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PROCESSOS CONSTRUTIVOS PROCESSOS CONSTRUTIVOS Processos Construtivos Ana Paula de Sá Gonçalves Eduarda Pereira Barbosa Ana Paula de Sá Gonçalves Eduarda Pereira Barbosa GRUPO SER EDUCACIONAL gente criando o futuro A engenharia, em um sentido amplo, é a aplicação de métodos, criados a partir de conhecimentos cientí� cos e empíricos, para a resolução de problemas. Ela é a aplica- ção da ciência em benefício da sociedade. A engenharia civil, especi� camente, oferece diversas possibilidades, e compete ao pro� ssional da área conhecer o máximo que puder sobre elas, a � m de orientar seus projetos àquilo que é mais viável. Diante de um cenário tão vasto, é impossível dominar todos os assuntos, mas é im- prescindível que o engenheiro civil desenvolva algumas habilidades, como criar, ana- lisar, � scalizar e gerir, e possua determinados conhecimentos. A partir do desenvolvimento dessas competências, ele terá capacidade de acompa- nhar as constantes mudanças nas tecnologias, nos processos e nos sistemas que en- volvem a indústria da construção. O mercado é exigente, e um pro� ssional que não dá respostas rápidas às demandas acaba sendo excluído. Visando munir o(a) aluno(a) de alguns desses conhecimentos essenciais e capacitá- -lo(a) para acompanhar o mercado e desenvolver habilidades, nessa disciplina, iremos conhecer os sistemas construtivos convencionais e não convencionais, as diferenças entre produtos pré-fabricados e exclusivamente industrializados, sistemas tecnoló- gicos, gerenciamento e cálculo de processos construtivos, padronização de custos, análises de processos construtivos, cálculos de perdas construtivas, curvas de agre- gação de recursos, entre outros temas. Capa_formatoA5.indd 1,3 25/03/2021 15:56:14 © Ser Educacional 2021 Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro Recife-PE – CEP 50100-160 *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. Imagens de ícones/capa: © Shutterstock Presidente do Conselho de Administração Diretor-presidente Diretoria Executiva de Ensino Diretoria Executiva de Serviços Corporativos Diretoria de Ensino a Distância Autoria Projeto Gráfico e Capa Janguiê Diniz Jânyo Diniz Adriano Azevedo Joaldo Diniz Enzo Moreira Ana Paula de Sá Gonçalves Eduarda Pereira Barbosa DP Content DADOS DO FORNECEDOR Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão. SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 2 25/03/2021 14:55:53 Boxes ASSISTA Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple- mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado. CITANDO Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa relevante para o estudo do conteúdo abordado. CONTEXTUALIZANDO Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato; demonstra-se a situação histórica do assunto. CURIOSIDADE Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto tratado. DICA Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado. EXEMPLIFICANDO Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto. EXPLICANDO Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da área de conhecimento trabalhada. SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 3 25/03/2021 14:55:53 Unidade 1 - Sistemas e materiais construtivos Objetivos da unidade ........................................................................................................... 13 Sistemas construtivos convencionais ............................................................................. 14 Concreto armado ............................................................................................................. 16 Alvenaria estrutural ........................................................................................................ 18 Parede de concreto ........................................................................................................ 19 Madeira ............................................................................................................................. 20 Metal .................................................................................................................................. 22 Sistemas construtivos não convencionais ...................................................................... 24 Adobe ou pau a pique ..................................................................................................... 24 Bambu ............................................................................................................................... 26 Container ........................................................................................................................... 27 Produtos pré-fabricados e pré-moldados ........................................................................ 28 Pré-moldados de concreto ............................................................................................ 29 Concreto protendido ....................................................................................................... 31 Pré-moldados e pré-fabricados de madeira ............................................................... 32 Pré-fabricados de metal ................................................................................................. 33 Sintetizando ........................................................................................................................... 34 Referências bibliográficas ................................................................................................. 35 Sumário SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 4 25/03/2021 14:55:53 Unidade 2 - Construção industrializada Objetivos da unidade 38 Industrialização da construção civil 39 Produtos pré-fabricados 41 Produtos pré-industrializados 50 Sistemas de pré-fabricação 55 Breve histórico da pré-fabricação 56 Sistemas pré-fabricados de concreto 58 Sistemas tecnológicos 61 Sistema Camus 62 Sistema Bossert 64 Sintetizando 65 Referências bibliográficas 66 Sumário SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 5 25/03/2021 14:55:53 Sumário Unidade 3 – Planejamento e gerenciamento na construção civil Objetivos da unidade ........................................................................................................... 68 Gerenciamento e planejamento das construções ......................................................... 69 Importância de planejar e gerenciar na construção civil ........................................ 69 Principais ferramentas utilizadas ................................................................................. 73 Curva ABC para a gestão de estoques ........................................................................ 85 Produtividade na construção civil .................................................................................... 87 Fatores que influenciam a produtividade .................................................................... 88 Indicadores de produtividade ....................................................................................... 91 Gestão dos custos construtivos ......................................................................................... 93 Importância do orçamento ............................................................................................ 93 Sintetizando ........................................................................................................................... 95 Referências bibliográficas .................................................................................................96 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 6 25/03/2021 14:55:53 Sumário Unidade 4 - O desperdício na construção civil Objetivos da unidade ........................................................................................................... 99 Gestão das perdas construtivas ...................................................................................... 100 Tipos de perdas .............................................................................................................. 100 Cálculo de indicadores de perdas construtivas ....................................................... 104 Construção enxuta (ou lean construction) .................................................................... 107 Produção enxuta (ou lean production) ..................................................................... 108 Conceitos e princípios do lean construction ............................................................ 109 Acompanhamento do desenvolvimento do projeto ..................................................... 112 Curva S de trabalho e curva S de custos .................................................................. 113 Curva S padrão .............................................................................................................. 114 Análise de valor agregado ........................................................................................... 115 Etapas de uma obra ............................................................................................................ 118 Sintetizando ......................................................................................................................... 122 Referências bibliográficas ............................................................................................... 