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Tecnologia e Materiais de Construção Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Me. Luiz Boscardin Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro Introdução aos Sistemas Estruturais e de Vedações Verticais • Sistemas Estruturais; • Sistemas de Vedação Vertical. • Conhecer as principais características dos sistemas estruturais e de vedações é fun- damental para arquitetos e designers, pois amplia as possibilidades de composição volumétrica e formal no processo de projeto, além de nortear o profi ssional na es- colha de revestimentos e demais instalações que atuarão de forma integrada a esses sistemas na confi guração fi nal do ambiente a ser construído. OBJETIVOS DE APRENDIZADO Introdução aos Sistemas Estruturais e de Vedações Verticais Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Introdução aos Sistemas Estruturais e de Vedações Verticais Sistemas Estruturais Estruturas metálicas A presença e utilização de peças e estruturas metálicas em edificações são cada vez mais crescentes, mesmo em edifícios convencionais de alvenaria ou de concreto armado. Isso vale tanto para as obras em construção quanto para as concluídas e pode ser surpreendente a variedade de elementos metálicos que necessitam ser es- pecificados, comprados e recebidos nas obras. Exemplos comuns desses elementos são: chapas e perfilados de aço e alumínio; tubos de aço, cobre e alumínio; perfis conformados a frio de aço e zinco etc. Depois do alumínio, o aço é o metal mais abundante da crosta terrestre, porém, é o metal mais utilizado na construção civil graças às suas propriedades mecâni- cas, o que fazem dele um material interessante na produção de estruturas. Essas propriedades mecânicas do aço estão definidas graças à sua composição química, constituída basicamente por ferro e carbono. O ferro é um elemento comumente encontrado na crosta terrestre, geralmente associado ao oxigênio e à sílica. Dessa forma, podemos concluir que o minério de ferro é um óxido de ferro (ferro mais oxigênio), misturado com areia fina (sílica). Já o carbono (carvão) pode ter origem vegetal ou mineral. Na indústria siderúr- gica, usa-se preferencialmente o carvão mineral devido ao elevado poder calórico que apresenta durante a combustão. Na fabricação do aço, o carvão exerce duplo papel: como combustível e redutor. Como combustível, o carvão permite o alcance de altas temperaturas (cerca de 1.500 ºC), que são necessárias à fusão do minério de ferro. O carvão atua também como redutor, ao associar-se com oxigênio, que se desprende do minério de ferro com a alta temperatura. Esse processo remove o oxigênio do ferro, para que ele se ligue ao carbono, produzindo o aço. Esse pro- cesso faz com que o aço seja chamado de liga metálica. O aço não pode ser confundido com o ferro fundido, pois a diferença entre esses dois materiais está no teor de carbono que possui cada um deles. O aço, por exemplo, possui um teor entre 0,03% e 2,14% de carbono, já o ferro fun- dido possui teores entre 2,14% e 6,67%. Conforme aumenta o teor de carbono dentro da liga, as propriedades mecânicas dela aumentam fazendo com que esse material seja interessante na produção de estruturas. Esse ganho de propriedades que favorece as características estruturais da liga metálica fica comprometido quando o aumento no teor de carbono é superior ao 2,14%. Portanto, o aço é o material adequado para produzir estruturas ao contrário do ferro fundido. Pelas suas propriedades relacionadas ao seu comportamento sobre a ação de esforços, o aço é um ótimo elemento estrutural. Relacionamos abaixo suas princi- pais características: 8 9 • Elasticidade: é a capacidade do material de voltar à forma original após suces- sivos ciclos de carga e descarga. A deformação elástica é reversível, ou seja, desaparece quando a tensão é removida. • Plasticidade: é a deformação