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TEORIA PRÁTICA DO SERVIÇO DE REFERÊNCIAS APRESENTAÇÃO Profª Drª Leociléa Aparecida Vieira Doutora em Educação: Currículo pela PUC/SP. Mestre em Educação pela PUCPR. Licenciada em Pedagogia pela UCB. Bacharel em Biblioteconomia pela UFPR. Possui quatro especializações. Funcionária aposentada do Sistema de Bibliotecas da UFPR. Foi professora em diversas Instituições de Ensino Superior. Atualmente, compõe o Banco de Avaliadores da Educação Superior INEP/Basis e é professora adjunta do curso de licenciatura em Pedagogia da Universidade Estadual do Paraná (Unespar) – campus de Paranaguá e do Mestrado Profissional em Educação Inclusiva em Rede Nacional (Profei) (Polo Unespar). CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/0063909006157307 Profª Mestre Lucilene Aparecida Francisco Doutoranda em Ciência da Informação pela Universidade Estadual de Londrina, mestre em Políticas Públicas pela UEM, Bacharel em Ciências Contábeis pela Universidade Federal de Santa Catarina, Bacharel em Biblioteconomia pela Universidade Estadual de Londrina. Atua como Bibliotecária na Universidade Estadual do Paraná. CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/6226753997220286 http://lattes.cnpq.br/6226753997220286 APRESENTAÇÃO DA APOSTILA Prezado (a) acadêmico (a)! Sejam bem vindos (as) à disciplina Teoria e Prática do Serviço de Referência! Esta disciplina objetiva conhecer as teorias e as práticas que dão suporte ao Serviço de Referência nas bibliotecas e unidades de informação. Para percorrer este percurso o texto está dividido em quatro unidades. Vejamos! Na Unidade I, intitulada Serviços de Referência, perpassaremos pelo conceito desse serviço e iremos destacar o quanto ele é imprescindível nas atividades biblioteconômicas, visto que disseminar a informação é finalidade das bibliotecas e/ou unidades da informação. Perceberemos então que este serviço representa o elo entre o usuário e o conhecimento. Dada sua importância para bibliotecas, nesta unidade nos dedicaremos a conhecer os conceitos e fundamentos deste serviço e as principais características e conceito do Serviço de Referência Tradicional, Virtual e Educativo. Na Unidade II, denominada Serviços de Referência em Biblioteca, conheceremos as diretrizes do Serviço de Referência enquanto prática profissional do bibliotecário, destacando as competências e habilidades necessárias para o desempenho desse trabalho. Na Unidade III, intitulada Serviços de Referência Virtual e Digital, nos dedicaremos a aprofundar nossos conhecimentos a respeito do Serviço de Referência Virtual (SRV). Perceberemos que com a introdução das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) as bibliotecas e os serviços de referência passaram a localizar as informações e documentos de forma mais rápida e a interação entre o bibliotecário, o usuário e a informação tornou-se mais dinâmica. Assim, o uso da Internet possibilitou a oferta do serviço de referência digital a todos os usuários (independente de sua localização) e as bibliotecas evoluíram do paradigma de acervo (físico) para o paradigma de acesso. Na Unidade IV, na Avaliação do Serviço de Referência, abordaremos aspectos relativos ao processo de avaliação desse serviço, aos problemas, limitações e variáveis a serem consideradas no processo avaliativo e ainda aos métodos, técnicas e as tendências para a avaliação desse serviço. Partiremos da compreensão de que a avaliação busca produzir conhecimentos relativos ao serviço, sua organização, seu ambiente com vistas a subsidiar decisões, mudanças, implementações e melhorias. O resultado da avaliação produz informações que contribuem para a maior produtividade e qualidade do serviço, possibilitando comparações e análises entre os resultados alcançados e os planejados, além de permitir o conhecimento do nível de satisfação do público em relação aos serviços realizados. Ao findar a unidade, perceberemos o quanto a avaliação é importante e pode contribuir para a efetividade do serviço. Ao final de cada unidade apresentamos sugestões de leituras e filmes que o(a) ajudarão na ampliação dos seus conhecimentos e fixação do conteúdo. O caminho é longo, mas prazeroso, que tal iniciarmos a nossa caminhada! Bons estudos! UNIDADE I SERVIÇO DE REFERÊNCIA Dra. Leociléa Aparecida Vieira Mestre Lucilene Aparecida Francisco Plano de Estudo: ● Conceito do Serviço de Referência; ● Serviço de Referência Tradicional: Processo de Referência Tradicional; ● Serviço de Referência Virtual: Processo de Referência Virtual; ● Serviço de Referência Educativo: Processo de Referência Educativo. Objetivos de Aprendizagem: ● Apresentar o conceito de Serviço de Referência; ● Caracterizar as etapas do Processo de Referência; ● Contextualizar sobre o Processo de Referência Tradicional; ● Identificar sobre o Serviço de Referência Virtual; ● Descrever as características apresentadas pelo Serviço de Referência Educativo. INTRODUÇÃO Prezado (a) acadêmico (a)! Nesta unidade estudaremos sobre o sobre o serviço de referência, o qual é imprescindível nas atividades biblioteconômicas, haja vista, que disseminar a informação é o objeto das bibliotecas e/ou sistemas da informação. Podemos dizer que ele representa o elo entre o usuário e o conhecimento. Então, dada a importância que esta atividade representa no fazer bibliotecário e na produção do conhecimento, nesta unidade, estudaremos sobre serviço de referência, pelo conceito e significado, refletiremos sobre os diferentes tipos de serviço de referência, quais sejam: o tradicional, o virtual e o processo de referência no meio educativo. Esperamos que você esteja curioso(a) e ansioso(a) para iniciarmos a nossa caminhada! Vamos em frente e bons estudos! 1 CONCEITO DO SERVIÇO DE REFERÊNCIA Caro (a) Acadêmico (a)! Antes de descrevermos sobre o Serviço de Referência, achamos importante repensar sobre a biblioteca de maneira geral e de enfatizar de que ela é de fundamental importância dentro de uma instituição/organização, uma vez que deve reunir, preparar, colocar à disposição de seus usuários recursos bibliográficos indispensáveis ao atendimento de suas necessidades informacionais. A biblioteca é um organismo vivo e, portanto, deve centrar todas as suas atividades no sujeito, haja vista, ser ele a razão de ser: disseminar a informação e ser agente na construção do conhecimento. Neste contexto, para que a biblioteca seja um organismo dinâmico é necessário que a comunidade onde está inserida conheça os serviços ofertados para poder usá- los de forma satisfatória. Assim, de maneira geral, uma biblioteca disponibiliza a sua clientela: pesquisa ao acervo; empréstimos domiciliares; pesquisas bibliográficas; consulta à bases de dados; normalização de trabalhos; treinamento aos usuários; Disseminação Seletiva da Informação (DSI); dentre outros. Para que todas estas atividades fluam a contento, a biblioteca é composta por vários setores e um deles é o de Referência e sua importância é tão grande ao ponto de Figueiredo (1992) mencionar que a utilidade de uma biblioteca pode ser medida pela eficácia de seu serviço de referência, haja vista, que: a essência do conceito de referência é o atendimento pessoal do bibliotecário – profissional preparado para esse fim – ao usuário que, em momento determinado, o procura para obter uma publicação ou informação por ter alguma dificuldade, ou ainda, não encontrando a informação na biblioteca, precisa ser encaminhado para outra instituição (MACEDO, 1990, p. 12). É mister salientar de que na biblioteconomia o termo referência tem um sentido abrangente, pois o serviço de referência “abrange certo número de atividades e competências com a finalidade de oferecerum serviço a um determinado público, em geral uma resposta a uma pergunta” (ACCART, 2012, p. 03-04). O Serviço de Referência (SR) é a ponte entre a informação e o usuário, mas o que ele significa? Vejamos! Ranganathan (1961, p. 53), define o Serviço de Referência (SR) como “o processo de estabelecer contato entre o leitor e seus documentos de uma maneira pessoal”. É o momento em que ocorre a interação entre o profissional bibliotecário e o usuário da biblioteca. Nesta mesma esteira de pensamento, Ferreira (2004, p. 03), acrescenta que o Serviço de Referência é “o processo de identificar as necessidades de informação de um utilizador, facultar-lhe o acesso aos recursos e fornecer-lhe apoio apropriado para a satisfação das suas necessidades”. Nas palavras de Almeida Júnior (2013, p. 15), o Setor de Referência é “o espaço em que se dá a relação entre a informação e o interesse do usuário; é o momento no qual se procura satisfazer as necessidades informacionais do usuário, enfim, é quando todo o trabalho da biblioteca se completa”. Alves e Vidotti (2006, p. 01), denominam Serviço de Referência e Informação (SRI), e mencionam que “é uma projeção da união e harmonia de todos os setores, serviços e pessoas existentes na biblioteca, para garantir informações que atendam as necessidades informacionais dos usuários”. REFLITA Os conceitos expostos até então chamam a atenção para