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Expositiva Prof. Gustavo Nascimento Paes prática Indaial – 2022 1a Edição Impresso por: Elaboração: Prof. Gustavo Nascimento Paes Copyright © UNIASSELVI 2022 Revisão, Diagramação e Produção: Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI P126p Paes, Gustavo Nascimento Prática expositiva. / Gustavo Nascimento Paes – Indaial: UNIASSELVI, 2022. 182 p.; il. ISBN 978-85-515-0632-5 ISBN Digital 978-85-515-0627-1 1. Museu e exposição – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD069.22 Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático Prática Expositiva! Nele, compreenderemos como o museu formula e comunica sentidos a partir do acervo que abarca. Podemos considerar que o museu é um ambiente que oferta conhecimentos, saberes, subjetividades, situações e emoções. Os museus assumem um papel fundamental de comunicação, não só museológica, mas social. A depender do discurso institucional, ganha-se um novo direcionamento. Os processos de criação e de elaboração de uma exposição, seja de longa ou curta duração, itinerante ou ao ar livre, fazem com que o setor de comunicação, em museus, adquira um papel de suma importância no processo museológico. Já a função social de um museu ocorre na medida em que a instituição museológica possibilita a formação e a comunicação de sentidos com base no acervo. Atualmente, há dispositivos legais voltados para a organização do setor museal brasileiro e para a proteção dos patrimônios culturais musealizado e passível de musealização, por exemplo, a Lei nº 11.904, de 14 de janeiro de 2009, que institui o Estatuto de Museus e legitima o plano museológico. A lei nos indica um conjunto de programas que corresponde a diferentes atividades que integram a gestão de museus, dentre eles, a pesquisa, que aborda o processamento e a disseminação da informação, a fim de evidenciar as linhas de pesquisa que o museu segue e contribuir para compreender e viabilizar os estudos de público etc. (BRASIL, 2009). Um programa de exposições, com diversas ações, deve levar em consideração a consulta à comunidade, para, assim, entender a demanda, as expectativas e as reações face às exposições realizadas, além de um permanente trabalho de avaliação dos resultados obtidos, visando aprimorar a atuação. Para isso, direcionaremos a leitura e o estudo na área de exposição, posto que todos os museus, independentemente das tipologias deles, são instituições culturais, e com a comunicação imbricada, tanto que podemos falar de comunicação cultural. Na Unidade 1, compreenderemos a relação entre museu, comunicação e exposição. As discussões teóricas apresentadas servirão de base para entendermos os projetos expográficos e como o planejamento estratégico deles é fundamental para mitigar possíveis sinistros. Em seguida, na Unidade 2, estudaremos os elementos que constituem uma exposição, mais especificamente, a pré-produção, o que perpassa pelas questões educativas e pela acessibilidade em exposições, ou seja, daremos o primeiro passo para a elaboração de uma exposição, tendo, como referências, o tema, o conceito, o acervo a ser selecionado para compô-la, o público, dentre outros fatores. APRESENTAÇÃO Por fim, na Unidade 3, abordaremos o processo que envolve a execução de uma exposição, ou seja, as etapas de produção e de pós-produção. Ao se idealizar um projeto expográfico, é construída, ao fim de tudo, uma narrativa, associada desde a escolha do tema, dos objetos, da iluminação, das tipologias textuais, do local e acessibilidades, enfim, todo um conjunto, uma forma de comunicar. Assim, entende-se que a exposição é comunicação, e que a semiótica é um fator intrínseco, é inerente, pois, por meio do estudo dos signos que compõem uma narrativa, obtêm-se melhores resultados. Esperamos que os conteúdos abordados, com os materiais selecionados, estimulem a sua leitura, e que o livro didático seja útil e relevante para a sua aprendizagem e formação profissional. Boa leitura e bons estudos! Prof. Gustavo Nascimento Paes Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos. GIO Olá, eu sou a Gio! No livro didático, você encontrará blocos com informações adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender melhor o que são essas informações adicionais e por que você poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto estudado em questão. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual – com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Preparamos também um novo layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os seus estudos com um material atualizado e de qualidade. QR CODE Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de educação superior. 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SUMÁRIO UNIDADE 1 — O QUE É UMA EXPOSIÇÃO ................................................................1 TÓPICO 1 — MUSEU E COMUNICAÇÃO ................................................................... 3 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3 2 MUSEOLOGIA E COMUNICAÇÃO ......................................................................... 3 2.1 INTRODUÇÃO AO CONTEXTO DA EXPOSIÇÃO ...............................................................9RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................... 13 AUTOATIVIDADE ................................................................................................... 14 TÓPICO 2 — CONCEITUAÇÃO MUSEOLÓGICA ......................................................17 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................17 2 CONCEITOS BÁSICOS ........................................................................................ 18 2.1 MUSEOGRAFIA E EXPOGRAFIA .......................................................................................18 2.2 CENOGRAFIA ......................................................................................................................20 2.3 CURADORIA .........................................................................................................................21 2.4 O QUE É UM PROJETO..................................................................................................... 23 3 DEFINIÇÕES E CLASSIFICAÇÕES PARA EXPOSIÇÕES ...................................24 3.1 TIPOLOGIAS EXPOGRÁFICAS .......................................................................................... 24 3.1.1 Exposições comerciais ou feiras mundiais ........................................................ 26 3.1.2 Exposições virtuais ...................................................................................................27 3.2 MODALIDADE E DURAÇÃO .............................................................................................28 3.2.1 Exposições de longa e curta durações, ou temporárias ................................28 3.2.2 Exposições itinerantes e extramuros .................................................................31 RESUMO DO TÓPICO 2 ..........................................................................................33 AUTOATIVIDADE ...................................................................................................34 TÓPICO 3 — INTRODUÇÃO AO PENSAR EXPOGRÁFICO ..................................... 37 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 37 2 UMA PROPOSTA EXPOSITIVA ...........................................................................38 2.1 LEVANTAMENTOS INFORMACIONAIS INICIAIS ...........................................................40 LEITURA COMPLEMENTAR ..................................................................................45 RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................... 51 AUTOATIVIDADE ...................................................................................................52 REFERÊNCIAS .......................................................................................................55 UNIDADE 2 — ELEMENTOS CONSTITUINTES EXPOGRÁFICOS .........................59 TÓPICO 1 — CADEIA OPERATÓRIA PARA DESENVOLVIMENTO DE UMA EXPOSIÇÃO ....................................................................................... 61 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 61 2 GERENCIAMENTO DE PROJETO .......................................................................62 2.1 PLANEJAMENTO ................................................................................................................ 63 2.2 RECURSOS FINANCEIROS ...............................................................................................67 2.3 ITINERÂNCIA DE EXPOSIÇÃO ........................................................................................68 RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................... 72 AUTOATIVIDADE ................................................................................................... 73 TÓPICO 2 — PROJETO EXPOGRÁFICO ................................................................ 77 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 77 2 PRÉ-PRODUÇÃO ................................................................................................78 2.1. DOCUMENTAÇÃO REFERENTE AOS EMPRÉSTIMOS .................................................81 2.2 RECURSOS EXPOGRÁFICOS ..........................................................................................82 2.3 MÓDULOS EXPOSITIVOS E CIRCULAÇÃO ...................................................................84 2.4 CONSERVAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO ................................................................................ 87 2.5 COR .......................................................................................................................................88 2.6 ILUMINAÇÃO.......................................................................................................................89 RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................... 91 AUTOATIVIDADE ...................................................................................................92 TÓPICO 3 — EDUCAÇÃO NÃO FORMAL EM MUSEUS ..........................................95 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................95 2 AÇÕES EDUCATIVAS .........................................................................................96 3 AÇÃO CULTURAL .............................................................................................100 RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................103 AUTOATIVIDADE .................................................................................................104 TÓPICO 4 —ACESSIBILIDADE EM MUSEUS ....................................................... 107 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 107 2 ACESSIBILIDADE NA EXPOSIÇÃO ..................................................................108 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................ 114 RESUMO DO TÓPICO 4 ........................................................................................ 118 AUTOATIVIDADE ..................................................................................................119 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 123 UNIDADE 3 — ELEMENTOS CONSTITUINTES EXPOGRÁFICOS ....................... 127 TÓPICO 1 — PROJETO EXPOGRÁFICO ............................................................... 129 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 129 2 PRÉ-PRODUÇÃO E PRODUÇÃO ......................................................................130 RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................ 139 AUTOATIVIDADE .................................................................................................140 TÓPICO 2 — SEGURANÇA EM MUSEUS..............................................................145 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................145 2 SEGURANÇA PARA EXPOSIÇÃO .....................................................................146 RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................ 157 AUTOATIVIDADE .................................................................................................158 TÓPICO 3 — INAUGURAÇÃO DE EXPOSIÇÃO E CONTINUIDADE .......................161 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................1612 MANUTENÇÃO .................................................................................................. 162 3 DESMONTAGEM ............................................................................................... 163 4 AVALIAÇÃO ......................................................................................................164 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................ 172 RESUMO DO TÓPICO 3 .........................................................................................177 AUTOATIVIDADE ................................................................................................. 178 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 181 1 UNIDADE 1 — O QUE É UMA EXPOSIÇÃO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender os aspectos teóricos relacionados à museologia e à comunicação; • debater, conceitualmente, os principais elementos que fundamentam a concepção de exposições; • estimular a reflexão a respeito do processo de idealização, referente às diferentes tipologias expográficas existentes; • estudar e contextualizar os processos museológicos, ao direcioná-los para as áreas de comunicação museológica e exposição. A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – MUSEU E COMUNICAÇÃO TÓPICO 2 – CONCEITUAÇÃO MUSEOLÓGICA TÓPICO 3 – INTRODUÇÃO AO PENSAR EXPOGRÁFICO Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 1! Acesse o QR Code abaixo: 3 MUSEU E COMUNICAÇÃO TÓPICO 1 — UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO As relações humanas e as manifestações culturais delas envolvem o indivíduo e grupos de indivíduos em múltiplas possibilidades de processos de comunicação. Pode- se questionar o que é comunicação, além de como se efetiva esse ato, porém, não se comunicar é impossível, pois, mesmo não querendo, um sujeito emite mensagens para outro. Já parou para observar que o silêncio, diante de uma situação, é uma comunicação? Ainda, uma vez que se comunica algo, não é possível voltar atrás. O ato de comunicar envolve um emissor, o qual envia uma mensagem ao receptor, aquele que recebe. Nessa relação, estabelece-se um código, o modo por meio do qual a mensagem é transmitida, por exemplo, pela escrita, gestos, falas etc. Tudo isso em um dado contexto, o qual envolve o emissor e o receptor, a estrutura-base do processo comunicacional. Na atualidade, fala-se da comunicação museológica, além do papel das exposições nessa comunicação. Cury (2005, p. 34) entende a comunicação museológica como a denominação genérica de referência às diversas formas de extroversão do conhecimento em museus, sendo, a mais específica delas, a exposição, pois, por meio dela, “o público tem a oportunidade de acesso à poesia das coisas”. De fato, cabe, a uma exposição de um museu, a responsabilidade de mediar a relação entre o homem e as culturas material e imaterial. Como comenta Gonçalves (2004), a exposição pode utilizar diferentes recursos comunicacionais, como a cenografia, que demarca a localização cultural da produção; o próprio desenho do espaço; os usos da luz e da cor, dentre outros recursos tecnológicos. Acadêmico, no Tópico 1, abordaremos os debates conceituais, tendo, como base, as definições de museu e de código de ética. Dialogaremos, nesses debates, a respeito da área da Museologia, envolvidas a comunicação e a exposição, para que, assim, possamos compreender, teórica e conceitualmente, as relações que envolvem a cadeia operatória da Museologia. Aproveitem para conhecer um pouco mais as relações pertinentes ao campo do museu e para compreender como as exposições se inserem nesse universo. 2 MUSEOLOGIA E COMUNICAÇÃO A definição de museu, segundo o Conselho Internacional de Museologia (ICOM), é: Instituição permanente, sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, aberta ao público e que adquire, conserva, investiga, difunde e expõe os testemunhos materiais do homem e de seu entorno, para educação e deleite da sociedade (ICOM, 2007, s. p.). 4 Observa-se, na passagem anterior, que as instituições denominadas de museus, dentre as diferentes atuações que englobam, devem ser comprometidas com o comunicar e o expor. Vale sinalizar que o grande público tem a possibilidade de conhecer melhor um museu, devido a uma realização constante e/ou periódica de exposições. Dentre as diferentes estratégias comunicacionais, a exposição é considerada a principal, a forma mais comum de comunicação em museus, seja devido à coleção, para interpretação e socialização do patrimônio humano, ou a coleções pertencentes a outras instituições, públicas e privadas, para a estruturação do discurso expositivo. Vale ressaltar que a cadeia operatória museológica está estruturada na definição e no conceito de musealização, o que, de forma geral, consiste na seleção de um dado objeto por valorização. O processo de musealização aproxima a Museografia e a Museologia, pois “descreve (o quê), especifica (para quem) e analisa (como) o processo no qual a sociedade atribui o status patrimonial a determinados objetos e os preserva para distintos usos” (BRUNO, 2007, p. 147). De um ponto de vista, mais estritamente, museológico, a musealização é a operação de extração, física e conceitual, de uma coisa do meio natural, ou cultural, de origem, conferindo, a ela, um estatuto museal – isto é, transformando-a em musealium, ou musealia, em um “objeto de museu” que se integre no campo museal (DESVALLÉES; MAIRESSE, 2013, p. 35). Diante disso, como alega Cury (2006), a musealia estrutura as ações básicas institucionais, a saber: aquisição de acervo, pesquisa, documentação, conservação, gestão e comunicação. Ainda, segundo a autora, no museu, estão os sujeitos promotores da musealização, como o pesquisador, o documentalista, o conservador, o museólogo, o historiador e o educador, dentre outros que compõem os recursos humanos da instituição. Esses atores participam, também, da construção do discurso museológico, tendo, como base, a missão da instituição e a fomentação dos discursos comunicacionais institucionais. O termo “objeto de museu” é, por vezes, substituído pelo neologismo musealia (pouco utilizado), construído a partir do latim, com plural neutro: as musealia NOTA 5 O processo comunicacional, dentre diferentes ações, viabiliza, por exemplo, os projetos expositivos, ao levar em consideração os princípios éticos e morais, como sinaliza o Código de Ética do ICOM para Museus Versão Lusófona, de 2009. 4.1. Mostras, exposições e atividades especiais – Mostras e exposições temporárias, materiais ou virtuais, devem estar de acordo com a missão, a política e os objetivos do museu. Não devem comprometer a qualidade e as adequadas proteção e conservação dos acervos (ICOM, 2009, p. 21). As instituições museológicas devem contemplar o processo de gestão, conforme passagem citada, ou, ainda, com base no plano museológico, Lei nº 11.904, de 14 de janeiro de 2009, que informa, no Art. 23, os agrupamentos das ações, dentre elas, “(d) de exposições - abrangem a organização e a utilização de todos os espaços e processos de exposição do museu, intra ou extramuros, de longa ou curta duração” (BRASIL, 2009). Um dos setores, ou departamentos, responsáveis por efetivar a extroversão comunicacional é a comunicação institucional. Pode-se compreendê-la como a atividade, dentro da gestão organizacional, que cuida da divulgação das realizações institucionais nos ambientes internos e externos. Para que se possa compreender melhor esse processo, utiliza-se overbete apresentado na publicação a seguir: A Comunicação (C) é a ação de se veicular uma informação entre um ou vários emissores (E) e um ou vários receptores (R), por meio de um canal (segundo o modelo ECR de Lasswell, 1948). Esse conceito é tão geral que não está restrito aos processos humanos portadores de informação de caráter semântico, mas se encontra, também, nas máquinas, no mundo animal ou na vida social (Wiener, 1948) (DESVALLÉES; MAIRESSE, 2013, p. 35). A partir da definição relatada, têm-se dois níveis de comunicação presentes nos museus: unilateral e interativa. Entretanto, como comenta Cury (2005, p. 370), o modelo unilateral, ou unidirecional, “é hegemônico, e, dele, parte a ideia de “modelo simplificado” de comunicação, ou seja, aquele, comumente, esquematizado por uma seta que parte do emissor e chega ao receptor por um meio”. FIGURA 1 – MODELO UNILATERAL OU UNIDIRECIONAL COMUNICAÇÃO RECEPTORESEMISSORES FONTE: O autor 6 Compete, assim, aos museus, comunicarem. Essa é a comunicação que possibilita a “transmissão, entendida como a comunicação unilateral no tempo, com o objetivo de permitir, a cada um, apropriar-se da bagagem cultural que assegura as próprias humanidade e inserção na sociedade” (DESVALLÉES; MAIRESSE, 2013, p. 35). O feedback, ou seja, a volta da seta do receptor para o emissor, orienta o emissor para ajustes no meio, para que a mensagem chegue conforme as expectativas. Essa concepção provoca a confusão entre o sentido do processo e as práticas de comunicação, com a significação da mensagem (CURY, 2005). NOTA Vale destacar que, até a segunda metade do século XX, a função principal de um museu era a de preservação dos bens culturais ou naturais acumulados, que, eventualmente, poderiam, ou não, ser expostos, “sem que fosse formulada, explicitamente, uma intenção de comunicar, isto é, de fazer circular uma mensagem, ou uma informação, a um público receptor” (DESVALLÉES; MAIRESSE, 2013, p. 35). Por um lado, a ideia de uma mensagem museal só surgiu muito tarde, especialmente, com as exposições temáticas nas quais prevaleceu, por muito tempo, a intenção didática. Por outro, Cury (2005) informa que o receptor permaneceu desconhecido há muito tempo, e, apenas, recentemente, desenvolveram-se estudos de visitação e pesquisas de público. Isso possibilitaria, portanto, uma comunicação mais interativa. A comunicação não é, essencialmente, verbal, e não pode ser comparada com a leitura de um texto; diferentemente, ela opera pela apresentação sensível dos objetos expostos: Como sistema de comunicação, o museu depende, então, da lin- guagem não verbal dos objetos e dos fenômenos observáveis. Ele é, antes de tudo, uma linguagem visual que pode se tornar uma linguagem audível, ou tátil. Seu poder de comunicação é tão intenso que, eticamente, sua utilização deve ser uma prioridade para os profissionais de museus (DESVALLÉES; MAIRESSE, 2013, p. 35). NOTA 7 Segundo Almeida (2004), marcaram presença outros modelos que envolveram a comunicação e a semiótica da informação, porém, predominaram a informação unidirecional, com pequenas brechas para o caráter negocial. Por exemplo, a questão do feedback seria agregada, posteriormente, aos debates. Em 1968, Duncan Cameron desenhou um modelo de comunicação, distinto do tradicional entendimento de comunicação da época. Ao modelo simples, centrado em um emissor, em um meio de transmissão e em um receptor, esse autor acrescentou o feedback, ao defender que era a base que permitia um exame crítico efetivo de uma exposição1 e ao informar, ao emissor, se os visitantes do museu compreenderam, corretamente, a mensagem transmitida. O modelo possibilita que o visitante ganhe pauta nos processos comunicacionais. Como sinaliza Paes (2012), o feedback, cuja principal função é avaliar a eficácia da comunicação, surgiu, então, como elemento complementar no processo de comunicação, que permitiu conhecer a resposta do visitante, ou seja, com o intuito de compreender o processo de comunicação, ao longo dos tempos, surgiram vários autores que definiram alguns modelos. Paes (2012) comenta que Eilean Hopper-Greenhill apresentou o modelo comunicacional para os museus, pelo qual o emissor foi substituído por uma equipe de comunicadores, que inclui curador, designers, conservadores, e, até mesmo, públicos. Já o receptor deixa de ser visto como uma figura que, apenas, recebe alguma informação, e passa a ser entendido como um elemento capaz de interpretar a informação disponibilizada para construir significados. Junto a isso, no centro do processo comunicativo, tem-se um novo espaço central, que se encontra em permanente alteração, onde convergem os significados que são, constantemente, feitos e refeitos. Quando a comunicação é unilateral e opera no tempo, não apenas no espaço, é chamada de transmissão (DEBRAY, 2000). ATENÇÃO 8 Um dos marcos referenciais dessa aproximação de campos – ciência da comunicação e museologia – foi proposto por Duncan Cameron, no final da década de 1960, na América do Norte. Cameron, em 1968, buscou, na obra Teoria Matemática da Comunicação, de 1949, o modelo original de Claude E. Shannon e W. Weaver, desenvolvido para explicar a comunicação elétrica. O modelo de Shannon e Weaver entendia que a unidade de informação era o número binário – bit –, pelo qual era possível medir a quantidade de informação gerada (por uma fonte) e enviada (pelo transmissor) por segundo, por meio de determinado canal de comunicação, além da recebida (pelo receptor), incluindo codificar a mensagem oriunda de uma determinada fonte (CURY, 2005). NOTA Na atualidade, o processo de comunicação museológica é dialógico, pela interação entre os agentes envolvidos na musealização, pela (re)significação e pelas trocas simbólicas dos sentidos patrimoniais atribuídos, intercambiados, negociados e que prescindem, sempre, de uma interação com o outro (SANTANA, 2011). NOTA O expositor transmite uma mensagem que pode ter várias interpretações, conforme as estruturas socioculturais e cognitivas de cada um dos visitantes do museu. As diversas interpretações dos visitantes podem ser visões diferentes, mas, também, complementares, na medida em que são as diferentes perspectivas que permitem ter uma visão conjunta e alargada de um tema. O diálogo entre os expositores e os visitantes permite não só alargar o conhecimento dos indivíduos, mas, também, estreitar as ligações entre eles, criando, igualmente, uma estreita relação de fidelidade e de permanente contacto. De maneira mais geral, a comunicação ganharia pauta nas instituições, no fim do século XX, no sentido de que os museus se comunicam de forma específica, por meio de métodos próprios, e utilizam todas as outras técnicas de comunicação, “correndo o risco, talvez, de investir menos nas características mais específicas” (DESVALLÉES; MAIRESSE, 2013, p. 35). 9 A exposição museológica é o resultado de várias intervenções, não apenas conceituais, mas físicas, de cunho comunicacional. Através da aplicação de técnicas e estilos, combinados à forma e à função, é possível atingir os efeitos pretendidos, o que permite a avaliação visual, estética e sensível junto do processo de compreensão da informação contida nesse universo de imersão (PAES, 2016). ATENÇÃO 2.1 INTRODUÇÃO AO CONTEXTO DA EXPOSIÇÃO As exposições têm uma relação histórica e indissociável com o museu e a evolução dos meios de comunicação. “A necessidade de exibição de coleções particulares foi um dos fatores responsáveis pela própria origem da instituição, que foi se transformando ao longo dos séculos” (ABREU, 2014, p. 19). No período posterior à Segunda Guer ra Mundial, surgiram associações interna- cionais de profissionais de museus, como o Conselho Internacional de Museus (ICOM), de 1946. Isso viabilizou a trocas de ideias e de experiências, “não só entre as instituições museológicas,como, também, o diálogo multidisciplinar dos diferentes profissionais que atuavam nesses espaços, ampliando os conceitos de museu e de patrimônio” (NAVAS; CONTIER; SOUZA, 2013, p. 16). Visite o site do ICOM internacional: www.icom.museum. DICA Nesse mesmo período, vivenciaríamos uma mudança nas relações dos museus com a sociedade e uma ampliação das funções sociais dessas institui ções: de locais de guarda e estudo de coleções passaram a locais de debate de ideias a respeito do patrimônio preservado. As exposições passariam a ser, cada vez mais, compreensíveis para as pessoas comuns, com legendas, textos e objetos interativos, a fim de ajudarem no entendimento das coleções expostas. Nesse movimento gradativo, as exposições começaram a ser concebidas a partir de objetivos, que levavam em consideração o que, como e para quem comunicar. https://icom.museum/es/ 10 Navas, Contier e Souza (2013) comentam que partes do acervo passaram a ser selecionadas (ou, mesmo, produzidas), de acordo com os objetivos desejados. A forma de se exporem os objetos se voltou à uti lização de cenografias, ambientação e outros artifícios de comunicação. O desenvolvimento de tecnologias também começou a influenciar as exposi ções. Elementos audiovisuais, técnicas de holografia, projetores e diversos tipos de elementos gráficos passaram a ser utilizados nesses espaços, para possibilitar outras formas de comunicação. “Neste cenário de transformações na abordagem dos museus, um dos aspectos da Nova Museologia é a reconfiguração da instituição como produtora de uma memória totalizante para o uso da memória como um espelho múltiplo da sociedade” (ABREU, 2014, p. 34). Ennes (2008) recorda que a palavra exposição, derivada da raiz latina expositio, significava, inicialmente, explicação, com o sentido geral de apresentação, porém, o significado dela, hoje, está ligado a apresentações de formas variadas, com explicação ao público. Atualmente, os termos exposition (em francês) e exhibition (em inglês) têm o mesmo sentido do termo em português, “exposição”, que possui o mesmo radical do primeiro, e se aplicam ao conjunto de coisas de naturezas variadas e formas distintas, expostas ao público, e ao lugar onde acontece essa manifestação (DESVALLÉES; MAIRESSE, 2013, p. 35). Nesse contexto, os museus também vão progressivamente agregando espaços para exposições temporárias, ofertando oportunidades para a apresentação e a divulgação de outras produções, além das próprias coleções (ABREU, 2014). Um dos espaços responsáveis por essa diversificação, segundo Abreu (2014), é o Centro Georges Pompidou, fundado em 1977, na capital francesa. Trazia, além das galerias, espaços para a realização de atividades, como conferências, oficinas, encontros e refeições. FIGURA 2 – FACHADA CENTRO GEORGES POMPIDOU FONTE: <https://lusojornal.com/o-critico-de-arte-egidio-alvaro-morreu-em-montrouge/>. Acesso em: 24 abr. 2021. https://lusojornal.com/o-critico-de-arte-egidio-alvaro-morreu-em-montrouge/ 11 Cury (2006) sinaliza que a comunicação museológica é a denominação genérica dada às diversas formas de extroversão do conhecimento em museus, uma vez que há um trabalho de introversão. Propões duas manifestações de comunicações: lato sensu e stricto sensu. • Lato sensu: utilização de mediadores, ações educativas, visitas guiadas, totens informativos, áudio de guia, catálogos, vídeos, material de divulgação etc. • Stricto sensu: principal forma de comunicação em museus. São as exposições museológicas. É na exposição que se potencializa a relação profunda entre o Homem e o Objeto no cenário institucionalizado (a instituição) e no cenário expositivo (a exposição, propriamente). A relação profunda se refere ao encontro entre as pessoas e a poesia, sendo que a poesia está nos objetos. A nós, profissionais de museus, cabe a construção desse encontro, e, isso, fazemos elaborando exposições e estudando as formas através das quais o público se relaciona com os objetos face àquela organização (CURY, 2006, p. 340). As exposições devem ofertar as relações e os encontros entre os públicos e os objetos, ou, ainda, refletir a personalidade do museu e o posicionamento social dele. Os museus e as exposições que proporcionam podem variar de dinâmica, para estudos, vivência ou diversão, dentre outras propostas. Ainda, conforme Cury (2005), a exposição é o local de encontro e de relacionamento entre o que o museu quer apresentar e como deve, visando a um comportamento ativo do público e à síntese subjetiva. Autores, como Ennes (2008) e Paes (2012), sinalizam que faz parte do processo expográfico trabalhar o objeto dentro de uma estrutura narrativa, a partir da qual o conjunto desses objetos estabelece uma relação entre si, baseado em um tema possível de elaborar tal narrativa. Desse modo, pode-se considerar que os objetos alocados nas instituições museais são materiais das mais diversas espécies, os quais funcionam como paradigmas visuais que recriam, simbolicamente, a ordem do mundo e o espaço do exercício de poder. Scheiner (2012) nos esclarece que, por definição, todo museu efetua uma seleção no mundo dos objetos. Por outro lado, é função documental, do museu, a de garantir as democratizações da experiência e do conhecimento humano. Por fim, vale ressaltar que as exposições, na maioria dos museus, são baseadas nas coleções e no conhecimento pesquisado e documentado pelo próprio museu. Os objetos, físicos ou conceituais, utilizados nessas exposições, refletem uma tipologia e entregam a função básica de pesquisa, enfatizando todas as atividades desenvolvidas pelos museus, além das exposições. 12 Após apresentar essa trajetória, é importante salientar que a pesquisa de público ganha destaque nas ações propostas pelos museus. “A avaliação museológica é uma linha de pesquisa em museologia, ampla o suficiente para abordar todos os aspectos do cotidiano museal. A bibliografia da área está sistematizada de maneira a propor abordagens para avaliação em museus” (CURY, 2005, p. 371). Essa ação, dentre múltiplos significados, colabora, por exemplo, para verificar se os objetivos deliberados são alcançados. Avaliar é desvelar a realidade, aprimorar ações, promover atitudes e posturas, atribuir valores. Por promover a transformação que se processa, a partir da vontade institucional, é entendido como a “cultura da avaliação”, a qual permeia a tomada de decisão em todos os níveis de trabalho em um museu (CURY, 2005). Falar de exposição significa falar de uma apresentação intencionada, que estabelece um canal de contato entre um transmissor e um receptor (GONÇALVES, 2004). ATENÇÃO O museu é um espaço extraordinário de ficção, pois mobiliza formas para representar o mundo e, assim, permitir que, dele, possamos dizer alguma coisa (MENESES, 2008). NOTA 13 Neste tópico, você aprendeu: • O museu seleciona os “vestígios” do passado, da cultura material, e viabiliza discursos para promover e veicular representações no presente, o que deve permanecer para o deleite e o estudo humanos. • A comunicação, durante muito tempo, predominou quando o emissor detinha grande parte do poder do processo comunicacional, e, ao receptor, era reservado o papel de observador. Na atualidade, a museologia não articula mais esses pressupostos e visa compreender a realidade social que a insere e potencializar uma relação comunicacional dialógica. • Segundo Cury (2006), a comunicação museológica é a denominação genérica às diversas formas de extroversão do conhecimento. Pode ser classificada como lato sensu e stricto sensu. • O museu é um sistema de comunicação e de informação. Devemos levar em conta todo o potencial dele, que as exposições são uma das formas de acesso ao grande público que o visita, ou seja, a comunidade civil. Para que isso ocorra, as demais funções devem coadunar com as ações diárias institucionais,por exemplo, documentação, pesquisa, educação etc. RESUMO DO TÓPICO 1 14 1 Cury (2005) informa que a comunicação museológica é uma denominação genérica dada às diversas formas de extroversão do conhecimento em museus, como artigos científicos que versam sobre o estudo de coleções, catálogos, materiais didáticos, vídeos e filmes, palestras e oficinas. Partindo desse pressuposto, analise as sentenças a seguir: I- A aproximação entre o campo da comunicação e o museu, e, consequentemente, as exposições e outras ações, é recente. Vale dizer que refletir a respeito de como o museu atua comunicacionalmente, considerando os avanços das pesquisas da Ciência da Comunicação, é, relativamente, algo novo. II- Um dos marcos referenciais dessa aproximação de campos – Ciência da Comunicação Museológica – foi proposto por Duncan Cameron, no final da década de 1960, na América do Norte. III- O museu tem origem, exclusivamente, no colecionismo. A institucionalização dele foi rápida e se concentrou na Europa, ao ofertar grandes exposições. IV- No contexto dos museus, a comunicação aparece, simultaneamente, como a apresentação dos resultados da pesquisa efetuada das coleções (catálogos, artigos, conferências, exposições) e como o acesso aos objetos que compõem essas coleções (exposições de longa duração e informações associadas). Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I, III e IV estão corretas. b) ( ) As sentenças I e III estão corretas. c) ( ) As sentenças II e IV estão corretas. d) ( ) As sentenças I, II, IV estão corretas. 