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1 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ 
FACULDADE DE MEDICINA 
DEPARTAMENTO DE CIRURGIA 
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciências Médico-
Cirúrgicas 
 
 
 
 
ANA EUGÊNIA MAGALHÃES SANTIAGO LINHARES 
 
 
 
 
 
 TRATAMENTO FISIOTERÁPICO EM PACIENTES PÓS MASTECTOMIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fortaleza 
2019 
 
 
2 
 
 
 
 ANA EUGÊNIA MAGALHÃES SANTIAGO LINHARES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRATAMENTO FISIOTERÁPICO EM PACIENTES MASTECTOMIZADAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dissertação apresentada a 
Universidade Federal do Ceará – 
Programa de Pós-graduação em 
Ciências Médico-Cirúrgicas para 
obtenção do título de Mestre em 
Ciências Médico-Cirúrgicas. 
 
 
 
 
 
Mestranda: Ana Eugênia Magalhães Santiago Linhares 
Orientador: Profa. Dra. Maria Elisabete Amaral de Moraes 
 
 
 
 
 
 
Fortaleza-Ce 
2019 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
ANA EUGÊNIA MAGALHÃES SANTIAGO LINHARES 
 
 
 
 
TRATAMENTO FISIOTERÁPICO EM PACIENTES MASTECTOMIZADAS 
 
 
 
 
 
Trabalho de defesa de dissertação do curso de Pós-graduação em Cirurgia da 
Universidade Federal do Ceará para conclusão do mestrado em Cirurgia. 
Aprovada em: 03/10/2019 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
_____________________________________________________ 
Prof. Dr. Demétrius Fernandes do Nascimento 
 
_______________________________________________________ 
Profa. Dra. Riany Sousa Sena 
 
_______________________________________________________ 
Profa. Dra. Maria Elisabete Amaral de Moraes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a minha 
mãe, Maria Sonia Felício 
Magalhães; a meu marido, 
José Henrique Linhares e aos 
meus filhos, Henry e Anna 
Lara Magalhães Linhares. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agradeço a Deus pela 
minha existência e pelas 
bênçãos em minhas 
conquistas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
AGRADECIMENTOS 
 
À minha mãe, Maria Sonia Felício Magalhães, meu alicerce e base de tudo, 
exemplo que sigo, minha heroína, heroína não significa acertar sempre, significa 
sempre optar pelo melhor, mesmo que o melhor não seja uma decisão fácil. O 
verdadeiro espírito de minha heroína encontra-se na intensa convicção de 
enfrentar e vencer as dificuldades e desafios da vida e nunca pensar em 
desistir. Na vida sempre surgem situações inesperadas, obstáculos e problemas 
que jamais havíamos imaginado. A ela dedico tudo que sou e o que quero ser, 
dando o exemplo aos meus filhos, que sigam a mesma trajetória. Mãe, em você 
tenho a rocha, guerreira que mesmo com lágrimas nos olhos tem a força de um 
leão, rocha que suporta os desafios da tempestade e amanhece brilhando ao 
sol. 
Para Antonie de Saint - Exupéry “Foi o tempo que dedicaste a tua rosa que a 
fez tão importante.” 
 
A professora, Dra. Maria Elisabete Amaral de Moraes, minha orientadora, por 
aceitar participar desse momento tão especial, que é a concretização de um 
sonho. Obrigado pela compreensão, confiança e apoio. Sua inteligência e seu 
profissionalismo são referências a quem pretendo seguir. 
 
Ao professor Dr. Manoel Odorico de Moraes, a quem devo sinceros 
agradecimentos pelo acolhimento. Obrigado pela compreensão e confiança. 
 
Ao meu marido Henrique, por todos os momentos que passamos juntos, 
demonstrando cumplicidade e amizade verdadeira, compreendendo o meu 
tempo muitas vezes ausente. A ele, que muitas vezes confortou minha dor e 
sorriu meu sorriso, a cada conquista alcançada ou não, que sempre será meu 
grande amor. 
 
Aos meus filhos Henry e Anna Lara, por todos os momentos de falta de 
paciência para com eles e muitas vezes pela minha ausência. A eles, que 
muitas vezes confortaram minha dor e secaram minhas lagrimas, a cada 
conquista alcançada ou não. A eles, que sempre serão meus grandes amores e 
8 
incentivadores. Obrigada por cada beijo e abraço nos momentos de ansiedade, 
cada copo de água e lanche oferecido nos momentos de estudo, entradas e 
saídas nas pontas dos pés, por perceberem que estava concentrada estudando. 
Vocês são o combustível no meu esgotamento, meu brilho no olhar, minha vida. 
A frase de vocês está sempre comigo, “mamãe, vai dar tudo certo”. 
 
Ao anjo que tenho no céu, que sempre acreditou em meu potencial e sempre 
me mostrou o caminho do conhecimento, aquele que incentivou e sonhou com 
esse momento. Saiba que mesmo não estando fisicamente presente, você 
sempre esteve ao meu lado, nos momentos de dúvidas e preocupações. 
Dedico a você essa etapa em minha vida. 
Para Antoine de Saint – Exupéry, “Aqueles que passam por nós, não são sós, 
não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.” 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
RESUMO 
 
 
 
 
De acordo com o World Cancer Report 2014, da International Agency for Research on 
Cancer (IARC), da Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer é um problema de 
saúde pública, principalmente entre os países em desenvolvimento, com impacto na 
população para 80% dos mais de 20 milhões de casos novos estimados até 2025. O 
câncer é uma das principais causas de morte em todo o mundo, sendo responsável 
por cerca de 9,6 milhões de mortes em 2018. O controle do câncer de mama é 
prioritário para a agenda de saúde do Brasil. O câncer, considerado multifatorial, por 
envolver fatores biológicos e endócrinos, a vida reprodutiva, o comportamento e o 
estilo de vida. O envelhecimento, os fatores relacionados à vida reprodutiva da mulher, 
a história familiar desse câncer, a alta densidade de tecido mamário, são os maiores 
fatores de risco, para o crescimento do câncer de mama. Some-se a isso, o consumo 
de álcool, o excesso de peso, o sedentarismo e a exposição à radiação ionizante, são 
considerados agentes em potencial, para o desenvolvimento desse câncer. Objetivo: 
Avaliar a eficácia do tratamento fisioterápico em pacientes pós mastectomia. Materiais 
e Métodos: Estudo piloto, randomizado, aberto, com três grupos de tratamento. A 
amostra foi constituída de 12 pacientes portadoras de câncer de mama de 0 a 5 dias 
de pós-operatório de mastectomia, oriundas da Santa Casa de Misericórdia de Sobral, 
não sendo feitas restrições ao grupo étnico, encaminhadas para tratamento 
fisioterápico, realizado por um período de 15 dias. Elas foram incluídas no estudo nos 
últimos 12 meses e preencheram os critérios de seleção, a juízo dos pesquisadores 
autorizados neste protocolo, com base na história clínica e exames, que assinaram o 
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Resultados: A eficácia do tratamento 
fisioterápico foi avaliada pela melhora da dor, do linfedema e da amplitude articular, na 
capsulite adesiva do ombro, mensurados entre o período basal (V1), no terceiro (V2), 
sexto (V3), nono (V4), décimo segundo (V5) e no décimo quinto dia (V6), comparada 
entre os três grupos. A avaliação temporal da intensidade de dor, da capacidade 
funcional, do linfedema, por meio da medida, em cm, do perímetro nos pontos 1 a 6 do 
membro superior homolateral, e mais, a avaliação temporal da amplitude, em graus, 
do movimento de flexão, do movimento de abdução, do movimento de adução, do 
movimento de extensão, do membro superior homolateral ao procedimento cirúrgico, 
em pacientes mastectomizadas, submetidas ao tratamento fisioterápico, em que foram 
realizadas comparações entre as diferentes visitas de avaliação, mediante o uso da 
análise de variância (ANOVA) para medidas repetidas, complementada pelo teste de 
comparações múltiplas de Dunnett, para verificar diferenças entre as visitas da etapa 
de tratamento (V1 a V6) e a visita de pré-tratamento (V0), mostraram diferença 
estatisticamente significante ***(P<0,001) em relação à visita 0 (V0). 
 
 
Palavras Chave: Fisioterapia. Neoplasias da Mama. Capsulite Adesiva. Sistema 
Único de Saúde.10 
ABSTRACT 
 
 
 
According to the World Cancer Report 2014, the International Agency for Research on 
Cancer (IARC) of the World Health Organization (WHO), the cancer is a public health 
problem, particularly among the developing countries, with impact on the population to 
80% of the more than 20 million new cases estimated until 2025. Cancer is one of the 
leading causes of death worldwide, being responsible for about 9.6 million deaths in 
2018. The breast cancer control is a priority for the health agenda in Brazil. Cancer, 
considered multifactorial, because they involve biological factors and endocrine, 
reproductive life, behavior and life style. The aging, the factors related to women's 
reproductive life, family history of cancer, the high density of breast tissue, are the 
major risk factors for the growth of breast cancer. Add to that, the consumption of 
alcohol, excess weight, a sedentary lifestyle and exposure to ionizing radiation, are 
considered as potential agents for the development of cancer. Objective: To evaluate 
the effectiveness of the physiotherapeutic treatment in patients after mastectomy. 
Materials and Methods: a pilot study, randomized, open, with three treatment groups. 
The sample consisted of 12 patients with breast cancer for 0 to 5 days postoperatively 
of mastectomy, from Santa Casa de Misericórdia de Sobral, not being made 
restrictions on ethnic group, referred to physiotherapy treatment, carried out for a 
period of 15 days. They were included in the study in the past 12 months and met the 
selection criteria, the judgment of the researchers authorised in this protocol, based on 
clinical history and examination, who signed the Informed Consent Form. Results: The 
efficacy of the physiotherapeutic treatment was evaluated by the improvement of pain, 
lymphedema and articular amplitude, in adhesive capsulitis of the shoulder, measured 
between the basal period (V1), in the third (V2), sixth (V3), Ninth (V4), twelfth (V5) and 
on the fifteenth day (V6), compared between the three groups. The temporal 
assessment of pain intensity, functional capacity, the lymphedema, by means of the 
measure in cm, the perimeter in points 1 to 6 of the ipsilateral upper limb, and more, 
the temporal evaluation of amplitude, in degrees, of the movement of flexion, abduction 
movement, the adduction movement, the movement of extension, the ipsilateral upper 
limb to the surgical procedure in patients mastectomized, submitted to 
physiotherapeutic treatment, in which comparisons were made between the different 
evaluation visits, through the use of analysis of variance (ANOVA) for repeated 
measures complemented by the multiple comparison test of Dunnet's test, to check for 
differences between the views of the stage of treatment (V1 to V6) and the visit of pre-
treatment (V0), showed a statistically significant difference ***(P<0.001) in relation to 
the visit 0 (V0). 
 