a mediação do bibliotecário entre a informação e o usuário, mas quem é o bibliotecário de referência? Fonte: As autoras (2021). #REFLITA# De acordo com Ramos (2004, p. 44), o bibliotecário de referência é o “responsável pela orientação ao usuário para consulta ao material; disseminação e circulação do material informacional”. É esse profissional que com seus conhecimentos técnicos, auxilia o usuário nas respostas aos seus questionamentos e o ajuda a encontrar os assuntos que pesquisa. Desta maneira, deve antecipar-se às demandas de informações dos usuários, bem como, orientá-los no uso dos recursos informacionais disponíveis, pois: as bibliotecas, nos dias atuais, devem ser vistas também como centros de aprendizado, com sua equipe desempenhando o papel fundamental de capacitadores, oferecendo cursos e treinamentos para que os usuários conheçam os sistemas de recuperação da informação, a arquitetura das bases de dados, a organização da informação nas diferentes áreas do conhecimento (CUENCA; NORONHA e ALVAREZ, 2008, p. 48) Após este preâmbulo, que tal conhecermos um pouco de história do serviço de referência? De acordo com Figueiredo (1992, p. 15), o Serviço de Referência: surgiu da percepção da necessidade de assistir os leitores no uso dos recursos da biblioteca. Isso ocorreu, portanto, sem qualquer estudo teórico, sem quaisquer métodos estabelecidos de desempenho ou procedimentos padronizados para medida e avaliação da eficiência dos serviços proporcionados. O Serviço de Referência surgiu nas bibliotecas públicas norte-americanas, no final do século XIX, sob o nome de References Services. O termo reference foi, inicialmente, atribuído às obras destinadas para consulta interna, as quais eram armazenadas em um local próprio da biblioteca e o público só tinha acesso às informações nela contida por meio do bibliotecário. De acordo com Accard (2012, p. 07): naquela época, as bibliotecas abriram suas portas e seus acervos, devido principalmente à influência de Melvil Dewey e à adoção de sua classificação - a Classificação Decimal de Dewey (CDD) - e mais tarde da Classificação Decimal Universal (CDU), sistemas que continuam sendo muito utilizados. Era uma verdadeira mudança de mentalidade, pois não era raro que os documentos fossem guardados debaixo de chave, sendo o acesso a eles privativo de determinados públicos, pesquisadores ou estudiosos. Com a abertura das bibliotecas, fez-se sentir a necessidade de organizar os conhecimentos. SAIBA MAIS A Classificação Decimal de Dewey (CDD) é um sistema de classificação documentária, mais utilizado no mundo, traduzido para mais de trinta idiomas. Foi desenvolvido por Melvil Dewey, em 1876 e, periodicamente, passa por revisões, sendo a última delas, em 2011, quando foi lançada a 23ª edição. A CDD organiza todo o conhecimento em dez classes principais e cada classe principal tem dez divisões e cada divisão tem dez seções. Desta maneira, o sistema pode ser resumido em 10 classes principais, 100 divisões e 1000 seções. Fonte: As autoras (2021). #SAIBA MAIS# A classificação proposta por Dewey, feita para bibliotecas de entrada livre ao acervo, facilitou o acesso ao conhecimento, ou seja, disponibilizou os acervos das bibliotecas, democratizando o saber armazenado nos livros. Accard (2012), esclarece que no ano de 1876, Green define quatro missões do profissional de referência, quais sejam: ajudar os usuários a compreender o funcionamento da biblioteca; responder às perguntas dos usuários; ajudar os usuários a selecionar as boas obras e promover e personalizar os serviços da biblioteca. Em 1891, Child publica um artigo na Library Journal, intitulado de “Reference work at the Colurnbia College Library”, em que retoma o tema sobre os serviços de referência. Mas foi, somente, a partir dos anos 1930-1940, que os manuais de biblioteconomia norte-americanos reconhecem a função de referência como legítima da biblioteconomia. Vieira (2014, p. 63), esclarece que o serviço de referência como atividade profissional dos bibliotecários surgiu em decorrência da ampliação da educação pública e alfabetização que criaram um novo público leitor que precisava de assistência e, “daí o surgimento da biblioteca pública, onde se originou o Serviço de Referência”. Conforme vimos, o serviço de referência é tido como processo e, como tal, deve ser uma ação contínua e revista constantemente, entretanto, é comum encontrar na literatura, autores que fazem diferenciação entre as expressões Serviço de Referência e Processo de Referência, dentre eles, Jahoda (1989, citado por GROGAN, 1995, p. 50), para quem o processo de referência “abrange a totalidade de passos dados pelo bibliotecário de referência ao responder as questões que lhe são apresentadas”. Para Grogan (1995, p. 50), serviço de referência diz respeito: à assistência efetivamente prestada ao usuário que necessita de informação, a expressão ‘processo de referência’ passou a ser empregada, ao longo dos últimos 30 anos, para denominar, em sua totalidade, a atividade que envolve o consulente e durante a qual se executa o serviço de referência. O referido autor menciona que o “processo de referência”, compreende oito etapas: o problema, a necessidade de informação, a questão inicial, a questão negociada, a estratégia de busca, o processo de busca, a resposta, a solução e a avaliação, os quais veremos detalhadamente no próximo item. 2 SERVIÇO DE REFERÊNCIA TRADICIONAL: PROCESSO DE REFERÊNCIA TRADICIONAL Olá! Neste item, conheceremos sobre a primeira forma de Serviço de Referência adotado pelas bibliotecas: o Tradicional. Então vejamos! No Serviço de Referência é necessário, de acordo com Alves e Faqueti (2002, p. 12) considerar duas abordagens. A primeira é a abordagem tradicional, “cujo papel central do serviço de referência seria a provisão da informação considerando que o objetivo da busca de informação é o produto”. Já a segunda é denominada por eles por abordagem alternativa “cujo foco é a orientação aos usuários na busca da informação e o objetivo é o processo”. O processo de referência tradicional corresponde ao contato inicial entre o usuário e o bibliotecário, ou seja, no momento em que é formulada a consulta da informação desejada. De acordo com Grogan (1995), é possível mencionar que esse processo se inicia no instante em que o usuário reconhece a existênciade um problema e se amplia durante a busca da informação pelo bibliotecário e a entrega da resposta. O processo só finaliza quando usuário e bibliotecário entendem que o problema foi solucionado. Ainda conforme Grogan (1995), o processo de referência é composto de duas fases: a primeira fase, corresponde ao momento em que o bibliotecário e o usuário, analisam juntamente a natureza do problema; a segunda fase diz respeito ao trabalho do bibliotecário quando busca respostas à questão formulada pelo usuário. O processo como um todo contempla oito passos, os quais são sintetizados no Quadro 1. Quadro 1 – Oito passos de uma sequência lógica num processo normal de referência PASSOS CARACTERÍSTICAS O problema Dá início ao processo e pode partir de qualquer ser humano. O problema pode ser externo (decorrente do contexto social ou situacional do indivíduo) ou interno (de origem psicológica ou cognitiva, mas sempre originado na mente do indivíduo). A necessidade de informação A necessidade informacional ainda poderá ser imprecisa e vaga, não estando exatamente expressa ou formada, mas havendo motivação para conhecer ou compreender. A questão inicial É o momento em que são feitas perguntas, dando a ela uma forma intelectual, descrevendo através de palavras para formular uma questão. A questão negociada A questão inicial que foi formulada pelo consulente poderá necessitar de alguns esclarecimentos ou até mesmo ser ajustada ou reformulada, para que se possa ter certeza que corresponde exatamente a real necessidade de informação. A estratégia de busca É preciso definir como as fontes de informação serão consultadas, quais as partes e em que ordem, bem como, analisar o tema da questão para que se possa traduzir para uma linguagem de acesso a essas fontes. Em seguida, se escolhe um dos vários caminhos possíveis para a busca. O processo de busca Uma estratégia de busca flexível, que comporte a mudança no curso da busca, proporcionará maior êxito nessa etapa, sendo importante que o bibliotecário tenha estratégias alternativas. A presença do consulente pode facilitar as mudanças na busca. A resposta A resposta não significa exatamente o fim do processo, visto que ela é apenas o resultado da busca. Esse resultado nem sempre será proveitoso, mas mesmo assim será uma resposta A solução A resposta pode ser uma potencial solução, podendo estar adequada à necessidade do consulente ou necessitando de uma elucidação para que se torne uma solução. É importante que bibliotecário e consulente avaliem juntos o resultado, e que o mesmo seja aprovado para a conclusão do processo Fonte: Pintro (2012, p. 70-71) As quatro primeiras etapas: o problema, a necessidade de informação, a questão inicial e a questão negociada, correspondem à primeira