permanente provocada por tensão igual ou su- perior ao limite de escoamento. • Ductilidade: é a capacidade dos materiais de se deformar plasticamente an- tes da ruptura. A ductilidade tem grande importância nas estruturas metáli- cas, pois permite a redistribuição de tensões locais elevadas. Um material não dúctil, o ferro fundido, por exemplo, não se deforma plasticamente antes da ruptura, apresentando um comportamento de ruptura similar ao de um vidro. • Fragilidade: é o oposto da ductilidade, ou seja, quando os aços se tornam frágeis pela ação de diversos agentes, como baixas temperaturas, efeitos tér- micos locais causados por soldas, ferros fundidos com elevado teor de carbono etc. É muito perigoso, pois os materiais frágeis rompem sem aviso prévio. • Tenacidade – é a capacidade que têm os materiais de absorver energia, com deformações elásticas e plásticas (PALMA, 2007). Na Figura 1, observa-se um diagrama de esforços solicitados em um elemento estrutural metálico. Figura 1 – Diagrama de esforços sobre viga metálica Fonte: BOSCARDIN, L. 2016 Tipos de esforços: https://youtu.be/JsrYAda0t4k Ex pl or 9 UNIDADE Introdução aos Sistemas Estruturais e de Vedações Verticais A produção de aço em larga escala se inicia na Europa na segunda metade do século XVIII. Já no início do século XIX, começa a ser utilizado na execução de pontes e estradas de ferro (Figura 2), tendo sua utilização se expandindo cada vez mais a partir da Revolução Industrial. Figura 2 – Forth Bridge (1882/1890) – Edimburgo, Escócia Fonte: unesco.org Desse período, podemos destacar o Palácio de Cristal, em Londres (Figura 3), projetado por Joseph Paxton para a Grande Exposição de 1851. A importância desse projeto se dá pela total pré-fabricação de elementos de ferro e vidro que compõem o edifício, além de escolhas formais que o afastam dos estilos históricos da arquitetura, comuns aos edifícios projetados no período. Figura 3 – Cristal Palace (Joseph Paxton, 1853) – Londres, Inglaterra Fonte: Wikimedia Commons Nos Estados Unidos, devido ao parque industrial altamente desenvolvido e a filosofia norte-americana de construção civil baseada em elementos pré-fabricados, o uso de estrutura em aço é amplamente difundido. A aplicação desse sistema es- trutural em edifícios residenciais e comerciais seinicia nos EUA no final do século XIX, pelos arquitetos associados à chamada “Escola de Chicago”, cujo maior pro- tagonista foi o arquiteto Louis Sullivan (Figura 4). 10 11 Figura 4 – Sullivan Center (Louis Sullivan e Daniel Burnhan, 1899) – Chicago, EUA Fonte: architecture.org Durante o século XX, o uso do aço, não só como elemento estrutural, mas também como elemento de composição formal, pôde ser observado em projetos de arquitetos como Mies Van der Rohe (Figura 5), Minoru Yamazaki (Figura 6), I.M. Pei, entre outros. Figura 5 – Neue Nationalgalerie (Mies Van der Rohe, 1968) – Berlin, Alemanha Fonte: Wikimedia Commons 11 UNIDADE Introdução aos Sistemas Estruturais e de Vedações Verticais Figura 6 – World Trade Center (Minoru Yamazaki, 1973) – Nova Iorque, EUA Fonte: Wikimedia Commons No Brasil, a utilização das estruturas em aço não obteve um protagonismo como o alcançado pelos sistemas estruturais baseados no concreto armado. Um dos prin- cipais motivos desse panorama foi o tardio processo de industrialização do Brasil. As indústrias siderúrgicas, capazes de produzir em larga quantidade os elementos necessários para a implantação de estruturas em aço na construção civil, só ficaram disponíveis no país a partir da década de 1940. Já antes desse período, os engenhei- ros, arquitetos e construtores brasileiros tinham adquirido uma grande expertise na execução de estruturas em concreto armado. Mesmo assim, a arquitetura brasileira produziu importantes projetos em estru- tura metálica. Entre eles, podemos citar o Centro Cultural São Paulo (Figura 7) de Eurico Prado Lopes e Luiz Telles, projetado em 1976 e o Centro Cultura Itaú (Figura 8), de Ernest Robert de Carvalho Mange, projetado em 1995. 