianos. Ou generalizados → convulsão e coma Evolução: a recuperaçãopode ser completa, mas pode ocorrer dano intelectual, sequelas neurológicas graves e morte Diagnóstico diferencial: meningite (febre, cefaleia) ou menores de 2 anos com febre e crise convulsiva Tratamento: internamento, transfusão simples ou com troca. Reduzir a porcentagem de HbS para 30 a 50%. Faz avaliação laboratorial: hemograma, contagem de reticulócitos, %HbS, tipagem sanguínea ABO e Rh, TTPA, função renal, hepática e eletrólitos. Faz as medidas de suporte e os exames de imagem: RM de crânio ou tomografia nas primeiras 6 horas após estabilização do paciente. Encaminha para acompanhamento com o hematologista e neurologista pediátrico. Após a regressão do quadro agudo, mantém o paciente em regime crônico de transfusões para manter a concentração de HbS <30% Infarto silencioso cerebral Mais comum em crianças, principalmente em lactentes e pré-escolares. Os fatores de risco são: sexo masculino, hemoglobina basal baixa, hipertensão relativa, convulsões prévias, evidência de doença cerebrovascular Cefaleia Cefaleia aguda: habitualmente estão associadas a situações que requerem conduta médica imediata. Ex: AVE hemorrágico, isquêmico, trombose de seios venosos Cefaleia crônica ou recorrente: hipoxemia crônica ou vasculopatia cerebral Pediatria 66 Priapismo Ereção dolorosa e prolongada do pênis, não acompanhada de desejo sexual ou estímulo sexual, que persiste por mais de quatro horas. É uma urgência urológica pois pode causar disfunção erétil permanente. Tem dois tipos: alto fluxo (não isquêmico) e baixo fluxo (isquêmico, mais comum) Classificação: rápido ou menor (episódios isolados e infrequentes com duração < 3 horas); recorrente (múltiplos episódios, cada um com duração < 3 horas, varias vezes por semana, por um período superior a 4 semanas) e prolongado ou maior (episódio prolongado, com duração > 3 horas. Diagnóstico diferencial: pós-traumático, infecções, neoplasias, uso de medicamentos, iatrogenia, idiopático Tratamento: se for inicial (máximo de 2 horas) o tratamento pode ser feito a nível ambulatorial com analgesia, aumento da ingesta hídrica, estímulo à realização de exercícios físicos como caminhada e micção, e banhos mornos Transfusões sanguíneas Transfusão de concentrado de hemácias (CH) em situações especiais com o objetivo de aumentar a capacidade de transporte de oxigênio para os tecidos, diminuir o número de hemácias falcizadas e reduzir a eritropoese. Faz de 10 a 15ml/kg de concentrado de hemácias filtradas e fenotipadas (aloimunização). A hiperviscosidade deve ser evitada (<10g/dl). Deve-se sempre solicitar a hemoglobina pré e pós transfusional Terapêutica intermitente → anemia sintomáticos aguda, crise aplásica, sequestro esplênico, acidente vascular encefálico síndrome torácica aguda, insuficiência de múltiplos órgãos, infecção grave com anemia sintomática, cirurgia com anestesia geral, cirurgia oftalmológica Profilática/crônica → prevenção da recorrência de AVE em crianças, prevenção primaria do AVE, insuficiência renal grave, hipertensão pulmonar grave e não responsive ao tratamento com hidroxiureia Indicações controvérsas → episódios frequentes de dor (crise aguda), recorrência de STA, prevenção da hipertensão pulmonar, priapismo Pediatria 67 Anemia falciforme e COVID-19 Predispõe a síndrome torácica aguda (STA) → aumenta a taxa de internação hospitalar e uso de ventilação mecânica Apresentação mais grave em pacientes com hipertensão pulmonar ou doença Aumento da hipóxia, desidratação ou acidose → constipação Uso da hidroxiureia pode interferir na imunidade, contudo o beneficio é superior a suspensão A infecção viral pode favorecer a infecção bacteriana secundaria ou infecções virais pulmonares Passado de doença neurológica (AVE) sugere um maior risco → infecção respiratória com hipóxia pode desencadear o AVE Aula 6 - Dores funcionais em membros Epidemiologia Mais frequente de 4 a 10 anos, predomina no sexo feminino. Classificação: orgânica (mecânica, inflamatória, hematológicas, neoplásicas, metabólicas); funcionais (dores de crescimento, fibromialgia, distrofia simpático-reflexa Anamnese Caracterização da dor: localização, intensidade, modo de início, frequência, duração de cada episódio, variação da intensidade ao longo do dia, influencia do repouso e da movimentação no desencadeamento, atenuação e piora da dor, uso de drogas e resposta terapêutica, repercussão sobre as atividades diárias Manifestações sistêmicas: queda do estado geral, palidez, febre, emagrecimento, erupções cutâneas, fraqueza muscular, artrite, adenomegalia, hepatoesplenomegalia, dificuldade de deambulação Envolvimento de outros órgãos e sistemas, historia patológica pregressa, historia familiar Pediatria 68 5 alteracoes muito associadas a dores funcionais: distúrbios emocionais, problemas de adaptação ou relacionamento na esfera familiar ou escolar, perfil