fase e está relacionada ao problema e à sua natureza. A segunda fase é relacionada às ações e estratégias do bibliotecário e envolve as seguintes etapas: a estratégia de busca, o processo de busca, a resposta e sua solução. Desta maneira, o processo de referência se inicia com a apresentação de um problema por parte do usuário e termina quando ele juntamente com o bibliotecário aprova a resposta obtida, considerando uma solução adequada ao problema inicial. É importante lembrar que o processo de referência envolve a interação entre o usuário e o bibliotecário (GROGAN, 1995). De acordo com Figueiredo (1992), o processo de referência, apresenta seis fases: seleção da mensagem, negociação da questão, desenvolvimento de uma estratégia de busca, a própria busca, seleção da resposta e, caso necessário, a renegociação. O Quadro 2, apresenta as fases do processo de referência propostas pela autora. Quadro 2 – Fases do processo de referência FASES CARACTERÍSTICAS Seleção da mensagem É um procedimento subconsciente, feito pelo bibliotecário após receber a questão do usuário. Pode ser feita separadamente ou ligada à negociação ou no desenvolvimento da busca. É feita a identificação dos termos/descritores desejados e das fontes que contêm a resposta. Negociação Momento em que fica claro qual o tipo de resposta que o usuário requer. Desenvolvimento da estratégia de busca É realizada de maneira subconsciente e está ligada à fase da busca, mas se diferencia da mesma por ser uma fase mais intelectual. É feita a tradução da questão exposta pelo usuário para a linguagem das fontes a serem consultadas Busca É a parte mecânica, na qual se faz a busca nas fontes já identificadas pelo bibliotecário como mais prováveis de conter a resposta. Seleção da resposta Fase em que se decide se a resposta requerida pelo usuário foi ou não encontrada, havendo geralmente uma interação entre o bibliotecário e o usuário. Renegociação É realizada quando não há uma decisão quanto à resposta à questão ter sido alcançada ou não. Essa fase pode ocorrer juntamente com qualquer uma das fases do processo de referência. Fonte: Figueiredo (1992). A Figura 1 apresenta, graficamente, as etapas do processo de referência tradicional. Figura 1 – Fluxograma do processo de referência tradicional Fonte: Pintro (2012, p. 72) Pintro (2012), esclarece que as duas etapas (o problema e a necessidade de informação) é algo que diz respeito somente ao usuário. Já as outras seis etapas necessitam-se da presença do bibliotecário. Na terceira etapa, a questão inicial, o bibliotecário de referência deve estar disponível para atender ao usuário, de maneira que ele se sinta à vontade e confortável. Pintro (2012, p. 74), recomenda que: para ser acessível, o bibliotecário deve: estabelecer sua presença sempre ao alcance do olhar do usuário e manter-se visível o máximo possível; estar à disposição do usuário e oferecer ajuda ao invés de esperar que o usuário o procure; estabelecer contato visual inicial com os usuários, de maneira sorridente, atenciosa e acolhedora; iniciar uma conversa com uma saudação amigável ao se aproximar do usuário; estar sempre pronto para atender e focar a atenção na necessidade do usuário, mesmo que necessite parar as outras atividades. Frente ao exposto, o bibliotecário deve ser atencioso e demonstrar interesse pela solicitação do usuário. Assim, esse profissional deve ter boa comunicação oral e escrita, compreender a necessidade e as expectativas do usuário e utilizar de linguagem acessível que possa ser entendida por aquele que busca informações. Na quarta etapa – a questão negociada – o bibliotecário deve ser capaz de identificar as necessidades informacionais do usuário no início do processo e reconhecer que será preciso uma negociação, haja vista, de que nem todos sabem expressar com clareza o que necessitam. Dessa maneira, é preciso que o bibliotecário faça indagações para conhecer exatamente a necessidade do usuário e consiga fornecer uma resposta que resolva o seu problema. De acordo com Grogan (1995, p. 67), o bibliotecário deve “durante a conversa com o usuário, identificar na totalidade do universo de conhecimentos o segmento particular que coincida com a necessidade tantas vezes expressa de forma imperfeita”. Pintro (2012, p. 76), complementa que o bibliotecário nesta fase deve: se comunicar de forma receptiva, cordial e encorajadora; usar um tom de voz adequado à natureza da transação; permitir que o usuário declare plenamente sua necessidade de informação nas suas próprias palavras antes de responder; identificar as metas ou objetivos da pesquisa do usuário; reformular a pergunta e pedir a confirmação para garantir que ela tenha sido compreendida; buscar esclarecer terminologias confusas e evitar jargões excessivos; usar técnicas abertas de interrogatório para incentivar o usuário a expandir o pedido ou fornecer informações adicionais, quando necessário; usar questões ou esclarecimentos fechados para refinar a busca, quando necessário; manter a objetividade e nãointerpor juízos de valor sobre o assunto ou a natureza da questão. Conforme podemos perceber a fim de que esta fase seja exitosa, espera-se que o bibliotecário detenha diferentes competências, habilidades e atitudes. Na quinta etapa – a estratégia de busca – é preciso planejar o caminho e as fontes a serem consultadas no processo da pesquisa. Neste sentido, o bibliotecário precisa conhecer as fontes informacionais a seu dispor e saber utilizá-las com eficiência (GROGAN, 1995). Figueiredo (1992), alerta que o sucesso no desenvolvimento da estratégia de busca depende da experiência do bibliotecário e de seu conhecimento sobre os recursos disponíveis para a elaboração da atividade. Esse profissional deve ter habilidade para “traduzir” a questão do usuário, já negociada, para a linguagem dos mecanismos de busca. Dessa maneira, espera-se que o bibliotecário nesta etapa detenha conhecimentos sobre fontes de informação, métodos, técnicas e ferramentas de coleta e tecnologias da informação. Na sexta etapa – o processo de busca – com a escolha das fontes informacionais já definidas na fase anterior, é necessário que o bibliotecário siga as estratégias de maneira correta, para que obtenha resultados satisfatórios. Grogan (1995, p. 136), menciona algumas qualidades pessoais esperadas pelo bibliotecário neste momento, dentre elas: “capacidade de raciocínio abstrato; capacidade de solucionar problemas; mente analítica; mente lógica; aptidões conceituais; aptidões verbais elevadas; capacidade de elaborar estratégias de busca, etc.”. Quanto maior o conhecimento do profissional sobre as fontes informacionais, maior a probabilidade de obter sucesso na busca. Quando for identificada muita ou pouca informação sobre o assunto, é importante que o bibliotecário trabalhe em interação com o usuário para selecionar aquilo que realmente interessa. Na sétima etapa – a resposta – , Figueiredo (1992, p, 51), menciona que o bibliotecário é desafiado a: pôr para trabalhar o seu processo de raciocínio na comparação e análise da informação, na tomada de decisões, e na conclusão sobre a utilidade dos materiais encontrados ou não. [...] Um dos fatores que tornam esta fase uma das intelectualmente mais difíceis, é a decisão que tem que ser tomada concernente à relevância e pertinência do material fornecido, ou a seleção final da resposta de acordo com a necessidade exata do usuário. É um momento decisivo, pois cabe ao bibliotecário averiguar se o material coletado é relevante e pertinente para o usuário, ou seja, se contempla as suas necessidades informacionais. A última fase no processo de referência tradicional corresponde a solução. Nesse momento, o bibliotecário deve perguntar ao usuário se seu pedido foi atendido satisfatoriamente, caso contrário, é preciso que o profissional consiga indicar ao usuário outras fontes ou instituições que possam auxiliá-lo no seu processo de busca. “O ideal é que sejam oferecidas orientações e instruções, fornecendo o máximo de informações possível sobre a quantidade de informação necessária e as fontes já consultadas” (PINTRO, 2012, p. 80). O sucesso no processo de referência depende da interação entre o bibliotecário e o usuário e o importante é que esse último encontre as informações que deseja. Na sequência estudaremos sobre o Serviço de Referência Virtual. Então vamos adiante! 