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REVISTA ELETRÔNICA ARMA DA CRÍTICA N.12/NOVEMBRO 2019 ISSN 1984-4735 
 
 
O COMPROMISSO TODOS PELA EDUCAÇÃO: PROJETO DE EDUCAÇÃO DA 
BURGUESIA PARA OS TRABALHADORES 
 
Yohana Graziely de Oliveira Buczek1 
Analéia Domingues2 
 
Resumo 
A educação é um complexo social que cumpre função primordial na reprodução das relações 
sociais. Configura-se como um campo de constantes disputas na luta de classes. Nesse sentido, 
as parcerias entre o sistema público e o privado, representam a necessidade da burguesia de 
manter sob o controle a educação destinada aos filhos dos trabalhadores. O presente artigo tem 
como foco o Movimento intitulado Todos pela Educação e o projeto educacional oriundo deste 
movimento. O TPE como ficou conhecido, nada mais é do que o projeto da burguesia para a 
educação pública. Para entender como esse projeto foi organizado e o que ele pleiteia, buscamos 
compreender o contexto político, econômico e social em que foi produzido. Além do mais, 
buscamos apreender os interesses desses empresários da iniciativa privada pela educação 
pública brasileira e o que representa o Todos pela Educação na atual conjuntura política e 
econômica. Utilizamos como fundamentação teórico-metodológica o Materialismo Histórico-
Dialético e autores que escrevem nessa perspectiva 
 
Palavras-chave: Crise Estrutural. Educação. Todos pela Educação. 
 
THE ALL COMMITMENT FOR EDUCATION: BURGUESIA EDUCATION 
PROJECT FOR WORKERS 
 
Abstract 
 
The education is a social complex which fulfills the primordial function in the reproduction of 
the social relations. It is configured as a field of constant disputes in the class struggle. In this 
sense, the partnerships among public and private, represent the bourgeoisie’s necessity of 
keeping under control the education destined to the workers’ children. The present article has 
as focus the movement entitled Todos pela Educação (“All for the Education”) and the 
educational project native from this movement. The TPE, as it got known, is nothing greater 
than a bourgeoisie project for the public education. To understand how this project was 
organized and what it pleads, we sought to understand the political, economic and social context 
in which it was produced. Moreover, we sought to capture the interests from these businessmen 
related to the private initiative for the Brazilian public education and what represents the Todos 
pela Educação movement in the current political and economic conjuncture. We utilized as 
theoretical and methodological fundament the Historical-Dialectical Materialism and the 
authors who write in this perspective. 
 
Keywords: Structural Crisis. Education. All for the Education. 
 
1 Acadêmica do curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Paraná campus de Campo Mourão. E-mail: 
yohanagraziely@gmail.com. 
2 Professora do Colegiado de Pedagogia da Universidade Estadual do Paraná campus de Campo Mourão. Doutora 
em Educação pela UFSC. E-mail: analeia2504@gmail.com. 
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Introdução 
 
 Partimos da premissa marxiana de que o trabalho é a categoria fundante do ser histórico 
e social. Este possibilitou ao homem um salto ontológico em seu desenvolvimento, o homem 
saiu da condição do ser natural para o ser social. Tonet (2012) enfatiza que o trabalho estabelece 
uma dupla relação com o homem, à medida que ele transforma a natureza também transforma 
a si enquanto indivíduo. 
 O trabalho concreto – produtor de valor de uso- é uma eterna necessidade humana e 
responsável pela produção da riqueza material da sociedade humana. A partir dele surgiram os 
complexos sociais necessários à organização da vida em sociedade, que de acordo com Moreira 
e Maceno (2012), possuem uma articulação e relação de dependência ontológica em relação ao 
trabalho mas não se limita a ele. A totalidade social é expressa pela síntese dos complexos 
sociais que a compõe. Cada complexo se distingue dos demais devido a função específica que 
cumpre no interior de uma sociedade historicamente datada. 
 A educação configura-se como um desses complexos sociais possibilitados pelo 
trabalho, e conforme Moreira e Maceno (2012, p. 178) “[...] é ineliminável do ser social, é 
irredutível ao trabalho e é dele distinto”. Estabelece um papel de mediação da transmissão do 
conhecimento produzido pelo conjunto dos homens, imprescindível para a continuidade do 
processo histórico. Nas palavras dos autores 
[...] a função social [da educação] é de mediação entre indivíduo-gênero, de forma 
que os indivíduos ajam de modo socialmente desejado pela reprodução da sociedade 
historicamente constituída; desse modo, a educação constitui-se em uma mediação da 
reprodução social como um todo. Portanto, apenas de modo indireto e extremamente 
mediato é que ela mantém relação com a esfera do trabalho. (MOREIRA; MACENO, 
2012, p. 180) 
 
É no escopo dessa função social que a educação altera-se substancialmente de acordo 
com o modo de produção vigente e estabelece relação com a totalidade social que está inserida. 
Esse fato, “não nega a sua natureza ontológica, ao contrário; confirma o que ela efetivamente 
é: uma mediação para a reprodução social. Em outros termos, para cumprir as determinações 
do seu ser-precisamente-assim a educação deve, necessariamente, se transformar” (MOREIRA; 
MACENO, 2012, p. 180). 
É na totalidade das esferas das relações capitalistas de produção que a educação formal 
institucionalizada passa a se destinar a classe trabalhadora em geral e cumprir uma nova função 
substancial na reprodução social. É sobre isso que explanaremos no desenvolvimento desse 
trabalho. 
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Na atual face de desenvolvimento do Capital a presença do discurso hegemônico é 
marcante e coloca a educação como a solução de todas as mazelas do capitalismo como as 
desigualdades sociais, a pobreza e o desemprego. A educação é entendida como condição 
fundamental para instaurar a competitividade entre os países, uma espécie de mola propulsora 
do desenvolvimento econômico. 
 No caso brasileiro, esse discurso é repercutido com maior força e intensidade, sobretudo 
após a Reforma do Estado iniciada na década de 1990 que subsidia e reorienta as reformas 
educacionais atreladas a um projeto de desenvolvimento coerente com os interesses do Capital 
internacional. Nessa nova dinâmica de proposição e elaboração das políticas, a função do 
Estado é redefinida, e a educação passa a ser ofertada por outros segmentos da sociedade civil, 
inclusive por empresas privadas. 
Esse fato reconfigura totalmente as fronteiras entre as esferas públicas e privadas na 
promoção de serviços públicos e reforça a ideia de que a educação não é mais responsabilidade 
exclusiva do Estado, de maneira que passa a ser atribuída para a sociedade civil em geral. Nesse 
cenário, surgem os empresários e apresentam suas propostas, projetos e estratégias para 
educação pública que reflete os interesses de sua classe. 
Nos propomos a discutir brevemente nesse artigo - dada a complexidade da questão -, 
os interesses da burguesia brasileira, representada pelos empresários de iniciativa privada na 
educação pública brasileira, especificamente dentro do projeto educacional intitulado 
Compromisso Todos pela Educação (TPE). 
Justificamos a realização dessa pesquisa a partir da necessidade de promover discussões 
no campo de elaboração das políticas educacionais vinculadas as relações capitalistas de 
produção e sobre a necessidade de problematizar a inserção do empresariado na educação 
brasileira e tornar suas reais intenções conhecidas pela classe trabalhadora – a quem a educação 
pública é destinada -. 
 