2 Os debates conceituais fazem parte da estruturação conceitual da área, assim, leia o excerto a seguir: O museu formula e comunica sentidos a partir do próprio acervo. Esses dois atos são indissociáveis, e, por isso, a área museológica e o público atribuíram, a essa instituição, um grande papel social (CURY, 2005). Assim, com relação à comunicação museológica, considere as afirmativas a seguir: I- No contexto dos museus, a comunicação aparece, simultaneamente, como a apresentação dos resultados da pesquisa efetuada das coleções e como o acesso aos objetos que compõem essas coleções. II- O debate relativo aos métodos de comunicação, utilizados pelo museu, levanta a questão da transmissão. AUTOATIVIDADE 15 III- Quando a comunicação é unilateral e opera no tempo, não apenas, no espaço, é chamada de transmissão. IV- Cury (2006) sinaliza que a comunicação museológica é a denominação genérica dada às diversas formas de extroversão do conhecimento em museus, uma vez que há um trabalho de introversão. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Somente a afirmativa II está correta. b) ( ) Somente a afirmativa I está correta. c) ( ) Somente a afirmativa III está correta. d) ( ) As afirmativas I, II, III e IV estão corretas. 3 Na atualidade, podemos observar a oferta de diferentes modelos de exposição, por exemplo, a exposição Rio São Francisco, navegado por Ronaldo Fraga, que teve gênese no desfile apresentado no evento de moda São Paulo Fashion Week, para o verão de 2009, para, então, transformar-se em uma exposição que já passou por sete cidades brasileiras até o momento. A mostra convida o visitante a passear por esse rio, segundo o olhar do estilista, em uma montagem cenográfica repleta de referências históricas e afetivas (ABREU, 2014). Assim, podemos afirmar que uma exposição é: a) ( ) O resultado da ação de expor. A exposição se apresenta, atualmente, como uma das funções menos prioritárias do museu. b) ( ) A ausência de relação histórica com o museu e a evolução dos meios de comunicação. Pelo contrário, cada uma seguiu de forma independente. c) ( ) A única forma de garantir visitantes nos museus. Por isso, é importante uma divulgação intensa dela. d) ( ) O resultado da ação de expor, o conjunto daquilo que é exposto e o lugar onde se expõe. 4 A museologia é a área que permite a ligação do social com o patrimonial. É, por isso, uma transdisciplinar porque trabalha, necessariamente, com a transversalidade, pois é a possibilidade de recorte da realidade que une desenvolvimento social, dinâmica cultural, políticas públicas, práxis cotidiana, progresso humano e processo educacional, com patrimônio cultural, conhecimento e preservação. Assim, disserte a respeito do papel da comunicação em museus. Quais são as problemáticas enfrentadas pelas instituições museológicas que, ainda, mantêm uma comunicação unidirecional? Justifique. 5 Falar de exposição significa falar de uma apresentação intencionada, que estabelece um canal de contato entre um transmissor e um receptor (GONÇALVES, 2004). Partindo do conceito de exposição, disserte a respeito da importância histórica dela. 16 17 CONCEITUAÇÃO MUSEOLÓGICA UNIDADE 1 TÓPICO 2 — 1 INTRODUÇÃO Podemos considerar que exposição e museu caminham juntos. Ao analisarmos a etimologia das palavras, observamos que “museu deriva do latim museum, que, por sua vez, vem do grego mouseîon, o templo dedicado às musas. Significa, portanto, como origem, a “casa das musas”” (GONÇALVES, 2004, p. 13). Já a palavra exposição é derivada, também, do latim – exponere –, isto é, “pôr para fora”, “entregar à sorte”. Museu e exposição estão ligados à própria história humana, sendo testemunhos e referências da cultura da humanidade. Com uma trajetória histórica, a exposição aparece como pressuposto-chave da ideia de museu, um meio pelo qual são reunidos e evidenciados objetos, com valores informacionais de uma cultura. Contudo, os significados dessas palavras, atribuídos, atualmente, são diferentes dos conceitos originais, já que se remetem ao Século das Luzes, a um contexto elitista, até o fim do século XVIII. Somente com a ruptura social, produzida pela “Revolução Francesa (1789), e ao longo do século XIX, que o museu se configura como uma instituição aberta ao público, democrática, voltada para a memória do passado e para a construção do futuro” (GONÇALVES, 2004, p. 14). A partir dessa breve contextualização, informamos que vários estudiosos, ao analisarem o percurso histórico que insere a exposição e o contexto museológico, contribuíram para efetivar as ações em museus, não só como uma disciplina a ser estudada, mas como uma ciência, com características próprias. Evidenciamos os estudos teóricos de Marília Xavier Cury, Bruno Brulon Soares, Waldisa Rússio Guarnieri, Ulpiano Toledo Bezerra de Meneses, Heloisa Barbuy Tereza Scheiner, Manuelina Maria Duarte Cândido, Maria Cristina Oliveira Bruno, dentre outros brasileiros. Acadêmico, no Tópico 2, abordaremos os conceitos mais recorrentes ao falarmos de um museu, e, junto a isso, apresentaremos as tipologias de exposições existentes e as durações delas. É preciso compreendê-los para que os diferentes profissionais, atuantes em museus, possam dialogar, e com base em pressupostos. 18 “Museu e museologia, muito embora não constituam categorias de pensamento autoexplicativas, cada vez mais, caracterizam-se como conceitos fundadores de um campo do saber em ascensão” (SOARES, 2009, p. 32). No campo internacional da Museologia, desde os anos 1960-1970, houve um grande debate que veio a se contrapor às concepções e aos modelos, até então, vigentes. Isso aconteceu com a chamada Nova Museologia. Esta expressão Nova Museologia contém oposição ao que seria um museu tradicional, afirmando que este é elitista e voltado para si mesmo, distanciado do cotidiano dos indivíduos e dos grupos. Em contrapartida ao tradicionalismo, os teóricos da Nova Museologia apontam que os museus devem assumir uma função social e superar os limites de uma cultura voltada à produção e à circulação de bens culturais da elite (PAIVA; PRIMON, 2013, p. 4). Em 1976, o Comitê Consultivo do ICOM sugere o estabelecimento de um comitê voltado para o estudo da Museologia, ao considerar o fato de que todo ramo de atividade profissionalnecessita ser estudado. Teoricamente, surge um novo comitê internacional, especificamente dedicado ao estudo da Museologia, nesse caso, o Comitê Internacional para a Museologia – ICOFOM, em 15 de junho de 1976. Teve a existência oficializada em maio de 1977, na 12ª Assembleia Geral do ICOM, em Moscou (SCHEINER, 2005). A concepção de museu – aqui, entendido como o fenômeno Museu, a partir do qual os diferentes museus são modos específicos de representação –, enfatizada no final do século XX, pelas ideias da Nova Museologia, leva-nos, diretamente, a compreender uma Museologia que tem o humano como objeto primeiro. Pensar nessa Nova Museologia como uma ciência humana que começa a nascer é, talvez, a principal consequência trazida por essa noção de museu, esse objeto mutante e dinâmico, livre e democrático (SOARES, 2009, p. 34). A Museologia se forma e se apoia em um paradigma, ainda, em formação, resultado de mudanças que originaram as discussões no seio de uma comunidade científica recém-nascida, que passa a discutir os próprios limites como ciência (SOARES, 2009). Entendida como a ciência que estuda os museus, ou, mais recentemente, o fenômeno Museu, é importante reconhecer esse movimento e as proposições históricas suscitadas e como os compreendemos na contemporaneidade. 2.1 MUSEOGRAFIA E EXPOGRAFIA Museografia e expografia são termos em voga, porém, como sinaliza Cury (2005), são mal utilizados, assim, é conveniente esclarecê-los. A museografia é o termo que engloba todas as ações práticas ou aplicadas em um museu, como: planejamento, arquitetura, acessibilidade, documentação, conservação, exposição, segurança etc. Já a expografia faz parte da museografia, e tem como finalidade a pesquisa de uma linguagem e de uma expressão fiel para a tradução de programas científicos de uma exposição. 2 CONCEITOS BÁSICOS 19 O termo “museografia”, que apareceu, pela primeira vez, no século XVIII (NEICKEL, 1727), é mais antigo do que o termo “museologia”. A palavra em si foi, por muito tempo, utilizada em concorrência com o termo “museologia”, para designar as ações, intelectuais ou práticas, de responsabilidade do museu (DESVALLÉES; MAIRESSE, 2013). INTERESSANTE “Deve-se, então, pensar, didaticamente, na exposição como conteúdo e forma, sendo o conteúdo dado pela informação científica e pela concepção de comunicação como interação” (CURY, 2005, p. 42). Já a forma diz respeito à maneira como se organiza. Deve-se levar em consideração o tema e o desenvolvimento e perpassar pela seleção do objeto e pela articulação dele no contexto narrativo, paralelamente, com as elaborações espacial e visual, associadas a outras estratégias que, juntas, revestem a exposição de qualidades sensoriais (CURY, 2005). Com relação à expografia, o conceito, ainda, é recente, e seria o equivalente ao termo inglês exhibition design. No Brasil, essa atividade aparece com diversas nomenclaturas, e recebe, muitas vezes, o nome de cenografia, embora alguns profissionais entendam que essa palavra se remeta a peças de teatro e concertos (ABREU, 2014). NOTA A museografia (museologia aplicada) é um campo do conhecimento responsável pela execução dos projetos museológicos por meio de diferentes recursos – planejamento da disposição de obje tos, vitrines, suportes expositivos, legendas e sistemas de iluminação, segurança, conservação e circulação (IBRAM, 2014). NOTA 20 2.2 CENOGRAFIA As ambientações e as cenografias são outras possibilidades de intervenção, no espaço, expositivas, a fim de se buscar um resultado integral. Paes (2016) nos informa que o termo expografia se refere às técnicas para concepção, organização e manutenção do espaço expositivo. Os recursos cenográficos, utilizados nas exposições, “são estratégias que permitem a apreensão dos conteúdos a partir da experiência estética, como um mis en exposition, para apresentar narrativas e discursos” (ENNES, 2008, p. 55). Deve-se criar condições para a leitura do tema apresentado, ou seja, construir a inteligibilidade com a composição de elementos e recursos próprios ao museu. “A cenografia em exposição, a depender de como é constituída, tem a capacidade de alcançar a clareza pela sensorialidade dos elementos” (PAES, 2016, p. 35). A expografia é um dos termos para designar o projeto arquitetônico, ou cenográfico, de uma exposição, e gera espaços narrativos a partir de ideias, objetos, acontecimentos, personagens, feitos e histórias (ABREU, 2014). NOTA Segundo Ennes (2008, p. 55), a cenografia contribui para a compreensão da proposta e dos conteúdos a serem articulados, e ratifica que a “função dela vai muito além de, simplesmente, reunir os elementos em uma composição, mas facilitá-los para o visitante, para a elaboração de sentido”. Somada a essa composição, tem-se uma “atmosfera específica, com a aplicação de luzes, cores e ambientes que servem como suporte para as narrativas das exposições” (ENNES, 2008, p. 55). O conceito de cenografia, adotado por Gonçalves (2004), compreende uma aproximação com o que ocorre no teatro, no qual as cenas são apresentadas em uma caixa preta, composta pelo espaço físico do palco, e complementada pelo cenário. “Adota-se o conceito de “cenografia” no lugar do conceito de “museografia da exposição” porque se considera que há, na comunicação da exposição, uma aproximação muito direta com o que ocorre no teatro” (GONÇALVES, 2004, p. 20). Leia Cenografia no Teatro e nos Espaços Expositivos: Uma Abordagem Além da Representação, de Elcio Rossini, disponível em https://www. scielo.br/j/tinf/a/PNr4zpkcgxTKNJHKW7NtRrn/?format=pdf&lang=pt. DICA https://www.scielo.br/j/tinf/a/PNr4zpkcgxTKNJHKW7NtRrn/?format=pdf&lang=pt https://www.scielo.br/j/tinf/a/PNr4zpkcgxTKNJHKW7NtRrn/?format=pdf&lang=pt 21 As mudanças nas concepções expositivas são recíprocas às transformações da produção artística. Existe uma percepção de que a expografia, ao longo da segunda metade do século XX, adquiriu flexibilidade e migrou do cubo branco para a caixa preta, para a alegoria, a cenografia e os múltiplos estímulos do teatro. Essa mudança seria uma herança do experimentalismo das décadas de 1950-1970, e da noção de que as concepções da exposição deveriam ser mutáveis e possibilitar formas diversas. Assim, pondo em xeque o conceito do “cubo branco”, o espaço expositivo parece adquirir uma flexibilidade semelhante à da “caixa preta” teatral. Nesse aspecto, há que se registrar, também, a influência que a cenografia de espetáculos de ópera e teatro exerceu na de exposições. Em ambos os casos, muitas das técnicas de iluminação e de construção se equivalem, e, notadamente, os avanços, nessas áreas, beneficiam ambas as aplicações (ABREU, 2014). NOTA 2.3 CURADORIA A história dos museus testemunha, pelo menos, há quatro séculos, o surgimento das atividades de curadoria em torno das ações de seleção, estudo, salvaguarda e comunicação das coleções e dos acervos (BRUNO, 2008). Desde o início deste percurso, as ações curatoriais denotaram uma certa cumplicidade com o pensar e o fazer em torno de acervos de espécimes da natureza e artefatos, evidenciando o envolvimento simultâneo com as questões ambientais e culturais. Dessa forma, o conceito de curadoria tem, nas raízes, as experiências dos gabinetes de curiosidades e dos antiquários do Renascimento e dos primeiros grandes museus europeus surgidos a partir do século XVII (BRUNO, 2008, p. 2). Oguibe (2004) informa que a figura do curador, diretor, ou comissário de exposição, ganha destaque na segunda metade do século XX, e se sobressairia ao historiador da arte com o discurso da arte contemporânea. Antes, o curador era, principalmente, um agente provinciano, com uma referência estrutural limitada, etnocêntrica, e, também, excêntrica, sustentada pela autoridade da qualificação e especialização acadêmica. O curador de arte contemporânea era um historiador daarte, ou alguém com uma qualificação em arte, história da arte ou estética, que, nas trajetórias de treinamento e carreira, interessou- se, especialmente, por um aspecto do período ao qual se dedicou, destinando o próprio tempo ao estudo do trabalho produzido de uma forma ou técnica específica […]. Esse conhecimento específico, também, condenou o curador ao vínculo e à dependência institucionais, além dos quais o único recurso possível era um emprego acadêmico (OGUIBE, 2004, p. 7). 22 Esse referencial direcionado para uma única área, e, até mesmo, o processo histórico da curadoria, teria uma mudança representativa, no fazer curatorial. Conforme Oguibe (2004), ocorreria no final do século XX, incluindo um conhecimento mais amplo. Vale ressaltar que “as funções iniciais da curadoria eram zelar e cuidar (curar) de um determinado acervo, ou coleção, o que exigia uma especialização acadêmica que, consequentemente, tornava a vinculação institucional inevitável” (PEQUENO, 2012, p. 17-18). Segundo Cauê Alves, por exemplo, “espera-se, da curadoria”, em um sentido amplo do termo, “que saiba compreender e relacionar o trabalho de arte, senão na história da arte, numa sequência de outros trabalhos ou no contexto de uma discussão atual”, defendendo que “há pouco ou nenhum sentido na curadoria e na crítica, que não possui embasamentos histórico e teórico” (RAMOS, 2010, p. 44). Se a prática curatorial não instrumentaliza, explicitamente, um saber histórico, deve-se ter em mente que este, muitas vezes, orienta a tomada de decisões e a abordagem do curador (REINALDIM, 2015, p. 24). A diferenciação entre o curador, o crítico, o teórico e o historiador, por outro lado, é bem elucidativa, já que a “formação, específica em curadoria, é recente, e muitos curadores, hoje, atuantes, formaram-se em áreas afins, como história da arte, filosofia, história, museologia, ciências sociais, educação ou comunicação” (PEQUENO, 2012, p. 17-18). Smith afirma, então, que a empatia é necessária para os quatro ofícios, mas, enquanto o teórico lida com especulações, o historiador trabalha com fatos estéticos e o crítico escreve a respeito dessas intuições. Já o curador precisa ligá-las a contingências práticas, institucionais e comerciais da arte. Ou seja, o trabalho do curador é teórico-prático (PEQUENO, 2012, p. 20). A prática curatorial é algo que ocorre a médio e longo prazo, por um diálogo de aproximação crítica entre o curador e o artista, com uma vivência teórico-prática. Para Pequeno (2012, p. 20), “o curador é mais do que, apenas, um “arranjador de exposições”, mas alguém que pensa junto com o artista e que contribui para um outro olhar”. Assim, também, fica evidente que ambos os trabalhos não são excludentes, mas codependentes. Sem a existência do artista, ou da obra de arte, o curador, provavelmente, ficaria desempregado (PEQUENO, 2012). 23 Nos anos que antecederam a década de 1960, as exposições eram já organizadas por profissionais qualificados, comissários e diretores de museu. No entanto, esses profissionais tinham um papel reservado e institucionalizado, surgindo, por isso, uma necessidade de se mudar a forma de expor, ao ser questionada a eficácia das práticas estéticas e expositivas instituídas. Aqui, surgem os projetos curatoriais, os quais desenvolveram uma relação entre conceito e espaço expositivo. Contribuíram, desse modo, para o incremento de exposições, de produção e de mediação artística, com origem a uma nova abordagem de como a arte deve ser tratada (ALEGRIA, 2013). NOTA Pode-se considerar que a curadoria é a somatória de distintas operações que entrelaçam intenções, reflexões e ações, cujo resultado evidencia os seguintes compromissos: a identificação de possibilidades interpretativas reiteradas, desveladas as rotas de ressignificação dos acervos e das coleções; a aplicação sistêmica de procedimentos museológicos de salvaguarda e de comunicação aliados às noções de preservação, extroversão e educação; e a capacidade de decodificar as necessidades das sociedades com relação à função contemporânea dos processos curatoriais (BRUNO, 2008). NOTA 2.4 O QUE É UM PROJETO As propostas, para uma exposição, devem ser estudadas e analisadas com antecedência, pois demandam tempo e equipe para viabilizar a existência dela. Para que isso ocorra, é importante a elaboração de projetos, “um instrumento técnico e estratégico [...] que possui características próprias que o definem como tal, independentemente de tamanho, complexidade ou duração” (INSTITUTO ALVORADA BRASIL, 2014, p. 19). Um projeto pode durar uma semana, um mês ou um ano, mas sempre chega ao fim, que é quando o objetivo, para o qual foi criado, é atingido, ou, mesmo, quando se constata que não há como realizá-lo. Portanto, não confunda a natureza temporária do projeto com o tempo de vida do produto gerado por ele. O produto pode ser duradouro, e essa possibilidade depende das próprias características e finalidades (INSTITUTO ALVORADA BRASIL, 2014). ATENÇÃO 24 Vale ressaltar que um projeto, também, possui um ciclo de vida, o que compreende elaboração, execução, prestação de contas e encerramento. Um projeto é dividido em fases, com características próprias, as quais, juntas, constituem esse ciclo de vida. Normalmente, compreendem: conceituação, planejamento, execução e conclusão (INSTITUTO ALVORADA BRASIL, 2014). O projeto cultural é um instrumento técnico, estratégico e de comunicação, no entanto, com especificidades. Destacaremos algumas delas: possui, como eixo central, a cultura e as artes, quaisquer que sejam as linguagens artísticas; não necessariamente, contempla algum retorno financeiro; e, normalmente, não requer cálculos complexos (INSTITUTO ALVORADA BRASIL, 2014). NOTA 3 DEFINIÇÕES E CLASSIFICAÇÕES PARA EXPOSIÇÕES O ato de ofertar uma exposição envolve diferentes processos e profissionais, e, para que isso ocorra, devemos levar em consideração, por exemplo, a duração dessa exposição, pois influencia a escolha dos materiais a serem utilizados para o mobiliário, a conservação preventiva do acervo, a equipe educativa, a manutenção, a segurança etc. Cury (2005) concebe e monta uma exposição a partir do viés da experiência do público. Significa escolhas, decisões com relação ao que e como. NOTA Seguem as tipologias expográficas, as modalidades e as durações na atualidade. 3.1 TIPOLOGIAS EXPOGRÁFICAS Na contemporaneidade, a instituição museológica vem revendo a missão e a atuação dela enquanto espaço de memória. Isso se reflete nas exposições que esses espaços ofertam ou sediam. Podemos classificar essas exposições segundo diferentes naturezas, com relação ao tipo de acervo, ao tema apresentado, ao público esperado, às expectativas, ou, ainda, ao local que as recebe, seja um parque a céu aberto, uma galeria de arte, centros comerciais ou o próprio museu (ABREU, 2014). 25 A partir das exposições históricas, são exibidos aspectos de um período histórico. Ainda, há as institucionais, “localizadas geralmente, dentro de empresas ou instituições públicas. As exposições dessa natureza exibem a história e a missão dessas entidades, contextualizados processos, produtos e serviços através dos tempos” (ABREU, 2014, p. 56-57). Esse modelo de exposição possibilita a inserção dos colaboradores no contexto da instituição, que os acolhe para trabalharem. Geralmente, marca presença um caráter didático e informativo, com longa duração ou temporária, a fim de celebrar algum fato relevante e aberto para a comunidade civil. Já as “exposições culturais, realizadas geralmente em museus e centros culturais, mas, também, em espaços alternativos, com estruturas temporárias instaladas em espaços públicos, visam informar, entreter e educar, dentre outros objetivos” (ABREU, 2014, p. 57). Apresentam, segundo Abreu (2014), acervos diversos e com temas de interesses social, cultural e educacional:de arte à etnografia, de ciências à história, de esporte a comportamentos, dentre muitos outros. Há uma outra tipologia, formada pelas “exposições temáticas”. Mais do que expor objetos, esse tipo de exposição tem, na história a ser contada, o principal motivo de existência, podendo, até mesmo, prescindir de acervos materiais. Um dos perigos a ser enfrentado na construção das exposições temáticas é iniciar o desenvolvimento das estratégias e das técnicas de exibição antes de definir os conceitos da exposição, privilegiando o efeito em relação ao conte údo da mensagem (FRANCO, 2018). NOTA Já conhecemos quatro tipologias de exposição e as diferenciações delas: • Exposição Histórica. • Exposição Institucional. • Exposição Cultural. • Exposição Temática. NOTA 26 3.1.1 Exposições comerciais ou feiras mundiais O objetivo dessas exposições era mostrar a força e a consolidação do sistema fabril ao grande público e a outras nações, ou seja, evidenciavam-se, nesses eventos, o progresso industrial e a superioridade das potências imperialistas, reservado, assim, um lugar para todas as nações do globo, sendo que o ato de conhecer, também, era um fator político (SANTOS, 2013). “A exposição de Londres, de 1851, entrou para as crônicas das histórias da ciência e da tecnologia, pelo fato de ter sido a primeira exposição de caráter “internacional” e por ter sido capaz de criar e de modelar todo um imaginário de modernidade da época” (SANTOS, 2013, p. 2). As exposições universais eram grandes laboratórios para as visibilidades nacional e internacional, pois, conforme Santos (2013), buscava-se mostrar o que as nações tinham alcançado de progresso industrial e novos maquinários que pudessem servir de incentivo ao avanço tecnológico. A maior lembrança que ficou dessa exposição foi o Palácio de Cristal, estrutura de ferro e vidro construído em, apenas, um ano. O prédio mostrava, não apenas, os usos de novos materiais, mas, também, o da técnica que permitia agir sobre o espaço-tempo, ao ser criada uma nova sensibilidade. No decorrer da segunda metade do século XIX, outros prédios tão grandiosos foram construídos, a fim de sediarem as exposições, mas nenhum deles seria tão recordado como o Palácio de Cristal, o qual entregava firmeza, maleabilidade e transparência, tudo em uma única estrutura (SANTOS, 2013). NOTA FIGURA 3 – EXPOSIÇÃO UNIVERSAL PALÁCIO DE CRISTAL FONTE: encurtador.com.br/lxGV7>. Acesso em: 24 abr. 2021. 27 Também chamado de feira, esse tipo de exposição tem objetivos comerciais, e, geralmente, apresenta produtos e serviços de uma organização ou segmento: uma empresa, um país, ou, mesmo, um determinado setor industrial, como a Feira Internacional do Mármore e Granito, do Espírito Santo; a Feira do Livro, de Frankfurt; ou as exposições agropecuárias que acontecem por todo o Brasil (ABREU, 2014). As exposições comerciais são dirigidas, especialmente, a fabricantes e empresas de distribuição e revenda, mas algumas também atraem um público mais amplo, de consumidores finais interessados em conhecer as últimas novidades do mercado. Os locais desses eventos são, geralmente, espaços com grandes dimensões, capazes de abrigar verdadeiras multidões, como o Pavilhão de Exposições do Anhembi, que recebeu 750 mil pessoas no último dia do Salão do Automóvel 2012 (ABREU, 2014). NOTA 3.1.2 Exposições virtuais As exposições virtuais podem ocorrer em museus que existem fisicamente ou de forma digital. Encontramos denominações, como webmuseu, cibermuseu, museu digital ou museu virtual, com “acervos” com reprodução digital, ou obras criadas em meio on-line, originalmente (MAGALDI, 2010). A respeito das exposições virtuais, não existem na forma material, a não ser através de um possível registro, com um código informacional. A demonstração acontece, apenas, por meio da tela de um computador. Ainda, podem apresentar todas as características de um dos demais tipos de exposição. Não têm público, pela acepção tradicional do termo, mas visitantes individuais, sendo que cada apreciador tem o potencial de alteração da exposição. NOTA O museu virtual é, essencialmente, sem fronteiras, capaz de criar um diálogo virtual com o visitante, ao dar, a ele, uma visão dinâmica, multidisciplinar, e um contato interativo com a coleção e com o espaço expositivo. “Ao tentar representar o real, cria- se uma nova realidade, paralela e coexistente com a primeira, que deve ser vista como uma nova visão, ou um conjunto de novas visões, do museu tradicional” (MUCHACHO, 2005, p. 582). 28 Essa modalidade tem uma forte capacidade de ampliação de público, ao permitir a extroversão de conteúdos com baixo custo e efetividade. É preciso, contudo, buscar orientação jurídica para a questão do licenciamento de imagens, além de obter uma avaliação mais qualitativa da apreensão pelo público (FRANCO, 2018). Acesse dois museus virtuais: Museu da Pessoa: https://museudapessoa.org/. Museu dos Memes: https://museudememes.com.br/. DICA Uma outra modalidade expositiva, cada vez mais frequente, é a exposição virtual, feita de forma independente, pela instituição ou em parceria com outras. Essa modalidade tem uma grande capacidade de ampliação de público, ao permitir a extroversão de conteúdos com baixo custo e efetividade. É preciso, contudo, buscar orientação jurídica para a questão do licenciamento de imagens, além de obter uma avaliação mais qualitativa da apreensão pelo público (FRANCO, 2018). NOTA 3.2 MODALIDADE E DURAÇÃO Conforme visto anteriormente, há diferentes tipologias de exposições, as quais podem ser classificadas de acordo com critérios. Ao ser levada em consideração a duração, marcam presença três tipos: (1) Exposições de longa duração; (2) Exposições de curta duração, ou temporárias; e (3) Exposições itinerantes e extramuros. 3.2.1 Exposições de longa e curta durações, ou temporárias Essas exposições, segundo Franco (2018), geralmente abordam temas mais amplos e panorâmicos das instituições, com um papel primordial de comunicação da missão para todos os públicos. Com relação à duração, pode variar conforme a política de comunicação da instituição, “o grau de produção das pesquisas a respeito do acervo, as temáticas e a capacidade de renovação institucional, mas é recomendável que seja revista em um intervalo médio de 5 a 10 anos” (FRANCO, 2018, p. 23). https://museudapessoa.org/ https://museudememes.com.br/ 29 Os idealizadores de uma exposição de longa duração devem presumir que o pú blico a visitará mais de uma vez. Nesse sentido, eles devem concebê-la com recur sos que favoreçam experiências, interações, e, até mesmo, contribuições por parte do público, geradas, com isso, novas descobertas a cada visita. Os museus, normalmente, destinam a maior parte da área construída às exposições de longa duração, que mobilizam uma parte substantiva dos recursos materiais e humanos disponíveis, seja na concepção e montagem, seja na manutenção. Dessa forma, recomenda-se que as técnicas construtivas priorizem a manutenção e a fácil reposição dos equipamentos a longo prazo (FRANCO, 2018, p. 23). A exposição de longa duração tem a potencialidade de diálogo com as áreas das ações cultural e educativa, para ofertar o retorno do público mais vezes, a fim de que ele vivencie temas transversais, ou, até mesmo, a complementação das narrativas apresentadas na exposição, por exemplo, visitas e seminários temáticos, bate-papo cultural, dentre outras opções. Já as exposições temporárias e itinerantes podem ofertar um aprofundamento ou complementação dos aspectos da exposição principal. Elas estão aptas a apresentar os resultados do estudo e da pesquisa de parte da coleção do museu. Além de mais específicos, os temas podem ser mais atuais, de modo a explorar as potencialidades de diálogo. O papel primordial, no entanto, é permitir a renovação mais ágil dos temas tratados pela instituição. Elas, também,podem fun cionar como uma espécie de laboratório de experimentação de novos materiais, recursos e processos expográficos, sem os custos operacionais de uma exposição com grandes dimensões e duração (FRANCO, 2018, p. 23). As exposições temporárias ofertam o dinamismo da instituição museu e potencializam novas relações comunicacionais. Seguem as características de cada uma das exposições – longa e curta durações –, com ponderação sobre o tema, os materiais utilizados, o monitoramento etc. 30 QUADRO 1 – MODALIDADES DE EXPOSIÇÕES ITENS Exposições de longa duração Exposições de curta duração ou temporárias TEMAS Abordam temas mais amplos, que sintetizam as coleções dos museus. Abordam temas mais específicos e atuais, de modo a explorar as potencialidades das coleções a partir de recortes cura toriais. TÉCNICAS CONSTRUTIVAS EXPOGRÁFICAS Devem prezar pelos materiais mais resistentes, que garantam durabilidade e condições favoráveis para a conservação do acervo. É importante identificar, previamente, possibilidades de substituição de peças em exposição, sem comprometer a leitura geral do tema, ou do subtema, pela necessidade de recorrentes ações de conservação preventiva e pela atualização da exposição e da rotatividade do acervo em reserva técnica. São pensados, os materiais, para a produção da exposição, com pouca durabilidade e manutenção de curto ou médio prazo, mas sem deixar de assegu rar as condições favoráveis para a conservação das peças. ESTRUTURA DE APOIO É permanente, o que vai desde o monitoramento das peças e a manutenção dos espaços e dos recursos expográficos, como vitrines, cenários, iluminação, painéis, textos etc., até a mediação, que deve provocar a reflexão, ao oferecer possibilidades de leituras diferenciadas para a interpretação do visitante. Tem caráter temporário. CIRCUITO EXPOSITIVO Possibilita a criação de roteiros diferenciados, de modo que possam ser explorados, de acordo com o interesse de cada público. Entrega múltiplas possibilidades de experimentações e proposições. FONTE: Adaptado de IBRAM (2014) 31 Exposições de longa duração Uma exposição de longa duração também exerce o papel de refletir a proposta do museu, pois, principalmente, por meio dela, o museu se torna conhecido. Entretanto, essa exposição não se encerra na inauguração; deve estar, permanentemente, aberta a novas adaptações, à medida que a pesquisa, as atividades educacionais, a mediação e o público visitante contribuam com novas proposições para o acervo ou tema (IBRAM, 2014). NOTA Exposições de curta duração ou temporárias Com essas exposições, os museus podem tratar de diversos temas, ao exibir acervos que não pertencem às próprias coleções. Dão, a muitas pessoas, a oportunidade de conhecerem bens culturais importan tes, exemplares raros da fauna e da flora, aos que não teriam acesso por outros meios. Também, são um importante chamariz para o retorno daqueles que já visitaram o museu e de propaganda para atrair turistas que procuram diversificar e ampliar a visita que fazem (IBRAM, 2014). NOTA As exposições itinerantes são aquelas que saem dos museus e alcançam o público em outras instâncias. Elas têm, como objetivos, divulgar o trabalho da instituição, estimular a curiosidade dos públicos e promover discussões a respeito de temáticas específicas. Também, possuem o caráter temporário e são produzidas com a possibilidade de se adaptarem aos diferentes espaços, com facilidades de transporte, montagem e desmontagem. Como todas as exposições, o design, a temática, o acervo e a organização espacial pre cisam ser planejados, de forma a instigarem os públicos. 3.2.2 Exposições itinerantes e extramuros É importante destacar que a comunicação deve partir do princípio dialógico: os encontros entre as pessoas e o museu (que é composto por pessoas) precisam compartilhar experiências, a partir das quais ambas as partes se transformem. O museu não pode se colocar como emissor, ou transmissor de informações, sendo, o visitante, um mero receptor. Em um processo dialógico, a relação de quem se comunica precisa estar em pé de igualdade: os dois lados aprendem e ensinam, ambos se modificam e saem diferentes do que eram (IBRAM, 2014). NOTA 32 As modalidades expositivas devem ser colocadas em pauta, das proposições, com a idealização de uma exposição, pois, a depender do acervo, isso pode afetar a conservação. Assim, é importante o diálogo com a equipe de conservação, pois, às vezes, o modo de exibição de uma peça pode ser alterado. Por exemplo, uma vestimenta, ao invés de ser apresentada de uma forma natural, ou seja, em um manequim, pode ser vista em uma superfície plana, com a mitigação dos danos expositivos. Essa é uma das questões que são capazes de aparecer, então, o trabalho interdisciplinar e o planejamento estratégico são importantes ao se conceber o projeto expográfico. Observe como as tapeçarias são apresentadas ao público em uma exposição de longa duração, no Instituto Ricardo Brennand. FIGURA 4 – TAPEÇARIA INSTITUTO RICARDO BRENNAND FONTE: < https://www.viajecomigo.com/2018/01/02/instituto-ricardo-brennand-recife-brasil/>. Acesso em: 24 abr. 2021. 33 Neste tópico, você aprendeu: • A nível internacional, conhecemos o ICOM e o Comitê Internacional, dedicado à teoria museológica, o ICOFOM. Apesar de não ser uma instituição acadêmica, essa associação que congrega profissionais de museus do mundo todo, sempre, esteve motivada a entender e a estreitar as relações entre a grafia e a logia no locus museal, principalmente, após vir à tona a premência de se estabelecerem as teorias e os conceitos que alimentam a práxis museal. • As pesquisas nos museus contribuem para a amplia ção dos sentidos e das possibilidades de interpretação dos objetos, expo sições e públicos. São as ações de difusão que proporcio nam a compreensão de acervos e a aproximação dos pro fissionais dos museus, das atividades realizadas e dos públicos. Para tanto, é importante que o público seja pensado/inserido em todas as etapas de elaboração da exposição (IBRAM, 2014). • A curadoria vem se alternando ao longo do tempo, e, na atualidade, não diz respeito, somente, a montar exposições, ou a ser, simplesmente, um “curador”. Esse profissional deve, além do conhecimento de dada temática/assunto, integrar toda a equipe do projeto, visando uma a interatividade entre as áreas. • É importante reconhecer algumas tipologias de exposições, como institucionais, históricas, culturais, comerciais, virtuais etc. Podendo ser divididas, conforme a duração, em: longa, curta, ou temporária, além de itinerante/extramuro. RESUMO DO TÓPICO 2 34 1 O debate a respeito dos limites e das reciprocidades entre a museologia e a museografia não é recente, foi intensificado em 1946, após a criação do Conselho Internacional de Museus (CURY, 2014). Assim, podemos afirmar que a museografia é: a) ( ) Aquilo que concerne à salvaguarda, mais especificamente, à conservação preventiva, à restauração e à documentação. b) ( ) Aquilo que concerne à administração do museu e à salvaguarda (conservação preventiva, restauração e documentação). c) ( ) Aquilo que concerne à administração do museu, à salvaguarda (conservação preventiva, restauração e documentação) e à comunicação (exposição e educação). d) ( ) Uma disciplina teórica aplicada em museus e que tem, como principal objetivo, ofertar projetos expográficos. 