3 SERVIÇO DE REFERÊNCIA VIRTUAL: PROCESSO DE REFERÊNCIA VIRTUAL Caro (a) Acadêmico (a)! Neste item, adentraremos a mais um tipo que o Serviço de Referência pode se configurar: o virtual. Vejamos! O conceito de referência, com o advento da internet e do avanço das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), deixou de ficar restrito ao ambiente físico da biblioteca e nem necessita que o usuário esteja presente fisicamente em seu recinto, haja vista, que ele pode acessar os serviços bibliotecários em qualquer lugar que esteja. Francisco (2012, p. 03), corrobora que: a internet passa representar uma mudança de paradigma radical com relação aos serviços bibliotecários, proporcionando um ambiente informacional amplo, global, de alcance nunca visto pelos antigos bibliotecários, acostumados a trabalhar num ambiente delimitado com uma comunidade de usuários identificável, restrita e até conhecida. Nesta mesma esteira de pensamento, Pessoa e Cunha (2007, p. 70) acrescentam que “com a utilização da internet, as bibliotecas passaram a oferecer serviços de referência digital, prestando um melhor atendimento tanto aos usuários presenciais, como aos usuários remotos”. De acordo com os autores supracitados, “esse serviço surgiu no final da década de 1980, quando se tornou comum a disponibilização dos catálogos das bibliotecas na rede, o que veio facilitar a localização de informações e documentos” (PESSOA e CUNHA, 2007, p. 70). Segundo o Reference and User Services Association, da American Library Association (2004, citado por PESSOA e CUNHA, 2007, p. 70) o Serviço de Referência Virtual se inicia “em um contexto eletrônico, usualmente em tempo real, no qual os usuários utilizam recursos tecnológicos para se comunicar com os profissionais de referência, sem estar fisicamente presentes”. Um dos requisitos para que um serviço de referência seja considerado virtual é ter um bibliotecário que faça a mediação entre o usuário e a informação em contexto virtual. É importante ressaltar que se de um lado o serviço de referência virtual representa um avanço na disseminação da informação, por outro, envolve algumas complexidades, pois ao iniciar um serviço de referência virtual requer levar em consideração como ele se enquadra dentro da missão da biblioteca e na cultura institucional, especificamente sua aceitação tanto pela gerência como pelo pessoal, e a possibilidade de contar com a infraestrutura tecnológica apropriada para o projeto (ARELLANO, 2001, p. 12). Em um Serviço de Referência Virtual (SRV), não se pode vislumbrar somente com as tecnologias sem levar em consideração que o elemento humano é tão importante quanto a própria tecnologia (GROGAN, 2001). O SRV apresenta as seguintes vantagens em relação aos outros sistemas de referência: as fontes de informação virtual se atualizam rapidamente; exige demanda menor de mão-de-obra; não necessita de espaço físico para o armazenamento; otimização e precisão na recuperação da informação (CARVALHO e LUCAS, 2005); acessibilidade de qualquer lugar e a todo instante; geralmente oferece serviço gratuito; garantia na proteção dos dados e das informações; orientação para fontes de informações confiáveis e oferta de um serviço personalizado e de qualidade (ACCART, 2012). Dentre as formas de serviço de referência virtual podemos mencionar as seguintes: correio eletrônico; chat; Web contact centers softwares; Videoconferência e Projetos colaborativos de Referência Virtual. Que tal conhecermos um pouco cada um deles? O correio eletrônico foi o primeiro serviço de referência virtual que surgiu devido ao custo e facilidade na execução e não requerer tecnologia especial para o bibliotecário e para o usuário. Esse serviço se proliferou na Web a partir de 1990 e pode ser utilizado de duas formas: por meio do e-mail básico e do formulário via Web. O uso correio eletrônico para os serviços de referência virtual apresenta as seguintes vantagens: o usuário pode solicitar a informação a qualquer hora e em qualquer lugar; as respostas são fornecidas mais completas pelo fato de bibliotecário dispor de mais tempo para responder as perguntas recebidas eletronicamente do que teria pessoalmente e, ainda, há a possibilidade de arquivamento das mensagens recebidas e enviadas. Como desvantagens o uso do correio eletrônico no serviço de referência virtual estão o tempo da resposta, o qual não deve ser muitodemorado; a entrevista de referência que pode requerer várias trocas de mensagens entre o bibliotecário e o usuário e a realização do serviço sozinho por parte do bibliotecário. Quanto a esse último item, Pessoa e Cunha (2007, p. 72), acrescentam que: normalmente, no serviço de referência tradicional (presencial), bibliotecário e usuário trabalham em conjunto na busca pela informação desejada. Muitas vezes o bibliotecário indica as bases adequadas para a pesquisa e auxilia o usuário na busca, ou seja, ensina-o a pesquisar, enquanto trocam informações para refinar a pesquisa como forma de encontrar a informação mais precisa possível. Esta interação face-to-face, não é possível no serviço de referência virtual, utilizando o correio eletrônico. No que diz respeito a utilização do chat no serviço de referência virtual, ele possibilita a troca de mensagens instantâneas via Web, em tempo real, entre duas ou mais pessoas por meio da internet. As vantagens do chat é a interação ao vivo entre bibliotecário e usuário, eliminando os erros de compreensão na comunicação; possibilidade de salvar o texto das mensagens trocadas para utilização posterior; garantia do anonimato, ou seja, o usuário não precisa se identificar para enviar a pergunta. Como desvantagens apresenta a ausência de comunicação corporal entre usuário e bibliotecário; o tempo de espera para o usuário obter a resposta e, talvez, ele não tenha paciência para aguardar o resultado; problemas de conexão da internet; erros de grafia tanto por parte do usuário quanto do bibliotecário por rapidez na digitação. De acordo com Pessoa e Cunha (2007), nos serviços de referência virtual via chat pode-se distinguir três tipos de tecnologias diferentes, são elas: softwares de mensagens instantâneas, salas de bate-papo e softwares de chat. O Web contact centers softwares também denominados de Real-Time Live Web, criados inicialmente para atender à necessidade dos empresários, são softwares que adotam tecnologias de chat, com um nível mais elevado de interatividade entre bibliotecários e usuários. Esses softwares de chat, além de viabilizarem a troca de mensagens entre usuários e bibliotecários, permitem também ao bibliotecário visualizar a página em que o usuário está navegando, sincronizar a página do usuário com a do bibliotecário para que toda página visitada por este também apareça na tela do usuário (collaborative browsing) e enviar um correio eletrônico para o usuário com a transcrição de toda conversa ao final do chat (PESSOA e CUNHA, 2007, p. 73). Frente ao exposto, podemos perceber que esses softwares de chat são importantes, pois mesmo virtualmente possibilitam uma “aproximação” entre o bibliotecário e o usuário na busca da informação, entretanto, exigem TICs mais potentes. A videoconferência, enquanto recurso no serviço de referência virtual apresenta como vantagem a comunicação “direta” entre o bibliotecário e o usuário, pois, geralmente, o usuário se sente mais seguro e confortável quando há o contato visual entre ambos. Como desvantagens, pode-se citar a necessidade da banda larga para a transmissão de dados e o custo elevado; a inconsistência da qualidade do vídeo e do áudio via internet, pois a conexão pode oscilar causando ruídos que travam e cortam imagem e sons. A videoconferência deve ser utilizada como uma das alternativas nos serviços de referências virtuais, haja vista, que seu custo está diretamente relacionado aos softwares e hardwares e sua aquisição deve-se justificar equalizando a relação custo/benefício. De tudo que vimos até então a respeito dos serviços de referências virtuais, é importante considerar que “os bibliotecários deverão integrar contextualmente as novas tecnologias com a referência tradicional para que as bibliotecas se tornem competitivas no mercado da informação” (FERREIRA, 2004, p. 02) e é preciso que esse profissional “atue como um mediador entre o mundo digital e a capacidade real de entendimento do receptor da informação, garantindo a efetiva comunicação e a satisfação da necessidade informacional do usuário dessa tecnologia” (TARAPANOFF; SUAIDEN e OLIVEIRA, 2002, p. 05), haja vista, que as TICs são uma realidade em todos os contextos da sociedade, assim, as bibliotecas e as unidades de informação devem acompanhar a demanda exigida e desempenhar o seu papel de agente na construção do conhecimento. 