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TEORIA PRÁTICA DO SERVIÇO DE REFERÊNCIAS APRESENTAÇÃO Profª Drª Leociléa Aparecida Vieira Doutora em Educação: Currículo pela PUC/SP. Mestre em Educação pela PUCPR. Licenciada em Pedagogia pela UCB. Bacharel em Biblioteconomia pela UFPR. Possui quatro especializações. Funcionária aposentada do Sistema de Bibliotecas da UFPR. Foi professora em diversas Instituições de Ensino Superior. Atualmente, compõe o Banco de Avaliadores da Educação Superior INEP/Basis e é professora adjunta do curso de licenciatura em Pedagogia da Universidade Estadual do Paraná (Unespar) – campus de Paranaguá e do Mestrado Profissional em Educação Inclusiva em Rede Nacional (Profei) (Polo Unespar). CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/0063909006157307 Profª Mestre Lucilene Aparecida Francisco Doutoranda em Ciência da Informação pela Universidade Estadual de Londrina, mestre em Políticas Públicas pela UEM, Bacharel em Ciências Contábeis pela Universidade Federal de Santa Catarina, Bacharel em Biblioteconomia pela Universidade Estadual de Londrina. Atua como Bibliotecária na Universidade Estadual do Paraná. CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/6226753997220286 http://lattes.cnpq.br/6226753997220286 APRESENTAÇÃO DA APOSTILA Prezado (a) acadêmico (a)! Sejam bem vindos (as) à disciplina Teoria e Prática do Serviço de Referência! Esta disciplina objetiva conhecer as teorias e as práticas que dão suporte ao Serviço de Referência nas bibliotecas e unidades de informação. Para percorrer este percurso o texto está dividido em quatro unidades. Vejamos! Na Unidade I, intitulada Serviços de Referência, perpassaremos pelo conceito desse serviço e iremos destacar o quanto ele é imprescindível nas atividades biblioteconômicas, visto que disseminar a informação é finalidade das bibliotecas e/ou unidades da informação. Perceberemos então que este serviço representa o elo entre o usuário e o conhecimento. Dada sua importância para bibliotecas, nesta unidade nos dedicaremos a conhecer os conceitos e fundamentos deste serviço e as principais características e conceito do Serviço de Referência Tradicional, Virtual e Educativo. Na Unidade II, denominada Serviços de Referência em Biblioteca, conheceremos as diretrizes do Serviço de Referência enquanto prática profissional do bibliotecário, destacando as competências e habilidades necessárias para o desempenho desse trabalho. Na Unidade III, intitulada Serviços de Referência Virtual e Digital, nos dedicaremos a aprofundar nossos conhecimentos a respeito do Serviço de Referência Virtual (SRV). Perceberemos que com a introdução das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) as bibliotecas e os serviços de referência passaram a localizar as informações e documentos de forma mais rápida e a interação entre o bibliotecário, o usuário e a informação tornou-se mais dinâmica. Assim, o uso da Internet possibilitou a oferta do serviço de referência digital a todos os usuários (independente de sua localização) e as bibliotecas evoluíram do paradigma de acervo (físico) para o paradigma de acesso. Na Unidade IV, na Avaliação do Serviço de Referência, abordaremos aspectos relativos ao processo de avaliação desse serviço, aos problemas, limitações e variáveis a serem consideradas no processo avaliativo e ainda aos métodos, técnicas e as tendências para a avaliação desse serviço. Partiremos da compreensão de que a avaliação busca produzir conhecimentos relativos ao serviço, sua organização, seu ambiente com vistas a subsidiar decisões, mudanças, implementações e melhorias. O resultado da avaliação produz informações que contribuem para a maior produtividade e qualidade do serviço, possibilitando comparações e análises entre os resultados alcançados e os planejados, além de permitir o conhecimento do nível de satisfação do público em relação aos serviços realizados. Ao findar a unidade, perceberemos o quanto a avaliação é importante e pode contribuir para a efetividade do serviço. Ao final de cada unidade apresentamos sugestões de leituras e filmes que o(a) ajudarão na ampliação dos seus conhecimentos e fixação do conteúdo. O caminho é longo, mas prazeroso, que tal iniciarmos a nossa caminhada! Bons estudos! UNIDADE I SERVIÇO DE REFERÊNCIA Dra. Leociléa Aparecida Vieira Mestre Lucilene Aparecida Francisco Plano de Estudo: ● Conceito do Serviço de Referência; ● Serviço de Referência Tradicional: Processo de Referência Tradicional; ● Serviço de Referência Virtual: Processo de Referência Virtual; ● Serviço de Referência Educativo: Processo de Referência Educativo. Objetivos de Aprendizagem: ● Apresentar o conceito de Serviço de Referência; ● Caracterizar as etapas do Processo de Referência; ● Contextualizar sobre o Processo de Referência Tradicional; ● Identificar sobre o Serviço de Referência Virtual; ● Descrever as características apresentadas pelo Serviço de Referência Educativo. INTRODUÇÃO Prezado (a) acadêmico (a)! Nesta unidade estudaremos sobre o sobre o serviço de referência, o qual é imprescindível nas atividades biblioteconômicas, haja vista, que disseminar a informação é o objeto das bibliotecas e/ou sistemas da informação. Podemos dizer que ele representa o elo entre o usuário e o conhecimento. Então, dada a importância que esta atividade representa no fazer bibliotecário e na produção do conhecimento, nesta unidade, estudaremos sobre serviço de referência, pelo conceito e significado, refletiremos sobre os diferentes tipos de serviço de referência, quais sejam: o tradicional, o virtual e o processo de referência no meio educativo. Esperamos que você esteja curioso(a) e ansioso(a) para iniciarmos a nossa caminhada! Vamos em frente e bons estudos! 1 CONCEITO DO SERVIÇO DE REFERÊNCIA Caro (a) Acadêmico (a)! Antes de descrevermos sobre o Serviço de Referência, achamos importante repensar sobre a biblioteca de maneira geral e de enfatizar de que ela é de fundamental importância dentro de uma instituição/organização, uma vez que deve reunir, preparar, colocar à disposição de seus usuários recursos bibliográficos indispensáveis ao atendimento de suas necessidades informacionais. A biblioteca é um organismo vivo e, portanto, deve centrar todas as suas atividades no sujeito, haja vista, ser ele a razão de ser: disseminar a informação e ser agente na construção do conhecimento. Neste contexto, para que a biblioteca seja um organismo dinâmico é necessário que a comunidade onde está inserida conheça os serviços ofertados para poder usá- los de forma satisfatória. Assim, de maneira geral, uma biblioteca disponibiliza a sua clientela: pesquisa ao acervo; empréstimos domiciliares; pesquisas bibliográficas; consulta à bases de dados; normalização de trabalhos; treinamento aos usuários; Disseminação Seletiva da Informação (DSI); dentre outros. Para que todas estas atividades fluam a contento, a biblioteca é composta por vários setores e um deles é o de Referência e sua importância é tão grande ao ponto de Figueiredo (1992) mencionar que a utilidade de uma biblioteca pode ser medida pela eficácia de seu serviço de referência, haja vista, que: a essência do conceito de referência é o atendimento pessoal do bibliotecário – profissional preparado para esse fim – ao usuário que, em momento determinado, o procura para obter uma publicação ou informação por ter alguma dificuldade, ou ainda, não encontrando a informação na biblioteca, precisa ser encaminhado para outra instituição (MACEDO, 1990, p. 12). É mister salientar de que na biblioteconomia o termo referência tem um sentido abrangente, pois o serviço de referência “abrange certo número de atividades e competências com a finalidade de oferecerum serviço a um determinado público, em geral uma resposta a uma pergunta” (ACCART, 2012, p. 03-04). O Serviço de Referência (SR) é a ponte entre a informação e o usuário, mas o que ele significa? Vejamos! Ranganathan (1961, p. 53), define o Serviço de Referência (SR) como “o processo de estabelecer contato entre o leitor e seus documentos de uma maneira pessoal”. É o momento em que ocorre a interação entre o profissional bibliotecário e o usuário da biblioteca. Nesta mesma esteira de pensamento, Ferreira (2004, p. 03), acrescenta que o Serviço de Referência é “o processo de identificar as necessidades de informação de um utilizador, facultar-lhe o acesso aos recursos e fornecer-lhe apoio apropriado para a satisfação das suas necessidades”. Nas palavras de Almeida Júnior (2013, p. 15), o Setor de Referência é “o espaço em que se dá a relação entre a informação e o interesse do usuário; é o momento no qual se procura satisfazer as necessidades informacionais do usuário, enfim, é quando todo o trabalho da biblioteca se completa”. Alves e Vidotti (2006, p. 01), denominam Serviço de Referência e Informação (SRI), e mencionam que “é uma projeção da união e harmonia de todos os setores, serviços e pessoas existentes na biblioteca, para garantir informações que atendam as necessidades informacionais dos usuários”. REFLITA Os conceitos expostos até então chamam a atenção para a mediação do bibliotecário entre a informação e o usuário, mas quem é o bibliotecário de referência? Fonte: As autoras (2021). #REFLITA# De acordo com Ramos (2004, p. 44), o bibliotecário de referência é o “responsável pela orientação ao usuário para consulta ao material; disseminação e circulação do material informacional”. É esse profissional que com seus conhecimentos técnicos, auxilia o usuário nas respostas aos seus questionamentos e o ajuda a encontrar os assuntos que pesquisa. Desta maneira, deve antecipar-se às demandas de informações dos usuários, bem como, orientá-los no uso dos recursos informacionais disponíveis, pois: as bibliotecas, nos dias atuais, devem ser vistas também como centros de aprendizado, com sua equipe desempenhando o papel fundamental de capacitadores, oferecendo cursos e treinamentos para que os usuários conheçam os sistemas de recuperação da informação, a arquitetura das bases de dados, a organização da informação nas diferentes áreas do conhecimento (CUENCA; NORONHA e ALVAREZ, 2008, p. 48) Após este preâmbulo, que tal conhecermos um pouco de história do serviço de referência? De acordo com Figueiredo (1992, p. 15), o Serviço de Referência: surgiu da percepção da necessidade de assistir os leitores no uso dos recursos da biblioteca. Isso ocorreu, portanto, sem qualquer estudo teórico, sem quaisquer métodos estabelecidos de desempenho ou procedimentos padronizados para medida e avaliação da eficiência dos serviços proporcionados. O Serviço de Referência surgiu nas bibliotecas públicas norte-americanas, no final do século XIX, sob o nome de References Services. O termo reference foi, inicialmente, atribuído às obras destinadas para consulta interna, as quais eram armazenadas em um local próprio da biblioteca e o público só tinha acesso às informações nela contida por meio do bibliotecário. De acordo com Accard (2012, p. 07): naquela época, as bibliotecas abriram suas portas e seus acervos, devido principalmente à influência de Melvil Dewey e à adoção de sua classificação - a Classificação Decimal de Dewey (CDD) - e mais tarde da Classificação Decimal Universal (CDU), sistemas que continuam sendo muito utilizados. Era uma verdadeira mudança de mentalidade, pois não era raro que os documentos fossem guardados debaixo de chave, sendo o acesso a eles privativo de determinados públicos, pesquisadores ou estudiosos. Com a abertura das bibliotecas, fez-se sentir a necessidade de organizar os conhecimentos. SAIBA MAIS A Classificação Decimal de Dewey (CDD) é um sistema de classificação documentária, mais utilizado no mundo, traduzido para mais de trinta idiomas. Foi desenvolvido por Melvil Dewey, em 1876 e, periodicamente, passa por revisões, sendo a última delas, em 2011, quando foi lançada a 23ª edição. A CDD organiza todo o conhecimento em dez classes principais e cada classe principal tem dez divisões e cada divisão tem dez seções. Desta maneira, o sistema pode ser resumido em 10 classes principais, 100 divisões e 1000 seções. Fonte: As autoras (2021). #SAIBA MAIS# A classificação proposta por Dewey, feita para bibliotecas de entrada livre ao acervo, facilitou o acesso ao conhecimento, ou seja, disponibilizou os acervos das bibliotecas, democratizando o saber armazenado nos livros. Accard (2012), esclarece que no ano de 1876, Green define quatro missões do profissional de referência, quais sejam: ajudar os usuários a compreender o funcionamento da biblioteca; responder às perguntas dos usuários; ajudar os usuários a selecionar as boas obras e promover e personalizar os serviços da biblioteca. Em 1891, Child publica um artigo na Library Journal, intitulado de “Reference work at the Colurnbia College Library”, em que retoma o tema sobre os serviços de referência. Mas foi, somente, a partir dos anos 1930-1940, que os manuais de biblioteconomia norte-americanos reconhecem a função de referência como legítima da biblioteconomia. Vieira (2014, p. 63), esclarece que o serviço de referência como atividade profissional dos bibliotecários surgiu em decorrência da ampliação da educação pública e alfabetização que criaram um novo público leitor que precisava de assistência e, “daí o surgimento da biblioteca pública, onde se originou o Serviço de Referência”. Conforme vimos, o serviço de referência é tido como processo e, como tal, deve ser uma ação contínua e revista constantemente, entretanto, é comum encontrar na literatura, autores que fazem diferenciação entre as expressões Serviço de Referência e Processo de Referência, dentre eles, Jahoda (1989, citado por GROGAN, 1995, p. 50), para quem o processo de referência “abrange a totalidade de passos dados pelo bibliotecário de referência ao responder as questões que lhe são apresentadas”. Para Grogan (1995, p. 50), serviço de referência diz respeito: à assistência efetivamente prestada ao usuário que necessita de informação, a expressão ‘processo de referência’ passou a ser empregada, ao longo dos últimos 30 anos, para denominar, em sua totalidade, a atividade que envolve o consulente e durante a qual se executa o serviço de referência. O referido autor menciona que o “processo de referência”, compreende oito etapas: o problema, a necessidade de informação, a questão inicial, a questão negociada, a estratégia de busca, o processo de busca, a resposta, a solução e a avaliação, os quais veremos detalhadamente no próximo item. 2 SERVIÇO DE REFERÊNCIA TRADICIONAL: PROCESSO DE REFERÊNCIA TRADICIONAL Olá! Neste item, conheceremos sobre a primeira forma de Serviço de Referência adotado pelas bibliotecas: o Tradicional. Então vejamos! No Serviço de Referência é necessário, de acordo com Alves e Faqueti (2002, p. 12) considerar duas abordagens. A primeira é a abordagem tradicional, “cujo papel central do serviço de referência seria a provisão da informação considerando que o objetivo da busca de informação é o produto”. Já a segunda é denominada por eles por abordagem alternativa “cujo foco é a orientação aos usuários na busca da informação e o objetivo é o processo”. O processo de referência tradicional corresponde ao contato inicial entre o usuário e o bibliotecário, ou seja, no momento em que é formulada a consulta da informação desejada. De acordo com Grogan (1995), é possível mencionar que esse processo se inicia no instante em que o usuário reconhece a existênciade um problema e se amplia durante a busca da informação pelo bibliotecário e a entrega da resposta. O processo só finaliza quando usuário e bibliotecário entendem que o problema foi solucionado. Ainda conforme Grogan (1995), o processo de referência é composto de duas fases: a primeira fase, corresponde ao momento em que o bibliotecário e o usuário, analisam juntamente a natureza do problema; a segunda fase diz respeito ao trabalho do bibliotecário quando busca respostas à questão formulada pelo usuário. O processo como um todo contempla oito passos, os quais são sintetizados no Quadro 1. Quadro 1 – Oito passos de uma sequência lógica num processo normal de referência PASSOS CARACTERÍSTICAS O problema Dá início ao processo e pode partir de qualquer ser humano. O problema pode ser externo (decorrente do contexto social ou situacional do indivíduo) ou interno (de origem psicológica ou cognitiva, mas sempre originado na mente do indivíduo). A necessidade de informação A necessidade informacional ainda poderá ser imprecisa e vaga, não estando exatamente expressa ou formada, mas havendo motivação para conhecer ou compreender. A questão inicial É o momento em que são feitas perguntas, dando a ela uma forma intelectual, descrevendo através de palavras para formular uma questão. A questão negociada A questão inicial que foi formulada pelo consulente poderá necessitar de alguns esclarecimentos ou até mesmo ser ajustada ou reformulada, para que se possa ter certeza que corresponde exatamente a real necessidade de informação. A estratégia de busca É preciso definir como as fontes de informação serão consultadas, quais as partes e em que ordem, bem como, analisar o tema da questão para que se possa traduzir para uma linguagem de acesso a essas fontes. Em seguida, se escolhe um dos vários caminhos possíveis para a busca. O processo de busca Uma estratégia de busca flexível, que comporte a mudança no curso da busca, proporcionará maior êxito nessa etapa, sendo importante que o bibliotecário tenha estratégias alternativas. A presença do consulente pode facilitar as mudanças na busca. A resposta A resposta não significa exatamente o fim do processo, visto que ela é apenas o resultado da busca. Esse resultado nem sempre será proveitoso, mas mesmo assim será uma resposta A solução A resposta pode ser uma potencial solução, podendo estar adequada à necessidade do consulente ou necessitando de uma elucidação para que se torne uma solução. É importante que bibliotecário e consulente avaliem juntos o resultado, e que o mesmo seja aprovado para a conclusão do processo Fonte: Pintro (2012, p. 70-71) As quatro primeiras etapas: o problema, a necessidade de informação, a questão inicial e a questão negociada, correspondem à primeira fase e está relacionada ao problema e à sua natureza. A segunda fase é relacionada às ações e estratégias do bibliotecário e envolve as seguintes etapas: a estratégia de busca, o processo de busca, a resposta e sua solução. Desta maneira, o processo de referência se inicia com a apresentação de um problema por parte do usuário e termina quando ele juntamente com o bibliotecário aprova a resposta obtida, considerando uma solução adequada ao problema inicial. É importante lembrar que o processo de referência envolve a interação entre o usuário e o bibliotecário (GROGAN, 1995). De acordo com Figueiredo (1992), o processo de referência, apresenta seis fases: seleção da mensagem, negociação da questão, desenvolvimento de uma estratégia de busca, a própria busca, seleção da resposta e, caso necessário, a renegociação. O Quadro 2, apresenta as fases do processo de referência propostas pela autora. Quadro 2 – Fases do processo de referência FASES CARACTERÍSTICAS Seleção da mensagem É um procedimento subconsciente, feito pelo bibliotecário após receber a questão do usuário. Pode ser feita separadamente ou ligada à negociação ou no desenvolvimento da busca. É feita a identificação dos termos/descritores desejados e das fontes que contêm a resposta. Negociação Momento em que fica claro qual o tipo de resposta que o usuário requer. Desenvolvimento da estratégia de busca É realizada de maneira subconsciente e está ligada à fase da busca, mas se diferencia da mesma por ser uma fase mais intelectual. É feita a tradução da questão exposta pelo usuário para a linguagem das fontes a serem consultadas Busca É a parte mecânica, na qual se faz a busca nas fontes já identificadas pelo bibliotecário como mais prováveis de conter a resposta. Seleção da resposta Fase em que se decide se a resposta requerida pelo usuário foi ou não encontrada, havendo geralmente uma interação entre o bibliotecário e o usuário. Renegociação É realizada quando não há uma decisão quanto à resposta à questão ter sido alcançada ou não. Essa fase pode ocorrer juntamente com qualquer uma das fases do processo de referência. Fonte: Figueiredo (1992). A Figura 1 apresenta, graficamente, as etapas do processo de referência tradicional. Figura 1 – Fluxograma do processo de referência tradicional Fonte: Pintro (2012, p. 72) Pintro (2012), esclarece que as duas etapas (o problema e a necessidade de informação) é algo que diz respeito somente ao usuário. Já as outras seis etapas necessitam-se da presença do bibliotecário. Na terceira etapa, a questão inicial, o bibliotecário de referência deve estar disponível para atender ao usuário, de maneira que ele se sinta à vontade e confortável. Pintro (2012, p. 74), recomenda que: para ser acessível, o bibliotecário deve: estabelecer sua presença sempre ao alcance do olhar do usuário e manter-se visível o máximo possível; estar à disposição do usuário e oferecer ajuda ao invés de esperar que o usuário o procure; estabelecer contato visual inicial com os usuários, de maneira sorridente, atenciosa e acolhedora; iniciar uma conversa com uma saudação amigável ao se aproximar do usuário; estar sempre pronto para atender e focar a atenção na necessidade do usuário, mesmo que necessite parar as outras atividades. Frente ao exposto, o bibliotecário deve ser atencioso e demonstrar interesse pela solicitação do usuário. Assim, esse profissional deve ter boa comunicação oral e escrita, compreender a necessidade e as expectativas do usuário e utilizar de linguagem acessível que possa ser entendida por aquele que busca informações. Na quarta etapa – a questão negociada – o bibliotecário deve ser capaz de identificar as necessidades informacionais do usuário no início do processo e reconhecer que será preciso uma negociação, haja vista, de que nem todos sabem expressar com clareza o que necessitam. Dessa maneira, é preciso que o bibliotecário faça indagações para conhecer exatamente a necessidade do usuário e consiga fornecer uma resposta que resolva o seu problema. De acordo com Grogan (1995, p. 67), o bibliotecário deve “durante a conversa com o usuário, identificar na totalidade do universo de conhecimentos o segmento particular que coincida com a necessidade tantas vezes expressa de forma imperfeita”. Pintro (2012, p. 76), complementa que o bibliotecário nesta fase deve: se comunicar de forma receptiva, cordial e encorajadora; usar um tom de voz adequado à natureza da transação; permitir que o usuário declare plenamente sua necessidade de informação nas suas próprias palavras antes de responder; identificar as metas ou objetivos da pesquisa do usuário; reformular a pergunta e pedir a confirmação para garantir que ela tenha sido compreendida; buscar esclarecer terminologias confusas e evitar jargões excessivos; usar técnicas abertas de interrogatório para incentivar o usuário a expandir o pedido ou fornecer informações adicionais, quando necessário; usar questões ou esclarecimentos fechados para refinar a busca, quando necessário; manter a objetividade e nãointerpor juízos de valor sobre o assunto ou a natureza da questão. Conforme podemos perceber a fim de que esta fase seja exitosa, espera-se que o bibliotecário detenha diferentes competências, habilidades e atitudes. Na quinta etapa – a estratégia de busca – é preciso planejar o caminho e as fontes a serem consultadas no processo da pesquisa. Neste sentido, o bibliotecário precisa conhecer as fontes informacionais a seu dispor e saber utilizá-las com eficiência (GROGAN, 1995). Figueiredo (1992), alerta que o sucesso no desenvolvimento da estratégia de busca depende da experiência do bibliotecário e de seu conhecimento sobre os recursos disponíveis para a elaboração da atividade. Esse profissional deve ter habilidade para “traduzir” a questão do usuário, já negociada, para a linguagem dos mecanismos de busca. Dessa maneira, espera-se que o bibliotecário nesta etapa detenha conhecimentos sobre fontes de informação, métodos, técnicas e ferramentas de coleta e tecnologias da informação. Na sexta etapa – o processo de busca – com a escolha das fontes informacionais já definidas na fase anterior, é necessário que o bibliotecário siga as estratégias de maneira correta, para que obtenha resultados satisfatórios. Grogan (1995, p. 136), menciona algumas qualidades pessoais esperadas pelo bibliotecário neste momento, dentre elas: “capacidade de raciocínio abstrato; capacidade de solucionar problemas; mente analítica; mente lógica; aptidões conceituais; aptidões verbais elevadas; capacidade de elaborar estratégias de busca, etc.”. Quanto maior o conhecimento do profissional sobre as fontes informacionais, maior a probabilidade de obter sucesso na busca. Quando for identificada muita ou pouca informação sobre o assunto, é importante que o bibliotecário trabalhe em interação com o usuário para selecionar aquilo que realmente interessa. Na sétima etapa – a resposta – , Figueiredo (1992, p, 51), menciona que o bibliotecário é desafiado a: pôr para trabalhar o seu processo de raciocínio na comparação e análise da informação, na tomada de decisões, e na conclusão sobre a utilidade dos materiais encontrados ou não. [...] Um dos fatores que tornam esta fase uma das intelectualmente mais difíceis, é a decisão que tem que ser tomada concernente à relevância e pertinência do material fornecido, ou a seleção final da resposta de acordo com a necessidade exata do usuário. É um momento decisivo, pois cabe ao bibliotecário averiguar se o material coletado é relevante e pertinente para o usuário, ou seja, se contempla as suas necessidades informacionais. A última fase no processo de referência tradicional corresponde a solução. Nesse momento, o bibliotecário deve perguntar ao usuário se seu pedido foi atendido satisfatoriamente, caso contrário, é preciso que o profissional consiga indicar ao usuário outras fontes ou instituições que possam auxiliá-lo no seu processo de busca. “O ideal é que sejam oferecidas orientações e instruções, fornecendo o máximo de informações possível sobre a quantidade de informação necessária e as fontes já consultadas” (PINTRO, 2012, p. 80). O sucesso no processo de referência depende da interação entre o bibliotecário e o usuário e o importante é que esse último encontre as informações que deseja. Na sequência estudaremos sobre o Serviço de Referência Virtual. Então vamos adiante! 