2 Leia a notícia a seguir, referente às exposições do Centro Cultural Banco do Brasil e a unidades. Depois de passar por Belo Horizonte e Rio de Janeiro, a exposição do artista argentino Leandro Erlich chegará ao Centro Cultural do Banco do Brasil de São Paulo (CCBB-SP). Em “A Tensão”, obras criativas de ilusão de ótica mudam a forma através da qual o espaço é percebido. Na curadoria de Marcello Dantas, o visitante vê barco e elevador flutuantes, janelas para jardinsimaginários, e, até mesmo, uma piscina, na qual pode entrar de roupa e ficar submerso, sem medo de se afogar. FONTE: <https://viagemeturismo.abril.com.br/brasil/sao-paulo-confira-as-exposicoes-confirmadas- para-2022/>. Acesso em: 24 abr. 2022. Como podemos classificar a exposição que já passou por Belo Horizonte e Rio de Janeiro, e que, em breve, chegará a São Paulo? a) ( ) Longa duração: São pensados, as técnicas e os materiais para a produção da exposição, para pouca durabilidade e manutenção de curto ou médio prazo. Deixa de assegu rar as condições favoráveis para a conservação das peças. b) ( ) Itinerante e extramuro: Sai dos museus e alcança o público em outras instâncias. Tem, como objetivos, divulgar o trabalho da instituição, estimular a curiosidade dos públicos e promover discussões a respeito de temáticas específicas. Também, possui caráter temporário e é produzida com a possibilidade de se adaptar a diferentes espaços, com facilidades de transporte, montagem e desmontagem. c) ( ) Itinerante: É produzida com a possibilidade de se adaptar, somente, aos espaços do museu. Também, possui caráter temporário, a fim de se adequar aos diferentes espaços, com facilidades de transporte, montagem e desmontagem. AUTOATIVIDADE https://viagemeturismo.abril.com.br/brasil/sao-paulo-confira-as-exposicoes-confirmadas-para-2022/ https://viagemeturismo.abril.com.br/brasil/sao-paulo-confira-as-exposicoes-confirmadas-para-2022/ 35 d) ( ) Comercial: Possibilita a abordagem de temas mais específicos e atuais, de modo a explorar as potencialidades das coleções a partir de recortes curatoriais. 3 Leia a notícia da nova exposição ofertada pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo: Zona da Mata: Com curadoria de Ana Magalhães e Marta Bogéa, do MAC-USP, e Cauê Alves, do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), a exposição reúne obras de artistas, como Claudia Andujar, Marcius Galan, Paulo Nazareth e Rodrigo Bueno. O nome se refere à Zona da Mata, que corresponde, geograficamente, à faixa litorânea da região Nordeste do Brasil, paralelamente ao Oceano Atlântico, e que se estende do Rio Grande do Norte até a Bahia. Trecho da Mata Atlântica original, hoje, quase extinta na região, foi solo explorador de modo predatório. FONTE: <https://guiadoestudante.abril.com.br/dica-cultural/museu-de-arte-contemporanea-da-usp-esta- -com-sete-exposicoes-gratuitas/>. Acesso em: 24 abr. 2022. Sobre a função do curador, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Zelar e cuidar do acervo, ou da coleção, para ser exposto. b) ( ) Cuidar da comunicação da exposição. Essa pessoa deve ser capaz e ter tempo para divulgar todas as etapas e ações necessárias da exposição, e, de preferência, ter habilidades para a produção de vídeos. c) ( ) Saber delegar, essa figura autoritária, a um grupo, ideias. Essa pessoa deve ser capaz e ter tempo para supervisionar todas as etapas e ações necessárias do projeto expográfico. d) ( ) Ser o responsável pela exposição. Essa pessoa é apontada, pelo grupo, com qualidades, para gerenciar o projeto. Deve ser capaz e ter tempo para acompanhar todas as etapas e ações necessárias para a montagem da exposição, e, de preferência, ter habilidades para ser o agregador da equipe. 4 Cabe reconhecer que o termo “curadoria” extrapolou os limites das artes visuais, sendo empregado em outras áreas, sempre que presumir ideias, como gestão, organização e seleção. O uso banalizado reforça o estatuto social da prática, no entanto, pouco contribui para definir sentidos e natureza. FONTE: REINALDIM, I. Tópicos sobre curadoria. Revista Poiésis, v. 16, n. 26, p. 18, 2015. Assim, disserte a respeito do papel do curador historicamente. 5 Como o resultado da ação de expor, a exposição se apresenta, atualmente, como uma das principais funções do museu, o qual, segundo a última definição do ICOM, adquire, conserva, estuda, expõe e transmite os patrimônios material e imaterial da humanidade. FONTE: DESVALLÉES, A.; MAIRESSE, F. Conceitos-chave de Museologia. Tradução: Bruno Brulon Soares; Marília Xavier Cury. ICOM: São Paulo, 2013. p. 43. Quais são as tipologias expográficas existentes e como podemos classificá-las em relação à duração? Justifique. https://guiadoestudante.abril.com.br/dica-cultural/museu-de-arte-contemporanea-da-usp-esta-com-sete-exposicoes-gratuitas/ https://guiadoestudante.abril.com.br/dica-cultural/museu-de-arte-contemporanea-da-usp-esta-com-sete-exposicoes-gratuitas/ 36 37 TÓPICO 3 — INTRODUÇÃO AO PENSAR EXPOGRÁFICO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Para que uma exposição seja bem-sucedida, requer um planejamento rigoroso e cuidados, incluindo uma boa gestão, que direcione e oriente, de forma eficaz e correta, a execução do produto final. A expografia, enquanto processo de trabalho, está implicada na criação da exposição, que, segundo Cury (2005), envolve a concepção e a montagem, e, por Scheiner (2006), o planejamento e o desenvolvimento da montagem. “Esse momento é importante, pois cada exposição representa um aspecto da visão de mundo dos grupos sociais aos quais se refere, expressando, em linguagem direta ou metafórica, os valores e traços culturais desses grupos” (SCHEINER, 2005, p. 2). Assim, as exposições têm a potência de recriação de uma parcela de mundo e de um espaço metafórico, intencionalmente, articulado. Scheiner (2005), ainda, informa que é o uso adequado das linguagens que contribui para tornar a exposição repleta de sentidos e emoções, uma experiência da visita. “Os recursos denominados expográficos são variados. Textos, legendas, ilustrações, fotografias, cenários, mobiliário, sons, texturas, cheiros, temperatura compõem um conjunto de elementos enriquecedor da experiência do público” (CURY, 2005, p. 46). São esses recursos que auxiliam a interação entre o público e o patrimônio cultural, potencializado o discurso museológico, na medida em que é estruturado entre os objetos museológicos e os recursos presentes no espaço, traçando-se, assim, a narrativa da exposição. Para Ennes (2008, p. 17), “a criação de uma exposição pressupõe conhecimento, inspiração e interpretação. Ainda mais sensibilidade, vivência artística e harmonia do gosto para expressar e promover, através da vivência no espaço, emoção, harmonia e diversidade”. Portanto, um dos pontos, ao se pensar em uma exposição, é a relação do espaço com o objeto. “Uma exposição favorece a preservação da memória e do imaginário coletivo, seja a partir das coleções e dos temas trazidos a público, seja com base em fatos históricos e evidências culturais con textualizadas” (IBRAM, 2014, p. 25). Ainda, “a comunicação museológica só se efetiva quando o discurso do museu é incorporado pelo visitante e integrado ao cotidiano dele, em forma de um novo discurso. A emissão deve partir desse ponto” (CURY, 2007, p. 81). Acadêmico, no Tópico 3, abordaremos as primeiras ideias e proposições a serem indagadas para a elaboração de um projeto expográfico e as informações primárias que devem ser registradas para o desenvolvimento da escrita e dos possíveis desdobramentos dela. 38 O conteúdo apresentado aqui será aprofundado ao longo das demais unidades. ESTUDOS FUTUROS 2 UMA PROPOSTA EXPOSITIVA A exposição precisa dominar a linguagem dos objetos. O objeto museológico destacado não tem elementos para desenvolver uma narrativa, pois ele, sozinho, representa, porém, não oferta a continuidade a nenhum tipo de ação. Nesse caso, são necessários recursos para que a narrativa almejada aconteça, diferentemente de um texto, no qual se pode, com clareza, desenvolver o processo narrativo. As atividades relativas à organização e à difusão dos objetos de um museu podem ofertar diferentes princípios de interpretação e formas de divulgação. Proporcionam, assim, uma atribuição de sentido, presente em uma exposição, por meio da narrativa curatorial, combase na escolha dos objetos, agrupamentos, relações e formas de apresentação. Outro aspecto que Filho (2009) destaca é o processo de descontextualização do objeto, ao ser retirado do local de origem dele e instalado nas salas expositivas, com a geração de novas camadas de sentido. Para Deloche (2002), tudo aquilo que é exposto no museu se torna, simultaneamente, “objeto e produto de substituição”, já que ocorre um processo de “desfuncionalização”. Mostrar ou expor é transformar um objeto em imagem, e é assim que o museu desenvolve um jogo de “descontextualização e recontextualização”. Ao deslocar um objeto, ou documento, de um contexto, e colocá-lo em outro, o museu passa a abrigar fragmentos, e, com eles, articula narrativas (FILHO, 2009, p. 167). Os museus possuem essa carga de responsabilidade ao selecionar o que mostrar e a forma de comunicar dada informação ou conteúdo. Portanto, a proposta de uma exposição pode ocorrer, por exemplo, a partir da coleção existente do museu e das múltiplas potencialidades de narrativas e temas. Então, fazem parte, desse processo expográfico, trabalhar e articular o objeto dentro de uma estrutura narrativa, a partir da qual o conjunto deles estabeleça relações entre si, e que, baseado em um tema, crie uma narrativa. Para que possamos exercitar, partiremos de algumas indagações que podem orientar o processo de concepção de exposição. Lembrem-se de que existem diferentes metodologias para direcionar esse processo. Para a nossa unidade de ensino, listaremos algumas. 39 Por que fazer? Qual é a importância do tema para o momento atual? O que o torna pertinente e apropriado para esse momento? Ao pensarmos na concepção de uma exposição, devemos perguntar “por que fazer”. Para mostrar assuntos, artistas, objetos, ofícios; para colocar conceitos em discussão; para prestar atenção em algum acontecimento; para dar visibilidade a uma comunidade; questionar atitudes; exercitar a criatividade (IBRAM, 2018, p. 3). Para quem fazer? Às vezes, achamos que conseguimos contemplar todo o público para uma exposição, porém, é necessário definir que públicos são potenciais, além de viabilizar estratégias de ação para incorporá-los. Quem são as pessoas que queremos atingir com a nossa exposição? O que elas pensam, do que gostam, o que as motiva a sair de casa? Seremos capazes de provocar alguma mudança nessas pessoas, apresentar novos pontos de vista, quebrar paradigmas? Considerar o público possível e desejável ajuda a ser desenhado melhor o projeto (IBRAM, 2017, p. 13). O que fazer? Já pensou em que “história” deve ser contada? Quais são os recortes e proposições a serem abordados? Qual será a ideia, a proposta que será desenvolvida na exposição? O que se pretende mostrar? Qual será o caminho escolhido para a transmissão das informações contidas nos acervos e nos desejos? Deve-se ressaltar que, em uma exposição, é necessário fazer escolhas, não é possível mostrar tudo dessas propostas, os objetos e as ideias (IBRAM, 2017, p. 13). O que pesquisar? Ao propormos ou ao levantarmos indagações a respeito do que fazer, é necessária uma pesquisa prévia acerca da “história”. Esses levantamentos iniciais são importantes para verificar o que já foi falado ou não. Quais são a análise e o levantamento de temas que faremos para orientar o conteúdo da exposição? Uma das etapas mais importantes para a definição do que será exposto é a pesquisa, que pode ser histórica, antropológica, cultural, tecnológica, de conceitos e outras, e que fundamentará as diversas escolhas que serão feitas durante todo o processo (IBRAM, 2018, p. 3). 40 Exposições devem ser instrumentos para a produção, a reprodução e a difusão de conhecimentos. São espaços para a circulação de ideias, e, desse modo, profundamente, ideológicas, e, essencialmente, políticas. Espaços para revelar e tornar públicos os posicionamentos (IBRAM, 2018). ATENÇÃO 2.1 LEVANTAMENTOS INFORMACIONAIS INICIAIS A equipe do museu, desde o projeto de expografia, têm que pensar no seguinte: “o que a exposição pretende comunicar aos visitantes e como?”. O museu não pode achar que fazer a exposição de “qualquer jeito”, sem pensar na comunicação, seja a missão dele. É preciso refletir a respeito, não apenas, dessa comunicação, mas, também, de para quem, ou seja, dos públicos, de como tais informações serão compreendidas. Os públicos são pessoas, e cada uma delas tem a própria subjetividade, mesmo vivendo em um coletivo. A instituição não consegue contemplar todo mundo, mas pode tentar fazer todos entenderem o que a exposição quer comunicar. Os museus necessitam pensar na interação entre a exposição e os públicos, para que a visitação agregue os conhecimentos cognitivo e simbólico a eles. Devemos levar em consideração que uma exposição é fruto de um longo processo, o qual abarca o planeja mento e a gestão. A pesquisa é basilar para fundamentar o “conceito de exposição”, a narrativa museológica e o acervo disposto ao público. Esse processo deve ser elaborado e executado por uma equipe multidisciplinar bem articulada e engajada no projeto. Para auxiliar na elaboração do projeto escrito, apresentaremos alguns pontos fundamentais a serem levados em consideração. Ao se iniciarem as proposições de ideias e a formação de uma equipe, é relevante se fazerem anotações para alinhar possíveis caminhos a serem percorridos e, até mesmo, idealizados. Vejamos alguns itens importantes a serem levantados na pré- produção de um projeto para uma exposição. Nome Escolher o nome da exposição é um processo complexo, pois deve resumir o que se pretende mostrar ao público. Geralmente, chega-se ao título dela na reta final do projeto. 41 Deve abarcar o conceito da exposição e apresentar, de for ma direta, o que o público pretende encontrar. Títulos que apresentem nomes e datas faci litam a localização e o entendimento geral do conceito e dos objetivos da exposição (WERNECK; COSTA; PEREIRA, 2010). NOTA Duração Essa informação influencia toda a lógica operacional do projeto expositivo, assim, a equipe deve estar alinhada nesse requisito. Quando deliberadas as datas de abertura e encerramento, por exemplo, influenciam-se as questões de empréstimo, valor de seguro etc. A duração de uma exposição consiste em um dos primeiros aspectos a ser pensado, pois isso define o perfil dela, se de curta, média ou longa duração. Esse perfil é definido quando se esti pulam as datas de abertura e de término. Essa etapa não deve ser menosprezada no processo de planejamento, principalmente, porque as exposições, de acordo com o perfil, demandam orçamentos e tipos de materiais expositivos específicos (WERNECK; COSTA; FERREIRA, 2010). NOTA Objetivos Já parou para refletir e estruturar os objetivos a serem alcançados pela exposição? Para um aproveitamento amplo da exposição e dos recursos que pode gerar para a instituição, é preciso que fiquem bem claros os objetivos do trabalho. Como a exposição é produto de um apurado processo de pesquisa, a mostra deve estar bem definida, com objetivos gerais e específicos, a fim de nortear toda a mu seografia que será desenvolvida (WERNECK; COSTA; FERREIRA, 2010). NOTA 42 Público-Alvo Na atualidade, as exposições alcançam diversos públicos, assim, tentar focar, única e exclusivamente, em um, pode ser bem arriscado. Assim, é interessante delimitar o(s) público(s) potencial(ais) para a exposição, e, consequentemente, traçar as ações culturais e educativas para alcançá-lo(s). Dentro dos objetivos da exposição, o público-alvo da mostra deve ser especificado desde o início. A museografia, também, depende muito dessa definição, para se planejar desde os recursos gráficos a serem utilizados até o desenho da circulação no espaço expositivo. A ação educativa a ser proposta é desenvolvida, tendo como referência o público-alvo escolhido (WERNECK; COSTA; FERREIRA,2010). NOTA Local/Espaço expositivo A exposição deve ocorrer no próprio museu ou em algum espaço externo? Precisamos levar em consideração as características arquitetônicas do local a receber essa exposição, o sistema de segurança e outros elementos. O espaço no qual a exposição é montada deve ser estudado, com o auxílio de plantas baixas e elevações com as respectivas medidas. Isso necessita ser feito para garantir as condições adequadas para os visitantes aprecia rem o que se pretende expor, e, simultaneamente, propiciar uma disposição dos objetos de forma harmoniosa. Devem ser evi- tadas exposições em corredores muito estreitos, que não permitam uma boa vi sualização das obras, ou de grande circulação, que não proporcionem, às pessoas, pararem para apreciar a mostra com conforto. É interessante que existam, também, áreas de descanso, com sofás, bancos, poltronas e outros locais, principal mente, quando se tratarem de exposições de objetos de arte. Assim, o visitante consegue permanecer na exposição o tempo que julgar necessário. Deve-se levar em conta, ainda, a acessibilidade, observados o conforto e a segurança aos portadores de necessida des especiais em itens, como rampas, elevadores, circulações, instalações sanitárias, estacionamento, legendas, textos e sinalizações, em geral (WERNECK; COSTA; FERREIRA, 2010). NOTA 43 Tipos O acervo a ser exposto é um fator determinante para serem definidos o tipo e a duração da exposição, por exemplo, frente a uma coleção de fotografias antigas, não é aconselhável uma exposição de longa duração. Acervo É pertencente à instituição ou se deve solicitar um empréstimo? Nesta etapa, está a criação de obras, se for o caso, quem faz e como, incluindo a arrecadação de objetos através de um pedido para instituições, pessoas, comunidade, artistas, enfim, todos que, de alguma forma, estejam envolvidos com a ideia. Existem sempre as possibilidades de se utilizar o acervo que já existe na instituição museal, de se criar uma nova narrativa para os objetos que se encontram na reserva técnica, e de se dar uma outra roupagem para o que está próximo. O público que visita o museu pode se surpreender com novos arranjos e linguagens, as quais podem ser inventadas e concebidas a partir do que se tem à disposição. Combinar o acervo que se tem e propor releituras por artistas locais, visitantes ou alunos são ótimas alternativas (IBRAM, 2017). NOTA Recursos financeiros Qual é a fonte financeira que deve custear todo o projeto? Saber os custos dos itens desejados para a exposição é uma ação básica para se obter o orçamento. Há a necessidade de ser feito um orçamento geral, com a indicação da origem dos recursos para cada item, implementação e manutenção da exposição. A depender da situação, pode ser preciso levantar recursos financeiros, dentro ou fora da instituição, além de se estabelecer uma série de ações que podem ajudar na concretização do projeto. As parcerias e os voluntários, também, devem ser considerados como recursos valiosos. É importante controlar, regularmente, o orçamento (IBRAM, 2017). NOTA 44 Acompanhe o Projeto Expositivo Fernanda Montenegro - 90 anos, disponível em http://rosepepe.com.br/acquerello/wp-content/ uploads/2017/12/Fernanda_Montenegro_exposicao.pdf. DICA A exposição museológica é uma das ferramentas mais utilizadas para o processo de comunicação dos museus. Essa exposição, por sua vez, é concebida dentro de uma narrativa, ou seja, existe um conjunto de ideias, conceitos, ideologias, discursos que alimentam uma proposta expositiva. A linguagem da exposição museológica é sensorial. Não necessariamente apenas visual, mas fortemente influenciada pelo sentido da visão. Ela não precisa/não deveria dispensar outras maneiras de percepção. Daí o cuidado em se pensar em uma expografia que contemple diversas sensorialidades, e que, ao mesmo tempo, consiga, de maneira eficaz, realizar a comunicação desejada, sem ruídos, obstáculos ou interferências. Os indivíduos percebem as coisas de maneiras diferentes, interpretam-nas de uma forma individual, baseados nos próprios modelos de aprendizagem, discernimento e ideologias. Por isso, para que uma comunicação seja eficaz, deve utilizar todos os recursos disponíveis para que a mensagem chegue ao destinatário, e este, por sua vez, possa apreendê-la e ressignificá-la, conforme entendimento e interpretação. A semiótica vem para auxiliar a comunicação nesse sentido. Preocupa-se em entender como os indivíduos transformam um signo em um significado, como atribuem significados aos signos, e, por conseguinte, de que forma os interpretamos; e, por fim, de que maneira criamos representações mentais de objetos reais. A semiótica estuda os mundos das representações e da linguagem. NOTA http://rosepepe.com.br/acquerello/wp-content/uploads/2017/12/Fernanda_Montenegro_exposicao.pdf http://rosepepe.com.br/acquerello/wp-content/uploads/2017/12/Fernanda_Montenegro_exposicao.pdf 45 LEITURA COMPLEMENTAR MUSEU E SOCIEDADE: uma relação interdisciplinar Danielly Dias Sandy Resumo: O presente trabalho trata de propostas interdisciplinares existentes nas instituições museológicas para intensificar relações com a sociedade. A comunicação entre ambas prevalece nessa interatividade, ao ser diminuída a distância que, ainda, existe entre público e museu. Essa interação possibilita e facilita o processo de fruição da arte. Palavras-chave: Museu. Sociedade. Interdisciplinaridade. Abstract: This paper deals with the interdisciplinary proposals found in museological institutions to intensify their relations with society. The communication between them prevails within this interactivity, lessening the distance that still exists between audience and museum. This interaction enables and facilitates the process of art fruition. Keywords: Museum. Society. Interdisciplinary. MUSEU E SOCIEDADE: UMA RELAÇÃO INTERDISCIPLINAR Na cultura de cada região, é percebida determinada preocupação com a tradição da passagem da memória para os descendentes. Essa preocupação se cristaliza e se manifesta na sociedade, de acordo com os preceitos de cada povo, com a origem de diversas formas de transmissão de conhecimento e arte. Entretanto, em alguns lugares, a continuidade da tradição, pela transmissão por via oral, por exemplo, encontra-se debilitada por diversos fatores que atingem a sociedade contemporânea, o que torna necessárias a existência e a presença ativa de lugares de fomento, como é o caso dos museus, dentre outras instituições formais ou não formais de preservação da memória e do patrimônio. Embora a palavra museion tenha origem na Grécia antiga, os museus surgiram com a prática do colecionismo na Idade Média, e, somente, alguns séculos depois, essas coleções passaram a ser visitadas, mas, apenas, por um público seleto. Após a Revolução Francesa, a maioria dessas instituições se tornou um bem do Estado, visando à formação de cidadãos cônscios da própria história. Tais instituições sofreram mudanças ao longo da existência delas, com a busca de aprimoramento, na maioria das vezes, de acordo com as necessidades sociais. Uma das bases de estudo dos museus é a memória social. No Estatuto do Conselho Internacional de Museus (ICOM), de 1987, encontramos uma definição para essas instituições: 46 Um museu é uma instituição permanente, sem finalidade lucrativa, a serviço da sociedade e do desenvolvimento dela, aberta ao público, voltada à pesquisa dos testemunhos materiais do homem e do entorno dele, que os adquire, conserva, comunica, e, notadamente, expõe, visando a estudos, educação e lazer (GUIA DE MUSEUS BRASILEIROS, 2000). O século XX foi profícuo no que se refere às mudanças de direcionamento dos objetivos dos museus, ao ousar confrontar as bases tradicionais da Museologia a partir de questionamentos que levaram a novas concepções dessas instituições. Em 1972, houve um encontro significativo, promovido pelo ICOM, conhecidocomo Mesa- Redonda de Santiago do Chile, "que introduziu o conceito de museu integral, abrindo novas trilhas para as práticas museais" (BRUNO, 2010, p. 18). Um dos caminhos apontados, como consequência da Mesa-Redonda de Santiago do Chile, foi o respeito à diferença e à pluralidade, o que incentivou "a construção de uma Museologia aberta às múltiplas realidades e preconizou o crescimento do técnico, que procura interagir com a comunidade ao assumir um compromisso social" (BRUNO, 2010, p. 103). Antes desse evento, em 1958, no Rio de Janeiro, houve um Seminário da UNESCO, no qual foi questionada a função educativa dos museus. Do mesmo modo, posteriormente, aconteceram outros encontros de grande importância. No texto de Toral, encontramos um parecer a respeito desse precioso evento: O museu deveria se desenclausurar através, não somente, de programas didáticos dirigidos à educação formal, mas, também, da utilização de outros meios de alcance, como o rádio, o cinema e a televisão, para atingir, assim, camadas mais amplas da população e poder melhor difundir uma mensagem. [...] Era necessário, portanto, vencer o tradicionalismo do museu conservatório de objetos, no qual se mostravam as curiosidades produzidas pelo homem ou pela natureza, para transformá-lo em meio de comunicação atrativo que pudesse incidir nos problemas reais da comunidade (BRUNO, 2010, p. 25). Com base nessa e em outras reuniões promovidas com o intuito de ampliarem os objetivos dos museus, estes passaram a ser vistos como meios de comunicação social de grande valor e responsabilidade, principalmente, na área educacional. A relevância da criação e da preservação de instituições museológicas passa a ser clara, partindo do princípio de que o desenvolvimento de uma nação depende, também, do conhecimento da própria história e da preservação dessa memória, o que interfere, diretamente, na evolução e no desenvolvimento, não apenas, culturais, mas, também, educativos, dentre outros. Para legitimar a importância de um museu em meio a tantas outras instituições de caráter divergente, este precisa estar em sincronia com as necessidades sociais, ao abarcar, como metas, critérios intrínsecos às necessidades de cada cultura, ou melhor, um museu precisa se dedicar à preservação, à pesquisa e à comunicação, além de interagir com os diferentes grupos sociais a partir de projetos de inclusão. Isso o torna objeto preeminente em qualquer comunidade e facilitador do meio cultural. A respeito da comunicação museológica, segundo Cury (2006, p. 34), podemos observar: 47 A comunicação museológica é a denominação genérica que é dada às diversas formas de extroversão do conhecimento em museus, uma vez que há um trabalho de introversão. As formas são variadas, como artigos científicos de estudos de coleções, catálogos, material didático, vídeos e filmes, palestras, oficinas e material de divulgação e/ou difusão. Todas essas manifestações são, no museu, comunicação no latu sensu. No stricto sensu, a principal forma de comunicação, em museus, é a exposição, ou, ainda, a mais específica, pois, nela, o público tem a oportunidade de acesso às poesias das coisas. É na exposição que se potencializa a relação profunda entre o Homem e o Objeto no cenário institucionalizado (instituição) e no cenário expositivo (exposição). As diversas relações entre as instituições museológicas e a sociedade variam, de acordo com os graus de desenvolvimento e de participação entre elas, o que depende de cada museu, incluindo as preocupações em relação à comunicação e à consciência de responsabilidade social. Quando membros de uma instituição, como um museu, assumem os devidos papéis e reconhecem a importância das tarefas deles diante da comunidade, com a criação de projetos culturais, educativos etc., surge, naturalmente, a relação interdisciplinar, por meio desses meios de diálogo, abertos ao público, em geral, o que promove, não apenas, a instituição em si, mas o acervo, a pesquisa, e, principalmente, a cultura, como meio de transformação social. Proporcionar uma mediação ativa e efetiva, que facilite a leitura das obras, encurte o espaço entre público-obra-artista, e forme pessoas conscientes naquele espaço que continuarão a frequentá-lo, torna-se a preocupação primordial de um museu diante, principalmente, do público escolar. Segundo uma estatística realizada por alguns museus, dentre eles, o MON (Museu Oscar Niemeyer), a maior porcentagem dos visitantes de museus é oriunda de escolas. Geralmente, é um público muito interessado que, na maioria das vezes, motivado por professores, requer atenção especial com processos de mediação e arte-educação. Sempre, após as visitas, parte dos professores continua trabalhando com o conteúdo visto nas exposições, em salas de aula, o que favorece os processos de fixação e de assimilação dos grupos. Por isso, as escolas desempenham um papel necessário na área da difusão cultural, pois despertam, nos alunos, a relevância daqueles lugares, como guardiões das nossas memória e identidade. Assim, as escolas devem incluir, no programa anual delas, dias de visitação aos museus, nos quais os alunos poderão ser acompanhados, não apenas, por professores de artes, mas, também, de história, literatura etc., de acordo com a exposição em cartaz. Reclamam-se a flexibilidade e a criatividade de cada professor, como procedimentos escolares que auxiliam no processo interdisciplinar. Essa experiência enriquece o universo poético de cada criança, ou adolescente, e contribui, com ferramentas necessárias básicas, para fruir a arte de entorno. Para facilitar a interação e aumentar a qualidade da fruição, a escola pode, inicialmente, preparar os alunos antes das visitas, com informações essenciais. Essa preparação excede os limites do padrão de obediência e deve gerar um clima de expectativa, que aguce a curiosidade, de maneira espontânea e inteligente. 48 Dentre os diversos museus existentes em solo brasileiro, podemos observar as diferentes formas de se comunicar com a sociedade. Cada uma delas se torna instrumento de inclusão e interação, que faz com que o museu não fique à mercê do vazio, da falta de público, ou, mesmo, da falta de recursos, devido à baixa popularidade. Atualmente, espalhados pelo Brasil, existem fóruns e seminários que discutem, exatamente, a respeito desse assunto. Esses encontros buscam obter soluções efetivas no campo do diálogo que uma instituição museológica possa estabelecer com a sociedade. Resultados dessas investidas, cada museu, ao preservar o próprio perfil, atinge e cativa o público de alguma forma, além de recorrer aos trabalhos de mediação. Essa mediação pode ocorrer a partir de uma ação educativa e/ou cultural, de informações nos sites e do acesso aos centros de pesquisa, às palestras e aos acervos de exposições. Um recurso estimulante é criar dias de entrada gratuita e visitas virtuais. Todas essas são formas que os museus têm de manter um diálogo aberto com a sociedade e trabalhar, de maneira eficiente, com os recursos governamentais, ou privados, atraindo, cada vez mais, investidores. Em países de primeiro mundo, é notória a vivência que as pessoas têm, desde a infância, dentro de museus. Isso faz com que a comunidade aproveite e absorva, com intensidade, o momento de fruição, que aprenda e multiplique o conhecimento. Em lugares menos privilegiados, nos quais as pessoas não têm o hábito de frequentar museus desde muito jovens, e não possuem as ferramentas necessárias para o diálogo entre observador e objeto museal, fica comprometido o momento da fruição. Essas pessoas, em alguns casos, tornam-se turistas de museus, visitantes. As impossibilidades de contemplação, questionamento, reflexão e empatia negam, a eles, a experiência estética. Para o grande público de diversas regiões do Brasil, incluindo capitais e cidadesdo interior, o trabalho de mediação se torna uma parte, integralmente, importante da inclusão cultural. O público, seja escolar ou não, pode receber as instruções de um educador, e permitir que, a partir das próprias experiências e vivências, a obra faça sentido. Para essas pessoas, visitar um museu, principalmente, de arte contemporânea, sem ter acesso a informações importantes de determinadas linguagens, torna-se uma experiência difícil e frustrante. A mediação leva em consideração um público carente, enquanto “membros das classes mais cultas sentem repugnância pelas formas mais escolares de ajuda” (BOURDIEU, 2007, s. p.). O’Doherty (2002, p. 81) retrata um pouco o distanciamento entre público e arte: A hostilidade com o público é uma das principais diretrizes do modernismo, e os artistas podem ser classificados, conforme engenho, estilo e profundidade. [...] Essa hostilidade está longe de ser insignificante e comodista – embora tenha sido ambas as coisas. Por meio dela, trava- se um conflito ideológico de valores – da arte, dos modos de vida que a rodeiam, da matriz social em que ambos se inserem. 49 Todo mediador se expõe com as obras, e, ao mesmo tempo, busca quebrar as barreiras e limitações existentes, as quais separam o observador do objeto observado. Por exemplo, quem nunca viu, em alguma exposição, visitantes que entram, olham, e saem, muitas vezes, da mesma forma que entraram, por mais que estas apresentem textos explicativos?! Esse sentimento é perceptível pelas expressões deles, que revelam um distanciamento da exposição, seja porque não possuíam ferramentas necessárias para interpretar a obra, seja por falta de afinidade cultural, ou, mesmo, interesse. Isso mostra o quão necessário é o trabalho de mediação. Através da prática e da experiência, o educador conhece bem as melhores estratégias e as reações do visitante diante de determinadas situações expográficas. Ainda, por trabalhar, muitas vezes, com o público organizado, esse educador tem uma relação com o espaço expositivo, e sabe como esse local pode interferir na interação do grupo e deste com a exposição (CURY, 2006). Isso não significa traduzir a obra para o espectador. O que ocorre é, simplesmente, encurtar as relações do público com a obra, como trazer confiança, atenção e conhecimento da história. Quando se trata de um público marginalizado, em Wilder (2009, p. 29), encontramos a seguinte passagem: As normas a serem respeitadas, na elaboração de programas destinados à construção de sujeitos cônscios de valores, direitos e deveres, são pautadas por uma ética contemporânea: a escuta atenta dos anseios, saberes, crenças e valores, postura, especialmente, importante quando os indivíduos já perderam a autoestima, situação frequente em comunidades marginalizadas pelos mais diversos motivos. Nesses casos, a teoria da ação cultural propõe um trabalho de assessoria e direcionamento de atividades que devolvam, aos indivíduos, a capacidade de forjarem a própria identidade cultural, para que o grupo tome consciência de valores, memórias, saberes de uma cultura peculiar. O sentido de cidadania só terá condições de emergir quando os sujeitos se perceberem partícipes de uma cultura que fala à alma e trate de reais necessidades (grifo nosso). No Brasil, muitos museus, com perfil de instituição de educação não formal, elaboram meios de envolver o público em práticas interdisciplinares que o aproximam da obra. Através da relação com museus, parte do público tem mais contato com a arte. Como pensar na democratização da arte sem pensar na qualidade de formação desse público? Facilitar a existência e eficiência dos métodos de comunicação, em museus, é o processo de democratização, de acesso aos bens culturais que colaboram para uma sociedade mais integrada à própria identidade e consciente do patrimônio que detém. São reconhecíveis, os meios de comunicação museal, por serem facilitadores de mediação, como uma exposição cujo curador teve certa preocupação em relação ao público visitante, não somente, à estética da mostra. 