Metodologia 
 
Utilizamos como fundamentação teórico-metodológicao Materialismo Histórico-
Dialético elaborado por Marx e Engels para a compreensão da realidade social do homem a 
partir das relações humanas desenvolvidas por meio do trabalho, na sociabilidade do Capital e 
ainda conforme aponta Netto (1987), para a compreensão da essência das relações sociais de 
produção, estabelecidas historicamente na sociedade burguesa. 
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 Segundo Tonet (2013), o Materialismo Histórico-Dialético nos remete a uma 
abordagem histórica e ontológica do ser social. Conforme o autor acima citado, é 
imprescindível considerarmos a realidade material e objetiva que permeia as relações humanas 
ao longo da história. Nesse sentido, conforme Tonet (2013, p. 80-81), o ponto de partida para a 
análise do objeto a partir do Materialismo Histórico-Dialético constitui-se a partir de 
[...] aquilo que de mais imediato aparece: indivíduos, reais e ativos, que se encontram 
em determinadas condições materiais de vida, condições essas, por sua vez, que já são 
o resultado da atividade passada de outros indivíduos e que continuam a ser 
modificadas pela atividade presente. Indivíduos cujo primeiro ato, imposto pela 
necessidade de sobrevivência, é a transformação da natureza, ou seja, o trabalho. 
 
Como metodologia de pesquisa utilizaremos a revisão bibliográfica. A pesquisa 
bibliográfica nos permite verificar os estudos existentes na área da pesquisa a partir de materiais 
elaborados por outros pesquisadores. 
 
1. Contexto econômico e social da crise estrutural do Capital 
 
Na atualidade histórica de desenvolvimento do Capital, vivemos sua face mais violenta 
de crise estrutural do sistema produtivo. Nesse tipo de crise há uma estreita relação entre Capital 
e crise que é inerente ao modo de produção capitalista e está fundamentada em sua contraditória 
forma de reprodução. Conforme aponta Mészáros (2010), a crise estrutural do Capital se destaca 
por afetar de maneira geral as relações de todas as partes constituintes do complexo social. 
No contexto econômico e social do século XX, sobretudo a partir da segunda década, o 
padrão de acumulação do Capital estava assentado sobre o modelo de produção 
taylorista/fordista3 que se expandiu e fortificou-se nas potências capitalistas especialmente nas 
duas guerras mundiais, sobretudo nos Estados Unidos e Europa. Mészáros (2010), descreve 
acerca da importância da maquinaria no período pós Segunda Guerra Mundial- compreendido 
por ele entre 1945 à 1970- que é introduzida como medida paliativa, com o deslocamento das 
contradições do sistema entre as esferas da produção. 
Esse sistema de produção funcionou em equilíbrio nos países com capitalismo 
desenvolvido – sobretudo na Inglaterra e nos Estados Unidos-, até o fim da década de 1960 e 
 
3 Conforme explica Antunes (2009, p.39) “Esse padrão produtivo estruturou-se com base no trabalho parcelar e 
fragmentado, na decomposição das tarefas, que reduzia a ação operária a um conjunto repetitivo de atividades cuja 
somatória resultava no trabalho coletivo produtor de veículos. [...] Uma linha rígida de produção articulava os 
diferentes trabalhos, tecendo vínculos entre as ações individuais das quais a esteira fazia as interligações, dando o 
ritmo e o tempo necessários para a realização das tarefas. Esse processo produtivo, caracterizou-se, portanto, pela 
mescla da produção em série fordista com o cronômetro taylorista, além da vigência de uma separação nítida entre 
elaboração e execução”. 
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início da década de 1970, quando se tornou obsoleto, após cumprir o papel ao qual foi 
designado, “foram desenvolvidos especificamente para produzir grandes quantidades de 
produtos com pouquíssimos níveis de diferenciação”, conforme afirma Pinto (2007, p. 63). A 
partir do alto desenvolvimento alcançado pelas forças produtivas no contexto acima descrito, 
ocasionou-se uma superprodução de mercadorias. 
Instaurou-se então uma crise própria da esfera do setor produtivo, datada a partir de 
1970 e que perdura até os dias atuais, que atingiu inicialmente os países com o capitalismo 
desenvolvido e posteriormente estendeu-se aos países periféricos, até alcançar proporções 
mundiais. Crise essa que, Mészáros (2010) denomina de crise estrutural do Capital por ser 
inerente a contraditória reprodução sociometabólica do reino do Capital, cujo objetivo 
primordial é cada vez mais a extração de mais-valor4, e nessa sociabilidade todas as 
necessidades humanas estão subordinadas a esse objetivo. 
As três esferas fundamentais do sistema: produção, circulação e consumo/realização das 
mercadorias foram definidas por Marx (2013) de forma separada, mas com interação dialética 
na totalidade. São interdependentes entre si e o fortalecimento e a superação dos limites 
intrínsecos de cada uma promove a reprodução dinâmica do Capital, o que configura o processo 
de autoexpansão e domínio global enquanto sistema. 
Mészáros (2010) explicita que a crise do Capital torna-se fundamentalmente estrutural 
a partir do momento em que atinge em conjunto as três esferas da produção e reprodução do 
Capital, afetando seu mecanismo de autoexpansão e deslocamento das contradições entre as 
esferas. Ou seja, cada uma das esferas - produção, circulação e consumo - possuem limitações 
imediatas que são superadas a partir da interação em conjunto das esferas, onde ocorrem o 
deslocamento das contradições especificas de uma esfera entre as outras. 
Ocorre que numa crise do tipo estrutural esse mecanismo de deslocamento das 
contradições não é mais possível. E ao invés da crise ficar restrita a uma esfera em particular, 
ela torna-se universal, global e contínua e seus efeitos são sentidos em todos os complexos 
sociais particulares, por exemplo a educação, a política e a economia. Conforme Mészáros 
(2010, p.78) 
 