3 SERVIÇO DE REFERÊNCIA VIRTUAL: PROCESSO DE REFERÊNCIA VIRTUAL Caro (a) Acadêmico (a)! Neste item, adentraremos a mais um tipo que o Serviço de Referência pode se configurar: o virtual. Vejamos! O conceito de referência, com o advento da internet e do avanço das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), deixou de ficar restrito ao ambiente físico da biblioteca e nem necessita que o usuário esteja presente fisicamente em seu recinto, haja vista, que ele pode acessar os serviços bibliotecários em qualquer lugar que esteja. Francisco (2012, p. 03), corrobora que: a internet passa representar uma mudança de paradigma radical com relação aos serviços bibliotecários, proporcionando um ambiente informacional amplo, global, de alcance nunca visto pelos antigos bibliotecários, acostumados a trabalhar num ambiente delimitado com uma comunidade de usuários identificável, restrita e até conhecida. Nesta mesma esteira de pensamento, Pessoa e Cunha (2007, p. 70) acrescentam que “com a utilização da internet, as bibliotecas passaram a oferecer serviços de referência digital, prestando um melhor atendimento tanto aos usuários presenciais, como aos usuários remotos”. De acordo com os autores supracitados, “esse serviço surgiu no final da década de 1980, quando se tornou comum a disponibilização dos catálogos das bibliotecas na rede, o que veio facilitar a localização de informações e documentos” (PESSOA e CUNHA, 2007, p. 70). Segundo o Reference and User Services Association, da American Library Association (2004, citado por PESSOA e CUNHA, 2007, p. 70) o Serviço de Referência Virtual se inicia “em um contexto eletrônico, usualmente em tempo real, no qual os usuários utilizam recursos tecnológicos para se comunicar com os profissionais de referência, sem estar fisicamente presentes”. Um dos requisitos para que um serviço de referência seja considerado virtual é ter um bibliotecário que faça a mediação entre o usuário e a informação em contexto virtual. É importante ressaltar que se de um lado o serviço de referência virtual representa um avanço na disseminação da informação, por outro, envolve algumas complexidades, pois ao iniciar um serviço de referência virtual requer levar em consideração como ele se enquadra dentro da missão da biblioteca e na cultura institucional, especificamente sua aceitação tanto pela gerência como pelo pessoal, e a possibilidade de contar com a infraestrutura tecnológica apropriada para o projeto (ARELLANO, 2001, p. 12). Em um Serviço de Referência Virtual (SRV), não se pode vislumbrar somente com as tecnologias sem levar em consideração que o elemento humano é tão importante quanto a própria tecnologia (GROGAN, 2001). O SRV apresenta as seguintes vantagens em relação aos outros sistemas de referência: as fontes de informação virtual se atualizam rapidamente; exige demanda menor de mão-de-obra; não necessita de espaço físico para o armazenamento; otimização e precisão na recuperação da informação (CARVALHO e LUCAS, 2005); acessibilidade de qualquer lugar e a todo instante; geralmente oferece serviço gratuito; garantia na proteção dos dados e das informações; orientação para fontes de informações confiáveis e oferta de um serviço personalizado e de qualidade (ACCART, 2012). Dentre as formas de serviço de referência virtual podemos mencionar as seguintes: correio eletrônico; chat; Web contact centers softwares; Videoconferência e Projetos colaborativos de Referência Virtual. Que tal conhecermos um pouco cada um deles? O correio eletrônico foi o primeiro serviço de referência virtual que surgiu devido ao custo e facilidade na execução e não requerer tecnologia especial para o bibliotecário e para o usuário. Esse serviço se proliferou na Web a partir de 1990 e pode ser utilizado de duas formas: por meio do e-mail básico e do formulário via Web. O uso correio eletrônico para os serviços de referência virtual apresenta as seguintes vantagens: o usuário pode solicitar a informação a qualquer hora e em qualquer lugar; as respostas são fornecidas mais completas pelo fato de bibliotecário dispor de mais tempo para responder as perguntas recebidas eletronicamente do que teria pessoalmente e, ainda, há a possibilidade de arquivamento das mensagens recebidas e enviadas. Como desvantagens o uso do correio eletrônico no serviço de referência virtual estão o tempo da resposta, o qual não deve ser muitodemorado; a entrevista de referência que pode requerer várias trocas de mensagens entre o bibliotecário e o usuário e a realização do serviço sozinho por parte do bibliotecário. Quanto a esse último item, Pessoa e Cunha (2007, p. 72), acrescentam que: normalmente, no serviço de referência tradicional (presencial), bibliotecário e usuário trabalham em conjunto na busca pela informação desejada. Muitas vezes o bibliotecário indica as bases adequadas para a pesquisa e auxilia o usuário na busca, ou seja, ensina-o a pesquisar, enquanto trocam informações para refinar a pesquisa como forma de encontrar a informação mais precisa possível. Esta interação face-to-face, não é possível no serviço de referência virtual, utilizando o correio eletrônico. No que diz respeito a utilização do chat no serviço de referência virtual, ele possibilita a troca de mensagens instantâneas via Web, em tempo real, entre duas ou mais pessoas por meio da internet. As vantagens do chat é a interação ao vivo entre bibliotecário e usuário, eliminando os erros de compreensão na comunicação; possibilidade de salvar o texto das mensagens trocadas para utilização posterior; garantia do anonimato, ou seja, o usuário não precisa se identificar para enviar a pergunta. Como desvantagens apresenta a ausência de comunicação corporal entre usuário e bibliotecário; o tempo de espera para o usuário obter a resposta e, talvez, ele não tenha paciência para aguardar o resultado; problemas de conexão da internet; erros de grafia tanto por parte do usuário quanto do bibliotecário por rapidez na digitação. De acordo com Pessoa e Cunha (2007), nos serviços de referência virtual via chat pode-se distinguir três tipos de tecnologias diferentes, são elas: softwares de mensagens instantâneas, salas de bate-papo e softwares de chat. O Web contact centers softwares também denominados de Real-Time Live Web, criados inicialmente para atender à necessidade dos empresários, são softwares que adotam tecnologias de chat, com um nível mais elevado de interatividade entre bibliotecários e usuários. Esses softwares de chat, além de viabilizarem a troca de mensagens entre usuários e bibliotecários, permitem também ao bibliotecário visualizar a página em que o usuário está navegando, sincronizar a página do usuário com a do bibliotecário para que toda página visitada por este também apareça na tela do usuário (collaborative browsing) e enviar um correio eletrônico para o usuário com a transcrição de toda conversa ao final do chat (PESSOA e CUNHA, 2007, p. 73). Frente ao exposto, podemos perceber que esses softwares de chat são importantes, pois mesmo virtualmente possibilitam uma “aproximação” entre o bibliotecário e o usuário na busca da informação, entretanto, exigem TICs mais potentes. A videoconferência, enquanto recurso no serviço de referência virtual apresenta como vantagem a comunicação “direta” entre o bibliotecário e o usuário, pois, geralmente, o usuário se sente mais seguro e confortável quando há o contato visual entre ambos. Como desvantagens, pode-se citar a necessidade da banda larga para a transmissão de dados e o custo elevado; a inconsistência da qualidade do vídeo e do áudio via internet, pois a conexão pode oscilar causando ruídos que travam e cortam imagem e sons. A videoconferência deve ser utilizada como uma das alternativas nos serviços de referências virtuais, haja vista, que seu custo está diretamente relacionado aos softwares e hardwares e sua aquisição deve-se justificar equalizando a relação custo/benefício. De tudo que vimos até então a respeito dos serviços de referências virtuais, é importante considerar que “os bibliotecários deverão integrar contextualmente as novas tecnologias com a referência tradicional para que as bibliotecas se tornem competitivas no mercado da informação” (FERREIRA, 2004, p. 02) e é preciso que esse profissional “atue como um mediador entre o mundo digital e a capacidade real de entendimento do receptor da informação, garantindo a efetiva comunicação e a satisfação da necessidade informacional do usuário dessa tecnologia” (TARAPANOFF; SUAIDEN e OLIVEIRA, 2002, p. 05), haja vista, que as TICs são uma realidade em todos os contextos da sociedade, assim, as bibliotecas e as unidades de informação devem acompanhar a demanda exigida e desempenhar o seu papel de agente na construção do conhecimento. 4 SERVIÇO DE REFERÊNCIA EDUCATIVO: PROCESSO DE REFERÊNCIA EDUCATIVO Olá, Chegamos ao último tipo de serviço de referência que nos propusemos a discutir nesta unidade: o educativo. Tenho certeza de que está ansioso (a) para conhecê-lo. Então, vamos adiante! Ao iniciarmos esta reflexão, esclarecemos que não há um consenso, na literatura, sobre o significado da expressão educação de usuários. Algumas vezes é tida como sinônimo de orientação bibliográfica, pesquisa bibliográfica ou instrução sobre o uso da biblioteca. A educação de usuários vai além do acesso à informação e, preocupa-se, também, com a comunicação e a geração de novas informações. Assim, deve ser entendida: como o processo pelo qual o usuário interioriza comportamentos adequados com relação ao uso da biblioteca e desenvolve habilidades de interação permanente com as unidades de informação. Os bibliotecários precisam se conscientizar que devem promover a educação da vontade do usuário, mediante o desenvolvimento orientado de sua inteligência para novas formas de pensar, agir e sentir em relação à biblioteca. Isso inclui não apenas cursos e palestras, mas também a ambientação física adequada, acervos formados e desenvolvidos de acordo com as necessidades dos usuários e o oferecimento de serviços e produtos, com qualidade e eficiência desejados, por pessoal qualificado e treinado devidamente para tanto (BELUZZO e MACEDO, 1990, p. 86). Neste sentido, a educação do usuário perpassa pelo reconhecimento das fontes de informação necessárias ao preenchimento de suas necessidades de informação, desenvolvimento de habilidades para que ele seja capaz de utilizar eficientemente o potencial de informação de uma unidade de informação e adquira noções para preparar ou redigir um documento técnico-científico. Frente ao exposto, o processo de referência educativo, de acordo com Rostirolla (2006, p. 43) “caracteriza-se pela orientação e capacitação do usuário ou de um grupo de usuários no acesso e uso de fontes de informação sobre uma determinada área ou tema de interesse”. A autora menciona que ele pode ser ofertado tanto de maneira presencial quanto à distância. Nesta mesma linha de pensamento Felício (2014, p. 52), menciona que o processo de referência educativo “caracteriza-se pela educação ou formação de um usuário, ou de um grupo de usuários, no acesso e uso da informação”. A referida autora complementa ainda que o serviço de referência educativo: caracteriza-se pelo ensino-aprendizagem do processo de busca da informação, visando ao desenvolvimento das competências em informação dos usuários. Tais competências incluem: a) saber reconhecer a necessidade da informação; b) localizar eficaz e eficientemente a informação; c) avaliar criticamente a informação; d) usar e comunicar a informação eficientemente; e) ser aprendiz independente; f) aprender ao longo da vida (FELÍCIO, 2014, p. 173). Desta maneira, a “educação do usuário” perpassa pelo planejamento das ações oferecidas a ele, a fim de lhe orientar no uso dos recursos oferecidos pela biblioteca. Assim, é importante capacitar o usuário para recuperar a informação desejável e, o bibliotecário, desempenha o papel de educador nesse processo. Dessa maneira, ele deve “tornar claro o caminho do usuário, ou seja, todas as vias possíveis de acesso devem ser conhecidas, levando-o a entender o sistema de informação construído e minimizar as barreiras de usabilidade”(SILVA, 2008, p. 02). Felício (2014), esclarece que o serviço de referência educativo, geralmente, ocorre de modo presencial por meio do ensino e aprendizagem em laboratórios ou salas de aulas, entretanto, pode, também, ser oferecido à distância, utilizando-se das tecnologias síncronas – como o chat, a vídeo/tele ou Web conferência - ou assíncronas - como o e-mail, os formulários de contato nas páginas na Internet, dentre outras. A autora supracitada acrescenta que o uso das tecnologias possibilita ofertar esse serviço na modalidade a distância, a fim de aumentar a aprendizagem de um grupo maior de usuários por meio da instrução digital. Oakleaf e Vanscoy (2010 apud FELÍCIO, 2014), apresentam um conjunto de estratégias que podem ser utilizadas durante uma instrução a distância, dentre elas citam: deixar os alunos conduzir a busca da informação; sempre que possível, os bibliotecários devem mostrar - não dizer - aos alunos as etapas do processo de busca da informação; bibliotecários de referência devem ajudar os alunos com a sua imediata necessidade de informação e identificar quais etapas adicionais os alunos terão de enfrentar após a necessidade imediata ser sanada; bibliotecários devem fazer um esforço para que seus pensamentos, como pesquisadores especialistas, sejam transparentes para os alunos usando a técnica de pensar em voz alta; bibliotecários devem reforçar positivamente o comportamento dos alunos na busca de informação; bibliotecários devem incentivar os alunos a participar em comunidades de aprendizagem colaborativa e; bibliotecários de referência devem atender tão completamente quanto possível os alunos na primeira transação de referência; no entanto, se as necessidades informacionais do aluno podem ser melhor atendidas por um meio alternativo, poderão encaminhar o aluno para um outro local de referência, um bibliotecário especializado, um contato pessoal, um outro serviço de referência digital. Para Rostirolla (2006) o processo de referência educativo é composto por quatro etapas, quais sejam: a identificação do campo do conhecimento; o roteiro; o ensino/aprendizagem e o feedback. Vejamos!!! Na primeira etapa – identificação do campo de conhecimento – são identificadas as necessidades informacionais do usuário e a entrevista prévia é o instrumento utilizado neste momento. Na segunda etapa – o roteiro – são selecionadas as fontes que serão acessadas, bem como, elencadas as palavras- chave pertinentes ao tema de interesse do usuário. Na etapa de Ensino/Aprendizagem, ocorre o ensino efetivamente sobre o acesso do uso das fontes e recursos selecionados anteriormente e na última etapa – o feedback– é o momento em que bibliotecário e usuário em conjunto avaliam o ensino aprendizagem. Pintro (2012), reconhece as mesmas etapas para o Processo de Referência Educativo, apenas acrescenta a etapa do Roteiro – Seleção de fontes, conforme pode ser visualizado na Figura 3. Figura 3 - Fluxograma do processo de referência educativo Fonte: Pintro (2012, p. 84). Diante do exposto, “cabe à biblioteca criar mecanismos para conhecer melhor aqueles que fazem o uso da biblioteca [...] criar serviços que atendam às necessidades do público que deve atender” (ALMEIDA JÚNIOR, 2003, p. 63). Na opinião de Pintro (2012, p. 147), o processo de referência educativo: é consequência da evolução das Tecnologias de Informação e Comunicação que impactam nas unidades de informação e seus serviços, sendo que hoje grande parte das bases informacionais encontra-se no formato digital, com acesso de qualquer local e a qualquer hora, possibilitando, portanto acesso contínuo às mesmas pelo usuário. Dessa maneira, as competências necessárias à execução das atividades do bibliotecário de referência também são transformadas e, assim, além das competências já essenciais tradicionalmente no serviço de referência, torna-se indispensável o desenvolvimento de novas competências associadas às atividades requeridas para o treinamento e capacitação dos usuários (PINTRO, 2012, p. 147-148). Estas novas atividades exigem que o bibliotecário se atualize constantemente, esteja atento às exigências da profissão e desenvolva novas competências sempre visando satisfazer a necessidade informacional do usuário, haja vista, ser ele a razão de ser da biblioteca. Para Campello (2003, p. 29): A função educativa da biblioteca torna-se visível com o aparecimento do serviço de referência e se amplia com a introdução da educação de usuários, conjunto de atividades que, ao contrário do serviço de referência [tradicional], apresentam uma característica proativa, realizando-se por meio de ações planejadas de uso da biblioteca e de seus recursos. Frente ao exposto, o serviço de referência educativo deve implementar ações que incorporem o conceito da competência em informação em suas práticas e que contribuam ativamente para facilitar o desenvolvimento ou a melhoria das habilidades, conhecimentos e atitudes de seus usuários em relação à informação, tornando-os aprendizes ao longo da vida (FELÍCIO, 2014). É importante salientar que a aprendizagem é um processo contínuo e somos todos eternos aprendizes e, no que concerne à biblioteca, esta instituição, tem por missão satisfazer as necessidades informacionais dos usuários, bem como, ser um espaço prazeroso para eles e para os profissionais que nela trabalham. CONSIDERAÇÕES FINAIS Chegamos ao final desta unidade, na qual tivemos a oportunidade de refletir sobre o serviço de referência. Perpassamos pelo conceito e percebemos que a grosso modo ele objetiva estabelecer a relação entre o bibliotecário e o usuário no processo de busca da informação, para isso, o bibliotecário do setor de referência além de possuir habilidades técnicas e competências pessoais, deve se manter atualizado a fim de atender as demandas que a atividade requer. Pudemos perceber que os serviços de referências podem se configurar em três formas: tradicional, virtual ou educativo. O processo de referência tradicional se caracteriza pela interação presencial, face a face, entre o bibliotecário com o usuário e perpassa oito etapas: o problema; a necessidade de informação; a questão inicial; a questão negociada; estratégia de busca; o processo de busca; a resposta e solução. O processo de referência virtual apresenta a característica a interação virtual entre o bibliotecário com o usuário. Pode ser desenvolvido por meio de correio eletrônico, via chat, e-mails, vídeo/tele ou Web conferência dentre outros. Já o processo de referência educativo caracteriza-se pela educação ou formação de um usuário, ou de um grupo de usuários, no acesso e uso da informação. É uma maneira de a biblioteca desempenhar a sua função educativa e, por meio de seus profissionais, ensinar o usuário as formas de uso dos recursos e dos serviços ofertados por ela. O importante é salientar de que independente do processo, seja tradicional, virtual ou educativo, a interação entre o bibliotecário e o usuário é a peça chave no serviço de referência. Outra característica é que todos os processos se iniciam pela incidência de um problema que o usuário precisa resolver e para o qual ele precisa de informação. Neste sentido, há a necessidade que o usuário expresse claramente suas necessidades de informação a fim de que o bibliotecário compreenda e busque os melhores meios e recursos informacionais para ajudá-lo na resolução de seu problema. Assim, é importante que o profissional facilite o processo de comunicação com o usuário, utilize de linguagem clara e precisa e de estratégias para extrair informações úteis para o entendimento da questão. Esperamos que tenha gostado do assunto e até a próxima unidade! LEITURA COMPLEMENTAR Serviço de referência: o que se espera dele? Marília Cossich Atualmente, não bastaapenas ser educado ou tratar bem a comunidade de usuários, é preciso prever suas necessidades, surpreender e ir além de suas expectativas. Também é necessário estabelecer um canal de comunicação no qual as críticas e sugestões sejam transformadas em especificações de melhores produtos e serviços. Os usuários esperam mais do que cortesia, querem serviços que atendam ou superem suas expectativas. O atendimento de qualidade é um serviço que pode ser considerado eficiente quando proporciona satisfação e as necessidades são prontamente atendidas. De acordo com Placer, a Referência não é a totalidade da Biblioteconomia, mas é de suma importância para as bibliotecas, pois ajuda ao usuário a localizar as informações de que necessita, de maneira pontual e personalizada. Sua base é a Bibliografia, constituindo uma das partes da moderna organização da biblioteca. O bibliotecário de referência é o responsável pelo atendimento e localização das informações solicitadas pelos usuários. É por meio deste profissional que as questões dos usuários são atendidas, ou seja, ele é o abre-alas da Unidade de Informação. O que se espera de um Serviço de Referência é que além de atender a necessidade de busca por informações, de servir como guia dos serviços oferecidos pela biblioteca e de orientar a pesquisa, é que recebemos um tratamento personalizado e diferenciado, pois os usuários são a razão da existência de uma biblioteca. O Serviço de Referência O setor da biblioteca responsável pelo atendimento direto aos usuários e a resolução de dúvidas é o Serviço de referência. Pode ser considerado também como o cartão de visitas de uma Unidade de Informação. Segundo Grogan, o Serviço de Referência consiste na assistência efetivamente prestada ao usuário, procurando fornecer acesso rápido e seguro à informação. O Serviço de Referência precisa cumprir sua missão que é a de informar os usuários, atendendo prontamente às suas solicitações e deve ir muito além da coleção de referência de uma biblioteca. No decorrer dos últimos anos o Serviço de Referência ampliou sua forma de atuação devido à inserção de novas tecnologias nas Unidades de Informação, utilizando o meio virtual como chat, e-mail, formulário de questões, telefone e as redes sociais. O marketing também é de suma importância para as Unidades de Informação, pois é através dele que a comunidade de usuários tomará conhecimento dos produtos e serviços prestados pela biblioteca. Além disso, a qualidade no Serviço de Referência é uma maneira de se realizar o marketing em uma biblioteca, com uma boa prestação de serviços e bom atendimento. A questão da qualidade A qualidade existe desde que o mundo é mundo. Ao longo da História o homem procurou o que mais se adequasse às suas necessidades, fossem de ordem material, intelectual ou social. A relação cliente-fornecedor tão propagada nos dias atuais, na verdade sempre existiu no seio familiar, entre amigos, nas organizações de trabalho, escola e na sociedade em geral. Vive-se hoje o cenário da busca incessante pela “Qualidade total” em todos os tipos de organização, seja de produtos ou de serviços, como fator de sobrevivência e competitividade. O que o mercado exige, as empresas precisam atender. Sendo assim, a qualidade experimentou uma evolução significativa, sobretudo nos últimos cem anos. No contexto biblioteconômico, as bibliotecas também buscam a excelência na realização de atividades e produtos oferecidos. Segundo Beluzzo, os bibliotecários reconhecem a necessidade de aumentar seus objetivos e manter a qualidade de produtos e serviços, destacando a importância dos usuários internos nesta mudança de comportamento e gestão. Em resumo, qualidade é uma satisfação constante e tornou-se uma questão de sobrevivência para as instituições. Consiste na busca de melhoria contínua e começa com a mudança de atitude e comportamento, pois a qualidade da instituição começa no balcão de atendimento e a qualidade no atendimento é a que mais depende das pessoas que atuam na organização, com destaque para o bibliotecário de referência. A qualidade começa com a mudança do comportamento das pessoas que criam novos hábitos e uma cultura voltada para qualidade, a fim de sempre buscarem a melhoria dos produtos e serviços prestados à comunidade de usuários. Atualmente, as bibliotecas devem se preocupar em justificar sua existência e sua importância para as instituições a que estão vinculadas. Como nas empresas, as Unidades de Informação são muito cobradas em relação à qualidade, tanto pelos mantenedores, quanto, e principalmente, pelos usuários dos serviços. A implantação de programas de qualidade geralmente baseia-se no trabalho em equipe, na comunicação e na gestão descentralizada e participativa. Isto requer um bom conhecimento de técnicas e métodos que identifiquem os momentos da verdade, os obstáculos e as deficiências. Conforme observado, o Serviço de Referência pode ser considerado como a alma de uma Unidade de Informação, pois é através do atendimento personalizado prestado aos usuários que a biblioteca constrói sua imagem perante a comunidade que a utiliza. Diante disso, o bibliotecário de referência é de suma importância, sendo o responsável pelo atendimento face a face ou online aos usuários. A qualidade no atendimento prestado aos usuários contribui para o marketing das Unidades de Informação, visto que seus usuários são bastante exigentes e estão sempre em busca de novos produtos e serviços. Os usuários são a razão de ser de uma Unidade de Informação e para mantê-los satisfeitos é preciso um bom atendimento, qualidade do acervo, novidades nos produtos e serviços oferecidos, isso tudo contribuirá para o marketing da instituição, pois em se tratando de Serviço de Referência, o atendimento é a alma do negócio. Fonte: COSSICH, Marília. Serviço de referência: o que se espera dele? 30 jun. 2014. Disponível em: https://biblioo.info/servico-de-referencia/. Acesso: 02 dez. 2021. LIVRO https://biblioo.info/servico-de-referencia/ ● Título: Serviço de referência: do presencial ao virtual ● Autor: Jean-Philippe Accart ● Editora: Briquet de Lemos ● Sinopse: A primeira parte do livro descreve sobre o planejamento, implantação e desenvolvimento de serviços de referências presenciais. O autor considera esse serviço como se fosse uma vitrine da instituição. A expressão “serviço de referência” inclui tanto um serviço de recepção, perguntas/respostas, orientação e informação quanto de pesquisas bibliográficas. Os serviços de referência desenvolvem-se ou se denominam de modo diferente conforme o tipo de documentos com que lidam: biblioteca, midiateca, serviço de documentação, serviço de informação, serviço de arquivo, etc. O serviço de referência designa um lugar físico (o balcão de referência, a mesa de atendimento), pessoas físicas (o pessoal incumbido de acolher, informar e orientar o público) e coleções (a sala de referência). Ele se diferencia do serviço de empréstimo e respectivo balcão, embora algumas bibliotecas juntem os dois, seus objetivos não são os mesmos. LIVRO ● Título: A prática do serviço de referência ● Autor: Denis Grogan. ● Editora: Briquet de Lemos. ● Sinopse: o livro é um manual prático para o serviço de referência em seu sentido restrito. É dividido em seis capítulos e inicia-se com observações sobre a natureza histórica e filosófica do serviço de referência, qualidades desejáveis no bibliotecário de referência, política e prática desse serviço. Examina, detalhadamente, os diversos tipos de consultas recebidas pelos bibliotecários de referência e analisa o processo de referência em suas etapas decisórias. FILME/VÍDEO ● Título: The public ● Ano: 2018. ● Diretor: Emilio Estévez. ● Duração: 122 minutos● Sinopse: A história se passa no interior da biblioteca pública de Cincinnati e gira em torno de seus frequentadores, muitos dos quais são desabrigados e mentalmente doentes que procuram abrigo e calor no seu interior durante dois dos dias mais frios na memória recente da cidade. REFERÊNCIAS ACCART, Jean-Philippe. Serviço de referência: do presencial ao virtual. Brasília, DF: Briquet de Lemos, 2012. ALMEIDA JÚNIOR, Oswaldo Francisco de. Biblioteca pública: avaliação de serviços. Londrina: Eduel, 2013. 