 
 
Key words: Physical Therapy Specialty. Breast Neoplasms. Bursitis. Unified Health 
System. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
SUMÁRIO 
 
 
1.INTRODUÇÃO 
1.1 Sistema Único de Saúde 16 
1.2 Câncer 18 
1.3 Câncer de Mama 20 
1.3.1 Tipos Comuns de Câncer de Mama 23 
1.3.2 Tipos menos comuns de Câncer de Mama 23 
1.3.3 Fatores quanto à sua disseminação 24 
1.4 Estadiamento 25 
1.5 Tratamento 27 
1.5.1 Tratamento cirúrgico 28 
1.5.2 Tratamento fisioterápico 31 
1.6 Relevância e Justificativa 44 
2. OBJETIVOS 46 
3. MATERIAIS E MÉTODOS 47 
4. TRATAMENTO FISIOTERÁPICO 49 
5. DESENHO DO ESTUDO 56 
6. PROCEDIMENTOS ADOTADOS NO ESTUDO 57 
7. AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA 62 
8. AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA 63 
9. ANÁLISE ESTATÍSTICA 64 
10. RESULTADOS 66 
11. DISCUSSÃO 80 
12. CONCLUSÃO 84 
13. REFERÊNCIAS 85 
APÊNDICE I 104 
APÊNDICE II 110 
APÊNDICE III 114 
ANEXO 1 115 
ANEXO 2 116 
ANEXO 3 
 
116 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
LISTA DE ABREVIATURAS 
 
ADM – Amplitude de Movimento 
ANOVA – análise de variância 
AVD's – Atividades de Vida Diária 
CEM – Centro de Especialidades Médicas 
CGI-I – Impressão Clínica Global Melhora 
CGI-S – Impressão Clínica Global Severidade 
CNS – Conselho Nacional de Saúde 
CONEP – Comissão Nacional de Ética em Pesquisa 
DCNT – Doenças Crônicas Não Transmissíveis 
ECOG – Escala a escala East Cooperative Oncology Group 
EVA – Escala Visual Analógica de Dor 
IASP – International Association for Study of Pain 
INAMPS – Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social 
INCA – Instituto Nacional de Câncer 
MS – Ministério da Saúde 
OMS – Organização Mundial da Saúde 
PAISM - Programa de Assistência à Saúde da Mulher 
PG – Pontos Gatilho 
PNAISM – Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher 
PNCC – Programa Nacional de Controle do Câncer 
SISCAN – Sistema de Informação do Câncer 
SISMAMA – Sistema de Informação do Controle do Câncer de Mama 
SCMS – Santa Casa de Misericórdia de Sobral 
SUS – Sistema Único de Saúde 
TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 
 
 
 
 
 
 
 
13 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
Figura 1 – Avaliação temporal da intensidade de dor em pacientes 
mastectomizadas submetidas ao tratamento fisioterápico. 
 
Figura 2 – Avaliação temporal da capacidade funcional em pacientes 
mastectomizadas submetidas ao tratamento fisioterápico. 
 
Figura 3 – Avaliação temporalda amplitude, em graus, do movimento de flexão 
do membro superior homolateral ao procedimento cirúrgico, por meio de 
goniometria, em pacientes mastectomizadas submetidas ao tratamento 
fisioterápico. 
 
Figura 4 – Avaliação temporal da amplitude, em graus, do movimento de 
abdução do membro superior homolateral ao procedimento cirúrgico, por meio 
de goniometria, em pacientes mastectomizadas submetidas ao tratamento 
fisioterápico. 
 
Figura 5 – Avaliação temporal da amplitude, em graus, do movimento de 
adução do membro superior homolateral ao procedimento cirúrgico, por meio 
de goniometria, em pacientes mastectomizadas submetidas ao tratamento 
fisioterápico. 
 
Figura 6 – Avaliação temporal da amplitude, em graus, do movimento de 
extensão do membro superior homolateral ao procedimento cirúrgico, por meio 
de goniometria, em pacientes mastectomizadas submetidas ao tratamento 
fisioterápico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 – Características das participantes do estudo. 
 
Tabela 2 – Avaliação temporal da intensidade de dor e da capacidade funcional 
em pacientes mastectomizadas submetidas ao tratamento fisioterápico. 
 
Tabela 3 – Avaliação temporal do linfedema, por meio da medida, em cm, do 
perímetro nos pontos 1 a 6 do membro superior homolateral ao procedimento 
cirúrgico, em pacientes mastectomizadas submetidas ao tratamento 
fisioterápico. 
 
Tabela 4 – Avaliação temporal da amplitude, em graus, dos movimentos de 
flexão, abdução, adução e extensão do membro superior homolateral ao 
procedimento cirúrgico, por meio de goniometria, em pacientes 
mastectomizadas submetidas ao tratamento fisioterápico. 
 
Tabela 5 – Variação absoluta na intensidade da dor observada nas pacientes 
mastectomizadas submetidas ao tratamento fisioterápico, estratificadas 
conforme o tempo de pós-operatório e a realização de esvaziamento axilar e de 
radioterapia. 
 
Tabela 6 – Variação absoluta dos escores da capacidade funcional observada 
nas pacientes mastectomizadas submetidas ao tratamento fisioterápico, 
estratificadas conforme o tempo de pós-operatório e a realização de 
esvaziamento axilar e de radioterapia. 
 
Tabela 7 – Variação absoluta dos perímetros mensurados nos pontos 1 a 6 do 
membro homolateral à operação em pacientes mastectomizadas submetidas 
ao tratamento fisioterápico, estratificadas conforme o tempo de pós-operatório 
compreendido entre a mastectomia e o início do tratamento fisioterápico. 
 
Tabela 8 – Variação absoluta dos perímetros mensurados nos pontos 1 a 6 do 
membro homolateral à operação em pacientes mastectomizadas submetidas 
ao tratamento fisioterápico, estratificadas conforme a realização ou não de 
esvaziamento axilar. 
 
Tabela 9 – Variação absoluta dos perímetros mensurados nos pontos 1 a 6 do 
membro homolateral à operação em pacientes mastectomizadas submetidas 
ao tratamento fisioterápico, estratificadas conforme a realização ou não de 
radioterapia. 
 
Tabela 10 – Variação absoluta da amplitude dos movimentos de flexão, 
abdução, adução e extensão do membro homolateral à operação em pacientes 
mastectomizadas submetidas ao tratamento fisioterápico, estratificadas 
conforme o tempo de pós-operatório compreendido entre a mastectomia e o 
início do tratamento fisioterápico. 
 
Tabela 11 – Variação absoluta da amplitude dos movimentos de flexão, 
abdução, adução e extensão do membro homolateral à operação em pacientes 
15 
mastectomizadas submetidas ao tratamento fisioterápico, estratificadas 
conforme a realização ou não de esvaziamento axilar. 
 
Tabela 12 – Variação absoluta da amplitude dos movimentos de flexão, 
abdução, adução e extensão do membro homolateral à operação em pacientes 
mastectomizadas submetidas ao tratamento fisioterápico, estratificadas conforme a 
realização ou não de radioterapia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
1 INTRODUÇÃO 
 