12 13 Figura 7 – Centro Cultural São Paulo (Eurico Padro Lopes e Luiz Telles, 1976) – São Paulo, Brasil Fonte: Wikimedia Commons Figura 8 – Centro Cultural Itaú (Ernest Robert de Carvalho Mange, 1995) – São Paulo, Brasil Fonte: Wikimedia Commons Estruturas em Concreto Armado O Concreto Armado é um sistema estrutural composto, que apresenta em sua configuração o concreto simples em conjunto com armaduras metálicas (verga- lhões). A união desses dois materiais faz com que o concreto armado suporte de maneira eficaz os esforços de compressão e tração, além de conferir ao material, ductilidade, ou seja, a capacidade plástica de moldar estruturas em variadas formas, sem prejudicar sua resistência. 13 UNIDADE Introdução aos Sistemas Estruturais e de Vedações Verticais Importante! A utilização da argamassa (cimento, areia e água) é uma prática milenar. Seu emprego já foi identificado em sítios arqueológicos no Iraque, por exemplo, por volta de 4.000 a.C. Você Sabia? O concreto simples (mistura de cimento, areia, pedra e água, além de aditivos utilizados para otimizar seu desempenho), possui grande resistência à esforços de compressão, mas não é eficaz quando colocado sob a ação de esforços de tração. Em média o concreto resiste à compressão dez vezes mais que a esforços de tração. O desenvolvimento do concreto durante o império romano: https://youtu.be/FZpmCoNmnw4 Ex pl or Essa deficiência é neutralizada com inserção de vergalhões de aço, juntamente com o concreto simples, na configuração dos elementos estruturais (pilares e vigas). O aço, ao contrário do concreto, tem grande resistência aos esforços de tração, além de ser um material dúctil (Figura 9). Figura 9 – Diagrama de esforços sobre viga de concreto armado Fonte: BOSCARDIN, L. 2016 14 15 O uso do concreto armado, como efetivo sistema estrutural se inicia na segunda metade do século XIX, como resultado do avanço dos métodos de produção e per- formance dos seus elementos constituintes: o concreto e os componentes metálicos. Embora o concreto armado já tivesse sido empregado em silos, fábricas ou mesmo igrejas (St. Jean de Montmartre de Anatole de Baudot, 1895), foi Auguste Perret o primeiro a utilizar uma estrutura de concreto num blo- co de apartamentos (PEVSNER, 1981, p. 153). Os apartamentos da rua Franklin, em Paris, possuíam a estrutura de concreto, embora escondida por terracota e azulejos art nouveau (Figura 10). A estrutura aparente sur- giria somente em suas produções posteriores” (FOLZ,) Figura 10 – Edifício 25 bis, Rua Franklin (Auguste Perret, 1903) – Paris, França Fonte: Wikimedia Commons Durante o século XX, as possibilidades técnicas e plásticas do concreto armado foram amplamente exploradas por engenheiros e arquitetos como Le Corbusier (Figura 11 e Figura 12), Pier Luigi Nervi (Figura 13) e Oscar Niemeyer (Figura 14). A adoção de estruturas de concreto armado em larga escala na construção civil possibilitou a difusão de conceitos construtivos como a “planta livre”, substituindo as paredes portantes por um sistema estrutural independente, além de possibilitar a realização de grandes aberturas e balanços estruturais. O conceito de planta livre, baseado no uso de estrutura em concreto armado, é proposto por Le Corbusier com protótipo Maison Domino, em 1917 (Figura 11). Desde então, esse partido estrutural-arquitetônico foi adotado pela construção civil em escala mundial. 