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Objetivos de Aprendizagem: ● Conhecer as diretrizes do Serviço de Referência; ● Apresentar o Serviços de Referência como Prática Profissional do bibliotecário; ● Compreender as Competências e Habilidades necessárias ao Bibliotecário de Referência. INTRODUÇÃO Prezado (a) acadêmico (a)! Já vimos o quão importante é o serviço de referência para uma biblioteca, compreendemos o conceito do termo e refletimos sobre o serviço de referência tradicional, virtual e educativo. Nesta unidade, iremos conhecer as diretrizes do Serviço de Referência enquanto prática profissional do bibliotecário, destacando as competências e habilidades necessárias para o desempenho desse trabalho. Esperamos que a aprendizagem deste conteúdo seja significativa e valiosa para sua atuação profissional e que também lhe instigue a sempre buscar conhecimentos que possam fundamentar e qualificar a realização desse serviço. Vamos lá iniciar mais uma caminhada! bons estudos! 1 DIRETRIZES DO SERVIÇO DE REFERÊNCIA. ID: 1434409691 Como vimos na unidade anterior o Serviço de Referência, “é a assistência pessoal, especializada, dada pelo bibliotecário ao usuário que deseja obter uma informação específica para propósitos que envolvem, entre outras coisas, o estudo e a pesquisa” (MACEDO, 1984, p. 64). A autora aponta ainda que: originalmente, no contexto de bibliotecas norte-americanas, o serviço de referência se prendeu ao atendimento específico de questões fatuais, respondidas por meio de obras de referência, tipo dicionário, enciclopédia, almanaque, diretório etc. Depois, foi significando todas aquelas formas de assistência comum nas bibliotecas: localização de material; ajuda no uso do catálogo ou de obras de referência; levantamentos bibliográficos etc. (MACEDO, 1984, p. 64) Posteriormente, American Library Association (ALA) ratifica essa definição de serviço de referência, qualificando-o como “consultas de informações nas quais os funcionários da biblioteca recomendam, interpretam, avaliam e / ou usam recursos de informações para ajudar outras pessoas a atender a necessidades específicas de informação” e acrescentam que as transações de referência não incluem instruções formais ou trocas que forneçam assistência com localizações, programações, equipamentos, suprimentos ou declarações de política. Assim, o serviço contempla as transações de referência e outras atividades que envolvem a criação, gerenciamento e avaliação deinformações ou recursos de pesquisa, ferramentas e serviços (RUSA, 2008, p. 01, tradução nossa) Com o passar dos tempos e o desenvolvimento das tecnologias as bibliotecas se diversificaram, ampliaram e se modernizaram, acompanhando as mudanças da sociedade, alargando-se também, o próprio conceito de serviço de referência, que abre- se a utilização de vários meios e materiais, não se restringindo a fontes internas. Passa então a atender o usuário pessoalmente, mas, também, por telefone, e-mail, aplicativos e mensagens, redes sociais entre outros, utilizando-se coleções bibliográficas impressas e digitais próprias ou de outras bibliotecas, visando, assim, alcançar a satisfação do usuário real e potencial, seja no atendimento de questões simples, como uma orientação a respeito do uso da biblioteca, a ações mais especializadas como levantamentos bibliográficos, normalização de documentos, elaboração de fichas catalográficas, solicitações de números de ISBN (International Standard Book Number) para publicações, disseminação seletiva da informação entre outras ações. De acordo com Macedo (1984, p. 66) o Serviço de Referência deve ser compreendido como uma série de “atividades-meio próprias para desempenhar funções que atinjam seu próprio fim'. Coincidentemente seu alvo é também o fim-último da biblioteca: a satisfação do usuário”. A autora pontua ainda quatro linhas de atuação para o serviço de referência, a saber: 1. Referência propriamente dita: (Ready reference). No qual o bibliotecário aguardando ser procurado pelo usuário, responde a questões de referência e assiste o mesmo nas suas dificuldades de localização e obtenção da informação, bem como recorre ou encaminha a outras instituições quando necessário. 2. Orientação formal ao usuário - desenvolvida de forma sistemática, por meio de visitas orientadas, cursos, treinamentos etc, buscando instruir e qualificar os usuários para o uso da biblioteca, a prática da pesquisa, o uso de bases e portais de pesquisa entre outras ações que corroborem para o desenvolvimento da competência em informação nos sujeitos usuários da biblioteca. 3. Disseminação da informação - procurando antecipar a busca por informação do usuário, a partir da preparação de boletins bibliográficos e informativos; sínteses da informação; instrumentos de alerta e disseminação seletiva da informação, a fim de informar os usuários sobre novas publicações a respeito de determinados assuntos, sem que o mesmo precise se deslocar ou contatar a biblioteca para obter tal informação. 4. Divulgação e interpretação da Biblioteca, por meios variados, como: impressos, comunicação visual, audiovisuais entre outros recursos com o intuito de mostrar ao usuário o que existe e como funciona o sistema de informação. Como vemos, trata-se de um serviço bastante diversificado e primordial para as bibliotecas, exigindo então, a definição de diretrizes e políticas para a sua realização. Deste modo, American Library Association (ALA), maior e mais antiga associação de bibliotecas do mundo, por meio do Standards and Guidelines Committee (RUSA), desenvolveu um conjunto de diretrizes complementares que apontam aspectos essenciais relativos à planificação e funcionamento de um serviço de referência de qualidade, conforme observamos no Quadro 1 abaixo: Quadro 1 - Diretrizes para o Serviço de Referência (SR) Diretrizes Objetivos Diretrizes para implementação e manutenção de serviço de referência virtual (RUSA, 2017b) Procuram auxiliar as bibliotecas na implementação e gestão de um Serviço de Referência Virtual (SRV) criando linhas orientadoras de organização e funcionamento passíveis de serem adotadas por diferentes tipos de bibliotecas. Encontra-se organizado em cinco temáticas: definição de SRV; preparação para o SRV; disponibilização do serviço; organização do serviço; e privacidade. Elaboradas em 2004, estas diretrizes foram revistas em 2009, de forma a incluir experiências e conhecimentos adquiridos na área da referência desde a sua elaboração Diretrizes para desempenho comportamental de provedores de serviços de referência e informação. (RUSA, 2013) Centra-se no desenvolvimento da relação entre o bibliotecário de referência e os utilizadores deste serviço, chamando a atenção para o impacto negativo ou positivo que esta interação pode ter no processo de referência e na importância que atitudes como a simpatia e o interesse têm no sucesso deste serviço. Foca cinco aspectos comportamentais, subdivididos em orientações gerais e específicas para o Serviço de Referência Presencial e Virtual: acessibilidade (Approachability); interesse (Interest); saber ouvir/interrogar (Listening/Inquiring); pesquisar (Searching); e acompanhamento (Follow up). Iniciou-se, em 2011, o processo de revisão destas diretrizes, sendo sua última versão publicada em 2013. Diretrizes de Competências Profissionais para Bibliotecários de Referência e Serviços ao Usuário (RUSA, 2017a) Pretendem apontar um conjunto de competências essenciais ao bibliotecário de referência para o desempenho correto das funções e dos requisitos do seu trabalho. Encontra-se organizada em cinco aspectos fundamentais relativos às funções exercidas pelo bibliotecário de referência e às competências necessárias para o seu desempenho: acesso à informação; conhecimentos básicos; marketing/ percepção / informação; colaboração; e avaliação. Diretrizes para serviços de referência cooperativos (RUSA, 2006) Visam apoiar as bibliotecas na organização e na avaliação de serviços de referência cooperativos, contribuindo para o desenvolvimento de políticas e procedimentos necessários. Criadas em 1998 e revisadas em 2006, estas diretrizes encontram-se organizadas em quatro partes focando os seguintes conteúdos: objetivos do serviço; gestão; disponibilização; e avaliação. Diretrizes de referência digital (IFLA, 2008) Destinam-se a promover e apoiar os bibliotecários na sua planificação, gestão e funcionamento. Estão organizadas em duas seções, a primeira dirigida aos responsáveis das bibliotecas, abordando questões relativas aos procedimentos essenciais do processo de organização de um SR, nomeadamente planificação, política de referência, recursos humanos, formação, design da interface informática, aspectos legais, publicidade / promoção, avaliação e colaboração. A segunda seção aborda questões mais práticas no processo de funcionamento e disponibilização deste serviço, incluindo uma seção específica para a implementação e funcionamento de um SRV através de programas de chat. Os aspectos tratados são: objetivos do SR, tipologia ou modelos, recursos humanos, competências pessoais e profissionais e formação, espaço físico e espaço virtual, recursos tecnológicos, recursos documentais, horário de serviço, divulgação, avaliação, aspectos legais, funcionamento de SR chat Fonte: Mota e Nunes (2012, p. 08 - 09) As diretrizes internacionais da IFLA e da RUSA procuram dar resposta às necessidades das bibliotecas relativas ao planejamento, organização e funcionamento do Serviço de Referência. Estes documentos orientadores revelam uma preocupação com o desenvolvimento de um serviço com padrões técnicos de qualidade e dão uma visão sistêmica dos vários fatores de funcionamento do Serviço de Referência, constituindo-o em ferramentas valiosas para a sua organização. Vale destacar que essas diretrizes passam por um processo de análise e revisão frequente, buscando se adequar aos objetivos e necessidades das bibliotecas e dos bibliotecários. (MOTA e NUNES, 2012, p. 08) Para Shachaf e Horowitz (2008) essas diretrizes representam um auxílio valioso na planificação e disponibilização deste serviço, principalmente ao estabelecerem orientações profissionais e éticas essenciais para a qualidade do serviço. É fundamental, nestesentido, que o bibliotecário de referência as conheça e desenvolva esforços no sentido da sua implementação (SHACHAF (2008). SAIBA MAIS A American Library Association (ALA) foi fundada em 6 de outubro de 1876 durante a Exposição do Centenário na Filadélfia, com a missão de fornecer liderança para o desenvolvimento, promoção e melhoria da biblioteca e dos serviços de informação e da profissão de bibliotecário, a fim de aprimorar o aprendizado e garantir o acesso à informação. Todas as suas orientações para o serviço bibliotecário pode ser acessado em: https://www.ala.org/. Fonte: ALA (American Library Association). 2022.Disponível em: https://www.ala.org/. Acesso em: 02 jan. 2022. (Online - tradução nossa) #SAIBA MAIS# 2 SERVIÇOS DE REFERÊNCIA E PRÁTICA PROFISSIONAL https://www.ala.org/ https://www.ala.org/ ID: 544442782 No item anterior retomamos a definição e importância do serviço de referência e focamos nas diretrizes internacionais para seu funcionamento. Agora enfatizamos o serviço de referência como prática profissional do bibliotecário, considerando conforme Grogan (2001, p. 08): a arte do serviço de referência [... é] um dom profissional do bibliotecário. [...] os usuários das bibliotecas quando auxiliado pelo bibliotecário de referência têm melhores condições de mais bem aproveitarem o acervo de uma biblioteca do que o fariam sem essa assistência. O autor acrescenta que, este princípio de maximização de recurso está no cerne do próprio conceito de biblioteca, que é o compartilhamento e uso coletivo dos registros gráficos em benefício da sociedade como um todo e dos indivíduos que a constituem. Neste sentido, o serviço de referência recebe a incumbência de promover e facilitar o acesso e uso do acervo de conhecimentos acumulados, vindo assim complementar e reforçar ajuda ministrada pelos sistemas de catalogação e classificação da biblioteca, ao proporcionar a assistência individual aos usuários que buscam informações. Constitui- se, portanto, elo vivo entre o texto e o leitor, configurando-se em muito mais do que um expediente para comodidade dos usuários, um serviço que leva a biblioteca a cumprir o seu papel social, que é proporcionar o acesso e uso de seu acervo de forma a proporcionar algum benefício (GROGAN, 2001). Nesta perspectiva, Kenneth Whitaker apud Grogan (2001 p. 08) aponta que “a finalidade do serviço de referência e informação é permitir que as informações fluam eficientemente entre as fontes de informação e quem precisa de informações”. Para os autores, sem essa aproximação o fluxo da informação jamais se daria de forma eficiente. Grogan (2001) propõe que o processo de referência engloba oito passos que se iniciam quando o usuário se aproxima (presencial ou virtualmente) do bibliotecário e procura uma solução para seu problema informacional. São eles: a) O problema compreendido como dificuldade expressa pelo usuário; b) a necessidade de informação traduzida pelo desejo de conhecer, compreender ou apenas curiosidade sobre um assunto; c) a questão inicial representada pela pergunta expressa pelo usuário para obter a informação; d) a questão negociada entendida como o esclarecimento da questão inicial realizada pelo usuário; e) estratégias de busca sinalizando as categorias onde serão realizadas as buscas; f) o processo de busca indicando a realização da busca pelo acervo; g) a resposta apontando o resultado da busca; e h) a solução representando a avaliação da resposta (SILVA, 2013), conforme já conhecemos na primeira unidade deste material. Vale considerar que, a informação é insumo básico para a solução dos problemas cotidianos da vida em sociedade. A fonte desses problemas pode ser externa ou interna. “Um problema externo decorre do contexto social ou pelo menos situacional do indivíduo: um problema interno é de origem psicológica ou cognitiva, surgindo na mente da pessoa” (GROGAN, 2001, p. 51) . Contudo, nem sempre as necessidades de informação dos usuários são colocadas de forma clara e objetiva. Muitas questões são complexas e exigem um diálogo minucioso entre o usuário e o bibliotecário de referência para se definir o conteúdo da pergunta. Esse diálogo entre bibliotecário e usuário a fim de identificar, melhor formatar ou determinar o conteúdo das perguntas denomina-se entrevista de referência (SILVA, 2013). Vale considerar ainda que “não se trata de um simples processo linear: esses passos podem implicar sucessivos retornos à consulta, antes de se procurar a respostas, e eventuais vaivéns durante a busca.” (GROGAN, 2001, p.50). Balbinotti (2020, p. 578) destaca que: O bibliotecário de referência, em muitas ocasiões, precisa não entender apenas as necessidades informacionais dos usuários, mas também as necessidades humanas que cercam o contexto do usuário. No atual cenário informacional é preciso que os profissionais tenham como característica um olhar amplo perante a comunidade em que o usuário está inserido. A autora complementa dizendo que a necessidade de informação por parte do usuário transforma seu comportamento e o bibliotecário de referência precisa estar atento e, por vezes, agir como um psicólogo ou como um detetive, metaforicamente falando, pois, através de um simples olhar ou gesto é possível desvendar a real necessidade informacional do usuário. Nesta direção, Dalla Zen (2010) enfatiza que o profissional deve ter uma visão ampla, capaz de compreender o ser humano nas suas dimensões físicas, biológicas, espirituais, culturais, sociológicas ou históricas. Essa compreensão é importante, pois conforme aponta Grogan (2001, p. 52) a necessidade de informação pode ser vaga e imprecisa, ou não estar bem formatada ou corretamente expressa; ou ainda não surja de um problema real e concreto. Pode ainda ser resultado de uma motivação ou desejo de conhecer e compreender, ou mesmo uma simples curiosidade. Assim, uma necessidade informacional “pode pode variar desde ‘seria bom saber’ até ‘não posso ir adiante enquanto não descobrir’”. Assim, percebemos que as necessidade de informação são variadas. Alguns sujeitos buscam por documentos específicos, outros necessitam de informações sobre determinados temas. Há ainda os que buscam solucionar problemas específicos; os que necessitam de atualizações frequentes; os que buscam um simples dado e ainda os que requerem que a informação seja obtida por meio de diferentes fontes, conforme apontam Cunha, Amaral e Dantas (2015). Compreender a necessidade de informação de um usuário é uma tarefa complexa, pois os sujeitos possuem um universo particular e sua necessidade de informação está relacionada com o cenário em que habita e com as características e condições que moldam o mundo ao seu redor, porém é um atividade crucial para o trabalho de referência, pois nos permite formular a questão inicial (BALBINOTTI, 2020). A respeito da questão inicial Grogan (2001, p. 52) ressalta que: Uma das maneiras mais importantes pelas quais os seres humanos adquirem conhecimento é fazendo perguntas, e, se o usuário potencial decide perguntar a alguém, torna-se necessário obviamente dar à pergunta uma forma intelectual mais nítida, descrevê-la com palavras, e formulá-la como uma questão. E aqueles que desejarem procurar por si mesmos talvez precisem formalizar ainda mais o enunciado, decidindo-se quanto às palavras exatas sob as quais farão suas buscas. É importante considerar que em muitos casos os usuários chegam até ao bibliotecário sem saber o que realmente desejam. Por isso, a questão inicial de busca precisa ser moldada, adequada, reformulada e às vezes até transformada para que se possa ter certeza de que corresponde de forma à necessidade de informação apresentada. Esse processo de interação entre usuário e bibliotecário que leva ao ajuste da questão inicial, éo processo que Grogan (2001) denomina de questão negociada. A questão inicial formulada pelo consulente pode às vezes exigir maiores esclarecimentos ou ajustes, para se ter certeza de que corresponde de forma mais precisa à necessidade de informação subjacente. A questão, em seguida, é comparada com a maneira como as informações são geralmente organizadas na biblioteca e, mais particularmente, nas fontes de informação específicas existentes em seu acervo ou em outros lugares. Tal comparação revela com frequência que a questão exige uma certa redefinição ou reformulação de modo a permitir um cotejo mais adequado com a terminologia e a estrutura das fontes de informação a serem consultadas (GROGAN, 2001, p. 53). Negociada a questão, inicia-se a definição das estratégias de busca. Nesse momento, o bibliotecário pode trabalhar a educação do usuário, ao apontar caminhos e ferramentas que auxiliem nas próximas buscas do usuário. Vale lembrar que nem sempre o bibliotecário terá a resposta de imediato e terá de estudar e buscar meios e ferramentas para encontrar a informação solicitada. Por isso, é importante que o bibliotecário de referência tenha conhecimento e habilidades para manusear diferentes fontes de informações, nas mais diversas áreas do conhecimento, estejam elas em formato impresso ou digital. Definir a estratégia de busca ou a convergência de estratégias utilizadas também é um passo importante que demanda decisões técnicas: como o acervo será consultado, quais partes ou áreas serão consultados e em que ordem? Essas decisões demandam “uma análise minuciosa do tema da questão, identificando seus conceitos e suas relações, e, em seguida, traduzindo-os para um enunciado de busca apropriado na linguagem de acesso do acervo de informações”. Esse processo implica em decisões e escolhas entre os vários caminhos possíveis (GROGAN, 2001, p. 53). Nas palavras de Grogan (2001, p 53) a definição da estratégia de busca configura- se geralmente como: uma escolha que passa por três etapas: primeiro, seleciona-se a categoria da fonte, depois a fonte específica dentro dessa categoria, e finalmente os pontos de acesso específicos dentro dessa fonte. E, evidentemente, se isso não der resultado, faz-se outra escolha apropriada, que poderá ser a categoria, fonte ou ponto de acesso mais promissor que venha em seguida. Trata-se de decisões que se situam quase por completo na esfera de ação do bibliotecário – e, conforme já foi sugerido, às vezes são tomadas no nível do subconsciente. Certamente, o êxito desse processo dependerá do conhecimento íntimo das várias fontes de informação disponíveis para pesquisa e a experiência na utilização. O processo de busca propriamente dito, “é o momento em que o bibliotecário utiliza suas técnicas, ferramentas e experiência para buscar a informação desejada pelo usuário. Quanto mais atualizado for o bibliotecário, mais rápido e com mais eficiência será a busca informacional” (BALBINOTTI, 2020, p. 582). Contudo, o usuário também deve desenvolver suas habilidades de pesquisas, pois a informação é insumo básico para desenvolvimento humano e as técnicas para seu acesso e uso devem fazer parte dos processos de ensino e de aprendizagem. Nesse aspecto, Pelegrini, Estácio e Vitorino (2016, p. 175) acrescentam que o bibliotecário de referência pode capacitar os usuários, tornando-os competentes em informação para que tenham autonomia e busquem sozinhos respostas para a resolução de problemas informacionais futuros. As autoras consideram que “a competência em informação refere-se a um conjunto de habilidades, atitudes e conhecimentos sobre o universo informacional.” Realizada a busca, o próximo passo é a obtenção da resposta. Contudo, é preciso considerar que a resposta encontrada pode não corresponder à necessidade informacional do usuário e por isso a resposta ainda não deve ser considerada como uma solução ou final do processo (BALBINOTTI, 2020, p. 582). Nas palavras de Grogan (2001, p. 54): O que o bibliotecário tem em mãos nessa etapa é simplesmente o resultado da busca. Se esta tiver sido executada de maneira correta, esse resultado coincidirá, em geral, com o enunciado de busca, modificado taticamente, porém será preciso ter certeza disso. Às vezes a busca pode resultar infrutífera: isso também será uma ‘resposta’, mas raramente será agradável apresentá-la assim de forma nua e crua ao consulente. A solução propriamente dita virá com avaliação da resposta apresentada pelo bibliotecário por parte do usuário. Nessa perspectiva, deve-se considerar que a resposta apresentada é uma solução potencial: em alguns casos, ela é suficiente em sua forma despojada. Contudo, há situações em que torna-se necessário melhor elucidação ou explicação para que se tenha uma solução completa. É importante também que ambos (bibliotecário e usuário/consulente) avaliem o resultado da pesquisa, e o aprovem antes de finalizarem o processo (GROGAN, 