4 SERVIÇO DE REFERÊNCIA EDUCATIVO: PROCESSO DE REFERÊNCIA EDUCATIVO Olá, Chegamos ao último tipo de serviço de referência que nos propusemos a discutir nesta unidade: o educativo. Tenho certeza de que está ansioso (a) para conhecê-lo. Então, vamos adiante! Ao iniciarmos esta reflexão, esclarecemos que não há um consenso, na literatura, sobre o significado da expressão educação de usuários. Algumas vezes é tida como sinônimo de orientação bibliográfica, pesquisa bibliográfica ou instrução sobre o uso da biblioteca. A educação de usuários vai além do acesso à informação e, preocupa-se, também, com a comunicação e a geração de novas informações. Assim, deve ser entendida: como o processo pelo qual o usuário interioriza comportamentos adequados com relação ao uso da biblioteca e desenvolve habilidades de interação permanente com as unidades de informação. Os bibliotecários precisam se conscientizar que devem promover a educação da vontade do usuário, mediante o desenvolvimento orientado de sua inteligência para novas formas de pensar, agir e sentir em relação à biblioteca. Isso inclui não apenas cursos e palestras, mas também a ambientação física adequada, acervos formados e desenvolvidos de acordo com as necessidades dos usuários e o oferecimento de serviços e produtos, com qualidade e eficiência desejados, por pessoal qualificado e treinado devidamente para tanto (BELUZZO e MACEDO, 1990, p. 86). Neste sentido, a educação do usuário perpassa pelo reconhecimento das fontes de informação necessárias ao preenchimento de suas necessidades de informação, desenvolvimento de habilidades para que ele seja capaz de utilizar eficientemente o potencial de informação de uma unidade de informação e adquira noções para preparar ou redigir um documento técnico-científico. Frente ao exposto, o processo de referência educativo, de acordo com Rostirolla (2006, p. 43) “caracteriza-se pela orientação e capacitação do usuário ou de um grupo de usuários no acesso e uso de fontes de informação sobre uma determinada área ou tema de interesse”. A autora menciona que ele pode ser ofertado tanto de maneira presencial quanto à distância. Nesta mesma linha de pensamento Felício (2014, p. 52), menciona que o processo de referência educativo “caracteriza-se pela educação ou formação de um usuário, ou de um grupo de usuários, no acesso e uso da informação”. A referida autora complementa ainda que o serviço de referência educativo: caracteriza-se pelo ensino-aprendizagem do processo de busca da informação, visando ao desenvolvimento das competências em informação dos usuários. Tais competências incluem: a) saber reconhecer a necessidade da informação; b) localizar eficaz e eficientemente a informação; c) avaliar criticamente a informação; d) usar e comunicar a informação eficientemente; e) ser aprendiz independente; f) aprender ao longo da vida (FELÍCIO, 2014, p. 173). Desta maneira, a “educação do usuário” perpassa pelo planejamento das ações oferecidas a ele, a fim de lhe orientar no uso dos recursos oferecidos pela biblioteca. Assim, é importante capacitar o usuário para recuperar a informação desejável e, o bibliotecário, desempenha o papel de educador nesse processo. Dessa maneira, ele deve “tornar claro o caminho do usuário, ou seja, todas as vias possíveis de acesso devem ser conhecidas, levando-o a entender o sistema de informação construído e minimizar as barreiras de usabilidade”(SILVA, 2008, p. 02). Felício (2014), esclarece que o serviço de referência educativo, geralmente, ocorre de modo presencial por meio do ensino e aprendizagem em laboratórios ou salas de aulas, entretanto, pode, também, ser oferecido à distância, utilizando-se das tecnologias síncronas – como o chat, a vídeo/tele ou Web conferência - ou assíncronas - como o e-mail, os formulários de contato nas páginas na Internet, dentre outras. A autora supracitada acrescenta que o uso das tecnologias possibilita ofertar esse serviço na modalidade a distância, a fim de aumentar a aprendizagem de um grupo maior de usuários por meio da instrução digital. Oakleaf e Vanscoy (2010 apud FELÍCIO, 2014), apresentam um conjunto de estratégias que podem ser utilizadas durante uma instrução a distância, dentre elas citam: deixar os alunos conduzir a busca da informação; sempre que possível, os bibliotecários devem mostrar - não dizer - aos alunos as etapas do processo de busca da informação; bibliotecários de referência devem ajudar os alunos com a sua imediata necessidade de informação e identificar quais etapas adicionais os alunos terão de enfrentar após a necessidade imediata ser sanada; bibliotecários devem fazer um esforço para que seus pensamentos, como pesquisadores especialistas, sejam transparentes para os alunos usando a técnica de pensar em voz alta; bibliotecários devem reforçar positivamente o comportamento dos alunos na busca de informação; bibliotecários devem incentivar os alunos a participar em comunidades de aprendizagem colaborativa e; bibliotecários de referência devem atender tão completamente quanto possível os alunos na primeira transação de referência; no entanto, se as necessidades informacionais do aluno podem ser melhor atendidas por um meio alternativo, poderão encaminhar o aluno para um outro local de referência, um bibliotecário especializado, um contato pessoal, um outro serviço de referência digital. Para Rostirolla (2006) o processo de referência educativo é composto por quatro etapas, quais sejam: a identificação do campo do conhecimento; o roteiro; o ensino/aprendizagem e o feedback. Vejamos!!! Na primeira etapa – identificação do campo de conhecimento – são identificadas as necessidades informacionais do usuário e a entrevista prévia é o instrumento utilizado neste momento. Na segunda etapa – o roteiro – são selecionadas as fontes que serão acessadas, bem como, elencadas as palavras- chave pertinentes ao tema de interesse do usuário. Na etapa de Ensino/Aprendizagem, ocorre o ensino efetivamente sobre o acesso do uso das fontes e recursos selecionados anteriormente e na última etapa – o feedback– é o momento em que bibliotecário e usuário em conjunto avaliam o ensino aprendizagem. Pintro (2012), reconhece as mesmas etapas para o Processo de Referência Educativo, apenas acrescenta a etapa do Roteiro – Seleção de fontes, conforme pode ser visualizado na Figura 3. Figura 3 - Fluxograma do processo de referência educativo Fonte: Pintro (2012, p. 84). Diante do exposto, “cabe à biblioteca criar mecanismos para conhecer melhor aqueles que fazem o uso da biblioteca [...] criar serviços que atendam às necessidades do público que deve atender” (ALMEIDA JÚNIOR, 2003, p. 63). Na opinião de Pintro (2012, p. 147), o processo de referência educativo: é consequência da evolução das Tecnologias de Informação e Comunicação que impactam nas unidades de informação e seus serviços, sendo que hoje grande parte das bases informacionais encontra-se no formato digital, com acesso de qualquer local e a qualquer hora, possibilitando, portanto acesso contínuo às mesmas pelo usuário. Dessa maneira, as competências necessárias à execução das atividades do bibliotecário de referência também são transformadas e, assim, além das competências já essenciais tradicionalmente no serviço de referência, torna-se indispensável o desenvolvimento de novas competências associadas às atividades requeridas para o treinamento e capacitação dos usuários (PINTRO, 2012, p. 147-148). Estas novas atividades exigem que o bibliotecário se atualize constantemente, esteja atento às exigências da profissão e desenvolva novas competências sempre visando satisfazer a necessidade informacional do usuário, haja vista, ser ele a razão de ser da biblioteca. Para Campello (2003, p. 29): A função educativa da biblioteca torna-se visível com o aparecimento do serviço de referência e se amplia com a introdução da educação de usuários, conjunto de atividades que, ao contrário do serviço de referência [tradicional], apresentam uma característica proativa, realizando-se por meio de ações planejadas de uso da biblioteca e de seus recursos. Frente ao exposto, o serviço de referência educativo deve implementar ações que incorporem o conceito da competência em informação em suas práticas e que contribuam ativamente para facilitar o desenvolvimento ou a melhoria das habilidades, conhecimentos e atitudes de seus usuários em relação à informação, tornando-os aprendizes ao longo da vida (FELÍCIO, 2014). É importante salientar que a aprendizagem é um processo contínuo e somos todos eternos aprendizes e, no que concerne à biblioteca, esta instituição, tem por missão satisfazer as necessidades informacionais dos usuários, bem como, ser um espaço prazeroso para eles e para os profissionais que nela trabalham. CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegamos ao final desta unidade, na qual tivemos a oportunidade de refletir sobre o serviço de referência. Perpassamos pelo conceito e percebemos que a grosso modo ele objetiva estabelecer a relação entre o bibliotecário e o usuário no processo de busca da informação, para isso, o bibliotecário do setor de referência além de possuir habilidades técnicas e competências pessoais, deve se manter atualizado a fim de atender as demandas que a atividade requer. Pudemos perceber que os serviços de referências podem se configurar em três formas: tradicional, virtual ou educativo. O processo de referência tradicional se caracteriza pela interação presencial, face a face, entre o bibliotecário com o usuário e perpassa oito etapas: o problema; a necessidade de informação; a questão inicial; a questão negociada; estratégia de busca; o processo de busca; a resposta e solução. O processo de referência virtual apresenta a característica a interação virtual entre o bibliotecário com o usuário. Pode ser desenvolvido por meio de correio eletrônico, via chat, e-mails, vídeo/tele ou Web conferência dentre outros. Já o processo de referência educativo caracteriza-se pela educação ou formação de um usuário, ou de um grupo de usuários, no acesso e uso da informação. É uma maneira de a biblioteca desempenhar a sua função educativa e, por meio de seus profissionais, ensinar