50 O pensamento curatorial seria, basicamente, o primeiro a mediar o conhecimento proveniente da exposição. Depois disso, observamos o trabalho dos próprios mediadores, projetos educativos e edutenimento, material gráfico como folders, panfletos e o site do museu, que conta como um importante meio de informação museal. Todos esses elementos, juntos, formam uma sistemática interdisciplinar capaz de envolver a comunidade com o museu e, consequentemente, com a história e a arte dele. Não existe arte sem sociedade, sendo que a sociedade se limita, por não conhecer a própria arte. FONTE: DANIELLY, D. S. Museu e sociedade: uma relação interdisciplinar. Curitiba: ArtEmbap, 2011. Dispo- nível em: http://www.embap.pr.gov.br/arquivos/File/Forum/Anais_VIII/006_Danielly_Sandy_at_e_aqui.pdf. Acesso em: 24 abr. 2021 http://www.embap.pr.gov.br/arquivos/File/Forum/Anais_VIII/006_Danielly_Sandy_at_e_aqui.pdf 51 Neste tópico, você aprendeu: • Uma exposição nasce, necessariamente, da intenção de se comunicar uma ideia, um tema, um conjunto de artefatos, uma coleção inusitada, parte da obra de um artista, um recorte conceitual de determinado acervo museológico, enfim, abrange as ações de selecionar, pesquisar, documentar, organizar, exibir e difundir (FRANCO, 2018). • As exposições podem assumir dimensões e formatos diversos, a depender da natureza da instituição – porte, objetivos e natureza de acervos e/ou narra tivas –, o que determina a escolha do discurso expositivo, dos objetos a serem expostos e do uso dos demais recursos expográficos (FRANCO, 2018). • Franco (2018) afirma que o trabalho de organização de uma exposição deve ser muito bem dimensionado, para evitar desgastes entre os profissionais ou uma má gestão dos recursos envolvidos, o que pode comprometer os resultados. Ao se iniciarem as discussões para a elaboração de uma exposição, faça algumas indagações, a fim de fundamentar o projeto: por que fazer? Para quem fazer? O que fazer? O que pesquisar? Isso contribui para o desenvolvimento da pesquisa temática e para a identificação do público potencial, além de servir de base para o desenvolvimento da escrita expográfica. • Contempladas as indagações anteriores, podemos nos aprofundar na pré-produção do projeto expositivo e nos desdobramentos das indagações, com a escolha da equipe de trabalho e a compreensão do que queremos comunicar e apresentar, algo fundamental para a estruturação do projeto a ser executado. RESUMO DO TÓPICO 3 52 1 Puente (2022) informa que a exposição intitulada de Terra em Tempos: Fotografias do Brasil é subdividida em sete eixos temáticos: estrutura, poder e natureza; corpo e sujeito; família, afeto e moradia; trabalho e produção; tecnologia, fotografia e acesso; usos do espaço público e festividades; e espiritualidade e mistério. A exposição realizada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro buscou trazer à tona questões, como a identidade nacional e os retratos da nação. FONTE: <https://www.cnnbrasil.com.br/entretenimento/exposicao-conta-historia-do-brasil-por-meio-de-fo- tografias/>. Acesso em: 24 abr. 2022. Assim, quais são as primeiras indagações a serem pensadas ao se propor uma exposição? a) ( ) Para quem fazer? O que fazer? b) ( ) Quem deve pagar? Quanto tempo precisa durar? Quem necessita escolher o acervo? c) ( ) Por que fazer? Quem são as pessoas que queremos atingir com a nossa exposição? Qual é o caminho escolhido para a transmissão das informações contidas nos acervos e nos desejos? O que pesquisar? d) ( ) O que mostrar? Como fazer a cenográfica da exposição? Quem deve financiar? 2 A construção da escrita de um projeto expográfico é um trabalho intenso, o que necessita de uma equipe multidisciplinar. Sobre os elementos básicos para o projeto expositivo, assinale a alternativa CORRETA:a) ( ) Local, cenografia, reprodução de obras e patrocínio. b) ( ) Nome da exposição, local, itinerância, acervo e objetivo. c) ( ) Nome da exposição, local, duração, objetivos a serem alcançados, público(s) a ser(em) atendido(s), acervo e recursos financeiros. d) ( ) Nome da exposição, duração, acervo, cenografia, apoio, patrocínio e projeções. 3 Leia a nota divulgada no Diário do Rio: A partir do dia 07/09, até 21 do mesmo mês, a Casa Zuzu Angel exibirá a exposição Modernos Eternos, que, depois de sete edições anuais, realizadas em São Paulo (desde 2014), e cinco em Belo Horizonte (desde 2016), estreia no Rio de Janeiro. A mostra estará disponível ao público em formato híbrido: em parte presencial e na versão completa: 100% virtual, na internet, com visita completa em 3D/360 graus. FONTE: <https://diariodorio.com/casa-zuzu-angel-recebe-exposicao-modernos-eternos/>. Acesso em: 24 abr. 2022. AUTOATIVIDADE https://www.cnnbrasil.com.br/entretenimento/exposicao-conta-historia-do-brasil-por-meio-de-fotografias/ https://www.cnnbrasil.com.br/entretenimento/exposicao-conta-historia-do-brasil-por-meio-de-fotografias/ https://diariodorio.com/casa-zuzu-angel-recebe-exposicao-modernos-eternos/ 53 Assim, com relação ao local da exposição e à duração, analise as afirmativas a seguir: I- O espaço no qual a exposição é montada deve ser estudado com o auxílio de plantas baixas e elevações, com as respectivas medidas. II- Deve-se levar em conta acessibilidade, conforto e segurança aos portadores de necessida des especiais em itens, como rampas, elevadores, circulações, instalações sanitárias, estacionamento, legendas, textos e sinalizações, em geral. III- As exposições realizadas pelos museus, também, distinguem-se, de acordo com a duração e o local de realização. Dividem-se, basicamente, entre exposições de longa ou média duração, temporárias, itinerantes e virtuais. IV- Definido o tempo de duração, é necessária a fixação das datas de início e de término da exposição. Essa informação é útil para o estabelecimento de metas, composição de cronograma de desenvolvimento, orçamento, montagem e desmontagem. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Somente as afirmativas I e II estão corretas. b) ( ) Somente as afirmativas I, II e III estão corretas. c) ( ) Somente as afirmativas III e IV estão corretas. d) ( ) As sentenças I, II, III e IV estão corretas. 4 A exposição é uma das principais atividades do museu tradicional, um importante meio de divulgação do acervo de permanente responsabilidade (ENNES, 2008). Assim, disserte a respeito da importância de um projeto expográfico e sinalize os itens mínimos e necessários que devem constar em um pré-projeto. 5 Através do objeto museal, como agente de informação e construtor de significado e do espaço museológico, enquanto narrador autorizado e referência, constrói-se o discurso próprio do museu. Assim, justifique a importância da pesquisa e do tema ao ser proposto um projeto expográfico. 54 55 ABREU, B. Expografia brasileira contemporânea: Rio São Francisco navegado por Ronaldo Fraga. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2014. ALEGRIA, T. S. R. O papel da curadoria como difusora da arte contemporânea. Ponta Delgada: Universidade dos Açores, 2013. ALMEIDA, A. M. Comunicação museológica: a importância dos estudos sobre os receptores/visitantes. Belo Horizonte: Instituto Cultural Flávio Gutierrez, 2004. p. 327-338. BRASIL. Lei nº 11.904, de 14 de janeiro de 2009. Institui o Estatuto de Museus e dá outras providências. Brasília, 2009. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11904.htm. Acesso em: 26 maio 2022. BRUNO, M. C. O. Definição de curadoria: os caminhos do enquadramento, tratamento e extroversão da herança patrimonial. 2008. Disponível em: https://repositorio.usp.br/ item/001704831. Acesso em: 26 maio 2022. BRUNO, M. C. O. 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Belo Horizonte: Secretaria de Estado de Cultura/ Superintendência de Museus e Artes Visuais de Minas Gerais, 2010. 59 ELEMENTOS CONSTITUINTES EXPOGRÁFICOS UNIDADE 2 — OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • discutir o gerenciamento de um projeto a partir das abordagens transdisciplinar e interdisciplinar; • compreender e discutir os projetos educativos para exposições; • desmitificar a importância de planejar, enquanto elemento mitigador, para o êxito de uma exposição; • aguçar a percepção das necessidades e dos anseios para a acessibilidade em museus. A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – CADEIA OPERÁTÓRIA PARA DESENVOLVIMENTO DE UMA EXPOSIÇÃO TÓPICO 2 – PROJETO EXPOGRÁFICO TÓPICO 3 – EDUCAÇÃO NÃO FORMAL EM MUSEUS TÓPICO 4 – ACESSIBILIDADE EM MUSEUS Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 60 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 2! Acesse o QR Code abaixo: 61 TÓPICO 1 — CADEIA OPERATÓRIA PARA DESENVOLVIMENTO DE UMA EXPOSIÇÃO UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Dentre as diferentes atividades culturais que podemos vivenciar, uma delas pode ser a visita a exposições institucionais. Como já comentamos, as exposições são, sem dúvida, a parte de maior visibilidade dentro de um museu. Isso proporciona o contato do visitante com o acervo institucional, assim, neste momento, qualquer indivíduo, independentemente da idade e das posições social e econômica, só ou em grupo, possui a oportunidade de ver o “objeto real”. Pensar e fazer uma exposição são tarefas que demandam tempo e trabalho em equipe. Como comenta Franco (2018, p. 30), “uma exposição nasce, necessariamente, da intenção de comunicar uma ideia, um tema [...], enfim, abrange ações de selecionar, pesquisar, documentar, organizar, exibir e difundir”. Ainda, é parte de um sistema de comunicação, com lógica e sentido próprio, que desempenha um papel para representar e comunicar histórias, tradições, novidades, conhecimentos, modos de fazer e viver (IBRAM, 2017). O sucesso de uma exposição depende de diferentes fatores, como forma de apresentação, recursos visuais complementares, objetivos educacionais, acessibilidade, dentre outros fatores. Devemos, também, problematizar como aproximar o (s) público (s) e ofertar uma experiência múltipla e salutar no espaço expositivo. Segundo Scheiner (2012), a exposição dialoga com outras áreas do conhecimento, e importa elementos específicos para as próprias linguagens, como tecnologia, som, luz, as linguagens virtuais, da arquitetura, da arte, do teatro, do design. Ainda, segundo a autora, “toda exposição é uma forma de argumentocultural, e a qualidade persuasiva residirá, exatamente, na maestria com que o museu faz uso das muitas linguagens” (SCHEINER, 2012, p. 7). Acadêmicos, a partir de agora, descreveremos os principais passos da gestão e do desenvolvimento da criação de uma boa exposição, ou seja, focaremos na pré-produção e salientaremos a importância da pesquisa como elemento fundamental para o projeto expográfico. Existem diferentes metodologias a serem utilizadas a fim de se elaborar um projeto, assim, deixaremos, aqui, uma base, que auxiliará as fundamentações teórica e prática. Junto a isso, os conhecimentos adquiridos na Unidade 1 serão ampliados. 62 2 GERENCIAMENTO DE PROJETO A elaboração de um projeto expográfico deve levar em consideração o perfil da instituição museológica e os profissionais que atuam nas especialidades dela. Isso é importante para que possamos compreender como a equipe interna do museu pode desenvolver as competências e as habilidades necessárias para o planejamento estratégico de um projeto expográfico. Compreender quem, da instituição, pode gerir esse projeto é importante para viabilizar a contratação de profissionais especializados em determinada área, na qual há carência técnica, a fim de compartilharem objetivos em comum, nesse caso, a exposição. Por exemplo, o museu pode não ter, na equipe, um arquiteto para desenvolver as plantas baixas e mobiliárias, assim, demanda-se a contratação de prestadores de serviço para essa ação. Lembre-se de que a museologia é uma área interdisciplinar, e quem faz a coordenação do projeto deve estar em diálogo constante com curador, conservador, financeiro, educativo, marcenaria e demais especialistas, sempre que necessário. Um dos motivos dessa relação conjunta é que fazer uma exposição é um processo complexo (FRANCO, 2018). ATENÇÃO As exposições constituem um instrumento-chave para permitir o acesso público aos acervos de museus. Podem ser inovadoras, inspiradoras e conduzir o visitante à reflexão, a fim de proporcionar ótimos momentos de prazer e aprendizagem. No entanto, “é necessário um cuidadoso planejamento, incluindo a questão dos custos envolvidos, para que a exposição seja um sucesso” (MUSEUMS AND GALLERIES COMMISSION, 2001, p. 19). O desenvolvimento dos projetos expositivos se caracteriza por um conjunto de ações diversificadas, com estratégias e sistemas de organização própria. Esse desenvolvimento e as peculiaridades valem para as diferentes tipologias expositivas – curta, média e longa durações, itinerante, extramuros e virtuais, pois, segundo Scheiner (2012), é o uso adequado das linguagens que contribui para tornar a exposição um “espaço emocionante”, que ajuda a tornar a experiência da visita uma experiência vivencial. Vale reforçar que a proposta expográfica se apoia no acervo, em diálogo com os objetivos da exposição, “tendo, o objeto material, como vetor de conhecimento, de comunicação e de construção de significados culturais” (CURY, 2005, p. 367). Ainda, uma exposição constitui, de certa forma, uma experiência multidimensional, que não pode ser colocada em palavras, pois é o olhar que precede o toque e a fala, seduz o observador, provoca os sentidos (SCHEINER, 2012). Portanto, a etapa do planejamento é uma ação estruturante para que ocorra de forma salutar. 63 2.1 PLANEJAMENTO Na Unidade 1, tivemos as primeiras concepções históricas e conceituais dos campos da museologia e da exposição. Nela, fomos inseridos no universo da exposição, e, a partir de agora, toda atenção e sistematização da logística, a qual envolve o planejamento, são fundamentais para o êxito da exposição. Lembre-se de indagar: • Por que fazer? • Para quem fazer? • O que fazer? Conforme o Instituto Alvorada Brasil (2014, p. 23), devemos ter em consideração que o “ciclo de vida de um projeto cultural pode ser dividido em quatro fases, com características e especificidades distintas, sendo que cada uma é importante para a consecução da fase posterior”. Assim, dentre os ciclos apresentados a seguir, podemos observar, de forma resumida, com o projeto cultural tem início e fim. QUADRO 1 – CICLO DE VIDA DE UM PROJETO CULTURAL CICLO DESCRIÇÃO ELABORAÇÃO É a fase em que se parte de uma temática, de um recorte específico da coleção ou de outras demandas, com as duas primeiras fases do ciclo de vida de um projeto: conceituação e planejamento. EXECUÇÃO OU PRODUÇÃO É a fase de operacionalização, de acompanhamento, de controle e de possíveis ajustes para o andamento do projeto. PRESTAÇÃO DE CONTAS É a fase de comprovação da realização do produto cultural em questão (produtos, serviços, ações ou resultados culturais), além da realização dos pagamentos, conforme previstos em orçamento. ENCERRAMENTO É a fase de elaboração dos relatórios, com base em todo o andamento do projeto. São realizadas as devidas avaliações. FONTE: Adaptado de Instituto Alvorada Brasil (2014) 64 É na proposição das ideias e esboços da escrita, como estamos apresentando, que o processo criativo e a viabilização da exposição ganham forma. Para tanto, ao pensarmos em uma exposição, devemos estruturar o projeto da seguinte forma: Na etapa de pré-produção, acontecem todos os serviços e atividades iniciais que darão suporte à execução do projeto; na produção, que é a etapa da operacionalização do projeto, acontecem as atividades associadas à execução; e, na etapa de pós-produção, são realizadas todas as atividades necessárias para a avaliação, a consolidação dos resultados alcançados e o encerramento do projeto (INSTITUTO ALVORADA BRASIL, 2014, p. 45). O contexto da pré-produção, ou preparação, envolve as atividades preliminares para se fazer uma exposição, com a definição da temática, por exemplo, artes plásticas no Brasil no século XX. Só nesse exemplo, há um tema – artes plásticas brasileiras –, e um subtema, ou recorte temático – século XX. Agora, é importante saber quais são a missão e o (s) objetivo (s) da exposição, “que devem estar co adunados com os princípios e a tipologia do museu ou da instituição a acolher a mostra” (FRANCO, 2018, p. 35). Os objetivos são informações importantes, usadas para todas as decisões, como a narrativa, os objetos expostos, a maneira de visualização, as ações culturais e educacionais desenvolvidas no decorrer da exposição etc. NOTA A equipe deve trabalhar de maneira afinada, desde a concepção, e assumir, em conjunto, a responsabilidade pelo projeto. Cabe, ao coordenador do projeto, ter aptidão para liderar, além de concretizar o trabalho, motivando e envolvendo todos os membros do grupo. Um projeto expográfico, ou seja, o projeto de uma exposição, envolve muitos itens, e necessita de um bom tempo para ser feito (IBRAM, 2017). NOTA Veja o exemplo a seguir, do objetivo do Memorial Tancredo Neves, em São João Del Rei, Minas Gerais, para a reformulação da exposição de longa duração. 65 O objetivo do presente projeto é remontar, além de revitalizar e exposição permanente que acontece no Memorial Tancredo Neves, localizado na cidade de São João Del Rei, Minas Gerais, através da reorganização do acervo e dos objetos expostos, da modernização do espaço expositivo e da introdução de elementos de interatividade, de forma a torná-lo mais acessível e instigante ao público (principalmente, aos jovens estudantes). O memorial é, atualmente, composto por nove salas de exposição permanentes, uma sala de mostras temporárias e um auditório. Está instalado em um encantador casarão do final do século XVIII, que conta com fotos e documentos da trajetória política do Brasil e do ex-presidente. No entanto, o memorial, mesmo, atualmente, com um acervo importante de imagens, documentos e objetos, precisa passar pelos processos de atualização e de adaptação a uma linguagem contemporânea, que dialogue com o público, em geral FONTE: <http://versalic.cultura.gov.br/#/projetos/092770>.Acesso em: 24 abr. 2021. NOTA Embora o fragmento apresentado seja em texto corrido, quando cabível e oportuno, tente trabalhar com tópicos, pois facilita a rápida compreensão do que se almeja. NOTA Ao se pensar nos objetivos de um projeto, é importante se lembrar de que, ao concluí-lo, ou seja, no encerramento dele, teremos que verificar se conseguimos atendê-los com totalidade ou de forma parcial, além de justificá-los. A seguir, apresentaremos outro modelo de objetivo, submetido, também, ao Sistema de Apoio às Leis de Incentivo à Cultura, o Salic, para a criação do futuro Museu da Bolsa de Valores (nome provisório), em São Paulo, com uma exposição. http://versalic.cultura.gov.br/#/projetos/092770 66 NOTA Objetivo Geral: Disseminar conhecimentos da história do mercado financeiro e do investimento no Brasil, por meio da constituição do Museu da Bolsa de Valores, tendo, como base, o Plano Museológico, desenvolvido em conformidade com o Estatuto de Museus (Lei 11.904/2009, artigos 44 a 47) e com o Decreto 8.124/2013 (Capítulo II), visando à subsequente implementação de programas a curto, médio e longo prazos. Objetivos Específicos: Criar e implementar o Museu da Bolsa de Valores em edifício já existente, cuja fachada é tombada como patrimônio histórico e que, atualmente, pertence à B3 SA, localizado na Rua 15 de Novembro - São Paulo (SP); Desenvolver o Plano Museológico, que determinará a constituição e o funcionamento do museu, cumprindo todos os requisitos da Lei 11.904/09 e do Decreto 8.124/13, os quais dispõem sobre o Estatuto de Museus e o Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM); Fazer um site exclusivo para a instituição museológica, visando ao agendamento de visitas e à disponibilização de acervo e de conteúdo produzido durante o projeto; Editar, publicar e disponibilizar o Plano Museológico para acesso gratuito na internet, por meio do site da instituição, a ser desenvolvido via projeto; Realizar uma pesquisa para a seleção prévia de documentos textuais, iconográficos e tridimensionais, disponíveis no acervo cedido pelo Centro de Memória, mantido pela Associação BM&F (documentação anexa), o que fundamentará o desenvolvimento dos programas de pesquisa, exposição e acervo do Plano Museológico, além de servir como base para a exposição de longa duração; Aprimorar a proposta museográfica, que determinará o formato e o conteúdo da exposição de longa duração do museu; Adquirir, além dos documentos disponibilizados pelo Centro de Memória, cerca de 100 imagens e documentos de fontes externas para compor a exposição de longa duração; Construir e montar a exposição de longa duração, que pretende inaugurar o Museu da Bolsa de Valores, disponibilizando conteúdo histórico em formato inovador e interativo, por meio do uso da tecnologia; Digitalizar e disponibilizar, gratuitamente, pela internet, itens do acervo que irão integrar a exposição de longa duração, além de outros elementos que farão parte da proposta expográfica, como vídeos e imagens; Garantir o funcionamento do museu durante nove meses, a partir da abertura, com funcionamento de segunda até sexta-feira, e dois sábados por mês, sempre das 9h às 17h, com entrada 100% gratuita e público estimado em uma média de 400 pessoas por dia; Beneficiar, ao fim de nove meses de funcionamento, cerca de 79.200 pessoas, considerando a abertura do museu em 22 dias por mês; Entregar ganhos, aproximadamente, a 1000 estudantes e professores de instituições públicas de ensino, por meio da promoção de 30 visitas agendadas ao museu, oferecidas, regularmente, durante os nove meses de funcionamento, incluindo palestra complementar da história da bolsa de valores e alimentação como ação de contrapartida social. FONTE: <http://versalic.cultura.gov.br/#/projetos/204407>. Acesso em: 24 abr. 2021. http://versalic.cultura.gov.br/#/projetos/204407 67 Podemos observar, nos dois modelos apresentados – Memorial Tancredo Neves e Museu da Bolsa de Valores (nome provisório) –, que os objetivos são elementos fundamentais para a construção de um projeto. Devem ser bem definidos, e apresentar, de forma clara, e de fácil entendimento, o que se almeja como um todo (INSTITUTO ALVORADA BRASIL, 2014). Isso vale para a reformulação de uma exposição e para novas propostas expográficas. Todas as atividades desenvolvidas ao longo do projeto cultural são norteadas pelo objetivo a ser alcançado, sendo todos os esforços empregados para esse fim (INSTITUTO ALVORADA BRASIL, 2014). NOTA 2.2 RECURSOS FINANCEIROS Podemos considerar que os recursos financeiros são o dinheiro necessário à concretização de um projeto expográfico, ou seja, da exposição. Para isso, é importante saber. Quanto pode ser gasto e quais valores estão disponíveis para a viabilização do projeto. Há a necessidade de se fazer um orçamento geral, a fim de indicar a origem dos recursos para cada item, implementação e manutenção da exposição. Dependendo da situação, se preciso, levantar recursos financeiros dentro ou fora da instituição e estabelecer uma série de ações que podem ajudar na concretização do projeto. As parcerias e os voluntários, também, devem ser considerados recursos valiosos. É importante controlar, regularmente, o orçamento (IBRAM, 2017, p. 19). Definição de estratégias de captação de recursos e contemplada a definição de cotas, com patamares de valores, para diferentes níveis de investimento no projeto (FRANCO, 2018). NOTA As prévias orçamentárias, com as estimativas de custos, devem ser feitas com o maior detalhamento possível, pois, ao concluirmos o montante total, podemos elaborar proposições para a obtenção de recursos advindos da renúncia fiscal, quando isso é cabível, por exemplo, Lei Rouanet, em esfera federal; legislação de incen tivo à cultura estadual, ou municipal etc. (FRANCO, 2018). 68 O orçamento deve ter uma estrutura lógica e ser coerente com as necessidades do projeto e com os valores de mercado. Apesar de trabalharmos com uma estimativa orçamentária, sobretudo, por causa da lacuna temporal que, normalmente, existe entre a finalização do orçamento e o início da execução do projeto, esse instrumento financeiro necessita ter a construção, sempre, apoiada em informações adequadas e valores reais do mercado cultural (INSTITUTO ALVORADA BRASIL, 2014). NOTA 2.3 ITINERÂNCIA DE EXPOSIÇÃO “Itinerar significa sair da posição fixa, permanente, e ir para outro espaço, muitas vezes, distante e desconhecido. Tal aventura, por pressupor o deslocamento de bens musealizados, precisa ser, rigorosamente, calculada, planejada, estudada, controlada” (FRANCO, 2018, p. 46). Essa ação possibilita uma forte democratização de acesso aos bens culturais, ao viabilizar a descentralização dos grandes eixos culturais. Ao atrair grandes públicos, as exposições, em especial, as temporárias e as itinerantes, tornaram-se grandes negócios, já a partir dos anos 50 e 60. O denominado “museu negócio”, ou “museu empresa”, coloca, em circulação, os acervos, como forma de gerar capital, angariando recursos, algumas vezes, incomparáveis com os das exposições permanentes (VEIGA, 2012, p. 75). As exposições itinerantes são uma das estratégias para recursos financeiros para a instituição, e contribuem, assim, para a manutenção das atividades institucionais. Franco (2018) comenta que, no plano da gestão de projetos, uma nova forma de arquitetar exposições se ins taurou sob a aura dos ensinamentos do marketing cultural. A logística operacional deve ser estudada e planejada para viajar, ou, ainda, “as obras dos grandes mestres (masterpieces) passaram a se deslocar e a reluzir nas grandes exposições “arrasa quarteirão” (blockbusters), que atraíam filas intermináveis de pessoas em diversos países” (FRANCO, 2018, p. 47). O deslocamento de acervos determinou alterações consideráveis naforma de planejar exposições. Franco (2018) sinaliza que devemos avaliar a pertinência da itinerância, algo imprescindível, principalmente, se o acervo não está sujeito a danos durante tal operação. Ainda, ao propormos uma itinerância, devemos analisar se o conceito proposto para a exposição, “os acervos que a compõem e o partido expográfico adotado são compatíveis com a (s) região (ões), a (s) cidade (s), a (s) instituição (ões), o (s) espaço (s) expositivo (s) e os diferentes pú blicos que serão atendidos na itinerância” (FRANCO, 2018, p. 48). 69 É preferível verificar, antecipadamente, com precisão, que cidades e instituições podem receber a exposição, além dos recursos, realmente, disponíveis para a realização em cada ponto, antes de se aventurar por um circuito mais amplo, sem garantias de segurança para o acervo, sem controles técnico e financeiro das ações, e que possa colocar em risco o sucesso da exposição e/ ou promover desgastes entre as instituições e os parcei ros envolvidos (FRANCO, 2018). NOTA Tomemos, como exemplo, uma exposição itinerante de artefatos arqueológicos. Ao fim de cada mostra, o acervo é, inteiramente, conferido com as fotos tiradas antes do início. Caso se identifique algum dano nas peças, montagem e transporte podem ser suspensos, com os propósitos de se repararem os problemas identificados e de se verificar a origem dos estragos: vandalismo, mobiliário inadequado, condições ambientais precárias, iluminação incorreta, suporte pouco adaptado etc. Essa investigação pode gerar o atraso de todas as próximas exibições agendadas, caso não se tenha deixado uma margem de segurança entre uma e outra (VEIGA, 2012, p. 208). Essa logística é complexa, e garantir a salvaguarda do acervo apresentado é primordial. Outras ações devem ser analisadas ao longo do projeto. A Pinacoteca do Estado de São Paulo, por exemplo, em 2015, conforme noticiários da época, apresentou a exposição Ron Mueck, que contabilizou 400 mil ingressos, com filas de mais de duas horas de espera. Conforme Ming (2016), antes de chegar a São Paulo, a mostra atraiu mais de 230 mil pessoas ao Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. O percurso só pode ser feito em um sentido, ou seja, depois que se troca de sala, não é possível voltar para a anterior. A exposição termina com um vídeo, no qual se observa Mueck trabalhando no ateliê dele. Para entrar na sessão, é preciso enfrentar uma fila à parte. A previsão é a de que entre 500 e 700 pessoas passem pela mostra por hora (MING, 2016, s. p.). O fluxo de visitação deve ser ponderado quando estamos trabalhando com uma grande volumetria de público, constante no espaço. A qualificação dos guardas de salas, para receberem essa demanda, além da segurança, ganha destaque ao falarmos de possíveis sinistros no local expositivo. Com um número de público além do esperado, deixa-se o espaço vulnerável a uma queda da obra, ou pessoas com as mãos nos objetos, registro fotográfico sem autorização etc. 70 Dar preferência para que a íntegra conceitual do projeto seja mantida, as sim como os partidos expográfico e gráfico, de forma a assegurar a coerência e a identidade do projeto. Caso elementos da exposição precisem ser modi ficados em algum dos pontos, essas alterações devem ser acompanhadas e aprovadas pela equipe realizadora. A criação de um núcleo, com contribui- ções locais, ou regionais, quando há pertinência, certamente, é um recurso apreciado pelos visitantes (FRANCO, 2018). NOTA FIGURA 1 – PINACOTECA DO ESTADO DE SÃO PAULO - EXPOSIÇÃO RON MUECK FONTE: <https://viajocomfilhos.com.br/2015/01/5-coisas-para-fazer-em-sao-paulo-com-criancas/sao- paulo-com-criancas-ron-mueck-pinacoteca/>. Acesso em: 24 abr. 2021. Na Figura 1, podemos observar que o piso possui fita de isolamento e uma grande quantidade de visitantes que contemplam e/ou fotografam a obra, tudo isso em uma parte da exposição. Vale ressaltar que essa exposição teve filas externas, chegando a contornar o quarteirão da Pinacoteca do Estado de São Paulo, nos dias gratuitos e pagos, como poderemos observar na Figura 2. https://viajocomfilhos.com.br/2015/01/5-coisas-para-fazer-em-sao-paulo-com-criancas/sao-paulo-com-criancas-ron-mueck-pinacoteca/ https://viajocomfilhos.com.br/2015/01/5-coisas-para-fazer-em-sao-paulo-com-criancas/sao-paulo-com-criancas-ron-mueck-pinacoteca/ 71 FIGURA 2 – ÁREA EXTERNA DA PINACOTECA DO ESTADO DE SÃO PAULO E PÚBLICO NA FILA ESPERANDO PARA ENTRAR NA EXPOSIÇÃO FONTE: <https://m.folha.uol.com.br/ilustrada/2014/11/1550947-abertura-da-exposicao-de-ron-mueck- na-pinacoteca-tem-filas-no-feriado.shtml>. Acesso em: 24 abr. 2021. Observamos que uma exposição itinerante depende de um grande exercício de logística para a equipe envolvida no projeto. As instalações que a recebem devem possuir estruturas mínimas para contemplar a demanda projetada, além de ter um bom plano de transporte, como o seguro de todo o acervo. Deve-se prezar pela harmonia do projeto de exposição e pela conservação do acer vo. Exposições itinerantes envolvem, também, translado e hospedagem de equipe, acervo, seguros, divul gações específicas etc. (WERNECK; COSTA; PEREIRA, 2010). https://m.folha.uol.com.br/ilustrada/2014/11/1550947-abertura-da-exposicao-de-ron-mueck-na-pinacoteca-tem-filas-no-feriado.shtml https://m.folha.uol.com.br/ilustrada/2014/11/1550947-abertura-da-exposicao-de-ron-mueck-na-pinacoteca-tem-filas-no-feriado.shtml 72 Neste tópico, você aprendeu: • As instituições museológicas usam o gerenciamento de um projeto para desenvolver ações e programas. É o planejamento de uma estratégia, com uma dada proposta, sobre a qual a equipe se debruça por um dado tempo, pois existem os períodos de início e fim, definidos para se alcançar o resultado desejado. • Um projeto cultural possui o próprio ciclo de vida. Compreende elaboração, execução, prestação de contas e encerramento, ou seja, o desenvolvimento de um projeto expositivo se caracteriza por um conjunto de estratégias, ações e sistemas organizacionais próprios. • Todo projeto possui objetivos (geral e específico), pois servem como elemento basilar para a tomada de decisões. Dos objetivos específicos, podemos mensurar as metas a serem alcançadas. Assim, devemos, ao concluir um projeto, verificar se conseguimos alcançá-los, de forma total ou parcial, além de justificá-los. • As exposições itinerantes devem ser planejadas, previstos todos os locais que as recebem. Essa logística é complexa, e devemos primar para garantir a salvaguarda do acervo apresentado. Essa tipologia de exposição é uma das estratégias para arrecadar recursos financeiros para a instituição. Contribui, assim, para a manutenção das atividades institucionais. RESUMO DO TÓPICO 1 73 1 Um projeto cultural é um instrumento técnico, estratégico e de comunicação, no entanto, com especificidades. Assim, com relação ao ciclo de vida de um projeto, analise as sentenças a seguir: I- A elaboração parte do tema e dos respectivos recortes, ou seja, da conceituação e do planejamento. II- O ciclo de vida envolve as etapas de elaboração, produção, prestação de contas e encerramento. III- O ciclo de vida abarca as etapas de execução e de prestação de contas, somente. IV- A principal função é construir um cronograma, além de auxiliar na prestação de contas. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e III estão corretas. b) ( ) As sentenças III e IV estão corretas. c) ( ) As sentenças I e II estão corretas. d) ( ) As sentenças II e IV estão corretas. 2 O Instituto Alvorada Brasil (2014, p. 31) informa que o “elemento fundamental, para a construção de um projeto, é o objetivo, o qual deve ser muito bem definido, apresentado de forma clara e de fácil entendimento. Afinal, todas as atividades desenvolvidas ao longo do projeto cultural são norteadaspelo objetivo a ser alcançado, com todos os esforços empregados para esse fim”. Assim, ao se propor uma exposição, além do projeto expositivo e dos diferentes elementos que o compõem, devemos ter claros os objetivos, que podem ser classificados em diferentes classes. Acerca do exposto, analise as sentenças a seguir: I- Objetivos gerais e específicos. Associadas aos objetivos específicos, há as metas, que são o desdobramento das ações dos objetivos específicos e que devem ser mensuráveis. II- Objetivo geral. Mais amplo, e, nele, descreve-se, de forma sucinta, o que se pretende realizar, além do produto cultural desenvolvido e do resultado esperado com a conclusão do projeto. III- Objetivo geral. Informados o público beneficiado, o local onde o projeto é realizado e o impacto sociocultural a longo prazo. IV- Objetivos específicos. Menos abrangentes e correspondentes às ações previstas, as quais contribuem para o alcance do objetivo geral. AUTOATIVIDADE 74 Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Somente a sentença I está correta. b) ( ) Somente a sentença III está correta. c) ( ) As sentenças I, II, III e IV estão corretas. d) ( ) Somente a sentença IV está correta. 3 A exposição "ComCiência", primeira individual da australiana Patricia Piccinini, no Brasil, ocupa o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), do Rio de Janeiro, desde sexta-feira (29). A artista decidiu criar duas novas obras para a temporada carioca. Uma das novidades dessa temporada é a obra The Breathing Room. Em uma sala escura, “o quarto que respira” se propõe a ser uma experiência imersiva e multissensorial, na qual o público é levado a se sentir como se estivesse dentro de um corpo que passa por uma reação emocional. FONTE: <https://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2016/04/ccbb-exibe-comciencia-com-obras-hiper-re- alistas-de-patricia-picciani.html>. Acesso em: 24 abr. 2022. Com relação às exposições itinerantes, analise as sentenças a seguir: I- A criação de um núcleo, com contribui ções locais, ou regionais, quando se é pertinente, certamente, é um recurso apreciado pelos visitantes. II- Um cronograma geral de ações, que envolve todo o circuito e os pontos de itinerância, com o controle ativo e atualizado desse ins trumento de gestão, deve ser realizado. III- O aproveitamento, de forma eficiente, dos recursos humanos e dos materiais locais, adequados ao projeto, é essencial. IV- A definição do projeto expográfico, apenas, depois do estudo, com detalhes, dos di ferentes espaços incluídos na itinerância, é uma forma de otimizar o mobiliário expositivo e as operações de montagem. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Somente a sentença I está correta. b) ( ) Somente a sentença III está correta. c) ( ) As sentenças I, II, III e IV estão corretas. d) ( ) Somente a sentença IV está correta. 4 O objetivo geral do projeto Exposição Virtual é divulgar, por meio do uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação, o trabalho realizado pelo Setor de Paleovertebrados do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a fim de despertar o interesse da sociedade, principalmente, de jovens estudantes, para o tema da Paleontologia Brasileira. Já os objetivos específicos são integrar o potencial do acervo do Setor de Paleovertebrados, do Museu Nacional, com as possibilidades trazidas pelas Tecnologias da Informação e da Comunicação, por https://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2016/04/ccbb-exibe-comciencia-com-obras-hiper-realistas-de-patricia-picciani.html https://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2016/04/ccbb-exibe-comciencia-com-obras-hiper-realistas-de-patricia-picciani.html 75 meio do desenvolvimento de um portal de informações, com a disponibilização de uma exposição; instalação em realidade virtual (Cave); terminal interativo (Toten); e Cinema 180 graus. FONTE: <http://versalic.cultura.gov.br/#/projetos/090086>. Acesso em: 24 abr. 2022. Na pré-produção de um projeto expográfico, há, dentre as diferentes ações a serem realizadas: determinar o (s) objetivo (s) a serem alcançados com a exposição. Assim, discorra a respeito da importância de se definir (em) o (s) objetivo (s) do projeto expográfico e dos benefícios. 