psicológico perfeccionista, alto grau de exigência pessoal ou familiar, queixas previas ou concomitantes de cefaleia ou dor abdominal recorrentes Exame físico Aparelho locomotor: postura, marcha, semiologia articular, amplitude de movimentos, sinais inflamatórios Manifestações cutâneas, palpar pulsos periféricos, graduar a forca muscular e reflexos tendinosos PGALS: Pediatria 69 Exames complementares Só em caso de dúvida diagnóstica ou dúvida se é orgânica, pede-se hemograma, provas de atividade inflamatória (VHS, PCR), LDH, radiografia da região Etiologia Fluxograma Pediatria 70 Diagnósticos diferenciais Pediatria 71 Tratamento Restaurar a função do membro e aliviar a dor Dor do crescimento Causa mais comum Teorias: fadiga (o excesso de uso do membro, ao final do dia a região estará cansada ocasionando dor. Sendo uma fugida muscular e esquelética (menor densidade óssea), fatores anatômicos (de 4-10 anos ocorre o período do estirão, ou seja, o crescimento ósseo é mais rápido que o crescimento muscular, causando estiramento do tensão e dor. Uma outra associação seria a de hipermobilidade articular avaliada pela escala de Beighton e a presença de pé plano valgo, geno valgo e escoliose), fatores psicológicos (estresse psicológico gerando sintomas somáticos), vascular (hipótese da diminuição da perfusão vascular esquelética, tem associação com enxaqueca e inicio agudo da Pediatria 72 dor) e hipovitaminose D (pois esta envolvida no metabolismo ósseo, sendo associada a maiores dores no inverno) Critérios diagnósticos: Característica: intensa, recidivante, dor em MMII (coxas, panturrilha, canela, fossa poplítea), curta duração, resolução espontânea e geralmente é noturna e pode ocorrer despertar noturno. Não tem frequência estabelecida. Pode melhorar com massagem e analgésicos simples Exame físico e exames complementares geralmente são normais Diagnóstico: clínico e de exclusão Diagnóstico diferencial: sinais de alerta → dor localizada, dor articular, dor a palpação, manifestação sistêmica, fraqueza muscular, alteração da marcha, exame físico alterado. Pede exames laboratoriais, radiografia Pediatria 73 Pediatria 74 Tratamento: tratamento da dor, atividade física, calor local, massagens, eliminação de conflitos, benignidade do quadro Distrofia simpático-reflexa Dor persistente de forte intensidade em uma extremidade, dor neuropática, sinais clínicos de disfunção autonômica, rara e subdiagnosticada, sendo mais comum o antecedente de criança perfeccionista e empreendedora, precedido ou agravado por fatores estressantes. Associado a patologias com disfunção autonômica (enxaqueca, sincope e dor abdominal) Característica: dor continua e recusa em mover o membro, edema de limites imprecisos, palidez, hipertermias hipotermia ou hiperestesia. Tem dor no membro, alteração de sensibilidade, edema de extremidade, alteração na temperatura, mas não havia alteração trófica. Pediatria 75 Tratamento: fisioterapia, alivio da dor, psicoterapia, AINES e antidepressivostricíclicos e bloqueios simpáticos nos casos mais resistentes Fibromialgia Predominante no sexo feminino e na adolescência, tem herança familiar e geralmente é secundário a trauma, doenças reumatológicas, hipotireoidismo, doenças sistêmicas, neoplasias, infecções virais crônicas Diagnóstico: dor difusa por mais de 3 meses, a dor pode ser mais central (axial), unilateral ou acima ou abaixo da cintura. Dor nos pontos de gatilho → Comumente tem dor no ponto controle + 11 ou mais outros pontos de gatilho para fechar diagnóstico Exames laboratoriais e de imagem sem alteração Tratamento: exercícios aeróbicos de baixo impacto, psicoterapia e antidepressivos tricíclicos Pediatria 76 Reumatismo psicogênico Comum nos pré-adolescentes e adolescentes, pois está relacionada a conflitos psíquicos e relação familiar Não tem padrão álgico No exame físico: manipulação indolor de regiões extremamente dolorosas, manipulação dolorosa que desaparece com a distração, ausência de fácies de dor Tratamento: atividade física e apoio psicológico Síndrome de hipermobilidade benigna Hipermobilidade articular associada a dor musculoesquelética Diagnóstico: Quadro clinico: dores periarticulares e/ou artralgias e raramente artrites Tratamento: fortalecimento muscular, analgésicos e AINES Aula 7 - Adenomegalias na infância Linfonodos são unidade anatômicas encapsuladas, de estrutura altamente organizada e distribuídas ao longo dos vasos linfáticos. Pediatria 77 Linfonodomegalia é o aumento de um nódulo linfático maior que 10mm em mais de um local anatômico. Epitrocleares >5mm e inguinais >15mm Linfadenite é o aumento no tamanho + sinais de inflamação Os linfonodos aumentam rapidamente na infância, tendo o pico de crescimento no período pré-puberal e depois passa pra involução. Não são palpáveis no período neonatal, pois tem pouca estimulação antigênica. Na infância, a resposta hiperplásica do linfonodo tende a ser mais