1.1 Sistema Único de Saúde 
 O Sistema Único de Saúde (SUS) é resultado de décadas de luta do 
Movimento da Reforma Sanitária. Ele foi instituído pela Constituição Federal 
(CF) de 1988 e consolidado pelas Leis Nº 8.080 e Nº 8.142 (CARVALHO, 
2013). 
O SUS é um dos maiores e mais complexos sistemas de saúde pública 
do mundo, constituindo desde um simples atendimento para aferição da 
pressão arterial, na Atenção Básica, até o transplante de órgãos, na Alta 
Complexidade, garantindo acesso integral, universal e gratuito para toda a 
população do país. Sua criação, proporcionou o acesso universal ao sistema 
público de saúde, sem qualquer discriminação. A atenção integral à saúde e 
não somente aos cuidados assistenciais, passou a ser um direito de todos os 
cidadãos brasileiros, desde a gestação e por toda a vida, com foco na saúde 
com qualidade de vida, na prevenção e na promoção da saúde (BRASIL, 
2019). 
A gestão das ações e dos serviços de assistência à saúde deve ser 
solidária e participativa entre os entes da Federação: a União, os Estados e os 
Municípios. A rede que compõe o SUS é ampla e abrange todas as ações dos 
serviços de saúde. Envolve a atenção básica, a média e a alta complexidades, 
os serviços urgência e emergência, a atenção hospitalar, a domiciliar, as ações 
e serviços das vigilâncias epidemiológica, sanitária e ambiental e assistência 
farmacêutica (BRASIL, 2019). 
A Política pública para o controle do câncer até a década de 1970 era 
restrita a tratamentos e cirurgias realizados pela medicina previdenciária 
(Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social – INAMPS). 
Em 1973 aconteceu a criação do Programa Nacional de Controle do 
Câncer (PNCC), como iniciativa pioneira com foco nos cânceres femininos 
através de ações de prevenção, com oferta de mamografias e exames de 
Papanicolaou (BRASIL, 2019). 
A partir de 1984, houve uma pressão com a participação do movimento 
de mulheres e o Ministério da Saúde criou o Programa de Assistência à Saúde 
da Mulher (PAISM). O programa preconizava um cuidado mais amplo à 
17 
população feminina, incluindo ações educativas para a detecção precoce do 
câncer de mama (INCA, 2018). 
O Ministério da Saúde e o INAMPS unem esforços em 1987 e lançam o 
Programa Pró-Onco, para ampliar a informação e a prevenção dos cânceres 
femininos. Assim, o câncer de mama foi contemplado, através do incentivo ao 
autoexame e ao exame clínico das mamas (INCA, 2018). 
A criação do Sistema Único de Saúde (SUS) em 1988, proporciona 
ações de controle do câncer mais abrangentes e em âmbito nacional. O 
lançamento do Programa Viva Mulher em 1990, resulta em uma ação 
organizada, em âmbito nacional, para o controle dos cânceres de colo de útero 
e de mama (INCA, 2018). 
Em 2004, ocorre a publicação do Consenso de Diretrizes para Controle 
do Câncer de Mama e o lançamento da Política Nacional de Atenção Integral à 
Saúde da Mulher (PNAISM), reforçando os princípios do PAISM e em 2005, 
com a Política Nacional de Atenção Oncológica, o controle desse câncer, torna-
se componente fundamental e obrigatório, nos planos estaduais e municipais 
de saúde (INCA, 2018). 
O lançamento do Pacto pela Saúde, em 2006, destacou a importância 
da detecção precoce do câncer de mama como prioridade nacional do Pacto 
em Defesa da Vida. Assim, foi sentida a necessidade de controle das 
informações gerenciais, das ações de controle deste, e implantou-se o Sistema 
de Informação do Controle do Câncer de Mama (SISMAMA), em 2009, como 
ferramenta essencial de registro (INCA, 2018). 
Ações de promoção da saúde até os cuidados paliativos, entre 2010 e 
2011, recomendava a redução da mortalidade por câncer de mama no Brasil. 
Ainda em 2011, ocorre o lançamento do Plano de Fortalecimento da Rede de 
Prevenção, Diagnóstico e Tratamento do Câncer, enfatizando as ações de seu 
controle (INCA, 2018). 
O Programa Nacional de Qualidade da Mamografia foi instituído pela 
PortariaNº 2.898, de 28 de novembro de 2013, com o objetivo de avaliar o 
desempenho da prestação dos serviços de diagnóstico por imagem, que 
realizam mamografia, com base em critérios e parâmetros referentes à 
qualidade da estrutura, do processo, dos resultados, da imagem clínica e do 
18 
laudo, recomendando o rastreamento mamográfico, com uma ampla campanha 
nacional de divulgação, reforçando o diagnóstico precoce (INCA, 2018). 
Em 2013, o Sistema de Informação do Câncer (SISCAN) atualizou o 
SISMAMA e acontece o lançamento da Política Nacional de Prevenção e 
Controle do Câncer que atualizou a Política Nacional de Atenção Oncológica 
(INCA, 2018). 
O controle do câncer de mama é prioritário para a agenda de saúde do 
Brasil. A perspectiva atual do SUS é impulsionar a organização das redes de 
atenção à saúde para garantir a detecção precoce, a investigação diagnóstica 
e o tratamento oportuno, de forma a reduzir o número de casos de doença 
avançada e a mortalidade pela doença. A prevenção deve ser valorizada por 
meio da informação e de oportunidades para a adoção de práticas saudáveis 
(INCA, 2018). 
Para tratar o câncer de mama, o SUS oferece todos os tipos de cirurgia, 
como mastectomias, cirurgias conservadoras e reconstrução mamária, e ainda 
radioterapia, quimioterapia, hormonioterapia e tratamento com anticorpos 
(INCA, 2018). 
A Lei Nº 12.732, de 22 de novembro de 2012, estabelece que no 
paciente com neoplasia maligna, em seu primeiro tratamento no SUS, tem o 
direito de se submeter, no prazo de até 60 dias, a partir do dia em que for 
confirmado o diagnóstico, através de laudo histopatológico ou em prazo menor, 
conforme a necessidade terapêutica do caso (INCA, 2018). 
Importante dizer que, para que no prazo da lei, seja garantido a todos os 
usuários do SUS, é necessária parceria direta com os gestores locais, 
responsáveis pela organização dos fluxos de atenção. Os Estados e Municípios 
possuem autonomia para organizar a Rede de Atenção Oncológica e o tempo 
para realização do diagnóstico, depende da organização e da regulação 
desses serviços (INCA, 2018). 
O tratamento do câncer de mama é realizado através de uma ou de 
várias modalidades combinadas. O médico escolhe o tratamento mais 
conveniente, de acordo com a localização, o tipo do tumor e sua extensão 
(INCA, 2018). 
 
19 
1.2 Câncer 
 
O câncer é uma das principais causas de morte em todo o mundo, 
sendo responsável por cerca de 9,6 milhões de mortes em 2018. Os cânceres 
mais comuns são: pulmão com 2,09 milhões de casos, mama, 2,09 milhões de 
casos, colorretal, 1,80 milhões de casos, próstata, 1,28 milhões de casos, 
câncer de pele não melanoma, 1,04 milhão de casos, estômago, 1,03 milhões 
de casos (WHO, 2018). 
As causas mais comuns de morte por câncer são os cânceres de: 
pulmão com 1,76 milhões de mortes, colorretal, 862 000 mortes, estômago, 
783 000 mortes, fígado, 782 000 mortes, mama, 627 000 mortes. (WHO, 2018). 
De acordo co GLOBOCAN (2018), a carga global de câncer em todo o 
mundo usando as estimativas, de incidência e mortalidade por câncer, 
produzidas pela Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer, com foco na 
variabilidade geográfica em 20 regiões do mundo, considerou que haveria 
cerca de 18,1 milhões de novos casos de câncer (17 milhões excluindo câncer 
de pele não melanoma) e 9,6 milhões de mortes por câncer (9,5 milhões 
excluindo câncer de pele não melanoma) em 2018. Em ambos os sexos, o 
câncer de pulmão é o câncer mais comumente diagnosticado, (11,6% do total 
de casos) e a principal causa de morte por câncer (18,4% do total de mortes 
por câncer), seguido de perto por câncer de mama feminino (11,6%), câncer de 
próstata (7,1%) e câncer colorretal (6,1%), para incidência e câncer colorretal 
(9,2%), câncer de estômago (8,2%) e câncer de fígado (8,2%) para 
mortalidade. 
O câncer de pulmão é o câncer mais frequente e a principal causa de 
morte por câncer entre os homens, seguida pelo câncer de próstata e colorretal 
(para incidência) e câncer de fígado e estômago (para mortalidade). Entre as 
mulheres, o câncer de mama é o câncer mais comumente diagnosticado e a 
principal causa de morte por câncer, seguida pelo câncer colorretal e de 
pulmão (por incidência) e vice-versa (pela mortalidade). O câncer do colo do 
útero ocupa o quarto lugar tanto na incidência quanto na mortalidade. O câncer 
mais frequentemente diagnosticado e a principal causa de morte por câncer, no 
entanto, variam substancialmente entre os países e dentro de cada país, 
dependendo do grau de desenvolvimento econômico e a associação dos 
20 
fatores sociais e de estilo de vida. Vale ressaltar que dados de registro de 
câncer de alta qualidade, a base para o planejamento e implementação de 
programas de controle de câncer, baseados em evidências, não estão 
disponíveis na maioria dos países de baixa e média renda. A Iniciativa Global 
para o Desenvolvimento de Registros do Câncer é uma parceria internacional 
que apóia a melhor estimativa, bem como a coleta e o uso de dados locais, 
para priorizar e avaliar os esforços nacionais de controle do câncer (CA, 2018). 
As taxas de incidência ajustadas por idade, tanto para homens 
(217,27/100 mil), quanto para mulheres (191,78/100 mil) são consideradas 
intermediárias e compatíveis com as apresentadas para países em 
desenvolvimento (WHO, 2018). 
A distribuição da incidência por região geográfica mostra que as 
Regiões Sul e Sudeste, concentram 70% da ocorrência de casos novos; sendo 
que, na Região Sudeste, encontra-se quase a metade dessa incidência. Existe, 
entretanto, grande variação na magnitude e nos tipos de câncer, entre as 
diferentes Regiões do Brasil. Nas Regiões Sul e Sudeste, o padrão da 
incidência mostra que predominam os cânceres de próstata e de mama 
feminina, bem como os cânceres de pulmão e de intestino. A Região Centro-
Oeste, apesar de semelhante, incorpora em seu perfil os cânceres do colo do 
útero e de estômago, entre os mais incidentes. Nas Regiões Norte e Nordeste, 
apesar de também apresentarem os cânceres de próstata e mama feminina 
entre os principais, a incidência dos cânceres do colo do útero e estômago tem 
impacto importante nessa população. A Região Norte é a única do país, onde 
as taxas dos cânceres de mama e do colo do útero, se equivalem entre as 
mulheres (BRASIL, 2019). 
Segundo Camargo e Marx (2010), é importante o diagnóstico precoce do 
câncer de mama, para que se possa evitar a disseminação da doença e, além 
disso, pela possibilidade de mais opções de tratamento e a chance de 
recuperação completa. 
 