123 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 7 25/03/2021 14:55:53 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 8 25/03/2021 14:55:53 A engenharia, em um sentido amplo, é a aplicação de métodos, criados a partir de conhecimentos científi cos e empíricos, para a resolução de proble- mas. Ela é a aplicação da ciência em benefício da sociedade. A engenharia civil, especifi camente, oferece diversas possibilidades, e compete ao profi ssional da área conhecer o máximo que puder sobre elas, a fi m de orientar seus projetos àquilo que é mais viável. Diante de um cenário tão vasto, é impossível dominar todos os assuntos, mas é imprescindível que o engenheiro civil desenvolva algumas habilidades, como criar, analisar, fi scalizar e gerir, e possua determinados conhecimentos. A partir do desenvolvimento dessas competências, ele terá capacidade de acompanhar as constantes mudanças nas tecnologias, nos processos e nos sis- temas que envolvem a indústria da construção. O mercado é exigente, e um profi ssional que não dá respostas rápidas às demandas acaba sendo excluído. Visando munir o(a) aluno(a) de alguns desses conhecimentos essenciais e capacitá-lo(a) para acompanhar o mercado e desenvolver habilidades, nes- sa disciplina, iremos conhecer os sistemas construtivos convencionais e não convencionais, as diferenças entre produtos pré-fabricados e exclusivamente industrializados, sistemas tecnológicos, gerenciamento e cálculo de proces- sos construtivos, padronização de custos, análises de processos construti- vos, cálculos de perdas construtivas, curvas de agregação de recursos, entre outros temas. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 9 Apresentação SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 9 25/03/2021 14:55:53 A Deus, por ter me capacitado e iluminado. Aos meus pais, Cleuza e Márcio (in memorian), pelo incentivo e confi ança. Aos meus irmãos, Leonardo e Rodrigo, por me entenderem e apoiarem sempre. Ao meu mentor, Carlos Maciel, que me encorajou e estimulou. E à Débora Borges, que me descobriu pelo LinkedIn. A professora Ana Paula de Sá Gon- çalves é especialista em Segurança do Trabalho (2008) e Engenharia Sanitária e Ambiental (2004) pela Universidade Vale do Aço – UNILESTE. É graduada em Engenharia Civil pela Universidade Vale do Rio Doce – UNIVALE (1997). Atua no setor de construção civil com demandas em engenharia e segurança do trabalho há mais de 20 anos. Traba- lhou com atividades operacionais, ten- do sido responsável pelos processos administrativos, logísticos e operacio- nais envolvidos em projetos, com foco principal no escopo e cronograma do cliente. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/3246405049348754 PROCESSOS CONSTRUTIVOS 10 A autora SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 10 25/03/2021 14:55:54 Dedico este trabalho a Deus, pela vida e forças para trabalhar todos os dias. A meus familiares, a todos que incentivaram minha vida acadêmica e aos meus alunos, que são a principal fonte de motivação para ser uma profi ssional melhor a cada dia. A professora Eduarda Pereira Barbosa é mestra em Engenharia Civil com ênfase em Materiais Regionais e Não Convencio- nais Aplicados a Estruturas e Pavimentos pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM, 2019) e graduada em Engenharia Civil pelo Centro Universitário do Norte (UniNorte, 2017). Tem experiência como professora conteudista para instituições de ensino superior e é professora de cursos técnicos nas disciplinas de Mate- riais de Construção; Mecânica dos Solos e Pavimentação; Topografi a; Estruturas de Concreto; Instalações Elétricas; Ins- talações Hidrossanitárias; Tecnologia da Construção; e Segurança do Trabalho, entre outras. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0366793836548985 A autora PROCESSOS CONSTRUTIVOS 11 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 11 25/03/2021 14:55:55 SISTEMAS E MATERIAIS CONSTRUTIVOS 1 UNIDADE SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 12 25/03/2021 14:56:15 Objetivos da unidade Tópicos de estudo Aprender sobre sistemas construtivos convencionais; Aprender sobre sistemas construtivos não convencionais; Diferenciar produtos pré-fabricados dos industrializados. Sistemas construtivos conven- cionais Concreto armado Alvenaria estrutural Parede de concreto Madeira Metal Sistemas construtivos não con- vencionais Adobe ou pau a pique Bambu Container Produtos pré-fabricados e pré-moldados Pré-moldados de concreto Pré-fabricados ou exclusiva- mente industrializados Concreto protendido Pré-moldados e pré-fabrica- dos de madeira Pré-fabricados de metal PROCESSOS CONSTRUTIVOS 13 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 13 25/03/2021 14:56:15 Sistemas construtivos convencionais O processo construtivo acontece a partir do conhecimento aplicado e é motiva- do pela necessidade. Ao longo do tempo, ele evoluiu para atender às novas e mais complexas necessidades da sociedade e às necessidades básicas que pediam por maior efi ciência. Hoje, já é possível construir uma casa em poucas horas, dependen- do da tecnologia, dos recursos naturais e do investimento que se têm disponíveis. Para melhorar entendermos o que são sistemas construtivos, é importante co- meçar conceituando processo, sistema e construção: • Processo: maneira de se fazer alguma coisa, procedimento ou processo de criação. Ação contínua e prolongada, que expressa continuidade na realização de determinada atividade; • Sistema: reunião dos elementos que, concretos ou abstratos, interligam-se de modo a formar um todo organizado. Também pode signifi car qualquer con- junto constituído por elementos ou seções que se inter-relacionam, como um sistema estrutural; • Construção: ação de construir, de dar forma a algo, geralmente partindo de um plano ou projeto elaborado com antecedência. No caso da edifi cação é uma cons- trução como a de um complexo de apartamentos. Sistemas Basicamente, tudo que está ao nosso redor faz parte de um sistema. Sis- temas podem assegurar serviços, gerar segurança e garantir estabilidade, por exemplo, e podem ser artifi ciais ou naturais. Quando analisamos alguns dos sistemas conhecidos, observamos que só existem sistemas se houverem conjuntos. O sistema construtivo,por exemplo, é formado por fundações, pilares, vigas, lajes, vedações e coberturas. Um sistema só tem função se todos os seus componentes, elementos ou agentes atuarem juntos e sincronizados. Cada um assume sua função, colabora com os demais e faz com que o conjunto seja harmônico. O sistema construtivo é o tipo de tecnologia e método que serão utiliza- dos para construção de uma edifi cação. Para cada tipo de método construtivo é aplicado uma tecnologia; antes de escolher um dos modelos construtivos, como em concreto, em madeira ou em metal, é necessário um estudo a fi m de entender qual método é o mais adequado. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 14 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 14 25/03/2021 14:56:15 A escolha do sistema construtivo é pautada pela análise dos cenários, como o projeto arquitetônico e o ambiente. A ponte Vasco da Gama, em Portugal (Figura 1), foi construída em concreto armado e atirantada por cabos de aço. Devido ao terremoto ocorrido em Lisboa, em 1755, avaliado em 8,7 da es- cala Richter, a ponte foi construída com capacidade cinco vezes maior do que a necessária para suportar o terremoto ocorrido, a fim de resistir a abalos sísmi- cos e suportar velocidade de ventos de 250 km/h. É inconcebível pensar em um sistema construtivo de madeira para um cenário como esse. Figura 1. Ponte estaiada Vasco da Gama (sistema construtivo de concreto). Fonte: Shutterstock. Acesso em: 1/10/2020. Tecnologia Tecnologia, por definição, é uma técnica ou conjuntos de técnicas que parte do domínio sobre um assunto, instrumento ou ofício. A tecnologia surge a par- tir da necessidade e do desejo de desenvolver uma nova forma de se realizar uma tarefa, ou criar algo novo. Ela não é, necessariamente, algo exclusivo e inédito, mas dá novos signi- ficados e possibilita novas formas de se executar um serviço, de forma ágil e gerando menos resíduos, por exemplo. A tecnologia deve, preferencialmente, gerar valor. Usar tábuas junto ao barro, em algumas das primeiras construções feitas pelos seres humanos, era usar tecnologia. Elas permitiam que o modelo cons- trutivo tivesse maior estabilidade e possibilitou que as paredes da construção fossem mais altas e trincassem menos. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 15 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 15 25/03/2021 14:56:24 ASSISTA Uma das mais recentes e interessantes tecnologias usadas na construção é das casas feitas com uma estrutura pré-fabricada desdobrável. Por conta de um tufão que devastou uma região das Filipinas, um grupo de arquitetos e designers criou o projeto Casa Borboleta, a fi m de criar residências que atendessem de forma rápida e efi ciente aos desabrigados. O projeto produziu casas pré-fabricadas que só precisam de 15 minutos e três ou quatro pessoas para serem montadas. Veja como funciona a tecnologia no vídeo Uma casa desdobrável em 15 minutos - hi-tech, postado pelo canal Euronews. Quando se fala em tecnologia, deve-se pensar em investimento, seja inte- lectual ou fi nanceiro. Então, sistema construtivo é defi nir qual tecnologia será adotada para a construção. Escolhida a tecnologia, escolhem-se os elementos (materiais) que serão empregados nessa construção. A Figura 2 mostra um sistema construtivo de concreto que usa a tecnologia de pré-fabricado: Figura 2. Sistema construtivo de concreto pré-fabricado. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 1/10/2020. Concreto armado A tecnologia mais usual para a construção civil é o armado, um tipo de tec- nologia que utiliza cinco materiais: areia, brita, cimento, água e aço. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 16 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 16 25/03/2021 14:56:34 A parte do concreto é composta de areia, brita, cimento e água, e ele se torna armado quando é utilizado aço na estrutura da construção. A combinação desses elementos permite ao sistema estrutural do concreto armado resistir a compressões e trações. O concreto é resistente a com- pressões e não resiste bem a trações, e é aí que a ferragem entra, auxi- liando a resistir às trações, formando uma combinação é quase perfeita. O que torna o concreto armado o sistema construtivo mais usual é a facilidade na aquisição dos seus materiais, sua empregabilidade na obra e facilidade em ser moldado, fatores que o tornam de baixo custo quando comparado aos demais. Em contrapartida, controlar a qualidade, a quantidade gera- da de resíduos e ter formas e tamanhos geométricos restritos deixam esse sistema em desvantagem considerável, dependendo do empreendimento. Outro problema com esse modelo construtivo é a mão de obra, que geralmente não é qualificada, o que leva a vários problemas construtivos, patoló- gicos e de instabilidade. O sistema construtivo em concreto armado é considerado convencio- nal quando usa elementos, como fundações, pilares, vigas e lajes, todos em concreto armado in loco, e cada um desses elementos tem seu papel bem definido. A função da laje é receber cargas de todos os objetos que estão deposi- tados sobre ela e lançá-las sobre as vigas. As lajes podem servir somente de cobertura, caso em que lançam sobre as vigas somente a carga do seu próprio peso. As vigas recebem cargas das paredes, das lajes, somadas ao seu pró- prio peso, e as descarregam sobre os pilares. Os pilares lançam todas as cargas nas fundações, que, por sua vez, distribuem todas essas cargas re- cebidas para o solo. Em um sistema convencional, a retirada de um desses elementos, fina- lizada a obra, levará ao colapso parcial ou total da edificação. Não existe emenda e os reparos, geralmente, são caros. A Figura 3 apresenta um sis- tema construtivo convencional de concreto armado. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 17 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 17 25/03/2021 14:56:34 Figura 3. Sistema construtivo convencional em concreto armado. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 1/10/2020. O processo construtivo desse sistema é executado por partes. Primeiro, são feitas as fundações, depois, todos os pilares, sobre os quais são feitas as vigas, e, por fi m, as lajes. O processo se repete na sequência até que se atinja a altura projetada para a edifi cação. Concluída a estrutura, executa-se a alvenaria de vedação, esquadrias e facha- da. Outro processo construtivo bastante executado consiste em erguer a alvena- ria de vedação junto com estrutura da edifi cação, com o intuito de economizar forma de fundos na execução das vigas. Nesse caso, estamos considerando que a alvenaria será executada com tijolos cerâmicos ou blocos de concreto. Esse méto- do não se aplica a fachadas com vidro, por exemplo. Como a alvenaria não é considerada estrutural, ela pode sofrer algumas alte- rações, como abertura ou ampliação de vãos não previstos em projeto. Vale res- saltar que seguir o projeto é o recomendado, e toda alteração deve ter o consen- timento dos projetistas. Alvenaria estrutural Esse modelo construtivo utiliza a vedação como estrutura ou parte dela. A vedação pode ser de bloco de concreto ou de cerâmica, e, dentro das aberturas dos blocos, são colocadas as ferragens, formando as vigas e os pilares. A alve- naria servirá de forma e de estrutura, simultaneamente. A Figura 4 mostra um exemplo de alvenaria estrutural. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 18 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 18 25/03/2021 14:56:42 Figura 4. Sistema construtivo convencional em alvenaria estrutural. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 1/10/2020. O processo construtivo desse sistema é executado de uma vez só, ou seja, ao assentar os blocos já se executam as vigas e pilares ao mesmo tempo. Assim, é pra- ticamente impossível executar aberturas não previstas em projeto. Como as pare- des são a estrutura da edifi cação, aberturas podem colapsar toda a estrutura. Até aberturas para tubulação, que são muito usuais na estrutura de concreto armado convencional, fi cam comprometidas nesse sistema. As principais vantagens desses sistemas construtivos são a redução de formas, a limpeza no canteiro deobras e o menor desperdício de materiais. Como desvanta- gem, podemos citar a falta de mão de obra especializada (tanto projetistas quanto executores), a limitação estética e a necessidade de cumprir à risca o projeto. Parede de concreto Esse sistema construtivo vem se destacando em obras residenciais, e vem ganhan- do espaço em empreendimentos de larga escala, com alta repetitividade de projetos. O processo construtivo é executado in loco. Sobre as fundações, constrói-se uma parede totalmente de concreto, que assume função de pilar viga ou viga pilar. Sobre essa parede de concreto, lança-se a laje, geralmente de concreto armado. A estrutura se repete até que chegue na altura defi nida em projeto. Entre as vantagens do sistema estão a velocidade na execução, o controle da qualidade, o cumprimento de prazos e a existência de mão de obra qualifi ca- da. Entre as desvantagens, destacam-se o consumo de formas, o alto custo no PROCESSOS CONSTRUTIVOS 19 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 19 25/03/2021 14:56:48 caso de reformas ou reparos, o não oferecimento de bom isolamento térmico e acústico e o fato de a demolição de paredes ser totalmente vedada. Figura 5. Sistema construtivo convencional em paredes de concreto. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 1/10/2020. ASSISTA Veja mais sobre paredes de concreto no vídeo Sistema constru- tivo parede de concreto, postado pelo canal Tvdaobra. O vídeo mostra que o método construtivo foi utilizado para revitalizar o Complexo da Penha, no Rio de Janeiro. Madeira A madeira é usada em construções há muito tempo e por diversos povos, mui- tas vezes de forma artesanal. Figura 6. Sistema construtivo convencional em madeira. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 1/10/2020. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 20 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 20 25/03/2021 14:57:03 A escolha desse sistema construtivo está, geralmente, ligada a gostos particulares, à abundância do material ou ao aspecto cultural. É mais co- mum encontrarmos construções assim no Sul do Brasil do que no Sudeste, por exemplo. É pouco provável encontrar uma edificação de madeira em um centro urbano; elas são encontradas com maior frequência na zona rural, em bairros estritamente familiares. Nos EUA e no Canadá, esse sistema é largamente utilizado. Enquanto no Bra- sil a sua utilização mais comum é para fins residenciais, de no máximo dois pavi- mentos, nesses outros países, vemos hotéis e edifícios comerciais em madeira. O edifício em madeira mais alto do mundo está no Canadá e é comercial. Assim como o sistema de concreto, o de madeira também é composto por pilares, vigas e lajes (assoalhos). A estabilidade da edificação será garantida a partir da dimensão das peças e do tipo de madeira. Os esforços cortantes e a flambagem serão combatidos pela fibra da madeira; seu corte deve seguir o direcionamento onde a fibra apresenta maior desempenho, e há outros ele- mentos que auxiliam nessa estabilidade, como a utilização de cabos de aço. A madeira é considerada o melhor material quando falamos de acústica e de conforto térmico. Seu aspecto aconchegante e acolhedor é marcante. Outra característica bem marcante é o conceito de obra limpa: além de gerar pouco resíduo, a execução é ágil e não demanda tempo de cura, como no sistema de concreto. Sua capacidade de vencer grandes vãos permite maior liberdade para pro- jetar. Como seu peso específico é baixo, construir com madeira gera uma carga menor e, consequentemente, fundações mais leves. O grande entrave em construir com madeira está ligado à procedência. Para construir com madeira, é necessário ter certificação, pois usar madeira sem autorização é crime ambiental. No Brasil, as empresas que investem nesse seg- mento usam peroba-rosa, rosadinho, itaúba, angico-preto, eucalipto e taipa, sendo que no Sul do Brasil é muito utilizado o pinho-do-paraná. Outras des- vantagens para o uso da madeira são a ausência de mão de obra qualificada, a manutenção, a conservação e o preço. O processo construtivo segue os demais sistemas: fundação, pilares, vigas e assoalho (piso). Geralmente, em seu fechamento lateral, usa-se a própria ma- deira, mas ele aceita bem qualquer outra tecnologia de vedação. A cobertura, PROCESSOS CONSTRUTIVOS 21 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 21 25/03/2021 14:57:03 geralmente, tem estrutura de madeira com telha de cerâmica ou fi brocimento. A fi xação das peças é realizada por parafusos e/ou cortes de encaixe. Depen- dendo do vão, é necessário o travamento por cabos de aço. Assim como no sistema de concreto, as edifi cações construídas com ma- deira podem ser mescladas com o concreto ou com metal. O sistema cons- trutivo é defi nido pelo gosto pessoal, pelo tempo e pelos custos. O gosto do cliente deve ser considerado e cabe ao projetista orientá-lo sobre as vanta- gens e desvantagens. Metal O sistema construtivo metálico, assim como os anteriores, é formado por fundações, pilares, vigas e lajes. É muito comum em prédios comerciais, tanto verticais quanto horizontais. Como esse sistema é muito utilizado em fábricas e galpões, ele não é tão apreciado para fi ns residenciais. Pes- soas com gostos contemporâneos apreciam mais esse modelo. O prédio metálico mais famoso é, sem dúvida, o Empire State Building, construí- do na década de 1930 e considerado, até 1970, o prédio mais alto do mundo. O que garante resistência ao sistema construtivo metálico é o teor de carbono utilizado, que, alinhado ao dimensionamento da estrutura, dá inúmeras possibili- dades ao arquiteto na criação. Mesmo tendo robustez na estrutura, esse sistema construtivo é mais leve do que o de concreto, o que garante fundações mais leves. As vantagens nesse modelo construtivo são: otimização de espaços, agili- dade na execução da obra, controle de qualidade, confi abilidade e padrão das peças, construção limpa, ambiente de trabalho mais enxuto e cadeia consoli- dada de reciclagem. As desvantagens são: falta de mão de obra especializada, falta de conforto acústico e custos elevados. Em regiões litorâneas, a corrosão é um fator que agrava a escolha desse sistema. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 22 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 22 25/03/2021 14:57:11 Os fechamentos laterais para o modelo construtivo são diversos: vedação tradicional com tijolos, vidro, folhas metálicas, placas cimentícias, entre outros. Vale ressaltar que o fechamento lateral ou acabamento externo devem ser de- finidos ainda em projeto. O processo construtivo metálico se inicia a partir da fixação das peças com parafusos ou solda. Dependendo do vão, a estabilidade da estrutura é garan- tida por cabos de aço. Esse sistema aceita como pisos: laje de concreto e assoalho de madeira ou me- tálico. A escolha é feita a partir da carga que incidirá sobre esse pavimento, os custos e a acústica, e o piso escolhido deve ser contemplado na fase de projeto. Figura 7. Sistema construtivo convencional em metal. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 1/10/2020. Vale destacar que uma construção erguida pelo sistema metálico ou de madeira permite reaproveitamento, enquanto na de concreto não há essa possibilidade. As- sim, escolher esse sistema para canteiros de obras é a melhor opção. Vimos que, no sistema convencional de construção, a combinação de elementos é possível. A decisão de usar mais de um tipo de material depende de custos, do projeto arquitetônico, do desejo do cliente e do prazo de entrega. Algumas combinações não são observadas ou indicadas; pro- vavelmente, não existirá uma estrutura de madeira com laje de concreto, assim como uma estrutura de concreto e piso de madeira , pois os esforços, as movimentações e as dilatações são distintas entre esses materiais. As patologias que surgirão em função dessas combinações não se justificam. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 23 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 23 25/03/2021 14:57:20 Sistemas construtivos não convencionais Sistemas construtivos não convencionaissão aqueles de uso incomum, e que, por vezes, são totalmente artesanais. As construções de pau a pique, de bambu, tapumes, adobe e em garrafas PET são alguns dos tipos de sistemas não convencionais. A escolha do sistema construtivo está ligada a costumes, cultura, poder aquisitivo, tipo de edifi cação, tempo de execução, custos e autorizações. Esco- lher o sistema é a decisão mais importante a ser tomada antes de se iniciar a obra, pois uma decisão mal tomada interferirá no custo, no tempo de execução da obra e na sua aparência. É preciso averiguar a disponibilidade do material que será usado na região da construção, assim como se há autorização legal para se realizar um determi- nado tipo de construção em uma região específi ca. Mesmo em sistemas não convencionais, a estabilidade é chave, e precisa ser garantida desde o solo até a maneira com que se unem os materiais escolhidos. Adobe ou pau a pique O modelo construtivo mais antigo ainda existente no Brasil é o pau a pique. A maioria dessas edifi cações está localizada em locais de difícil acesso, abri- gando famílias muito pobres. A chave, nesse caso, é o baixo poder aquisitivo, pois essas edifi cações são feitas com elementos que existem no entorno da construção e não necessitam e mão de obra qualifi cada. Há construções de pau a pique que estão próximas a cidades e que têm acesso fácil ao comércio local, por exemplo, mas isso não quer dizer que as condições fi nanceiras dos proprietários das construções sejam melhores. Por vezes, os municípios não investem em moradia social. Em alguns casos, os mo- radores nasceram e cresceram em lugares assim, e isso acaba ganhando uma importância cultural e de segurança. O processo construtivo ocorre com as casas, geralmente, sendo fi xadas em solo duro, próprio da região. A estrutura pode ser erguida de duas formas, sa- bendo que para ambas serão usados barro, madeira (como o bambu ou outra madeira nativa) e cipó. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 24 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 24 25/03/2021 14:57:20 Primeira forma de se construir Com o barro úmido, faz-se a primeira camada da edificação e sobre ela co- locam-se tiras de bambu. A espessura é em torno de 15 cm. Essas camadas se repetem até a altura do telhado. Geralmente, são estruturas baixas, em torno de 1,9 m de altura. A estabilidade é garantida por meio dos bambus na vertical, servindo de pilar, que são amarrados com cipó. Nos cantos, usa-se um bambu inteiro, roliço, também na vertical. Segunda forma de se construir Faz-se uma caixa de madeira entrelaçada, que é fixada no chão e preen- chida com barro ou utilizando chapisco. Neste caso, é necessário ter uma tela, que servirá de forma. Utiliza-se folha de bananeira ou de palmeira para formar essa tela. Figura 8. Sistema construtivo não convencional em pau a pique. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 1/10/2020. É importante se atentar que a segurança acontece devido ao emaranha- do de madeira combinado com a textura da argila e a boa amarração. Não é qualquer argila que tem como propriedade a adesão; essa argila, geralmente, é pegajosa, com grãos finos. Enquanto nas estruturas de concreto o estribo tem a finalidade de su- portar o esforço transverso da estrutura, apoiar e manter a armadura longi- tudinal durante o processo de betonagem, nesse modelo construtivo, o cipó é que assumirá essa função. Quanto mais amarras tiver a estrutura, mais estável ela ficará. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 25 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 25 25/03/2021 14:57:27 EXPLICANDO Estribo é a armadura longitudinal do elemento, viga ou pilar. Bambu A arte de construir com bambu é milenar. Na Ásia, em especial na China, cons- truir com bambu é tradição. Os chineses têm diversas pontes espetaculares cons- truídas com bambu, e o Taj Mahal, na Índia, tem sua cúpula construída com bambu. Figura 9. Sistema construtivo não convencional em bambu. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 1/10/2020.. Além de ser considerado totalmente ecológico, a velocidade de reprodução do bambu é alta e o aproveitamento é total. É um material de valor econômico baixo, por isso é muito utilizado no continente africano, onde há muitas regiões de condições economicamente desfavorecidas. No mundo, são encontradas cerca de 1300 espécies de bambu, com cores variadas e alturas que podem chegar a 40 metros. O bambu apresenta alta resistência mecânica, o que lhe confere propriedade estrutural. Não há concor- rente no meio vegetal com características tão interessantes quanto o bambu. O sistema construtivo utilizando bambu segue como os demais: os pilares e vigas são feitos com peças de diâmetro maior ou um feixe de bambus com diâ- metros menores. O piso pode ser esteira ou de bambu roliço, e toda a estrutura pode ser amarrada com cipó ou cordas, aparafusada ou com encaixe. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 26 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 26 25/03/2021 14:57:34 Antes de escolher esse sistema, é importante contratar um projetista especialista no material e mão de obra qualificada para a execução. É imprescindível saber onde há fornecedor. As vantagens des- se sistema são a sua sustentabilidade, a inte- gração com o meio ambiente e o desempenho termoacústico. As desvantagens são a ausência de mão de obra especializada e a falta de oferta do produto, dependendo da região onde será erguida a construção. Apesar de ser bem resistente à umidade, o bambu requer manutenção e conservação, além de tratamento prévio. Container O container utilizado para transportar mercadorias se transformou em tendência inovadora de moradia. Muito utilizado como escritório em can- teiro de obras, é considerado uma excelente alternativa construtiva, pois permite montagem e desmontagem rápida, permitindo reutilização. O container é uma caixa de metal, desmontável e que vem sendo adap- tado para gostos mais modernos e práticos. Apesar da ideia ter ganhado visibilidade nos anos 1990, na Inglaterra, o container já aparecia em am- bientes como restaurantes, desde 1850, quando algumas pessoas cons- truíam em vagões de trem, que têm a mesma estrutura. Os arquitetos, ao verem os containers abandonados, tiveram a ideia de utilizá-los de forma mais estilizada. As vantagens em usar esse tipo de construção são: obra limpa e sustentável, execução rápida, terraplanagem e funda- ção econômica, baixo custo e durabilidade. As desvantagens em escolher essa cons- trução são: transporte, carregamento e descarregamento, falta de mão de obra especializada, necessidade de tra- tamento térmico e acústico e difi culdade para conseguir fi nanciamento. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 27 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 27 25/03/2021 14:57:34 Figura 10. Sistema construtivo não convencional em container. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 1/10/2020. Produtos pré-fabricados e pré-moldados Os produtos pré-moldados e pré-fabricados têm história desde a Segunda Guerra Mundial. O surgimento desses sistemas se deu a partir da necessida- de de vencer grandes vãos, onde a locação de pilares era inviável, onde havia a aceleração do processo construtivo e onde o sistema tradicional impactava no cotidiano da cidade. Os produtos pré-moldados são fabricados fora da obra. Não possuem controle de qualidade rigoroso, cabendo ao construtor, empresa construtora e/ou ao proprietário a inspeção e fi scalização das peças. Os produtos pré-fabricados, ou também chamados de exclusivamen- te industrializados, também são construídos fora da obra. O controle de qualidade é rigoroso, as etapas de fabricação têm testes de qualidade. O processo, como um todo, tem registros, como a data de fabricação e o tipo de concreto e de aço usados. Dessa forma, toda a inspeção e fi scalização é garantida pela fábrica. Os produtos pré-moldados e/ou pré-fabricados são encontrados no mer- cado em concreto, madeira e metal, tanto para estruturas quanto para fecha- mentos, telhados e acabamentos. PROCESSOS CONSTRUTIVOS28 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 28 25/03/2021 14:57:37 Os pré-fabricados de plástico estão surgindo bem timidamente no mer- cado. Apesar se ser uma tecnologia pouco sustentável, ela pode ser encon- trada em blocos de plástico reciclável, porém ainda encontra resistência, e a maioria dos produtos é utilizada como acabamento, fechamento de paredes e telhado. Pré-moldados de concreto Os produtos pré-moldados podem ser divididos em dois tipos: com fun- ção estrutural e sem função estrutural. Produtos estruturais As lajes maciças ou treliças e os blocos estruturais são exemplos desses produtos. São considerados estruturais por serem um dos elementos do sis- tema, ou seja, a sustentação ou travamento da estrutura depende deles. A laje, como já foi dito, é o elemento que receberá as cargas de pessoas e obje- tos, e o bloco estrutural assume função de viga e pilar. Figura 11. Sistema construtivo pré-moldado (laje moldada). Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 1/10/2020.. Produtos não estruturais Geralmente são utilizados para fechamento ou vedação, não oferecem re- sistência à compressão e/ou tração. Mesmo se forem retirados da construção, ela não entrará em colapso. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 29 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 29 25/03/2021 14:57:43 Figura 12. Sistema construtivo pré-moldado (bloco de concreto não estrutural). Fonte: Shutterstock. Acesso em: 1/10/2020. Figura 13. Sistema construtivo pré-fabricado (laje protendida). Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 1/10/2020. Pré-fabricados ou exclusivamente industrializados Os produtos pré-fabricados vêm ganhando espaço na construção civil, em especial nos grandes centros. Ainda é um modelo com custo elevado. A localização da indústria, o transporte, o carregamento e descarrega- mento, a mão de obra e o controle de qualidade são alguns dos fatores que oneram a sua utilização. A questão cultural também é um fator considerável. A carência de pro- fissionais que dominam o assunto contribui para falta de disseminação da tecnologia. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 30 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 30 25/03/2021 14:57:55 Por usar tecnologia altamente controlada, os produtos pré-fabricados oferecem durabilidade, economia, rapidez e limpeza no canteiro. O merca- do dos pré-fabricados oferta de fundação a acabamento, ou seja, produtos estruturais e não estruturais. Apesar do crescimento dos pré-fabricados para fi ns residenciais, eles ainda têm maior utilização em obras comerciais e em instalações urbanas. Os pré-fabricados em concreto também se destacam com relação ao uso de madeira e de aço. A escolha está relacionada a diversos fatores, como a versatilidade. No caso do concreto, sua disponibilidade é maior, o que o torna mais acessível e com custo menor. Os produtos pré-fabricados vêm apresentando alta tecnologia, efi ciência e beleza, sendo, também, utilizados para fechamento, acabamento e telha- do. À medida que o uso for empregado em larga escala, a tendência é que os custos baixem tornando seu uso acessível. Concreto protendido Vamos entender primeiro a diferen- ça entre concreto armado e protendi- do? O concreto armado é aquele que possui uma estrutura de concreto e aço por dentro. O concreto protendido, além de possuir concreto e aço no in- terior, possui cabos de aço tracionados e ancorados no próprio concreto. Esses cabos de aço proporcionam à estrutura um aumento da resistência à tração. O concreto protendido, existente no Brasil desde o século XIX, começou a ser usado a partir da necessidade de vencer grandes vãos. Com essa tec- nologia, é possível prever uma elevada carga de fl exão, o que para projetos estruturais é um ganho altíssimo. As estruturas protendidas são utilizadas, em geral, para grandes constru- ções, como pontes, viadutos, vigas em balanço e lajes com grandes vãos. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 31 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 31 25/03/2021 14:58:00 Figura 14. Ponte estaiada com concreto protendido. Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 1/10/2020. As vantagens em escolher essa tecnologia são: • Redução de esforços cortantes e tensões de tração, possibilitando pe- ças mais esbeltas; • Controle e redução de fissurações e deformações, já que a produção é totalmente industrializada; • Maior impermeabilização. A grande desvantagem é o alto custo de produção, de mão de obra es- pecializada, de controle tecnológico e de transporte. No Brasil, a última obra projetada por Oscar Niemeyer foi o Palácio Ti- radentes, sede do governo do estado de Minas Gerais, situado em Belo Horizonte. O Palácio Tiradentes tem o maior vão livre flutuante do mundo. Executado em concreto protendido e aço, o prédio é sustentado por tirantes metálicos, presos à cobertura, que está sustentada por pórticos metálicos. Pré-moldados e pré-fabricados de madeira Falar de pré-moldados e pré-fabricados de madeira signifi ca dizer que toda a madeira utilizada na construção foi cortada e moldada no formato defi nido no projeto. Desta forma, tem-se um tronco circular que será cortado em uma peça quadrada ou retangular. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 32 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 32 25/03/2021 14:58:06 Com o bambu não há essa possibilidade. Então, o que torna a madeira um pro- duto pré-moldado ou pré-fabricado é essa transformação do formato natural. Ir a uma loja que vende madeira, comprar caibros, ripas, peças que servi- rão de pilar e vigas, tábuas para o piso e forro não confi gura uma construção pré-moldada de madeira. Essas atividades remetem a um sistema construtivo convencional de madeira. A madeira como pré-moldado tem fabricação padrão, só se encontra por catálogo e é oferecida ao mercado com tamanho pré-defi nido. Pode-se dizer, ainda, que se compra esse material por módulos. Já a utilização da madeira como acabamento, fecha- mento de paredes, piso, janelas e portas apresenta uma gama maior de produtos por catálogo. Dessa for- ma, o projetista tem mais liberdade para criar. Pré-fabricados de metal O metal, assim como a madeira, é bem limitado quando o assunto é seu uso como pré-fabricado. O produto tem preço atrativo quando é oferta- do por catálogo. A indústria defi ne o padrão e o projetista apresenta um produto praticamente pronto para o cliente, sem identidade. Para fecha- mentos, revestimentos e acabamen- tos, sua utilidade é fantástica. O prazo de entrega, canteiro de obra limpo e desperdício quase zero tor- nam esse produto bastante interessante. Nos grandes centros, sua utilização está bastante difundida, mas há muito o que evoluir. A Figura 15 mostra a estrutura de casa pré-fabrica- da em metal. Os vãos de portas e janelas são defi ni- dos pelo fabricante e não pelo projetista, que tem a liberdade de defi nir, apenas, quantas aberturas quer no vão. Figura 15. Estrutura de casa pré-fabricada em metal. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 1/10/2020. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 33 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 33 25/03/2021 14:58:13 Sintetizando Nessa unidade, vimos as diferenças entre processo, sistema e construção. A partir desses conceitos, fica clara a interligação das etapas de uma construção, desde a concepção até a execução. Conhecemos os sistemas construtivos mais usuais (concreto armado, madeira e aço), assim como os sistemas não tão usuais como em pau a pique. Também estudamos os sistemas pré-moldados e pré-industrializados. A escolha do processo construtivo é extremamente importante. Ela interfere no custo da construção, no tempo de execução e na estética do empreendimento. Destacamos o quanto a tecnologia contribui para a evolução da construção civil, sobretudo, por meio de novos materiais e formas de executar projetos. É dever do engenheiro civil demonstrar, ao empreendedor, todas as vantagens ou desvantagens dos sistemas construtivos disponíveis, conduzindo à escolha da forma que melhor atenda ao gosto pessoal do cliente, aos critérios de segurança, à estabilidade,à economia, à sustentabilidade e à viabilidade. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 34 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 34 25/03/2021 14:58:13 Referências bibliográficas ARCHTRENDS PORTOBELLO. Construção em container: vale a pena usar essa tendência. Disponível em: <https://archtrends.com/blog/construcao-em-con- tainer/>. Acesso em: 1 out. 2020. CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO – CBIC. Desempenho de edificações habitacionais: guia orientativo para atendimento à norma ABNT NBR 15575/2013. Fortaleza: Gadioli Cipolla Comunicação, 2013. NOVELLI, R. P. Quais são os tipos de tecnologia construtiva estrutural. Noves Engenharia. Disponível em: <https://www.novesengenharia.com.br/tecnolo- gia-construtiva-estrutural/>. Acesso em: 1 out. 2020. SISTEMA construtivo parede de concreto. Postado por Ttvdaobra. (04 min. 01s.). son. color. port. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=zvz- fhVcE92Q>. Acesso em: 1 out. 2020. UMA casa desdobrável em 15 minutos – hi – tech. Postado por Euronews. (02 min. 00s.). son. color. port. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?- v=Ena9awWCzxo>. Acesso em: 1 out. 2020. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 35 SER_ENGCIV_PROCON_UNID1.indd 35 25/03/2021 14:58:13 CONSTRUÇÃO INDUSTRIALIZADA 2 UNIDADE SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 36 25/03/2021 15:12:56 Objetivos da unidade Tópicos de estudo Conhecer os principais produtos pré-fabricados de concreto, aço e madeira; Conhecer os principais produtos pré-industrializados utilizados nos sistemas drywall, light wood frame e light steel frame; Compreender o funcionamento dos principais sistemas de pré-fabricação de concreto; Compreender os conceitos a respeito dos sistemas Camus e Bossert. Industrialização da construção civil Produtos pré-fabricados Produtos pré-industrializados Sistemas de pré-fabricação Breve histórico da pré-fabricação Sistemas pré-fabricados de concreto Sistemas tecnológicos Sistema Camus Sistema Bossert PROCESSOS CONSTRUTIVOS 37 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 37 25/03/2021 15:12:56 Industrialização da construção civil A indústria da construção civil é reconhecida por ainda empregar proces- sos produtivos considerados artesanais, principalmente quando comparada a outras indústrias. Isso é infl uenciado por conta das características das edifi ca- ções, pois, diferentemente de outras indústrias, o produto fi nal é considerado único, pois difi cilmente uma edifi cação é igual a outra. Quando um produto é único, são necessários processos específi cos para sua obtenção, o que difi culta a produção racionalizada e em série. Isso se refl ete em uma indústria que apresenta grandes desperdícios e per- das de materiais, marcada por custos de produção elevados e baixo nível de pla- nejamento, baixa qualifi cação da mão de obra, baixo desempenho ambiental e grande incidência de manifestações patológicas. Em comparação com a constru- ção civil dos Estados Unidos e Europa, a construção civil brasileira necessita de aumentar a sua produtividade, promover inovações e a racionalização e padro- nização na produção (ABDI, 2015). Segundo Spadeto (2011), a construção civil tem uma série de características relativas a seu processo produtivo: • Características nômades: difi cultam a repetição e manutenção dos pa- drões de qualidade, com a difi culdade de manutenção das matérias-primas e processos utilizados; • Os produtos da construção são únicos e difi cilmente ocorrem repetições, conforme relatado anteriormente; • Produção centralizada, na qual o produto é fi xo, e os trabalhadores mo- vem-se em torno dele; • É uma indústria bastante conservadora e resistente a grandes mudanças; • Uso de mão de obra com pouca qualifi cação e de caráter bastante rotativo; • Locais de trabalho sujeitos à ação das intempéries, que, muitas vezes, in- terrompem o andamento das obras; • Apresentam menor grau de precisão, o que a torna demasiadamente fl exível. Com o passar dos anos, a construção civil tem buscado empregar processos para otimizar sua produção, via industrialização. A industrialização pode ser considerada o estágio mais elevado de processos construtivos. É um proces- so relacionado à fabricação dos componentes em indústrias, montagem nos PROCESSOS CONSTRUTIVOS 38 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 38 25/03/2021 15:12:56 canteiros de obras, assemelhando-se a uma linha de produção (ABDI, 2015). Envolve o processo produtivo de forma repetitiva, no qual a variabilidade en- volvida nas construções em que prevalecem técnicas artesanais é substituída por ações coordenadas e predeterminadas. A industrialização pode ser alcan- çada plenamente apenas após as fases de racionalização e mecanização da produção. A racionalização está ligada à otimização dos recursos, sejam eles financeiros, humanos, materiais ou tecnológicos. Por sua vez a mecanização está relacionada à produção em massa das construções (SPADETO, 2011). CURIOSIDADE A evolução da industrialização é dividida em três fases: a primeira está relacionada à Revolução Industrial, com o surgimento das máquinas; a se- gunda fase está relacionada ao ajuste dos mecanismos para a execução de tarefas: o ser humano passa relegar as tarefas tidas como repetitivas para as máquinas; a terceira fase está relacionada às implicações das Guerras Mundiais sobre a sociedade (LEITE, 2015). O processo de industrialização pode ser classificado em industrialização de ciclo aberto e de ciclo fechado. No ciclo fechado, grande parte das operações construtivas é trans- ferida para usinas, onde há maior controle da produção e princípios organizacionais. Apresenta a desvantagem de permitir pouca flexibilidade arquitetônica por conta de sua pa- dronização, uma vez que quanto maior o grau de pa- dronização, menores são as possibilidades de modifica- ção nas linhas de produção. No ciclo aberto, os componentes produzidos são destinados para o merca- do, e não apenas para suprir as demandas de uma empresa. Em função dessa característica, nesse ciclo, há uma maior flexibilidade de combinação de ele- mentos produzidos por diferentes fabricantes, o que permite sua utilização em projetos diversos. Sistemas e processos construtivos industrializados permitem a produção dos componentes e edificações em maior quantidade, melhor qualidade, me- lhor controle e menor tempo de construção em comparação com os sistemas construtivos convencionais. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 39 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 39 25/03/2021 15:12:56 Produtos pré-fabricados A utilização de produtos pré-fabricados é uma das formas que a construção civil encontrou para buscar a industrialização. Podem ser eles elementos estru- turais, como lajes, vigas e pilares; ou elementos de vedação, como os painéis e elementos para conexões. São produtos produzidos em fábricas especializadas com elevados níveis de controle de qualidade. Os mais utilizados nas construções são constituídos de concreto, aço e madeira. Pré-fabricados de concreto A indústria da construção civil é caracterizada pela baixa produtividade, gran- de desperdício de materiais, morosidade e baixo controle de qualidade. A utiliza- ção de pré-fabricados de concreto é uma forma de amenizar esses fatores. Dessa forma, partes da construção são fabricadas fora do canteiro de obras em melho- res condições e, depois, são transportadas e montadas, como parte do processo construtivo. No Brasil, a utilização de produtos pré-fabricados de concreto é su- jeita a tributação específi ca, o que desestimula seu uso e, consequentemente, o processo de industrialização da construção civil. No entanto, esses pré-fabricados possibilitam importantes benefícios para construção (EL DEBS, 2017): • Redução do tempo de construção; • Melhor controle dos componentes; • Redução dos desperdícios de materiais de construção. Os produtos pré-fabricados de concreto são elementos estruturais, como lajes, vigas, pilares e painéis de parede. As característicasde cada um desses elementos estão listadas nos itens seguintes. • Lajes: são produzidos quatro tipos de lajes (Figura 1). Cada tipo é indicado para vencer um tipo de vão, por exemplo (ALLEN; IANO, 2013): • Lajes maciças: são indicadas para vencer vãos de menor dimensão, pois, para estes, são necessárias lajes de pequena espessura. À medida que o vão a ser ven- cido aumenta, são necessárias maiores espessuras, o que torna sua utilização inviá- vel. Isso contribui para o aumento de seu peso próprio por conta do preenchimento total de concreto, em que apenas uma parte contribui para a resistência da laje; • Lajes alveolares: são lajes adequadas para vãos intermediários, pois têm vazios longitudinais que substituem o concreto que não contribui para a resistência, permitindo o aumento da espessura; PROCESSOS CONSTRUTIVOS 40 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 40 25/03/2021 15:12:56 • Lajes T e duplo T: são indicadas para vãos de grandes dimensões, que necessitam de lajes com maiores espessuras. Esses tipos de laje eliminam uma parcela maior de concreto sem função estrutural. Laje maciça Laje alveolar Duplo T T simples Figura 1. Tipos de lajes pré-fabricadas. Fonte: ALLEN; IANO, 2013, p. 614. • Vigas: são fabricadas em diversos formatos, como as vigas retangulares, vigas L, vigas T invertido e vigas I (Figura 2). As vigas L e T invertido têm saliência na parte inferior, que serve de apoio para as lajes; Para vigas de cobertura empregadas em galpões, onde não há lajes, a viga I é a mais indicada. Já para vigas juntamente com lajes, a seção retangular e T invertido são as mais indicadas (EL DEBS, 2017). Quando as vigas são de seção transversal I, podem vencer vãos que vão de 10 a 40 m. Quando são de seção transversal retangular, podem vencer vãos de até 15 m (ABDI, 2015; EL DEBS, 2017). Viga retangular Viga L Viga T invertido Viga I Figura 2. Tipos de vigas pré-fabricadas. Fonte: ALLEN; IANO, 2013, p. 615. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 41 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 41 25/03/2021 15:12:57 • Pilares: a seção transversal quadrada e a retangular são as mais usuais para pilares pré-fabricados. Podem ocorrer também a seção circular; I; e tipo Vierendeel, para usos específicos. Tais seções podem ser maciças ou vazadas (Figura 3). As seções I e Vierendeel são mais utilizadas em galpões. A menor di- mensão de um pilar deve ser de 300 mm, e seu comprimento varia até os 30 m. Geralmente, são produzidos com concreto armado, mas é possível a utilização do concreto protendido (ALLEN; IANO, 2013; EL DEBS, 2017); Seção quadrada Seção quadrada vazada Seção retangular Seção retangular vazada Seção circular Seção circular vazada Seção I Tipo Vierendeel Figura 3. Tipos de pilares pré-fabricados. Fonte: EL DEBS, 2017, p. 16. • Painéis: são utilizados em paredes portantes, em edifícios de pequeno e grande porte – e podem alcançar um ou dois andares. Podem ser elementos maciços, vazados, nervurados ou sanduíche, com a utilização de concreto sim- ples, concreto armado ou concreto protendido. CONTEXTUALIZANDO Os elementos de lajes podem, também, ser utilizados como painéis, exer- cendo duas funções; por exemplo, os painéis vazados correspondem aos painéis de lajes alveolares, e, por sua vez, os painéis nervurados correspondem aos painéis de lajes T e duplo T. Os painéis são formados por duas camadas de concreto intercaladas, com enchimentos que têm a função de melhorar o isolamento térmico da edificação (ALLEN; IANO, 2013; EL DEBS, 2017). PROCESSOS CONSTRUTIVOS 42 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 42 25/03/2021 15:12:57 Os produtos pré-fabricados de concreto citados são mais usais nas constru- ções. No entanto, elementos como escadas e até mesmo fundações, como as sapatas, são produzidos dessa forma, tornando-se mais uma alternativa aos elementos usais moldados em obra. Pré-fabricados de aço O aço é um dos materiais mais utilizados na construção civil, e sua versati- lidade permite que sejam fabricados diversos produtos com diferentes