5 Piscina que não molha e nuvem em caixa estão em exposição no CCBB, que brinca com absurdos. Belo Horizonte é a primeira cidade brasileira que recebe a exposição do artista argentino Leandro Erlich, que, depois, segue para Rio de Janeiro e São Paulo. A entrada é gratuita. Que tal um mergulho em um mundo surreal? Não precisa levar roupa de banho para visitar a exposição A Tensão, do artista argentino Leandro Erlich, em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Belo Horizonte. Você não vai se molhar, mas vai sair “encharcado” de absurdos. Isso no bom sentido, tá?! [...] Belo Horizonte é a primeira cidade brasileira que recebe a exposição. Ela fica em cartaz, no CCBB, até o dia 22 de novembro. A entrada é gratuita. FONTE: <https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/o-que-fazer-em-belo-horizonte/noticia/2021/09/21/ piscina-que-nao-molha-e-nuvem-em-caixa-estao-em-exposicao-do-ccbb-que-brinca-com-absurdos-fotos. ghtml>. Acesso em: 24 abr. 2022. Com relação às exposições itinerantes, discorra a respeito da importância do projeto expográfico como instrumento estratégico para o sucesso da itinerância. http://versalic.cultura.gov.br/#/projetos/090086 https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/o-que-fazer-em-belo-horizonte/noticia/2021/09/21/piscina-que-nao-molha-e-nuvem-em-caixa-estao-em-exposicao-do-ccbb-que-brinca-com-absurdos-fotos.ghtml https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/o-que-fazer-em-belo-horizonte/noticia/2021/09/21/piscina-que-nao-molha-e-nuvem-em-caixa-estao-em-exposicao-do-ccbb-que-brinca-com-absurdos-fotos.ghtml https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/o-que-fazer-em-belo-horizonte/noticia/2021/09/21/piscina-que-nao-molha-e-nuvem-em-caixa-estao-em-exposicao-do-ccbb-que-brinca-com-absurdos-fotos.ghtml 76 77 PROJETO EXPOGRÁFICO UNIDADE 2 TÓPICO 2 — 1 INTRODUÇÃO Franco (2018) informa que projeto vem da palavra latina projectum, que significa “antes de uma ação”. Ao longo do tempo, o sentido de “projeto” foi sendo modificado e ampliado, assim, atualmente, há vários tipos de projetos, dentre eles, os museológicos. Nos últimos anos, a “linguagem dos museus assumiu a cena e pautou as discussões de áreas correlatas do conhecimento, como a arquitetura, a filosofia, a crítica de arte, a estética, a ética, o design, a moda, o cinema, a cenografia, a educação, dentre outras” (FRANCO, 2018, p. 111). A publicação Caminhos da Memória: Para Fazer uma Exposição sinaliza que as “exposições devem ser instrumento para a produção, a reprodução e a difusão de conhecimentos. São espaços para a circulação de ideias, desse modo, profundamente, ideológicas, e, essencialmente, políticas” (IBRAM, 2017, p. 11). O projeto expográfico define a expografia: acervo, forma, cor, luz, textos, suportes, circuito e demais informações. O conceito e os objetivos são traduzidos no espaço (IBRAM, 2017). O conjunto de objetos selecionados, classificados e expostos mostra que o museu desempenha uma função de roteirista na construção de uma espécie de texto a ser lido, e, se possível, compreendido (ENNES, 2003). Diante desse cenário cada vez mais globalizado e midiático, necessitamos, mais do que nunca, refletir a respeito de alguns aspectos orientadores dessa linguagem própria, particular aos museus: exposição. “Seu fundamento principal, seu eixo de sentido deve, sempre, ser o objeto em contexto, seja ele material ou imaterial” (FRANCO, 2018, p. 114). Como comenta Scheiner (2006, p. 17), “existe um mito básico em relação à constituição de exposições como espaços simbólicos: o de que o visitante compreenderá todas as intenções e abordagens do criador, pormais herméticas que sejam”. Ainda, segundo Scheiner (2006), infelizmente, isso não é verdade, pois o público visitante apreende aquilo (código) que seja familiar ou que identifica as experiências vividas e as múltiplas leituras de mundo dele. Portanto, o universo simbólico dos visitantes pode estabelecer diálogos com o espaço simbólico da exposição. Acadêmico, no Tópico 2, abordaremos o trabalho envolvido na pré-produção de uma exposição, como: justificativa, prévia orçamentária e documentação museológica mínima e necessária para o início do diálogo com outras instituições contribuintes. Ainda, há os recursos expográficos para a estruturação do projeto e para a viabilidade de produção dele, a exemplo da luz, cor, conservação preventiva, módulos ou núcleos expositivos, circulação etc. 78 2 PRÉ-PRODUÇÃO “A partir deste momento, em que já estão feitas as definições preliminares e conceituais da exposição, a equipe deve se reunir para desenhar a exposição, propriamente, dita” (IBRAM, 2017, p. 26). Nessa etapa, já há as diretrizes para a base do projeto, e a pesquisa ocorre para qualificar as ações. Para isso, a equipe já deve ter argumentos, de forma clara e resumida, para apresentar o projeto. Veja um exemplo para a reformulação da exposição de longa duração no Memorial Tancredo Neves, em São João Del Rei, Minas Gerais. Resumo A montagem e a revitalização da exposição do acervo do Memorial Tancredo Neves se justificam pela necessidade não só de manter viva a memória de Tancredo Neves, personagem de extrema importância para a história do Brasil, mas, também, de democratizar, a todos, fatos relevantes da história nacional. A exposição é importante não só por contar a história de Tancredo Neves, mas, principalmente, por contar um capítulo da história brasileira recente, da ditadura, do início da abertura política e dos primeiros passos da democracia brasileira. Uma história que merece registro e que deve ter a própria memória divulgada por meios modernos e tecnológicos, que possam conversar com o público jovem, que não a viveu, e que precisa entender que a liberdade de expressão e a democracia foram uma construção árdua, a ser protegida. O projeto (em anexo) incorpora o uso de tecnologias de ponta, com técnicas e materiais típicos da região de São João Del Rei. O principal elemento aplicado será o metal, material proveniente de minas dessa região, que combina imagens de perenidade, flexibilidade, durabilidade e nobreza, o que o proponente deseja agregar ao projeto. A respeito desse material, serão aplicadas imagens, projeções, documentos e elementos interativos que darão uma percepção contemporânea e, ao mesmo tempo, atemporal. FONTE: <http://versalic.cultura.gov.br/#/projetos/092770>. Acesso em: 24 abr. 2021. NOTA Na passagem anterior, podemos observar que o memorial, de caráter histórico, tem, como temática, a personalidade do político Tancredo Neves. Para a argumentação do projeto, a pesquisa serviu de base. A pesquisa é uma tarefa básica e importante, que trará subsídios teóricos para a estruturação e a concretização da exposição. É através dela que os pesquisadores recolherão as informações e dados necessários para fundamentar e complementar o tema. Auxiliará, também, na elaboração dos materiais gráfico e visual da exposição (ALAMBERT; MONTEIRO, 1990, p. 26). http://versalic.cultura.gov.br/#/projetos/092770 79 De modo geral, podemos subdividir a pesquisa em três grupos principais: bibliográfica, iconográfica e de objeto. Pesquisa bibliográfica, ou documental, é desenvolvida, basicamente, através de consulta a fontes primárias, podendo ser ampliada com a realização de entrevistas e depoimentos de especialistas e pessoas ligadas ao tema enfocado. A pesquisa iconográfica, ou pesquisa de imagem, é a busca das informações contidas nas imagens reproduzidas em quadros, desenhos, fotografias etc. A pesquisa do objeto inclui desde a localização de uma peça de interesse até a coleta de todas as informações possíveis de serem obtidas em relação a esse objeto (ALAMBERT; MONTEIRO, 1990, p. 26). Enquanto a pesquisa vai ocorrendo, outras ações simultâneas são desenvolvidas. Na medida em que o projeto vai delimitando o foco dele, as equipes devem ficar atentas à socialização das informações. Na Figura 3, segue uma visão genérica do processo. Ela é dinâmica e possibilita compreender alguns caminhos a serem percorridos na pré- produção. Conforme cada proposta de exposição, o modelo pode ser adaptado. FIGURA 3 – PROJETO EXPOGRÁFICO - PRÉ-PRODUÇÃO FONTE: Adaptada de Franco (2018) REUNIÃO DE COORDENAÇÃO LISTA DE OBRAS FINAIS PLANO DE COMUNICAÇÃO ... DESENVOLVIMENTO DO PROJETO: EXPOGRÁFICO E EDUCATIVO PRÉVIA O RÇAMENTÁRIA CURADORIA ORÇAMENTOS DOCUMENTAÇAÕ REFERENTE A EMPRÉSTIMO 80 O modelo genérico apresentado é uma das possibilidades para se pensar no fluxo de um projeto expográfico, na etapa de pré-produção. A Reunião de Coordenação e Equipes faz parte do processo. Observe os diferentes conteúdos estudados até agora. Isso, na prática, já mobilizou grupos e coordenadores. Ainda, a inserção da figura do curador pode ocorrer, conforme a demanda da equipe. Ele é o responsável pela exposição, com qualidades para gerenciar o projeto (IBRAM, 2017). O curador deve ser capaz e ter tempo para acompanhar todas as etapas e ações necessárias para a montagem da exposição, e, de preferência, ter habilidades para ser o agregador da equipe. Muitas vezes, toma decisões pelo grupo, as quais devem ser respeitadas e aceitas, por isso, essa escolha é essencial em todo o processo (IBRAM, 2017). NOTA Esse alinhamento com toda a equipe, e na medida em que o trabalho vai se qualificando, surge prévia orçamentária do projeto da exposição, que “organiza e estabelece todo o gasto para confecção/realização. O financeiro distribui os recursos disponíveis, internos e externos, e os gastos com material e mão de obra” (IBRAM, 2017, p. 34). A lista de obras final e o orçamento final devem ter um prazo no cronograma do projeto, pois, assim, a equipe responsável pelos desenhos expográficos, comunicação e educação podem dar continuidade às propostas de forma mais precisa. Ainda, a equipe de comunicação consegue efetivar o plano de comunicação para a exposição com base na lista de obras Final, por exemplo. É importante, conforme a conclusão dos ciclos do projeto, atualizar os orçamentos e o cronograma. IMPORTANTE 81 2.1 DOCUMENTAÇÃO REFERENTE AOS EMPRÉSTIMOS As peças a serem solicitadas, com antecedência, para empréstimo à instituição, devem ser documentadas, para garantir a salvaguarda do acervo e o respaldo legal entre as partes. Motta (2015) apresenta algumas orientações para o bom andamento dos trabalhos institucionais, e inicia pela Carta de Pedido para Empréstimo ou Ofício, para a diretoria da instituição museológica, ou para o colecionador particular (emprestador), em nome do diretor da instituição ou da produção responsável pelos empréstimos (solicitantes). A Carta de Pedido deve possuir algumas informações básicas para conhecimento do solicitante, como: • Descrição do projeto de exposição. • Justificativa do uso do acervo solicitado. • Local da exposição (e das eventuais itinerâncias). • Datas de início e de término. • Responsável pela instituição solicitante (MOTTA, 2015). NOTA A instituição que empresta a (s) obra (s), ao se aprovar o pedido, informa as Condições de Empréstimo (Loan Condition) para a coleção, como: valor de seguro, condições de manuseio e de montagem, controle de temperatura e de umidade, acondicionamento, transporte especializado em obra de arte etc. É essencial contratar um seguro para todas as obras tomadas de empréstimo, com um período de cobertura que vai desde a data de saída da peça do emprestadoraté o retorno definitivo dela, incluindo o transporte e a permanência na instituição recebedora. Essas apóloces são, habitualmente, conhecidas como “All Risks”, ou “de prego a prego” (MOTTA, 2015). NOTA É importante que a instituição que empresta as obras solicite os Relatórios de Condições Expositivas (Fa cilities Reports) da instituição museológica na qual são expostas as peças, por parte do solicitante (MOTTA, 2015). Esse documento possui diferentes informações, as quais auxiliam a compreensão não só do espaço físico, mas, também, da segurança, da conservação e da equipe ofertada pela instituição. Garante- se respaldo para a “deliberação para empréstimo de peças, que deve ser efetuada segundo critérios de estado de conservação e parecer favorável de especialistas da instituição emprestadora” (MOTTA, 2015, p. 18). 82 Trata-se de solicitar que a formalização do pedido de empréstimo seja feita com uma antecedência mínima de 30 dias da saída das peças, através do envio da carta de pedido de empréstimo e do Loan Forn, por parte do solicitante (MOTTA, 2015). NOTA Além desses documentos, é válido sinalizar que existem outros que são somados ao longo do processo, a fim de se oficializar o empréstimo, por exemplo, o Laudo Técnico, o Termo de Saída de Obra de Arte e o Termo de Entrada de Obra de Arte. 2.2 RECURSOS EXPOGRÁFICOS Os desafios, para se apresentar uma exposição, são diversos. A equipe deve traduzir e reconstruir discursos e narrativas, por meio de diferentes intermediações, como som, imagens, dentre outras. Esse processo é balizador, uma vez que potencializa a escolha do que ocultar, seleciona o que devemos lembrar e, até mesmo, esquecer (IBRAM, 2017). “A exposição, desse modo, traduz anseios, medos, questionamentos, afirmações, perguntas e respostas, propondo soluções por meio de uma discussão pública e coletiva” (IBRAM, 2017, p. 11). O projeto expográfico é um elemento de fundamental importância, pois, segundo Alambert e Monteiro (1990), permite planejar, representar, e, até mesmo, visualizar, com precisão, o resultado da montagem a ser executada. “Consiste em duas partes essenciais que se complementam: o planejamento da apresentação do acervo e a programação visual” (ALAMBERT; MONTEIRO, 1990, p. 27). Cronograma Deve considerar, com cuidado, as várias etapas do projeto, fixar prazos e monitorar o progresso das ações. O cronograma pode ser feito em diferentes unidades de tempo (dias, semanas, meses) e estar em local visível e de fácil acesso para toda a equipe (IBRAM, 2017). NOTA Todas as obras emprestadas devem ser asseguradas, para isso, é importante solicitar o Certificado de Seguro e uma cópia, ou número, da Apólice de Seguro, e anexá-los ao processo de empréstimo. NOTA 83 É a relação espacial que fundamenta e potencializa o diálogo entre o público que visita e o acervo apresentado, ou, também, o discurso e a narrativa a serem apresentados no tempo e no espaço pré-definidos, a exposição. Para isso, sugere-se a criação de um esboço, em planta baixa, para auxiliar as primeiras ideais. Engloba-se desenhar, rascunhar, ainda que de maneira rudimentar, ou amadora, já que o pensamento visual ajuda as pessoas a descreverem, a discutirem e a compreenderem melhor as questões, mesmo as mais complexas. Valem as regras de “não julgar”, “uma discussão por vez”, “pensar visualmente” e “encorajar ideias malucas”. Fazer perguntas do tipo “E se…” dinheiro não fosse um problema, por exemplo. Depois de expandir, ao máximo, as ideias, a equipe deve reduzir o número delas, e estabelecer critérios viáveis: contexto, tempo, receita, público e impacto. O número deve chegar ao seguinte: de três a cinco ideias potenciais. Então, rascunha-se um protótipo de exposição (IBRAM, 2017). NOTA O planejamento da apresentação do acervo em uma exposição aborda as questões relativas à adequação e à distribuição espacial das peças, esquemas de circulação, projeto de iluminação, definição do tipo e quantidade de suportes e embalagens e questão de segurança (ALAMBERT; MONTEIRO, 1990). Esse processo é importante para que se possa compreender a dimensão da exposição. “Definidas as áreas a serem ocupadas para a apresentação das peças, estabelecem-se percursos de visitação mais adequados a uma boa apreciação, e se esquematizam os arranjos dos painéis, vitrines e outros suportes” (ALAMBERT; MONTEIRO, 1990, p. 27). É o planejamento da apresentação do acervo que “permite organizar uma exposição, em que cada uma das peças apresentadas comunique, individualmente, uma informação, e que, em conjunto, relatem, em uma sequência lógica, o tema escolhido” (ALAMBERT; MONTEIRO, 1990, p. 27). Para Scheiner (2012), a expografia deve utilizar esses elementos comunicacionais como forma de promover a acessibilidade. Toda a gama de experiências visuais, tácteis, aurais e emocionais impregna o processo, o que permite um alto grau de imersão no conjunto a ser comunicado. 84 FIGURA 4 – ESTUDO PARA NÚCLEO EXPOSITIVO - EXPOSIÇÃO ITINERANTE TARSILA DO AMARAL - FAMA MUSEU FONTE: Nascimento (2022) 2.3 MÓDULOS EXPOSITIVOS E CIRCULAÇÃO Já parou para analisar como as exposições são apresentadas? Como os curadores, produtores, historiadores, museólogos induzem, ou “ditam”, o caminho a ser percorrido pelo visitante? Ao se desenvolver o projeto da exposição, para facilitar a organização, a divisão de tarefas, o detalhamento e a distribuição dos recursos expográficos, no espaço onde ela acontecerá, pode-se utilizar a estratégia de divisão do tema no espaço em forma de módulos. Os módulos podem definir subtemas, recortes, circuito, circulação, dar destaque etc. Esse método ajudará a estabelecer pontos de interesse e escalas de hierarquia, incluindo o módulo de abertura, ficha técnica e módulos de transição (IBRAM, 2017, p. 29). O estudo das relações espaciais a serem estabelecidas entre espaço físico disponível e exposição, propriamente, dita deve ser feito em escala, a nível bidimensional, com o desenho de plantas, elevações e detalhes de montagem. Se possível, recomenda- se um estudo a nível tridimensional, com a execução de maquetes (em escala), as quais, e muito, ajudam a ordenação das peças (ALAMBERT; MONTEIRO, 1990). Na criação desses ambientes, o conceito de função está em estabelecer um relacionamento de identidade entre os espaços, a territorialidade deles e a sociedade na qual o museu está inserido, ou melhor, entre o ambiente expográfico, os significantes e os significados e o que o visitante espera encontrar, ver e decodificar. Assim, o designer está apto a criar estratégias de diálogo e comunicação subjetiva, entre imagem e identidade corporativa do espaço, com o visitante (COUTO, 2016, p. 3663). 85 Pensar e propor ambientes e conceitos são ações de interferência no espaço. Esses processos, de forma subjetiva, vão se legitimando na medida em que a exposição vai se estruturando e se impondo no espaço e nas múltiplas relações. Por exemplo, com relação ao percurso, traduz-se em se estabelecer um caminho, ou uma multiplicidade de caminhos, a fim de se visualizar a exposição, a depender dos objetivos a serem alcançados (BARBOSA, 1993). Podemos levar em consideração que o percurso de uma exposição, sempre, começa pela esquerda. O visitante tende a iniciar da esquerda para a direita. Isso se explica, principalmente, porque a nossa linguagem é escrita e lida nesse sentido (BARBOSA, 1993). FIGURA 5 – PLANTA BAIXA DA EXPOSIÇÃO - ESTUDO DO TRAJETO OBRIGATÓRIO FONTE: Barbosa (1993, p. 42) A Figura 5, com planta baixa, foi montada de duas maneiras, igualmente, válidas. Não há uma única rota, mas várias possibilidades, e, apenas, um começo é evidenciado, marcado pelo painel, ou texto de apresentação, logo na entrada. Já na Figura6, o estudo de um espaço com formato retangular, em escala. Nela, poderemos observar a criação de painéis expositivos, obras presentes e múltiplos caminhos a serem percorridos. 86 FIGURA 6 – ESTUDO PARA MUSEU STEDELIJK - AMSTERDÃ FONTE: <https://pin.it/34mBzoV>. Acesso em: 24 abr. 2021. Essa proposta de maquete, ou, até mesmo, em meio virtual, garante precisão da distribuição dos elementos que compõem a exposição dentro do espaço expositivo. Ainda, as propostas apresentadas vão sendo detalhadas, conforme particularidades. A Figura 7 é um estudo de expositor. FIGURA 7 – ESTUDO PARA NÚCLEO EXPOSITIVO - EXPOSIÇÃO ITINERANTE TARSILA DO A MARAL - FAMA MUSEU FONTE: Nascimento (2022) https://pin.it/34mBzoV 87 O estudo já delimita o tipo de estrutura a ser criado, o local onde as obras devem ficar, o texto expositivo, a área tátil e os elementos cenográficos, na base e chão. Isso é importante, pois, ao concluir todo o estudo, a produção pode viabilizar os orçamentos do mobiliário, das placas a serem realizadas, da moldura, dentre outros materiais. 2.4 CONSERVAÇÃO E CLIMATIZAÇÃO Costa (2006, p. 46) informa que “a conservação das peças do acervo de um museu pressupõe guarda, transporte e exposição em condições adequadas”. O ato de expor os objetos deve ser analisado tecnicamente, pois se deve garantir a integridade deles. “Para tanto, é necessário considerar: qualidade da atmosfera, presença de insetos, microrganismos, umidade relativa, temperatura do ambiente e iluminação” (COSTA, 2006, p. 46). Ao se conceber a exposição e se selecionar um acervo, é essencial que se conheçam, além de se avaliem os materiais que constituem os objetos, estado de conservação e condições ambientais apropriadas para o equilíbrio físico-químico. Os objetos que constituem acervos museológicos podem ser feitos de materiais orgânicos, como papel, pergaminho, couro, têxteis, fibras vegetais e animais, tela, e de materiais inorgânicos, como pedra, metal, vidro, cerâmica, porcelana etc. (IBRAM, 2017). IMPORTANTE “A umidade relativa e a temperatura, em índices inadequados, são as principais causas de degradação de acervos, e a ação em conjunto, desses fatores, contribui para desencadear ou acelerar o processo de degradação dos objetos” (TEIXEIRA, GHIZONI, 2012, p. 17). É importante manter a estabilidade constante dos parâmetros temperatura e umidade, pois, caso contrário, podem proporcionar, segundo Teixeira e Ghizoni (2012, p. 17), “mudanças de forma e tamanho por dilatação e contração; reações químicas que ocorrem em presença de umidade; biodeterioração”. Os índices de umidade relativa e temperatura, em espaços expositivos, devem, sempre, ser mantidos estáveis, porque a variação pode causar deterioração dos acervos. A climatização da exposição, portanto, é um item importante a ser planejado, caso se faça uso de condicionadores de ar, ventiladores, aquecedores ou ventilação natural, de acordo com a natureza dos objetos selecionados (IBRAM, 2017). NOTA 88 2.5 COR Estudos e teorias de cores foram desenvolvidos ao longo dos anos. Sabemos que o uso delas pode contribuir de diferentes formas perante o público, uma vez que sugerem distintos significados, de acordo com a maneira de utilização. Para Ennes (2003, p. 61), é o “elemento especial, dentro de uma exposição, mais do que os elementos básicos associados a ela, como a forma, a textura e o espaço. Tem aspectos psicológicos e simbólicos que requerem conhecimento específico para utilizá-la”. A cor contribui para a construção da atmosfera que se deseja na exposição. A interferência dela é muito expressiva. A partir das possíveis combinações de cores, têm- se diferentes sensações em função das diferentes propriedades das cores e da área de aplicação, dada, para cada combinação, uma sensação de que são figuras diferentes. Com a temperatura de cor diferenciada, é possível se trabalhar outro tipo de comunicação. As cores quentes são referência do vermelho: fortes, vivas, agressivas; as mornas são todos os tons que contêm o vermelho com adição do amarelo; as frias são referência do azul: ampliam a sensação de calma; as frescas são todos os tons que contêm o azul com adição do amarelo (ENNES, 2003, p. 62). Há uma tendência em pensarmos que os objetos já possuem cores definidas. Na verdade, a aparência de um objeto é resultado da iluminação incidente sobre ele. Por exemplo, sob uma luz branca, a maçã aparenta ser da cor vermelha, pois ela tende a refletir a porção do vermelho do espectro de radiação, ao absorver a luz nos outros comprimentos de onda. Se utilizássemos um filtro para remover a porção do vermelho da fonte de luz, a maçã refletiria muito pouco de luz, e pareceria, totalmente, negra. NOTA Saber articular as proposições cromáticas, para o projeto expositivo, potencializa uma forte leitura estética, e, até mesmo, o equilíbrio no espaço. Para isso, podemos recorrer aos esquemas de combinações de cores, que são formas de manipular o círculo cromático, encontrando possíveis paletas para a aplicação de cores em projetos. Segundo Kopacz (2003), os esquemas de combinações de cores podem ser agrupados de duas formas: o grupo dos “esquemas de consenso” e o grupo dos “esquemas de equilíbrio”. O primeiro se faz no entorno de cores que estão dentro e fora do círculo cromático, como o branco, o preto e os castanhos, com vistas a não causar contrastes. Os contrastes aparecem, justamente, no segundo grupo, o dos esquemas de equilíbrio. Nesse grupo, os contrastes aparecem, mas com total controle de efeitos (SILVEIRA, 2015, p. 125). 89 Os esquemas de combinações de cores, com o círculo cromático, são um instrumento de extrema importância, pois, a partir da tríade de cores-pigmento, poderemos recorrer a uma variação cromática que atenda aos objetivos expositivos. O círculo cromático é a primeira organização do numeroso e complexo mundo visual colorido. É um instrumento importante para o designer porque organiza a visualização das possibilidades cromáticas, além de mostrar a localização das cores, como as vizinhas (também, chamadas de análogas), as contrárias (também, chamadas de contrastantes, ou complementares), as harmonias geométricas (em triângulos, quadrados ou hexágonos), e outras combinações de cores, utilizadas para se pensar na harmonia cromática aplicada aos projetos. Os profissionais, atualmente, têm três opções de formação do círculo cromático para utilizar na organização e na aplicação das cores em projetos. Todos eles são baseados em três cores primárias, podendo se desenvolver de forma diferente, de acordo com o conjunto dessas cores primárias eleito (SILVEIRA, 2015). NOTA 2.6 ILUMINAÇÃO A iluminação de uma exposição deve fazer parte dos debates estruturantes de um projeto. Possui diferentes funções, as quais podem contribuir para a narrativa e a influência na conservação preventiva do acervo apresentado. A iluminação de um ambiente tem relação direta com a forma como este é percebido pelo olho humano (HUGHES, 2010; LOCKER, 2010; SCHWARZ; BERTRON; FREY, 2006; LINDH, 2006). A distribuição da luz exerce diversas funções em uma exposição. É a partir dela que são percebidas as características espaciais, como profundidade, comprimento e altura do espaço, além de iluminar os objetos e gráficos expostos. A iluminação tem, como função, também, quando trabalhada em contraste, de direcionar a atenção dos visitantes, haja vista a tendência de se olhar para um ponto iluminado em uma sala escura, por exemplo. Além dessas funções, ajuda a criar a atmosfera do lugar e a estruturar áreas temáticas (MEDEIROS, 2017, p. 52). A iluminação possui diferentes papéis, conforme a passagem anterior, por isso, devemos conhecer o ambiente que a recebe, o conceito da exposição, a duração, o conforto visual etc. Observe a Figura 8, e veja como a vitrine expositiva possui uma iluminaçãouniforme em contraste com o ambiente escuro. 90 FIGURA 8 – EXPOSIÇÃO ERA UMA VEZ O MODERNO (1910-1944) - CENTRO CULTURAL FIESP - SP FONTE: <https://www.iponews.com.br/noticias.asp?idnoticia=4132>. Acesso em: 24 abr. 2021. NOTA A escolha da iluminação deve levar em consideração a percepção das exposições, a orientação intuitiva dos visitantes e a qualidade das atmosferas. Além disso, o nível de iluminação deve atender aos requisitos básicos de conservação das peças expostas. Apresentam-se três formas de iluminação para exposições: a “iluminação ambiente”, que corresponde à distribuição de luz uniforme e que forma todo o background da exposição. Ainda, cria uma atmosfera agradável, ideal para visitas longas. Há a “iluminação direcionada”, geralmente, mais forte do que a ambiente, que ajuda a criar a dramaticidade da exposição, pelo uso do contraste. Por fim, a “iluminação de recurso”, que é utilizada com o intuito de acentuar os contornos de formas tridimensionais, usada, por exemplo, para iluminar a superfície de uma mesa (MEDEIROS, 2017). https://www.iponews.com.br/noticias.asp?idnoticia=4132 91 Neste tópico, você aprendeu: • Na pré-produção de uma exposição, já há diretrizes para o desenvolvimento do projeto e a pesquisa sendo desenvolvida concomitantemente. É uma tarefa básica de grande importância, que fornece subsídios teóricos para a estruturação e a concretização da exposição. Essa pesquisa, de forma didática, pode ser subdividida em três grupos: bibliográfica, iconográfica e de objeto. • Na pré-produção, a emissão de documentos é estruturada, para isso, precisa-se saber o período, o local, uma breve descrição da exposição, a curadoria responsável, o acervo almejado etc. Com essas informações, iniciamos, por exemplo, uma solicitação de empréstimo, por meio da Carta de Pedido para Empréstimo; Loan Condition (Condições de Empréstimo); Facilities Reports (Relatório de Condições Expositivas) etc. • Um dos desafios de se conceber uma exposição é o estudo das relações espaciais que se estabelecem em um espaço físico disponível, pois é a relação espacial que fundamenta e potencializa o diálogo entre o público que visita e o acervo apresentado. Para isso, é importante conhecer o espaço, além de esboçar e propor o trajeto a ser percorrido. Na criação desses ambientes, pode-se estabelecer um relacionamento de identidade entre o ambiente expográfico, os significantes e os significados e o que o visitante espera encontrar, ver e decodificar. • A conservação preventiva deve fazer parte do pensar uma exposição, pois, no ato de se expor o objeto, deve-se garantir que ele se encontre em um bom estado de conservação. Junto a isso, a exposição deve prezar pelo controle de temperatura e de umidade constantes no espaço expositivo, e o projeto luminotécnico não pode degradar o acervo. RESUMO DO TÓPICO 2 92 1 O trabalho de pesquisa é importante para desenvolver uma exposição. Para fins didáticos e pedagógicos, pode-se dividi-lo em três grupos. Assim, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) A pesquisa bibliográfica, ou documental, é desenvolvida, basicamente, através de consultas a fontes primárias, e pode ser ampliada com a realização de entrevistas e de depoimentos de especialistas e pessoas ligadas ao tema enfocado. A pesquisa iconográfica, ou de imagem, é a busca das informações contidas nas imagens reproduzidas em quadros, desenhos, fotografias etc. A pesquisa de objeto inclui desde a localização de uma peça de interesse até a coleta de todas as informações possíveis de serem obtidas em relação a esse objeto. ( ) A pesquisa iconográfica é desenvolvida, basicamente, através de consultas a fontes primárias, e pode ser ampliada com a realização de entrevistas e de depoimentos de especialistas e de pessoas ligadas ao tema enfocado. A pesquisa bibliográfica de imagem é a busca das informações contidas nas imagens reproduzidas em quadros, desenhos, fotografias etc. A pesquisa de entrevista inclui desde a localização de uma peça de interesse até a coleta de todas as informações possíveis de serem obtidas em relação a esse objeto. ( ) A principal forma de pesquisa, para uma exposição, é a pesquisa documental, que inclui desde a localização de uma peça de interesse até a coleta de todas as informações possíveis de serem obtidas em relação a esse objeto. Essa é a forma mais rápida para atender ao conceito expositivo. As outras formas são utilizadas, somente, quando demandadas pelo curador da exposição. ( ) A pesquisa bibliográfica, ou documental, é desenvolvida, basicamente, através de consultas a fontes primárias. A pesquisa geográfica é a busca das informações contidas nas imagens reproduzidas em quadros, desenhos, fotografias etc. A pesquisa genérica inclui desde a localização de uma peça de interesse. Das pesquisas apresentadas, a menos importante é a pesquisa geográfica, pois ela deve ser utilizada, somente, em exposições do tipo itinerante. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F – F. b) ( ) F – V – F - F. c) ( ) V – V – F – V. d) ( ) V – F – V - F. 2 Atualmente, observa-se os intensos ritmos de realização e de circulação de expo- sições temporárias e itinerantes em todo o mundo. Motivados por políticas de intercâmbio entre instituições e países, ações de democratização do acesso aos bens culturais, ou orientação para gestão e obtenção de recursos, os museus vêm, AUTOATIVIDADE 93 cada vez mais, abrindo reservas técnicas para a realização de exposições tem porárias nas sedes deles, ou para itinerâncias e empréstimos. No Brasil, essa diretriz segue, também, a Lei Federal nº 11.904/2009, que institui o Estatuto dos Museus e prevê a democratização do acesso à cultura (FRANCO, 2018, p. 52). Com relação às documentações para empréstimos de obras de arte, analise as afirmativas a seguir: I- Ao se solicitar um empréstimo de obras de arte, não é necessário formalizar a solicitação, com iniciação pela Carta de Pedido de Empréstimo. Isso deve ocorrer, somente, ao se envolverem colecionadores particulares, porém, não é obrigatório. II- Existem informações básicas a serem apresentadas em uma Carta de Pedido de Empréstimo de obras, como: breve descrição do projeto e objetivos da exposição, justificativa do uso do acervo solicitado, local, período, dentre outras informações. III- É preciso se contratar um seguro para todas as obras solicitadas para empréstimo, com o período de cobertura, que vai desde a data de saída de uma peça do local de origem até o retorno definitivo dela. Essas apóloces são, habitualmente, conhecidas como “All Risks”, ou “de prego a prego”. IV- Alguns documentos referentes à tratativa, para um empréstimo de obras, que podem ser solicitados, por exemplo, são Loan Condition e Fa cilities Reports. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As afirmativas I, II, IV estão corretas. b) ( ) As afirmativas I e III estão corretas. c) ( ) As afirmativas II, III e IV estão corretas. d) ( ) As afirmativas I e IV estão corretas. 3 Paralelamente às análises conceituais do projeto e do perfil do solicitante, incluindo as condições expositivas apresentadas, o museu, ou a coleção que ceder obras, ou peças do próprio acervo, para uma exposição, deve proceder a uma minuciosa ava- liação do estado de conservação dessas obras, ou peças requeridas, além de verificar se são solicitadas por outros projetos, simultaneamente ou em intervalo curto de tempo, para que se possa decidir a respeito da conveniência técnica do emprésti mo, analisados os múltiplos fatores decorrentes da participação em uma ou em várias exposições (FRANCO, 2018). Tendo, como referência, a publicação Planejamento e Realização de Exposições (FRANCO, 2018), analiseas afirmativas a seguir: I- Essa avaliação deve constituir um relatório técnico do setor de conservação e restauração do museu, a ser encaminhado às instâncias de direção e decisão. II- Caso seja verificada a necessidade de se realizarem procedimentos de conservação pre ventiva, como condição para a efetivação do empréstimo solicitado, devem ser analisados e discutidos com os técnicos do setor de conservação e restauração do museu. 94 III- Em certos casos, a instituição, ou organização solicitante, pode, eventualmente, assumir parte dos custos das ações necessárias, o que depende de negociações específicas e da existência de recursos para isso. IV- O importante é analisar, com cautela, o estado de conservação de uma obra, de modo a assegurar que ela esteja em plenas condições de ser deslocada e exposta com segu rança estrutural, além de verificar aspectos estéticos e referentes à integralidade do acervo, com vistas a potencializar a capacidade de comunicação com o público. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Somente a sentença III está correta. b) ( ) Somente a sentença I está correta. c) ( ) As sentenças I, II, III e IV estão corretas. d) ( ) Somente a sentença IV está correta. 4 Exposição Samsung Rock Exhibition Rita Lee está em cartaz no MIS Uma explosão de cores, de música e de alegria. Assim pode ser descrita a exposição Samsung Rock Exhibition Rita Lee, realizada pela Dançar Marketing, em parceria com o Ministério do Turismo, por meio da Secretaria Especial da Cultura, com os patrocínios da Samsung, da XP e Porto Seguro e apoio UNINASSAU. A mostra a respeito da maior roqueira do planeta abre na quinta-feira (23), no MIS (Museu de Imagem e do Som), Instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo. FONTE: <https://www.saopaulo.sp.gov.br/ultimas-noticias/exposicao-samsung-rock-exhibition-rita-lee-es- ta-em-cartaz-no-mis/>. Acesso em: 24 abr. 2022. Com relação aos recursos expográficos, comente a respeito das importâncias do planejamento e do diálogo interdisciplinar entre as áreas envolvidas em um projeto expográfico. 