2001). Caso o resultado não seja satisfatório, é importante que o bibliotecário tenha outras opções de buscas ou mesmo que possa encaminhar o usuário para “outros locais com profissionais que possam resolver a questão, mas é fundamental que o usuário não saia da unidade informacional sem uma resposta, nem que seja provisória” (BALBINOTTI, 2020, p. 583). Para melhor atendimento dos usuários, em especial das demandas de difícil atendimento, é fundamental que o bibliotecário crie uma rede de contatos com outros profissionais e que se desenvolva um sistema de cooperação entre bibliotecas para que possam melhor trocar materiais e informações e assim ampliarem opções e consultas e possibilidade de respostas (BALBINOTTI, 2020, p. 583). Accart (2012) sugere ainda a definição de uma política de referência, estabelecendo a formação do acervo, os serviços que serão oferecidos (orientação, recepção, informação, pesquisas entre outros), os produtos de informação que serão oferecidos (clippings de notícias, boletins bibliográficos, dossiê de documentos, disseminação seletiva de informação entre outros). Segundo o autor, essa política deve estabelecer três objetivos gerais: a ) o serviço de referência como imagem da instituição; b) serviço de referência, polo e excelência para recepção, orientação e a pesquisa de informação; c) o serviço de referência, intermediário entre uma necessidade de informação e as fontes de informação, o autor reforça a importância do serviço ao destacar que “é primeiro ponto de contato com o usuário e representa a instituição” (ACCART, 2012, p. 33 grifos do autor). Neste item, estudamos o Serviço de Referência como Prática Profissional, enfatizamos a sequência lógica dos oito passos do processo de referência definidos por Grogan (2001) e vimos quanto o desenvolvimento desses passos pode proporcionar maior rapidez ao processo de busca e melhor satisfazer a necessidade informacional dos usuários. No item seguinte, destacamos as competências e habilidades requeridas ao bibliotecário e referência. Esperamos que sua aprendizagem tenha sido significativa, e que as informações aqui acessadas sejam importantes para sua formação profissional e principalmente lhe que instigue a buscar novos conhecimentos em relação à prática do serviço de referência. REFLITA Agora que você já conhece os oito passos do processo de referência defendidos por Grogan (2011), reflita sobre a seguinte questão: Você já foi atendido por um bibliotecário de referência? Como foi sua experiência? Você consegue avaliar e perceber o transcurso desses oito passos? Agora que você já refletiu sobre sua experiência, convido você a visitar o setor de referência da biblioteca universitária mais perto de você e buscar identificar esses passos no atendimento do profissional. Se puder identifique- se como acadêmico do curso e peça para o profissional relatar suaexperiência.Temos a certeza que esse contato irá enriquecer em muito seus conhecimentos sobre o serviço. Fonte: As autoras (2021). #REFLITA# 3 COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DO BIBLIOTECÁRIO DE REFERÊNCIA ID: 1857379732 No item anterior, conhecemos os oito passos do serviço de referência e vimos o quão minucioso pode ser o trabalho que a um primeiro e desatento olhar, pode parecer um simples atendimento ao público usuário. Neste item, enfatizaremos as habilidades e competências para o trabalho de referência. Você está ansioso (a) para conhecê-las? vamos lá, então! Como vimos no item anterior, o serviço de referência além de minucioso e por vezes complexo e imprevisível, devido às múltiplas e variadas questões que podem surgir, significa o primeiro contato do usuário e pode ser decisivo na concepção do usuário acerca da instituição. Por isso é importante que o bibliotecário desenvolva algumas competências, habilidades e responsabilidades e busque sempre se atualizar nas áreas e contextos em que atua. Vale destacar que o êxito do serviço está diretamente relacionado a alguns atributos pessoais do bibliotecário. Dessa forma, são importantes para o serviço de referência não apenas habilidades profissionais como intimidade com as fontes de referência ou domínio das técnicas de buscas informatizadas, ou ainda uma vasta cultura geral ou até mesmo a experiência em lidar com os consulentes, mas também atributos pessoais humanos, inatos ou adquiridos, como simpatia, criatividade, confiança e outros mais indispensáveis a todas as profissões voltadas para a prestação de serviços. (GROGAN, 2001). As diretrizes Professional Competencies for Reference and User Services Librarians da Reference and Users Services Association (RUSA) estabelecem como bibliotecários de referência “aqueles que auxiliam, aconselham e instruem os usuários no acesso a todas as formas de conhecimento registrado. A assistência, aconselhamento e instrução incluem serviço direto e indireto aos clientes” (RUSA, 2017a, online, tradução nossa) e define como competências, os comportamentos necessários para o desempenho do trabalho de forma consistente e eficaz. As diretrizes asseguram ainda que “um bibliotecário de referência e de serviços ao usuário deve saber e ser capaz de empregar os conceitos, princípios e técnicas de referência e serviços ao usuário para indivíduos de todas as idades, culturas e grupos” (RUSA, 2017a, online, tradução nossa) Desse modo: As competências RUSA são críticas para uma referência excelente e serviços de usuário. Assim, eles identificam os comportamentos subjacentes que levam ao desempenho bem-sucedido em organizações que fornecem serviços de referência e de usuário aos clientes. As competências pressupõem uma infraestrutura básica de competências exigidas por todos os profissionais, como habilidades relacionadas à comunicação, tecnologias da informação, alfabetização digital, leitura, escrita e matemática. Portanto, as competências do RUSA se concentram nas habilidades, habilidades e conhecimentos que tornam os bibliotecários de referência e de serviços ao usuário únicos em relação a outros profissionais. (RUSA, 2017a online, tradução nossa) Essas diretrizes estabelecem, ainda, que os bibliotecários de referência são responsáveis por afirmar a importância das questões de diversidade dentro da comunidade de informação, por isso devem tomar consciência de suas próprias visões de mundo históricas, culturais, raciais, de gênero e religiosas; e identificar onde essas visões podem interferir ou mesmo excluir outras experiências humanas. Desta forma, as diretrizes da Rusa (2017a, online, tradução nossa) destacam e enumeram uma série de competências organizadas em sete eixos conforme o Quadro 2 abaixo: Quadro 2 - Diretrizes Rusa - habilidades e competências para o serviço de referência Competências Serviços Acessar conhecimentos e informações relevantes e precisas ● Oferece serviços que atendem às necessidades individuais expressas do usuário ● Organiza e projeta serviços para atender às necessidades da comunidade primária Avaliar, coletar, recuperar e sintetizar informações de diversas fontes ● Identifica e apresenta fontes altamente recomendadas Interagir com colegas e outras pessoas para fornecer consultoria, mediação e orientação no uso de conhecimento e informações ● Colabora com colegas para fornecer serviços aos usuários; ● Desenvolve relacionamentos colaborativos dentro da profissão para melhorar o serviço aos usuários ● Desenvolve e mantém parcerias além da profissão de bibliotecário para fortalecer os serviços aos usuários Desenvolver especialização adequada em alfabetização informacional e habilidades e habilidades de instrução, incluindo alfabetização textual, digital, visual, numérica e espacial ● Define estratégias para o desenvolvimento da competência em informação ● Integra conceitos de alfabetização informacional em toda a gama de serviços de biblioteca, desde instrução em sala de aula a programas comunitários para referência e instrução individual ● Elabora e implementa estratégias de apresentação e comunicação para promover a aprendizagem e o envolvimento ● Cria um ambiente de ensino centrado no aluno Promover e demonstrar o valor dos serviços de biblioteca por meio de marketing e defesa ● Compreende e aplica a teoria e as práticas de marketing ● Desenvolve, implementa e avalia um plano de marketing contínuo para serviços de biblioteca ● Defende o valor dos serviços de biblioteca para a comunidade primária Avaliar e responder à diversidade nas necessidades do usuário, comunidades e preferências do usuário ● Avalia as necessidades do usuário ● Avalia serviços de informação ● Avalia recursos de informação ● Avalia a entrega do serviço ● Avalia interfaces de usuário para recursos de informação ● Avalia assistência aos usuários por provedores de serviços de informação Investigar, analisar e planejar para desenvolver serviços futuros ● Leva uma vida como um aprendiz ● Desenvolve e implementa planos para serviços e recursos ● Planeja, implementa e avalia inovações em serviços e recursos Fonte: RUSA/ALA, 2017 (tradução nossa). Disponível em: https://www.ala.org/rusa/resources/guidelines/professional. Acesso em: 05 jan. 2021. Mota (2016, p. 52) destaca como competências necessárias ao bibliotecário de referência a: Curiosidade intelectual, capacidade de mudança e de adaptação, flexibilidade, criatividade, paciência, diplomacia, gosto pela inovação e forte conhecimento do funcionamento do SR são algumas das características e das competências que podem determinar o comportamento e a eficiência do bibliotecário de referência, a relação que estabelece com o utilizador e, por último, o sucesso do serviço prestado e a qualidade do próprio SR. Os recursos humanos de uma biblioteca, em geral, e do SR, em particular, podem constituir, na verdade, o seu maior valor. A autora acrescenta ainda como: competências básicas de um bibliotecário de referência tradicional: comunicar de forma efectiva, saber conduzir uma entrevista de referência, auxiliar o utilizador a obter a informação de que necessita e dar a conhecer ao utilizador a mais-valia deste serviço e da biblioteca (Lindbloom et al., 2006). Estas https://www.ala.org/rusa/resources/guidelines/professional constituem competências nucleares para a disponibilização de qualquer modelo de referência, em qualquer contexto e independentemente do tipo de tecnologia utilizada (MOTA, 2016, p. 55). A autora chama a atenção ainda para a necessidade de evolução dessas competências tendo em vista as características da sociedade marcada principalmente pelo desenvolvimento tecnológico e a aceleração do acesso à informação. Sendofundamental que estes profissionais tenham a capacidade e a criatividade de adaptar técnicas e conhecimentos tradicionais a uma nova realidade. Espera-se que tenham a capacidade de disponibilizar serviços de qualidade no espaço físico da biblioteca, mas também de desenvolver serviços em meio digital utilizando dos diversos tipos de tecnologias disponíveis, que possibilitem uma comunicação síncrona e assíncrona com os seus utilizadores. O Quadro 3 abaixo sintetiza as principais competências do bibliotecário de referência. Quadro 3 - Competências do bibliotecário de referência Fonte: Mota (2016, p. 56). Wurman (1991, p. 59) acrescenta também como pré-requisito essencial para o bibliotecário de referência: a capacidade de admitir a ignorância quando não entender alguma coisa. A capacidade de admitir que não se sabe é libertadora. Permitir-se não saber tudo fará você relaxar, e este é o estado de espírito ideal para receber informação nova. Você precisa estar tranquilo para ouvir, para realmente escutar a informação nova. Como podem perceber o serviço de referência é um trabalho minucioso e por vezes complexo que exige do profissional, além de qualificação na área de biblioteconomia e conhecimento das técnicas e recursos de organização e recuperação da informação, boa comunicação, capacidade de desenvolver relações interpessoais, habilidade com as tecnologias e mídias sociais, uma formação continuada que permita acompanhar transformações sociais e os principais temas e debates instaurados na atualidade. Aqui finalizamos esta unidade, esperamos que as informações apresentadas tenham sido de grande importância para sua formação profissional e que tenhamos despertado o interesse por novos estudos e pesquisas a fim de aprofundar e constantemente atualizar os conhecimentos acerca do assunto. Foi muito bom tê-lo (a) conosco! Até a próxima! CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade conhecemos as diretrizes do serviço de referência, estudamos os oito passos para o desenvolvimento desse serviço e o quanto ele é importante, visto que representa o primeiro contato do usuário com a instituição. Compreendemos ainda as competências e habilidades necessárias ao bibliotecário de referência. Percebemos que as diretrizes são importantes ferramentas para o bibliotecário de referência planejar e organizar o funcionamento do seu trabalho, visto que estes documentos fornecem orientações gerais baseadas em padrões técnicos internacionais, oferecendo uma visão sistêmica dos vários fatores de funcionamento do Serviço de Referência. Destacamos ainda, os oito passos para o serviço de referência: o problema; a necessidade de informação; a questão inicial; a questão negociada; as estratégias de busca; o processo de busca; a resposta; a solução. Vimos que embora esses passos possam não acontecer de forma linear, ou mesmo serem realizados de forma inconsciente pelo profissional, eles são importantes e podem significar a qualidade do serviço. Conhecemos também as competências para o serviço de referência que exige do profissional boa qualificação, domínio das técnicas de pesquisa e dos recursos de organização e recuperação da informação, eficiente comunicação e relações interpessoais, além de habilidade com as novas tecnologias e mídias sociais e formação continuada que lhe possibilite acompanhar as dinâmicas sociais e suas transformações. Finalizamos nossa unidade na expectativa de que sua aprendizagem tenha sido significativa e que os conteúdos apresentados contribuam para sua formação profissional e relevantes para sua prática profissional. Até a próxima ! LEITURA COMPLEMENTAR Namore um bibliotecário de referência 11/06/2013 Por mundobibliotecario Sabe aquele cara que fica atrás do balcão, 8 horas por dia na frente de um computador, e que vez ou outra você vai até ele perguntar se não tem mais nenhum exemplar de cálculo do Swokowski? O cara para quem você jura que não tem nenhum exemplar de Dinâmica do Hibbeler e que te responde que no sistema tem cinco disponíveis para empréstimo? Aquele que, às vezes, você quase quase derruba na corrida até as estantes para pegar o último exemplar de Circuitos Elétricos do Johnson? (Ah, da próxima vez, derrube-o, porque esse cara precisa sorrir mais, surpreender-se mais e coisa e tal). Pois é, esse cara é o bibliotecário de referência. Problemas com alguma norma da ABNT? Com paginação do Word? Não consegue achar aquele artigo que seu orientador falou que é indispensável para seu TCC, sua dissertação ou tese? Aquele programa que joga as referências automaticamente no Word… qual é mesmo? Só o bibliotecário de referência saberá, portanto, corra até ele, afinal o prazo do seu trabalho já está acabando! Não que ele vá resolver todos os seus problemas, mas certamente vai jogar uma luz sobre as trevas, pois se não te der uma resposta, no mínimo vai te encurtar o caminho até ela. Sim, vai. Pode confiar. O caminho pode ser mais curto do que a distância da mesa dele e aquela mesa de estudo que você sempre senta. O bibliotecário de referência é um navegante nesse mar informacional chamado Web, deixa o Google no chinelo! É muito mais refinado porque conhece os atalhos para chegar até a informação de que você precisa, muito mais perspicaz porque se desdobra para entender sua questão, muito menos máquina porque muito mais humano. É o cara capaz de entender aquilo que você realmente precisa, aquilo de mais imaterial que reside no fundo da sua mente, no âmago da sua dúvida. Resumindo, um poço de sabedoria, mas também um eterno e humilde aprendiz, pois as bases de dados sempre mudam, a quantidade de informação e conhecimento cresce assustadoramente a cada ano, ou seja, é impossível aprender tudo sozinho, por isso, precisa de você para ensiná-lo. Sua https://mundobibliotecario.com.br/index.php/author/bibliodu/ única certeza é a de que o ciclo da informação gera uma dúvida, que gera uma questão, que gera a busca pela solução. Claro que o bibliotecário de referência está nesse ciclo (existem vários modelos, não se frustre se não encontrar este no Google, ok?) mas como ele trabalha com o público, é seu dever sempre esclarecer tudo. Portanto, procure-o, consulte-o, faça-o perder horas procurando uma coisa só para você. Isso mesmo: só para você! Deixe-o louco com as suas interrogações: morrer com a dúvida pode ser muito mais doloroso do que ter desperdiçado a chance de solucioná-la. Ou melhor, ter desperdiçado a chance de solucioná-la a dois, pois todos sabemos que duas cabeças pensam melhor do que uma. Peça e será atendida. Sempre. Fonte: Namore um bibliotecário de referência. Mundo bibliotecário, 11 jun. 2013. Disponível em: https://mundobibliotecario.com.br/index.php/2013/06/11/namore-um-bibliotecario-de-referencia/. Acesso em: 03 jan. 2021 LIVRO https://mundobibliotecario.com.br/index.php/2013/06/11/namore-um-bibliotecario-de-referencia/ • Título: Serviços de referência & Informação • Autor: Nice Menezes de Figueiredo. • Editora: Polis. • Sinopse: Coletânea de artigos sobre Serviços de Referência/Informação que tem por objetivo debater o conhecimento moderno sobre esta atividade, que é considerada como a própria razão de ser de uma Biblioteca/unidade de informação. É uma função que também justifica a atuação do profissional bibliotecário como agente de informação, servindo de intermediário entre os recursos informacionais existentes e o usuário que necessita de informação de qualquer tipo e nível. LIVRO • Título: Reference Service • Autor: S. R. Ranganathan. • Editora: Ess Ess Publication. • Sinopse: Os trabalhos do Dr. Shiyali Ramamrita Ranganathan (S.R. Ranganathan) são famosos não porque cobrem certas facetas da biblioteconomia e da ciência da informação,mas porque foram escritos pelo pai da biblioteconomia na Índia, Dr. Ranganathan. Esses clássicos da biblioteconomia foram reimpressos para tornar o trabalho do Dr. Ranganathan disponível para a geração atual de bibliotecários e para os que virão. LIVRO • Título: Serviço de Referência: do presencial ao virtual • Autor: Jean- Philippe Accart • Editora: Briquet de Lemos • Sinopse: Define serviço de referência presencial e virtual, esclarece os passos para o trabalho e enfatiza a importância do serviço de referência e da definição de uma política de realização desse serviço. FILME/VÍDEO • Título: A Livraria • Ano: 2017. • Sinopse: O filme conta a história de Florence Green (interpretada com muita sensibilidade por Emily Mortimer), uma viúva que decide reconstruir sua vida em uma pequena cidade da costa da Inglaterra na década de 1950 e, para isso, ela conta com a ajuda dos livros, sua grande paixão. Porém, ao abrir uma livraria na cidade, numa casa que estava abandonada, ela desperta a ira da elite local, que só então revela o desejo de criar uma galeria de arte no espaço adquirido por Florence. “A livraria” são as relações de amizade que a protagonista estabelece a partir do amor aos livros. Outro aspecto importante a ser mencionado é a hostilidade com que a personagem é recebida pelos moradores mais conservadores, mostrando que a literatura é vista como algo perigoso por muita gente, principalmente quando ela está relacionada à figura de uma mulher independente, como é o caso de Florence. FILME/VÍDEO ● Título: Serviço de Referência ● Autor: Prof. Ana Patrícia ● Ano: 2020 ● Sinopse: Apresenta os oito passos do serviço de referência de forma clara e objetiva. ● Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=mPEWYVpTd1I https://www.youtube.com/watch?v=mPEWYVpTd1I REFERÊNCIAS ACCART, Jean-Philippe. Serviço de referência: do presencial ao virtual. Brasília, DF: Briquet de Lemos, 2012. BALBINOTTI, Stheve. Desvendando os oito passos de Grogan em um processo de referência. Florianópolis, Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, v. 25, n. 3, p. 571-587, ago./dez., 2020. CUNHA, Murilo Bastos da; AMARAL, Sueli Angelica do; DANTAS, Edmundo Brandão. Manual de estudo de usuários da informação. São Paulo: Atlas, 2015. DALLA ZEN, Ana Maria. A Crise de paradigmas e a ressignificação do conhecimento para o século XXI. Em Questão, Porto Alegre, v. 16, n. 2, p. 49 - 63, jul./dez. 2010. GROGAN, Denis Joseph. A prática do serviço de referência. Brasília: Briquet de Lemos, 2001. MACEDO, Neusa Dias de. Em busca de diretrizes básicas para o serviço de referência e informação para bibliotecas brasileiras. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação v. 17, n. ¾ , p. 61-70, jul./dez. 1984 . MOTA, Ana Sofia Machado. O Serviço de Referência nas bibliotecas públicas em Portugal: modelo de desenvolvimento. Évora, 2016. Tese (Tese de Doutoramento em Ciências da Informação e da Documentação) - Universidade de Évora MOTA, Ana Sofia; NUNES, Manuela Barreto. O serviço de referência nas bibliotecas públicas em Portugal: estado da questão e proposta de análise de acordo com as directrizes da RUSA e da IFLA. 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WURMAN, Richard Saul. Ansiedade de informação: como transformar informação em compreensão. Tradução: Virgílio Freire. São Paulo: Cultura Editores Associados, 1991. https://portal.febab.org.br/anais/article/view/1498 UNIDADE III SERVIÇOS DE REFERÊNCIA VIRTUAL E DIGITAL Dra. Leociléa Aparecida Vieira Mestre Lucilene Aparecida Francisco Plano de Estudo: ● Definição dos Serviços de Referência Virtual; ● Características dos Serviços de Referência Virtual; ● Tipos de Suporte e Funcionamento; ● Software;● Normas e Políticas. Objetivos de Aprendizagem: ● Definir Serviços de Referência Virtual; ● Apresentar as características dos Serviços de Referência Virtual; ● Descrever sobre os tipos de suporte e funcionamento dos Serviços de Referência Virtual; ● Identificar os softwares utilizados nos Serviços de Referência Virtual; ● Apontar as normas e políticas que regem os Serviços de Referência Virtual. INTRODUÇÃO Prezado (a) Acadêmico (a)! Iniciamos mais uma unidade e nessa aprofundaremos conhecimentos sobre o Serviço de Referência Virtual (SRV). Com a introdução das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) nas bibliotecas, os serviços de referência conseguem localizar as informações e documentos de forma mais rápida e a interação entre o bibliotecário, o usuário e a informação tornou- se mais dinâmica. Desta maneira, com a utilização da Internet, as bibliotecas começaram a ofertar serviços de referência digital a todos os usuários, sejam presenciais ou remotos; as bibliotecas evoluíram do paradigma de acervo para o paradigma de acesso. Dado a relevância do assunto na área biblioteconômica, iniciaremos nosso percurso com a definição dos Serviços de Referência Virtual, na sequência apresentaremos suas características, tipos de suporte e funcionamento, os softwares utilizados neste processo e, por fim, apresentamos as normas e políticas que regem o SRV. Esperamos que gostem de caminhar conosco e bons estudos a todos e a todas! 