o usuário as formas de uso dos recursos e dos serviços ofertados por ela. O importante é salientar de que independente do processo, seja tradicional, virtual ou educativo, a interação entre o bibliotecário e o usuário é a peça chave no serviço de referência. Outra característica é que todos os processos se iniciam pela incidência de um problema que o usuário precisa resolver e para o qual ele precisa de informação. Neste sentido, há a necessidade que o usuário expresse claramente suas necessidades de informação a fim de que o bibliotecário compreenda e busque os melhores meios e recursos informacionais para ajudá-lo na resolução de seu problema. Assim, é importante que o profissional facilite o processo de comunicação com o usuário, utilize de linguagem clara e precisa e de estratégias para extrair informações úteis para o entendimento da questão. Esperamos que tenha gostado do assunto e até a próxima unidade! LEITURA COMPLEMENTAR Serviço de referência: o que se espera dele? Marília Cossich Atualmente, não bastaapenas ser educado ou tratar bem a comunidade de usuários, é preciso prever suas necessidades, surpreender e ir além de suas expectativas. Também é necessário estabelecer um canal de comunicação no qual as críticas e sugestões sejam transformadas em especificações de melhores produtos e serviços. Os usuários esperam mais do que cortesia, querem serviços que atendam ou superem suas expectativas. O atendimento de qualidade é um serviço que pode ser considerado eficiente quando proporciona satisfação e as necessidades são prontamente atendidas. De acordo com Placer, a Referência não é a totalidade da Biblioteconomia, mas é de suma importância para as bibliotecas, pois ajuda ao usuário a localizar as informações de que necessita, de maneira pontual e personalizada. Sua base é a Bibliografia, constituindo uma das partes da moderna organização da biblioteca. O bibliotecário de referência é o responsável pelo atendimento e localização das informações solicitadas pelos usuários. É por meio deste profissional que as questões dos usuários são atendidas, ou seja, ele é o abre-alas da Unidade de Informação. O que se espera de um Serviço de Referência é que além de atender a necessidade de busca por informações, de servir como guia dos serviços oferecidos pela biblioteca e de orientar a pesquisa, é que recebemos um tratamento personalizado e diferenciado, pois os usuários são a razão da existência de uma biblioteca. O Serviço de Referência O setor da biblioteca responsável pelo atendimento direto aos usuários e a resolução de dúvidas é o Serviço de referência. Pode ser considerado também como o cartão de visitas de uma Unidade de Informação. Segundo Grogan, o Serviço de Referência consiste na assistência efetivamente prestada ao usuário, procurando fornecer acesso rápido e seguro à informação. O Serviço de Referência precisa cumprir sua missão que é a de informar os usuários, atendendo prontamente às suas solicitações e deve ir muito além da coleção de referência de uma biblioteca. No decorrer dos últimos anos o Serviço de Referência ampliou sua forma de atuação devido à inserção de novas tecnologias nas Unidades de Informação, utilizando o meio virtual como chat, e-mail, formulário de questões, telefone e as redes sociais. O marketing também é de suma importância para as Unidades de Informação, pois é através dele que a comunidade de usuários tomará conhecimento dos produtos e serviços prestados pela biblioteca. Além disso, a qualidade no Serviço de Referência é uma maneira de se realizar o marketing em uma biblioteca, com uma boa prestação de serviços e bom atendimento. A questão da qualidade A qualidade existe desde que o mundo é mundo. Ao longo da História o homem procurou o que mais se adequasse às suas necessidades, fossem de ordem material, intelectual ou social. A relação cliente-fornecedor tão propagada nos dias atuais, na verdade sempre existiu no seio familiar, entre amigos, nas organizações de trabalho, escola e na sociedade em geral. Vive-se hoje o cenário da busca incessante pela “Qualidade total” em todos os tipos de organização, seja de produtos ou de serviços, como fator de sobrevivência e competitividade. O que o mercado exige, as empresas precisam atender. Sendo assim, a qualidade experimentou uma evolução significativa, sobretudo nos últimos cem anos. No contexto biblioteconômico, as bibliotecas também buscam a excelência na realização de atividades e produtos oferecidos. Segundo Beluzzo, os bibliotecários reconhecem a necessidade de aumentar seus objetivos e manter a qualidade de produtos e serviços, destacando a importância dos usuários internos nesta mudança de comportamento e gestão. Em resumo, qualidade é uma satisfação constante e tornou-se uma questão de sobrevivência para as instituições. Consiste na busca de melhoria contínua e começa com a mudança de atitude e comportamento, pois a qualidade da instituição começa no balcão de atendimento e a qualidade no atendimento é a que mais depende das pessoas que atuam na organização, com destaque para o bibliotecário de referência. A qualidade começa com a mudança do comportamento das pessoas que criam novos hábitos e uma cultura voltada para qualidade, a fim de sempre buscarem a melhoria dos produtos e serviços prestados à comunidade de usuários. Atualmente, as bibliotecas devem se preocupar em justificar sua existência e sua importância para as instituições a que estão vinculadas. Como nas empresas, as Unidades de Informação são muito cobradas em relação à qualidade, tanto pelos mantenedores, quanto, e principalmente, pelos usuários dos serviços. A implantação de programas de qualidade geralmente baseia-se no trabalho em equipe, na comunicação e na gestão descentralizada e participativa. Isto requer um bom conhecimento de técnicas e métodos que identifiquem os momentos da verdade, os obstáculos e as deficiências. Conforme observado, o Serviço de Referência pode ser considerado como a alma de uma Unidade de Informação, pois é através do atendimento personalizado prestado aos usuários que a biblioteca constrói sua imagem perante a comunidade que a utiliza. Diante disso, o bibliotecário de referência é de suma importância, sendo o responsável pelo atendimento face a face ou online aos usuários. A qualidade no atendimento prestado aos usuários contribui para o marketing das Unidades de Informação, visto que seus usuários são bastante exigentes e estão sempre em busca de novos produtos e serviços. Os usuários são a razão de ser de uma Unidade de Informação e para mantê-los satisfeitos é preciso um bom atendimento, qualidade do acervo, novidades nos produtos e serviços oferecidos, isso tudo contribuirá para o marketing da instituição, pois em se tratando de Serviço de Referência, o atendimento é a alma do negócio. Fonte: COSSICH, Marília. Serviço de referência: o que se espera dele? 30 jun. 2014. Disponível em: https://biblioo.info/servico-de-referencia/. Acesso: 02 dez. 2021. LIVRO https://biblioo.info/servico-de-referencia/ ● Título: Serviço de referência: do presencial ao virtual ● Autor: Jean-Philippe Accart ● Editora: Briquet de Lemos ● Sinopse: A primeira parte do livro descreve sobre o planejamento, implantação e desenvolvimento de serviços de referências presenciais. O autor considera esse serviço como se fosse uma vitrine da instituição. A expressão “serviço de referência” inclui tanto um serviço de recepção, perguntas/respostas, orientação e informação quanto de pesquisas bibliográficas. Os serviços de referência desenvolvem-se ou se denominam de modo diferente conforme o tipo de documentos com que lidam: biblioteca, midiateca, serviço de documentação, serviço de informação, serviço de arquivo, etc. O serviço de referência designa um lugar físico (o balcão de referência, a mesa de atendimento), pessoas físicas (o pessoal incumbido de acolher, informar e orientar o público) e coleções (a sala de referência). Ele se diferencia do serviço de empréstimo e respectivo balcão, embora algumas bibliotecas juntem os dois, seus objetivos não são os mesmos. LIVRO ● Título: A prática do serviço de referência ● Autor: Denis Grogan. ● Editora: Briquet de Lemos. ● Sinopse: o livro é um manual prático para o serviço de referência em seu sentido restrito. É dividido em seis capítulos e inicia-se com observações sobre a natureza histórica e filosófica do serviço de referência, qualidades desejáveis no bibliotecário de referência, política e prática desse serviço. Examina, detalhadamente, os diversos tipos de consultas recebidas pelos bibliotecários de referência e analisa o processo de referência em suas etapas decisórias. FILME/VÍDEO ● Título: The public ● Ano: 2018. ● Diretor: Emilio Estévez. ● Duração: 122 minutos● Sinopse: A história se passa no interior da biblioteca pública de Cincinnati e gira em torno de seus frequentadores, muitos dos quais são desabrigados e mentalmente doentes que procuram abrigo e calor no seu interior durante dois dos dias mais frios na memória recente da cidade. REFERÊNCIAS ACCART, Jean-Philippe. Serviço de referência: do presencial ao virtual. Brasília, DF: Briquet de Lemos, 2012. ALMEIDA JÚNIOR, Oswaldo Francisco de. Biblioteca pública: avaliação de serviços. Londrina: Eduel, 2013. 