 
4 A mercadoria força de trabalho cria valores que são reproduzidos nas mãos dos detentores do Capital. Portanto, 
o Capital sobrevive da exploração do trabalho assalariado produtivo. A jornada de trabalho é composta pelo 
trabalho necessário (que garante o acesso aos meios de subsistência para o trabalhador) e o trabalho excedente 
(trabalhador trabalha para reproduzir mais valor no processo de exploração). A maquinaria é inserida no processo 
produtivo com a finalidade de baratear as mercadorias e encurtar o tempo de trabalho necessário a sua produção a 
fim de prolongar o tempo de trabalho excedente, o que permite o trabalhador produzir mais em menos tempo. 
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Seu modo normal [do Capital] de lidar com as contradições é intensifica-las, transferi-
las para um nível mais elevado, desloca-las para um plano diferente, suprimi-las 
quando possível e, quando elas não puderem mais ser suprimidas, exportá-las para 
uma esfera ou um país diferente. 
 
Essa impossibilidade do deslocamento das contradições afeta todo o ciclo de reprodução 
e expansão do Capital, e por isso torna-se tão perigoso e ameaçador para o sistema. Essa 
ocorrência obriga o Capital em situação de crise estrutural a buscar por saídas para retomar seu 
ciclo de expansão e suas taxas de lucro e as possíveis saídas encontradas foram a reestruturação 
produtiva do trabalho, a expansão do Capital em escala geográfica acompanhada da conquista 
de novos mercados e a implementação do projeto neoliberal a nível mundial. 
O padrão taylorista/fordista de produção não atendia mais os interesses de reprodução 
do Capital nesse momento. A reestruturação produtiva do trabalho ocorreu por meio da 
constituição e implementação de uma nova forma de acumulação flexível de Capital 
denominada toyotista5em substituição ao antigo modelo de produção, como resposta do Capital 
à crise estrutural instaurada. Sobre a reestruturação produtiva do trabalho, explicita Antunes 
(2009, p. 49) 
O quadro crítico, a partir dos anos 70, expresso de modo contingente como crise do 
padrão de acumulação taylorista/fordista, já era expressão de uma crise estrutural do 
capital que se estendeu até os dias atuais e fez com que, entre tantas outras 
consequências, o capital implementasse um vastíssimo processo de reestruturação, 
visando recuperar seu ciclo reprodutivo. 
 
Conforme Antunes (2009), esse novo modelo de produção implementado trouxe 
consigo novas formas de intensificação da exploração da força de trabalho do trabalhador 
produtivo, -a forma que trabalho que cria mais-valor-, uma das estratégias foi a incorporação 
de trabalhos considerados improdutivos ao trabalho produtivo, de forma a eliminar cargos de 
trabalho e aumentar a produtividade. A reestruturação produtiva do trabalho trouxe 
consequências desastrosas à classe trabalhadora como o desmonte dos direitos trabalhista, 
fragmentação e/ou destruição dos sindicatos e da luta de classes, precarização das condições de 
trabalho e intensificação da exploração da força de trabalho humana. 
 
5 Conforme Antunes (2009, p. 54) “Ele [modelo toyotista de produção] se fundamenta num padrão produtivo 
organizacional e tecnologicamente avançado, resultado da introdução de técnicas de gestão da força de trabalho, 
próprias da fase informacional, bem como da introdução ampliada dos computadores no processo produtivo, e de 
serviços. Desenvolve-se em uma estrutura produtiva mais flexível, recorrendo à desconcentração produtiva, às 
empresas terceirizadas etc. utiliza-se de novas técnicas de gestão da força de trabalho, do trabalho em equipe, das 
‘células de produção’, dos ‘times de trabalho’, dos grupos ‘semiautônomos, além de requerer, ao menos no plano 
discursivo, o ‘envolvimento participativo’ dos trabalhadores, em verdade uma participação manipuladora e que 
preserva, na essência, as condições do trabalho alienado e estranhado. O ‘trabalho polivalente’, ‘multifuncional’, 
‘qualificado’ combinado com uma estrutura mais horizontalizada e integrada entre as diversas empresas, inclusive 
nas empresas terceirizadas, tem como finalidade a redução do tempo de trabalho”. 
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Concomitantemente a reestruturação produtiva em curso, para que o Capital continue 
seu processo de reprodução é necessário criação de novos espaços para a acumulação. Para isso, 
conforme Harvey (2005), ele precisa organizar-se no espaço e expandir-se em escala 
geográfica, com o objetivo de conquistar o domínio de novos territórios e mercados. Harvey 
(2005) retoma os estudos de Marx para lembrar-nos acerca da necessidade da anulação do 
espaço pelo tempo na expansão geográfica. Os custos da circulação real das mercadorias estão 
inclusos no processo produtivo, para reduzir esses custos o Capital necessita da inovação 
tecnológica para que as mercadorias se realizem na esfera da circulação e a reprodução de mais-
valor continue na esfera da produção em uma relação dialética, visto que, a criação de mais-
valor e a acumulação pressupõem a capacidade da mercadoria realizar-se na esfera da 
circulação. Nesse sentido, corrobora Harvey (2005, p. 50) 
 
O modo capitalista de produção fomenta a produção de formas mais baratas e rápidas 
de comunicação e transporte, para que ‘o produto direto possa ser realizado em 
mercados distantes e em grandes quantidades’, ao mesmo tempo em que ‘esferas de 
realização para o trabalho, impulsionadas pelo capital’, podem se abrir. Portanto, a 
redução nos custos de realização e circulação ajuda a criar novo espaço para a 
acumulação de capital. Reciprocamente, a acumulação de capital se destina a ser 
geograficamente expansível, e faz isso pela progressiva redução do custo de 
comunicação e transporte. 
 