imediata e intensa do que no adulto. Características de uma enorme gama de patologias em pediatria: processo transitório, auto-limitado que se resolve sem sequelas → doenças do sistema imunológico (infecciosas) manifestação primária de uma patologia grave → doenças neoplásicas As quatro questões: quando apenas observar? Quando medicar com antibióticos e antiinflamatórios? Quando proceder a investigação imediata? Quando biópsia? Epidemiologia: benignos em 80% dos casos, ocorre em 5 a 25% dos recém-nascidos, 30% das crianças nos primeiros seis meses de idade que apresentam adenomegalia nas regiões occipital e cervical, maior incidência entre 4 e 8 anos, cerca de 75% das linfonodomegalias periféricas são localizadas na cabeça e pescoço, a incidência anual das linfonodomegalias inexplicadas é de 0,6% na atenção primária e 1% desses casos estão relacionados a malignidade. Fisiopatologia: mecanismo local ou adjacente → estímulos antigênico → resposta das células dos linfonodos → replicam o estímulo: hipertrofia, ingurgita, edemacia, supura, transformação maligna. Infiltração por células extrínsecas Classificação: Pediatria 78 Localizadas: Pediatria 79 Generalizadas: Neoplásicas: Pediatria 80 Classificação em relação a evolução: Aguda: < duas semanas → pensa em patologias inflamatórias e infecciosas Crônica: > 6 semanas → pensa em neoplasias Caracterização: Adenite satélite → processos inflamatórios, virais ou bacterianos, predomina na prática clínica, consistência fibroelástica e sinais flogísticos Região supraclavicular, poplítea e ilíaca é considerado anormal → investigação diferenciada Pediatria 81 Adenomegalia no período neonatal: em qualquer região, risco de patologias graves, consistência aumentada, aderentes, duros, indolores, com aumento progressivo de diâmetro, sem sinais inflamatórios → oncológicas. Diagnóstico diferencial → formações císticas, torcicolo congênito, higroma, lipoma, costela cervical Fatores importantes na avaliação: 1- tempo de duração e aspecto evolutivo 2- presença ou não de sintomas sistêmicos 3- características do linfonodo (localização, consistência, tamanho, mobilidade, presença de sinais flogísticos). Eles são reacionais/satélites se: forem elásticos, móveis, indolores, e menores que 2-3cm. Ele reagiu a um processo infeccioso, mas não está nele o processo. Já os neoplásicos são: duros, elásticos, pouco dolorosos, aderidos a planos profundos, coalescentes com outros linfonodos, e maiores que 4cm. Já os bacterianos são: dolorosos, com sinais flogísticos, pouco aderidos e frequentemente únicos 4- locais de comprometimento e associação com drenagem de linfonodos 5- idade 6- presença de sinais/sintomas constitucionais sugestivos de doença sistêmica 7- presença de hepatoesplenomegalia e manifestações hemorrágicas Anamnese: procedência do paciente, antecedentes familiares, tempo de evolução, localização e características, contato prévio com doenças infecciosas, sinais gerais (febre, inflamação local, emagrecimento, palidez, sufusões hemorrágicas, dor abdominal, hábito intestinal), uso prévio de medicamentos, historia vacinal Exame físico: análise de toda a cadeia ganglionar, localização, tamanho, consistência e mobilidade, aderência aos planos superficiais e profundos, extensão e numero de linfonodos, sinais de inflamação, dor e sensibilidade, associação com hepatomegalia ou esplenomegalia Pediatria 82 Exames complementares: hemograma completo (anemia normo normo, leucopenia ou leucocitose, granulocitopnia ou blastos e plaquetopenia levam a coleta do mielograma. Já a leucocitose com neutrofilia ou eosinofilia ou linfócitos atípicos sugerem causas infeciosas, parasitárias ou virais), bioquímica (FR, FH, LDH, ácido úrico), sorologias para toxoplasmose, mononucleose, CMV e HIV, PPD, radiografia de tórax (PA e perfil - alargamento mediastinal, possibilidade de neoplasia), USG abdominal, pélvica e do linfonodo com Doppler Sinais de alerta para biópsia: presença persistente e inexplicável de febre e ou perda de peso, sudorese noturna, linfonodomegalia generalizada e hepatoesplenomegalia, gânglio aderido a planos profundos ou a pele, de crescimento rápido, coalescentes e endurecidos, localização supraclavicular ou mediastinal, aumento progressivo do gânglio ou não regressão desde em quatro semanas ou mais, gânglios de tamanho maior do que inicial após duas semanas de uso de antibióticos, gânglios que não diminuem de tamanho após 4 a 6 semanas ou que não retornam ao tamanho normal em 8 a 12 semanas, principalmente se associados a novos sinais e sintomas e investigação negativa com o gânglio se mantendo por mais de 8 semanas Biópsia: Linfonodo supraclavicular → rigorosa avaliação, possibilidade de malignidade. Direita (mediastinal) e esquerda (abdominal) Linfonodomegalia mediastinal → patologia mais grave (linfoma de Hodgkin, LNH, leucemia, histoplasmose Indicada se: historia e exame físico sugestivos de