15 UNIDADE Introdução aos Sistemas Estruturais e de Vedações Verticais Figura 11 – Maison Do-mino (Le Corbusier, 1914) Fonte: Wikimedia Commons Figura 12 – Villa Savoye (Le Corbusier e Pierre Jeannet, 1931) – Poissy, França Fonte: Wikimedia Commons 16 17 Figura 13 – Hangar Orbetello (Pier Luigi Nervi, 1942) – Roma, Itália Fonte: pierluiginervi.org Figura 14 – Editora Mondadori (Oscar Niemeyer, 1968) – Milão, Itália Fonte: niemeyer.org 17 UNIDADE Introdução aos Sistemas Estruturais e de Vedações Verticais Após a Segunda Guerra Mundial, a vertente da arquitetura moderna conhecida como Brutalismo, populariza o uso do concreto armado como elemento aparente na composição formal dos projetos: A arquitetura brutalista é uma das mais marcantes tendências do panorama arquitetônico moderno, brasileiro e internacional, do período após a 2ª Guerra Mundial até pelo menos fins da década de 1970. As obras com ela identificadas caracterizam-se principalmente pela utilização do concreto armado deixado aparente, ressaltando o desenho impresso pelas fôrmas de madeira natural, técnica que passou a ser empregada com mais frequên- cia na arquitetura civil naquele momento, tanto como recurso tecnológico como em busca de maior expressividade plástica. Tem como paradigma fundacional as obras do arquiteto franco-suíço Le Corbusier [...] a partir do projeto da Unité d´Habitation de Marselha (1945-1949) e suas obras seguintes, que ajudaram a conformar uma determinada linguagem arquite- tônica que influenciou arquitetos e obras no mundo inteiro. (ZEIN,) Figura 15 – Unité d´Habitation de Marselha (Le Corbusier, 1945/1949) – Marselha, França Fonte: Wikimedia Commons Para a execução correta de uma obra em concreto aparente, devem-se observar alguns cuidados. A especialização da mão de obra para trabalhar com esse material é fundamental, pois o concreto aparente não admite erros e muitos retoques. Se, por alguma razão, a execução de uma grande área for comprometida, a solução é demolir e executar novamente, representando sobrecustos. Recomenda-se que o cimento tenha a mesma procedência do início ao término da obra evitando, assim, 18 19 diferenças drásticas de tonalidade e texturas, pois a composição química do cimento pode variar em função da composição química das matérias-primas, as quais são adquiridas na região próxima à fábrica de cimento. O tipo de forma utilizada é determinante no resultado formal do concreto apa- rente. Em contato direto com o material, é ela que define a aparência que a su- perfície terá. Devido ao baixo custo, quando comparadas com outros materiais, as formas de compensado de madeira são as mais utilizadas, deixando marcas das placas na superfície final (Figura 16). As formas de compensado plastificado, no entanto, proporcionam um acabamento mais uniforme.Em ambos os casos, o sistema de travamento das formas pode gerar furos na superfície (Figura 17) sem representar riscos na estrutura. Já a forma metálica é mais cara e garante um as- pecto extremamente liso. Figura 16 – FAU-USP (João Batista Vilanova Artigas, 1961/1969) – São Paulo, Brasil Fonte: Wikimedia Commons Figura 17 – Rokko Housing (Tadao Ando, 1981/1998) – Kobe, Japão Fonte: Wikimedia Commons 19 UNIDADE Introdução aos Sistemas Estruturais e de Vedações Verticais As características das superfícies geradas pelo uso de diversos tipos de formas e travamentos podem ser utilizadas como elementos de composição formal no projeto arquitetônico. Comparando a utilização das duas modalidades estruturais (concreto armado e aço), ambas se submetem a cálculos estruturais de extrema exatidão. Essa preci- são possibilita a execução de peças corretamente dimensionadas, possibilitando adoção de processos industriais em ambos os casos. Em termos de segurança e desempenho, os dois sistemas apresentam desempenhos equivalentes. Em síntese, podemos considerar, então, que a opção por um ou outro sistema estrutural pode se dar pelas características técnicas e formais a serem adotadas por arquitetos e designers no processo de projeto, considerando também a disponibili- dade e os custos dos materiais envolvidos, além da mão de obra. Sistemas de Vedação Vertical Os sistemas de vedação vertical, ou seja, o conjunto de paredes e esquadrias (portas, janelas e fachadas), além da configuração