É crucial para o Capital em tempos de crise, que ocorra a expansão geográfica como 
condição precípua para a conquista de novos territórios e mundialização do sistema a partir da 
criação de um comércio exterior, que também tem a função de equalizar as margens de lucro e 
dissipar os impactos da crise. Harvey (2005, p. 55) afirma que “O crescimento do comércio 
exterior, que, inevitavelmente, surge com a expansão da acumulação apenas ‘transfere as 
contradições a uma esfera mais ampla, dando-lhes maior latitude’.” Nesse sentido, a expansão 
geográfica é uma das formas do capitalismo escapar de suas contradições. 
O Capital é uma relação social dotado de uma essência contraditória. As crises fazem 
parte de seu ciclo de reprodução e fundamentais à sua expansão devido ao fato de serem uma 
forma de elevá-lo a um patamar superior de reprodução e acumulação. Harvey (2005), enfatiza 
esse aspecto, ao descrever que as crises colaboram para o aumento da exploração e 
produtividade da força de trabalho, ao passo que utiliza a inovação tecnológica nos meios de 
produção, o que diminui o custo da força de trabalho, devido a formação de um exército de 
trabalhadores desempregados. 
Aliada a expansão geográfica, o Capital também precisa conquistar novos mercados 
consumidores. A inauguração do modelo toyotista de produção com grande uso da tecnologia 
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traz consigo uma nova forma de acumulação flexível de Capital. Harvey (2011) explicita que, 
nessa nova forma de organização do trabalho e acumulação o Capital se expande e conquista 
novos mercados por meio da criação de novos setores produtivos, diferentes maneiras de 
fornecimento de serviços e investimentos de Capital excedente em novos mercados. Isto posto, 
contribui Harvey (2005, p. 64) “A expansão é, simultaneamente, intensificação (de desejos e 
necessidades sociais, de populações totais, e assim por diante) e expansão geográfica. Para o 
capitalismo sobreviver, deverá existir ou ser criado espaço novo para a acumulação”. 
No fim da década de 1980, a crise estrutural do Capital alcança proporções mundiais e 
a política econômica neoliberal passa a ser propagada por organismos multilaterais como o 
Banco Mundial (BM), Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Interamericano de 
Desenvolvimento (BID). Conforme Leher (2010) essas instituições convocam representantes 
de todos os países do mundo em Washington em 1989 para discutir sobre a situação econômica 
de crise. Esse evento ficou conhecido como Consenso de Washington e a partir dele o 
neoliberalismo foi implementado a nível mundial. 
Conforme Shiroma, Moraes e Evangelista (2011) o principal objetivo do neoliberalismo 
é o desmonte das políticas de regulação e controle da economia surgidas no decorrer do século 
XX, como por exemplo, as políticas keynesianas6 e o Estado de Bem-Estar Social que defendem 
a intervenção e regulação do Estado na economia e a promoção de serviços públicos. 
Conforme afirma Moraes (2001, p. 27) o neoliberalismo é “[...] uma ideologia, uma 
forma de ver o mundo social, uma corrente de pensamento”. A principal característica do 
neoliberalismo é a defesa da não intervenção do Estado na economia. Porém, essa medida não 
fica restrita ao campo da economia, é propagada a demais setores, como a educação, por 
exemplo, em que ocorre a chamada de empresas de cunho privado para a participação da oferta 
de serviços públicos legitimados e estabelecidos por meio das parcerias público-privadas. 
Importante destacar que independentemente das medidas e/ou mecanismos adotados 
pelo Capital para suprimir as crises, a ocorrência delas é inevitável devido ao desenvolvimento 
do capitalismo. Entendemos que por meio da supressão das crises sofridas periodicamente pelo6 John Maynard Keynes (1883 – 1946) foi um economista britânico. Suas principais ideias propunham o 
gerenciamento macroeconômico do mercado para conter os traços autodestrutivos do Capital em crise. Segundo 
Keynes, era necessário que o Estado regulasse e controlasse as atividades econômicas e as oscilações de emprego, 
como forma de moderar as crises econômicas e sociais. Após a Segunda Guerra Mundial, as ideias de Keynes 
foram amplamente difundidas e aplicadas no pós Segunda Guerra Mundial como forma de recuperação da 
economia e de mercado. Segundo Moraes (2001, p. 15) o papel positivo disseminado do Estado foi: “na criação 
do pleno emprego; na moderação de desequilíbrios sociais excessivos e politicamente perigosos; no socorro a 
países e áreas economicamente deprimidos; na manutenção de uma estrutura de serviços de bem-estar (habitação, 
saúde, previdência, transporte urbano, etc.); na gradual implantação de políticas sociais que atenuassem 
desigualdades materiais acentuadas pelo funcionamento não monitorado do mercado, etc.” 
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Capital, o sistema encontra meios de expandir continuamente sua capacidade de produção e 
provocar mudanças nas condições de acumulação e nesse processo cada vez mais destitui o 
homem de sua condição humana, encaminhando-o a uma barbarização cada vez maior. 
 