neoplasia, maiores que 2,5cm na ausência de sinais de infecção, persistentes ou em progressão, ausência de redução do linfonodo após duas semanas de antibioticoterapia, localização supraclavicular e mediastinal, associada a anormalidades radiológicas ou alterações no hemograma inexplicadas pela avaliação de medula óssea, linfonodomegalia generalizada associada a hepatomegalia e/ou esplenomegalia inexplicada, linfonodomegalia localizada em que a pesquisa clínica e laboratorial foi inconclusiva e caso o linfonodo continue aumentando de tamanho após duas semanas de observação ou não apresente regressão em 4 a 6 semanas Pediatria 83 Tratamento Adenite bacteriana → Amoxiciclina com clavulanato, 500mg/kg de 12/12 horas durante 7 a 14 dias Aula 8 - seguimento ambulatorial do prematuro Definição Obs: adequação do peso a idade corrigida (PIG, AIG, GIG). É diferente o peso absoluto do nascimento do peso adequado para a idade Atualmente existe uma maior quantidade de prematuros devido ao avanço tecnológico (aquecimento,suporte ventilatorio), gerando uma redução da mortalidade. Entretanto, Pediatria 84 como esse suporte não é igual ao ambiente intrauterino, há uma maior taxa de morbidade. Planejamento de alta Estabilidade fisiológica: Pediatria 85 Essa estabilidade geralmente é alcançada com 36 a 37 semanas de idade corrigida Acompanhamento Orientações práticas para alta Importância do seguimento, boa relação médico-paciente, endereços e telefones de contato atualizado, resumo da situação a ser encaminhada ao novo profissional, cuidado da criança, cartão de felicitação pelo aniversários do paciente, avaliação Pediatria 86 abrangente da criança nas consultas, visitas domiciliares podem ser necessárias nos casos de falhas consecutivas Idade corrigida para a prematuridade - ICP Desconta-se da idade cronológica as semanas que faltam para a idade gestacional atingir 40 semanas (termo). Precisa avaliar o paciente como se tivesse nascido a termo. ICP = idade cronológica - (40 semanas - semana do parto prematuro) Ex1: uma paciente com 7 meses, nasceu com 28 semanas. A idade corrigida é 7 meses - (40-28) = 12 semanas, ou seja, sempre que o paciente vier para consulta, eu tenho que tirar 12 semanas (3 meses) da idade dele, logo 7 meses - 3 meses, a idade corrigida da paciente é 4 meses para o desenvolvimento neuropsicomotor. Ex2: paciente com 3 meses, nasceu com 30 semanas. A idade corrigida é 3 meses - (40-30) = 10 semanas (2 meses e 15 dias). Assim, a idade fica 3 meses - 2 meses e 15 dias, o paciente tem desenvolvimento compatível com um paciente de 15 dias de vida. Ex2: pacientes com 11 meses, nasceu com 32 semanas. A idade corrigida é 11 meses - (40-32) → 8 semanas (2 meses) → 11 meses - 2 meses = 9 meses. Obs: usa a idade corrigida ate 3 anos de corrigida Seguimento das consultas Pediatria 87 A diferença está principalmente nas revisões mensais que é ate 6 meses de IDADE CORRIGIDA Observar → o ganho de peso esperado para a idade, se há atraso do desenvolvimento comparando com o observado na revisão anterior (deve estar em evolução), avaliar o entendimento materno, se há frequentes reinternações hospitalares, Exame físico da alta Objetivo: avaliar a condição clínica do recém nascido (RN), identificar situações que necessitem de monitorização, tratamento e encaminhamento para programa de intervenção precoce ou para ambulatório de especialidades Descrição: inspeção cuidadosa da pele e mucosas (ver cianose, icterícia, hiperemia), hernia umbilical (toda criança nasce com, pois é a passagem do cordão umbilical, espera-se que feche ate os 2 anos), testículos (em crianças prematuras pode não ocorrer a descida dos testículos), padrão respiratório (alguns precisam de um fluxo maior de O2), quadril (testes para afastar a possibilidade de luxação), malformações congênitas, antropometria (o paciente é avaliado num gráfico especifico chamado de intergrowth21), exame neurológico, tônus passivo (avalia a posição do bebê na maca - ver tabela), tônus ativo (observa como o paciente vence a gravidade - ver tabela), reflexos primitivos (surgem a partir da 28 semana - ver fotos) Pediatria 88 Sinal do cachecol → quando você puxa o braço da criança, existe a capacidade do cotovelo passar a linha média. Com 34 semanas passa, com 40 semanas pra cima aumenta o tônus dificulta de passar Ângulo poplíteo → capacidade de colocar o pé próximo a orelha, vai diminuindo a resistencia e aumentando o ângulo fazendo com que o bebe consiga fazer o movimento de colocar o pé na orelha Pediatria 89 Capacidade de segurar o tronco e depois capacidade motora Vacinação Obs: segue a idade cronológica Pediatria 90 PALIVIZUMABE: anticorpo pronto contra o vírus sincial respiratório, prevalente em crianças abaixo de 2 anos, que leva a um quadro de bronquiolite viral aguda (inflamação da via aérea inferior, que cursa com dispnéia, queda da saturação e pneumonia bacteriana associada). Nas crianças