1.3 O Câncer de Mama 
 
O câncer de mama é a neoplasia de maior ocorrência e maior causa de 
morte em mulheres no mundo inteiro, tanto em países desenvolvidos como 
21 
naqueles em desenvolvimento (BREGAGNOL, DIAS 2010; BECKER, 2015; 
WHO, 2017). 
Desde 2003 Duarte e Andrade, consideravam que o câncer de mama ou 
carcinoma mamário era resultado de multiplicações desordenadas de células 
específicas, que se reproduzem em grande velocidade, fazendo desencadear o 
aparecimento de tumores ou neoplasias malignas que podem afetar os tecidos 
adjacentes e provocar metástases. 
Atualmente, o câncer de mama responde por cerca de 28% dos casos 
novos dos cânceres em mulheres. Relativamente raro antes dos 35 anos, mas 
acima desta idade, sua incidência cresce progressivamente, principalmente 
após os 50 anos (INCA, 2018). 
Com o aumento da expectativa de vida, sua incidência tem crescido nos 
países mais ricos. Embora seja possível reduzir seu risco através da 
prevenção, esta estratégia não tem se mostrado suficiente, para eliminar 
grande parte dos cânceres de mama, que acontecem nos países de baixa e 
média renda, em que seu diagnóstico ocorre em estágios tardios (WHO, 2017). 
Estatísticas indicam aumento da sua incidência tanto nos países 
desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento. Os vários tipos de câncerde 
mama podem evoluir de forma rápida e alguns outros, não. Em sua maioria tem 
bom prognóstico (INCA, 2018). 
O Ministério da Saúde (Brasil, 2016), recomendava a realização de 
mamografia bienal, para mulheres entre 50 a 69 anos, como estratégia para o 
rastreamento do câncer de mama. 
Atualmente, considera como único método efetivo para o rastreamento 
desse câncer, a realização da mamografia, por tratar-se de um recurso eficaz e 
acessível, em países com boa infraestrutura de saúde e com baixo custo, para 
combater doenças evitáveis (WHO, 2017). 
Um acompanhamento clínico individualizado é recomendado, para as 
mulheres consideradas de alto risco para câncer de mama. São aquelas com 
histórico familiar de câncer de mama em parentes de primeiro grau (BRASIL, 
2016). 
As ações de controle do câncer de mama no Brasil foram sendo 
progressivamente incorporadas às políticas públicas de saúde, a partir do final 
22 
dos anos 1980, como uma diretriz da atenção integral à saúde da mulher. 
Desde 2005, a Política Nacional de Atenção Oncológica (Brasil, 2005) que foi 
atualizada, como Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer, em 
2013, ficou definido que o controle dos cânceres do colo do útero e de mama 
ficaria como um dos componentes fundamentais dos Planos Municipais e 
Estaduais de Saúde. O controle do câncer de mama foi posteriormente 
incorporado ao Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das 
Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), no Brasil para o período de 
2011 a 2022 (BRASIL, 2016). 
No Brasil, para cada ano do biênio 2018/2019, foram estimados cerca de 
59.700 casos novos, de câncer de mama, equivalendo a um risco estimado de 
56,33 casos para cada 100 mil mulheres. A exceção dos tumores de pele não 
melanoma (cerca de 170 mil casos novos), o câncer de mama é o mais 
frequente em mulheres das regiões Sul (73,07/100 mil), Sudeste (69,50/100 
mil), Centro/Oeste (51,96/100 mil) e Nordeste (40,36/100 mil). Para a região 
Norte, figura como o segundo tumor mais incidente (19,21/100 mil) (INCA, 
2018). 
O câncer de mama também acomete os homens, sendo mais raro, 
correspondendo apenas a 1% do total de casos da doença (INCA, 2019). 
Existem múltiplos fatores envolvidos na etiologia do câncer de mama: a 
idade da primeira menstruação anterior aos 12 anos, a menopausa após os 55 
anos, as mulheres que nunca engravidaram e as nulíparas, primeira gravidez 
após os 30 anos, o uso de anticoncepcionais e de terapia de reposição 
hormonal (TRH) na menopausa, principalmente por tempo prolongado, 
exposição à radiação ionizante, consumo de bebidas alcoólicas, dietas 
hipercalóricas, sedentarismo e predisposição genética (mutações por genes 
transmitidos na genética familiar, principalmente os dois genes de alto risco: 
BRCA1 e BRCA2) (AMERICAN CANCER SOCIETY, 2017a; INCA, 2017b; 
STEWART; WILD, 2014). 
Existem vários tipos de câncer de mama. Por isso, a doença pode 
evoluir de diferentes formas. Alguns tipos têm desenvolvimento rápido, mais 
agressivo, enquanto outros crescem mais lentamente. Esses comportamentos 
distintos se devem a características próprias de cada tumor (INCA, 2019). 
23 
Alguns deles são bastante raros. Em alguns casos, um único tumor na 
mama pode ser uma combinação destes tipos ou ser uma mistura de câncer de 
mama in situ e invasivo (ACS, 2017). 
 
 
1.3.1 Tipos Comuns de Câncer de Mama 
O Carcinoma ductal in situ é também conhecido como carcinoma 
intraductal, tido não invasivo ou câncer de mama pré-invasivo. Em torno de 
20% dos casos novos de câncer de mama são carcinoma ductal in situ. O 
diagnóstico neste estágio (in situ), da doença as mulheres têm chance de 
serem curadas (ACS, 2017). 
O Carcinoma invasivo sem outras especificações, o antigo carcinoma 
ductal invasivo ou infiltrante é o tipo mais comum de câncer de mama. Cerca 
de 70% dos cânceres de mama invasivos são carcinomas ductais invasivos, 
com início em um ducto mamário (ACS, 2017). 
O Carcinoma lobular invasivo é o que começa nas glândulas produtoras 
de leite, os lóbulos. Cerca de 10% dos cânceres de mama invasivos, dizem 
respeito ao carcinoma lobular invasivo, que pode ter seu diagnóstico mais difícil 
pela mamografia, do que o carcinoma ductal invasivo (ACS, 2017). 
Os Tipos Especiais de Carcinoma de Mama Invasivo são alguns tipos 
especiais de câncer de mama, subtipos do carcinoma invasivo, que em alguns 
casos, podem ter um prognóstico melhor, que o carcinoma ductal invasivo 
incluindo o Carcinoma cístico adenoide, o Carcinoma metaplásico, o 
Carcinoma medular, o Carcinoma mucinoso, o Carcinoma papilífero e o 
Carcinoma tubular (ACS, 2017). 
Existem ainda alguns outros subtipos que têm o mesmo ou um pior 
prognóstico, do que o carcinoma ductal invasivo, como o Carcinoma 
metaplásico, o Carcinoma micropapilar, o Carcinoma misto, que podem ter 
características ducal e lobular invasivo (ACS, 2017). 
24 
Em geral, quase sempre estes subtipos são tratados como carcinoma 
ductal invasivo (ACS, 2017). 
1.3.2 Tipos menos comuns de Câncer de Mama 
O Câncer de Mama Inflamatório é um tipo raro que representando cerca 
de 1 a 3% dos cânceres de mama (ACS, 2017). 
A Doença de Paget é o tipo de câncer de mama com início nos ductos 
mamários, se disseminando para a pele do mamilo e para a aréola. É 
considerado raro e representa cerca de 1% dos casos de câncer de mama 
(ACS, 2017). 
O Tumor Filodes é um tipo de tumor de mama muito raro, que se 
desenvolve no estroma que é o tecido conjuntivo da mama, contrastando com 
os carcinomas, que se disseminam nos ductos ou lobos (ACS, 2017). 
O Angiosarcoma é o tipo de câncer que se inicia nas células que 
revestem os vasos sanguíneos ou os vasos linfáticos. Muito raramente ocorre 
na mama (ACS, 2017). 
A soma de todos os achados observados e analisados em um tumor 
determina a base do tratamento. 
1.3.3 Fatores quanto à sua disseminação: forma de crescimento do tumor. 
O In situ é quando o tumor não se disseminou para fora da área onde 
teve início. 
O Invasivo / Infiltrante é quando o tumor se disseminou para fora da área 
de origem, infiltrando no tecido circundante (ACC, 2019). 
Quanto aos graus, o patologista geralmente atribui um valor para o 
tumor (G1, G2, G3), que varia conforme as semelhanças ou as diferenças, 
comparadas ao tecido mamário normal, em que o G1 é o mais semelhante, 
com crescimento lento, e o G3 é o mais diferente, tendo crescimento mais 
25 
rápido e com mais probabilidade de disseminar-se. Considera-se um fator de 
importância para definir sua evolução ao longo dos anos (ACC, 2019). 
Quanto ao tipo de morfologia, os cânceres de mama são classificados 
de acordo com o tipo de célula e de sua forma de se organizar no tumor, sendo 
analisados pelo patologista e recebem diferentes denominações, existindo 
cerca de 48 tipos e de variáveis descritos, sendo exemplos, o carcinoma ductal 
in situ, o carcinoma papilífero, o carcinoma ductal invasivo, o carcinoma lobular 
invasivo, o carcinoma tubular invasivo, o carcinoma mucinoso invasivo, o 
carcinoma metaplásico invasivo, o carcinoma invasivo com fatores medulares, 
entre os demais que já foram mencionados (ACC, 2019). 
Quanto ao tipo molecular, os cânceres de mama são classificados, 
conforme as alterações sofridas nos genes, que regulam o funcionamento das 
células normais da mama. Sendo assim, denominados como, o tipo luminal A 
ou B, com presença variável de receptores hormonais, o tipo luminal B/HER2, 
com presença variável de receptores hormonais e o HER2 positivo, o tipo 
superexpressor de HER2, tendo presença do teste HER2 positivo e o tipo triplo 
negativo, com a ausência de receptores hormonais e de HER2, tendo maior 
índice proliferativo (ACC, 2019). 
1.4 Estadiamento 
A opção de tratamento varia de acordo com o estadiamento da doença, 
com as características biológicas do tumor e ainda, com as condições da 
paciente, considerando a idade,se está ou se já passou pela menopausa, as 
doenças preexistentes e suas preferências. 
As opções de tratamento do câncer de mama podem ser: tratamento 
local – com cirurgia e radioterapia. Tratamento sistêmico – com quimioterapia, 
hormonioterapia e terapia biológica. 
Nos Estádios I e II, a conduta habitual, nas fases iniciais do câncer de 
mama é a cirurgia, podendo ser conservadora, com a retirada apenas do tumor 
ou com mastectomia, que é a retirada da mama de forma parcial ou total, 
sendo seguida ou não, de reconstrução da mama. 
26 
Após a realização da cirurgia, o tratamento complementar com 
radioterapia pode ser indicado em algumas situações, podendo haver a 
reconstrução mamária, que sempre deve considerar os casos da retirada da 
mama, para minimizar os danos físicos e emocionais do tratamento. 
O tratamento sistêmico, posterior ao tratamento local, deve ser indicado 
a partir da avaliação de risco de a doença retornar, por recorrência ou recidiva 
e considerando a idade da paciente, o tamanho e o tipo do tumor e a existência 
de comprometimento dos linfonodos axilares. 
A mensuração dos receptores hormonais (receptor de estrogênio e de 
progesterona) do tumor, realizada por meio do exame de imuno-histoquímica é 
de fundamental importância para saber se a hormonioterapia pode ser 
indicada, considerando ser um tratamento prolongado, com medicação em 
forma de comprimidos para reduzir a produção dos hormônios femininos do 
organismo. A informação da presença do HER-2, o fator de crescimento 
epidérmico 2, também obtida por meio desse exame, poderá indicar a 
necessidade do uso de terapia biológica anti-HER-2. 
Para pacientes com tumores medindo entre 2,1cm e 5cm com 
comprometimento dos linfonodos axilares, embora classificadas como 
estadiamento II, pode ser considerado dar início o tratamento por terapias 
sistêmicas, a quimioterapia, que dependendo da imuno-histoquímica, o 
chamado down stage (redução de estágio). Essa é uma decisão individualizada 
que permite que pacientes que seriam submetidas à subtração da mama e dos 
linfonodos axilares possam, de forma eventual, ter essas áreas preservadas. 
No Estádio III, as pacientes com tumores maiores que 5cm, mesmo não 
localizados, enquadram-se no estádio III. Em uma situação como esta, o 
tratamento sistêmico, em sua maioria, às vezes com a quimioterapia é a opção 
inicial. Após a constatação da redução do tumor, promovida pela quimioterapia, 
segue-se ao tratamento local, com cirurgia e radioterapia. 
No Estádio IV, fase em que já há metástase, o câncer se disseminou 
para outros órgãos, é fundamental buscar um equilíbrio, entre o controle da 
27 
doença e o possível aumento da sobrevida, considerando-se os potenciais 
efeitos colaterais do tratamento. 
A preocupação com a qualidade de vida, da paciente com câncer de 
mama, deve ser da equipe interdisciplinar, ao longo de todo o processo 
terapêutico. 
 