1 DEFINIÇÃO DOS SERVIÇOS DE REFERÊNCIA VIRTUAL Olá! Conforme já vimos na Unidade I, o Serviço de Referência, surgiu para promover a interação entre o usuário e a informação e, nesse processo, o bibliotecário representa o elo de ligação entre o leitor e o texto ou documento a ser lido, buscando atender de forma eficiente e eficaz às necessidades dos usuários em suas pesquisas, na recuperação e disseminação da informação, independente do seu suporte. Siqueira (2010, p. 116) vai além e acrescenta que: o serviço de referência é muito mais que uma técnica especializada de orientação bibliográfica, é antes de tudo uma atividade humana, que atende um anseio de alguém que tem alguma lacuna em seus esquemas mentais, e que diante dessa impossibilidade de compreender busca a informação. O bibliotecário é o profissional que com sua experiência auxilia o usuário em sua pesquisa, bem como, o ajuda a identificar o uso que fará da informação. REFLITA Após este preâmbulo o que vem a ser Serviço de Referência Virtual? Fonte: As autoras (2021). #REFLITA# De acordo com Alves e Vidotti (2006) o Serviço de Referência Virtual será o ponto de partida para as mudanças no acesso ao acervo e disseminação das informações para os usuários. Dessa forma, a atividade de referência deve “identificar as necessidades informacionais dos usuários, facilitando o acesso destes recursos e informações solicitadas, ou seja, oferecendo subsídios para satisfazer sua necessidade informacional” (ALVES e VIDOTTI, 2006, p. 06). Para Siqueira (2010, p. 125), o Serviço de Referência Virtual é “aquele que através da interface da rede virtual permite a interação entre o profissional da informação e o usuário, disponibilizando recursos a partir da tecnologia comunicacional da rede fora do ambiente da biblioteca física”. O Serviço de Referência Virtual “oferece um ponto de acesso único em linha que o usuário pode identificar imediatamente, ao qual ele apresenta uma solicitação, entregue aos cuidados de profissionais qualificados, solicitação esta que enseja uma resposta rápida, pertinente e de qualidade” (ACCART, 2012, p. 181). Ainda, de acordo com Accart (2012, p. 163), O serviço de referência virtual é tido como um prolongamento do serviço de referência presencial, embora possa ser tratado como um serviço à parte. Cada vez mais atrai bibliotecas e outros serviços de informação (público e às vezes privados) que nele veem um excelente meio para estarem presentes na internet e garantirem sua promoção, em uma atividade de marketing. Das inúmeras vantagens que proporciona uma das mais evidentes é o contato direto com o usuário e a possibilidade de antecipar suas necessidades em matéria de informação tendo em vista as questões apresentadas. No contexto das tecnologias da informação e comunicação o SRV desempenha o papel de mediador, a partir dos recursos tecnológicos, as relações entre os usuários e as suas necessidades informacionais. De acordo com a American Library Association (2008, online), o SRV é o serviço de referência iniciado eletronicamente, em tempo real, no qual os usuários utilizam computadores ou outra tecnologia da internet para se comunicarem com os bibliotecários sem estarem fisicamente presentes. Os canais de comunicação usados frequentemente no serviço de referência incluem a videoconferência, serviços de voz na Internet, correio eletrônico e mensagem instantânea. Aqui é importante destacar que no SRV são os computadores ou outras tecnologias da internet que fazem a ponte entre o usuário e os profissionais de referência sem que nenhum deles esteja fisicamente presente. Desta maneira, o que diferencia o SRV do sistema de referência tradicional é, apenas, o emprego dos recursos tecnológicos e a forma de responder ao usuário (ACCART, 2012). Assim, no SRV a resposta ao usuário pode se dar de duas formas: síncrona e assíncrona. O que varia entre elas é o tempo de resposta. Na forma síncrona ela acontece em tempo real e o atendimento pode ser feito via telefone, por chat ou correio eletrônico. A assíncrona o tempo de resposta pode variar de minutos ou até dias e, além do modelo tradicional presencial, ela acontece por meio de redes e uso de e- mails e formulários. O SRV apresentam algumas vantagens em relação ao Sistema de Referência tradicional, tais como: as fontes de informação virtual se atualizam rapidamente; demanda menor de mão de obra; não precisa de espaço físico para o armazenamento; otimização e precisão no processo de recuperação da informação, tanto por parte do usuário, quanto do bibliotecário; é acessível em todos os lugares e a todo instante; gratuidade na oferta dos serviços; garantia à proteção das informações; oferta de serviço personalizado e de qualidade, dentre outros (CARVALHO e LUCAS, 2005; ACCART, 2012). Agora que já sabemos o que é o SRV, que tal conhecermos um pouco de sua história? Não há um consenso na literatura pertinente a respeito da terminologia utilizada ao serviço de referência ofertado por meio das tecnologias da informação e comunicação, são denominados por: “referência digital”, “referência virtual”, “referência por chat”, “e-reference”, “serviços de informação pela Internet”, “referência ao vivo”, “referência online” e “referência em tempo real”, porém, é fato que o advento da internet possibilitou a ampliação dos serviços de referência e os atendimentos puderam ser realizados em tempo real para os usuários remotos. Assim, o serviço de referência, cujo intuito é prestar assistência ao usuário e facilitar o acesso às fontes de informação, inscreve-se no mundo virtual buscando otimizar o acesso à informação e atender as demandas reprimidas. Assim, surge o serviço de referência virtual (SRV), que utiliza recursos eletrônicos no seu processo de comunicação com o usuário, para assisti-lo em suas pesquisas (BOTTARI e SILVA, 2005, online). Podemos mencionar que o SRV surgiu com o objetivo “de acompanhar e explorar as novas tecnologias, a sua implantação auxilia as instituições em uma oferta de serviços modernos, buscando sempre atender as necessidades dos usuários” (SANTOS e ANDRADE, 2019, p. 18). Nas unidades de informação, ele soma-se aos serviços de referência tradicionais a fim de atender aos novostipos de usuários advindos do mundo digital. Foi, porém, a partir dos anos de 1970 que os serviços de referência evoluíram, devido ao aumento da automatização das bibliotecas. A era eletrônica possibilitou, com a interação do bibliotecário, uma maior interação humana entre o usuário e o processo de busca (FIGUEIREDO, 1996). De acordo com Figueiredo (1992, p. 162), o surgimento dos serviços online “alterou o relacionamento entre a referência, a aquisição, a catalogação, os empréstimos-entre-bibliotecas”, pois os “serviços online permitiram à biblioteca oferecer um nível mais alto de serviço, por um custo aceitável, com grande presteza e pequeno trabalho adicional para a equipe de pessoal”. Pessoa e Cunha (2007, p. 70), mencionam que o SRV “surgiu no final da década de 1980, quando se tornou comum a disponibilização dos catálogos das bibliotecas na rede, o que veio facilitar a localização de informações e documentos”. Em 1998, a Library of Congress (LC) criou um projeto-piloto, conhecido como Collaborative Digital Reference Service (CDRS), a fim de explorar um método para a implantação de um Serviço de Referência Virtual. O objetivo desse projeto era ofertar, por meio de uma rede internacional de bibliotecas digitais, um serviço de referência especializado para o usuário, que poderia ser acessado de qualquer lugar e a qualquer hora. Assim, seria possível combinar as coleções locais das bibliotecas e seu pessoal com a diversidade e disponibilidade de bibliotecas e bibliotecários de todo o mundo. Em 1998, a Biblioteca do Congresso foi pioneira na criação de uma rede cooperativa, com o desenvolvimento de um projeto inovador que viria a dar origem a uma das maiores redes colaborativas do mundo, o Question Point, lançado em 2002. No que diz respeito aos serviços de referência on-line Márdero-Arellano (2001, p. 10) relata que “o North Carolina State University Reference Service como o primeiro serviço de referência on-line a funcionar, mundialmente, 24 horas, implantado no primeiro semestre de 2001, utilizando o software LSSI/VRD”. A partir de então, os Serviços de Referência Virtual vem crescendo a cada dia e são ofertados de várias maneiras, desde a consulta aos catálogos on-line de uma biblioteca até a normalização e levantamento bibliográfico via e-mail elaborados pelo bibliotecário. 2 CARACTERÍSTICAS DOS SERVIÇOS DE REFERÊNCIA VIRTUAL Caro (a) acadêmico (a)! Será que as características do Serviço de Referência Virtual são diferentes do Serviço de Referência tradicional? Vejamos! Os Serviços de Referência, seja presencial ou virtual, tem como característica básica atender as necessidades informacionais dos usuários, cujo serviço deve ser realizado por um profissional especializado: o bibliotecário. O que difere um serviço do outro são os meios utilizados e a agilidade no processo da informação. Por exemplo no SRV a introdução das ferramentas digitais facilitou e agilizou a comunicação entre usuário e o bibliotecário e evitou o deslocamento do usuário até uma biblioteca a fim de ser atendido. Assim, uma das principais características do SRV é o atendimento das demandas dos usuários de maneira mais rápida, sem que esse se desloque de sua residência e/ou o local onde esteja. De acordo com Alves e Vidotti (2006, p. 04), o SRV, apresenta as seguintes características: a) ser fundamentado em um planejamento bem estruturado baseado no levantamento das necessidades informacionais da comunidade que será atendida pelo serviço; b) ser sincronizado, realizado em tempo real, possibilitando o atendimento através de várias ferramentas disponíveis na Internet, como o e-mail, o chat, a videoconferência; c) possuir uma navegação simples, através de uma interface web facilitada, permitindo e indicando outros sites para melhor atender a questão exposta pelo usuário; d) elaborar respostas consistentes, objetivas, claras e relevantes e em tempo hábil, que possibilitem a construção de uma base de conhecimentos, utilizando-se dos recursos das TIC’s e da cooperação entre bibliotecas digitais, para a conexão com outras bases de dados e textos completos para deste modo otimizar o atendimento referencial ao usuário neste ambiente digital. Conforme podemos observar o SRV, de maneira geral, segue os mesmos passos dos serviços de referência tradicionais, o que o diferencia, é o uso dos recursos tecnológicos. Macedo e Modesto (1999) redimensionam cinco linhas de atuação do SRV em contraste com o Serviço de Referência Convencional (SR) conforme pode ser observado no Quadro 1. Quadro 1 – As cinco linhas de atuação do Serviço de Referência convencional em contraste com o Serviço de Referência Virtual Linhas de atuação SR SRV 1ª linha Serviço de Referência e Informação em si O Serviço de Informação convencional representa o momento importante de interação humana, face-a- face, entre os três pilares do SRI: usuário-informação desejada bibliotecário, caracterizado pela transação de questões-respostas genuínas de referência e pelos encaminhamentos a outros recursos informacionais fora da biblioteca. As transações questão resposta podem ser realizadas por e-mail, chat ou softwares especialistas que estabelecem a mediação entre o usuário e a informação desejada. 2ª linha Educação do usuário No sistema convencional, temos a capacitação formal dos usuários para utilização extensiva e autônoma do sistema de informação, proporcionando oportunidade para cumprir com qualidade formas de atualização; tarefas O uso ou consulta às informações disponibilizadas na rede através de arquivos eletrônicos, todavia, precisam ser acompanhados de orientações que permitam aos usuários executar, de forma autônoma, as de estudo, pesquisa ou profissionais, entre outras operações necessárias para acesso às informações. 3ª linha Alerta e Disseminação da Informação Compõe-se de um rol de produtos/serviços programados para atualizar e divulgar conhecimento, novidades e aspectos dos interesses expressos pelos vários segmentos de usuários, como Índices de Periódicos Correntes, Boletim de Alerta, Bibliografia Seletiva, DSI, entre outros. Muda o processo de execução elaborado de forma impressa e circulação por correio ou meio tradicional, pelo uso de recursos tecnológicos, formato e distribuição eletrônica. DSI, Serviços e produtos de alerta serão produzidos digitalmente, a baixo custo, podendo ser disponibilizados em sites específicos da biblioteca. 4ª linha Divulgação e Comunicação Visual Nas bibliotecas tradicionais, são programados guias, quadros de aviso, plantas localizadoras, representações gráficas, folhetos etc. para melhor facilidade de os usuários conhecerem organização/regimentos da biblioteca e, independentemente, circularem por suas várias seções e setores utilitários. Na biblioteca do futuro, novos guias serão contemplados para familiarizar o usuário com o acesso da rede ao site de localização da biblioteca. Os folhetos passam a ser ‘páginas clicantes’ denominadas homepage. Um ‘mapa do site’ levará o usuário aos pontos de informação de seu interesse. Ferramentas de buscas vão permitir ao usuário proceder à pesquisa de assuntos desejados, retornando à links para os textos referentes a termos-chave procurados. 5ª linha Administração/Supervisão do SRI Atenção é dada a este setor desde o momento do planejamento da biblioteca até a prestação de informações; locais de controle do acervo e manutenção dos catálogos do público, os postos de empréstimo e referência; supervisão do SRI, atividade administrativas, regimentais de empréstimo e consultas, de ordem interna do setor e das regulares avaliações do SRI. Em ambientes de informações eletrônicas, a organização e administração de coleções digitais baseadas em recursos de mídiaeletrônica e de conexões de acesso, estarão apoiando a pesquisa e a instrução ao uso dos sistemas. Identificar, acessar e utilizar materiais nas redes passa a ser vistos como extensões das finalidades do serviço de referência. Fonte: Carvalho (2014, p. 24-25), embasado em: Macedo e Modesto (1999). No SRV é importante que o bibliotecário de referência se adeque as ferramentas proporcionadas ao ambiente digital, porém, é importante salientar de que nenhuma tecnologia irá substituir “a riqueza da relação/intuição desenvolvida entre bibliotecário de referência e usuário” (MACEDO e MODESTO, 1999, p. 67), haja vista, de que interação entre os seres humanos é condição sine-qua-non ao processo de mediação usuário-bibliotecário-informação, independente do usuário se encontrar fisicamente presente ou virtualmente. McClennen (2001 citado por SOARES, 2009, p. 46), menciona que um SRV é constituído por três componentes fundamentais, quais sejam: 1. processo: constitui-se de uma sequência de ações através das quais passa o fluxo de questões formuladas ao serviço, enquanto estão sendo executadas e podem ser expressas por meio de fluxograma; 2. procedimentos: trata-se de instruções fornecidas aos profissionais que executam as diversas funções no processo de atendimento, que especificam as ações a serem tomadas em concordância com as características das questões e 3. políticas: são definições que orientam o pessoal na execução do processo, sendo, com frequência, utilizadas em termos das funções e dos atributos das questões. O autor supracitado alerta que esses três componentes são interligados e que o processo é definido em termos de políticas e procedimentos. Entender e/ou definir o papel dos usuários é uma característica de suma importância no Serviço de Referência Digital, pois no mundo digital, o papel primordial no processo de referência é a solicitação da questão pelos usuários, que demandam o mesmo nível de serviço do serviço de referência tradicional, embora forneçam muito menos informações pessoais. Desta maneira, o bibliotecário digital recebe uma mensagem textual (correio eletrônico, da Web ou de chat) por meio do qual pode-se determinar com base no contexto, quem é o usuário e qual a questão que está sendo enviada. Esse usuário, de qualquer idade, gênero ou profissão, pode estar localizado em qualquer lugar do mundo (McCLENNEN e MEMMOTT, 2001, citados por SOARES, 2009). Agora que já identificamos as características do SRV o convidamos para conhecer os tipos de suporte e funcionamento do Serviço de Referência Virtual. 3 TIPOS DE SUPORTE E FUNCIONAMENTO Prezado (a)! Continuando nossa caminhada sobre o Serviço de Referência Virtual, que tal conhecermos os tipos e suportes que possibilitam a sua operacionalização? Vejamos! Os serviços de referência digital adotam as facilidades oferecidas pela tecnologia e, com a expansão da World Wide Web (WWW), surgiram inúmeras opções para os bibliotecários e usuários entrarem em contato. Nakato e Jorente (2014, p. 165), relatam que: no início dos anos 2000, nos Estados Unidos, a biblioteca denominada 2.0 passou a oferecer Serviços de Referência Virtual (SRV) disponibilizando em seus sites, dentre outros serviços online, a possibilidade de se comunicar com o bibliotecário através de e mail e posteriormente de chats (ou bate-papo) em tempo real. Independente se há interação síncrona (em tempo real) ou assíncrona, todos os SRV têm por intuito fornecer a informação ao usuário de forma eficiente e precisa e o ideal que isso aconteça em menor tempo possível. Dentre os suportes ou recursos, mais comumente utilizados pelos Serviços de Referência Virtual, podem-se citar: o telefone; correio eletrônico; o e-mail; o chat e a videoconferência. Observação: Nesta Unidade, faremos uma breve retomada sobre esses recursos, haja vista, que eles já foram descritos detalhadamente na Unidade I, no item intitulado “Serviço de Referência Virtual: Processo de Referência Virtual”. O serviço de referência via telefone permite o envio e recebimento da informação mais conveniente para o usuário e tem sido usado tradicionalmente pelas bibliotecas como a melhor forma de oferecer seus serviços para usuários remotos, entretanto, o custo pode ser elevado quando se tratar de chamadas de longa distância (MÁRDERO ARRELANO, 2001). O e-mail também é um recurso bastante utilizado nos SRV. Márdero Arellano (2001) destaca alguns dos serviços de referência virtual que são oferecidos via e-mail: Ask A Service, ou o Ask-A-Scientist; Ask-A-Librarian e Ask-An-Expert (serviço prestado por especialista no assunto). O serviço de referência via correio eletrônico iniciou nos anos de 1990, a partir da difusão do computador pessoal e o uso do correio eletrônico e é considerado o precursor do serviço de referência virtual e, ainda, continua sendo muito utilizado (BOTTARI e SILVA, 2005). Esse serviço apresenta como vantagens, o anonimato e a permissão da impressão de todo o processo de consulta e do resultado da pesquisa, entretanto, “o uso do correio eletrônico não é síncrono, podendo não atender à necessidade do usuário com relação à rapidez da resposta, considerando o caráter dinâmico da informação” (NAKANO e JORENTE, 2014, p. 170). Quanto ao Serviço de Referência Virtual por meio de chat está consolidado nas bibliotecas e organizações americanas representativas da comunidade da informação como a Reference and User Services Association e a American Library Association. Já no Brasil está implantado em algumas universidades e para elas o SRV “é um serviço que traz benefícios à comunidade e coloca a Biblioteca em consonância com as demandas tecnológicas de informação e comunicação” (NAKANO e JORENTE, 2014, p. 164). O recurso de Chat Reference Service ou Serviço de Referência por meio de bate-papo é um dos recursos disponibilizados gratuitamente pelo Skype. Esse software traz benefícios: é gratuito, não exige treinamento de pessoal e tanto os bibliotecários quanto os usuários estão familiarizados com a interface. De acordo com Letrari, Zwaretch e Zanineli (2012, p. 07), oferecer um SRV por chat em uma biblioteca é um desafio, mas que vale a pena o empenho e o investimento, principalmente pelas vantagens que apresentam, tanto para o usuário como para a biblioteca, como a imediatez da resposta, evitando a demora de informação para o usuário e atendimento na hora de sua necessidade. Rapidez no atendimento ao usuário é uma das palavras-chave de um Serviço de Referência Virtual. Na sequência apresentamos um quadro de serviços de referência virtual que adotam as facilidades oferecidas pela tecnologia. Quadro 2 – Serviços de Referência Virtual Serviços Descrição Referência por Chat Usado para o atendimento imediato às questões do usuário, podendo substituir a entrevista de referência tradicional que é realizada face a face, bem como recursos de voz e imagem, por meio de webcams e microfones, que facilitam a interação entre bibliotecário e usuário. DSI eletrônico Serviço de mala direta eletrônica, sendo utilizada para notificar as novas aquisições, eventos e comunicações em geral. Blog Os blogs institucionais de bibliotecas trazem informações gerais, sendo atualizados diariamente e com a participação dos usuários. Tutorial utilizado para dar treinamento aos usuários, maiores informações sobre o uso e funcionamento de um recurso e fonte, desenvolvido em softwares específicos, e permite a interação com o usuário. FAQ Apresenta respostas previamente elaboradas recorrentes, sem necessitar da mediação humana no momento da consulta. Visita virtual Apresenta um tour pelas instalações e/ou recursos oferecidos pela biblioteca, por meio de áudio, vídeo e outros recursos. e-mail (Pergunte ao bibliotecário) Para respostas rápidas, por e-mail, sobre dúvidas em questõesde referência, serviços prestados e funcionamento da biblioteca. Fonte: Crespo; Rodrigues e Miranda (2006, p. 06). Conforme podemos observar a internet oferece várias opções para a operacionalização dos Serviços de Referência Virtual. 4 SOFTWARE Olá! Que tal conhecermos softwares que podem ser utilizados pelos Serviços de Referência Virtual? É mister salientar que existem disponíveis no mercado diversos softwares ofertados gratuitamente. O importante é que a sua escolha seja feita de modo a atender às necessidades da biblioteca quanto ao número de usuários e bibliotecários de referência e seja compatível ao sistema utilizado pela instituição. Nakano e Jorente (2014, p. 172), exemplificam que, o software Skype, embora tenha uma interface amigável e seja familiar para os usuários pode não ser uma boa escolha dependendo do número de usuários da biblioteca, pois ele demanda que a biblioteca adicione o usuário em um lista de contatos, e essa lista pode ficar impraticável se o número de usuários da universidade for muito grande. Aí reside a importância de se escolher um software de acordo com a realidade de cada instituição, pois conforme alerta Márdero Arellano (2001, p. 12), iniciar um Serviço de Referência Virtual requer levar em consideração como ele se enquadra dentro da missão da biblioteca e na cultura institucional, especificamente sua aceitação tanto pela gerência como pelo pessoal, e a possibilidade de contar com a infra-estrutura tecnológica apropriada para o projeto. Que tal conhecermos sobre alguns softwares? O North Carolina State University Reference Service, o primeiro serviço online a funcionar, a nível mundial, 24 horas, em 2001, utilizou o software LSSI/VRD. Este software permite aos usuários e bibliotecários navegarem juntos pela Web, possibilita a troca de arquivos e pode, também, ser utilizado na assistência via telefone, onde o usuário pode recorrer ao Ask a Librarian, para ver a demonstração de como fazer a pesquisa. Em 2001, as bibliotecas da North Carolina State University já utilizavam os AIM (Instant Messenger), MSN Messenger, Google Talk, dentre outros (MÁRDERO ARELLANO, 2001). No Brasil, a Pontifícia Universidade Católica (PUC), Rio de Janeiro, é pioneira na disponibilização do Serviço de Referência online por meio de chat, desde 2002. No início, a biblioteca implantou o software PhpMyChat e, atualmente, utiliza o software Crafty Syntax3 para o atendimento do SRV. A Biblioteca da FMVZ/USP após analisar diversos softwares de atendimento ou suporte online disponíveis no mercado optaram pelo software LiveZilla. Este software, além de recursos para customização, permite organizar vários atendentes online bem como recursos visuais e sonoros para alertar quando há uma resposta, tanto para o atendente bibliotecário, quanto para o usuário do SRV (NAKANO; JORENTE, 2014). Márdero Arellano (2001), menciona que a interoperabilidade para os serviços de referência virtual tem sido discutida devido ao crescimento de novos sistemas de correio eletrônico e de softwares interativos e em tempo real. Conforme o autor os softwares mais utilizados são: Humanclic, LivePerson, AOL Instant Messenger, AOL AIM Express, Camden, LiveAssistance e o Webmaster. Segundo o autor a Library of Congress lista os seguintes softwares como a nova geração da referência online: EBSCO’s Collectanea, ISI’s Web of Science e os da OCLC (Online Computer Library Center); Webline, FirstSearch, SiteSearch e FirstSearch Electronic Collections Online. Pessoa e Cunha (2007), descrevendo sobre os serviços de referência via chat citam os softwares de mensagens instantâneas e softwares de chat. Os softwares de mensagens instantâneas, em sua maioria, são gratuitos, de instalação simples e podem ser copiados com facilidade da Web sem precisar fazer download, porém, requerem que o bibliotecário e o usuário possuam o programa instalado em seus computadores. Como exemplos dessa tecnologia pode-se citar os seguintes softwares: AOL Instant Messenger, ICQ, Yahoo! Messenger e Microsoft Messenger. Já os softwares de chat, são desenvolvidos, especialmente, para o ambiente de referência virtual, por exemplo: o Camden da Temple University; o Morris Messenger que foi criado para a biblioteca de Morris, na Southern Illinois University, e que, em junho de 2005, passou a oferecer também o collaborative browsing; e o Virtual Reference Librarian, que é um módulo do Docutek Doculib software e que também oferece o collaborative browsing, além de coletar estatísticas detalhadas da usabilidade do software como, por exemplo, número de logins, número de perguntas e duração das conversas instantâneas (PESSOA; CUNHA, 2007, p. 73). Os autores supracitados mencionam, ainda, os softwares denominados de Web Contact Centers ou de Real-Time Live Web Reference que são, também, tecnologias de chat, mas apresentam um nível muito maior de interatividade entre bibliotecários e usuários. A título de ilustração, na sequência apresentamos uma lista de softwares de referência virtual citados por Bastos e Cunha (2007, p. 82): ● 24/7 Reference – URL: http://www.247ref.org ● Anexa.com – URL: http://www.anexa.com/ ● AOL Instant Messenger – URL: http://www.aim.com/get_aim/win/latest_win.adp ● Cu-SeeMe – URL: http://www.cuworld.com/ ● Docutek´s Doculib – URL: http://www.docutek.com ● eGain – URL: http://www.egain.com/products/live_web.asp ● Human Click – URL: http://www.humanclick.com/ ● ICQ – URL: http://www.icq.com/ ● Live Assistance – URL: http://www.liveassistance.com/ ● Live Person – URL: http://www.liveperson.com ● Library Systems and Services – URL: http://www.lssi.com http://www.247ref.org/ http://www.anexa.com/ http://www.aim.com/get_aim/win/latest_win.adp http://www.cuworld.com/ http://www.docutek.com/ http://www.egain.com/products/live_web.asp http://www.icq.com/ http://www.liveassistance.com/ http://www.liveperson.com/ http://www.lssi.com/ ● Microsoft Messenger – URL: http://imaginemsn.com/messenger/default2.aspx? locale=pt-br ● Net Meeting – URL: http://www.microsoft.com/windows/netmeeting/default.asp ● Question Point – URL: http://questionpoint.org/ ● Yahoo! Messenger – URL: http://messenger.yahoo.com/ ● Web Help – URL: http://www.webhelp.com/index.jsp Conforme vocês podem perceber, há vários softwares disponíveis para auxiliar o bibliotecário e o usuário no Serviço de Referência Virtual. http://imaginemsn.com/messenger/default2.aspx?