prematuras, tente a fazer quadros mais graves. Logo, é indicado o uso desse anticorpo durante o período de sazonalidade (período que tem uma maior frequência de casos - período de março a julho na região nordeste, logo, faz-se a aplicação nos meses anteriores - fevereiro a julho). Os candidatos a essa vacina estão na tabela a baixo: Pediatria 91 Medicamentos de reposição Pediatria 92 A dose de ferro é proporcional ao peso do paciente no momento do nascimento Obs: o inicio da suplementação é na segunda semana após atingir dieta plena (quando o bebe consegue de alimentar por via oral, pois alguns prematuros inicialmente são alimentados por via parenteral ou por sonda enteral. Então a suplementação é feita após duas semanas em que o bebe consegue se alimentar sozinho, sendo capaz de ganhar 20g por dia) Crescimento Avalia perímetro cefálico, peso e comprimento. Pediatria 93 Recuperação: 1- perímetro cefálico: entre os escores Z -2 a +2 entre 6 a 12 meses de ICP 2- comprimento: 2 anos de ICP 3- peso: 3 anos de ICP Obs: RN extremo baixo peso (PN<1kg) e/ou extremos prematuros (IG<28 semanas) podem necessitar de mais tempo para essa recuperação Nutrição Tem uma necessidade maior em relação ao paciente termo Pediatria 94 Para alcançar esta meta nutricional básica, necessita de orientação e de um programa alimentar. O volume de 200ml/kg/dia das formulas de inicio é suficiente para oferta proteica e calórica adequada. Usa a formula de prematuro ate 40 semanas Obs: o ácido docosahexaenoico (DHA), esta relacionado ao melhor desempenho neuropsicomotor pois esta relacionado com a mielinização e transmissão A suplementação de DHA e AA (ácido araquidônico) → LC PUFAS → estimula o aumento da massa magra em detrimento da massa gorda Obs: atenção para as comorbidades Desenvolvimento Recuperação: aos 2 anos de idade corrigida para idade (para crianças sem danos neurológicos graves) Fatores biológicos e ambientais que interferem: 1- nos primeiros 2 anos: distonia transitória, menores escores nos testes de desenvolvimento, deficiências sensoriais, atraso na linguagem, paralisia cerebral 2- idade escolar: pior desempenho escolar, problemas comportamentais, especialmente hiperatividade e déficit de atenção, menor fluência verbal, deficiência Pediatria 95 cognitiva e de memória, problemas motores sutis, maior necessidade de escola especial O medico deve identificar fatores de risco, como atraso no DNPM e estimular o desenvolvimento e valorizar a opinião dos pais sobre problemas no desenvolvimento deste filho Desenvolvimento sensoriomotor e Linguagem Instrumentos de avaliação do desenvolvimento: teste de triagem (Denver II) e escalas de diagnóstico (escalas de Bayley e escalas de inteligência de Wechsler) → deve ser aplicado na fase escolar e pre escolar. É aplicado por psicólogos ou neuropediatras. Pediatria 96 Sinais de alerta para atraso no neurodesenvolvimento Deficiência das atividades motoras 1- de 40 semanas a 3 meses de idade corrigida: é esperado que a criança tenha atitude postural em assimetria por influencia do reflexo tônico cervical assimétrico, em flexão dos membros superiores e inferiores devido à hipertonia flexora fisiológica e que seus movimentos sejam de ordem reflexa. Sinais de alerta: pouco interesse aos estímulos visuais e auditivos, ausência de reflexo de fuga, mãos serradas com polegar incluso, exagero de hipertonia flexora com dificuldade de movimentação dos segmentos, hipotonia dos membros MMII e MMSS e etc. 2- 4 a 6 meses: espera-se controle cefálico e padrão de simetria corporal, tônus de tronco presente com redução da hipertonia dos membros e inicio da hipotonia fisiológica. Sinais de alerta: controle pobre da cabeça, ausência de fixação ocular na mãe e nos objetos coloridos e sonoros, hiperextensão da cabeça e tronco, persistência Pediatria 97 de assimetria, hipertonia de MMII e MMSS, pobreza da movimentação voluntaria de um hemicorpo em relação ao outro. 3-de 7 a 9 meses de idade corrigida: espera-se capacidade de se manter sentado sem apoio dos membros superiores, liberando-os para brincar. Sinal de alerta: controle pobre do tronco, com queda para frente ou para trás, ausência ou retardo de resposta extensora, persistência dos reflexos primitivos e etc 4- de 10 a 12 meses de idade corrigida: interesse na exploração do ambiente, aceita estímulos e brincadeiras, linguagem simbólica “papa, mama” Sinais de alerta para doenças crônicas - vida adulta Sequelas de crescimento, síndrome metabólica, respiratório, intelecto, comportamental e personalidade Morbidades frequentes Doença metabólica óssea da prematuridade: conteúdo mineral ósseo diminuído que ocorre principalmente como um resultado da falta de ingestão adequada de cálcio e fósforo na vida extra-uterina *controle do cálcio, fósforo e fosfatase alcalina: durante leite humano com suplemento ou fórmula pré termo (a cada 15 dias) e se tiver se alimentando ao seio ou formula de criança a termo (a cada 3 meses e até 1 ano de idade corrigida) Retinopatia da prematuridade (ROP): é uma doença ocular retiniana vasoproliferativa que ocorre em recém-nascidos pré termos de muito baixo peso ao nascimento → ocorre por conta da interrupção do processo natural de formação dos vasos da retina em função do nascimento prematuro Pediatria 98 Pediatria 99 Pediatria 100 Obs: rever a questão dos gráficos que ela mostrou em aula A tabela é de pre termo ate 40 semanas → marca um X na idade corrigida e uma BOLA na idade cronológica. Aula 9 - pneumonia adquirida da comunidade Epidemiologia: Infecções respiratórias agudas são 1/4 de todas as doenças e mortes entre crianças nos países em desenvolvimento. 