1.5 Tratamento 
 
Desantins, et al 2014, observaram que houve desenvolvimento de novas 
tecnologias e de fármacos mais efetivos para tratar o câncer de mama, bem 
como a melhoria da prestação de serviços assistenciais, o que também 
contribue, para o controle de agravos e para elevar a sobrevida das pessoas 
afetadas. Os comprometimentos físicos dos tratamentos acarretam sofrimento 
psicológico, que desencadeiam dificuldades emocionais e sociais, podendo 
levar ao isolamento social (LOYOLA-CAETANO, et al 2017). Em consequência, 
decorrem eventos estressores provenientes das alterações corporais induzidas 
pelo tratamento, que associados a outros estressores, originados das 
transformações vivenciadas nos diferentes aspectos vitais, como nas relações 
sociais, condição funcional, capacidade laboral e universo psíquico da mulher 
afetada (MASCULINO, et al 2016). Algumas permanecem por tempo 
específico, como as referentes à duração de cada etapa do tratamento, 
enquanto outras se estendem pela vida toda, como a prevenção e cuidados 
para ocorrência de linfedema (YOSHIMOCHI, et al 2018). 
O tratamento para o câncer de mama, como para toda doença grave, 
especialmente as crônico degenerativas, representa, ao mesmo tempo, 
privação e oportunidade de reinvenção. E, com o decorrer do tempo, as 
mulheres percebem que precisam se reinventar e retomar seu convívio social e 
familiar, adaptando-se às mudanças físicas e emocionais, decorrentes da 
cirurgia e da terapia a que foram submetidas. O principal convívio social 
mantido pela mulher com câncer de mama, além dos profissionais da equipe 
de saúde, é a sua família. Considerada o principal núcleo social dela, a família 
é a esfera basilar na socialização e na transmissão de valores éticos, políticos, 
28 
culturais, estéticos e religiosos. Importante ressaltar que a família é o foco de 
preocupações e de alegrias, de toda mulher que sofre com o câncer de mama, 
sendo tema recorrente em seus discursos, o cotidiano da família na qual ela 
vive muitos anseios, a partir do momento do diagnóstico, durante a conduta 
terapêutica, em todo percurso de reabilitação física, emocional e social 
(RIBEIRO; PORTELLA; MALHEIRO, 2014). 
 
 
1.5.1 Tratamento cirúrgico 
Nas últimas décadas foram observados avanços significativos, em 
relação ao tratamento cirúrgico do câncer de mama, a partir da mastectomia 
clássica descrita por Halsted em 1894. As modificações das técnicas cirúrgicas 
foram realizadas através de métodos que preservassem o músculo grande 
peitoral (Patey e Dyson) ou ambos os peitorais (Madden), que passaram a ser 
mencionadas como mastectomia radical modificada (Freitas, et al 2001), 
chegando até as cirurgias conservadoras, conhecidas como quadrantectomia e 
tumorectomia, resultando na substituição das técnicas radicais, para 
procedimentos menos mutilantes, que garantem melhores resultados estéticos 
e psicológicos. 
 O tratamento cirúrgico conservador é a quadrantectomia, que é a 
resseção de todo o conteúdo mamário, que correspondente ao tumor, incluindo 
a pele e a fáscia do músculo peitoral maior. A tumorectomia ou lumpectomia é 
a remoção de todo o tumor com a margem de tecido mamário, livre de 
neoplasia ao seu redor (TIEZZI, 2007). Existem casos, em que é necessária a 
realização de linfadenectomia axilar, que é o esvaziamento dos nodos linfáticos 
axilares, por meio de uma segunda incisão axilar (JUNG et al, 2003). 
De acordo com Peres e Fontanari (2005), a mastectomia radical 
modificada realiza a extirpação da mama e o esvaziamento axilar radical, 
preservando o músculo grande peitoral, independente da preservação do 
pequeno peitoral. Esta cirurgia tem duas variantes, a mastectomia radical 
modificada, tipo Patey, com a remoção da glândula mamária e do músculo 
pequeno peitoral e a mastectomia radical modificada, tipo Madden, com a 
remoção da glândula mamária, preservando os músculos grande e pequeno 
peitoral. 
29 
As mastectomias podem resultar com várias alterações funcionais, 
sequelas e complicações como, a síndrome da mama fantasma, uma má 
cicatrização, edema do membro superior, uma protusão de ombros, escápula 
desalinhada e alada, a diminuição da flexão e rotação do ombro pelo medo ou 
pela dor e pela hipercifose (MELO, 2011). 
De acordo com Teodoro (2010), a cirurgia de câncer de mama pode 
causar sequelas e complicações em até 70% das pacientes mastectomizadas, 
comprometendo sua qualidade de vida. No estudo, as pacientes apresentaram 
dificuldades para realizar suas atividades de vida diária (AVD's), sendo que 
20% apresentaram maior dificuldade em vestir roupa, 18% não conseguiam 
abotoar o sutiã, 72% não eram capazes de fechar o zíper nas costas, 16% não 
alcançavam a mão sobre a cabeça e 29% tiveram dificuldade em levantar 
peso. 
Existem complicações físicas e motoras, em decorrência da abordagem 
cirúrgica, seja radical ou conservadora. As mais citadas são a presença de dor, 
linfedema, infecção na ferida operatória, problemasna cicatrização, lesão 
nervosa, comprometimento muscular dos músculos da cintura escapular, 
espasmo muscular na região cervical e no ombro, aderências na parede do 
tórax, alterações posturais e psicológicas, acarretando limitação e 
comprometimento da mobilidade do ombro (Jung et al, 2003, Nogueira et al, 
2005), comprometendo o desempenho de atividades de vida diária (AVD) das 
pacientes mastectomizadas. 
Para Campani e Frasson (2005), a dor é a queixa mais citada em 
estudos que abordam a morbidade pós-operatória em cirurgias de câncer de 
mama. Sua causa pode ter relação com a lesão do nervo intercosto braquial ou 
outros fatores como trauma cirúrgico e o espasmo muscular na região cervical 
e no ombro (Gomide et al, 2007), ficando relacionada a pontos dolorosos e 
pontos-gatilho (CERQUEIRA et al, 2009). 
A dor pós-cirurgia de câncer de mama é uma complicação de grande 
impacto na vida das pacientes, pelo comprometimento do funcionamento físico 
e pela angústia psicossocial (GULLUOGLU et al, 2006). 
A dor miofascial tem característica única e distinta, podendo ser 
originada tanto no músculo como na fáscia. Tanto a região da lesão, quanto as 
unidades miofasciais afetadas, ficam menos distensíveis, ocasionando 
30 
diminuição da amplitude de movimento, nas unidades miofasciais e nas 
articulações pertinentes (MANHEIM, 2008). Some-se o fato de que, a dor pode 
favorecer o surgimento de disfunção miofascial e ainda a formação de pontos 
gatilho nas pacientes mastectomizadas. 
A disfunção miofascial tem característica dolorosa, pela presença de 
nódulos palpáveis, chamados pontos gatilho (PG), que reagem a pressão 
externa, forçada ou por recrutamento muscular com dor irradiada (BORG-
STEIN, SIMONS, 2002). 
Pontos gatilho representam áreas pequenas e sensíveis no músculo 
que, de forma espontânea ou por compressão, causam dor em uma região 
distante, denominada de zona de dor referida (CHING, 2007). 
Pode-se incluir abordagens focadas na inativação de PG ativos, em 
tratamento de fisioterapia (Beurskens et al, 2007), para que possa haver 
benefício para redução de dor e para evitar restrição de movimento, em 
pacientes mastectomizadas. Some-se a isso, o trauma físico relacionado a 
cirurgia de câncer de mama, com efeitos deletérios sobre a fáscia, que resulta 
espessa e encurtada, exercendo pressão e provocando dor sobre estruturas 
sensíveis. 
O espessamento da fáscia dificulta o fluxo sanguíneo, que prejudica o 
metabolismo celular, a respiração e a eliminação dos resíduos. A fáscia fibrosa 
também restringe o fluxo linfático, que representa perigo para o pós-operatório 
de câncer de mama, que já tem risco de linfedema. Levando-se em 
consideração que a fáscia é uma unidade contínua e indissociável, também a 
dor e as restrições fasciais em uma determinada parte do corpo, podem levar a 
uma restrição e à dor em outras áreas (DALTON, 2005). 
Desta forma, os profissionais de saúde utilizam uma técnica suave de 
liberação miofascial, para conseguir alívio da dor e a recuperação da amplitude 
de movimento. É uma técnica que pode ser realizada em áreas distais da 
lesão, visando estimular a cicatrização e o alívio da tensão acumulada pela dor 
(DALTON, 2005). 
De acordo com Sledge et al. 2014, os tratamentos para o câncer de 
mama evoluíram ao longo da história. Antes, tratamentos como cirurgias de 
grande porte e mutilantes deram lugares a tratamentos personalizados e 
conservadores. 
31 
A escolha do tratamento depende do estadiamento da doença, 
características biológicas, bem como das condições da paciente. O prognóstico 
depende desses fatores, bem como das características do tumor (INCA, 2018). 
Os cuidados de saúde a serem prestados deverão considerar as 
características individuais de cada paciente, (Hammond, et al 2010), 
normalmente utilizando abordagens cirúrgicas, de quimioterapia, de 
radioterapia, de endocrinologia e terapia alvo (INCA, 2001, CORTAZAR, et al 
2014). 
Estudos bem anteriores já mostravam que a dissecção axilar, 
independente da técnica radical ou conservadora, era tido como o tratamento 
cirúrgico padrão para o câncer de mama. Esse procedimento, pode ser 
realizado de forma isolada, mas quando em conjunto com a radioterapia pós-
operatória, podendo determinar morbidade severa no membro superior 
homolateral à cirurgia (HLADIUK, et al 1992; SHIMOZUMA, et al 1999). 
Os problemas como linfedema, dor, parestesias, diminuição da força 
muscular e redução da amplitude de movimento (ADM), do membro envolvido 
são frequentemente observados e relatados pelas mulheres, com cirurgia de 
mama, que são relacionados, como as mais difíceis consequências do 
tratamento para o câncer de mama, visto interferir na qualidade de vida dessas 
mulheres (BATISTON; SANTIAGO, 2005). 
A evolução das complicações físicas, no membro superior homolateral, 
posterior a cirurgia, pode ser reduzida, quando as mulheres têm um suporte 
pós-operatório. 
A fisioterapia desempenha importante papel para a recuperação de 
mulheres após a cirurgia oncomamária, proporcionando a recuperação da 
funcionalidade do membro superior, que repercute em melhora da qualidade de 
vida, além de agir na prevenção e para o controle de possíveis complicações 
pós-operatórias (SILVA, et al 2013; NAVA, et al 2016). 
Box, et al 2002, afirmaram em seus estudos que, as mulheres que foram 
acompanhadas por equipe de fisioterapia, conseguiram maiores taxas de 
adesão aos exercícios, nos seis primeiros meses de pós-operatório, quando 
comparadas aos grupos, que apenas receberam orientações, resultando em 
melhores condições e resultados, para a recuperação. 
 