2. Implementação do projeto neoliberal no Brasil 
 
No Brasil, o marco da implementação do projeto neoliberal7 ocorreu a partir da Reforma 
do Estado com a criação do Ministério da Administração e Reforma do Estado (MARE) e a 
proposição do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, ambos sob a coordenação e 
proposição, respectivamente, de Luís Carlos Bresser Pereira8. 
Pereira (1998), deixa claro que devido a uma atuação equivocada do Estado de forte 
intervenção na economia e altos gastos sociais originou-se uma crise de caráter fiscal. A crise 
sofrida é em decorrência as grandes atribuições e altos gastos, -daí o caráter fiscal- e não 
originária do modo de produção. Nesse discurso liberal, “[...] reformar o Estado significa, antes 
de mais nada, definir seu papel, deixando para o setor privado e pra o setor público não-estatal 
as atividades que não lhe são especificas” (PEREIRA, 1998, p. 22) 
 No sentido de diminuir as atribuições do Estado e transferi-la para a sociedade civil 
organizada, Pereira (1998) e Brasil (1995), documentos que legitimam a Reforma do Estado 
propõem o processo de publicização, ou seja, a descentralização de serviços que eram de oferta 
exclusiva do Estado para o setor público não-estatal9: “como é o caso dos serviços de educação, 
saúde, cultura e pesquisa cientifica”. (BRASIL, 1995, p. 13) 
 Cavalcante (2014), apresenta uma análise política neoliberal a partir da perspectiva de 
luta de classes e compreende essa vertente política como uma atuação do Estado a favor do 
Capital, na medida em que ao reduzir as atribuições do Estado na promoção de serviços sociais, 
oferece novos setores de atuação para o mercado, e dessa forma oferece-lhe novas fontes de 
acumulação de Capital. 
 
7 Suas principais características vão ao encontro das ideias do Estado mínimo, dentre elas convém destacarmos a 
privatização das empresas estatais, desregulamentação das leis trabalhistas e transferências crescentes de serviços 
sociais para o setor privado. 
8Ministro da Fazenda do Brasil no período de abril a dezembro de 1987, durante o governo de José Sarney; Ministro 
da Administração e Reforma do Estado de 1995 a 1998, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso; Doutor 
e livre docente em Economia pela Universidade de São Paulo. 
9 “Constituída pelas organizações sem fins lucrativos, que não são propriedade de nenhum indivíduo ou grupo e 
estão orientadas diretamente para o atendimento do interesse público. [...] A propriedade pública não-estatal torna 
mais fácil e direto o controle social, através da participação nos conselhos de administração dos diversos segmentos 
envolvidos, ao mesmo tempo que favorece a parceria entre sociedade e Estado”. (BRASIL, 1995, p. 43, grifos 
nossos) 
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 É evidente que a política ideológica da Reforma do Estado era colocar na ordem do dia, 
a ideia de um Estado ineficiente como forma de estabelecer relações e parcerias entre os setores 
público e privado (PPP). Nesse sentido, contribui Domingues (2017, p. 86), ao afirmar que: 
É nessa perspectiva que o Estado ‘se retira’ aparentemente de algumas demandas 
populares e passa essas atribuições para o setor privado ou para a sociedade civil. A 
educação é uma dessas demandas que sofre os efeitos da crise do capital. 
 
 A autora supracitada entende que a PPP “faz parte de um projeto mais amplo que 
reconstitui a educação pública como uma indústria de serviços de educação a ser governada, 
como parte da construção de uma sociedade de mercado”. (DOMINGUES, 2017, p. 87) 
Dessa forma, a educação entendida como serviço não exclusivo do Estado e as PPP nos 
deixam explícito que a Reforma do Estado propiciou as condições políticas para a inserção do 
empresariado brasileiro na educação ligado a necessidade de um novo patamar de acumulação 
do Capital em crise estrutural. 
 
3. O Movimento Todos pela Educação: relação entre empresários e educação no governo 
Lula 
 
 A vitória de Fernando Collor de Mello nas eleições presidenciais de 1989 representou 
uma via aberta ao neoliberalismo. Conforme Leher (2010, p. 36) “Fernando Collor de Mello 
foi o primeiro governo a assumir plenamente a agenda neoliberal”, devido ao fato de ter sido 
eleito a partir de um arranjo para impedir a vitória de Luís Inácio Lula da Silva, pertencente ao 
Partido dos Trabalhadores (PT), que defendia um programa de governo com reformas 
consideradas inaceitáveis ao Capital. Porém, devido a incapacidade do então presidente colocar 
em pauta a agenda neoliberal, ou seja, “[...] o despreparo de Collor para operar a 
governabilidade necessária ao capital” levaram os setores dominantes a pedirem seu 
impeachment. (LEHER, 2010, p. 36). 
 Na sequência é eleito Fernando Henrique Cardoso (FHC) como presidente, e nesse 
governo como nos subsequentes, o projeto neoliberal é implementado de fato com a 
viabilização das pautas do Consenso de Washington em articulação as necessidades do Capital 
internacional de modo a impulsionar o avanço da agenda neoliberal, principalmente no que se 
refere as privatizações e entrada de Capital estrangeiro, ou ainda nas palavras de Leher (2010, 
p. 38) 
[...] A partir da eleição de Cardoso (1995-2002) é possível aprofundar, com maior 
consistência política e jurídica, a implementação do decálogo de medidas do 
Consenso de Washington em conformidade com o FMI e o Banco Mundial. [...] Desse 
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modo, os elaboradores do governo Cardoso puderam recontextualizar o Consenso 
objetivando adequá-lo a realidade brasileira sem perder de vista a correlação de forças 
entre os setores dominantes e os subalternos. 
 
 No que tange à educação, o governo de FHC adotou medidas coerentes com as 
transformações vivenciadas no mundo do trabalho, no sentido de ajustar a educação a esse 
contexto de crise estrutural e suas implicações, com o objetivo de qualificar a força de trabalho 
necessária de forma precarizada de acordo com os ditames da educação neoliberal. O objetivo 
era oferecer uma educação aos trabalhadores que desenvolvessem suas competências e 
habilidades técnicas para o trabalho. 
A política de reconfiguração sistêmica da educação brasileira se deu no sentido de 
adequá-la à nova estrutura produtiva do país, que, conforme visto pelos indicadores 
do trabalho no país, não requeria a elevação da formaçãocultural e cientifica dos 
trabalhadores” (LEHER, 2010, p. 42). 
 