5 Conservação de documentos públicos preserva a história documental do Pará É importante que os cidadãos saibam dos cuidados pelos quais as documentações passam antes de chegar até eles, pois se valoriza o trabalho dos servidores, além do auxílio para uma maior consciência a respeito da preservação e da memória históricas do Pará, salienta o diretor. “Um trabalho que garante a perpetuação das informações e das memórias contidas nos documentos históricos. Esse traço é fundamental para os exercícios da cidadania e da disponibilização dos documentos públicos”, finaliza. FONTE: <https://agenciapara.com.br/noticia/34751/>. Acesso em: 24 abr. 2022. Disserte a respeito da importância da conservação preventiva ao se pleitear um acervo museológico para uma exposição. https://www.saopaulo.sp.gov.br/ultimas-noticias/exposicao-samsung-rock-exhibition-rita-lee-esta-em-cartaz-no-mis/ https://www.saopaulo.sp.gov.br/ultimas-noticias/exposicao-samsung-rock-exhibition-rita-lee-esta-em-cartaz-no-mis/ https://agenciapara.com.br/noticia/34751/ 95 TÓPICO 3 — EDUCAÇÃO NÃO FORMAL EM MUSEUS UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Segundo a publicação Conceitos-chave da Educação em Museus (IBRAM, 2015), a educação em museus se insere no campo da educação não formal, a qual se difere da formal, isso pelo caráter não cumulativo, já que são realizadas, predominantemente, em uma única oportunidade. Conforme a publicação, idealmente, as ações educativas devem ser pensadas a partir das características institucionais (acervo, gestão, histórico, localização, missão etc.) e da variedade das expectativas dos visitantes, sem apresentar conteúdos organizados em uma sequência formal, como em um currículo escolar. A ideia de museu, como espaço de educação, não é algo dado, como comentam Marandino e Martins (2017). Trata-se de uma construção que vem sendo feita há muitos séculos, mesmo considerando que a relação entre educação e museu está presente desde a origem desses locais. Meneses (2000) comenta que os museus se prestam a muitas funções, todas elas de inegável valor: fruição estética, relacionamento afetivo, devaneio, sonho, evasão e nostalgia, sem excluir a informação, com todas as modalidades e objetivos, e assim por diante. “A educação, em museus, é composta por especificidades, como espaço, tempo e objetos. Esses fatores, aliados a outros, são os responsáveis pelo diferencial da forma de educação nesses espaços” (MARANDINO, 2002, p. 187). Assim, dentre os diversos públicos que vão aos museus, há, por exemplo, cada vez mais professores, que ampliam as próprias estratégias didáticas para ensinar conteúdos escolares. O que se observa é que algumas instituições museológicas se equipam para receber essa demanda, assim, criam setores educativos com equipes, a fim de contemplar professores e estudantes, e elaboram materiais didáticos que servem de suporte para uso pedagógico dos museus (BRAGA, 2017). Acadêmico, no Tópico 4, apresentaremos as ações culturais e educativas ofertadas pelos museus. Conforme estudos da área, esses espaços estão preocupados em oferecer serviços mais adequados para diferentes públicos. Os museus se esforçam para apresentar exposições, atividades e programas atrativos para diversos grupos sociais e que contemplem os interesses deles (STUDART, 2005). 96 2 AÇÕES EDUCATIVAS “A educação/comunicação é uma das três principais finalidades dos museus, junto com a preservação e a investigação. Esses universos, embora, didaticamente, separados, são interpenetrantes e até dependentes” (FONTES; GAMA, p. 18). Assim, as instituições museológicas preservam, pesquisam e comunicam coleções, e o gerenciamento dos processos é de extrema importância, pois “um dos aspectos que se mostra importante para a caracterização da edu cação existente nos museus é a compreensão dos processos que levam a deli mitação dos objetivos, conteúdos e métodos da educação museal” (MARTINS, 2015, p. 50). “Considera-se que, a exemplo de outras instituições educacionais – como as escolares –, os museus produzem discursos pedagógicos próprios, passíveis de serem transmi tidos aos públicos frequentadores” (MARTINS, 2015, p. 50). Como comentam Fontes e Gama (2012), tomada a educação como exemplo, pode-se entender que, ao se educar, também, preservam-se acervos, práticas e saberes relacionados. Para se comunicar com os visitantes, também, pesquisam-se, necessariamente, o acervo e as possibilidades de comunicá-lo aos diferentes públicos. O ato de comunicar está presente, não apenas, nas ações educativas, mas, também, na montagem de exposições, em publicações e eventos, na abertura para o público e na apropriação simbólica das coleções guardadas, dignas de preservação para as futuras gerações (FONTES; GAMA, 2012). Nessa troca, cada educador tem autoria, curadoria pedagógica, recortes ideológicos, conceituais, metodológicos. Educadores, em museus, são pesquisadores e autores de mediações, organizam roteiros de visita e articulações de conteúdos, descobrem soluções para diversos públicos e situações (FONTES; GAMA, 2012, p. 19). Diferentes nomenclaturas são utilizadas e funções desempenhadas pelos trabalhadores das áreas de ação educativa dos museus. Por exemplo: GUIA Profissional responsável por acompanhar as pessoas por um determinado caminho, tendo um percurso ou roteiro, previamente, determinado, oferecendo informações de pontos relevantes, sem a necessidade de construção de uma lógica que os articule. No caso da atuação nos museus, isso gera um profissional que não tem interesse ou capacidade para desenvolver um discurso autônomoe dialógico, ou seja, os discursos não são construídos a partir das demandas dos públicos (IBRAM, 2015, p. 5). O guia possui o domínio de dado discurso e o apresenta para o visitante, com informações pré-selecionadas para a socialização. 97 MONITOR Esse termo, ainda, resiste na memória popular, inclusive, nas instituições, pois, nas décadas de 80 e 90, do século passado, no Brasil, a palavra monitor, saída do rol acadêmico, que designa o responsável por auxiliar o professor no processo de ensino, era utilizado para denominar a pessoa (geralmente, ainda em processo de formação, ou seja, estudante) que realizava a interface educativa com o público. Naquela ocasião, os processos educativos, ainda, eram vistos como a mera difusão, ou tradução, ao público, dos conhecimentos produzidos pelos pesquisadores e curadores. Nessa perspectiva, o monitor seria visto como um veículo de transmissão, e denotava, também, falta de autonomia. Em virtude do amadurecimento da área, que tem conquistado autonomia em relação aos discursos curatoriais, tal termo tem sido despotencializado. Essa nomenclatura, ainda, persiste, porém, acreditamos que seria mais adequada para nominar ações de atendimento geral, ou orientação ao público, sem a responsabilidade de realizar processos educativos ou de mediação (IBRAM, 2015, p. 5). Embora existam as presenças de guias e de monitores, há uma tendência, dentro do contexto, a ser vivenciada, a do mediador, o responsável por mediar as relações no espaço expositivo, “ou seja, o profissional responsável por realizar um processo, composto por diferentes estratégias, por meio do qual se constroem significados no momento de encontro entre as partes” (IBRAM, 2015, p. 5). Portanto, nas exposições, o profissional viabiliza o encontro entre o público e os objetos expostos. Os museus desenvolvem um programa, que é definido como um conjunto de “projetos relacionados, os quais têm definições estruturais e conceituais uníssonas, e duração temporal sistematizada, gerenciados de modo coordenado, para a obtenção de benefícios estratégicos e controle que não estariam disponíveis” (IBRAM, 2015, p. 7) caso fossem gerenciados individualmente. O projeto “é um esforço temporário, empreendido para criar um conjunto de serviços, produtos ou conhecimentos, visando a um resultado específico, ou seja, possui um foco de intenção” (IBRAM, 2015, p. 7). Pode ser replicado quantas vezes forem necessárias. Uma ação é um ato. Na linguagem corrente, pode designar um projeto, ou nomear parte dele, mas, em termos de escala e tempo, normalmente, indica um fazer pontual e de menor espectro do que um projeto. Pode, portanto, ser a implantação, a execução ou a efetivação das propostas de um projeto, ou de partes dele (IBRAM, 2015, p. 7). Portanto, os museus possuem setores/departamentos direcionados para a área da educação não formal, os quais desenvolvem ações educativas, com programas específicos que desencadeiam projetos e ações para os diversos públicos que a instituição museologica pode receber. Assim, os educadores de museu são “responsáveis por ampliar a relação entre o museu e os públicos, sendo mediadores do objeto do museu e do público visitante, no momento do fato museal” (IBRAM, 2015, p. 6). 98 Para planejar uma ação educativa, pode-se partir de algumas reflexões. QUADRO 2 – REFLEXÕES PARA PLANEJAR UMA AÇÃO EDUCATIVA ITEM DESCRIÇÃO O TEMPO As visitas, geralmente, são efêmeras, de curta duração e espaçadas. O tempo reservado para uma visita varia, de acordo com cada tipo de público. As visitas escolares, por exemplo, têm uma duração aproximada de duas horas, já que elas devem se adequar ao turno escolar e levar em conta o tempo de deslocamento. O ESPAÇO O espaço físico determina a forma como a visita é realizada. Como se trata, em geral, de um trajeto aberto, o visitante deve ser cativado pela exposição durante o percurso. O OBJETO O que há de mais específico, nos museus, é o trato com a cultura mate rial, portanto, as práticas educacionais necessitam criar possibilidades para que os visitantes desenvolvam habilidades para analisar os objetos a partir dos aspectos ma teriais, históricos e simbólicos deles. FONTE: Adaptado de Barbosa, Oliveira e Ticle (2010) Os públicos que os museus recebem, e que os educadores atendem, podem ser diferenciados e agrupados por tipologias. Público Agendado Discutimos que esta categoria necessita de uma preparação anterior, ou um interesse antecipado (nem que seja, apenas, organizar-se, ou ligar para realizar o agendamento, ou o ônibus). Também, foi apontado que, no mais das vezes, esta categoria possui alguma vinculação institucional. Dentro dessa categoria, os melhores exemplos são as escolas, ou grupos variados da educação formal (IBRAM, 2015, p. 9). Ao se agendar um grupo, pode-se desenvolver uma ação educativa diferenciada, compreendidos os anseios desse grupo e ofertados caminhos de mediação a serem compartilhados. Vale ressaltar que o levantamento prévio do que motiva a visita e o tempo que possui no museu e/ou na exposição são fatores importantes para o planejamento das ações. A seguir, poder-se-á compreender um pouco mais dos grupos agendados. 99 QUADRO 3 – GRUPOS AGENDADOS EM MUSEUS GRUPO DESCRIÇÃO Público agendado Professores/alunos/educação formal Públicos inclusivos/pessoas com deficiência Públicos inclusivos/em situação de vulnerabilidade social Ensino Superior (universitários/professores) Ensino Técnico (estudantes/professores) Grupos institucionais Idosos/crianças Instituições diversas (paróquias e igrejas, grupos de teatro, projetos sociais etc.) Públicos de ações extramuros/comunidades Público VIP/patrocinador (relacionado a valor econômico/político) Públicos potenciais (de acordo com a tipologia de museu, como trabalhadores do setor de café etc.) FONTE: Adaptado de IBRAM (2015) 100 São alguns agrupamentos possíveis, e as propostas comunicacionais e educativas possuem peculiaridades, conforme cada grupo visitante. É importante essa percepção para qualificar as ações. Concomitante a isso, existe o público espontâneo em geral, como turistas, famílias, idosos, conhecedores da temática tratada no museu etc. • Educação formal: sistema de educação, hierarquicamente, estruturado, e, cronologicamente, graduado, da escola primária à universidade, incluindo os estudos acadêmicos e as variedades de programas especializados e de instituições de treinamentos técnico e profissional. • Educação não formal: qualquer atividade organizada fora do sistema formal de educação, que opera separadamente, ou como parte de uma atividade mais ampla, que pretende contemplar clientes, previamente, identificados como aprendizes, com objetivos de aprendizagem. NOTA Conheça um pouco mais das ações educativas da 34ª Bienal de São Paulo, e baixe a publicação educativa a seguir: http://34.bienal.org.br/educacao. DICA 3 AÇÃO CULTURAL Acompanhou-se que as ações educativas potencializam a relação visitante e acervo, e estabelecem diferentes estratégias comunicacionais, conforme os públicos visitantes. A função das ações educativas é contribuir para a formação do gosto pela frequência e usufruto da cultura, aspecto fundamental dos processos de democratização de acesso, conforme revelado pela pesquisa Públicos da Cultura, realizada pelo SESC, em parceria com a Fundação Perseu Abramo. Nesse sentido, o público de ações culturais é diferente do público de ações educativas (IBRAM, 2015, p. 8). As instituições museológicas, para além das ações educativas, podem ofertar ações culturais, que dialogam com a missão institucional. Pode-se sinalizar duas tendências marcantes que definem o desenvolvimento de uma ação cultural, tomada pelas perspectivas de processo e prática intencional de mediaçãode objetos culturais. Uma primeira, de caráter, predominantemente, patrimonialista, e, a outra, de natureza participativa, que almeja buscar a transformação dos indivíduos e a desalienação dos contatos humanos. http://34.bienal.org.br/educacao 101 A ação cultural não se resume a um produto que o museu oferece aos usuários, como uma forma de promoção dele. Pode ser um instrumento de modificação, de cidadania, para o usuário se ver como participante do processo. É importante que ele se veja conectado e perceba que pertence a determinado ambiente. O propósito da ação cultural é oferecer oportunidades para engajar, criar, falar etc. NOTA Compreende-se a ação cultural como qualquer ação, no campo da cultura, capaz de interromper e desviar o fluxo cotidiano dos hábitos e valores dos agenciamentos e da indústria cultural, ao permitir que linhas de fuga criem novos territórios, novas possibilidades de viver, de sentir e de habitar melhor o mundo. A ação cultural se baseia, diretamente, na produção simbólica de um grupo, sendo necessário, então, inverter o processo de consumo, para a criação de novos conceitos, relações e materiais que não se limitem a, apenas, reproduzir, ou representar formas ou pensamentos, mas criar novas visões e possibilidades de existência (SCHMIDT, 2018). A Pinacoteca do Estado de São Paulo, por exemplo, oferta o seguinte: PROGRAMA DE INCLUSÃO SOCIOCULTURAL (PISC) O objetivo deste programa é promover o acesso qualificado aos bens culturais, presentes no museu, a grupos em situação de vulnerabilidade social, com pouco ou nenhum contato com instituições oficiais de cultura. O PISC desenvolve parcerias com organizações sociais e realiza visitas continuadas à Pinacoteca, orientadas por perfil e demanda de cada grupo, em consonância com os processos educativos da instituição de origem. São promovidos, também, cursos de formação e publicações para educadores sociais. Além disso, desenvolve a Ação Educativa Extramuros, com grupos de adultos em situação de rua, por meio de oficinas de gravura e criação de texto, combinadas com visitas continuadas ao museu. Esse projeto gerou publicações e exposições das obras produzidas pelos participantes. FONTE:<http://museu.pinacoteca.org.br/programas-desenvolvidos/>. Acesso em: 24 abr. 2021. NOTA http://museu.pinacoteca.org.br/programas-desenvolvidos/ 102 O PISC potencializa relações sociais do museu extramuros, com diálogos múltiplos, de forma participativa e efetiva, ratificada a importância dos museus como espaços potencializadores sociais. Sinalizada uma museologia social, uma prática museológica tem, como pressuposto, uma “museologia que desloca o foco do objeto para o homem, considerando-o como sujeito produtor de referências culturais, e engajada nos problemas sociais, de forma integral, das comunidades a que serve o museu” (TOLENTINO, 2016, p. 31-32). Uma das primeiras ocorrências do termo ação cultural, na bibliografia produzida no Brasil, aparece no livro de Paulo Freire, Ação Cultural para a Liberdade e Outros Escritos, coletânea de artigos publicados entre 1968 e 1974 (PUPO; VELOSO, 2020). NOTA 103 Neste tópico, você aprendeu: • Todos os museus oferecem oportunidades para aprendizagem e entretenimento, assim, a educação é uma das funções centrais deles. O gerenciamento eficaz das atividades educativas, em museus, pode aumentar e aprimorar essas oportunidades. • Os museus contemplam diferenciados visitantes, dos espontâneos até os grupos agendados previamente. Conhecer essa potencialidade é fundamental para o planejamento das ações educativas, pois se pode articular objeto, espaço e tempo. • O museu é um espaço de aprendizagem, no qual variadas formas de expressão e informação estão à disposição dos visitantes. A educação é uma das funções essenciais a todos os museus, sendo que, na atualidade, fala-se da educação não formal. Assim, ações culturais e educativas ganham espaço, almejada uma prática museológica mais social, sendo, o visitante, o sujeito produtor das próprias referências culturais. • Ao ser proposta uma exposição, os educadores precisam fazer parte de todos os processos que envolvem o projeto expográfico, com a garantia de qualificação técnica a essa exposição. Inserir esse grupo, após o processo concluído, não é salutar, pois limita as potencialidades de ações, já que todo o estudo foi finalizado. As ações culturais e educativas proporcionam a aprendizagem de conteúdos variados, com um papel importante na preservação da história e da memória da cultura de um povo, ou região, além de agentes de difusão e divulgação científicas. RESUMO DO TÓPICO 3 104 1 A função das ações educativas é contribuir para a formação do gosto pela frequência e usufruto da cultura, aspecto fundamental dos processos de democratização de acesso, conforme revelado pela pesquisa Públicos da Cultura, realizada pelo SESC, em parceria com a Fundação Perseu Abramo. Nesse sentido, o público de ações culturais é diferente do público de ações educativas. FONTE: IBRAM. Instituto Brasileiro de Museus. Governo do Estado de São Paulo. Conceitos-chave de educação em museus. Brasília: IBRAM, 2015. p. 8. Tendo como base a publicação Conceitos-chave de Educação em Museus (IBRAM, 2015), os públicos recebidos pelas áreas educativas podem ser divididos de forma genérica em algumas classes. Sobre o exposto, analise as sentenças a seguir: I- aqueles organizados em grupos (de origem escolar ou outros grupos sociais, geralmente, ligados a instituições de naturezas diversas) que, normalmente, apresentam uma uniformidade etária e/ou cognitiva, além de interesses educativos direcionados por responsáveis. II- aquele público espontâneo que diz respeito, somente e exclusivamente, aos estudantes, previamente, agendado. Visitam o museu autonomamente, por motivos e com interesses distintos. III- aquele, comumente, nomeado de público espontâneo, ou seja, sem uma organização institucional formal, como famílias, indivíduos, amigos etc., que visitam o museu autonomamente, por motivos e com interesses distintos. IV- aquele público individualizado. Os museus devem ofertar atendimento individualizado em caráter formativo, caso contrário, não contribui para a formação social. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças II e III estão corretas. b) ( ) As sentenças II e IV estão corretas. c) ( ) As sentenças I e III estão corretas. d) ( ) As sentenças II, III e IV estão corretas. 2 Em comemoração aos dez anos de aniversário do Museu Light da Energia, o Programa Educativo Cultural Light levará parte da programação e das atividades do espaço para outras áreas culturais da cidade, como o Museu Histórico Nacional e as Bibliotecas Parque. AUTOATIVIDADE 105 Os alunos de escolas municipais do Rio de Janeiro, Duque de Caxias, Nova Iguaçu e Belford Roxo terão transporte gratuito para visitar esses lugares. A responsável pelo programa, Estela Alves, conta que alunos e professores terão as oportunidades de conhecer e de desvendar os mistérios da energia elétrica de forma lúdica e divertida. FONTE: <https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2022-03/museu-light-da-energia-leva-acervo-para- outros-museus-do-rio>. Acesso em: 24 abr. 2021. Assim, o sistema educacional pode ser categorizado em: I- Educação formal: sistema de educação, hierarquicamente, estruturado, e, cronologicamente, graduado, da escola primária à universidade, incluídos os estudos acadêmicos e as variedades de programas especializados e de instituições de treinamentos técnico e profissional. II- Educação formal: sistema de educação, hierarquicamente, estruturado, e, cronologicamente, não graduado, da escola primária ao ensino médio, não incluídos os estudosacadêmicos e as variedades de programas especializados e de instituições de treinamentos técnico e profissional. III- Educação não formal: qualquer atividade organizada fora do sistema formal de educação, operada separadamente ou como parte de uma atividade mais ampla, que pretende contemplar clientes, previamente, identificados como aprendizes, e que possui objetivos de aprendizagem. IV- Educação informal: verdadeiro processo realizado ao longo da vida, em que cada indivíduo adquire atitudes, valores, procedimentos e conhecimentos da experiência cotidiana e das influências educativas do meio em que vive – na família, no trabalho, no lazer e nas diversas mídias de massa. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) II e III. b) ( ) I, II e III. c) ( ) I, III e IV. d) ( ) I, II, III e IV. 3 Os mediadores ocupam um papel central, dado que são eles que concretizam a comunicação da instituição com o público, e propiciam o diálogo com visitantes, a respeito de questões presentes no museu, dando novos significados. Assim, sobre um mediador, analise as sentenças a seguir: I- é aquele que realiza a mediação, ou seja, o profissional responsável por realizar um processo, composto por diferentes estratégias, por meio do qual se constroem significados no momento de encontro das partes. No caso do museu, há o encontro do público com os objetos. É um dos mecanismos mais interessantes e, atualmente, utilizados pelos educadores. 106 II- designa a ação de reconciliar, ou colocar em acordo, duas ou várias partes, isto é, no quadro museológico, o público do museu com aquilo que é dado a ver a ele. Sinônimo possível: intercessão. III- não é responsável por ampliar a relação entre o museu e os públicos dele, sendo mediador, apenas, do objeto do museu e do público visitante, pré-agendado. IV- deve ofertar um serviço de mediação, somente, para o público que visita uma exposição de longa duração. As demais exposições não devem ter monitores. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) As sentenças I e III estão corretas. c) ( ) As sentenças III e IV estão corretas. d) ( ) As sentenças II, III e IV estão corretas. 4 Para os amantes das plantas, Inhotim preparou, em fevereiro, uma programação muito especial, em que as espécies do Cerrado são as grandes estrelas. A programação do Inhotim traz visitas mediadas pelas equipes do Jardim Botânico e do Educativo, para o público conhecer a biodiversidade do Cerrado nos bastidores do Viveiro Educador. FONTE: <http://www.turismo-sa.com/internacional/6440/programacao-do-inhotim-traz-passeio-nos-basti- dores-do-viveiro>. Acesso em: 24 abr. 2022. Para planejar uma ação educativa, deve-se refletir a respeito de que pontos para a viabilização? Justifique. 5 Cabe, aqui, ser feita a diferenciação dos públicos frequentadores dos museus e dos espaços culturais. Ao se utilizar a palavra público, no singular, é como se se homogeneíza um grupo de indivíduos que, não necessariamente, pertencem a um mesmo grupo. Nesse caso, é mais adequado se falar em termos de públicos, ou seja, que existem diferentes tipos de públicos que se tornam um grupo, apenas, possuem características que os agrupem de alguma maneira, como público familiar, escolar, dentre tantos outros. Assim, caracterize, brevemente, os tipos de públicos presentes no museu e a importância de compreendê-los. http://www.turismo-sa.com/internacional/6440/programacao-do-inhotim-traz-passeio-nos-bastidores-do-viveiro http://www.turismo-sa.com/internacional/6440/programacao-do-inhotim-traz-passeio-nos-bastidores-do-viveiro 107 TÓPICO 4 — ACESSIBILIDADE EM MUSEUS UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO “O termo acessibilidade é abrangente e não está, apenas, ligado a fatores físico- espaciais, como distância, deslocamento, conforto etc., mas, também, envolve aspectos políticos, sociais e culturais” (CARDOSO; SILVA, 2012, p. 247). A atual lei brasileira, que trata da inclusão de pessoas com deficiência, é resultado de um processo de décadas, cuja síntese proporcionou mudanças conceituais, a partir de respostas de conferências internacionais e do longo processo de conceituação de cidadania no país (CORREA; MICHELON, 2013). A acessibilidade está relacionada à prática da inclusão, que se refere à possibilidade de as pessoas participarem da sociedade de forma igualitária e sem discriminação (CARDOSO; SILVA, 2012), ou seja, pensar na acessibilidade, de forma universal, é promover o acesso, livre de barreiras, a todas as pessoas. Nas instituições culturais, é a garantia dos direitos de todos de adquirirem, perceberem, usufruírem e participarem do respeito e da dignidade, proporcionados sem barreiras físicas, de comunicação, de informação e de atitude (ALMEIDA; MONT’ALVÃO, 2020). “A visão é o sentido mais explorado nas exposições, e esse fato contribui para a formação de uma barreira de comunicação com o visitante que impede a interatividade, uma das principais demandas das pessoas em relação aos museus” (SARRAF, 2008, p. 28). Deve- se ter em mente que as adequações, para a prática da acessibilidade, geraram benefícios, não somente, às pessoas com deficiência, mas para toda a comunidade (ALMEIDA; MONT’ALVÃO, 2020). Por exemplo, ao serem substituídos, os degraus, por rampas, em ambientes com desnível, o espaço se torna acessível, não somente, a pessoas em cadeiras de rodas, mas, também, facilita a locomoção de pessoas idosas, ou com mobilidade reduzida; adultos com carrinhos de bebê; e até carrinhos de transporte de materiais (SARRAF, 2018). Para Santos (2009), são seis parâmetros que caracterizam um meio físico acessível, a saber: (I) Respeitador – respeitar a diversidade dos usuários, facilitando o acesso; (II) Seguro – ser isento de riscos; (III) Saudável – não deve ser um risco à saúde; (IV) Funcional – deve ser projetado e concebido para atingir objetivos, sem problemas funcionais; (V) Compreensível – orientar, sem dificuldade, e ter acesso às informações; a disposição dos espaços deve ser coerente e funcional; (VI) Estético – o resultado necessita ser, esteticamente, agradável. Acatados esses indicadores, é possível haver um acesso sem restrições, e respeitador da diversidade humana. Acadêmico, por fim, no Tópico 4, abordaremos a acessibilidade, direcionada para os contextos dos museus e das exposições. Indagaremos e sinalizaremos alguns assuntos que possam fazer parte do projeto e servir de base para desdobramentos futuros, sem esgotar o assunto. 108 No ano de 2000, foram promulgadas duas Leis específicas, nº 10.048 e nº 10.098, que tratam da acessibilidade espacial para pessoas com deficiência, a fim de eliminar barreiras arquitetônicas e de atitude que impeçam, reduzam ou retardem a inclusão social (CARDOSO; SILVA, 2012). NOTA A publicação Acessibilidade Museu, do IBRAM, aborda o tema, e contribui para a adaptação das práticas, das instituições e dos espaços existentes, a fim de torná-los acessíveis para toda a população, com destaque para pessoas com deficiência: https:// www.museus.gov.br/wp-content/uploads/2013/07/acessibilidade_a_ museu_miolo.pdf. DICA 2 ACESSIBILIDADE NA EXPOSIÇÃO De acordo com o Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004, as edificações são classificadas como de usos privado, coletivo e público. O Decreto estabelece a Lei nº 10.048, de 8 de novembro de 2000, que prioriza a prestação de serviços a determinados grupos de pessoas, e a Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida (SILVA, 2015). Nas edificações de usos público e coletivo, todas as entradas devem ser acessíveis, assim como as rotas de interligaçãoentre as principais funções do edifício. Esse edifício deve conter, pelo menos, um percurso acessível, que liga o exterior com o interior do piso. Um projeto de acessibilidade “ideal” seria parte da concepção de projetos e atividades propostos em um espaço, e não um aparato pensado nos últimos instantes, apenas, para que o espaço, ou atividades, seja considerado “acessível”. Vale ressaltar que o ideal, em projetos de acessibilidade, é a combinação de aspectos objetivos da acessibilidade física e de subjetivos da cultural (SILVA, 2015). NOTA https://www.museus.gov.br/wp-content/uploads/2013/07/acessibilidade_a_museu_miolo.pdf https://www.museus.gov.br/wp-content/uploads/2013/07/acessibilidade_a_museu_miolo.pdf https://www.museus.gov.br/wp-content/uploads/2013/07/acessibilidade_a_museu_miolo.pdf 109 Segundo a Norma Brasileira de Acessibilidade, número 9050, da Associação Brasileira de Normas Técnicas, a acessibilidade é a possibilidade e a condição de alcance, percepção e entendimento para a utilização, com segurança e autonomia, de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos (SILVA, 2015). De acordo com a Instrução Normativa, no subitem 1.2, a rota acessível é a “[...] interligação, ou percurso contínuo e sistêmico, entre os elementos que compõem a acessibilidade, compreendendo os espaços internos e externos às edificações [...]”. Por isso, deve- se ficar atento à estética das exposições itinerantes e aos acervos permanentes, para que não haja interferência no trajeto dos sujeitos cegos, ou com baixa visão, durante a visitação (SILVA, 2015, p. 97). Embora a legislação garanta pautas representativas, conforme apresentado, ainda, pode-se indagar o que caracteriza um espaço acessível. Dischinger e Bins Ely (2005) definem espaço acessível como aquele de fácil compreensão, que permite, ao usuário, comunicar-se, ir e vir e participar de todas as atividades que o local proporcione, sempre com autonomia, segurança e conforto, independentemente de habilidades e restrições (CARDOSO, 2012, p. 39). Sabe-se que a acessibilidade está relacionada à prática de inclusão, que se refere à possibilidade de participação das pessoas na sociedade, em condições de igualdade e sem discriminação. Para tanto, é necessário garantir total acesso aos mais variados locais e atividades, além de serem eliminadas as diversas barreiras existentes que comprometem a participação de todos (CARDOSO, 2012). Para que isso ocorra, algumas adequações podem ser planejadas. As adequações físicas – como rampas, elevadores, pavimentos sem degraus, passagens e portas mais largas, altura de balcões mais baixa e sanitários maiores – beneficiam famílias com bebês e crianças pequenas, além de pessoas com dificuldade temporária de locomoção, e proporcionam um percurso ergonômico a todos os indivíduos (SARRAF, 2017, p. 2). Deve-se levar em consideração que as adequações físicas englobam todo o processo de ir ao local que sedia uma exposição. Paralelamente a isso, a eliminação de barreiras, “pelas formas de relacionamento com o público, contribui para um ambiente mais acolhedor e convidativo para todos os visitantes, independentemente de diferenças sociais e preferências individuais” (SARRAF, 2017, p. 2). Ainda, necessita-se rever os processos comunicacionais, além de adequá-los. Com legendas em português, em filmes e vídeos; audiodescrição; materiais de mediação multissensoriais; e guias de visitação auditivos e multimídia, melhoram-se as visitas de crianças em fase de alfabetização; de imigrantes que, ainda, não são fluentes na língua portuguesa; e de pessoas que possuem diferentes formas de conhecer o patrimônio cultural (SARRAF, 2017, p. 2). 110 O acesso às coleções, pelas principais ações de extroversão dos espaços culturais, conforme já sinalizado, dá-se pelas exposições. A fim de se removerem as barreiras de acesso ao conteúdo, é necessário “o uso de tecnologias assistivas, criatividade, recursos de comunicação multissensoriais e abordagens que considerem as diferenças dos indivíduos (pessoas com perdas sensoriais, transtornos de desenvolvimento, sofrimento psíquico, dificuldades de aprendizado e convívio)” (SARRAF, 2017, p. 2). Levando em consideração a complexidade de formas de comunicação, locomoção, aprendizagem, preferências e identidades desses indivíduos que configuram os novos públicos dos espaços culturais, podemos afirmar que a participação, em propostas de preservação e comunicação, com base nas coleções de museus, e a garantia de participação na construção do patrimônio cultural, são novos desafios para as organizações e para os profissionais delas (SARRAF, 2017, p. 2). Vale salientar que um espaço expositivo pode ser apresentado como acolhedor e inclusivo. Permite, por exemplo, ao visitante com deficiência visual, explorar os outros sentidos dele e ter uma experiência própria, mas, também, pode ser um espaço excludente, com uma série de barreiras e obstáculos que se interpõem no caminho do sujeito (ALMEIDA; MONT’ALVÃO, 2020). Para que os princípios da acessibilidade e da inclusão social, das pessoas com deficiência, sejam viabilizados nos espaços culturais, além do cumprimento dos parâmetros expressos na legislação e nas normas nacionais e internacionais, é necessário desenvolver estratégias para a renovação de parâmetros em: Linguagem expositiva: formas de representação inclusivas e sensoriais. Informação: conteúdos diretos e claros, que possam ser percebidos de forma multimodal. Mediação e comunicação: formas alternativas de transmissão e compartilhamento de conceitos e conteúdos, que incentivem maneiras diferentes de fruição e comunicação. Recepção de visitantes: eliminação de preconceitos e barreiras atitudinais para proporcionar o acolhimento (SARRAF, 2012, p. 63 -64). A comunicação sensorial contribui com o potencial de acessibilidade dos espaços culturais, pois beneficia todos os públicos que os frequentam, por estabelecer elos de pertencimento não intelectualizados, que permitem a comunicação produzida e percebida pelo corpo, sem pressupostos de conhecimentos formais prévios. Espaços que respeitem a diversidade, que proporcionem acolhimento, que ofereçam recursos para facilitar a permanência dos visitantes nas dependências, e que entreguem maneiras facilitadas de acessar informação e conteúdos se tornam mais atrativos para todos os frequentadores (CARDOSO, 2012). NOTA 111 A Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CDPD), estabelecida em 2006, e promulgada como Decreto, no Brasil, em 2009, ressalta que a deficiência resulta da interação entre pessoas com deficiência e barreiras comportamentais e ambientais que impedem a participação plena e eficaz na sociedade, e de forma igualitária (BRASIL, 2009). Desse modo, a incapacidade não é atribuída à pessoa. Evidencia-se, assim, a responsabilidade coletiva para o respeito aos direitos humanos, para a construção de uma sociedade mais igualitária e para o questionamento de estigmas e preconceitos que podem impedir a promoção da inclusão social (SANTOS, 2011). De acordo com a Cartilha do Censo 2010 – Pessoas com Deficiência, divulgada em 2012, o Brasil apresentava, até então, mais de 45 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, o que corresponde a 23,9% da população total. Dentre as deficiências levantadas, a deficiência visual apresentou a maior ocorrência, a qual afeta 18,6% da população (SDH-PR; SNPD, 2012) (ALMEIDA; MONT’ALVÃO, 2020, p. 3). NOTA Segundo Cury (2005), a experiência pode ser entendida como o resultado de processos de interpretação e de comunicação, ocorridos no espaço, e pode se apresentar em diferentes níveis: entre indivíduo e objeto, entre indivíduo e ambiente construído, entre indivíduoe espaço vivenciado e entre os diferentes indivíduos presentes nesse espaço. A percepção ambiental que os visitantes têm de uma exposição é definida, dentre outros fatores, pela organização interna do espaço expositivo (COSTA, 2014). O ato de ocupação do espaço e do tempo de visita, e a forma como o visitante interage com os recursos expográficos – textos, legendas, mobiliário, cenografia, recursos audiovisuais – são fundamentais para a construção da experiência museal. O visitante se apropria do espaço, e cria, assim, uma trajetória própria, mesmo que o percurso seja predefinido. Apropria-se, também, do tempo, que se manifesta a partir do próprio ritmo dele (ALMEIDA; MONT’ALVÃO, 2020, p. 5-6). Para Almeida e Mont’alvão (2020), a organização do ambiente museológico e do percurso expositivo afetam a forma como o visitante vivencia o museu. Para os autores, a criação de um espaço seguro e receptivo é importante para estabelecer o processo cognitivo, responsável pela interpretação e pela compreensão das informações veiculadas pela exposição, o que influencia, assim, a experiência do visitante. Nessa apropriação de tempo e de espaço, o corpo é o ponto de partida para a percepção sensorial do ambiente (CURY, 2005). Na atualidade, já há a participação de pessoas com deficiência em propostas de curadorias acessíveis, ainda, de forma pontual, o que gera a mudança das linguagens e dos modelos tradicionais de produção, a fim de possibilitar o diálogo e o conhecimento de necessidades e de anseios desses indivíduos, por meio do protagonismo e da criação de novos projetos. 