32 
1.5.2 Tratamento fisioterápico 
 
A abordagem cirúrgica, mesmo sendo indispensável, pode determinar 
muitas complicações como, a necrose cutânea, as deiscências e aderências 
cicatriciais, a restrição da amplitude de movimento do ombro, o linfedema, as 
alterações da força muscular, a dor no ombro ou no braço e a alteração da 
sensibilidade, decorrente da lesão nervosa do nervo intercostobraquial 
(NESVOLD et al 2011; BEZERRA et al 2012). Engel et al 2003, relataram que a 
linfonodectomia axilar era uma das principais justificativas para o aparecimento 
de complicações e morbidades pós-operatórias, exatamente pela retirada dos 
linfonodos, pela localização e extensão da abordagem cirúrgica. 
Importante considerar que a mastectomia consiste em um procedimento 
agressivo, que provoca alterações físicas, emocionais, sociais e sexuais na 
mulher, que ainda pode apresentar complicações como lesões musculares, 
diminuição ou perda da amplitude de movimento, alterações posturais, dores, 
fibroses e complicações cicatriciais, distúrbios sensitivos, diminuição da força 
muscular, disfunções respiratórias, diminuição ou perda da capacidade 
funcional e linfedema do braço homolateral à cirurgia (SILVA, 2014; LIMA, 
2011). 
O linfedema é considerada a complicação de maior morbidade no pós-
operatório, porque afeta diretamente a qualidade de vida das pacientes. É 
caracterizado como o acúmulo de proteínas no interstício, edema e inflamação 
crônica, o que resulta em manifestação clínica de inabilidade do sistema 
linfático e desencadeia uma diminuição do transporte da linfa. É tido como 
doença crônica, progressiva e quase sempre incurável (REZENDE; ROCHA; 
GOMES, 2010). 
Para Pascoal et al., 2010, o linfedema é uma das complicações mais 
comuns no pós-mastectomia. Consiste no acúmulo de líquido proteico nos 
espaços intersticiais, ocorrendo por diminuição de transporte da linfa, por conta 
das alterações do sistema linfático, ou por ocorrência da falha na quebra 
dessas proteínas, no meio extra linfático. 
Para entender o edema é importante lembrar que, de acordo com 
Borges (2010), o sistema linfático é uma via acessória, na qual o líquido pode 
fluir nos espaços intersticiais para o sangue, fazendo o transporte de proteínas 
33 
e de materiaiscom grandes partículas para o exterior dos espaços teciduais. É 
uma função que não é realizada pelo sistema sanguíneo, porque o lúmen dos 
capilares sanguíneos é menor que dos capilares linfáticos. 
Existe uma outra diferença entre o sistema linfático e o sanguíneo, que é 
o fato de não dispor de um órgão bombeador e por ser microvasculotissular, 
em que direciona o líquido intersticial para a corrente sanguínea, destruindo os 
microrganismos e as partículas estranhas da linfa. Este sistema, consiste em 
capilares linfáticos, de vasos coletores, de troncos linfáticos, de linfonodos e de 
órgãos linfoides como as tonsilas, o baço e o timo (MARQUES, et al 2015). 
Desta forma, as funções básicas do sistema linfático consistem no 
transporte do líquido intersticial e das gorduras para o sangue, na função 
imunológica e no equilíbrio proteico dos fluidos tissulares (ANTONIO, 2011; 
OLIVEIRA, 2012). 
Já era considerada uma doença complexa, que se manifestava pelo 
aumento de volume de uma determinada região, principalmente dos membros, 
resultando em uma sobrecarga funcional deste sistema, e provocando 
incompetência das válvulas (CAMARGO & MARX, 2000). 
São fatores predisponentes para que surja o linfedema, a 
linfadenectomia axilar e a radioterapia pelo fato de prejudicarem o sistema 
linfático, em que a primeira é mais determinante para o desenvolvimento do 
linfedema (ALEGRANCE; SOUZA; MAZZEI, 2010). 
O linfedema pode ser classificado como primário ou secundário, em que 
o primário são os vasos linfáticos e linfonodos, que tem alteração congênita ou 
obstrução idiopática, e no linfedema secundário, em que ocorre no sistema 
linfático previamente normal, uma disfunção anatômica, como na pós-
mastectomia, com a remoção de linfonodos (SQUARCINO; BORRELLI; SATO, 
2007). 
A abordagem fisioterapêutica padrão para o linfedema é composta por 
duas fases: a intensiva e a de manutenção. A primeira é composta por 
fisioterapia complexa descongestiva, técnica que associa a drenagem linfática 
manual, o enfaixamento compressivo funcional, os exercícios terapêuticos, os 
cuidados com a pele e as precauções para a vida diária. Tem como objetivo 
redução máxima do volume do membro com melhora estética e de 
funcionalidade. A duração desta intensiva é determinada pela gravidade do 
34 
caso, pode variar de 3 semanas a meses, é concluída quando se atinge a 
redução máxima do volume do membro, de forma parcial ou total. Na fase de 
manutenção, iniciada ao final da fase intensiva, objetiva manter pelo máximo 
de tempo as reduções obtidas. As técnicas mais aplicadas são a 
automassagem linfática, os exercícios, o uso da braçadeira e os cuidados com 
a pele (CAMARGO MC, MARX 2000; GUIRRO, GUIRRO, 2002; SILVA, 
MORAES 2006; ANDRADE, 2003). 
As complicações que ocorrem no pós-operatório, como o linfedema do 
membro superior podem dar origem a complicações pulmonares, a diminuição 
da amplitude de movimento do ombro homolateral à cirurgia, a deformidade 
postural do tronco, o comprometimento da força muscular, a dor, a tensão 
muscular e as assimetrias corporais (PANOBIANCO et al., 2009). 
O aumento do volume do membro, originado pelo linfedema pode 
favorecer alterações psicológicas, com prejuízo da função, o aumento da 
morbidade física e ainda comprometer a imagem corporal da mulher 
(REZENDE; ROCHA; GOMES, 2010). 
O estudo realizado por Alegrance; Souza; Mazzei, 2010, com 394 
mulheres pós-câncer de mama, a prevalência do linfedema variou entre 16,2% 
e 30,7% de acordo com o método de investigação utilizado. 
Em 2006, Meirelles utilizou os protocolos fisioterapêuticos para o 
tratamento do linfedema, que constaram de terapia física complexa incluindo a 
drenagem linfática manual, o enfaixamento compressivo funcional, a 
cinesioterapia, o uso de braçadeira elástica, orientações ao autocuidado e a 
automassagem. 
Um dos tratamentos para o linfedema é a drenagem linfática manual que 
é uma manobra especializada que direciona o líquido intersticial para os 
centros de drenagem, promovendo diferentes pressões para o deslocamento 
do líquido e assim reduzindo a pressão no vaso para a sua recolocação na 
corrente sanguínea (TRAMONTIN, 2009). 
Para Silva et al, (2012), a drenagem linfática manual, consiste em um 
método de massagem altamente especializado, utilizando pressões suaves, 
lentas e intermitentes de distal para proximal, que proporcionam um 
relaxamento muscular e seguem o trajeto do sistema linfático. 
35 
A drenagem linfática manual é uma terapia especializada aplicada, de 
forma leve, por meio de uma distinta e específica técnica desenvolvida por 
Vodder em 1936 (MARQUES et al 2015). 
O método desenvolvido por Emil Vodder é atualmente representado por 
duas técnicas, a de Leduc e a de Vodder. São técnicas fundamentadas no 
percurso dos vasos coletores linfáticos e dos linfonodos, em que se associam 
as manobras de captação, de reabsorção e de evacuação, em que a diferença 
entre elas é a maneira da aplicação (SANTOS, 2013; MARQUES et al 2015). 
A técnica de massagem terapêutica, estudada cientificamente e criada 
pelo Emil Vodder, caracteriza-se por movimentos muito suaves e precisos, 
todos em forma circular e espiral e por um trabalho intensivo realizado nos 
centros de gânglios linfáticos. O trabalho deve ser executado no sentido 
proximal-distal, as manobras devem ser executadas em ritmo lento, pausado e 
repetitivo, em respeito ao mecanismo de transporte da linfa, cuja frequência de 
contração é de 5 a 7 vezes por minuto, não devendo ser desagradável e jamais 
provocar dor. 
A técnica de Albert Leduc tem como principal diferença da técnica de 
Vodder o não início da drenagem linfática de suas pacientes pelo pescoço. Sua 
técnica é baseada no trajeto dos coletores linfáticos e linfonodos, em que 
associa basicamente duas manobras: Captação ou reabsorção, em que os 
dedos imprimem sucessivamente uma pressão, sendo levado por um 
movimento circular do punho. Essa captação tem como objetivo absorver os 
líquidos excedentes da região com estase (com edema, celulite) e transportá-la 
através dos vasos linfáticos de volta para a circulação venosa. Evacuação ou 
demanda em que os dedos se desenrolam a partir do indicador até o anelar, 
tendo contato com a pele que é estirada no sentido proximal ao longo da 
manobra. Tem como objetivo proporcionar um aumento do fluxo linfático na 