 Importante ressaltar com o aporte teórico de Domingues (2017), que embora houvesse 
grande resistência da sociedade para com a implementação do projeto neoliberal, ele foi 
implementado com a justificativa de eficiência e qualidade das reformas educacionais, sob um 
discurso sustentado por Bresser Pereira acerca da necessidade de educar a sociedade para 
aceitar a Reforma do Estado. “Nesse sentido, a educação, em geral, e a escola, em particular 
contribuíram para a produção da conformidade e do consenso, bem como os outros aparelhos 
privados de hegemonia” (DOMINGUES, 2017, p. 91). 
 Na disputa do pleito eleitoral de 2002, Leher (2010) faz uma colocação importante a 
respeito do PT, ao indicar inicialmente grandes mudanças em sua agenda política, em que um 
dos pontos era a conciliação entre Capital e trabalho, o que se concretiza com a convocação de 
um empresário do setor têxtil –José de Alencar- como vice-presidente. Lula se compromete a 
manter a agenda macroeconômica neoliberal iniciada por FHC, essa posição tornou Lula o 
candidato cogitado pelos setores dominantes. Leher (2010, p. 53), caracteriza o governo petista 
como uma continuidade da política neoliberal de FHC, na medida em que mantém “[...] o 
núcleo duro das medidas neoliberais de Cardoso”. 
 O governo de Lula é marcado pela indicação de vários empresários10 para compor 
cargos ministeriais e órgãos de governo com o objetivo de promover maiores interlocuções 
entre Estado e sociedade, conforma pontuam Martins (2013) e Leher (2010). Nesse sentido, 
 
10 Conforme Leher (2010, p. 53) “Os postos-chave da área econômica foram confiados ao núcleo duro dos setores 
dominantes. Para o Banco Central foi escolhido Henrique Meirelles (Banco de Boston); para a Agricultura, 
Roberto Rodrigues (liderança destacada do agronegócio); para o Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan (da 
Sadia, e representante do setor de commodities) e para a Fazenda, Antônio Palocci, que, embora filiado ao PT, 
representava a ortodoxia neoliberal no governo, delegando toda a direção superior do ministério aos representantes 
da alta finança”. 
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fica evidente a política de conciliação de classes transcrita em uma relação estabelecida entre 
governo e sociedade civil sob o discurso de um novo caminho para o crescimento da economia, 
redução do desemprego por meio de uma parceria entre trabalhadores e empresários, que em 
sua essência se caracterizava por disputa de interesses políticos e luta de classes. 
 Martins (2013), apresenta uma análise a respeito da relação estreita do governo Lula 
com os empresários, sem romper com os interesses do grande Capital o governo petista 
promove a ascensão da burguesia brasileira, em especial, o empresariado no poder. Nas palavras 
da autora: 
O acesso de Lula da Silva à presidência do Brasil também se deve as alterações na 
relação entre Estado e sociedade desencadeadas pelas novas alianças promovidas com 
a grande burguesia interna brasileira, sobretudo com o empresariado” (MARTINS, 
2013, p. 23). 
 
 No início do século XXI, o Brasil passou a ser considerado uma país de potência 
emergente e passa a compor o BRICS11 na economia mundial. Dessa forma, era necessário que 
o país elencasse novas prioridades em sua agenda, dentre elas destaca-se fortemente: o 
crescimento econômico, força de trabalho disponível e geração de empregos, ancoradas a um 
projeto do Capital internacional, o qual previa reformas na educação. 
Nesse contexto, destaca-se o BM com grandes políticas e estratégias de educação a 
longo prazo para os países periféricos, e sobretudo da América Latina nas quais difundem a 
ideia de que a responsabilidade social também é atribuição da sociedade civil. De acordo com 
Martins (2013), organismos multilaterais como o BM atuam como intelectuais orgânicos12 
coletivos na medida em que 
[...] mobilizam setores, promovem parcerias, exercem influência e pressões sobre os 
governos no sentido de reformar as políticas educacionais, incorporando outros 
sujeitos nos processos decisórios, sobretudo os setores empresariais (MARTINS, 
2013, p. 28). 
 
 
11 Criado em 2001, inicialmente composto por: Brasil, Rússia, Índia, China e posteriormente foi incorporado a 
África do Sul considerados países de potência emergente devido a seu desenvolvimento econômico que 
alcançaram. 
12 De acordo com a visão Gramsciana, o intelectual orgânico deve necessariamente estar vinculado a 
uma das duas classes fundamentais. Tem a função de organizar e mediar a realidade de sua classe 
social fundamental no campo do pensamento e da ação com o objetivo de manter a hegemonia da 
sociedade. Portanto, cada classe forma seus intelectuais para cumprir com essa finalidade. Importante 
ressaltar que o intelectual orgânico está inserido em determinadas relações sociais, geralmente 
presentes nas superestruturas da sociedade-, nas quais cumpre papeis para corroborar com a posição 
hegemônica de sua classe, de forma que os homens tomem consciência da posição que ocupam no 
mundo. 
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A educação entendida como serviço não exclusivo do Estado pela Reforma dos anos 
1990, é condição para que grupos privados de empresários possam interferir, determinar e 
ofertar a educação pública. 
Diante de todo o contexto acima explicitado, de não ruptura da política neoliberal pelo 
governo petista de Lula não é ao acaso que ele aprova em 30 de dezembro de 2004, a Lei n.º 
11.079 que institui normas gerais para licitação e contratação de parceria público-privada no 
âmbito da administração pública, discutida, porém não levada a cabo no governo anterior. 
Essa legislação regulamenta as PPP’s na oferta de serviços públicos mediante contrato 
estabelecido entre as esferas do setor público e privado. A definição de PPP’s encontra-se 
explicita no Art. 2º da referida Lei: “Parceria público-privada é o contrato administrativo de 
concessão, na modalidade patrocinada ou administrativa” (BRASIL, 2004). 
Com respaldo legal, atento as recomendações internacionais de cunho neoliberal e por 
influência do empresariado brasileiro, o governo inicia um processo de reorganização da 
educação brasileira, no qual se fortalece um movimento entre Estado, empresariado e sociedade 
civil organizada, voltado para atender as necessidades de formação para o trabalho por meio da 
educação. Esse movimento materializa-se em um projeto educacional de cunho político-
empresarial, denominado Compromisso Todos pela Educação (TPE) em 2006. 
De acordo com Todos pela Educação (2018 A), site oficial, o TPE denomina-se como 
um movimento da sociedade brasileira composto de uma aliança nacional, apartidária entre a 
sociedade civil, iniciativa privada e organizações de gestores e educadores brasileiros. Tem 
como missão “contribuir para que, até 2030, o País assegure educação Básica pública de 
qualidade a todas as crianças e jovens”. 
O TPE conta com uma organização de patrocinadores em nível hierárquico de acordo 
com o valor de seu repasse. O site oficial, Todos pela Educação (B), elenca os principais 
mantenedores entre eles se destacam: Grupo Gerdau, Fundação Bradesco, Itaú, Fundação 
Lemman, Grupo Suzano, Instituo Natura e Fundação Roberto Marinho. Martins (2009), afirma 
que o presidente do Grupo Gerdau: Jorge Gerdau Johannpeter, ocupa o cargo de presidente do 
TPE e recebe o status de “cota de ouro” por se apresentar como o principal patrocinador. 
Esses empresários, representantes de frações da burguesia nacional brasileira, defendem 
seus interesses de classe. Nas palavras de Martins (2013, p. 31, grifos nossos), esses 
empresários são 
[...] sujeitosinfluentes, com capacidade de mobilizar lideranças e redes de parceiros 
de diversos tipos. Esses intelectuais têm atuado na construção de um consenso 
favorável à defesa de uma proposta educacional de acordo com a concepção de 
mundo que defendem, para tanto, eles pautam-se na colaboração entre setores da 
sociedade, nas vontades individuais e em uma nova postura de sensibilidade ou “nova 
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consciência social” do empresariado frente às questões sociais. Tais sujeitos, em seu 
conjunto, buscam agir como classe dirigente, organizando e conferindo um 
direcionamento moral e intelectual à educação pública nacional. 
 