forma- tos, características e finalidades. Em tempos em que a sustentabilidade deve ser levada em conta nas construções, a utilização dos produtos de aço torna-se ainda mais importante, pois contribui para a redução de resíduos e para a du- rabilidade das estruturas. Além disso, em termos de projeto, em função de sua resistência mecânica, o aço permite que grandes vãos sejam vencidos, e há redução das cargas nas fundações pelo peso próprio reduzido. As principais propriedades que justificam utilizar os produtos de aço são (ABDI, 2015): • Elevada tensão de escoamento; • Boa soldabilidade; • Susceptibilidade ao corte; • Boa trabalhabilidade em operações de furação e dobramento. Os principais produtos de aço estão destacados a seguir: • Chapas finas: são chapas de aço com espessura entre 0,3 e 6,0 mm, lar- gura-padrão entre 1,00 m e 1,50 m e comprimento variando entre 2,0 e 6,0 m, para chapas laminadas a quente; e 2,0 e 3,0 m, para chapas laminadas a frio. São divididas de acordo com o processo de fabricação (ABDI, 2015; AMBROZE- WICZ, 2012): • Chapa fina laminada a quente: obtidas pelo processo de laminação a quente, têm espessura entre 1,2 e 6,0 mm e são utilizadas em perfis soldados e perfis formados a frio; • Chapa fina laminada a frio: obtidas pelo processo de laminação a frio, têm espessura entre 0,3 e 3,0 mm e são utilizadas em perfis e esquadrias; • Chapas grossas: são produzidas pelo processo de laminação a quente e têm espessura superior a 6,0 mm; largura-padrão entre 1,0 e 3,80 m; e com- primento variando entre 6,0 e 12,00 m. As dimensões preferencias são 2,44 de largura e 12 m de comprimento. São utilizadas em elementos estruturais, como pilares e vigas, para pontes, edifícios etc.; PROCESSOS CONSTRUTIVOS 43 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 43 25/03/2021 15:12:58 • Perfis: têm seção transformação em formato de letras, como I, H, U e Z. Podem ter a seguinte classificação: • Perfis soldados: obtidos pela soldagem de chapas umas com as outras. Isso permite a esses perfis grande versatilidade, pois as combinações de chapas per- mitem formar diversas espessuras, larguras, alturas e formas que levam à redução do seu peso próprio, sendo este um dos fatores positivos para sua larga utilização. Têm custo maior de fabricação em relação aos perfis laminados disponíveis no mer- cado brasileiro; • Perfis laminados: obtidos pelo processo de laminação a quente em usinas siderúrgicas. Não é necessário realizar soldas ou emendas. Os perfis laminados dis- poníveis no mercado brasileiro têm dimensões pequenas e apresentam característi- cas geométricas que tornam sua utilização mais restrita na construção, pois podem ter abas inclinadas, o que dificulta a execução de ligações; • Perfis formados a frio: obtidos pela conformação de chapas em tempera- tura ambiente, por meio de prensa dobradeira ou perfiladeira; • Telhas: são utilizadas principalmente em coberturas e fechamentos para obras industriais, comerciais, residenciais, aeroportos e galpões. Têm desempenho e du- rabilidade maior que as telhas comuns, além de serem mais leves. Outro fator importante está relacionado à oferta de telhas com diferentes for- matos, espessuras e acabamentos; • Steel deck: consiste em elementos de aço galvanizados, perfilados e formados a frio, instalados nas lajes (Figura 4). Funcionam como formas permanentes para o concreto e como armaduras positivas, nas quais a aderência do concreto é facilitada por execução de ranhuras na sua superfície; Figura 4. Construção com a utilização de steel deck nas lajes. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 19/12/2020. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 44 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 44 25/03/2021 15:13:04 • Parafusos: são os elementos responsáveis por realizar a ligação entre os diversos elementos estruturais. Podem ser de aço carbono preto ou galvani- zados, com porca ou de fenda, com cabeça chata ou redonda. Para ligações estruturais,são utilizados o parafuso comum ou o parafuso de alta resistência. Pré-fabricados de madeira A madeira é um dos materiais de construção utilizados desde o início da história humana. Pode ser utilizada em sua forma natural, ou por meio de pro- dutos beneficiados. Pode estar presente de forma provisória ou definitiva em grande parte das etapas de construção de uma edificação, desde as fundações até à cobertura. CITANDO Segundo Falcão Bauer (2019), as principais propriedades que justificam a utilização da madeira como material para a construção consistem em: • Alta resistência mecânica; • Peso próprio reduzido; • Resistência a choques; • Boas características de isolamento térmico e absorção acústica; • Facilidade nas ligações; • Material renovável. Uma de suas desvantagens é a heterogeneidade de uma madeira para outra, mesmo sendo de mesma espécie. Para amenizar tais desvantagens e adequar a madeira para uso na construção, é necessário que seja beneficiada. Com relação ao seu grau de beneficiamento, as madeiras são classificadas em (AMBROZEWICZ, 2012; ZENID, 2009): • Madeira roliça: representa o menor grau de beneficiamento da madeira. As peças são obtidas por cortes transversais ou até com a ausência de cortes, inclusive com as cascas da árvore. Os materiais derivados desse tipo de madei- ra são utilizados temporariamente em escoramentos de fôrmas, construção de andaimes e coberturas; • Madeira serrada: a madeira é processada em serrarias para a produção de peças quadradas e retangulares de menor dimensão que a original. Desse tipo de madeira, são derivados produtos como as pranchas, pranchões, blocos, tábuas, caibros, vigas, vigotas, sarrafos, pontaletes, ripas e outros produtos; PROCESSOS CONSTRUTIVOS 45 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 45 25/03/2021 15:13:04 • Madeira beneficiada: as peças de madeira originais são usinadas e po- dem ser submetidas a processos de beneficiamento, como o aplainamento, molduramento, torneamento, desempeno, destopamento, recorte, duração, ranhurado e outros processos. Para cada um deles, há uma máquina específica para realização; • Madeira em lâminas: as lâminas de madeira são utilizadas, em grande parte, na construção de compensados que se destinam ao revestimento de divisórias com finalidade decorativa. Na produção das lâminas, são utilizadas madeiras de boa qualidade e maior valor comercial; • Painéis: os painéis de madeira representam uma gama de produtos pré- -fabricados de madeira com grande utilização na construção civil. Surgem da necessidade de amenizar as variações dimensionais a que a madeira é suscetí- vel, além da redução do peso próprio e manutenção das características isolan- tes térmicas e acústicas. Em função da sua utilização, ocorrem cada vez mais pesquisas nessa área, e, assim, o desenvolvimento tecnológico proporciona o surgimento de novos produtos para atender ao mercado nacional e internacio- nal. A seguir, estão listados os principais tipos de painéis: • Compensados: são compostos pela associação de várias lâminas de madeira unidas (Figura 5) de forma cruzada (90º) umas com as outras, por meio de colas ou adesivos, sempre em número ímpar de chapas para que sejam estruturalmente balanceadas, pois assim uma compensa a outra e per- manecem simétricas em relação ao seu eixo central. Essa disposição busca equilibrar a rigidez da chapa nas suas duas direções, mantendo sua resis- tência e contribuindo para a estabilidade dimensional (FALCÃO BAUER, 2019; ISAIA, 2017; ZENID, 2009). Os compensados comercialmente disponíveis podem ser encontrados em diversas dimensões padronizadas, sendo as mais comuns: 210 cm x 160 cm; 275 cm x 122 cm, 220 cm x 122 cm, ou 250 cm x 125 cm, com espessuras en- tre 4 mm e 35 mm (ISAIA, 2017). Os preços desses produtos variam conforme a espécie de madeira empregada, tipo de cola utilizada, números de lâminas componentes e qualidade das faces. Cada vez mais, são utilizados compensa- dos de superfície resinada ou plastificada, pois permitem um número maior de reutilizações, especialmente quando utilizados em formas para concreto (ISAIA, 2017; ZENID, 2009); PROCESSOS CONSTRUTIVOS 46 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 46 25/03/2021 15:13:04 Figura 5. Chapa de madeira compensada. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 19/12/2020. • Chapas de média densidade de fibras (MDF): têm densidade de mas- sa entre 600 e 800 kg/m³ e são produzidas com fibras de madeira aglutinadas por meio de resinas, sob condições, temperatura e pressão determinadas. As- sim, resultam em chapas maciças de alta qualidade. Vale ressaltar que, nes- se processo, podem ser incorporados aditivos com o intuito de melhorar as propriedades desejadas. As chapas têm superfície plana e lisa, o que permite que receba diversos tipos de acabamento, como pintura, envernizamento, re- vestimento e outros. Isso aumenta a versatilidade do produto e permite seu uso em divisórias, forros e outros componentes. As dimensões mais comuns no mercado são: 183 cm x 275 cm, com espessuras entre 6 mm e 35 mm (ISAIA, 2017; ZENID, 2009); • Chapas duras de fibras (HB): também conhecidas como hardboards, são painéis com a densidade superior a 800 kg/m³, obtidos industrialmente por processos secos ou úmidos a partir de fibras lignocelulósicas da própria madeira. Geralmente, são utilizadas as fibras de eucalipto aglutinadas pela sua própria lignina e prensadas a quente por um processo úmido que reativa esse aglutinante. Dessa forma, não há a necessidade do uso de resinas e ocorre a formação de chapas rígidas de alta densidade (AMBROZEWICZ, 2012; ISAIA, 2017; ZENID, 2009); São utilizadas principalmente em portas e revestimento de divisórias. No mercado, estão disponíveis em diversas dimensões padronizadas, sendo as mais comuns: 122 cm x 244 cm; 122 cm x 275 cm; 170 cm x 244 cm; e 183 cm x 275 cm, nas espessuras de 2,5 mm a 6 mm (ISAIA, 2017); PROCESSOS CONSTRUTIVOS 47 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 47 25/03/2021 15:13:18 • Chapas de partículas (aglomerado): também conhecidas como aglomeradas, são