região proximal, deixando-a descongestionada e preparada para receber a linfa 
de outras regiões mais distais. Ao se facilitar e melhorar a circulação linfática 
dessa região, não haverá sobrecargas maiores a esses vasos. 
Leduc possui, ainda, uma combinação mais restrita de movimentos e 
propõem protocolos de tratamentos com base no tipo de distúrbio encontrado e 
utiliza bandagens compressivas após as técnicas de drenagem linfática. 
36 
É uma técnica que tem como objetivo, melhorar a circulação linfática, a 
eliminação residual, a diminuir edemas, sendo bastante utilizada nas pacientes 
que desenvolvem linfedema após uma mastectomia, devido ao esvaziamento 
axilar realizado na cirurgia (BRANDÃO et al., 2010, MAGNO, 2009). Ela deve 
ser utilizada no primeiro dia de pós-operatório de cirurgia de câncer de mama 
(JAMMAL; MACHADO; RODRIGUES, 2008). 
Estudos bem anteriores já demonstravam que, um plano fisioterapêutico 
quando iniciado de forma precoce, reduz o risco de aparecimento dessas 
complicações (BENTZEN, et al 1989; ISAKSSON, G, FEUK, B, 2000). 
Camargo e Marx, 2010, enfatizavam os avanços significativos quando da 
utilização da terapêutica do câncer de mama, demonstrando a necessidade de 
uma abordagem interdisciplinar das pacientes, com o objetivo não somente da 
cura do câncer, mas uma completa reabilitação, nos âmbitos físico, psicológico, 
social e profissional. 
O tratamento fisioterápico de câncer de mama tem como foco, o 
tratamento do linfedema, da diminuição da função do ombro e extremidade 
superior,do tratamento da cicatriz e da redução da dor (STEPHENSON e 
LINDA, 2004). 
A fisioterapia contribui no pós-operatório das pacientes utilizando 
algumas técnicas fisioterapêuticas que ajudam a diminuir o edema e melhorar a 
amplitude de movimento. 
Na época em que as cirurgias eram radicais, descritas por Halsted, 
observava-se até 70% de linfedema, depois, esses valores diminuíram de 
forma objetiva, em que Ferreira et al (2000), encontraram cerca de 20%. 
A fisioterapia geralmente escolhe um tratamento para o linfedema, que 
não seja invasivo, isento de riscos e não seja necessário o uso de medicações. 
No Brasil, é conhecido como linfoterapia (CAMARGO; MARX, 2000). 
Camargo; Marx (2000), utilizaram recursos como a drenagem linfática 
manual, o enfaixamento compressivo funcional, a cinesioterapia, os cuidados 
com a hidratação da pele, a automassagem e uso de contenção elástica. É 
composta basicamente por duas fases. A primeira fase é para estimular a 
atividade dos linfangions. A segunda fase tem como objetivo manter os 
resultados obtidos. 
Vários métodos são utilizados pelos fisioterapeutas, para realizarem o 
37 
tratamento de pacientes com linfedema, sendo técnicas que deverão ser 
utilizadas, de acordo com o quadro clínico de cada paciente, em que os mais 
utilizados são a drenagem Linfática Manual e a Cinesioterapia. 
A Drenagem Linfática Manual consiste em manobras precisas e 
monótonas realizadas, em direções específicas, com pressão e velocidade 
programada para cada paciente. O edema decorrente da mastectomia causa 
limitações, devido à falta e diminuição de Amplitude de Movimento no membro 
superior e ao edema que se instala (GUSMÃO, 2010). 
A cinesioterapia realizada na fisioterapia é indispensável para 
restabelecer os movimentos do braço e a drenagem linfática, em conjunto com 
os procedimentos de contenção elástica, utilizando luvas de compressão ou o 
enfaixamento, que atua sobre o linfedema, eliminando-o ou reduzindo-o para 
níveis aceitáveis (GUSMÃO, 2010). 
Neste estudo utilizamos abordagem terapêutica semelhante a que foi 
utilizada no estudo de Nascimento, et al 2012, que realizou na cinesioterapia, 
exercício e alongamento ativos; na terapia manual que utilizou a massagem, a 
pompagem, o alongamento passivo e a mobilização articular do ombro; para o 
complexo descongestivo fisioterapêutico, fez a drenagem linfática manual, o 
enfaixamento compressivo, os exercícios ativos, os cuidados com a pele e a 
braçadeira elástica compressiva. Além disso, da mesma forma que aqui, as 
mastectomizadas deles receberam orientações para realização de exercícios 
domiciliares, para auto drenagem, para auto enfaixamento e para 
automassagem peri cicatricial, bem como atenção em cuidados gerais, com o 
membro superior homolateral à cirurgia. 
A limitação da amplitude de movimento do ombro está entre as 
principais complicações pós-operatórias no tratamento do câncer de mama, e 
sempre é acompanhada do comprometimento e de decréscimo da função do 
membro superior (CINAR, et al 2008; HARRINGTON, et al 2011). 
O ombro fica vulnerável a uma rápida instalação de rigidez e de atrofia 
muscular pós mastectomia, sendo os movimentos de flexão e abdução os mais 
comprometidos (HARRINGTON, et al 2011; SHAMLEY, et al 2007). A 
imobilização prolongada, ocasionada pelo medo e / ou pela dor, tanto o tipo de 
cirurgia, o tamanho da incisão, a realização de linfonodectomia axilar, os 
traumatismos no nervo torácico longo ou o espasmo muscular por toda região 
38 
cervical, que decorrem da reação de defesa muscular, são fatores que fazem 
com que a paciente desenvolva tendência a redução de movimentação do 
membro superior (SPRINGER, et al 2010; BARAÚNA, et al 2004). 
Para o câncer de mama, a abordagem terapêutica considera o 
estadiamento da doença, o diagnóstico e as características individuais, clínicas 
e psicológicas (GRIFFITHS; OLIN, 2012). 
No Brasil, tem-se observado pacientes em estádios avançados e 
tratamentos mais mutiladores, que acarretam maiores sequelas funcionais, 
emocionais e sociais, aumentando as incapacidades e a incidência de 
complicações (FELIX, 2011; ROSA; RADÜNZ, 2013). 
Considerando as complicações de um tratamento oncológico, existem 
estudos que demonstraram, que a restrição da amplitude de movimento, a 
diminuição da força muscular, a incidência da dor e a presença do linfedema, 
podem influenciar de forma negativa, na qualidade de vida das pacientes. 
Segundo a literatura, a extensão da abordagem axilar, a presença de 
comorbidades, a atividade laborativa e a idade precoce, contribuem 
significantemente para as restrições de funcionalidade do membro superior 
homolateral ao tumor (ENGEL, et al 2004; RIETMAN, et al 2003). 
Alterações importantes no corpo da mulher, podem ser provocadas pelo 
tratamento do câncer de mama, gerando impactos negativos para sua 
autoimagem, sexualidade, feminilidade e relações afetivas, bem como as 
sociais (PEREIRA, et al 2017). 
Considerando os severos impactos do tratamento do câncer de mama, 
sobre a qualidade de vida e funcionalidade da mulher, a equipe de tratamento 
deve estar atenta para entender suas necessidades e promover um suporte 
adequado e precoce (BERGMANN, et al 2007). 
A fisioterapia desempenha um papel fundamental em todo o processo, 
atuando no decorrer de toda linha de cuidados do câncer, prevenindo, 
minimizando e reabilitando as complicações do tratamento oncológico 
(BERGMANN, et al 2006). 
Quando a abordagem da fisioterapia é realizada de forma precoce, para 
o câncer de mama, a resposta se torna eficaz, na melhoria da funcionalidade e 
da qualidade de vida das mulheres, devendo ser inserida na rotina de cuidados 
pós-operatórios (RETT, et al 2013). 
39 
A definição de qualidade de vida, para a Organização Mundial da Saúde 
(OMS) (TheWHOQOL, 1995), é “a percepção do indivíduo sobre a sua posição 
na vida, no contexto da cultura e dos sistemas de valores, nos quais ele vive e 
em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”. 
Na minha prática com mulheres mastectomizadas são comuns os relatos 
dos efeitos e limitações, decorrentes do tratamento, em relação a autoimagem, 
ao trabalho, as atividades domésticas e da vida diária, as restrições de 
movimento com o membro superior, a alterações psicológicas, a sentimentos 
quanto a insegurança e a incapacidade. 
Com as questões relacionadas a autoimagem, as pacientes demonstram 
dificuldades em se aceitarem, pela perda da mama, o que diminui sua 
autoestima. Também após a cirurgia, percebem a alteração da própria imagem 
e sentem-se envergonhadas, o que impacta negativamente nas relações 
afetivas e na sexualidade. 
Lahoz, et al 2010, relata o trauma em relação a mutilação e a distorção 
da autoimagem, como um aspecto importante, considerando que a mama 
consiste, em uma parte simbólica e característica da imagem feminina, e que 
faz relação com sua sexualidade e com sua função como mulher. 
A imagem corporal consiste em uma percepção cognitiva da aparência 
física (PRUZINSKY, 2004). 
De acordo com Hopwood, et al 2001, para as pacientes 
mastectomizadas, a imagem corporal fica alterada não somente após a 