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Objetivos de Aprendizagem: ● Conhecer as diretrizes do Serviço de Referência; ● Apresentar o Serviços de Referência como Prática Profissional do bibliotecário; ● Compreender as Competências e Habilidades necessárias ao Bibliotecário de Referência. INTRODUÇÃO Prezado (a) acadêmico (a)! Já vimos o quão importante é o serviço de referência para uma biblioteca, compreendemos o conceito do termo e refletimos sobre o serviço de referência tradicional, virtual e educativo. Nesta unidade, iremos conhecer as diretrizes do Serviço de Referência enquanto prática profissional do bibliotecário, destacando as competências e habilidades necessárias para o desempenho desse trabalho. Esperamos que a aprendizagem deste conteúdo seja significativa e valiosa para sua atuação profissional e que também lhe instigue a sempre buscar conhecimentos que possam fundamentar e qualificar a realização desse serviço. Vamos lá iniciar mais uma caminhada! bons estudos! 1 DIRETRIZES DO SERVIÇO DE REFERÊNCIA. ID: 1434409691 Como vimos na unidade anterior o Serviço de Referência, “é a assistência pessoal, especializada, dada pelo bibliotecário ao usuário que deseja obter uma informação específica para propósitos que envolvem, entre outras coisas, o estudo e a pesquisa” (MACEDO, 1984, p. 64). A autora aponta ainda que: originalmente, no contexto de bibliotecas norte-americanas, o serviço de referência se prendeu ao atendimento específico de questões fatuais, respondidas por meio de obras de referência, tipo dicionário, enciclopédia, almanaque, diretório etc. Depois, foi significando todas aquelas formas de assistência comum nas bibliotecas: localização de material; ajuda no uso do catálogo ou de obras de referência; levantamentos bibliográficos etc. (MACEDO, 1984, p. 64) Posteriormente, American Library Association (ALA) ratifica essa definição de serviço de referência, qualificando-o como “consultas de informações nas quais os funcionários da biblioteca recomendam, interpretam, avaliam e / ou usam recursos de informações para ajudar outras pessoas a atender a necessidades específicas de informação” e acrescentam que as transações de referência não incluem instruções formais ou trocas que forneçam assistência com localizações, programações, equipamentos, suprimentos ou declarações de política. Assim, o serviço contempla as transações de referência e outras atividades que envolvem a criação, gerenciamento e avaliação deinformações ou recursos de pesquisa, ferramentas e serviços (RUSA, 2008, p. 01, tradução nossa) Com o passar dos tempos e o desenvolvimento das tecnologias as bibliotecas se diversificaram, ampliaram e se modernizaram, acompanhando as mudanças da sociedade, alargando-se também, o próprio conceito de serviço de referência, que abre- se a utilização de vários meios e materiais, não se restringindo a fontes internas. Passa então a atender o usuário pessoalmente, mas, também, por telefone, e-mail, aplicativos e mensagens, redes sociais entre outros, utilizando-se coleções bibliográficas impressas e digitais próprias ou de outras bibliotecas, visando, assim, alcançar a satisfação do usuário real e potencial, seja no atendimento de questões simples, como uma orientação a respeito do uso da biblioteca, a ações mais especializadas como levantamentos bibliográficos, normalização de documentos, elaboração de fichas catalográficas, solicitações de números de ISBN (International Standard Book Number) para publicações, disseminação seletiva da informação entre outras ações. De acordo com Macedo (1984, p. 66) o Serviço de Referência deve ser compreendido como uma série de “atividades-meio próprias para desempenhar funções que atinjam seu próprio fim'. Coincidentemente seu alvo é também o fim-último da biblioteca: a satisfação do usuário”. A autora pontua ainda quatro linhas de atuação para o serviço de referência, a saber: 1. Referência propriamente dita: (Ready reference). No qual o bibliotecário aguardando ser procurado pelo usuário, responde a questões de referência e assiste o mesmo nas suas dificuldades de localização e obtenção da informação, bem como recorre ou encaminha a outras instituições quando necessário. 2. Orientação formal ao usuário - desenvolvida de forma sistemática, por meio de visitas orientadas, cursos, treinamentos etc, buscando instruir e qualificar os usuários para o uso da biblioteca, a prática da pesquisa, o uso de bases e portais de pesquisa entre outras ações que corroborem para o desenvolvimento da competência em informação nos sujeitos usuários da biblioteca. 3. Disseminação da informação - procurando antecipar a busca por informação do usuário, a partir da preparação de boletins bibliográficos e informativos; sínteses da informação; instrumentos de alerta e disseminação seletiva da informação, a fim de informar os usuários sobre novas publicações a respeito de determinados assuntos, sem que o mesmo precise se deslocar ou contatar a biblioteca para obter tal informação. 4. Divulgação e interpretação da Biblioteca, por meios variados, como: impressos, comunicação visual, audiovisuais entre outros recursos com o intuito de mostrar ao usuário o que existe e como funciona o sistema de informação. Como vemos, trata-se de um serviço bastante diversificado e primordial para as bibliotecas, exigindo então, a definição de diretrizes e políticas para a sua realização. Deste modo, American Library Association (ALA), maior e mais antiga associação de bibliotecas do mundo, por meio do Standards and Guidelines Committee (RUSA), desenvolveu um conjunto de diretrizes complementares que apontam aspectos essenciais relativos à planificação e funcionamento de um serviço de referência de qualidade, conforme observamos no Quadro 1 abaixo: Quadro 1 - Diretrizes para o Serviço de Referência (SR) Diretrizes Objetivos Diretrizes para implementação e manutenção de serviço de referência virtual (RUSA, 2017b) Procuram auxiliar as bibliotecas na implementação e gestão de um Serviço de Referência Virtual (SRV) criando linhas orientadoras de organização e funcionamento passíveis de serem adotadas por diferentes tipos de bibliotecas. Encontra-se organizado em cinco temáticas: definição de SRV; preparação para o SRV; disponibilização do serviço; organização do serviço; e privacidade. Elaboradas em 2004, estas diretrizes foram revistas em 2009, de forma a incluir experiências e conhecimentos adquiridos na área da referência desde a sua elaboração Diretrizes para desempenho comportamental de provedores de serviços de referência e informação. (RUSA, 2013) Centra-se no desenvolvimento da relação entre o bibliotecário de referência e os utilizadores deste serviço, chamando a atenção para o impacto negativo ou positivo que esta interação pode ter no processo de referência e na importância que atitudes como a simpatia e o interesse têm no sucesso deste serviço. Foca cinco aspectos comportamentais, subdivididos em orientações gerais e específicas para o Serviço de Referência Presencial e Virtual: acessibilidade (Approachability); interesse (Interest); saber ouvir/interrogar (Listening/Inquiring); pesquisar (Searching); e acompanhamento (Follow up). Iniciou-se, em 2011, o processo de revisão destas diretrizes, sendo sua última versão publicada em 2013. Diretrizes de Competências Profissionais para Bibliotecários de Referência e Serviços ao Usuário (RUSA, 2017a) Pretendem apontar um conjunto de competências essenciais ao bibliotecário de referência para o desempenho correto das funções e dos requisitos do seu trabalho. Encontra-se organizada em cinco aspectos fundamentais relativos às funções exercidas pelo bibliotecário de referência e às competências necessárias para o seu desempenho: acesso à informação; conhecimentos básicos; marketing/ percepção / informação; colaboração; e avaliação. Diretrizes para serviços de referência cooperativos (RUSA, 2006) Visam apoiar as bibliotecas na organização e na avaliação de serviços de referência cooperativos, contribuindo para o desenvolvimento de políticas e procedimentos necessários. Criadas em 1998 e revisadas em 2006, estas diretrizes encontram-se organizadas em quatro partes focando os seguintes conteúdos: objetivos do serviço; gestão; disponibilização; e avaliação. Diretrizes de referência digital (IFLA, 2008) Destinam-se a promover e apoiar os bibliotecários na sua planificação, gestão e funcionamento. Estão organizadas em duas seções, a primeira dirigida aos responsáveis das bibliotecas, abordando questões relativas aos procedimentos essenciais do processo de organização de um SR, nomeadamente planificação, política de referência, recursos humanos, formação, design da interface informática, aspectos legais, publicidade / promoção, avaliação e colaboração. A segunda seção aborda questões mais práticas no processo de funcionamento e disponibilização deste serviço, incluindo uma seção específica para a implementação e funcionamento de um SRV