2 a 3% evoluem com infecção do parênquima pulmonar e desses, ate 20% evolui para morte. No brasil, é a primeira causa de internação e a segunda causa de óbito em crianças menores que 5 anos Fatores de risco: Desnutrição, baixa idade, comorbidades, baixo peso ao nascer, permanência em creche, episódios prévios de sibilos e pneumonia, ausência de aleitamento materno, vacinação incompleta, variáveis socioeconômicas, variáveis ambientais e alto risco para infecção pelo pneumococo Pediatria 101 Etiologia: Vírus → principais agentes entre crianças menores de 5 anos, sendo eles: VSR, influenza, adenovirus, rinovírus, VZV, coronavirus, enterovirus, citomegalovírus, EBV, metapneumovírus, bocavírus Bactérias → são responsáveis pela maior gravidade e mortalidade, sendo eles: streptococcus pneumononiae, hemophilia influenzae e staphylococcus aureus. Pode ocorrer confecção entre virus e bactérias e ficar atento ao M. Tuberculosis se a pneumonia tem curso arrastado Quadro clínico: Depende da idade, estado nutricional, doença de base e do agente etiológico Os principais sintomas são: febre, tosse e taquipneia, dispneia e até sinais de desconforto respiratório, sintomas gripais comuns, otite média, dor abdominal, pode ocorrer alteração na ausculta e redução do FTV Pediatria 102 Obs: taquipneia <2 meses → FR > 60ipm 2 a 11 meses → FR > 50 ipm 1 a 4 anos → FR > 40 ipm Pneumonia grave: PAC e tiragem subcostal Pneumonia muito grave: PAC + alteração de sensório, recusa de líquidos, convulsões, sonolência excessiva, estridor em repouso, desnutrição grave, batimento de asa de nariz, cianose, queda de saturação < 2 meses: precisam ser internados, mesmo sem os sinais de doença muito grave, que são: recusa alimentar, convulsões, sonolência, estridor, febre ou hipotermia, tiragem subcostal É importante identificar doenças de base do paciente, como cardiopatias, síndromes aspirativas, pneumopatas crônicos, imuno-deficiencia, doenças neuromusculares, pois podem descompensar em quadros infecciosos. Pneumonia afebril: RN com historia de conjuntivite e parto vaginal sugere infecção por clamídia. Tosse coqueluche Historia de contato com quadro semelhante em maiores de 5 anos reforçam a suspeitar de M. Pneumoniae Piodermatites e ou lesões osteoarticulares podem ocorrer na pneumonia estafilocócica Sinais de perigo: Encaminha direto para o internamento Pediatria 103 Diagnósticos diferenciais: Radiografia: Pediatria 104 Indicação: recomendada nos casos graves que demandam internação. Não precisa para diagnóstico, pois o diagnostico é clinico. Nos casos graves, a radiografia busca complicações, em pacientes com sinais de gravidade como pneumonia com hipoxemia, desconforto respiratório.. alem disso, é indicada também em casos de falha de resposta ao tratamento em 48 a 72h ou se piora progressiva. Pede na incidência PA e perfil e necessita de boa qualidade técnica Os achados que sugerem: Etiologia bacteriana → consolidação alveolar, pneumatoceles, derrames plurais, abscessos Etiologia viral → imagens intersticiais, associadas a virus e mycoplasma pneumoniae ou chlamydia pneumoniae Raio X normal e de boa qualidade pois consegue-se visualizar todos os campos, com as clavículas alinhadas Pediatria 105 Raio X mostrando em branco uma consolidação Pediatria 106 Raio X mostrando uma consolidação alveolar em lobos inferiores esquerdo e direito (mancha branca) devido a uma infecção por S. Pneumoniae e a direita uma imagem mostrando uma consolidação intersticial difusa, periférica e bilateral (linhas brancas) Raio X mostrando consolidação em lobo superior direito e uma cisurite (setas) mostrando a demarcação da cisura Pediatria 107 Outros exames: Pediatria 108 Quando internar? Menores de 2 meses, presença de tiragem subcostal, convulsões, sonolência excessiva, estridor em repouso, desnutrição grave, ausência de ingestão de líquidos, sinais de hipoxemia, presença de comorbidades (anemia, cardiopatia, pneumopatia), problemas sociais, falha na terapêutica ambulatorial, complicações radiológicas (derrame pleural, pneumatocele, abcesso pulmonar) O internamento é em UTI quando tem insuficiência respiratória, sepse, incapacidade de manter SPO2 >92% com fração inspirada