%20locale=pt-br http://messenger.yahoo.com/ 5 NORMAS E POLÍTICA Olá! Neste último item desta Unidade vamos conhecer as normas e políticas que regem os Serviços de Referência Virtual. O Serviço de Referência, tal como os demais setores de uma biblioteca, deve- se guiar por um documento orientador que norteie as suas atividades. Políticas, normas e padrões são necessárias para que os serviços sejam desenvolvidos “de maneira uniforme, consistente, padronizada, racionalizando e ordenando os trabalhos e, por conseguinte, propiciando maior eficácia do setor” (FIGUEIREDO, 1992, p. 60). A fim de padronizar o SR a Internacional Federation of Library Association (IFLA) e a Reference and User Services Association/American Library Association (RUSA/ALA), elaboraram normas e diretrizes para serem utilizadas no serviço de referência a nível internacional, as quais são sintetizadas por Mota e Nunes (2012) e seguem abaixo: ● As Guidelines for Implementing and Maintaining Virtual Reference Service (RUSA, 2004b), procuram auxiliar as bibliotecas na implementação e gestão de um SRV, criando linhas orientadoras de organização e funcionamento passíveis de serem adoptadas por diferentes tipos de bibliotecas. Encontra-se organizado em cinco temáticas: definição de SRV; preparação para o SRV; disponibilização do serviço; organização do serviço; e privacidade.Elaboradas em 2004, estas directrizes foram revistas em 2009, de forma a incluir experiências e conhecimentos adquiridos na área da referência desde a sua elaboração; ● As Guidelines for behavioral performance of reference and information services providers (RUSA, 2004a), centra-se no desenvolvimento da relação entre o bibliotecário de referência e os utilizadores deste serviço, chamando a atenção para o impacto negativo ou positivo que esta interacção pode ter no processo de referência e na importância que atitudes como a simpatia e o interesse têm no sucesso deste serviço. Foca cinco aspectos comportamentais, subdivididos em orientações gerais e específicas para o SRP e para o SRV: acessibilidade (Approachability); interesse (Interest); saber ouvir/interrogar (Listening/Inquiring); pesquisar (Searching); e acompanhamento (Follow up). Iniciou-se, em 2011, o processo de revisão destas directrizes, cuja proposta foi já publicada de forma a serem recolhidas opiniões de quem trabalha na área; ● As directrizes Professional Competencies for Reference and User Services Librarians (RUSA, 2003), pretendem apontar um conjunto de competências essenciais ao bibliotecário de referência para o desempenho correcto das funções e dos requisitos do seu trabalho. Encontra-se organizada em cinco aspectos fundamentais relativos às funções exercidas pelo bibliotecário de referência e às competências necessárias para o seu desempenho: acesso à informação; conhecimentos básicos; marketing/ percepção / informação; colaboração; e avaliação. Actualmente em fase de análise, está em curso a elaboração duma proposta de revisão. ● As Guidelines for Cooperative Reference Services (RUSA, 2006) foram elaboradas pelo Cooperative Reference Service Committee da RUSA e visam apoiar as bibliotecas na organização e na avaliação de serviços de referência cooperativos, contribuindo para o desenvolvimento de políticas e procedimentos necessários. Criadas em 1998, estas directrizes são o resultado de uma primeira revisão, e encontram-se organizadas em quatro partes focando os seguintes conteúdos: objectivos do serviço; gestão; disponibilização; e avaliação (NUNES e MOTA, 2012, p. 08-09). SAIBA MAIS A International Federation of Library Associations and Institutions (IFLA) e a American Library Association (ALA) são organizações internacionais, associações de bibliotecas, sem fins lucrativos, que nasceram da necessidade de aproximarem as bibliotecas e os seus profissionais, facilitarem o desenvolvimento individual através do apoio e da colaboração conjunta, com vista ao progresso e ao benefício da sociedade em geral. Fonte: Mota (2016, p. 73). #SAIBA MAIS# Estas diretrizes buscam auxiliar aos bibliotecários do Setor de Referência, ou seja, “procuram dar resposta às necessidades das bibliotecas, independentemente do seu tipo, da sua dimensão e da sua localização, relativamente à planificação, organização e funcionamento do SR” (MOTA e NUNES, 2012, p. 08). No que diz respeito às diretrizes específicas para o Serviço de Referência Virtual, Mota e Nunes (2012), reportam as recomendadas pelo Reference Service Committee da IFLA, embasadas nas diretrizes RUSA e nas Guidelines for behavioral performance of reference and information services providers, a qual foi apresentada em workshops e encontros profissionais: As Digital Reference Guidelines (IFLA, 2008) dirigem-se particularmente ao SRV, com o intuito de promover e apoiar os bibliotecários na sua planificação, gestão e funcionamento. Estão organizadas em duas secções, a primeira dirigida aos responsáveis das bibliotecas, abordando questões relativas aos procedimentos essenciais no processo de organização de um SR, nomeadamente planificação, política de referência, recursos humanos, formação, design da interface informática, aspectos legais, publicidade / promoção, avaliação e colaboração. A segunda secção aborda questões mais práticas no processo de funcionamento e disponibilização deste serviço, incluindo uma secção específica para a implementação e funcionamento de um SRV através de programas de chat. Os aspectos tratados são: objectivos do SR, tipologia ou modelos, recursos humanos, competências pessoais e profissionais e formação, espaço físico e espaço virtual, recursos tecnológicos, recursos documentais, horário de serviço, divulgação, avaliação, aspectos legais, funcionamento de SR chat (MOTA e NUNES, 2012, p. 08). SAIBA MAIS O RUSA Standards and Guidelines Committee é um comitê responsável pela coordenação dos trabalhos de desenvolvimento das diretrizes relativas ao Serviço de Referência. Fonte: Mota e Nunes (2012, p. 07). #SAIBA MAIS# Estas diretrizes norteiam o Serviço de Referência e auxiliam o bibliotecário a prestar um serviço de qualidade ao usuário no que compete a recuperação da informação. CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade pudemos observar que o serviço de referência tem uma função vital nas bibliotecas e que com o advento da internet e das Tecnologias da Informação e Comunicação, esses serviços passam a ser realizados por meio destes recursos tecnológicos, originando, assim, os Serviços de Referência Virtual (SRV). Vimos que os Serviços de Referência Virtual podem ser realizados de duas formas: síncrona (em tempo real) e assíncrona e que nesse processo podem-se ser usados vários recursos digitais, dentre eles: e-mail, chats, correios eletrônicos, videoconferências. Tivemos oportunidade também de conhecer as características dos Serviços de Referência Virtual, os softwares que podem ser utilizados nas pesquisas e que a escolha sobre qual utilizar está vinculada a missão e o objetivo da instituição. Por fim, conhecemos sobre as normas e projetos que regem os Serviços de Referência Virtual. Esperamos que tenham gostado de ter percorrido conosco este trajeto, bons estudos e até a próxima unidade. Serviço de Referência Virtual (SRV): considerações O Serviço de Referência Virtual (SRV) por meio de chat está sedimentado nos EUA – com uma busca exploratória na Internet por sites de bibliotecas de universidades é possível afirmar que o serviço está implantado em muitas delas; o SRV também se encontra padronizado e institucionalizado pelas organizações americanas representativas da comunidade da informação, como a RUSA (Reference and User Services Association) e a ALA (American Library Association). No Brasil, sua implantação conta com algumas universidades, e de acordo com essas, o SRV é um serviço que traz benefícios à comunidade e coloca a Biblioteca em consonância com as demandas tecnológicas de informação e comunicação. Oferecer um serviço de referência virtual por Chat em uma biblioteca universitária é um desafio, mas que vale a pena o empenho e o investimento, principalmente pelas vantagens que apresentam, tanto para o usuário como para a biblioteca, como a ‘imediatez’ da resposta, evitando a demora de informação para o usuário e atendimento na hora de sua necessidade. Bibliotecários relataram acreditar que a disponibilização do serviço é válida principalmente quando o atendimento é realizado a ex-alunos das universidades que se encontram em outras cidades; ou alunos de pós-graduação que utilizam o serviço estando na sua cidade de origem sem terem que realizar uma ligação à longa distância. Em ambos os casos, os usuários têm sua necessidade informacional resolvida por um profissional da informação que está à disposição na biblioteca. Percebe-se que dessa maneira o SRV aproximou os usuários da biblioteca e possibilitou uma interação de qualidade com o profissional da informação, livre do custo de uma ligação telefônica ou o tempo de espera de um e-mail. Com relação ao atendimento presencial diferir do atendimento em ambiência digital, o relatório de Connaway e Radford (2011) menciona que como algumas percepções facilmentecaptadas no relacionamento pessoal estão ausentes no relacionamento virtual, torna-se vital que o profissional da informação realize questionamentos de referência para esclarecer exatamente qual o objetivo do usuário para se obter um resultado satisfatório. De forma geral, o relatório conclui que para disponibilizar um serviço de qualidade, há poucos fatores que tendem a tornar qualquer consulta de referência virtual bem sucedida: precisão nas respostas, postura positiva por parte da bibliotecário e boas habilidades de comunicação. Além desses fatores, é importante que o profissional da informação seja agradável, otimista, e esclareça o usuário sobre o que o bibliotecário pode fazer por ele, ao invés daquilo que não pode. O SRV online em tempo real é apropriado à realidade das bibliotecas de universidades brasileiras, uma vez que as instituições que dispõem o serviço têm resultados positivos de suas avaliações e acreditam estar agregando valor à sua biblioteca. Fonte: SERVIÇO de Referência Virtual (SRV): considerações. 2015. Disponível em: https://portaldobibliotecario.com/bibliotecario/servico-de-referencia-virtual-srv-consideracoes/. Acesso em: 20 dez. 2021. LIVRO ● Título: Serviço de referência: do presencial ao virtual ● Autor: Jean-Philippe Accart. ● Editora: Briquet de Lemos. ● Sinopse: A primeira parte do livro descreve sobre o planejamento, implantação e desenvolvimento de serviços de referências presenciais. O autor considera esse serviço como se fosse uma vitrine da instituição. A expressão “serviço de referência” inclui tanto um serviço de recepção, perguntas/respostas, orientação e informação quanto de pesquisas bibliográficas. Os serviços de referência desenvolvem-se ou se denominam de modo diferente conforme o tipo de documentos com que lidam: biblioteca, midiateca, serviço de documentação, serviço de informação, serviço de arquivo, etc. O serviço de referência designa um lugar físico (o balcão de referência, a mesa de atendimento), pessoas físicas (o pessoal incumbido de acolher, informar e orientar o público) e coleções (a sala de referência). Ele se diferencia do serviço de empréstimo e respectivo balcão, embora algumas bibliotecas juntem os dois, seus objetivos não são os mesmos. LIVRO ● Título: Serviços de referência & informação ● Autor: Nice Menezes de Figueiredo. ● Editora: Polis. ● Sinopse: O livro tem por intuito indicar como deve ser a postura do profissional bibliotecário na prestação do serviço de referência/informação e demonstrar como estabelecer e gerenciar um setor de referência/informação em suas bibliotecas/unidades de informação. LIVRO ● Título: Textos avançados em referência & informação ● Autor: Nice Menezes de Figueiredo. ● Editora: Polis. ● Sinopse: O livro está dividido em duas partes: a primeira trata do Setor de Referência de uma unidade/sistema de informação, passando pela coleção de referência e a política de seu desenvolvimento, com uma discussão sobre a postura do bibliotecário na tarefa de responder à questão de referência colocada pelo usuário. A segunda parte, contém dois artigos que revisam a literatura sobre serviços e produtos de informação, além de outros três que introduzem o estudo dos serviços de informação para a comunidade. FILME ● Título: TRILOGIA: O Bibliotecário ● Ano: 2014. ● Sinopse: Trilogia de filmes feitos para a televisão americana conta a história de um bibliotecário que tem que cuidar de um acervo não muito comum, com itens que vão desde a espada excalibur até outros artefatos mitológicos. As histórias são bem Indiana Jones e o melhor são os subtítulos das histórias: Em busca da lança do destino; regresso às minas do Rei Salomão e a maldição do cálice de Judas. REFERÊNCIAS ACCART, Jean-Philippe. Serviço de referência: do presencial ao virtual. Brasília, DF: Briquet de Lemos/Livros, 2012. ALVES, Ana Paula Meneses; VIDOTTI, Silvana Aparecida Borsetti Gregório. O serviço de referência e informação digital. Biblionline, v. 2, n. 2, 2006. AMERICAN LIBRARY ASSOCIATION. 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Objetivos de Aprendizagem: ● Compreender a finalidade da avaliação do Serviço de Referência; ● Identificar os problemas e limitações do processo avaliativo; ● Visualizar as variáveis que interferem nesse processo; ● Conhecer os métodos e técnicas e as tendências para a avaliação do serviço de referência . INTRODUÇÃO Prezado (a) Acadêmico (a)! Nesta última unidade da disciplina de Serviço de Referência abordaremos aspectos relativos à avaliação desse serviço, aos problemas, limitações e variáveis a serem consideradas no processo avaliativo e ainda aos métodos, técnicas e as tendências para a avaliação desse serviço. Partimos da compreensão de que a avaliação busca produzir conhecimentos relativos ao serviço, sua organização, seu ambiente com vistas a subsidiar decisões, mudanças, implementações e melhorias. A avaliação possibilita a escolha certa, produz informações que contribuem para a maior produtividade e qualidade do serviço, possibilitando comparações e análises entre os resultados alcançados e os planejados, além de possibilitar o conhecimento do nível de satisfação do público em relação aos serviços realizados. Desse modo, a avaliação deve ser uma grande aliada do serviço de referência, motivo pelo qual dedicamos esta unidade a refletir sobre o tema e apresentar as principais metodologias e técnicas utilizadas pelas bibliotecas. E aí, está ansioso (a) para iniciarmos esse percurso? Vamos lá, então! Bons estudos! 1 FINALIDADE DA AVALIAÇÃO DO SERVIÇO DE REFERÊNCIA ID do item: 1874507026 Caros (as) Acadêmicos (as) Nas unidades anteriores, conhecemos as especificidades e diretrizes do serviço de referência tradicional, virtual e educativo. Vimos o quanto ele representa a instituição, ao passo que é o serviço que estabelece o contato direto com o usuário. Nessa unidade enfatizamos os aspectos relacionados à avaliação desse serviço. Iniciamos destacando que as unidades de informação passam por frequentes mudanças ocasionadas tanto pela evolução natural da sociedade quanto pelo desenvolvimento de tecnologias. Essas mudanças afetam a oferta e a demanda de serviços de informação e são decorrentes sobretudo da adoção de atitudes mais críticas por parte dos usuários face aos inúmeros recursos de informação existentes. Sabemos que a gama de possibilidades de acesso à informação trazida pelo desenvolvimento tecnológico aumentou a expectativa em relação a maior e melhor acesso à informação por parte dos usuários, por isso é importante que o serviço de referência se passe frequentemente por processos avaliativos, para identificar suas fragilidades e as expectativas do usuário em relação aos serviços prestados. Nessa direção, Grandi (1982, p. 07) já destacava a tendência crescente de interesse pela avaliação dos serviços bibliotecários, tendência esta que acompanhou as profundas transformações pelas quais passou e vem passando a Biblioteconomia. As exigências impostas pela própria evolução do conhecimento científico e tecnológico levaram os responsáveis pelos serviços bibliotecários a uma avaliação e revisão dos objetivos, métodos e desempenhos adotados, no sentido de se adequarem à nova situação. Guimarães et al. (2006, p. 250) complementa, afirmando que “o dinamismo e velocidade das transformações sociais que caracterizam a sociedade contemporânea requerem das instituições celeridade nas respostas e flexibilidade para adaptarem-se a novas e desafiantes situações”. Sendo então necessário buscar sustentabilidade nas mudanças e inovações por meio de frequentes processos avaliativos. Desse modo: A avaliação é um elemento essencial da administração bem-sucedida de qualquer empreendimento. A quinta lei de Ranganathan proporciona a principal justificativa para as atividades de avaliação. Crescimento saudável implica adaptação a condições constantemente mutáveis, e adaptação implica avaliação para determinar que mudanças precisam ser feitas e qual a melhor maneira de realizá-las. o crescimento saudável implica adaptação a condições constantemente mutáveis, e adaptação implica avaliação para determinar que mudanças precisam ser feitas e qual a melhor maneira de realizá-las (LANCASTER, 2004, p. 20) Mas o que é avaliação? Qual a sua finalidade? vamos refletir um pouco sobre esse conceito! De acordo com Almeida (2011, p. 12): Avaliar é atribuir valor, julgar mérito e relevância e medir o grau de eficiência e eficácia e o impacto causado pelas ações de determinada organização ou pela implementação de políticas, programas e projetos de informação. [...] a avaliação consiste em identificar e coletar dados sobre serviços ou atividades, estabelecendo critérios de mensuração do desempenho desses serviços ou atividades e determinando tanto a qualidade do serviço ou da atividade, quanto o grau de satisfação de metas e objetivos. Consiste, ainda, em identificar os públicos desses serviços e em analisar as necessidades de informação dos usuários, bem como o índice de satisfação desses usuários com os serviços e produtos que lhes são oferecidos. Consiste, finalmente, em desenvolver estudos relativos ao público dessas unidades de informação, investigando as razões pelas quais não utilizam serviços dos quais, teoricamente, seriam considerados público alvo. Nessa perspectiva, a avaliação deve ser um processo contínuo por meio do qual serviços, programas e projetos são examinados, isoladamente ou conjuntamente, a fim de garantir o cumprimento de objetivos e metas. Deve ainda decorrer de uma atitude permanente de indagação e análise em relação a situação real e desejada. Essa atitude estimula a criatividade, favorece a mudança e evita que a equipe se acomode às situações existentes ou previstas. Esse posicionamento de permanente análise da realidade exige uma sistematização dos perfis de necessidades e sua constante atualização, dada sua natureza cambiante e a flexibilidade e agilidade em que devem ser implementadas as mudanças em serviços e produtos oferecidos biblioteca para atender, com eficácia, a essas necessidades (ALMEIDA, 2011). Na concepção de Grandi (1982, p. 08): a avaliação tem como finalidade garantir o ajustamento do planejamento e da operacionalização às variáveis que aparecem em situações diversas possibilitando o reconhecimento dos erros, desvios e bloqueios das ações. Desta forma, o exercício de avaliação permite a identificação das mudanças que devem ser efetuadas, apontando para novas diretrizes e planos de ação que viabilizem maior eficiência da biblioteca e dos serviços prestados. Além disso, busca esclarecerquanto à tomada de decisões, “e ainda assegura aos administradores e responsáveis os argumentos necessários para a legitimação da existência da biblioteca frente à comunidade que serve e junto à direção ou instituição a qual está subordinada”. O resultado da avaliação é, então, uma forma de justificar o seu funcionamento e comprovar a relevância dos seus recursos para a comunidade e a competência dos indivíduos responsáveis pela utilização e aproveitamento destes recursos disponíveis (GRANDI, 1982, p. 08-09). Corroborando, Guimarães et al. (2006, p. 250) destaca que: A avaliação é ou deve ser o processo que gera evidências e fornece ao tomador de decisão informações que permitem justificar as ações presentes e orientações futuras. Nesse sentido, a avaliação é uma etapa necessária tanto para os gestores quanto para os profissionais de informação/bibliotecários: para os primeiros, deve ser capaz de responder pela eficácia e eficiência dos investimentos feitos, para os segundos, deve explicitar a qualidade e bom desempenho de suas atuações Ainda em relação à finalidade da avaliação, Almeida (2011), destaca que esta busca conhecer, construir momentos reflexivos que permitam a análise da realidade e dos fatos para direcionar ações. Avaliar é, então, uma forma de aprendizagem. O resultado da avaliação possibilita: escolher prioridades, tomar decisões, definir o que mudar e como mudar, acompanhar ações e realimentar decisões e opções políticas e programáticas, contribuindo para a sua melhoria. [...] Avalia-se, ainda, para apresentar resultados à sociedade, por dever ético, sobretudo quando se trata de projetos públicos, desenvolvidos com recursos do Estado ou do terceiro setor. Prestar contas da aplicação de recursos da organização ou de seus parceiros também é uma importante finalidade da avaliação, pois pode estimular a continuidade das parcerias. Ressalta-se, aqui, a importância da avaliação para a captação de recursos para e projetos. Avalia-se, como mencionado acima, para aprimorar a qualidade de serviços, programas e projetos e, finalmente, para que possamos evitar erros e não apenas remediá-los (ALMEIDA, 2011, p. 26-27). Como percebemos, existem inúmeras razões para avaliar. Especificamente sobre a avaliação do serviço de referência, Grandi (1982, p. 11), argumenta que: O Serviço de Referência concretiza o objetivo máximo da biblioteca: servir a comunidade [...] sua avaliação e demonstração das tarefas executadas funcionam como uma forma de legitimar a própria existência da biblioteca frente à instituição ou à clientela a qual serve. Ao demonstrar os serviços prestados, a Referência está também justificando a sua manutenção como serviço eficiente e necessário, podendo reivindicar mais verbas para o departamento. Isto é muito importante já que, normalmente, pouca verba é destinada ao setor, ficando a melhor parte para outras seções que, devido às características das tarefas, têm condições de comprovar maior aproveitamento. A avaliação permanente da referência tem como objetivos secundários justificar a aquisição e atualização da coleção da referência e a manutenção ou reorganização das tarefas típicas do departamento, visando o melhor desempenho. Além disso, há que se comprovar a necessidade de montar um quadro de profissionais especializados para execução do trabalho, assim como a de verificar a adequação do espaço físico, materiais e equipamentos. A autora acrescenta ainda que a Referência é o serviço-fim dentro da biblioteca. Assim, é na referência que se evidenciam os resultados dos produtos e serviços desenvolvidos em todos os setores da biblioteca, por isso, qualquer avaliação ou estudo de usuários pode tomar como ponto de partida a Referência, pois “através dela há condições de se conhecer as exigências e a demanda de informação, e também avaliar a eficiência da biblioteca em atender e satisfazer à clientela” (GRANDI, 1982, p. 11) Nesta perspectiva, a Referência é considerada o termômetro do funcionamento da biblioteca, pois é o espaço que reflete os aspectos positivos e negativos dos diversos setores. É através dos resultados dos serviços prestados pelo setor, que é possível verificar as falhas tanto da própria Referência como de outros setores da instituição e ainda se ter um contato maior com as necessidades e exigências dos usuários, assim como verificar a satisfação dos mesmos em relação aos recursos e serviços disponíveis na biblioteca (GRANDI, 1982). Na visão de Almeida (2011) a avaliação pressupõe a revisão dos objetivos e metas, o direcionamento ou redirecionamento das ações, atividades ou programas e tomada de decisão, uma vez que é o resultado da avaliação que dará respaldo ao processo de escolha de prioridades, alocação de recursos e definição de métodos e processos técnicos e operacionais. Dará, portanto, subsídio para o planejamento organizacional e para a mudança. A avaliação auxilia, dessa forma, o bibliotecário a desenvolver estratégias para melhorar a eficiência, eficácia e efetividade de seus produtos e serviços. Mas o que seria eficiência, eficácia e efetividade? Vejamos! A eficácia diz respeito aos resultados, ao grau em que objetivos foram atingidos. No caso do serviço de referência, a eficácia do serviço estaria relacionada ao grau de grau de satisfação dos usuários. A eficiência refere-se ao processo, à relação entre os recursos (financeiros, materiais e humanos) aplicados e os benefícios alcançados. Quanto menor for o custo e maior o benefício alcançado, mais eficiente será o serviço. Já a efetividade diz respeito à capacidade de o programa, projeto ou serviço atender às reais demandas sociais, ou seja, a relevância de suas ações e à sua capacidade de mudar a realidade encontrada. A efetividade pode ser medida pela quantidade e qualidade das mudanças produzidas, ou seja, pelo seu grau de impacto. Este impacto depende da abrangência e características dos resultados alcançados, podendo ser satisfatórios sem necessariamente ter gerado impacto e mudança no ambiente anteriormente diagnosticado. Por isso, para se mensurar a efetividade de um serviço ou ação é necessário o acesso aos dados sobre a realidade antes e depois de sua implementação (ALMEIDA, 2011). SAIBA MAIS Compreendendo melhor o conceito de eficácia e eficiência! Eficácia - É a capacidade de produzir o máximo de resultados com um mínimo de esforço e despesa, isto é, de forma otimizada. Popularmente refere-se a 'fazer a coisa certa', isto é, ao grau com que um sistema realiza o que dele se espera. Diz respeito ao rendimento de uma pessoa ou de máquina, quando executam um trabalho (desempenho eficiente) ou ainda a precisão e completeza com que os usuários de um sistema atingem os objetivos específicos, acessando as informações corretas ou alcançando os resultados esperados. Eficiência - Refere-se à capacidade profissional. Popularmente significa 'fazer certo as coisas', isto é, ao grau com que um sistema utilizou os recursos que deveria ter utilizado para atingir os objetivos ou realizar as atividades programadas. Está relacionado a capacidade de rendimento satisfatório, decorrente de pesquisa ou trabalho sistemático e ainda a precisão e completeza com que os usuários de um sistema atingem seus objetivos, em relação à quantidade de recursos despendidos. Fonte: Cunha e Cavalcante (2008, p. 142). #SAIBA MAIS# Para Almeida (2011, p. 14) os maiores problemas relacionados à eficiência e eficácia dos serviços de informação diz respeito a: ● fazer bem (eficiência) coisas que não precisariam ser feitas (ineficácia) ● batalhar por mais recursos como um fim em si mesmos, sem a preocupação de saber se esses recursos são acessíveis e se vão atender as necessidades do usuário ● incapacidade de descrever a qualidade dos serviços ● incapacidade de identificar prioridades para atividades e serviços● acreditar que coleções maiores significam, automaticamente, melhor serviço aos usuários. A autora acrescenta que por muito tempo as unidades de informação avaliaram seus serviços por meio de critérios quantitativos, como número de itens catalogados, número de atendimentos, consultas entre outros que podem sugerir eficiência, mas que não são indicadores de qualidade. Atualmente, porém, essas instituições passaram a considerar questões relativas à eficácia de seus serviços, questionando-se sobre as seguintes questões: ● Sabemos quais são as necessidades de informação das diferentes equipes da organização? ● Estamos oferecendo serviços e atividades que deveriam ser oferecidos? ● Estamos atingindo as metas e objetivos previstos? ● Estamos assegurando serviços de alta qualidade ● Estamos satisfazendo as necessidades dos nossos usuários? (ALMEIDA, 2011, p. 14). Avaliar essas questões é importante para não incorrer em decisões precipitadas e sem o conhecimento necessário acerca dos serviços e atividades existentes ou ainda dedicar tempo e recursos a atividades secundárias ou desnecessárias, ou no desenvolvimento de produtos e serviços sem o nível de qualidade desejado. É importante enfatizar ainda a necessidade de análise e interpretação dos dados, inclusive quando se tratarem de dados quantitativos, pois o processo de registro dos dados estatísticos sem a sua devida tabulação, tratamento, interpretação e análise, acaba reduzido a desperdício de tempo, material e espaço (ALMEIDA, 2011). Neste item, vimos os conceitos e finalidades da avaliação e o quanto seus resultados podem contribuir para a eficácia, eficiência e efetividade do Serviço de Referência. Mas quais seriam os problemas e limitações a serem enfrentados no processo avaliativo? refletiremos sobre essas questões no próximo item. Até lá! Bons estudos! 