Os empresários que fazem parte do TPE defendem a participação efetiva do 
empresariado a partir de uma correlação entre Estado, iniciativa privada e terceiro setor no que 
envolvem as questões sociais, - principalmente a educação como condição para o 
desenvolvimento econômico-. A atuação desses empresários perpassam a esfera estritamente 
econômica, a maioria deles mantém e coordenam outros projetos de cunho social que 
contribuem para garantir a organização e reprodução do sistema capitalista de forma 
“harmônica”. O pensamento da autora acima mencionado acerca dos empresários vai ao 
encontro do que defende Gramsci (2001): 
[...] o empresário representa uma elaboração social superior, já caracterizada por uma 
certa capacidade dirigente e técnica (isto é, intelectual): ele deve possuir uma certa 
capacidade técnica, não somente na esfera restrita de sua atividade e de sua iniciativa, 
mas também em outras esferas, pelo menos nas mais próximas da produção 
econômica (deve ser um organizador de massa de homens, deve ser um organizador 
da “confiança” dos que investem em sua empresa, dos compradores de sua 
mercadoria, etc.). Se não todos os empresários, pelo menos uma elite deles deve 
possuir a capacidade de organizar a sociedade em geral, em todo complexo 
organismo de serviço, até o organismo estatal, tendo em vista a necessidade de criar 
as condições mais favoráveis à expansão da própria classe; ou pelo menos, deve 
possuir a capacidade de escolher os “prepostos” (empregados especializados) a quem 
confiar esta atividade organizativa das relações gerais exteriores à empresa 
(GRAMSCI, 2001, p. 15-16, grifos nossos). 
 
O TPE acredita que somente a ação dos governos não será suficiente para superar o 
histórico de desigualdade em nosso país, dessa forma “A participação dos diversos segmentos 
da sociedade, reunidos em torno de metas comuns e alinhadas com as diretrizes das políticas 
públicas educacionais, é fundamental para promover o salto de qualidade de que a Educação 
Básica brasileira necessita”. 
Milú Villela, umas das intelectuais orgânicas que representa a classe empresarial do 
setor bancário, apresenta o novo projeto para a educação em artigo publicado na Folha de São 
Paulo 
Só a educação de qualidade pode formar a base de um novo projeto de país, mais justo 
e mais desenvolvido. Foi exatamente esse o espírito do encontro na Bahia: ao analisar 
o triste cenário no Brasil e na América Latina, os 250 participantes do evento 
chegaram à conclusão de que a educação é, neste momento, a mais importante política 
pública e que assegurar a sua qualidade, especialmente para os menos favorecidos, 
constitui o melhor instrumento para reduzir nossas históricas desigualdades 
sociais. [...] Pela primeira vez, um grupo de lideranças, apoiado por organizações da 
sociedade civil e em sintonia com os governos, decidiu juntar esforços em torno de 
um grande projeto educacional para o país. Como demonstração de vontade, a maioria 
dos presentes subscreveu sua participação no movimento "Compromisso Todos Pela 
Educação", que deverá ser lançado oficialmente no dia 6 de setembro, ao meio-dia, 
no Museu do Ipiranga. Na prática, a adesão significa colocar energia e recursos no 
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cumprimento da missão de "efetivar o direito à educação de qualidade para que, em 
2022, bicentenário da Independência do Brasil, todas as crianças e jovens tenham 
acesso a um ensino básico que os prepare para os desafios do século 21" (VILLELA, 
2006, p. 7, grifos nossos). 
 
 O TPE é entendido como uma forma de reafirmar o projeto econômico em curso na 
política educacional. Concomitantemente a discussão e proposição em 2006 do TPE por parte 
dos empresários, Lula aprova o decreto de n° 6.094 de 24 de abril de 2007 que dispõe sobre a 
implementação do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação que deixa explicito no 
Art. 7º 
Podem colaborar com o Compromisso, em caráter voluntário, outros entes, públicos 
e privados, tais como organizações sindicais e da sociedade civil, fundações, 
entidades de classes empresariais, igrejas e entidades confessionais, famílias, 
pessoas físicas e jurídicas que se mobilizem para a melhoria da qualidade da educação 
básica (BRASIL, 2007, p. 3, grifos nossos). 
 