de O2 (FiO2) > 0,6, aumento da taquipneia/taquicardia com dificuldade respiratória grave, fadiga respiratória, apneia ou respiração irregular Tratamento: Pediatria 109 Complicações: Derrame pleural → quadro clinico de dor torácica, dor abdominal e vômitos. O estado geral esta mais acometido, geralmente fica em posição antálgica por causa da dor, cianose devido ao comprometimento pulmonar, diminuição da expansibilidade, FTV abolido, hiperestesia, macicez à percussão, diminuição ou ausência de murmúrios vesiculares Outras complicações → necrose pulmonar, pneumatocele, abcesso pulmonar, pneumotórax, atelectasia, fístula broncopleural, hemoptise, bronquiectasia e infecções associadas Vacinas → pneumococo, Hib, coqueluche e sarampo Pediatria 110 Aula 10 - infecção do trato urinário na pediatria Epidemiologia: Pediatria 111 01 episódio sintomático até os primeiros 11 anos de vida de ITU em 3% das meninas e 1,1% dos meninos No primeiro ano de vida cerca de 1% das crianças vão ter ITU, principalmente meninos Após o primeiro ano, a incidência se torna maior nas meninas até os 6 anos de idade A taxa de recorrência é elevada (30% das meninas tem novo episódio no 1º ano após o episódio inicial e 50% apresentam recidiva em até 5 anos) Manifestações clínicas: Apresentação clinica heterogênea que depende da idade e da localização (dividida em ITÚ alta e baixa). Fatores de risco: Estado nutricional, presença de alterações anatômicas do trato urinário, número de infecções anteriores e intervalo do último episódio infeccioso Nos recém nascidos a resposta imune é ineficaz, tendo um quadro clínico mais sistêmico. Tem alta probabilidade de bacteremia, sugerindo via hematogênica. Podem apresentar um quadro séptico. Manifestações inespecificas: ganho de peso insuficiente, anorexia, vômitos, dificuldade de sucção, irritabilidade, hipoatividade, convulsões, pele acinzentada, hipotermia Nos lactentes as manifestações são:febre (muitas vezes o único sinal). Manifestações não especificas: hiporexia, vômitos, dor abdominal, ganho ponderoestatural insatisfatório. Raramente: polaciúria, gotejamento urinário, disúria, urina com odor fétido, dor abdominal ou lombar Nos pré escolares é mais bem definido os quadros altos e baixos: tem febre, pielonefrite aguda (estado geral, calafrios, dor abdominal e nos flancos) e cistite (enurese/micção involuntária, urgência miccional, polaciúria, disúria, incontinência e/ou retração urinária com urina fétida e turva) Em adolescentes: disúria, polaciúria, urgência miccional, hematuria e febre Na suspeita de ITU: Pediatria 112 Deve-se investigar historia familiar de uropatias congênitas ou outras enfermidades de alteração renal Questionar a mãe se fez o USG morfológico na gestação para avaliar os rins do bebe O exame físico deve ser completo (aspectos nutricionais e DNPM) → punho- percussão, palpação abdominal das lojas renais, bexiga palpável, observação do jato urinário, exame da genitália Diagnóstico: A história e o exame físico direcionam para ITU, o exame de laboratório sugere ITU, mas a confirmação é só com urocultura. Análise da urina: coleta da urina inadequada pode dar falto positivo ou negativo. Deve- se colher o jato médio. Se nao tiver controle da micção, usa o saco coletor ou punção suprapúbica ou cateterismo vesical Pediatria 113 Interpretação dos exames: Não deve retardar o tratamento, ja inicia a partir da suspeita. Diagnóstico diferencial de cistite: vaginite, corpo estranho vaginal, corpo estranho uretral, oxiuríase, irritantes locais como sabonetes e roupas de banho e abuso sexual Agentes: Pediatria 114 Período e zona uretral de neonatos e lactentes: colonizadores → E.Coli, enterobacterias e enterococus Prepúcio de meninos não circuncidado: reservatório para varias especies de proteus. A ITU ocorre quando essas bactérias ascendem à zona periuretral: 80% são causadas pela E.coli uropatogênica (UPEC) Bacteriúria assintomática/oculta: Pediatria 115 Tratamento: Suspeita → Erradicação do agente infeccioso, seguida da quimioprofilaxia Positividade à urocultura → Estudo morfofuncional do TGU para avaliar se tem fator de risco para novas infecções Alivio dos sintomas: Dor e febre → analgésicos e antitérmicos em doses usuais Hidratação Correção de distúrbios → sepse, hidroeletrolíticos Tratamento erradicador: depende da idade da criança e da gravidade da infecção Tto hospitalar → deve ser contraindicação da via oral (devido a vômitos persistentes por exemplo), ai usa a via endovenosa. Indicada para crianças com febre alta, toxemia, desidratação e vômitos persistentes Tto ambulatorial → indicado para crianças maiores de 3 meses, sem sinais de toxemia, com estado geral preservado, hidratadas e capazes de ingestão horas No tratamento ambulatorial, usa-se uma cefalosporina de 2º geração. Outros na tabela abaixo Pediatria 116 No tratamento hospitalar: Profilaxia: Investigação de possíveis alterações do trato urinário