112 Deficiência Visual Segundo o Censo de 2010, a deficiência visual é a principal deficiência dos brasileiros, porém, há muitos mitos relacionados a ela, assim, é importante explanar, neste documento, o que não é verídico. Um deles diz respeito à deficiência visual ser caracterizada, apenas, pelas pessoas cegas. É preciso ter em mente que existem diversos tipos de deficiência visual, divididas em dois tipos: cegueira e baixa visão. Ambas podem ser congênitas (a pessoa já nasce com a deficiência) ou adquiridas (SALASAR, 2019). NOTA Deve-se prever as possibilidades de acessos físico, sensorial e intelectual, além de planejar um mobiliário de conforto para os visitantes, de todas as idades e condições físicas. Por exemplo: verificar se são presentes rampas de acesso, ou elevadores; se existe espaço apropriado e suficiente para a circulação do público visitante geral; se há cadeirantes e carrinhos de crianças, sem obstáculos. Recomenda-se que a altura da exposição fique entre 90 cm e 160 cm do piso. NOTA Barreiras sensoriais As barreiras sensoriais dizem respeito às questões comunicacionais, isto é, ao acesso à informação, que deve se iniciar desde a entrada no museu, com orientações e indicações de espaços existentes (guichês, balcões de informações, banheiros, lojas, restaurantes, bibliotecas, espaços administrativos e expositivos). Quanto aos aspectos das comunicações escrita, visual e audiovisual das exposições, etiquetas, textos, vídeos, fotografias, multimídia e audioguias devem ser levados em consideração. Ainda, diferenças de altura e de compreensões visual e intelectual dos visitantes, este último, um aspecto muito importante, pois consiste em determinar o nível de percepção, de compreensão de obras e de objetos expostos (TOJAL et al., 2010). NOTA 113 O Sistema Braille é um recurso utilizado por sujeitos com deficiência visual. Esse sistema de leitura e de escrita tátil é baseado na combinação de seis pontos em relevo, dispostos em duas colunas verticais e paralelas de três pontos cada uma. A partir dessas combinações, pode-se fazer combinações diferentes, as quais ajudam essas pessoas ad ominarem a leitura e a escrita (SILVA, 2015). NOTA 114 LEITURA COMPLEMENTAR A EVOLUÇÃO DA TERMINOLOGIA Desirée Nobre Salasar A forma com que a sociedade ocidental enxerga as pessoas com deficiência vêm se modificando muito ao longo do tempo. No Brasil, até o início do século XX, as pessoas com deficiência eram chamadas de inválidos, e deveriam permanecer trancafiadas em instituições totais1, nas quais não era permitida a saída delas. As famílias tinham vergonha dessas pessoas e as privavam do convívio social. No período entre as grandes guerras, muitos soldados voltaram às pátrias com deficiências adquiridas em batalhas. Em decorrência desse fato, no período, passaram a ser chamados de incapacitados, pois já não poderiam mais exercer as mesmas atividades realizadas anteriormente. A partir da década de 60, com o surgimento das Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE’s), tem-se o uso desse termo muito disseminado, e, com ele, uma visão assistencialista das deficiências, que, ainda, pode ser vista nos dias de hoje. Esse assistencialismo decorre do entendimento das pessoas com deficiência como seres especiais, e que, portanto, devem ser protegidas de todo o mal. Atualmente, entende-se que essa superproteção acaba por influenciar, negativamente, nos modos como a pessoa com deficiência deve ser estimulada e ter autonomia e independência na vida. Com o crescimento dos movimentos sociais, a partir dos anos 80, e a partir do engajamento das pessoas com deficiência pela luta dos próprios direitos, a Organização das Nações Unidas (ONU) proclamou o Ano Internacional das Pessoas Deficientes, em 1981. O objetivo era chamar atenção para a participação plena e igualitária da pessoa com deficiência na sociedade. Então, nesse contexto, pela primeira vez, usou-se a palavra “pessoa” em frente à deficiência. É a partir desse momento da história que essa parcela da população ganha visibilidade frente à existência dela e aos direitos de igualdade de oportunidade, incluindo a reabilitação e a prevenção às deficiências adquiridas. Entretanto, nas décadas seguintes, surgem as nomenclaturas “portador de deficiência” e “portador de necessidades especiais”. Esses termos apresentam a deficiência enquanto algo que se “porta” e que pode ser, facilmente, descartado, ou que é algo temporário. Sustentam o estigma de que as pessoas carregam uma marca, que é a deficiência, e acentuam a “necessidade” de estarem segregadas, ou excluídas, pois, nessa perspectiva, são dependentes e não têm potencial para ter autonomia nas próprias escolhas de vida. 115 O termo “necessidades especiais” advém das práticas educativas, nas quais as pessoas com deficiência, em determinadas situações, precisam de auxílios diferentes dos utilizados por outras crianças sem deficiência, para o aprendizado, ou seja, sempre, precisarão de outra pessoa para realizar as tarefas delas. Contudo, é preciso refletir a respeito do termo, afinal, todos nós aprendemos de uma forma diferente e temos as nossas particularidades. Seguindo essa linha, então, todos teríamos necessidades especiais? A partir de reflexões e do entendimento de que a deficiência é uma característica do ser humano, e não uma condição portada, cunhou-se o termo “Pessoa com deficiência”. Esse termo, ao colocar a palavra “pessoa” em primeiro lugar, demonstra que ela possui autonomia para fazer as próprias escolhas e que a deficiência é, apenas, uma característica, e não aquilo que a define. Ao se usar a terminologia correta, vai-se além do “politicamente correto”, demonstra-se respeito pelo outro e pelas lutas dele. Ainda, enxerga-se, no outro, uma pessoa que tem potencial, e não “um olho gigante que não enxerga”, por exemplo. Portanto, não se deve utilizar termos, como: “portador de deficiência”, “portador de necessidades especiais”, “excepcionais”, dentre outros similares. Atualmente, a deficiência é considerada, apenas, mais uma das características da pessoa, e não deve ser vista como um “fardo”. Assim, o termo correto a se utilizar é pessoa com deficiência. PROGRAMADE ACESSIBILIDADE EM MUSEUS De acordo com a Lei 11904/2009 (Estatuto dos Museus) e o Decreto 8124/2013, que regulamenta a lei, no Parágrafo Único do Art. 23, menciona-se o seguinte: “os projetos e ações relativos à acessibilidade universal, nos museus, deverão ser explicitados em todos os programas integrantes do inciso IV do caput, ou em programa específico, resultado de agrupamento ou desmembramento”. Segundo o decreto, todos os museus devem realizar o planejamento anual e dispor do Plano Museológico, que pressupõe o tratamento dos recursos para implantar e manter a acessibilidade universal. Os programas de acessibilidade se inserem nesse contexto. Deve constar, no Plano Museológico, um documento que apresenta as metas e os recursos de tecnologia assistiva que o museu se propõe a implementar. Também, deve conter a visão frente à inclusão e à acessibilidade, com uma característica, como um museu acessível ou inclusivo. Entende-se que museu acessível é aquele que possui alguns recursos de tecnologia assistiva, que estão disponíveis, apenas, para pessoas com deficiência. Já o museu inclusivo é aquele que possui e disponibiliza tecnologia assistiva para todos os visitantes, sem distinção de ser, ou não, pessoa com deficiência. 116 Recomenda-se que esse documento seja elaborado por um profissional da área de acessibilidade, com o apoio da equipe interdisciplinar do museu. O programa de acessibilidade é o documento que respalda o museu no que tange a questões de inclusão cultural da pessoa com deficiência nesses ambientes. Esse documento deve conter aspectos relacionados às dimensões de acessibilidade, passíveis de implantação nos museus, conforme se discute nos próximos tópicos. Os museus, em consonância com o artigo 44, da Lei Brasileira de Inclusão; a NBR9050 (Norma de Acessibilidade); a NBR 9077 (Norma de Saídas de Emergência em Edifícios); e a Convenção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, na qual o Brasil é signatário, necessitam se comprometer a tomar medidas que garantam a acessibilidade e a total fruição dos espaços, garantindo, também, a segurança das pessoas com deficiência. A Lei Brasileira de Inclusão (LBI), que dispõe sobre a necessidade de rotas de fugas e saídas de emergência acessíveis, no parágrafo 4º, aborda, mais especificadamente, as questões referentes às situações de risco e de emergências em ambientes culturais públicos. Considerando que são responsáveis pelos visitantes, os museus devem estar aptos a realizar procedimentos de evacuação das pessoas com deficiência em uma situação de emergência. Os procedimentos a serem seguidos são definidos pelo Plano de Evacuação de Emergência para Pessoas com Deficiência, o qual deve ser elaborado, em conformidade com o Plano de Evacuação de Emergência do museu. Por conta das questões mais específicas de deficiência, a participação de um profissional da acessibilidade é fundamental para a elaboração desses documentos. É importante ressaltar que, depois de elaborado e aprovado, esse documento deve ficar à disposição da equipe do museu, para consultas e atualizações. Essa equipe deve ser, continuamente, treinada, para que não existam dúvidas frente a procedimentos de evacuação de emergência de pessoas com deficiência e/ou mobilidade reduzida. Também, é de suma importância o treinamento da equipe para o reconhecimento dos percursos de evacuação, mesmo sem iluminação no ambiente. No Plano de Evacuação de Emergência, deve constar, claramente, quem, na equipe, é responsável pela evacuação dessas pessoas. Para executar esses procedimentos com eficiência e segurança, a equipe do museu deve ser dividida em dois grupos: - Equipe de evacuação: são aqueles que estão aptos a indicar as saídas e a auxiliar na evacuação dos visitantes. - Equipe de contenção: são aqueles que estão fora do prédio e dão suporte para as pessoas com deficiência no Ponto de Encontro. 117 Cabe ressaltar que as pessoas a formarem cada grupo devem ser sensíveis e atentas às reações e limitações (como pânico, medo etc.) das pessoas com deficiência que estão sendo evacuadas em uma situação de emergência. Dentro dos Planos, é preciso prever a continuidade da formação desses profissionais e, de tempos em tempos, realizar treinamentos dos procedimentos com a equipe, com atenção à rotatividade desta. Por fim, é importante verificar, ao menos uma vez ao ano, as condições do edifício e a eficácia dos procedimentos de emergência. Recomendações para a evacuação de pessoas com deficiência É importante que a equipe do museu conheça o número de pessoas com deficiência que estejam no prédio no momento de uma situação de emergência, e que saibam quais são os procedimentos específicos de evacuação que essas pessoas podem necessitar. Dessa forma, as características de cada deficiência, também, devem ser de conhecimento da equipe responsável pela evacuação, uma vez que diferentes deficiências apresentam características diversas para procedimentos. Deve-se ter o cuidado de não priorizar um grupo, o qual tem mais autonomia de deslocamento, para não dificultar a evacuação daqueles que não têm. O elevador, por norma, quando há um alarme de incêndio, vai, automaticamente, para o térreo, e fica desabilitado. Entretanto, caso o responsável pela segurança tenha CERTEZA de que o incêndio não traz risco próximo ao elevador, não afeta o percurso e que este facilita a evacuação de pessoas com deficiência, pode utilizar a chave de segurança e habilitar o uso. Entretanto, cabe ressaltar que o elevador só pode ser utilizado em emergências que estejam distantes dele e que não ofereçam riscos aos visitantes. Ainda, é válido destacar que é preciso, sempre, manter a calma, além de tentar transmiti-la aos visitantes. A pessoa com deficiência, ou com algum tipo de limitação, nunca, deve ser deixada sozinha, a não ser que seja da vontade dela, e que tenha total autonomia para a evacuação, sem precisar do auxílio de outra pessoa. Por fim, ressalta-se, como fundamental, que o Plano de Evacuação de Emergência para Pessoas com Deficiência esteja, perfeitamente, integrado aos Planos de Emergência dos museus e ao Plano Museológico. FONTE: SALASAR, D. N. Um museu para todos: manual para programa de acessibilidade. Pelotas: Ed. da UFPel, 2019. p. 16-21. 118 Neste tópico, você aprendeu: • O conceito de acessibilidade é descrito, na legislação brasileira, como a condição para a utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por uma pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida (BRASIL, Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004). • A acessibilidade está relacionada à prática de inclusão, que se refere à possibilidade de as pessoas participarem da sociedade, de forma igualitária e sem discriminação. A acessibilidade pode ser definida como uma possibilidade e uma condição de alcance, de percepção e de entendimento para as pessoas utilizarem, com segurança e autonomia, edificações, espaços, mobiliários e equipamentos urbanos. Nesse sentido, a inclusão é fundamental para o desenvolvimento da autonomia das pessoas com deficiência na sociedade. • Alguns museus já estão fazendo pequenas intervenções físicas, ou implementando medidas para tornar os próprios acervos acessíveis a todos. Apesar de muitos esforços, as ações, ainda, são muito tímidas, a fim de ser criada, efetivamente, uma relação emocional entre os visitantes com deficiência e o museu, ou patrimônio. • Todas as medidas de inclusão devem ser, cuidadosamente, planejadas, pois o uso de etiquetas, com mensagens em Braille, não tem efeito se as escadas não têm corrimão, ouo ambiente não tem sinalização tátil, e vice-versa. Portanto, a melhor forma de entender uma deficiência é se colocar no lugar do usuário, além de ganhar uma experiência pessoal e única. RESUMO DO TÓPICO 4 119 1 Os espaços museológicos são, em geral, projetados e concebidos de forma padronizada, e não levam em consideração as variações físicas, intelectuais e outras eventuais diferenças existentes entre os indivíduos, como idade, altura, nível cognitivo, incluindo os diversos graus de comprometimento da mobilidade física, que afetam as pessoas em um ou outro momento da vida. Os inúmeros obstáculos presentes em um espaço público prejudicam a circulação, a utilização dos serviços disponibilizados, o conforto, o bem-estar e a fruição do espaço por parte do público, com comprometimentos da mobilidade física, sejam temporários ou permanentes (TOJAL et al., 2010). Assim, tendo, como base, a publicação Caderno de Acessibilidades: Reflexões e Experiência em Exposições e Museus (TOJAL et al., 2010), analise as afirmativas a seguir: I- As barreiras sensoriais dizem respeito às questões comunicacionais, isto é, ao acesso à informação, que deve se iniciar desde a entrada no museu, com orientações e indicações dos espaços existentes (guichês, balcões de informações, banheiros, lojas, restaurantes, bibliotecas, espaços administrativos e expositivos). II- As barreiras atitudinais estão, intrinsecamente, relacionadas às questões de inclusão das pessoas com deficiência na sociedade, e, consequentemente, à necessidade de conscientização dos indivíduos quanto à obtenção de conhecimento e convívio com as diferenças físicas e sensoriais dos seres humanos. III- As diversas áreas e equipes de trabalho devem ter uma postura inclusiva ao desenvolver projetos e atividades, dentro de especificidades, sendo que essa postura permite a flexibilidade de projetos interdisciplinares, e, como consequência, a otimização e a dinamização de ações, o que favorece os profissionais envolvidos e a instituição como um todo. IV- A maioria das exposições emprega textos com linguagem especializada e complexa, partindo do princípio de que todos os visitantes têm condições de lê-los e de compreendê-los. Uma exposição de caráter inclusivo deve, no entanto, oferecer o mesmo conteúdo, mas adaptado aos diferentes níveis de compreensão e de leitura. No caso de pessoas com deficiências sensoriais (auditivas ou visuais), adaptam- se, os textos, para a escrita Braille, e se adicionam legendas, ou “janelas de Libras”, inseridas na projeção de vídeos. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Somente a afirmativa II está correta. b) ( ) Somente a afirmativa I está correta. c) ( ) As afirmativas I, II, III e IV estão corretas. d) ( ) Somente a afirmativa IV está correta. AUTOATIVIDADE 120 2 Acessibilidade em Museus e Centros de Ciência O desenvolvimento de ações de acessibilidade, para pessoas com deficiência e novos públicos, em espaços culturais, incluindo os museus e os centros de divulgação científica, é uma demanda que vem se tornando cada vez mais presente nas áreas de cultura e preservação do patrimônio (SARRAF, 2017). Sobre as ações a seguir podem beneficiar pessoas com deficiência, crianças, idosos e demais visitantes em espaços culturais, analise as sentenças a seguir: I- As adequações físicas – como rampas, elevadores, pavimentos sem degraus, passagens e portas mais largas, altura de balcões mais baixa e sanitários maiores – beneficiam famílias com bebês e crianças pequenas, além de pessoas com dificuldade temporária de locomoção. Ainda, proporcionam um percurso ergonômico a todos os indivíduos. II- As adequações de comunicação – como legendas em português, em filmes e vídeos; audiodescrição; materiais de mediação multissensoriais; e guias de visitação auditivos e multimídia – melhoram as visitas de crianças em fase de alfabetização; de imigrantes que, ainda, não são fluentes na língua portuguesa; e de pessoas que possuem diferentes formas de conhecer o patrimônio cultural. III- A eliminação de barreiras de atitude, nas formas de relacionamento com o público, contribui para um ambiente mais acolhedor e convidativo para todos os visitantes, independentemente de diferenças sociais e preferências individuais. IV- Somente as adequações física e comunicacional devem ser desenvolvidas na exposição. As demais, somente, quando demandadas pela sociedade civil. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I, II, IV estão corretas. b) ( ) As sentenças II e III estão corretas. c) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas. d) ( ) As sentenças II, III e IV estão corretas. 3 Os museus e as instituições culturais, desde a segunda meta de do século XX, movem esforços para afirmar um caráter de agentes de desenvolvimento social, e negam uma ligação origi nal com as elites e com o poder, por meio do trabalho centrado no indivíduo e nas comunidades. As pessoas com deficiência, que, durante séculos, foram excluídas do convívio em socieda de, hoje, representam uma população, social e economicamen te, ativa, a qual vem conquistando espaço na mídia, no ambiente acadêmico, no poder público e nas manifestações culturais, contribuindo para novas formas de concepção de produtos e serviços, que privilegiem a diferença, a ergonomia, a melhoria da qualidade de vida e a acessibilidade (SARRAF, 2012). Assim, com relação à acessibilidade, analise as afirmativas a seguir: 121 I- O Movimento de Inclusão Social, liderado por pessoas com defi ciência, em várias partes do mundo, desde a década de 1980, vem sendo considerado um dos mais ativos e militan tes por autores e jornalistas da área de Ciências Políticas. II- As pessoas com defi ciência e com mobilidade reduzida, como a população da terceira idade, representam, hoje, um público potencial para os espaços culturais. III- A acessibilidade é uma forma de concepção de ambientes que considera a presença de todos os indivíduos, independentemente de limitações físicas e sensoriais, desenvolvida a partir dos conceitos do Movimento de Inclusão Social. Os benefícios da acessibilidade possibilitam a melhoria da qualidade de vida das populações com e sem defi ciência, liberda de de escolha e abertura de horizontes pessoais, profi ssionais e acadêmicos. IV- Segundo a Norma Brasileira de Acessibilidade, ABNT NBR 9050, da Associação Brasileira de Normas Técnicas, a acessibi lidade é a possibilidade e a condição de alcance, percepção e entendimento, para a utilização, com segurança e autonomia, de edifi cações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e ele mentos. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Somente a afi rmativa I está correta. b) ( ) Somente a afi rmativa III está correta. c) ( ) As sentenças I, II, III e IV estão corretas. d) ( ) Somente a afi rmativa IV está correta. 4 CCBB Rio comemora o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Defi ciência Neste domingo (19), às 14h, o Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro (CCBB Rio) comemora o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Defi ciência. A atividade integra o projeto Patrimônio e Memória, do Programa CCBB Educativo Arte & Educação. A Coordenadora Pedagógica Nacional do CCBB, Valquíria Prates, disse, à Agência Brasil, que, desde que o programa foi criado, há três anos, os educadores se dedicam a pensar, ao longo de todo o ano, na acessibilidade e na inclusão em todas as atividades. FONTE: <https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2021-09/ccbb-rio-comemora-o-dia-na- cional-de-luta-da-pessoa-com-defi ciencia>. Acesso em: 24 abr. 2021. Discorra a respeito da acessibilidade no contexto museológico e sinalize os possíveis caminhos para a validação dela na rotina de trabalho.5 A criação de projetos e de propostas, com curadoria acessível, é uma alternativa inovadora e com resultados de amplo alcance, a qual tem se mostrado exitosa no desenvolvimento de ações de acessibilidade cultural nas instituições e com os produtores culturais. Assim, comente a respeito da inserção de propostas curatoriais acessíveis e como isso potencializa a entrada e a efetivação de novos públicos para as exposições. 122 123 ALAMBERT, C. C.; MONTEIRO, M. G. Exposições: materiais e técnicas de montagem. São Paulo: Secretaria de Estado de Cultura, 1990. ALMEIDA, E.; MONT’ALVÃO, C. Acessibilidade em museus para pessoas com deficiência visual: a influência do ambiente construído na experiência de visita. São Paulo: Blucher Design Proceedings, 2020. BARBOSA, F. L. Manual de montaje de exposiciones. 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TÓPICO 1 – PROJETO EXPOGRÁFICO TÓPICO 2 – SEGURANÇA EM MUSEUS TÓPICO 3 – INAUGURAÇÃO DE EXPOSIÇÃO E CONTINUIDADE Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 128 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 3! Acesse o QR Code abaixo: 129 TÓPICO 1 — PROJETO EXPOGRÁFICO UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO A montagem de exposições, sejam históricas, artísticas, científicas, mistas de curta ou longa duração, é uma das etapas mais gratificantes e enriquecedoras do trabalho e do estudo desenvolvidos. Muitas vezes, é um trabalho longo e que exige paciência, em prol do bem cultural musealizado, o que potencializa a socialização dele. Como visto nas Unidades 1 e 2, uma exposição é um processo longo que, de forma genérica, poderia ser definido como um conjunto de objetos e ideais, relacionados entre si, para exibição pública, com finalidades determinadas. As exposições proporcionam a socialização de conhecimento, crenças e bens culturais. Montar uma exposição demanda colocar em prática todo o trabalho desenvolvido previamente, ou seja, o projeto. O objetivo da montagem é a relação sujeito e objeto, mas, antes de realizá-la, a exposição já deve ter passado por diferentes etapas, pelas quais diferentes profissionais interferiram, como durante a pesquisa, os recortes históricos, as propostas de narrativas, as formas de apresentação etc. Portanto, já foram investidos dinheiro, tempo, pesquisa, projeto, metas e montagem, que materializa esse esforço, que ganha forma para cumprir os fins traçados no projeto expositivo. Esse planejamento é importante para que as equipes não se frustrem na penúltima etapa, na montagem, já que, posteriormente, ocorre a desmontagem, última ação do processo de produção de uma exposição, processo que pode ser mais ou menos complexo, a depender das características e das tipologias a serem apresentadas. No momento da montagem, outros sujeitos contribuem para a interferência no espaço que recebe a exposição. Levam em consideração todas as preocupações transversais suscitadas, como acessibilidade, segurança, conservação preventiva, comunicação e equipe. Assim, conforme Gonçalves (2004), o desenho expográfico (distribuição da obra, luz, cor, ambientes etc.) tem um papel fundamental para a comunicação do discurso, pois é o condutor da mensagem estética. Ainda, “uma exposição se realiza pelo encontro entre sujeito (visitante) e objeto (conjunto expositivo), ou, a partir de uma concepção mais abrangente e atual, entre a sociedade e o patrimônio dela” (IBRAM, 2017, p. 8). Acadêmicos, descreveremos os principais passos da gestão de projetos expográficos, mas, para isso, perpassaremos pela pré-produção, produção e pós- produção, e abordadas questões, como lista de conferência, empréstimo de obras, dentre outros assuntos pertinentes. 130 2 PRÉ-PRODUÇÃO E PRODUÇÃO “Uma exposição se baseia na escolha e na apresentação de objetos que possam sustentar uma narrativa de um assunto determinado. As seleções e definições apontam as ideias e as imagens desejadas, e estabelecem, pelos sentidos, diálogos com o público” (IBRAM, 2017, p. 8). Para que isso ocorra, é necessário o desenvolvimento do projeto expográfico. Na fase de pré-produção, muitas questões e ações são deliberadas para efetivar uma exposição. “Toda exposição deveria ser “saboreada” ponto a ponto, passo a passo, no tempo perceptual de cada indivíduo, a fim de possibilitar que todo o seu ser se impregnasse daquela experiência. É essa “impregnação dos sentidos” que, efetivamente, mobiliza a emoção e desperta a mudança” (SCHEINER, 2012, s. p.). Por meio da museografia, cumpre-se a função primordial da exposição, que consiste em aproximar o objeto mostrado e o visitante. Como comenta Gonçalves (2004, p. 35), “a estrutura de apresentação da mostra se torna o canal para a realização do encontro vivo com a obra de arte, para a vivência estética, para o diálogo com a arte, portanto, uma condição decisiva do processo comunicativo”. FIGURA 1 – PRÉ-PRODUÇÃO CADEIA OPERATÓRIA PROJETO EXPOGRÁFICO Concepção do projeto Detalhamento do projeto Interface com outras áreas Finalização do projeto com cronograma e orçamento FONTE: Adaptada de Franco (2018) 131 Na Figura 1, podemos observar, de forma genérica, como o trabalho, para o desenvolvimento de um projeto expográfico, envolve diferentes etapas e áreas interdisciplinares ao longo do processo, por exemplo, para que o arquiteto possa detalhar um projeto desse tipo, é “preciso que ele receba especificações das obras a participarem da exposição, como as dimensões exatas de cada uma [...], as condições de estabilidade, de fragilidade, de conservação e de segurança, além da ne cessidade de confecção de suportes específicos” (FRANCO, 2018, p. 76). Podemos inserir, também, na Figura 1, a realização de um projeto educativo para a exposição. Essa ação deve ser efetivada em conjunto, ao longo de cada etapa, de forma a se somar aos trabalhos de ambas as partes. “É um projeto que se propõe a dialogar com os visitantes, como objetivo de estimulá-los para que percebam, compreendam e interpretem as obras, os objetos, as provocações e as inspirações presentes na exposição, para construção de possíveis significados” (IBRAM, 2017, p. 33). A educação, neste caso, é entendida como um processo, uma ação reflexiva que visa alcançar o conhecimento, o que só é possível ao se favorecerem o pensamento crítico, a criatividade e a ação transformadora do sujeito que aprende. O processo educativo ocorre como possibilidade, e não como determinação, e adquire caráter contínuo e permanente (SANTOS, 2012) (MAGALHÃES, 2013, p. 11). Vale ressaltar que o “papel social dos museus é, sem dúvida, o de formação do indivíduo. Sob a óptica educativa, o museu deve, como uma das principais funções dele, permitir, a esse indivíduo, tornar-se sujeito da própria aprendizagem” (MARANDINO, 2008, p. 28). Ainda, nesse caso, no sentido da comunicação museológica, as ações realizadas pelas instituições adquirem características de educação informal, pois envolvem a apropriação do conhecimento científico pela sociedade fora do espaço escolar (MARANDINO, 2008). Segundo Scheiner (2012, s. p.), a verdadeira dimensão pedagógica do museu não se estabelece pela “via formal das operações didáticas controladas, dependentes do logos; mas pela que permite deixar fluir uma relação espontânea entre a capacidade imaginante do indivíduo e as muitas linguagens da exposição”. Ainda, o verdadeiro museu “não está no ambiente tangível em que as coisas existem, mas é o que se constitui na relação, espontaneamente, no preciso instante em que a coisa exposta toca, em profundidade, o corpo e a alma do observador” (SCHEINER, 2012, s. p.). O planejamento é a melhor opção para minimizar os imprevistos que fazem parte do processo, por isso, definir as atribuições, de forma clara, de cada um dos membros da equipe, com a contratação efetiva deprofissionais que devem atuar em respectivas etapas, é essencial (FRANCO, 2018). Na fase de produção, faça uma lista de conferência para não se esquecer de nenhum detalhe. Em diálogo com o cronograma do projeto, isso facilita o fluxo de trabalho. Veja um exemplo da publicação Caminhos da Memória: Para Fazer uma Exposição (IBRAM, 2017). 132 FIGURA 2 – LISTA DE CONFERÊNCIA PARA A MONTAGEM FONTE: IBRAM (2017, p. 39) A montagem da exposição é um processo cuidadoso e composto por várias etapas. A instalação de painéis e de suportes expográficos; serviços de pintura; forração de vitrines; colocação de equipamentos eletrônicos (vídeos, projetores), de som (ca bos e caixas) e de iluminação (cabos elétricos e luminárias); vedação de janelas; e persianas devem anteceder o momento da chegada das obras, assim como a finalização e os testes do sistema de climatização. Recomenda-se que o espaço esteja, totalmente, limpo, sem poeira, incluindo a limpeza dos vidros utilizados nas vitrines. É importante confirmar que todas as etapas te nham sido cumpridas antes de se iniciar a montagem do acervo. A realização de atividades relacionadas à afinação de luz, à colocação de legendas e à comunicação visual expositiva (textos de parede, plotagens), contanto que realizadas com o acompanhamento de um responsável pelo acervo, pode ocorrer após a colocação das obras, pois algumas delas são ações que podem depender da exata disposição do acervo no espaço expositivo (FRANCO, 2018). NOTA 133 Estabelecer estratégias e fluxos de produção é relevante para a etapa da montagem da exposição. O cronograma deve prever cada etapa do processo, pois esse momento é aglutinador de áreas e serviços, os quais vão desde cabeamento para som, iluminação, até pintura e entrada das obras de arte no espaço expositivo. Todos os suportes expográficos que recebem acervos, incluindo as vitrines, de vem ser construídos ou revestidos com materiais ignifugados, ou seja, não infla máveis e não ácidos (acid free). IMPORTANTE Na fase da pré-produção, toda a documentação, para o empréstimo de obras de arte, deve ser efetivada, a fim de garantir seguridade entre as partes envolvidas durante a produção da exposição. Observe a Figura 3, no que diz respeito à fase da pré- produção, para esse empréstimo de obras. FIGURA 3 – EMPRÉSTIMO DE OBRA CADEIA OPERATÓRIA EMPRESTIMO DE OBRA DE ARTE Facility report Correspondencia de Solicitação de Empréstimo Contrato de Empréstimo Follow up das negociações de empréstimo Eventual substuição de peça FONTE: Adaptada de Franco (2018) 134 Vale a pena ressaltar que essa metodologia de desenvolvimento de exposições se aplica a qualquer tipo de museu, a qualquer modelo conceitual, em qualquer lugar do mundo: não existem processos distintos para museus diferentes. Quem trabalha com um museu virtual (por exemplo, o Museu da Pessoa) passa por esse processo cada vez que prepara uma exposição; apenas, não se trabalha com a tridimensionalidade (SCHEINER, 2006). NOTA É indispensável que o museu, ou a coleção, ao analisar a possibilidade de cessão de uma obra, ou de um objeto do acervo, conheça, detalhadamente, as condi ções gerais expositivas que a instituição receptora oferece. Essas informações são condensadas, em geral, em um único documento, conhecido como facility report, no qual constam, substancialmente, os seguintes itens: dados da edificação; planta baixa do espaço expositivo e áreas intermediárias de manuseio e controle do acervo (reserva técnica e/ou sala de apoio para desembalagem, reembalagem e guarda provisória de obras); detalhamento de acessos externos e internos; des crição pormenorizada de sistemas, equipamentos e equipes de controle de clima tização, iluminação, segurança e combate a incêndio; e informações minuciosas do quadro funcional do museu, ou instituição receptora, especificados nomes, responsabilidades e contatos emergenciais de técnicos, diretamente, ligados às operações relativas à exposição (FRANCO, 2018). NOTA Do ponto de vista da preservação, cada objeto deve ser tratado como se fosse a principal obra da coleção, independentemente do valor individual dela, e precisa receber o mesmo tipo, além de teor de tratamento, com cuidados (FRANCO, 2018). NOTA O facility report, por exemplo, informa a respeito da questão do sistema de climatização, das salas expositivas. Assim, o projeto expográfico pode prever recursos para cumprir as condições de climatização requeridas, “ao criar adequações específicas dos suportes expográficos, como vitrines climatizadas, que possibilitem que uma determinada obra se mantenha com índices diferentes do restante do ambiente” (FRANCO, 2018, p. 56). 135 Vale ponderar que, eventualmente, pode ocorrer alguma substituição de peças previstas, por diferentes motivos, desde questões de conservação, até mesmo, trâmites burocráticos envolvidos para a liberação delas, ou, ainda, valor do seguro. FIGURA 4 – SEGURO DE OBRA CADEIA OPERATÓRIA SEGURO DE OBRA Negociação e definição das condições Finalização das negociáções Recebimento dos certificados de seguro e número da apólice de seguro Encaminhamento da lista de obras, com valores de seguro e condições especiais FONTE: Adaptada de Franco (2018) O processo de garantia do seguro de todas as obras deve ser previsto na fase da pré-produção, pois essas obras só podem sair do local de origem asseguradas. Na fase de produção, o trabalho de conservação ocorre, diretamente, com o acervo, com a avaliação do estado físico dele e com a geração do laudo técnico para fins de registro. 136 FIGURA 5 – CONSERVAÇÃO PREVENTIVA PARA EMPRÉSTIMO CONVERVAÇÃO Produção e preparação dos laudos de conservação Preenchimento e conferência dos laudos de conservação Providências de conservação preventiva FONTE: Adaptada de Franco (2018) “O seguro é um dos principais condicionantes de empréstimo a ser, cuidadosa- mente, examinado pelo museu, ou pela coleção, antes de confirmar a cessão de uma obra, ou objeto, para a instituição solicitante” (FRANCO, 2018, p. 60). Quem solicita deve informar as condições gerais do seguro. Geralmente, trabalha-se com o seguro all risks (multirrisco), wall to wall (parede a parede), como comenta Franco (2018, p. 60): “O museu, ou a coleção emprestadora, deve observar se o período de cobertura pro posto abrange a duração da exposição e mais os períodos anteriores e posteriores, a serem dedicados à reunião de obras, montagem e desmontagem da exposição e devolução final”. 