chapas formadas pela aglutinação de partículas de ma- deira de diversas dimensões, não superiores a 1 cm, com resinas sintéticas sob determinadas condições de temperatura e pressão. Em função de seu custo inferior em relação aos compensados, parcela significativa da pro- dução de aglomerados é destinada à construção civil para uso em pisos residenciais, divisórias, elementos de escadas, vigamento para telhados e outros. Além disso, são partículas estáveis, o que permite o seu corte em qualquer direção e seu consequente melhor aproveitamento. No entanto, não apresentam resistência à umidade e, por isso, devem ser utilizadas em ambientes internos e secos. São encontrados no mercado nas dimensões mais comuns de: 183 cm x 220 cm; 183 cm x 275 cm; e 183 cm x 440 cm, com espessuras entre 8 mm e 30 mm; • Chapas de partículas de média densidade (MDP): são chapas compostas por partículas de madeira aglutinadas por resinas de última geração que polimerizam sob determinadas condições de temperatura e pressão, dando resistência ao conjunto. As partículas são separadas por camadas em que, na parte mais externa, são depositadas as partículas mais finas; e, na parte interna, as partículas de maior dimensão. Em com- paração ao aglomerado e ao MDF, tem maior resistência à compressão e ao empenamento, maior estabilidade dimensional e menor absorção de umidade (ZENID, 2009); • Chapas de partículas orientadas (OSB): têm a resistência mecâ- nica exigida para fins estruturais e são formadas por resinas e camadas de partículas ou feixes de fibras orientadas em uma mesma direção, prensa- dos para consolidar o conjunto. Essas chapas têm três camadas de partí- culas com orientação alternada de 90º em relação as demais. Isso melho- ra o comportamento à flexão e melhora a estabilidade dimensional. São indicadas para as mesmas utilizações do aglomerado – e comotapumes, divisórias, coberturas, formas e escoramentos. Além disso, podem ser uti- lizadas em ambientes externos, pisos e forros, o que não é muito usual nos sistemas construtivos utilizados no Brasil (Figura 6), mas é característica do sistema construtivo dos Estados Unidos. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 48 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 48 25/03/2021 15:13:18 Figura 6. Residencial construído com paredes externas em painéis. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 19/12/2020. Produtos pré-industrializados A cada ano que passa, torna-se cada vez mais necessária a adoção de siste- mas construtivos industrializados, uma vez que se exige mais produtividade em menor tempo na construção civil. A primeira grande mudança provocada nessa realidade está atrelada às funcionalidades dos canteiros de obras, que passaram a ter o caráter de grandes espaços de montagem dos produtos industrializados. CONTEXTUALIZANDO Os métodos construtivos podem ser classifi cados, de acordo com o grau de industrialização, em tradicionais, racionalizados ou industrializados. O método tradicional é caracterizado pela baixa mecanização e fragmen- tação das etapas da obra; o método racionalizado incorpora técnicas de planejamento e controle, com o intuito de aumentar a produtividade e evitar desperdícios; por sua vez, o método industrializado é caracterizado pelo uso intenso de elementos industrializados produzidos em instalações fi xas e pelo emprego de técnicas de produção, transporte e montagem dos mesmos (SPADETO, 2011). O uso de produtos industrializados permite maior produtividade – e, como maior produtividade na execução das construções, podemos citar os sistemas construtivos drywall, light steel frame e light wood frame como aqueles que mais utilizam elementos industrializados. Nesta seção, abordaremos esses produtos tendo como base os mais utilizados nos sistemas construtivos citados. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 49 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 49 25/03/2021 15:13:23 Drywall O sistema drywall é considerado um sistema industrializado utilizado prin- cipalmente na execução de vedações internas, forros e revestimentos das edi- ficações (Figura 7). Teve sua origem nos Estados Unidos em meados de 1894, com finalidade de dar proteção às estruturas de madeira, uma vez que são grandemente empregadas nos sistemas construtivos do País, que na época, sofria com grandes incêndios. No Brasil, o drywall chegou por volta da década de 1970, com a fundação da primeira fábrica de chapas de gesso no País, a Gypsum Nordeste, localizada em Petrolina (ABDI, 2015). Figura 7. Construção com o uso do sistema drywall nas paredes e forros. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 19/12/2020. São utilizados materiais como: • Perfis de aço: são fabricados com aços com resistência ao escoamento mínima de 230 Mpa (alta resistência) e espessura mínima de 0,50 mm, revesti- dos com zinco, com intuito de proteger os perfis da corrosão. São conhecidos como montantes e guias (Figura 8) e têm furos com dimensões e espaçamentos padronizados que permitem a passagem das instalações; Figura 8. Perfis de aço utilizados no sistema drywall. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 19/12/2020. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 50 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 50 25/03/2021 15:13:39 • Chapas de gesso: são chapas constituídas por um miolo de gesso revestido, em ambos os lados, por lâminas de cartão, especialmente desenvolvido para essas finalidades. São os responsáveis por conferir resistências mecânicas às placas e propiciam uma excelente superfície para acabamentos. Existem três tipos de chapas de gesso utilizadas em drywall (Figu- ra 9), sendo elas (ABDI, 2015): • Chapa standard (ST): para uso geral; • Chapa resistente à umidade (RU): tem coloração verde e é indicada para áreas molhadas, como cozinhas e banheiros; • Chapa resistente ao fogo (RF): tem coloração rosa e é indicada para áreas que demandam alta resistência ao fogo e rotas de fuga. Figura 9. Chapas de gesso utilizadas no sistema drywall. Fonte: Shutterstock (Adaptado). Acesso em: 19/12/2020. • Parafusos: são utilizados parafusos autoperfurantes e autoatarrachantes específicos para drywall na fixação de perfis e chapas; • Tratamento de juntas: são realizados com o uso de fitas e massas espe- cíficas para drywall, principalmente no encontro com alvenarias, e complemen- tam a rigidez do sistema para evitar as trincas (ABDI, 2015). Além desses materiais, podem ser utilizados outros para melhorar o de- sempenho acústico e térmico dos sistemas drywall, como a lã de rocha e lã de vidro, instalados nos espaços entre as chapas e perfis de aço. Light wood frame É considerado um processo industrializado de fabricação de painéis estru- turais para a montagem de edificações, constituídos de madeira proveniente de florestas plantadas (ABDI, 2015). Países como Estados Unidos e Japão desta- cam-se nesse sistema construtivo. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 51 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 51 25/03/2021 15:13:52 O light wood frame é um sistema construtivo estruturado por peças de madeira maciça serrada com fechamento em chapas. Esse sistema apresenta os seguintes materiais empregados (BRASIL, 2020a; 2020c): • Fechamento externo: formados por quadros estruturais com peças de madeira maciça serrada, cujo revestimento externo é constituído de chapas OSB revestidas por placas cimentícias ou placas de madeira compensada tratadas quimicamente; • Fechamento interno: é constituído de chapas OSB revestidas por placas de gesso utilizadas em drywall; • Entrepiso: são constituídos por quadros estruturais de peças de madeira ser- rada, revestidos em sua face superior por chapas OSB. Em áreas molhadas, essas chapas devem ser substituídas por chapas de madeira maciça ou de compensado, devidamente tratadas com fungicidas e inseticidas. Na face inferior, devem ser for- rados com chapas de gesso e chapas cimentícias em áreas molhadas. Vale ressaltar que, na face superior, é construída uma camada de argamassa (contrapiso), com o objetivo de regularizar a superfície para que receba o revestimento final, que pode ser cerâmico, cimentício, entre outros; • Cobertura: é constituída por peças de madeira, como as cumeeiras, pontale- tes, vigas, terças, caibros, ripa e sarrafo, com resistência natural ao ataque de insetos ou tratadas quimicamente. Além desses produtos, empresas brasileiras têm investido em pesquisas para o desenvolvimento de produtos pré-fabricados para serem utilizados nesse siste- ma, como os painéis prontos apenas para serem montados em casas térreas ou sobrados (Figura 10). Figura 10. Painéis pré-fabricados usados no sistema wood frame. Fonte: BRASIL, 2020b, p. 15. PROCESSOS CONSTRUTIVOS 52 SER_ENGCIV_PROCON_UNID2.indd 52 25/03/2021 15:13:53 Light steel frame O sistema light steel frame, que consiste em estruturação em perfis de aço galva- nizado, é indicado para residências familiares térreas ou sobrados, edifícios até oito pavimentos, hotéis, clínicas, hospitais, comércios, fachadas e outros usos (ABDI, 2015). A seguir, estão relacionados os principais componentes destes sistemas: • Perfis: nesse sistema, os perfis são obtidos por conformação a frio, e os formatos mais utilizados são C e U; • Vedação externa: são utilizados diversos materiais, sendo os mais usuais as cha- pas OSB devidamente protegidas contra intempéries, painéis de aço tipo sanduíche com isolantes, placas cimentícias; • Vedação interna: são utilizadas placas de gesso para drywall. Seja qual for o tipo de vedação, deve haver o isolamento térmico e acústico das edificações construídas com este sistema para atendimento às normas brasileiras; • Isolantes termoacústicos: são utilizados materiais como placas ou mantas lã de vidro ou a lã de rocha. CURIOSIDADE O sistema light steel frame tem três métodos de construção. No método stick, os perfis são cortados; e os elementos estruturais, montados no canteiro de obras. Já o método modular é caracterizado
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