cirurgia, mas também após a quimioterapia e a radioterapia. 
Morone, et al 2014, observaram em um estudo que, as pacientes que 
tiveram a autoimagem menos alterada, conseguiram melhores resultados na 
reabilitação e ainda, que a imagem corporal é fator prognóstico de qualidade de 
vida. 
A literatura não apresenta muitos estudos, abordando a insegurança das 
mulheres após a cirurgia, em relação ao retorno às atividades laborais, pois 
algumas decidem parar de trabalhar ou se reinserirem em outro tipo de função, 
por conta das sequelas do tratamento. Sendo sério e impactante para a vida da 
mulher após o tratamento. 
Para Frazão e Skaba, 2013, o impacto sobre a vida social dessas 
mulheres, interfere diretamente em seu quadro desaúde que, frente a uma 
40 
doença crônica, que demanda de acompanhamento contínuo, resulta em mais 
fragilização com as consequências do tratamento. 
O trabalho externo é fundamental para muitas mulheres, como 
realização pessoal, com significado mais do que subsistência, mas 
principalmente sua independência e autonomia, para sentirem-se valorizadas 
como pessoas (FRAZÃO; SKABA, 2013). 
Existem relatos das pacientes (Fireman, et al 2018), e no estudo aqui 
realizado, sobre os impactos na situação econômica durante o tratamento, por 
várias razões. Aconteceram dificuldades financeiras por gastos decorrentes ao 
tratamento, como o custeio de transporte e de alimentação. Outras, tiveram 
que sair de seus empregos formais, perdendo benefícios como vale-transporte 
e vale-refeição/vale-alimentação e as que tinham trabalhos informais, que 
acabaram impossibilitadas de complementar a renda familiar, comprometendo 
sua adesão ao tratamento. 
No estudo de Fireman, et al 2018, todas as entrevistadas tiveram 
dificuldades para desempenhar suas atividades domésticas e atividades de 
vida diárias, tendo sido necessárias adaptações em suas rotinas para tentar 
retomar suas funções. 
Neste estudo, todas as pacientes foram submetidas à mastectomia em 
seus vários aspectos, radical ou conservadora, que inclui a linfadenectomia 
axilar, parcial ou total. Esses procedimentos são descritos na literatura, com 
uma maior frequência de morbidades, no membro superior homolateral à 
cirurgia, como a diminuição da amplitude de movimento. Sendo essa limitação 
de interferência direta, na capacidade funcional e na qualidade de vida das 
pacientes (SAGEN, et al 2014). 
A restrição da amplitude de movimento pode decorrer da dor ou ainda da 
cicatriz cirúrgica, em virtude de muitas mulheres que são submetidas ao 
tratamento cirúrgico, evitarem o movimento do membro superior, com medo da 
ocorrência de deiscência da ferida cirúrgica (SILVA; REZENDE, 2014). O 
receio de movimentar o membro e a inatividade, acarretam um 
comprometimento progressivo da força muscular e consequentemente, a 
diminuição da amplitude de movimento (LAHOZ, et al 2010, RETT, et al 2012; 
GIACON, et al 2013). 
Nesse momento de vulnerabilidade, a realização de tarefas domésticas 
41 
proporciona a essas mulheres, um sentido de reconstrução cotidiana de sua 
vida (FANGEL, et al 2013). De outra forma, quando se deparam com atividades 
que necessitam de maior esforço físico, as pacientes se percebem 
parcialmente limitadas, não só em decorrência de morbidades pela cirurgia, 
mas também quando recebem orientações preventivas de linfedema 
(Pruzinsky, 2004; Fangel, et al 2013; Sousa, et al 2013), que resultam em 
receio de ocorrência de edema no membro superior e necessitam de 
adaptações durante a execução dessas tarefas. Relatam também alterações 
de humor após o tratamento, bem como distúrbios do sono, que resultam em 
impacto negativo durante ou após o tratamento (FIREMAN, et al 2013). 
O sofrimento físico compromete a sobrevivência, podendo inibir as 
estratégias de enfrentamento das pacientes durante o tratamento (ENGEL, et 
al 2004). Esse contexto acarreta impacto negativo sobre a qualidade de vida, 
repercutindo diretamente na saúde e no bem-estar (CELLA; NOWINSKI 2002). 
O tratamento para o câncer de mama influencia significativamente os 
aspectos emocionais da mulher (MARTINS, et al 2009). Existe ainda a 
proximidade real ou imaginária, da morte e da incapacidade, resultando em 
medo, angústia, vergonha e sentimento de discriminação (PINHO, et al 2007). 
Para Bardwell, et al 2009, após o diagnóstico do câncer a paciente sofre 
estresse emocional importante, que resulta em distúrbios do sono. O distúrbio 
que prevalece é a insônia, estando relacionada ao receio de recorrência, de 
depressão e de sintomas vasomotores quando da existência de tratamento 
hormonal. Esses distúrbios quando persistem podem levar a depressão, a 
fadiga crônica e a alterações cognitivas. De acordo com Linden, et al 2012, a 
prevalência da depressão nas pacientes com câncer é três vezes mais alta, do 
que na população em geral, resultando em uma pior qualidade de vida. 
A fadiga sentida pelas pacientes com câncer tem relação multicausal, 
podendo ser física, emocional e cognitiva, e interfere de forma importante na 
funcionalidade e na qualidade de vida (BERGER, et al 2012). Goldstein, et al 
2012, consideram ser um dos sintomas relevantes quando do tratamento do 
câncer. 
De acordo com Fabro, et al 2012, as pacientes com diagnóstico tardio e 
quando submetidas a ressecção axilar, apresentam maior risco de 
desenvolvimento de dor pós-mastectomia, podendo perceber a ocorrência 
42 
tanto em repouso, bem como durante os movimentos. 
Estudo realizado por Rett, et al 2012, identificou que a dor é um sintoma 
que impacta negativamente na qualidade de vida, no autocuidado, em 
atividades laborais, no bem-estar físico e emocional e na realização de tarefas 
domésticas. Menciona ainda, que a literatura define que os exercícios no 
membro homolateral pós-cirurgia, auxiliam na prevenção e tratamento da dor. 
Para Fortner, (2003), a mastectomia é um procedimento agressivo, que 
acarreta consequências físicas e emocionais desfavoráveis à vida de cada 
mulher como, a lesão muscular, hemorragia, complicações cicatriciais, 
alterações de sensibilidade, fibrose, alterações posturais, algias, a diminuição 
ou a perda total da amplitude de movimento e da força muscular, bem como o 
comprometimento da capacidade respiratória, da perda ou a redução da 
capacidade funcional e o linfedema do braço homolateral (FERRO et al 2003). 
A fisioterapia se destaca na reabilitação pós-mastectomia. 
Identificar o impacto do tratamento cirúrgico em relação a perda da força 
muscular e da preensão palmar no membro superior e a diminuição de sua 
funcionalidade permite definir as estratégias para atuação do fisioterapeuta no 
decurso da reabilitação. 
Para que a intervenção fisioterapêutica seja eficaz, é necessário 
conhecer o impacto das alterações geradas pela mastectomia. 
Lahoz, et al 2010, relatam que a realização da radioterapia, marca um 
momento que impacta negativamente na funcionalidade e na qualidade de vida 
das mulheres. 
Para Oliveira, et al 2010, a radioterapia desenvolve uma lenta reparação 
cicatricial, uma acentuada fibrose tecidual e, consequentemente, um 
comprometimento importante na função do membro superior. 
A linfadenectomia axilar, quando realizada em conjunto com a 
radioterapia, pode acarretar morbidades severas, no membro superior ou 
comprometer as já existentes, interferindo na vida diária e na qualidade de vida 
das pacientes (LAHOZ et al 2010). 
Para Bezerra et al 2012, como a radiação incide também nas regiões de 
tecido normal, resulta em efeitos colaterais como dor, fadiga, alterações 
sensitivas e cutâneas, e ainda, radiodermite. Refere ainda que, a dor no 
membro superior é sintoma presente no pós-cirurgia, apresentando aumento 
43 
significativo de intensidade logo após a radioterapia, concordando os achados 
de LAHOZ et al.2010 e FABRO et al. 2012. 
Bezerra, et al 2012, observaram que, concomitantemente à piora desse 
sintoma, de acordo com os relatos das pacientes, fica claramente evidenciado 
o aumento da incapacidade funcional, do membro superior após a radioterapia. 
Lino, et al 2008, afirmavam que a capacidade funcional fica implícita à 
habilidade do indivíduo, para realizar suas atividades básicas de cuidados 
diários, de forma independente das outras pessoas. 
De fato, a limitação no movimento do ombro é uma das complicações 
físico-funcionais mais mencionadas pelas pacientes (BREGAGNOL; DIAS 
2010; NESVOLD, 2011; SILVA; GODOY, 2009; YANG, et al 2010; 
HARRINGTON, et al 2011. O prejuízo da alteração da amplitude de movimento 
e a dificuldade de realizar algumas atividades cotidianas, provocam impacto 
negativo na vida funcional dessas