2 PROBLEMAS E LIMITAÇÕES ID do item: 1463913407 Caros (as) Acadêmicos (as) No item anterior vimos as finalidades da avaliação e o quanto ela pode contribuir para o bom desempenho do serviço de referência. Neste item, refletiremos sobre os problemas e limitações que podem ser enfrentados nesse processo. A primeira limitação já destacada por Grandi (1982, p. 11) diz respeito à ausência de estudos relativos à avaliação de serviço de referência, havendo uma considerável “defasagem entre o número de estudos e análises relativos à avaliação dos demais serviços bibliotecários e a Referência, com desvantagem para a última”. Para a autora isso decorre de vários fatores. Primeiramente, pela própria origem do serviço de referência, que surgiu da exigência prática e imediata de dar assistência ao leitor no uso da biblioteca, sem o necessário estudo teórico, ou o estabelecimento de métodos ou padrões de desempenho que pudessem subsidiar a avaliação dos serviços. Essa ausência de sistematização teórica acarretou dificuldades de nível prático, como a indefinição das tarefas específicas do Serviço de Referência. De acordo com a autora, ainda não se tem clareza a respeito da competência do setor, nem sobre quais seriam suas atividades características exclusivas, gerando uma tendência ao desvirtuamento de suas legítimas funções. Em relação à avaliação dos serviços prestados, a unidade de medida proposta é a questão de referência, a qual não está claramente definida e não há ainda critérios que sejam capazes de categorizá-la. Esta inconsistência impede a análise ou comparação dos resultados (GRANDI, 1982) Figueiredo (1992) nos traz uma perspectiva um pouco diferente para essa questão ao dizer que o serviço não é mal definido, mas sim abrangente, ao passo que que é constituído por todas as variáveis que existem entre o leitor e a informação. Desse modo, a autora considera não ser pertinente separar ou isolar as atividades de referência das outras atividades da biblioteca, pois todas possuem aspectos do processo de busca por informações. Assim, tanto a ajuda dada pelo setor de circulação quanto o trabalho realizado pelo setor de processamento técnico, visam a referência. Com relação ao uso de métodos puramentes estatísticos, Grandi (1982, p. 13) aponta dois problemas básicos: O primeiro relaciona-se com a definição da questão de referência. Não há sobre o que pode ser considerado tal, ficando difícil de se estabelecer uma medida de avaliação. O segundo problema está na fixação de um critério consistente para a categorização das questões que atendam às exigências de uniformidade do levantamento. Na falta destes critérios, há a reunião de dados de forma dispersiva, de modo que raramente há possibilidade de se efetuar comparações entre um estudo e outro. Isto pode ser observado no grau de variação dos modelos de classificação adotados nas diversas análises. Grandi (1982) acrescenta que o fato do serviço de referência estar baseado em questões pessoais e subjetivas também dificulta a mensuração dos resultados. Estando o Serviço de Referência baseado em relações pessoais e envolvendo fatores subjetivos, torna-se difícil avaliar o impacto ou mérito do serviço para com os usuários. Como medir os benefícios da informação prestada ao consulente? Qual o valor de uma questão respondida ou de um levantamento bibliográfico efetuado? Este problema é agravado pela inexistência ou inadequação de padrões para o serviço de referência, os quais, quando existentes, preocupam- se mais com a coleção ou pessoal do que com a qualidade dos serviços prestados (GRANDI, 1982, p. 12). Figueiredo (1992) aponta que o mérito do serviço de referência é o mais intangível e o mais importante de todos os aspectos a serem avaliados. A dificuldade dessa mensuração muitas vezes leva o serviço a ser ignorado ou subestimado, tendo em vista a sua impossibilidade de- comprovar sua importância e contribuição para os serviços da biblioteca em sentido global. Fato que o leva a ficar com a menor parcela do orçamento da biblioteca, o que contribui para a reprodução da situação, ao passo que limita qualquer possibilidade ou projeto de mudança. Figueiredo (1992) destaca ainda como um problema da avaliação a ausência de julgamento crítico e a passividade do próprio profissional que o impede de prever as necessidades dos usuários e se preparar para atendê-las. Nesse aspecto, a autora, argumenta que, muito mais do que contar o número de questões respondidas e classificá- las segundo a direção e a informação, medindo o tempo necessário para respondê-las e tabulando os tipos de obras de referência e áreas de assunto que foram utilizadas, é levantar as demandas dos usuários, antecipando-se a elas e verificar a satisfação destes em relação ao serviço. Desta forma, a única maneira eficaz de avaliar um sistema de informação é através da satisfação com que o usuário o acolhe. [...] talvez seja impossível avaliar a situação objetivamente, e este aspecto é o mais significativo a considerar" (ROTHSTEIN apud FIGUEREDO, 1992, p. 16). Dessa forma, podemos considerar que a satisfação das necessidades de informação dos usuários do serviço de referência se dará por meio da antecipação das respostas coletadas no processo avaliativo e da atualidade e variedade de produtos e serviços oferecidos, o que fundamenta a necessidade de um estudo avaliativo no intuito identificar as necessidades de informação dos usuários reais e potenciais da unidade de informação (CARVALHO e LUCAS, 2005, DAMIAN; SILVA e SANTOS NETO, 2021). Novotny e Rimland (2007) acrescentam como limitações dos estudos avaliativos o fato de os participantes ao saberem que estão sendo avaliados, ao invés de expressarem sentimentos verdadeiros darem. Além deste viés, que segundo os autores é preciso considerar a diferenciação entre as medidas de satisfação e medidas de sucesso. Pois, embora semelhantes e relacionados, satisfação e sucesso são medidas diferentes.A satisfação pode significar simplesmente como o resultado geral do encontro, enquanto o sucesso contribui para essa experiência geral. Nesse aspecto, o usuário pode se sentir satisfeito mesmo não tendo encontrado exatamente o que queria, mas por experimentar um serviço amigável na biblioteca. Por isso, é importante medir a satisfação e o sucesso separadamente para se chegar a um resultado mais fidedigno. Finalizamos este item a respeito dos problemas e limitações da avaliação do serviço de referência, e esperamos que sua aprendizagem tenha sido significativa e que os conteúdos trabalhados contribuam para sua formação profissional e também lhe instigue a buscar novas informações sobre o tema e se aprofundar no assunto. No próximo item refletiremos sobre as variáveis que podem ser consideradas no processo avaliativo. Até lá! Bons estudos. 3 VARIÁVEIS Caros (as) Acadêmicos (as) Após reconhecermos a importância da avaliação para o serviço de referência e identificarmos os principais problemas e limitações que interferem nesse processo, refletiremos sobre as variáveis que podem ser consideradas na avaliação. Você já parou para pensar quais questões deveriam ser avaliadas no Serviço de Referência? Vejamos alguns pontos a serem considerados! A resposta a esta questão demanda a compreensão de que os componentes básicos de referência são: “a coleção de referência, o pessoal responsável pelas tarefas, os serviços prestados, o custo, o usuário e sua satisfação para com o serviço” GRANDI, 1982, p. 12). Para Grandi (1982, p. 12) a adequação da coleção de Referência deve ser verificada em termos quantitativos e qualitativos, pois muito além do volume é preciso “verificar até que ponto está atendendo aos objetivos e necessidades de informação do usuário”. A autora lembra que uma coleção explorada inadequadamente representa um gasto inútil, por isso é imprescindível que o serviço conte com pessoal especializado, capaz de orientar o consulente e garantir a maximização do uso dos diversos recursos de informação. Assim: Os recursos humanos disponíveis em termos de experiência, tempo de serviço e qualificação também devem ser objeto de avaliação. Os serviços prestados e as tarefas de rotina também são objetos de avaliação, relacionadas diretamente com o grau de satisfação do usuário, que talvez seja a variável mais importante e a mais difícil de ser considerada. A satisfação do usuário, traduzida em benefício proveniente da prestação de serviços, deve justificar portanto os gastos envolvidos nas diversas operações. Martins e Ribeiro (1972 apud GRANDI, 1982) acrescentam que o cumprimento dos objetivos previstos no planejamento da biblioteca devem ser avaliados, observando até que ponto estes foram alcançados ou ainda em que medida o serviço de referência atendeu à clientela real e potencial e ainda em que medida a demanda por informação está compatível com a especialidade da biblioteca. Mangas (2007, p. 19) destaca que “todos os serviços e atividades realizadas numa biblioteca podem e devem ser avaliados, nomeadamente o serviço de referência”. E aponta como principais razões para a avaliação periódica do serviço a necessidade de: Assegurar e verificar quantitativa e qualitativamente a qualidade dos serviços prestados; Assegurar e verificar quantitativa e qualitativamente a satisfação dos utilizadores; Obter o máximo de rendimento do serviço, tanto em relação à instituição como em relação aos utilizadores; Justificar do ponto de vista administrativo a existência do serviço (MANGAS, 2007, p. 19). Para além da definição dos elementos a serem analisados, a biblioteca deve estabelecer quem ficará responsável por essa avaliação, quais técnicas e parâmetros serão utilizados e quando será realizada. Nesse ponto é pertinente lembrar que não é recomendável que os membros da direção participem ou façam parte dos grupos de trabalho relativos à avaliação. Esse procedimento é importante para manter a imparcialidade e reduzir a subjetividade na coleta e análise dos dados (MANGAS, 2007). Lancaster (2004, p. 10) considera “a biblioteca como uma interface entre os recursos de informação disponíveis e a comunidade de usuários a ser servida. [Assim, sua avaliação deve se] preocupar em determinar em que medida ela desempenha com êxito essa função de interface”. O autor aponta que, em termos de avaliação, os produtos e serviços da biblioteca devem ser considerados de várias maneiras e propõe duas categorias: a) Insumos, produtos e resultados; b) Custos, eficácia e benefícios. Na primeira categoria, o interesse está voltado a determinar até que ponto os resultados de um serviço foram atingidos. Nesse aspecto, é importante considerar que esses resultados tendem a se relacionar com objetivos sociais, comportamentais, ou até econômicos, de longo prazo, que são muito intangíveis, e, dificilmente podem ser convertidos em critérios concretos de avaliação. Na segunda, a eficácia se relaciona com os produtos e serviços, e o critério geral de eficácia é a proporção de demandas de usuários que são satisfeitas. Os benefícios do sistema são os resultados desejados. Os custos podem ser bastante concretos, desde que se cogite apenas em termos monetários. Contudo é importante que o tempo do despendido pelo usuário nessa busca seja considerado na avaliação, pois “uma análise realista do custo de um serviço de informação deve levar em conta todos os custos, inclusive aqueles em que incorrem os usuários” (LANCASTER, 2004 p. 12). O quadro abaixo apresenta algumas variáveis a serem consideradas na avaliação. Quadro 1 - Variáveis a serem consideradas na avaliação Fonte: Lancaster (2014 p. 14). Na avaliação, além de determinar as variáveis a serem avaliadas, é importante definir os indicadores a serem considerados. A norma ISO 11620 (2014) define indicadores como expressão (que pode consistir numa série de números, símbolos ou palavras, utilizada para descrever atividades (sucesso, objectos, pessoas) em termos quantitativos e qualitativos para avaliar determinadas atividades, e o método utilizado). Conforme apontado por Guimarães et al. (2006 p. 251) a norma ISO 11620 (2014) : [...] estabelece um grupo de indicadores para aplicação em todos os tipos de bibliotecas. Além disso, estabelece uma relação entre qualidade de serviços de biblioteca e o tópico mais amplo de administração e garantia de qualidade, uma vez que valida e apoia-se na Norma ISO 9004. Para cada indicador, constam objetivo, escopo, definição, metodologia, interpretação e fontes de referência, e, entre os procedimentos, são adotados cálculo de percentual, amostragem, questionário e entrevista. A norma oferece também detalhada orientação sobre a metodologia e análises sobre seu emprego. Alguns serviços e atividades importantes, como, por exemplo, treinamento de usuário e serviços eletrônicos, não estão contemplados, mas são cobertos por outra norma, a ISO 2789/2003. Mangas (2007 p. 18) acrescenta que as solicitações de informação apresentados ao serviço de referência podem ser avaliados quantitativamente por meio dos seguintes variáveis: número de perguntas recebidas, número de perguntas respondidas, número de respostas consideradas pertinentes pelos utilizadores, etc. Para a anotação destes dados o serviço de referência deve elaborar um formulário interno onde anotará claramente determinados elementos do pedido (data do pedido, hora, estratégias de pesquisa, fontes e recursos utilizados, tempo de resposta) e do utilizador (nível acadêmico e grau de satisfação quanto à pertinência da resposta). Grandi (1982) acrescenta que o contato usuário-bibliotecário e a organização das atividades de referência também devem ser objeto de análise a partir da coleta de informaçõesque representem tanto a perspectiva dos usuários quanto a do próprio pessoal. Lancaster (2004, p. 16) destaca que uma boa orientação na decisão do que deve ser avaliado são as cinco leis da biblioteconomia de Ranganathan. “Essas leis proporcionam uma expressão fundamental das metas que os serviços de informação deveriam se esforçar para alcançar, e são hoje tão relevantes quanto o eram há sessenta anos atrás” Importante destacar que essas variáveis devem ser coletadas e analisadas a partir de métodos e instrumentos específicos que darão conta de apresentar um resultado fidedigno e condizente com a realidade. E então, ansioso(a) para saber quais métodos são esses? exploraremos esse assunto no nosso próximo item. Até lá! Bons Estudos! 4 MÉTODOS E INSTRUMENTOS - TENDÊNCIA Caros (as) Acadêmicos (as) Chegamos ao último item da disciplina avaliação do serviço de referência, cujo abordaremos os métodos e instrumentos que podem ser utilizados para avaliação. Mas você deve estar se perguntando o que pode ser considerado métodos e instrumentos de avaliação? Vamos iniciar nosso percurso esclarecendo esses termos! O método é entendido como “uma reunião dos meios através dos quais é possível alcançar um objetivo [e instrumento como] todo objeto que serve para auxiliar ou levar a efeito uma ação qualquer'' (MÉTODO, 2022, online). Percebemos que são conceitos amplos e abrangentes, assim como diversas possibilidades e opções disponíveis para a avaliação dos serviços de referência. Vejamos algumas delas! Por muito tempo, as avaliações dos serviços de informação se concentraram em “levantamentos estatísticos das variáveis que podem ser medidas como número de pessoas atendidas, número de questões respondidas entre outros, com raras tentativas de avaliar a saída ou produto final, ou seja, as respostas para as questões propostas” (GRANDI, 1982, p. 13). Grandi (1982) aponta uma variabilidade dos métodos adotados na avaliação do Serviço de Referência, dentre os quais relacionamos no Quadro 2 abaixo: Quadro 2 - Métodos de avaliação do serviço de referência Método Descrição Enumeração das questões de referência Simples contagem das questões respondidas, por meio do registro ou simples marcação, computando-se uma estatística sem futura análise, aprofundamento ou extrapolação. É a forma mais rudimentar de avaliação, revelando apenas o volume do serviço, a grosso modo. Classificação das questões de referência Aqui as perguntas são enumeradas dentro de categorias pré-determinadas Análise da clientela Considerada decisiva por preceder a qualquer outro método de avaliação. O estudo do usuário pode apontar o nível de instrução e orientação compatível com a necessidade do consultante e ainda indicar a melhor forma de disposição do material; forma de acesso e outros fatores importantes. Busca ainda identificar as características educacionais e ocupacionais do usuário real ou potencial, e as razões que o levaram ou não a procurar a informação. Análise da coleção de referência Busca definir uma lista bibliográfica padrão, contra a qual são checados os títulos do setor de referência para verificar sua adequação. Nesse método verifica-se a data da publicação do material, buscando analisar a atualização das fontes e a satisfação do usuário em relação à coleção. Pessoal e organização Busca caracterizar o setor de referência, identificando o número de bibliotecários em período integral; as tarefas pelas quais o setor é responsável; o treinamento profissional e a eficiência do pessoal (tempo de serviço). Análise de custo Realizada a partir de escala visto que não existem medidas fixadas para as unidades de trabalho. Apresenta dificuldade quanto à sua mensuração, devido ao caráter subjetivo das suas funções e finalidades. Normas e padrões para o Serviço de Referência Verificação do cumprimento das normas, destaca-se que a existência de poucas referentes ao Serviço de Referência e a especificação de suas funções, materiais, organização, aspectos físicos entre outros dificulta a avaliação do cumprimento ou não dos requisitos mínimos fixados por estas normas. Questões-teste Consiste na aplicação de um teste ao bibliotecário de referência no qual as questões são selecionadas tendo em vista uma escala crescente de dificuldades e a utilização de uma variedade de fontes. As respostas registradas são medidas através de algum critério como precisão, rapidez ou cobertura. Outra forma é a aplicação de questionários de avaliação sem o conhecimento do bibliotecário. Neste caso, o pesquisador apresenta-se como usuário comum, testando a eficiência do pessoal em atender à demanda pelas informações. O problema principal desta técnica está no aspecto ético em avaliar um profissional sem ter consciência disto. Bibliometria Utilizada para avaliar o material de Referência, testando a utilização do acervo, a necessidade de se incentivar determinadas áreas, ou uma política de descarte para manter o equilíbrio e atualização da coleção. Fonte: Grandi (1982, p. 13-14). As questões formuladas para levantamento das informações podem ser classificadas, de acordo com Grandi (1982): a) por tipo - as categorias mais comuns referem-se a questões de diretórios ou indicadores; informações rápidas factuais; auxílio à pesquisa; escolha dos melhores materiais; questões referentes à reprodução exata (gravura, mapa, texto); preenchimento de espaços em branco; descritivas, informação sobre o material consultado; b) Por assunto - visando a identificar as áreas de concentração das perguntas; c) Por propósito e leitor - determinando as causas da pergunta e sua proveniência. d) Por fonte ou material usado - categorização das questões tendo em vista o canal de comunicação utilizado (pessoal, telefone, carta) e o material de referência no qual foi procurada a informação. e) Estudo das questões não respondidas - focando o desempenho do bibliotecário em responder às questões apresentadas. A análise das perguntas não resolvidas satisfatoriamente pode fornecer subsídios para detectar alguns problemas relativos ao funcionamento, como adequação da coleção ou treinamento do pessoal. A autora destaca ainda a tendência em se buscar conhecer os motivos da não realização dos serviços, que podem se dar por diversas questões, como “desconhecimento das atividades da referência, experiências negativas anteriores, hesitação e receio em aborrecer ao bibliotecário ou receio em formular as questões por considerá-Ias muito simples ou improcedentes” (GRANDI, 1982, p. 13). Tem-se observado também a “ênfase que vem sendo dada ao estudo das necessidades de informação do usuário e à satisfação do mesmo, derivada da capacidade do serviço em atender estas necessidades”. E ainda em avaliar a capacidade do serviço em atingir o usuário em potencial e o crescente interesse para com a análise da interação usuário-bibliotecário. Destacam-se, portanto, as preocupações voltadas para os aspectos pessoais que envolvem o processo da Referência e que influenciam o nível de satisfação do usuário (GRANDI, 1982, p. 15). Figueiredo (1974) apontou uma metodologia para avaliação que leva em consideração a satisfação do usuário. Trata-se de uma metodologia bem abrangente, que busca mensurar o nível de satisfação por meio de um questionário anexado a todo serviço bibliográfico. Este questionário buscava coletar dados quanto à adequação do serviço e o nível do auxílio recebido pelo usuário. A organização das atividades do setor de Referência e a qualificação do pessoal também têm sido alvo de avaliação na atualidade. Há ainda, métodos de avaliação voltados ao desempenho do serviço aplicadas ao final de cada ano, observando-se o progresso alcançado em direção aos objetivos estabelecidos pela instituição.A qualificação do pessoal, examinando-se grupos de profissionais especializados e grupos sem especialização, também são variáveis importantes para avaliação. Neste quesito verifica-se questões como salários, tempo de serviço, cursos de extensão entre outros. Há formas que consistem no registro de tempo gasto pelo usuário na procura de uma informação com ou sem a ajuda do bibliotecário de referência, buscando anotar o tempo despedido pelo bibliotecário e a verificação do tempo gasto pelo usuário desde sua entrada na sala de referência até a localização do material. (GRANDI, 1982). A relação entre o tamanho da coleção de referência e a habilidade do bibliotecário em responder às questões também tem sido abordada, visto que o volume da coleção tem um papel importante no nível de desempenho do bibliotecário. No entanto, a relação entre as duas variáveis não é linear, ao passo que depois de atingido um determinado limite, o tamanho do acervo deixa de exercer ação direta sobre o desempenho, chegando mesmo a declinar. Em todos esses métodos, a técnica de coleta de dados mais utilizada é o questionário e ou formulário, avaliando-se as respostas em termos de tempo despendido, relevância e cobertura (GRANDI, 1982). Grandi (1982) já considerava que a avaliação do serviço de referência deveria transcender o simples registro estatístico. Evidenciando-se a preocupação com a sistematização dos serviços e com a introdução de mudanças ou alternativas mais apropriadas. Mangas (2007) acrescenta a essa relação de métodos, o teste discreto apontado também pela norma ISO 11620 (2014) como uma forma para determinar a taxa de respostas corretas. Este método pressupõe a seleção de uma série de perguntas com as respostas correspondentes. “As perguntas serão formuladas [a ...] um grupo de utilizadores simulados que solicitará ajuda ao serviço de referência sem que este saiba que está sendo avaliado'' (MANGAS, 2007, p. 18). Neste método para se obter resultados válidos é importante que: As perguntas formuladas devem ser cuidadosamente escolhidas; Os utilizadores simulados devem ser escolhidos de modo que representem o grupo real de utilizadores; Os utilizadores simulados devem ser instruídos sobre o modo como se devem comportar. A Taxa de Respostas Correctas é definida pela seguinte fórmula: A/B x 100% Sendo que: A: é o número de perguntas respondidas corretamente; B: é o número total de perguntas formuladas. O autor cita ainda outro método de avaliação, a grelha dos níveis de correção das respostas dadas elaborada pela Division of Library Development and Services do Departamento de Educação do Estado de Maryland nos E.U.A. apresentada no quadro abaixo: Quadro 3 - Grelha dos níveis de correcção das respostas dadas O bibliotecário ofereceu uma resposta completa e correta e indicou ao utilizador de que fonte se serviu. A resposta é completa e correta, no entanto, o bibliotecário não informou ao utilizador a fonte que utilizou O bibliotecário oferece ao utilizador uma obra em que se encontra a resposta que solicita, porém o utilizador tem que localizá-la O bibliotecário encaminha o utilizador as estantes e este tem que procurar as informações O bibliotecário responde só uma parte da pergunta do utilizador e indica a fonte donde retirou a informação O bibliotecário responde só uma parte da pergunta do utilizador, porém não indica a fonte donde retirou a informação O bibliotecário encaminha o utilizador as estantes, porém este é incapaz de encontrar as informações O bibliotecário é incapaz de oferecer uma resposta, porém encaminha o utilizador para outro centro ou unidade O bibliotecário erra na resposta o bibliotecário não acerta na resposta e não encaminha o utilizador para nenhum outro centro onde o possam ajudar Fonte: Mangas (2007, p. 19). Mais recentemente têm surgido os sistemas de avaliação automatizados como é o caso do Wisconsin-Ohio Reference Assessment Program - WOREP, sistema que não apenas registra satisfação do usuário, mas também coleta dados sobre aspectos do encontro que pode contribuir para o sucesso (ou fracasso) da interação de referência. Os usuários relatam fatores como a quantidade de informação fornecida, a quantidade de atenção que receberam, e o conhecimento percebido da pessoa da equipe auxiliando- os. Para o mesmo registro a equipe de biblioteca relata a qualidade e cobertura da coleção sobre o tópico pesquisado e descreve a dificuldade encontrada. Esses dados podem ajudar bibliotecas a identificarem fatores ambientais e comportamentais específicos que influenciam os resultados do cliente (NOVOTNY e RIMLAND, 2007). Oliveira (2010) Destaca a utilização da escala SERVQUAL, considerado um instrumento para medir a qualidade do serviço, com o propósito de mensurar níveis de expectativa e de percepção de serviços (e por decorrência de satisfação e qualidade). A Escala SERVQUAL busca identificar 5 critérios que os consumidores utilizam para avaliar e medir a qualidade do serviço: 1. Tangibilidade: instalações físicas, equipamentos, pessoal e materiais de comunicação. 