Profilaxia → baixas doses de antibióticos ou quimioterápico. Indicação → durante a investigação morfofuncional, após o primeiro episódio de ITU; anomalias obstrutivas do trato urinário, até a realização da correção cirúrgica; refluxo vesicouretral de graus III a V; recidivas frequentes da ITU, com estado morfofuncional dentro da normalidade (6 a 12 meses) Pediatria 117 Avaliação morfofuncional do TGU: 1º episódio bem documentado, em qualquer idade e para ambos os sexos. Objetivos: detectar condições predisponente da infecção e dos surtos de recidivas e avaliar a presença de lesão renal e estabelecer conduta apropriada para prevenir o surgimento da lesão renal ou o seu agravamento. Pediatria 118 Solicita USG de rins e vias urinárias Exames radiológicos: Uretrocistografia miccional (UCM) → morfologia do trato urinário inferior (RVU, diverticulos, estenose ou válvula de uretra posterior) Urografia excretora (UE) → pouco utilizado. Usado especialmente para alterações ureterais (duplicação, implantação anômala e ureter ectópico) RM e angioressonância dos vasos renais → identificação da anatomia do trato urinário e estudo dos vasos renais. Tem custo elevado Exames de medicina nuclear: Cintilografia renal estática com DMSA → avaliação morfológica e funcional quantitativa (captação relativa ou absoluta) → diagnostico precoce das lesões corticais agudas Pediatria 119 Cintilografia renal dinâmica com DTPA → avaliar se o sistema excretor urinário está pérvio, diferenciando os processos obstrutivos funcionais dos anatômicos Outros: Estudo urodinâmico → estudar a capacidade, a pressão vesical, a atividade do detrusor e da musculatura do assoalho pélvico durante o enchimento da bexiga e o ato miccional, indicando nos casos de ITU associado à bexiga neurogênico e em alguns casos de distúrbios miccionais Estudo endoscópico → uretroscistoscopia Aula 10 - Febre reumática Conceito: doença inflamatória que ocorre como manifestação tardia de uma faringoamigdalite causada pelo estreptococo beta-hemolítico do grupo A (streptococcus pyogenes), em indivíduos geneticamente predispostos Acometimento multissistemico → pode ser permanente ou transitório. Coração - pode ser transitório (quando há regressão) ou permanente. A cardite reumática é a mais frequente na criança e adolescência. Sendo a principal cauda de óbito por doença cardíaca em indivíduos menores de 40 anos, devido ao atraso do diagnostico da febre reumática, fazendo com que as lesões se tornem permanentes. Já as articulações, SNC, TCSC e pele são transitórios e tem resolução. Epidemiologia: a febre reumática acomete os lugares de maneira universal. Já a faringoamigdalite acontece mais em países com clima frio e úmido, com condições socioeconômicas e ambientais desfavoráveis, em pacientes com desnutrição, com pouca higiene, promíscuos, em ambientes fechados, conglomerados, com dificuldade de acesso aos cuidados médicos, aumentam a incidência a prevalência de faringoamidalites. A febre reumática acomete mais as crianças e adultos jovens. É mais rara antes dos 5 anos e após os 15, tendo sua maior incidência entre 5 e 14 anos. Com leve predomínio no sexo feminino. Tem alta morbimortalidade devido a suas manifestações cardíacas (desenvolvimento de ICC na fase aguda, alterações cardíacas permanentes e crônicas, com deformidade das valvas) Pediatria 120 Etiopatogenia: Etiologia → estreptococo beta hemolítico do grupo A de lancefield Patogenia → as bactérias possuem estruturas antigênicas que são as proteínas M, R e T da parede celular que vão gerar uma resposta imune inflamatória, com formação de anticorpos que fazem reação cruzada (reconhecem o tecido próprio como não próprio), provocando lesões nesse lugar. A proteína M possui variações responsáveis por dificultar a ação da fagocitose para fazer a destruição, deixando ter uma maior produção de anticorpos. Teoria da reação cruzada (mimetismo molecular) → após uma faringoamigdalite não tratada corretamente, tem-se a fase de convalescência. Nesse período, os produtos degradados do estreptococo farão a produção de anticorpos com semelhança molecular com os tecidos humanos. Com isso, os tecidos próprios serão reconhecidos pelo sistema imune, que produzirá uma resposta autoimune (reconhecendo o próprio como não próprio, gerando uma resposta inflamatória). Pediatria 121 Quadro clínico: O período de convalescência é de 1 a 3 semanas, depois disso, começa o aparecimento da infecção estreptomicina da orofaringe. Pode ser assintomático ou oligosintomático, mas é sintomático em 60% dos casos. As manifestações gerais são: febre, perda de apetite e adinamia. O surto da doença tem duração de 6 a 12 semanas, variando a depender do tecido acometido. A Coreia de Sydeham por exemplo, esse acometimento pode durar até 1 ano. Cardite: Pediatria 122 Folhetos (endocárdico, miocárdio, pericárdio). O acometimento
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