dos ambientes de uma edifica- ção, devem oferecer desempenho satisfatório a fatores como estanqueidade ao ar e à água, resistência a rajadas de ventos e garantia de conforto acústico e térmico. Focando os componentes fixos (paredes), abordaremos agora os sistemas de vedação mais comumente utilizados na construção civil: vedação em tijolos, blocos cerâmicos, blocos de concreto e fechamentos em Steel Frame. Alvenarias em Tijolos O tijolo é um produto cerâmico, geralmente em forma de paralelepípedo. Tradicio- nalmente, é fabricado com argila e apresenta cor avermelhada devido ao cozimento. Pode ser encontrado nos tipos maciço ou perfurado. Importante! Os vestígios mais antigos de tijolos datam de 7500 a.C., encontrados em Çayönü, no su- deste da Anatólia, na Turquia. Em descobertas mais recentes, foram encontrados tijolos de 7000 e 6395 a.C., em Jericó e em Çatalhüyük, respectivamente. A partir de dados re- colhidos nessas e outras descobertas arqueológicas, foi concluído que os tijolos cozidos foram inventados no terceiro milênio antes de Cristo, no Oriente Médio. Você Sabia? O processo de fabricação dos tijolos se dá a partir de argila, argila xistosa, silica- to de cálcio ou cimento, sendo a argila a matéria mais comum. Depois de a argila ser extraída, normalmente em fundo de rios próximos aos locais de fabricação, 20 21 o material passa por uma fase de purificação para livrá-lo de impurezas. Após a purificação, a argila é amassada juntamente com água e triturada em uma má- quina conhecida como picador. Num processo artesanal, pode ser amassada e aglutinada por tração animal. A argila então é modelada, no formato de paralelepípedos, através de cilindros e ferramentas de corte. Depois da fase de moldagem, o material é posto para secar ao sol por um período de 1 a 2 dias, ou em fornos, numa temperatura por volta dos 70ºC por um período de 24 horas no máximo. Seguindo o período de seca- gem, os blocos de argila são cozidos em fornos numa temperatura por volta dos 900ºC. O tempo médio de cozimento é de 24 horas. Após o cozimento, os tijolos são resfriados ao tempo, ou por ventiladores industriais. O tijolo pode ser empregado como substrato, onde servirá de suporte para a aplicação de pintura ou argamassas, ou de modo aparente, atuando de maneira ativa na composição formal da edificação (Figura 18). Suas dimensões usualmente são de 22,5 x 1,05 x 5,00 cm. Figura 18 – Fabrica Fagus (Walter Gropius, 1913) – Alfeld, Alemanha Fonte: Wikimedia Commons Sobre o tipo de assentamento dos tijolos, podemos destacar as formas mais tradi- cionais: • Assentamento à meia vez (Figura 19): consiste em colocar uma fila de ti- jolos, e a fila superior fica deslocada “meio tijolo” para o lado; a fila que se sucede vai ter a mesma configuração da primeira. Figura 19 – Assentamento à meia vez Fonte: Wikimedia Commons 21 UNIDADE Introdução aos Sistemas Estruturais e de Vedações Verticais • Assentamento ao cutelo (Figura 20): semelhante ao aparelho à meia vez, mas o tijolo encontra-se na vertical. Figura 20 – Assentamento ao cutelo Fonte: Wikimedia Commons • Assentamento francês (Figura 21): consiste em colocar pares de tijolos alter- nadamente (em filas) “esquerda-direita” / “frente-trás”. Figura 21 – Assentamento francês Fonte: Wikimedia Commons Alvenarias em Blocos Cerâmicos Os blocos cerâmicos, desenvolvidos a partir do tijolo tradicional, apresentam a ver- são exclusiva para fechamento, conhecido também como “tijolo baiano” (Figura 22) e o bloco cerâmico perfurado, para a execução de alvenarias estruturais. Figura 22 – Alvenarias em Tijolo Baiano Fonte: iStock/Getty Images 22 23 Dentre os blocos utilizados apenas para fechamento (sem função estrutural), o tijolo baiano é mais barato do mercado, mas tem altos índices de quebras, produzindo bas- tante entulho no canteiro de obras. Mas se comparado ao tijolo comum e ao bloco de concreto, tem desempenho térmico