2. Confiabilidade: destreza para realizar o serviço de forma confiável, precisa e consistente. 3. Responsividade: disposição de prestar o serviço imediatamente e auxiliar os clientes. 4. Segurança: competência e cortesia dos funcionários e sua capacidade de habilidade de transmitir confiança, segurança e credibilidade. 5. Empatia: atenção individualizada, facilidade de contato (acesso) e comunicação que as empresas oferecem aos clientes (OLIVEIRA, 2010, p. 41 grifo nosso). A autora destaca também o uso do Modelo de Análise do Gap da Qualidade, também conhecido como Modelos das falhas da Qualidade ou Gaps da Qualidade, baseado na identificação de 5 Gaps que interferem na qualidade dos serviços. Gap 1 – Diferença entre a percepção do consumidor e a empresa. Ocorre quando as empresas não compreendem quais características representam alta qualidade para os clientes. Gap 2 – Diferença entre a percepção da empresa e as especificações da qualidade do serviço. Nesta situação, a empresa compreende os desejos dos consumidores, mas não adota um desempenho correspondente. Este Gap pode resultar da falta de recursos, das condições de mercado e/ou da indiferença dos gerentes. Gap 3 – Diferença entre as especificações da qualidade do serviço e sua execução. Ocorre quando a equipe não está preparada para atender a um padrão mínimo de qualidade devido à variabilidade introduzida pelos funcionários ou mesmo por equipamentos com problemas. Gap 4 – Diferença entre a execução do serviço e a comunicação externa. Formaliza como promessas exageradas, feitas por anúncios ou declarações de representantes da empresa, ou ausência de informação sobre o serviço. Gap 5 – Diferença entre o serviço percebido e o serviço esperado. Isso só ocorre quando um dos outros Gaps acontecer (OLIVEIRA, 2010, p. 42). As avaliações de custo-benefício e qualidade dos serviços recomendadas pela RUSA também têm sido utilizadas, pois oferecem um feedback prático e significativo para a melhoria dos serviços, treinamento de pessoal e educação continuada. Para determinar os níveis de eficácia, custos, benefícios e qualidade do serviço, os dados devem ser julgados à luz das metas, objetivos, missões e padrões específicos da biblioteca. Uma variedade de medidas, como análise de qualidade ou sucesso, métodos de observação discretos, intrusivos ou mistos e análise de custo e benefício fornecem informações valiosas sobre o desempenho, habilidade, conhecimento e precisão da equipe, bem como a eficácia geral do programa (RUSA, 2008, online, tradução nossa). Uma orientação importante da RUSA (2008) é que antes de se iniciar um projeto de avaliação, deve-se elaborar claramente as perguntas que se deseja responder, considerando as variáveisque serão mensuradas e os padrões de desempenho ou qualidade que serão usados para medir o sucesso. Em seguida, escolher as ferramentas de avaliação relevantes aos objetivos propostos. Modificar as ferramentas existentes para atender às suas necessidades, caso necessário. Fazer um pré-teste da ferramenta em uma pequena amostra de usuários. Finalmente, para ter maior confiança na validade de seus resultados, deve-se usar mais de uma ferramenta de avaliação (RUSA, 2008, online). Finalizamos nossa unidade destacando a importância dos estudos das necessidades dos usuários, pois conforme Figueiredo (1974, p. 19) “eles são a espinha dorsal de qualquer serviço de informação, porque é com base nos resultados dessa investigação que se organizará o sistema de informação”. A autora chama atenção para o uso das técnicas bibliométricas, buscando identificar a utilização do acervo e a necessidade de fortalecer certas áreas ou descartar em outras, a fim de manter uma coleção equilibrada e atualizada, que atenderá às necessidades dos usuários. Para a autora, o desempenho do sistema de recuperação da informação do serviço de referência deve ser avaliado por meio de testes, meticulosamente elaborados, abrangendo todos os limites práticos das principais variáveis, considerando uma a uma. Concluímos à nossa disciplina na expectativa de que sua aprendizagem tenha sido significativa e que o conteúdo abordado contribua para sua formação profissional e principalmente lhe instigue a buscar novos conhecimentos e se aprofundar no estudo do tema, tendo em vista a variedade de metodologias e instrumentos avaliativos disponíveis, que podem ser adaptados ao serviço de referência e também a importância da prática avaliativa para profissão e para o desenvolvimento das unidades de informação. REFLITA Agora que você já conhece as finalidades, limitações, variáveis e metodologias utilizadas para avaliação, visite um serviço de referência (presencial ou virtualmente), apresente uma questão de sua preferência ao bibliotecário (a) e reflita sobre as formas como você poderia avaliar o serviço. Fonte: As autoras (2021). #REFLITA# CONSIDERAÇÕES FINAIS Caros (as) Acadêmicos (as) Chegamos ao final da nossa disciplina. Vimos o quanto o serviço de referência representa para instituição e que precisamos nos preocupar em prestar um serviço de qualidade e adequado às necessidades dos usuários. Percebemos também o quanto é importante avaliar os serviços da biblioteca e que essa pode ser uma tarefa complexa, por envolver fatores pessoais e subjetivos e também por exigir uma sistematização e padronização de critérios, métodos e atividades. Constatamos que a atividade de referência envolve conhecimento de técnicas de planejamento, organização, controle e avaliação e que é importante que o profissional além de se dedicar a realização do trabalho em si, dedique-se à atividade de controle e avaliação do sistema. Percebemos uma variedade de metodologias quantitativas que podem ser utilizadas nesse processo e uma forte tendência à adoção de metodologias qualitativas, preocupadas com a satisfação das necessidades dos usuários. Notamos ainda, que o processo avaliativo deve ser contínuo para que haja controle efetivo de todas as variáveis que interferem no desempenho eficiente do serviço. Concluímos nossa disciplina na expectativa de que o conteúdo tenha sido relevante para os seus estudos e que venha fortalecer sua formação profissional. Agradecemos a sua companhia durante todo o percurso desta disciplina e desejamos muito sucesso nos seus estudos e na sua atuação profissional. Até a próxima! LEITURA COMPLEMENTAR Serviço de referência e tecnologias O mundo globalizado permitiu o avanço da tecnologia de maneira surpreendente e poucos conseguem acompanhar tais inovações. Um dos papéis da nova biblioteca ou, como alguns autores já denominaram, a “Biblioteca 2.0”, é se utilizar de toda essa tecnologia disponível, para melhorar e aperfeiçoar os seus produtos e serviços. A web 2.0 disponibiliza recursos de interação e compartilhamento que podem auxiliar no processo de desenvolvimento de setores importantes da biblioteca, como o setor de referência. O foco das bibliotecas está se voltando para as tecnologias que podem se aliar ao funcionamento interno e externo dessas unidades. Os usuários e como a informação será repassada para eles, é um dos pontos-chave desse desenvolvimento. Ferramentas como o YouTube, Wiki, sítios de relacionamento, como o Facebook e o Linkedin, são exemplos de como a biblioteca pode se inteirar dessa tecnologia, utilizando o conteúdo disponibilizado para auxiliar o atendimento ao usuário. A web 2.0 também pode estar presente de outras maneiras, como na divulgação da biblioteca por meio desses serviços e na disseminação da informação com o Really Simple Syndication (RSS). Os serviços de referência sempre foram um setor importante das atividades de uma biblioteca. É nele que todo o trabalho interno e externo da biblioteca se concentra. Tudo que é feito em todos os outros setores, como a catalogação, indexação, processos técnicos, aquisição, entre outros, volta-se para o setor de referência, pois é nele que se encontra a razão final de toda existência de uma biblioteca: o usuário. O atendimento ao usuário é o objetivo final de todo centro de informação. Essa atividade se desenvolve de tal maneira que atualmente existem certificados, como a ISO 9000, para unidades de informação que realizam um atendimento de qualidade ao usuário. O serviço de referência serve como um mediador entre o conhecimento disponibilizado e o usuário que fará uso desse conhecimento, pois sem a participação do mediador a informação recebida, dificilmente seria eficiente ou de qualidade. A tradução da informação buscada para um documento que contenha a mesma informação é feita por profissionais que são especializados em pesquisar e atender à necessidade de informação. Ferramentas de Pesquisa Wikis Uma ferramenta inovadora que apenas começou a ser implantada nas bibliotecas é o wiki, totalmente colaborativa, pois permite aos usuários editarem qualquer texto, conforme seus interesses. A facilidade de utilização, que dispensa conhecimentos específicos de informática e tecnologia, atrai os internautas que podem fazer parte da elaboração de uma página na internet cooperativa, com um conteúdo formado por diversas opiniões e fontes de conhecimento. YouTube O YouTube é considerado a maior comunidade de vídeos da internet. Algumas das maneiras que essa ferramenta poderia ser utilizada em uma biblioteca é que o Youtube seja um “depósito para vídeos instrucionais”, que poderiam ser acessados através de um link, no sítio da biblioteca. Ou, ainda, uma maneira de complementar o conteúdo do acervo, utilizando vídeos que não são de autoria da biblioteca e que não pertencem a ela, para acrescentar algum conteúdo disponibilizado, como é citado no artigo, o exemplo da America’s Career InfoNet 7, que lista os vídeos sobre as diferentes profissões que existem no YouTube para ilustrar seu sítio e facilitar o entendimento do conteúdo, acrescentando-se, assim, mais um recurso audiovisual para os usuários. Facebook A utilização do Facebook em bibliotecas tem sido motivo de muita discussão na comunidade biblioteconômica, que divide opiniões sobre o sítio ser mais uma ferramenta para auxiliar na divulgação dos produtos e serviços das bibliotecas ou, apenas, uma rede social sem utilidade para fins profissionais. http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdfhttp://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf Entretanto, existem profissionais que defendem a utilização do Facebook como ferramenta de divulgação da biblioteca, devido às suas inúmeras possibilidades oferecidas. Um participante do Facebook pode acrescentar diversos aplicativos em seu perfil, além de criar listas para compartilhar informações com pessoas de uma rede e com interesses específicos. O Facebook permite a utilização do Delicious, como bookmarking, e que um membro divulgue suas fotos em seu perfil por meio do Flickr. Além da postagem de vídeos, criação de álbuns, feed de notícias detalhadas de tudo que acontece com as pessoas da sua rede, criação de grupos de interesses específicos e utilização, entre outros, de calendário para criação de eventos, utilização de notas e divulgação de links de interesse para divulgação. Twitter O uso do Twitter nas bibliotecas ainda está em processo de adaptação. Entretanto, já existem alguns estudos de casos em bibliotecas dos Estados Unidos, pioneiras na utilização destas ferramentas da web 2.0. A Missouri River Regional Library13 está utilizando o Twitter para se comunicar com a comunidade local. Tudo que acontece na biblioteca está sendo colocado na ferramenta, para que seus “seguidores” (termo designado para aqueles que adicionam um perfil do Twitter para acompanhar suas atualizações) possam ter acesso a todas as novidades da biblioteca, como novas aquisições de base de dados, eventos promovidos pela biblioteca, alterações no funcionamento ou horários. Outra funcionalidade do Twitter é o fato de que o aplicativo possui RSS feed, outra ferramenta que tem feito muitos adeptos nos centros de informação. Apesar do sucesso do Twitter na internet ser indiscutível, os centros de informação ainda estão receosos ao se depararem com tal ferramenta, seja pelo desconhecimento dos profissionais da informação do potencial de um microblog como o Twitter no auxílio à divulgação das atividades das bibliotecas. Mas, essa visão está se modificando como demonstram os exemplos dados por bibliotecas que buscam alternativas inovadoras, como a utilização desses microblogs para divulgação de seus produtos e serviços. http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf http://www.sccc.edu/ra/documents/sample_career_report.pdf Fonte: SERVIÇO DE REFERÊNCIA E TECNOLOGIAS. Portal bibliotecário, 14 mai. 2015. Disponível em: https://portaldobibliotecario.com/biblioteca/servico-de-referencia-e-tecnologias/. Acesso em: 03 jan. 2021. https://portaldobibliotecario.com/biblioteca/servico-de-referencia-e-tecnologias/ LIVRO ● Título: Planejamento de bibliotecas e serviços de informação ● Autor: Maria Christina Barbosa de Almeida. ● Editora: Briquet de Lemos. ● Sinopse: O texto aborda questões relativas ao planejamento e avaliação de serviços de informação, destacando aspectos como conceitos, características, finalidades e tipos de avaliação. LIVRO ● Título: Evaluating Reference Services: A Practical Guide ● Autor: Jo Bell Whitlatch. ● Editora: American Library Association. ● Sinopse: Seja no escritório, no telefone ou online, bons serviços de referência costumam ser a chave para conquistar os corações e mentes dos clientes da biblioteca. Este novo guia prático descreve métodos práticos para avaliar e fornecer um serviço de referência excelente para o usuário de biblioteca experiente nas tecnologias de hoje. https://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&tbo=p&tbm=bks&q=inauthor:%22Jo+Bell+Whitlatch%22 LIVRO ● Título: Avaliação de serviços de bibliotecas ● Autor: Lancaster, F. W. ● Editora: Briquet de Lemos. ● Sinopse: Enfatiza a avaliação dos produtos e serviços da biblioteca sob diferentes aspectos, indicando métodos e técnicas de coleta de dados e análise dos dados. FILME/VÍDEO ● Título: A Múmia ● Ano: 1999. ● Sinopse: A história se passa no Egito no ano de 1923 e gira em torno da Bibliotecária da Biblioteca do Cairo, Evelyn, seu irmão Jonathan e oamigo deles Rick O’Connell, onde a mesma em uma expedição a cidade fictícia de Hamunaptra acorda uma múmia de 3.000 anos. A bibliotecária, personagem principal do filme, é aventureira intrépida, inteligente, jovem e incapaz de restringir seu trabalho as quatro paredes da Biblioteca do Cairo, mesmo sendo ela: a única pessoa em um raio de 1.600km capaz de catalogar organizadamente aquela biblioteca. FILME/VÍDEO https://bibliotecasma.org/biblioteconomia-no-cinema-dicas-de-filmes/#98155682 ● Título: O vencedor de ilusões ● Ano: 1962. ● Sinopse: Vendedor que se passa por Instrutor de Bandas, a fim de arrancar dinheiro de pessoas de uma pequena cidade dos EUA, com a proposta de que apenas a formação de uma banda pode tirar os meninos de se meterem em problemas. E para que seu disfarce não seja descoberto, seduz a bibliotecária da cidade, única pessoa que ele julga ser capaz de descobrir seu segredo. O filme apresenta uma personagem bibliotecária jovem, inteligente, divertida, alegre, perspicaz, fora que ela é indispensável para a história. REFERÊNCIAS ALMEIDA, Maria Christina Barbosa de. Planejamento de bibliotecas e serviços de informação. 2. ed. rev. e ampl. Brasília, DF: Briquet de Lemos, 2011. Disponível em: https://www.bu.ufmg.br/snbu2014/wp-content/uploads/trabalhos/464-1920.p. Acesso em: 05 jan. 2021. CARVALHO, L. S.; LUCAS, E. R. O. Serviço de Referência e Informação: do tradicional ao on-line. In: ENCONTRO NACIONAL DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO - CINFORM, 6., 2005. Anais [...] Salvador: UFBA, 2005. CUNHA, Murilo Bastos da; CAVALCANTI, Cordélia Robalinho de Oliveira. Dicionário de biblioteconomia e arquivologia. Brasília: Briquet de Lemos, 2008. xvi, 451 p. DAMIAN, Ieda. Pelógia Martins; SILVA, Rafaela Carolina da; SANTOS NETO, João. Arlindo. dos. Serviço de referência e informação no contexto da hibridez em bibliotecas. RDBCI: Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Campinas, SP, v. 19, n. 00, p.2 -17, 2021. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rdbci/article/view/8664478. Acesso em: 08 jan. 2022. 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Retomando ao material, na primeira unidade tivemos a oportunidade de refletir sobre o Serviço de Referência (SR). Perpassamos pelo conceito e percebemos que a grosso modo ele objetiva estabelecer a relação entre o bibliotecário e o usuário no processo de busca da informação, para isso, o bibliotecário responsável pelo SR, além de possuir habilidades técnicas e competências pessoais, deve se manter atualizado a fim de atender as demandas que a atividade requer. Pudemos perceber também, que os serviços de referências podem se configurar em três formas: tradicional, virtual ou educativo. O processo de referência tradicional se caracteriza pela interação presencial, face a face, entre o bibliotecário com o usuário e perpassa oito etapas: o problema; a necessidade de informação; a questão inicial; a questão negociada; estratégia de busca; o processo de busca; a resposta e solução. O processo de referência virtual apresenta como característica a interação virtual entre o bibliotecário com o usuário. Pode ser desenvolvido por meio de correio eletrônico, via chat, e-mails, vídeo/tele ou Web conferência dentre outros. Já o processo de referência educativo caracteriza-se pela educação ou formação de um usuário, ou de um grupo de usuários, no acesso e uso da informação. É uma maneira de a biblioteca desempenhar a sua função educativa e, por meio de seus profissionais, ensinar o usuário as formas de uso dos recursos e dos serviços ofertados por ela. O importante é salientar de que independente do processo, seja tradicional, virtual ou educativo, a interação entre o bibliotecário e o usuário é a peça chave no serviço de referência. Outra característica é que todos os processos se iniciam pela incidência de um problema que o usuário precisa resolver e para o qual ele precisa de informação. Neste sentido, há a necessidade que o usuário expresse claramente suas necessidades de informação a fim de que o bibliotecário compreenda e busque os melhores meios e recursos informacionais para ajudá-lo na resolução de seu problema. Assim, é importante que o profissional facilite o processo de comunicação com o usuário, utilize de linguagem clara e precisa e de estratégias para extrair informações úteis para o entendimento da questão. Na segunda unidade conhecemos as diretrizes do serviço de referência, estudamos os oito passos para o desenvolvimento desse serviço e o quanto ele é importante, haja vista que representa o primeiro contato do usuário com a instituição. Compreendemos ainda as competências e habilidades necessárias ao bibliotecário de referência. Percebemos que as diretrizes são importantes ferramentas para o bibliotecário de referência planejar e organizar o funcionamento do seu trabalho, haja vista, que estes documentos fornecem orientações gerais baseadas em padrõestécnicos internacionais, oferecendo uma visão sistêmica dos vários fatores de funcionamento do Serviço de Referência. Retomamos, ainda, os oito passos para o serviço de referência e vimos que, embora, esses passos possam não acontecer de forma linear, ou mesmo, serem realizados de forma inconsciente pelo profissional, eles são importantes e podem significar a qualidade do serviço. Conhecemos, também, as competências para o serviço de referência que exige do profissional boa qualificação, domínio das técnicas de pesquisa e dos recursos de organização e recuperação da informação, eficiente comunicação e relações interpessoais, além de habilidade com as novas tecnologias e mídias sociais e formação continuada que possibilite acompanhar as dinâmicas sociais e suas transformações. Em um terceiro momento, pudemos observar que o serviço de referência tem uma função vital nas bibliotecas e que com o advento da internet e das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), esses serviços passam a ser realizados por meio destes recursos tecnológicos, originando, assim, os Serviços de Referência Virtual (SRV). Vimos que os Serviços de Referência Virtual podem ser realizados de duas formas: síncrona (em tempo real) e assíncrona e de que nesse processo podem ser usados vários recursos digitais, dentre eles: e-mail, chats, correios eletrônicos, videoconferências. Tivemos oportunidade também de conhecer as características dos Serviços de Referência Virtual, os softwares que podem ser utilizados nas pesquisas e que a escolha sobre o qual utilizar está vinculada a missão e o objetivo da instituição. Conhecemos, ainda, as normas e projetos que regem os SRV. E por fim, refletimos sobre a avaliação do serviço de referência. Verificamos o quanto é necessário prestar um serviço de qualidade e adequado às necessidades dos usuários e para isso é importante avaliar os serviços de forma contínua. Percebemos também que essa avaliação pode ser uma tarefa complexa, por envolver fatores pessoais e subjetivos e também por exigir uma sistematização e padronização de critérios, métodos e atividades. Constatamos que a atividade de referência envolve conhecimento de técnicas de planejamento, organização, controle e avaliação e que é importante que o profissional além de se dedicar a realização do trabalho em si, dedique-se à atividade de controle e avaliação do serviço. Percebemos que há uma variedade de metodologias quantitativas que podem ser utilizadas nesse processo e uma forte tendência à adoção de metodologias qualitativas, preocupadas em identificar em que medida o serviço prestado tem satisfeito as necessidades informacionais dos usuários. Finalizamos este material na expectativa de que sua aprendizagem tenha sido significativa e que os conteúdos apresentados tenham sido relevantes e contribuam para sua formação e prática profissional. Ressaltamos que foi um prazer tê-lo (a) conosco nesta caminhada! Até a próxima!