através de programas de chat. Os aspectos tratados são: objetivos do SR, tipologia ou modelos, recursos humanos, competências pessoais e profissionais e formação, espaço físico e espaço virtual, recursos tecnológicos, recursos documentais, horário de serviço, divulgação, avaliação, aspectos legais, funcionamento de SR chat Fonte: Mota e Nunes (2012, p. 08 - 09) As diretrizes internacionais da IFLA e da RUSA procuram dar resposta às necessidades das bibliotecas relativas ao planejamento, organização e funcionamento do Serviço de Referência. Estes documentos orientadores revelam uma preocupação com o desenvolvimento de um serviço com padrões técnicos de qualidade e dão uma visão sistêmica dos vários fatores de funcionamento do Serviço de Referência, constituindo-o em ferramentas valiosas para a sua organização. Vale destacar que essas diretrizes passam por um processo de análise e revisão frequente, buscando se adequar aos objetivos e necessidades das bibliotecas e dos bibliotecários. (MOTA e NUNES, 2012, p. 08) Para Shachaf e Horowitz (2008) essas diretrizes representam um auxílio valioso na planificação e disponibilização deste serviço, principalmente ao estabelecerem orientações profissionais e éticas essenciais para a qualidade do serviço. É fundamental, nestesentido, que o bibliotecário de referência as conheça e desenvolva esforços no sentido da sua implementação (SHACHAF (2008). SAIBA MAIS A American Library Association (ALA) foi fundada em 6 de outubro de 1876 durante a Exposição do Centenário na Filadélfia, com a missão de fornecer liderança para o desenvolvimento, promoção e melhoria da biblioteca e dos serviços de informação e da profissão de bibliotecário, a fim de aprimorar o aprendizado e garantir o acesso à informação. Todas as suas orientações para o serviço bibliotecário pode ser acessado em: https://www.ala.org/. Fonte: ALA (American Library Association). 2022.Disponível em: https://www.ala.org/. Acesso em: 02 jan. 2022. (Online - tradução nossa) #SAIBA MAIS# 2 SERVIÇOS DE REFERÊNCIA E PRÁTICA PROFISSIONAL https://www.ala.org/ https://www.ala.org/ ID: 544442782 No item anterior retomamos a definição e importância do serviço de referência e focamos nas diretrizes internacionais para seu funcionamento. Agora enfatizamos o serviço de referência como prática profissional do bibliotecário, considerando conforme Grogan (2001, p. 08): a arte do serviço de referência [... é] um dom profissional do bibliotecário. [...] os usuários das bibliotecas quando auxiliado pelo bibliotecário de referência têm melhores condições de mais bem aproveitarem o acervo de uma biblioteca do que o fariam sem essa assistência. O autor acrescenta que, este princípio de maximização de recurso está no cerne do próprio conceito de biblioteca, que é o compartilhamento e uso coletivo dos registros gráficos em benefício da sociedade como um todo e dos indivíduos que a constituem. Neste sentido, o serviço de referência recebe a incumbência de promover e facilitar o acesso e uso do acervo de conhecimentos acumulados, vindo assim complementar e reforçar ajuda ministrada pelos sistemas de catalogação e classificação da biblioteca, ao proporcionar a assistência individual aos usuários que buscam informações. Constitui- se, portanto, elo vivo entre o texto e o leitor, configurando-se em muito mais do que um expediente para comodidade dos usuários, um serviço que leva a biblioteca a cumprir o seu papel social, que é proporcionar o acesso e uso de seu acervo de forma a proporcionar algum benefício (GROGAN, 2001). Nesta perspectiva, Kenneth Whitaker apud Grogan (2001 p. 08) aponta que “a finalidade do serviço de referência e informação é permitir que as informações fluam eficientemente entre as fontes de informação e quem precisa de informações”. Para os autores, sem essa aproximação o fluxo da informação jamais se daria de forma eficiente. Grogan (2001) propõe que o processo de referência engloba oito passos que se iniciam quando o usuário se aproxima (presencial ou virtualmente) do bibliotecário e procura uma solução para seu problema informacional. São eles: a) O problema compreendido como dificuldade expressa pelo usuário; b) a necessidade de informação traduzida pelo desejo de conhecer, compreender ou apenas curiosidade sobre um assunto; c) a questão inicial representada pela pergunta expressa pelo usuário para obter a informação; d) a questão negociada entendida como o esclarecimento da questão inicial realizada pelo usuário; e) estratégias de busca sinalizando as categorias onde serão realizadas as buscas; f) o processo de busca indicando a realização da busca pelo acervo; g) a resposta apontando o resultado da busca; e h) a solução representando a avaliação da resposta (SILVA, 2013), conforme já conhecemos na primeira unidade deste material. Vale considerar que, a informação é insumo básico para a solução dos problemas cotidianos da vida em sociedade. A fonte desses problemas pode ser externa ou interna. “Um problema externo decorre do contexto social ou pelo menos situacional do indivíduo: um problema interno é de origem psicológica ou cognitiva, surgindo na mente da pessoa” (GROGAN, 2001, p. 51) . Contudo, nem sempre as necessidades de informação dos usuários são colocadas de forma clara e objetiva. Muitas questões são complexas e exigem um diálogo minucioso entre o usuário e o bibliotecário de referência para se definir o conteúdo da pergunta. Esse diálogo entre bibliotecário e usuário a fim de identificar, melhor formatar ou determinar o conteúdo das perguntas denomina-se entrevista de referência (SILVA, 2013). Vale considerar ainda que “não se trata de um simples processo linear: esses passos podem implicar sucessivos retornos à consulta, antes de se procurar a respostas, e eventuais vaivéns durante a busca.” (GROGAN, 2001, p.50). Balbinotti (2020, p. 578) destaca que: O bibliotecário de referência, em muitas ocasiões, precisa não entender apenas as necessidades informacionais dos usuários, mas também as necessidades humanas que cercam o contexto do usuário. No atual cenário informacional é preciso que os profissionais tenham como característica um olhar amplo perante a comunidade em que o usuário está inserido. A autora complementa dizendo que a necessidade de informação por parte do usuário transforma seu comportamento e o bibliotecário de referência precisa estar atento e, por vezes, agir como um psicólogo ou como um detetive, metaforicamente falando, pois, através de um simples olhar ou gesto é possível desvendar a real necessidade informacional do usuário. Nesta direção, Dalla Zen (2010) enfatiza que o profissional deve ter uma visão ampla, capaz de compreender o ser humano nas suas dimensões físicas, biológicas, espirituais, culturais, sociológicas ou históricas. Essa compreensão é importante, pois conforme aponta Grogan (2001, p. 52) a necessidade de informação pode ser vaga e imprecisa, ou não estar bem formatada ou corretamente expressa; ou ainda não surja de um problema real e concreto. Pode ainda ser resultado de uma motivação ou desejo de conhecer e compreender, ou mesmo uma simples curiosidade. Assim, uma necessidade informacional “pode pode variar desde ‘seria bom saber’ até ‘não posso ir adiante enquanto não descobrir’”. Assim, percebemos que as necessidade de informação são variadas. Alguns sujeitos buscam por documentos específicos, outros necessitam de informações sobre determinados temas. Há ainda os que buscam solucionar problemas específicos; os que necessitam de atualizações frequentes; os que buscam um simples dado e ainda os que requerem que a informação seja obtida por meio de diferentes fontes, conforme apontam Cunha, Amaral e Dantas (2015). Compreender a necessidade de informação de um usuário é uma tarefa complexa, pois os sujeitos possuem um universo particular e sua necessidade de informação está relacionada com o cenário em que habita e com as características e condições que moldam o mundo ao seu redor, porém é um atividade crucial para o trabalho de referência, pois nos permite formular a questão inicial (BALBINOTTI, 2020). A respeito da questão inicial Grogan (2001, p. 52) ressalta que: Uma das maneiras mais importantes pelas quais os seres humanos adquirem conhecimento é fazendo perguntas, e, se o usuário potencial decide perguntar a alguém, torna-se necessário obviamente dar à pergunta uma forma intelectual mais nítida, descrevê-la com palavras, e formulá-la como uma questão. E aqueles que desejarem procurar por si mesmos talvez precisem formalizar ainda mais o enunciado, decidindo-se quanto às palavras exatas sob as quais farão suas buscas. É importante considerar que em muitos casos os usuários chegam até ao bibliotecário sem saber o que realmente desejam. Por isso, a questão inicial de busca precisa ser moldada, adequada, reformulada e às vezes até transformada para que se possa ter certeza de que corresponde de forma à necessidade de informação apresentada. Esse processo de interação entre usuário e bibliotecário que leva ao ajuste da questão inicial, é
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