superior. Suas dimensões são bastante variadas, mas usualmente podemos considerar a dimensão de 14x19x29 cm a mais comum. Alvenarias em Blocos de Concreto Nos grandes centros urbanos do Brasil, o bloco de concreto (Figura 23) é o mais utilizado atualmente. Sobretudo na execução de edifícios com vários pavimentos. É o bloco que permite maior racionalização da obra por ter dimensões e caracte- rísticas padronizadas. Pode ser utilizado exclusivamente para fechamento ou na composição de alvenarias estruturais. É também o mais resistente, e o desperdício causado pelas quebras do material é muito inferior ao gerado pelo tijolo baiano. Além disso, é preciso menos argamassa de assentamento e camadas mais finas de reboco, principalmente nas paredes internas. Porém, se comparado com o tijolo tradicional e ao tijolo baiano, é o que oferece menor conforto térmico. Suas dimen- sões são de 19x19x39 cm, 14x19x39 cm e 9x19x39 cm. Figura 23 – Alvenarias em bloco de concreto Fonte: iStock/Getty Images Fechamentos em Steel Frame O Steel Frame (Figura 24) é um método construtivo racional e industrializado, difundido principalmente pelos EUA. Consiste na execução de fechamentos ver- ticais, estruturais ou não, configurados a partir de perfis leves de aço galvanizado, com espessuras entre 0,80 mm e 2,30 mm dobrados a frio. 23 UNIDADE Introdução aos Sistemas Estruturais e de Vedações Verticais Figura 24 – Construção em Steel Frame Fonte: iStock/Getty Images Os fechamentos externos podem ser constituídos por placas cimentícias ou OSB (Oriented Strand Board: painel estrutural de tiras de madeira orientadas perpendi- cularmente, em várias camadas). Como fechamento interno, são utilizadas chapas em gesso acartonado (drywall). Importante! Para garantir o conforto termoacústico dos ambientes, o interior das paredes constru- ídas com esse sistema deve ser preenchido com isolantes termoacústicos, como lã de vidro ou lã de rocha. Importante! Um sistema de fechamento em Steel Frame, se bem executado, garante um desempenho térmico e acústico muitas vezes superior quando comparado aos mo- delos tradicionais, em tijolo, blocos cerâmicos ou de concreto. Outras vantagens do sistema são a limpeza da obra, maior racionalização (incluindo aí a implantação das instalações hidráulicas e elétricas), além do menor peso, possibilitando o uso de elementos estruturais mais esbeltos. Apesar da vasta utilização no continente norte-americano, onde a técnica teve origem, o steel frame ainda não se popularizou no Brasil. Isso também vale paraseus fechamentos externos, que apesar de já contarem com um bom número de fabricantes no Brasil, sentem os reflexos dessa falta de popularidade do sistema. (QUINALIA, 2008) 24 25 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Fechamento Externo para Steel Frame https://goo.gl/vsnm7E Livros Concreto Armado – Eu te amo BOTELHO, M. H. C.; MARCHETTI, O. Concreto Armado – Eu te amo. 8 ed. [s.l.] Blucher, 2015. Vídeos Ensaio de Tração em Viga de Concreto https://youtu.be/SPP9MB52jsg O Segredo das Coisas - Tijolo https://youtu.be/9QIMqFgICCs 25 UNIDADE Introdução aos Sistemas Estruturais e de Vedações Verticais Referências BOTELHO, M. H. C. Resistência dos Materiais: Para Entender e Gostar. 3 ed. [s.l.] Blucher, 2015. COHEN, J. L. O futuro da arquitetura desde 1889: Uma história mundial. São Paulo: Cosac Naif, 2013. CRIVELARO, M.; PINHEIRO, A. C. da F. B. Materiais de Construção. 2. ed. [s.l.] Érica, 2016. ISAIA, G. C. Materiais de construção civil e princípios de ciências e engenha- ria de materiais. [s.l.] IBRACON, 2007. QUINALIA, E. Fechamento externo para steel frame. Disponível em <http:// construcaomercado.pini.com.br/negocios-incorporacao-construcao/82/arti- go282905-1.aspx>. Acesso em 23/08/ 2018. ZEIN, Ruth Verde. Arquitetura da Escola Paulista Brutalista: 1953-1973 - Conceitos. 26
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