De acordo com Leher (2010, p. 58) é no governo de Lula que os empresários passam a 
“ter uma ascendência sistêmica sobre a educação por meio do Plano de Desenvolvimento da 
Educação (PDE)”. Conforme o autor, por meio do PDE o bloco dominante das classes 
empresariais busca subordinar a educação pública a seus interesses, e para isso recebem 
isenções tributárias do governo para atuarem no setor educacional por meio das PPP’s. 
A apresentação e inserção do TPE na sociedade são definidas como uma união de 
esforços e comprometimento dos empresários envolvidos para o desenvolvimento da educação, 
e consequente bem-estar da nação, mas o cerne dessa questão é uma forma legitima que a classe 
empresarial conseguiu para intervir no cenário educacional, com um projeto de “educação 
restrito para as massas”. 
Para Martins (2009), o Compromisso Todos pela Educação representa uma proposta 
neoliberal, e levanta um questionamento para refletir sobre qual é a educação que está sendo 
dada à classe trabalhadora e de que qualidade de se trata? 
 
O TPE se materializa como um organismo comprometido com estratégias de 
hegemonia da classe empresarial no campo da educação, lutando para afirmar uma 
perspectiva restrita de formação humana para os trabalhadores brasileiros na atual 
configuração do capitalismo. [...] Caso o projeto de educação desse organismo seja 
mantido como referência para as próximas décadas, é possível que a educação escolar 
para as massas se mantenha em patamares restritos e ainda venha contribuir para a 
afirmação de uma nova sociabilidade, em que predomine a estandartização, das 
formas de pensar e agir. Se isso acontecer, o processo de assimilação de trabalhadores 
para a zona de influência da classe empresarial no século XXI será, certamente, 
facilitado (MARTINS, 2009, p. 26-27, grifos nossos). 
 
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 O Movimento Todos pela Educação é entendido por Domingues (2017) como uma PPP 
fundamental para adequar a educação as necessidades do mercado, no sentido de qualificar 
dentro da escola a força de trabalho necessária ao Capital, que resulta das pressões do 
empresariado sobre o governo para participar efetivamente no processo de discussão e 
elaboração das políticas educacionais. 
 A “preocupação” dos empresários com a educação da classe trabalhadora tem relação 
com a formação do trabalhador para a sociedade do conhecimento que emerge no contexto 
neoliberal, mediante uma aprendizagem flexibilizada de acordo com as necessidades do padrão 
de produção e reprodução do Capital concentrado nas mãos do empresariado. A esse respeito, 
escreve Kuenzer (2016, p. 4) 
Daí o caráter ‘flexível’ da força de trabalho; importa menos a qualificação prévia do 
que a adaptabilidade, que inclui tanto as competências anteriormente desenvolvidas,cognitivas, práticas ou comportamentais, quanto à competência para aprender e para 
submeter-se ao novo, o que supõe subjetividades disciplinadas que lidem 
adequadamente com a dinamicidade, com a instabilidade, com a fluidez. 
 
 Dessa forma, o Capital se vê na obrigação de educar cautelosamente os trabalhadores 
de acordo com o atual modelo de sociabilidade vigente. A autora acima mencionada afirma que 
é crucial para a sobrevivência do Capital formar subjetividades flexíveis através de uma 
aprendizagem flexibilizada13, que se adaptem as rápidas mudanças do mercado, que 
acompanhem as mudanças de cunho cientifico e tecnológico características do modelo 
toyotista, e principalmente que desenvolvam a capacidade de aprender ao longo da vida 
defendida pela sociedade do conhecimento. 
 A partir dessa breve análise da totalidade dos complexos sociais e suas respectivas 
articulações na sociedade do Capital que tentamos esboçar nesse artigo entendemos que a 
educação no contexto dessa sociabilidade é fundamental e primordial para a produção e 
reprodução do Capital. Isso se intensificou ainda mais com a implementação do projeto 
neoliberal que subordinou totalmente a educação as necessidades e exigências do Capital. 
 
Considerações finais 
 
 Essa pesquisa intentou apresentar o papel estratégico que a educação ocupa no reino do 
Capital, e, portanto, é entendida como alvo de disputas de interesses políticos e econômicos, da 
 
13 O princípio da aprendizagem flexível de acordo com Kuenzer (2016) é resultante de interesses 
ideológicos do sistema capitalista. Essa flexibilização advém dos processos de produção e organização 
do trabalho e se materializa na educação por meio das políticas e documentos educacionais. 
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mesma forma que se constitui um campo de luta de classes dado seu papel estratégico em torno 
da construção de um projeto hegemônico. 
O Capital supera a crise e se reproduz a partir da intensificação da exploração da classe 
trabalhadora. A educação institucionalizada é responsável pela formação dessa classe e deve 
colaborar para que os indivíduos internalizem e reproduzam as relações sociais. 
 O Movimento Todos pela Educação é concebido dentro da política educacional 
brasileira em que há uma estreita relação dos empresários com o Estado. A educação passa a 
ser ofertada por meio de alianças entre o governo e sociedade civil organizada, como forma de 
compartilhar a responsabilidade do Estado com a educação. 
 Para que alcance os objetivos de educação transcritos em um projeto hegemônico de 
sociedade, as frações da classe burguesa representadas pelos intelectuais orgânicos empresariais 
participam junto ao Estado na discussão, elaboração e implementação das políticas 
educacionais. Dessa forma, destacamos como atualíssima a conhecida citação de Marx de que 
“[...] o poder do Estado moderno não passa de um comitê que administra os negócios comuns 
da classe burguesa como um todo (MARX; ENGELS, 2008, p. 12). 
 O modelo de educação incide sobre o modelo de produção para que os indivíduos 
reproduzam as relações sociais. A educação hegemônica presente na sociedade do Capital é 
uma mercadoria que se deve ao fato de que o processo educativo priva o acesso ao 
conhecimento que permite o desenvolvimento das potencialidades humanas. 
A educação do Capital rouba as possibilidades de desenvolvimento do gênero humano 
na medida em que o enxerga apenas enquanto força de trabalho que precisa ser qualificada para 
ser explorada no processo produtivo. Dessa forma, frisamos que a burguesia tem um projeto 
para a educação pública, e deixamos como questão para uma próxima investigação: qual o 
projeto de educação da classe trabalhadora? Por que ela encontra-se ausente desse processo? 
 
 
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