137 O laudo de conservação oficial, assinado por técnicos do comodante e do como datário, é o documento básico que norteia, no futuro, eventuais questões rela tivas a danos ou discordâncias no tocante a coberturas de seguro. É importante que o laudo tenha informações do estado atual da obra, o que, de fato, deve ser observado durante todo o processo. Muitas vezes, são necessárias imagens de detalhes para um melhor acompanhamento da conservação. Assim, é vital que o museu, ou a coleção cedente, não libere obras sem a antecipada e correta elaboração de laudos, devidamente, assinados e datados. Em caso de exposições internacionais, é praxe que os laudos sejam elaborados em inglês, ou na língua do país de destino, assim, para tanto, já são dispostos glossários, com termos específicos, em vários idiomas, em bibliotecas especializadas e na internet. Informações relativas aos níveis de temperatura, umidade e luminosidade, também, podem constar nesse documento (FRANCO, 2018). NOTA A transportadora, também, tem acesso à lista de obras, e pode ir até o local onde se encontra para conferir as medidas, isso, para garantir mais precisão para a confecção da embalagem a ser produzida. Além disso, com as informações dos locais de coleta e exposição, desenvolve o planejamento logístico para transladar o acervo. A montagem fina é a fase mais delicada da operação,pois se trata de quando o acervo é deslocado e manuseado para medições finais, e para a adequada fixação na parede, em painéis, bases ou no interior de vitrines. É importante que a equipe de montagem fina tenha experiência em relação à fixação das obras na parede, ou em painéis, e leve em conta, não somente, questões estéticas, mas, principalmente, aspectos técnicos, no sentido de propor o gancho ou a ferragem mais adequada à obra, ao peso e ao formato dela, além dos tipos de painel e de parede (alvenaria, gesso, madeira, MDF, drywall etc.) (FRANCO, 2018). NOTA 138 As caixas, ao serem colocadas no espaço expositivo, podem passar por um processo de climatização, conforme solicitado. A abertura delas ocorre por profissionais, e acompanhados pelo laudista. Posteriormente, há uma equipe de montadores e um coordenador, ambos com experiência em montagem de exposição e obras de arte, para a devida inserção no local de destino. Previamente, eles devem receber algumas informações básicas, como salienta Motta (2015), a saber: • Obras a serem expostas. • Tipo de parede no qual são expostas essas obras (MDF, drywall, alvenaria). • Planta baixa, com todas as informações de medidas e localizações das peças. Essas informações auxiliam a equipe responsável a viabilizar ferramentas, dispositivos de segurança, equipamentos de acuidade e precisão etc. (MOTTA, 2015). Veja um pouco do processo da exposição O Rio dos Navegantes, realizada no Museu de Arte do Rio de Janeiro, no Rio de Janeiro, em 2019: Making Of | O Rio dos Navegantes: https://www.youtube.com/watch?v=pB7Dco0P4s o&list=PLBjOryZaSopqjVv-3nv6s_ohhLWla_qK2&index=3; https://museudeartedorio. org.br/programacao/o-rio-dos-navegantes/. DICA PEÇA GRÁFICA DE DIVULGAÇÃO FONTE: <https://museudeartedorio.org.br/wp- -content/uploads/2019/10/rdn_capa_190911.jpg>. Acesso em: 24 abr. 2021. https://www.youtube.com/watch?v=pB7Dco0P4so&list=PLBjOryZaSopqjVv-3nv6s_ohhLWla_qK2&index=3 https://www.youtube.com/watch?v=pB7Dco0P4so&list=PLBjOryZaSopqjVv-3nv6s_ohhLWla_qK2&index=3 https://museudeartedorio.org.br/programacao/o-rio-dos-navegantes/ https://museudeartedorio.org.br/programacao/o-rio-dos-navegantes/ https://museudeartedorio.org.br/wp-content/uploads/2019/10/rdn_capa_190911.jpg https://museudeartedorio.org.br/wp-content/uploads/2019/10/rdn_capa_190911.jpg 139 Neste tópico, você aprendeu: • A concepção de um projeto expográfico compreende diferentes etapas e relações interdisciplinares. São fornecidas informações conceituais e técnicas para a viabilização da materialização no espaço físico destinado a exposições. Esse projeto expográfico dialoga, concomitantemente, com o desenvolvimento de um projeto educativo para a exposição, a fim de ampliar as relações sujeito, objeto e espaço. • A produção da exposição envolve várias etapas, como montagem de suportes expográficos, marcenaria, serviço de pintura, instalação de projetores, cabeamentos elétricos etc. Todos esses elementos devem ser previstos e concluídos, preferencialmente, antes da entrada do acervo na exposição. O espaço deve ser entregue limpo para iniciar as aberturas das caixas com o acervo. Por isso, fazer uma lista de conferência é importante para não se esquecer de nenhum detalhe. • Na fase da pré-produção, todos os trâmites, para empréstimos de obras, já devem ser concluídos, incluindo o seguro delas, pois só podem sair do local de origem com os contratos assinados entre as partes envolvidas, assegurados e com o número da apólice de seguro. Quem solicita precisa informar são as condições gerais do seguro. Geralmente, trabalha-se com o seguro multirrisco, parede a parede, o qual necessita abranger a duração da exposição e mais os períodos anteriores e posteriores, a serem dedicados à reunião de obras, montagem e desmontagem e devolução final. • A montagem fina diz respeito ao trabalho realizado, diretamente, com o acervo, o que envolve o deslocamento, o manuseio, a fixação etc. Por isso, deve-se prever a entrada desse acervo como última etapa da montagem da exposição. As salas necessitam ser sinalizadas, de acordo com o projeto expográfico, para que cada uma das obras seja colocada no respectivo local ou próxima dele. Os montadores precisam possuir experiência na área, com conhecimento em fixação em diferentes estruturas, como alvenaria, gesso, madeira, drywall, compensados etc. Ainda, realizados, os laudos técnicos, em cada etapa do processo, algo que compreende desde a saída do local de origem até o retorno. RESUMO DO TÓPICO 1 140 1 São Paulo inaugura a exposição Portinari para Todos no MIS Experience. Mostra é a maior já feita sobre o pintor paulista, com mais de 150 pinturas, apresentadas por meio de diferentes tecnologias em três áreas. O Governador João Doria realizou, neste sábado (5), a abertura da exposição Portinari para Todos, no museu MIS Experience. Essa é a mais completa mostra já realizada sobre o artista paulista, considerado um dos maiores pintores brasileiros. Parte do programa Modernismo Hoje, iniciativa que reúne mais de 400 atividades promovidas pelas instituições e corpos artísticos do Governo de São Paulo, com o objetivo de celebrar o centenário da Semana de Arte Moderna, a exposição reinterpreta obras de Portinari por meio de recursos audiovisuais em três espaços expositivos. FONTE: <https://www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/sao-paulo-inaugura-exposicao-portinari-para- -todos-no-mis-experience/>. Acesso em: 24 abr. 2021. Com relação às etapas de pré-produção e produção para uma exposição, analise as sentenças a seguir: I- O projeto define a expografia: acervo, forma, cor, luz, textos, suportes, circuito e demais informações. O conceito e os objetivos são traduzidos no espaço. II- Faz parte, das exposições, tradicionalmente, a criação de um texto que as apresente. Esse texto introduz o visitante ao tema desenvolvido e, geralmente, é escrito pelo curador. III- É necessário ter um cronograma de montagem claro, a fim de especificar as atividades de cada equipe. Listar as pessoas/equipes responsáveis pelas diversas atividades, incluindo, também, os profissionais (prestadores de serviços externos), se for o caso, contratados para tarefas específicas. Pode-se destacar uma pessoa da equipe a ficar responsável, somente, pela supervisão da etapa de montagem. IV- A entrada do acervo é, normalmente, a última etapa, por questões de segurança. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Somente a sentença III está correta. b) ( ) As sentenças I, II, III e IV estão corretas. c) ( ) Somente a sentença II está correta. d) ( ) Somente a sentença IV está correta. AUTOATIVIDADE https://www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/sao-paulo-inaugura-exposicao-portinari-para-todos-no-mis-experience/ https://www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/sao-paulo-inaugura-exposicao-portinari-para-todos-no-mis-experience/ 141 2 Jamais, um museu deve indicar, como courier, um técnico despreparado, que ve nha a comprometer a imagem da instituição, ou que, por inexperiência, exponha o acervo a risco. É de fundamental importância que esse funcionário esteja ciente de que a viagem dele tem as finalidades técnica e institucional, e que o lazer, se possível, é uma atividade secundária (FRANCO, 2018). Tendo como base a publicação Planejamento e Realização de Exposições (FRANCO, 2018), sobre as qualificações fundamentais do courier, analise as sentenças a seguir: I- Conhecer, profundamente, a obra que deve acompanhar, além do laudo de conservação e de todas as recomendações específicas de conservação e segurança, a ela, atinentes. II- Fazer-se presente em todos os momentos em que a obra venha a ser deslocada ou manuseada, ao dirigir as operações e ao auxiliar os demais técnicos a encontrarem formas adequadas de atuação que evitem qualquer dano a ela. III- Viajar, sempre,na mesma aeronave que transporta uma obra, tendo em mãos os números de registro de caixa e do pallet, ou container, que contenham a obra, para que possa proceder às conferências devidas nos momentos de embarque, escalas e desembarque. IV- Assegurar-se, no momento da entrega da obra à instituição destinatária, que esta seja depositada em um local seguro, condizente com as condições de segurança e climatização predefinidas pelo museu que representa. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Somente a sentença III está correta. b) ( ) As sentenças I, II, III e IV estão corretas. c) ( ) Somente a sentença II está correta. d) ( ) Somente a sentença IV está correta. 3 Do ponto de vista da preservação, cada objeto deve ser tratado como se fosse a principal obra da coleção, independentemente do valor individual dele, e receber os mesmos tipo e teor de tratamento, com cuidados sempre (FRANCO, 2018). Tendo como base a publicação Planejamento e Realização de Exposições (FRANCO, 2018) e o contexto de produção de uma exposição, mais especificamente, da montagem fina, analise as sentenças a seguir: I- A montagem fina é a fase mais delicada da operação, pois se trata de quando o acervo é deslocado e manuseado para medições finais, e para a adequada fixação em paredes, painéis, bases ou no interior de vitrines. II- Como forma de minimizar os riscos, recomenda-se que o local de colocação das obras, na sala de exposição, esteja, devidamente, sinalizado, de acordo com o projeto expográfico, para que cada uma delas seja deslocada para o local definitivo de instalação, ou o mais próximo possível dele. 142 III- É importante que a equipe de montagem fina tenha experiência em relação à fixação das obras em paredes ou painéis, a fim de levar em conta, não somente, questões estéticas, mas, principalmente, aspectos técnicos, no sentido de propor o gancho ou a ferragem mais adequada à obra, ao peso e ao formato dela, além dos tipos de painel e de parede (alvenaria, gesso, madeira, MDF, drywall etc.). IV- O manuseio de acervos deve ser feito, única e exclusivamente, por integrantes da equipe responsável do museu, ou por profissionais especializados. Vale lembrar que os danos ocasionados devido a um manuseio incorreto podem não ser, imediatamente, visíveis, manifestando-se, apenas, muito tempo depois. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Somente a sentença III está correta. b) ( ) Somente a sentença IV está correta. c) ( ) Somente a sentença II está correta. d) ( ) As sentenças I, II, III e IV estão corretas. 4 Pinacoteca e Galeria de Arte recebem inscrições de projetos de Artes Visuais para a temporada 2022. Estão abertas as inscrições para os artistas interessados em expor com mostras de Arte Visual durante esta temporada do Programa de Artes 2022, do qual fazem parte a 4ª ExpoArtes, no Centro Jundiaiense de Cultura Josefina Rodrigues da Silva (Jorosil), no qual fica a Pinacoteca Municipal Diógenes Duarte Paes e a Galeria de Arte Fernanda Perracini Milani, anexa ao Teatro Polytheama. Os interessados podem se inscrever, gratuitamente, até o dia 11 de abril, pelo site da Cultura. Serão selecionados 14 projetos inéditos na cidade, de artistas brasileiros natos, ou naturalizados, e estrangeiros que estejam em situação legal no país. Cada exposição selecionada receberá o valor de R$ 4,5 mil, prevista, também, além da mostra, a realização de uma contrapartida social vinculada, com a presença do público. FONTE: <https://jundiai.sp.gov.br/noticias/2022/03/03/pinacoteca-e-galeria-de-arte-recebem-ins- cricoes-de-projetos-de-artes-visuais-para-a-temporada-2022/>. Acesso em: 24 abr. 2021. Assim, discorra a respeito da importância do planejamento e da elaboração de um projeto expográfico. 5 Museu Etnográfico Casa dos Açores abriga exposição de cerâmica sobre câncer de mama. Com o objetivo de despertar a sensibilização para a necessidade do autocuidado, a exposição “ResPeito” leva esculturas em cerâmica, com a temática do câncer de mama, para o Museu Etnográfico Casa dos Açores, administrado pela Fundação Catarinense de Cultura (FCC), em Biguaçu. A visitação vai até 3 de março, com entrada gratuita. https://jundiai.sp.gov.br/noticias/2022/03/03/pinacoteca-e-galeria-de-arte-recebem-inscricoes-de-projetos-de-artes-visuais-para-a-temporada-2022/ https://jundiai.sp.gov.br/noticias/2022/03/03/pinacoteca-e-galeria-de-arte-recebem-inscricoes-de-projetos-de-artes-visuais-para-a-temporada-2022/ 143 Desenvolvida pelo artista Claudio Salvalaggio Schmitz, a mostra conta com 25 peças originais que ressaltam a importância do autotoque, como prevenção à doença que acomete mulheres e homens. “ResPeito” visa, ainda, criar uma experiência que gere uma relação mais sensível e direta, e, portanto, mais significativa com a temática. O projeto foi selecionado pelo Edital Aldir Blanc 2021, executado com recursos do Governo Federal e da Lei Aldir Blanc de Emergência Cultural, por meio da FCC. FONTE: <https://www.bigua.sc.gov.br/noticias/ver/2022/02/museu-etnografico-casa-dos-acores- -abriga-exposicao-de-ceramica-sobre-cancer-de-mama>. Acesso em: 24 abr. 2021. Com relação ao processo de empréstimo de obras de arte, quais são as etapas envolvidas para se efetivar o enlace? https://www.bigua.sc.gov.br/noticias/ver/2022/02/museu-etnografico-casa-dos-acores-abriga-exposicao-de-ceramica-sobre-cancer-de-mama https://www.bigua.sc.gov.br/noticias/ver/2022/02/museu-etnografico-casa-dos-acores-abriga-exposicao-de-ceramica-sobre-cancer-de-mama 144 145 SEGURANÇA EM MUSEUS UNIDADE 3 TÓPICO 2 — 1 INTRODUÇÃO Falar de segurança em museus é um grande desafio, pois envolve uma lógica operacional complexa e as parcerias interna e externa entre as instituições detentoras dos bens culturais musealizados. “A segurança deve ser considerada parte integrante da conservação preventiva, e, desse modo, ter, como objetivo, a proteção física do acervo, assim como do edifício que o abriga e das pessoas que, lá, estiverem” (ONO; MOREIRA, 2011, p. 10). Deve-se levar em consideração que o edifício pode ser um patrimônio cultural a se preservar, e, ao se tratar de um museu, deve ser, devidamente, protegido das ações que o tornam vulnerável (ONO; MOREIRA, 2011). Esses espaços estão sujeitos a diferentes situações a que um acervo pode ser submetido, principalmente, caso não possua um programa adequado de proteção física de patrimônio cultural. Os desastres naturais em Petrópolis, no Rio de Janeiro, em 16 de fevereiro de 2022, nos quais a água acumulada transbordou em diferentes pontos da cidade, o que devastou famílias e deixou centenas de feridos, são um exemplo. Ainda, o maior desastre socioambiental do país, no setor de mineração, em 2015, o rompimento da barragem do Fundão, a partir do qual distritos foram devastados, inteiramente, em Minas Gerais, o que afetou não só o patrimônio material, mas, também, os edificados e imateriais. Os incêndios estão presentes e, cada vez mais, ganham as pautas dos noticiários, como o ocorrido no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, em 2018, sendo que um dos fatores envolvidos foi a falta de manutenção adequada e de investimento em segurança, o que causou a destruição, praticamente, da totalidade dos acervos histórico e científico, formados ao longo de vários anos, e envolveu a edificação histórica que abrigava o museu, sede oficial dos imperadores no Brasil. Os furtos e roubos são pontos de atenção, como comentam Ono e Moreira (2011, p. 13): “As obras de arte e os exemplares raros de objetos depositados em museus, e outras instituições, são vítimas potenciais de furto ou de roubo”. Nesse caso, pode-se citar o Museu da Chácara do Céu, em Santa Tereza, Rio de Janeiro, em pleno carnaval de 2006. Segundo noticiários da época, informou-se que quatro homens armadosentraram no museu e renderam funcionários e visitantes que estavam no local, levando importantes obras para a história da arte. A proteção física, ou guarda do acervo, é o objetivo básico de um museu, e a razão da existência dele. Assim, todos os museus devem possuir um programa de proteção física do patrimônio cultural e um gerente responsável por tal atividade (ONO; MOREIRA, 2011). Assim, acadêmico, no Tópico 2, abordaremos a segurança em museus e como ela dialoga com a segurança das exposições que ocorrem nesses espaços, sem esgotar o assunto. 146 2 SEGURANÇA PARA EXPOSIÇÃO Ao se propor a elaboração do plano de segurança para museus, precisa-se ter em mente que “a proteção dos acervos é item de grande interesse, porém, a vida humana, sempre, está em primeiro lugar. A integridade física dos funcionários e dos visitantes deve ser prioritária” (ONO; MOREIRA, 2011, p. 25). Conforme Ono e Moreira (2011), há três itens que merecem atenção em um projeto de segurança: as pessoas, incluindo os funcionários e os visitantes; o patrimônio, que compreende a edificação, o acervo e os equipamentos; e, por último, as informações, que abarcam os dados catalográficos, os bancos de dados, os registros etc. “Garantir a segurança física do acervo museológico significa protegê-lo de uma série de ações que podem ter origem no próprio homem, assim como na natureza, as quais podem ser acidentais ou intencionais” (ONO; MOREIRA, 2011, p. 10). Ainda, segundo os autores, essa segurança física necessita ser assegurada por medidas preventivas e protetivas, desenhadas e implementadas, de acordo com um plano baseado nas necessidades da instituição e nas características do acervo. O desenvolvimento de planos de segurança patrimonial tem, como objetivos, minimizar os riscos e amenizar as perdas, em caso de sinistros de qualquer natureza. O planejamento eficiente resulta da combinação do uso de soluções arquitetônicas, por meio da aplicação de barreiras naturais, tecnologia e medidas operacionais (ONO; MOREIRA, 2011, p. 24). O desenvolvimento de um plano de segurança é algo característico de cada instituição, pois cada uma possui a própria singularidade e restrições, por isso, é importante conhecer o local que sedia a instituição museologia, o entorno, o edifício e as instalações internas. A publicação Política de Segurança para Arquivos, Bibliotecas e Museus (MUSEU DE ASTRONOMIA E CIÊNCIAS AFINS, 2006) informa que a instituição tem responsabilidade direta sobre a segurança, a fim de proteger pessoas, acervo, propriedade e atividades, por meio de uma política de segurança por escrito. O diretor é o primeiro responsável por todas as questões referentes à segurança da instituição, o qual deve definir as responsabilidades de cada funcionário no que diz respeito a isso. A segurança é, basicamente, composta por dois grandes tipos de medida, a saber: medidas de prevenção e medidas de proteção. As de prevenção são aquelas praticadas com a finalidade de não permitir que um evento indesejado venha a ocorrer. Em museus, uma série de medidas de prevenção pode ser implantada dentro de um plano de segurança, para que se evite a ocorrência desses eventos. Medidas preventivas incluem, principalmente, campanhas educativas e de conscientização dos vários segmentos de público envolvidos, direta ou indiretamente, com o museu (visitante, funcionário, prestador de serviço etc.) (ONO; MOREIRA, 2011, p. 18). 147 Conforme Ono e Moreira (2011), essas medidas de prevenção estão sujeitas a falhas, assim, para além delas, o museu dever promover medidas de proteção efetiva, ou seja, que possam cobrir essas eventuais falhas. “As medidas de proteção são aquelas implementadas para impedir ou dificultar uma ou mais ações indesejadas, e podem ser classificadas em dois grupos: proteção passiva e proteção ativa” (ONO; MOREIRA, 2011, p. 18). A seleção de um espaço, para se montar qualquer exposição, depende das condições ofertadas por ele, como um ambiente propício para a realização e as possibilidades de montagem oferecidas. Por isso, solicitar, previamente, o facility report, com todos os dados da instituição, auxilia nas medidas para se mitigarem possíveis sinistros. A proteção de objetos ocorre desde a segurança, ou medidas de prevenção de incêndio e roubo, a controles para se garantirem a conservação e o cuidado deles. Parte dessa proteção é obtida por meio de condições adequadas de conservação no espaço de exposição, a fim de se evitar a deterioração. Outra segurança é obtida através de uma série de medidas, as quais preveem a montagem e a segurança institucional presente no local. Portanto, são implementadas para impedir ou dificultar dada situação de ameaça, as quais se pode classificar como medidas de proteção passiva e ativa. As medidas de proteção passiva são aquelas que, uma vez implementadas, não dependem de nenhum tipo de acionamento para que desempenhem a função de proteção, e, portanto, “agem” de forma passiva. Assim, em uma ocorrência indesejada, esse tipo de proteção apresenta grande probabilidade de exercer, adequadamente a função para a qual foi projetado. Em um plano de segurança física, as medidas de proteção passiva, normalmente, são compostas de elementos incorporados à construção do edifício e ao entorno dele, e têm, como finalidade básica, conformar barreiras para impedir, ou dificultar, a ocorrência ou o crescimento de um evento indesejado, seja uma intrusão, um incêndio, uma enchente etc. Como essa medida está incorporada à construção, exerce, no dia a dia do edifício, também, uma função construtiva (ONO; MOREIRA, 2011, p. 18). Pode-se considerar que as medidas de proteção passiva fazem parte da edificação dos museus, por exemplo, uma parede corta-fogo tem, no dia a dia, a função de fechamento, ou de separação de ambientes distintos. Em uma situação de incêndio, está projetada para se manter íntegra durante um determinado tempo, o que retarda a propagação do fogo para outros ambientes (ONO; MOREIRA, 2011). Outra opção são as medidas de proteção ativa. As medidas de proteção ativa, por sua vez, são aquelas que necessitam ser estimuladas para entrar em ação na ocorrência de um evento indesejado. Os sistemas de detecção e alarme de intrusão, de furto ou roubo, de incêndio, de inundação, dentre outros, são ditos de proteção ativa. Em geral, são compostos por instalações elétricas, eletrônicas, mecânicas, hidráulicas ou de combinações entre estas, e precisam de um acionamento que pode ser manual ou automático. O acionamento manual depende da iniciativa de um agente humano para o funcionamento da medida de proteção. O acionamento 148 automático é aquele interligado a algum tipo de sensor que detecta a anormalidade, dá um alarme e pode acionar uma outra medida de proteção, como fechamento de portas e janelas, por exemplo (ONO; MOREIRA, 2011, p. 18). As medidas de proteção ativa são mais suscetíveis a falhas do que as de proteção passiva. No entanto, as condições mínimas de proteção do recinto, frente aos objetos a serem abrigados, devem ser efetivadas. Vejamos alguns itens a serem colocados em pauta durante uma exposição. a) Montagem de exposição Todas as áreas de circulação e guarda das peças devem ter acesso controlado, principalmente, em épocas de exposição, quando se aumenta o número de pessoas estranhas ao corpo funcional do museu, como entrada, saída, abertura e fechamento de embalagens, elaboração de laudos (courriers), pessoal de montagem etc. Para o controle, é interessante haver um sistema de controle de trânsito aos espaços restritos e expositivos em montagem do museu, por meio de uma identificação visual registrada e autorizada de todos os funcionários, dos courriers, do pessoal de transportadoras ede montagem, dos curadores convidados, da imprensa e de outros, caso necessário. A identificação deve ser feita através do uso de crachás, os quais necessitam ser portados em um lugar visível e por todos os funcionários do museu, não importa o cargo ou a função. Esses crachás precisam ter cores diferentes, uma para cada tipo de acesso a determinadas áreas (expositiva, reserva técnica, administração, passe livre etc.), o que permite, aos agentes de segurança, os controles de entrada e de saída dessas áreas. Todas as autorizações de circulação necessitam ser por escrito e assinadas pelas pessoas com autoridade para isso (diretor e corpo técnico científico) (MOTTA, 2015). Outros itens podem ser elencados nos dias de montagem e de desmontagem de uma exposição, com base na publicação Manual Prático de Procedimentos Museológicos, de Motta (2015). Para serem evitados acidentes e incidentes com as pessoas e com as obras, ressaltamos: • Isolar a área na qual a equipe trabalhar. Lembre-se de que esse é o local de trabalho, e não de visitas de terceiros, os quais se tornam impróprios para o desenvolvimento do fluxo de trabalho. • Não permitir comidas e bebidas nunca dentro do espaço expositivo, nem na montagem. • Proibir fumar e utilizar materiais inflamáveis. 149 •Deve fazer uma ronda, ao menos, um segurança, por sala, durante o período em que as pessoas transitam no espaço, e um enquanto não há indivíduos que trabalhem no local. • Precisa ser treinada uma equipe de limpeza para estar de prontidão para limpar o espaço, sempre que necessário. Evite colocar qualquer pessoa sem treinamento nessa operação. Todos precisam saber que não devem levantar poeira, nem usar água em excesso, materiais de limpeza inadequados, dentre outras coisas. b) Manuseio de obras Há algumas décadas, os museus vêm adotando, com frequência, a indicação de técnicos para acompanhar o deslocamento de obras. Como o acompanhamento é um procedimento necessário, o courier da instituição cedente só pode ser dispensado em duas situações específicas: quando a instituição, ou a organização solicitante, é de total confiança do museu cedente, e está apta a desenvolver os trabalhos téc nicos com qualificação igual ou superior; ou quando a exposição envolve o empréstimo de obras de vários museus e estes decidam, em conjunto, otimizar recursos, a fim de ser adotado um courier único para todas as obras ou para grupos de obras. Jamais, um museu deve indicar, como courier, um técnico despreparado, que ve nha a comprometer a imagem da instituição, ou que, por inexperiência, exponha o acervo a risco. É de fundamental importância que esse funcionário esteja ciente de que a viagem dele tem as finalidades técnica e institucional, e que o lazer, se possível, é uma atividade secundária (FRANCO, 2018). Na Figura 6, poderemos observar um laudista verificando o estado de conservação de uma obra, conforme documento de saída, equipe responsável pelo manuseio, e fixação na parede. 150 FIGURA 6 – O ÚLTIMO RETRATO PINTADO POR PIERRE-AUGUSTE RENOIR - MUSÉE DE L'ORANGERIE - PARIS FONTE: <https://i.pinimg.com/564x/ec/be/bc/ecbebc265e158833a035ee8113a14c4f.jpg>. Acesso em: 24 abr. 2021. O manuseio de acervos deve ser feito, única e exclusivamente, por integrantes da equipe responsável do museu ou por profissionais especializados. Vale lembrar que os danos ocasionados pelo manuseio incorreto podem não ser, imediatamente, visíveis, manifestando-se, apenas, muito tempo depois. Qualquer dano que venha a ocorrer nas obras, decorrente do transporte ou da montagem, deve ser notificado à área responsável da instituição, ou ao proprietá- rio da coleção, e imediatamente, antes de qualquer atitude reparadora ser tomada. Em caso de dano, deve-se guardar todos os fragmentos que possam ter se des prendido do objeto, para as devidas providências do restaurador responsável. A seguradora precisa ser, imediatamente, notificada pela instituição responsável, pela emissão da apólice- mãe (FRANCO, 2018). https://i.pinimg.com/564x/ec/be/bc/ecbebc265e158833a035ee8113a14c4f.jpg 151 Sempre transporte as pinturas de cavalete na posição vertical. Nunca horizontalmente ou inclinadas. DICA MANUSEIO DE TELAS FONTE: Barbosa (1993, p. 54) c) Iluminação Outro elemento que integra o espaço expositivo é a iluminação, a qual, previamente, deve, ser montada, levando em consideração o local onde as obras necessitam ficar para a apresentação. Assim, quando estão fixadas no local de destino, é preciso, somente, “afinar”, como regular e utilizar difusores para o controle da incidência luminosa necessária, conforme cada suporte e projeto luminotécnico. 152 Iluminação Mesmo que o espaço contenha trilhos eletrificados, para um correto posicionamento da luz na obra, certos espaços não obtêm isso e demandam o desenvolvimento de sistemas alternativos: bancadas iluminadas; luminárias desenhadas, especialmente, para a fixação nas paredes, de modo que iluminem determinada tela; balizadores etc. Recomendações gerais: Adotar lâmpadas coerentes à aplicação nos espaços expositivos, pois algumas tendem a deteriorar as obras pela ação do tempo. Entregar uma luz difusa, pontual, ou de efeito é um dos exemplos para projeção sobre as peças. Considerar se o espaço sofre a interferência da iluminação natural ou não. Sombras, ou, mesmo, a temperatura solar, podem ocasionar danos a determinadas obras. FONTE:<https://www.archdaily.com.br/br/894949/guia-de- expografia-o-que-levar-em-conta-ao-montar-uma-exposicao>. Acesso em: 24 abr. 2021. NOTA d) Segurança contra furto e roubo Segundo Ono e Moreira (2011), as obras de arte e os exemplares raros de objetos depositados em museus, e outras instituições, são vítimas potenciais de furto, ou de roubo. O crime de furto é definido, pelo artigo 155, do Código Penal Brasileiro, como: “subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel”. No artigo 157, do mesmo Código, consta a definição de roubo, como: “subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel, mediante grave ameaça ou violência”. A diferença entre os dois tipos é o emprego da violência ou da grave ameaça (ONO; MOREIRA, 2011, p. 14). No Brasil, presenciamos essas ações, como no Museu de Arte de São Paulo, no fim de outubro de 2007. Dois homens invadiram o museu às 6h e subiram até o 2º andar, mas fugiram sem levar nada. Um mês e meio depois, bandidos usaram um maçarico para arrombar a porta principal do prédio, mas não chegaram a entrar. Nenhum dos casos foi registrado em um boletim de ocorrência na polícia (MENEGHETTI, 2020). Entretanto, conforme noticiários da época, na madrugada do dia 20 de dezembro, durante uma troca de turno de vigias, três ladrões invadiram o prédio do museu, na Avenida Paulista, e roubaram duas pinturas: O Lavrador de Café, de Cândido Portinari, e Retrato de Suzanne Bloch, de Pablo Picasso. As obras foram recuperadas no mês seguinte e os acusados foram presos. https://www.archdaily.com.br/br/894949/guia-de-expografia-o-que-levar-em-conta-ao-montar-uma-exposicao https://www.archdaily.com.br/br/894949/guia-de-expografia-o-que-levar-em-conta-ao-montar-uma-exposicao 153 O crime artístico mais chocante do século 21: dois Van Gogh furtados em três minutos Eram quase 8h do dia 7 de dezembro de 2002, um sábado. Estava frio, apenas 2°C, e quase não havia ninguém nas ruas do centro da capital holandesa. No bairro dos museus, uma van parou. Dois homens descarregaram uma escada e colocaram algumas ferramentas em uma bolsa. Pareciam dois trabalhadores comuns. Eles encostaram a escada na parede, colocaram balaclavas e começaram a escalar um dos edifícios culturais mais conhecidos de Amsterdã, o Museu Van Gogh. Escondidos atrás de uma parede, eles usaram um par de marretas para abrir um buraco em uma das janelas de segurança, reforçadana galeria, disparando o primeiro de uma série de alarmes. Lá dentro, eles, rapidamente, olharam para as paredes e pegaram duas pinturas que estavam perto do buraco pelo qual tinham entrado: uma paisagem marinha e uma imagem de uma igreja, ambas do período inicial do pintor holandês Vincent Van Gogh (1853-90), um dos artistas mais importantes da história. Isso acionou mais dois alarmes, enquanto o sistema interno de câmeras de vigilância os filmava. Um dos seguranças do museu entrou em contato com a polícia, mas, quando ela chegou, estava de mãos atadas, pois os regulamentos do museu não permitiam que enfrentasse os ladrões. Os assaltantes colocaram as pinturas, ainda, com as molduras delas, na bolsa de ferramentas deles e escaparam, por meio de uma corda que amarraram, no início do assalto, a um mastro na frente do prédio. Quando a polícia chegou, eles voltaram a se disfarçar de trabalhadores comuns e fugiram. Toda a operação durou, apenas, três minutos e 40 segundos. Por que furtar obras de um dos artistas mais famosos do mundo? A quem poderiam ser vendidas, sendo bens, praticamente, não comercializáveis? Por que alguém as compraria, se elas teriam que ser escondidas para sempre? Como as obras-primas podem ser salvas antes de serem perdidas para sempre? Qual foi a verdadeira história por trás do roubo de duas das pinturas mais pessoais e queridas de Van Gogh? F O N T E : < h t t p s : / / w w w . b b c . c o m / p o r t u g u e s e / internacional-60105061>. Acesso em: 24 abr. 2021. NOTA “Um projeto de segurança, em museus, deve ser implementado para prevenir desde pequenos furtos até grandes roubos, de acordo com as características do acervo e a importância dele, assim como as condições do entorno da propriedade” (ONO; MOREIRA, 2011, p. 13). https://www.bbc.com/portuguese/internacional-60105061 https://www.bbc.com/portuguese/internacional-60105061 154 e) Segurança contra incêndio e segurança patrimonial O Brasil possui, no próprio histórico, grandes perdas ocasionadas por incêndios. Em 2021, um incêndio atingiu a Cinemateca, que possui o maior acervo audiovisual da América do Sul, formado por, aproximadamente, 250 mil rolos de filmes e mais de um milhão de documentos relacionados ao cinema. Em 2018, o Museu Nacional pegou fogo; e, em 2015, o Museu da Língua Portuguesa, também, sofreu perdas após um incêndio. Os incêndios são acidentes que, se não são controlados a tempo, podem causar grandes danos. Em qualquer situação que envolva incêndios, deve haver uma resposta rápida para a fuga dos ocupantes e para o combate ao fogo. Um aspecto a ser observado, dentro desse contexto, é a necessidade de se integrar o sistema de segurança contra incêndios e rotas de fuga seguras com o sistema da segurança patrimonial. Em virtude do conflito gerado entre os dois, acidentes que envolvem vidas podem vir a ocorrer. Essa divergência acontece pelo fato de a segurança contra incêndios visar ao rápido escoamento de pessoas do edifício em caso de emergências, necessitando, para isso, das rotas, totalmente, livres e desimpedidas, sendo que o objetivo da segurança patrimonial é controlar a entrada e a saída, por meio de dispositivos para o bloqueio de acesso. Os dois sistemas estão corretos no que diz respeito às próprias concepções, porém, a retirada de indivíduos, em casos de emergências, é prioritária em relação a qualquer outra perda. As pessoas responsáveis pelos sistemas de segurança patrimonial e segurança contra incêndios devem receber treinamento, a fim de não permitir que esses conflitos ocorram em casos de emergências (ONO; MOREIRA, 2011). NOTA f) Considerações gerais Pontos-chave a serem levantados: • Garantir a segurança dos objetos e do público nas exposições. • Levar em consideração, ao avaliar o espaço disponível, as necessidades de conservação, segurança e circulação do visitante. • Prezar pela segurança dos objetos. Isso deve fazer parte já do início do projeto, das tratativas de empréstimo. É preciso avaliar as necessidades de conservação e de exibição, os fatores ambientais, o seguro e a segurança, ao se atentar a exigências específicas dos proprietários de peças emprestadas, e planejar medidas que garantam o cuidado. 155 • Zelar pela segurança dos visitantes. Devem ser levadas em consideração as implicações sanitárias e de segurança da exposição, a serem avaliados todos os riscos e feitas consultas com especialistas, quando necessário. • Monitorar a exposição regularmente, as condições ambientais e de segurança dos objetos, o desgaste, o conforto e o bem-estar do público. Pode ser necessária a adoção de medidas corretivas. Além dessas questões, conforme sinalizado na publicação Política de Segurança para Arquivos, Bibliotecas e Museus (MUSEU DE ASTRONOMIA E CIÊNCIAS AFINS, 2006), é importante elaborar e dar ciência, à equipe, dos mapas de localização dos seguintes itens: • extintores de incêndio e hidrantes; • circuito das saídas de emergência; • trânsitos interno e externo de material; • restrições de acesso a diferentes áreas do prédio; • locais de armazenamento de material inflamável, explosivo, perecível ou nocivo à saúde; • circuitos elétrico e hidráulico. Esses são alguns itens aos quais devemos ficar atentos, pois as instituições detentoras dos bens culturais musealizados, em comodato, ou não, devem possuir um programa de segurança. Por exemplo, a estrutura do edifício e a ocupação interna estão entre os múltiplos fatores que podem influir na vulnerabilidade do museu em relação à segurança contra furtos e roubos. Tal programa necessita analisar a melhor opção para a localização, no edifí cio, “das áreas de armazenamento das coleções e dos espaços de exposição, e examinar as condições desses espaços físicos e implementar medidas de minimização de riscos de roubo ou de vandalismo em relação às coleções” (FRANCO, 2018, p. 96). Instruções simples, de controle diário do acervo de uma exposição, devem ser trans mitidas, aos seguranças, pelo museólogo, ou responsável por essa exposição. A entrega de um caderno, com as imagens das obras na sequência em que aparecem, é um importante instrumento para a conferência diária dos seguranças (FRANCO, 2018). NOTA 156 É preciso elaborar normas para procedimentos para os casos de roubo e outros sinistros, ao agir de acordo com as recomendações da Polícia, Corpo de Bombeiros e Defesa Civil, além de investigação e apuração, a fim de se buscar cooperação com os organismos legais. Essas normas têm que ser baseadas na legislação existente (MUSEU DE ASTRONOMIA E CIÊNCIAS AFINS, 2006). NOTA 157 Neste tópico, você aprendeu: • A segurança, em museus, faz parte da legislação brasileira. Competem, ao diretor, ou responsável legal pela instituição, as responsabilidades cabíveis para a efetivação. Isso inclui a segurança física dos colaboradores, a patrimonial e a dos bens culturais musealizados. • A segurança pode ser classificada em proteção passiva e proteção ativa. A passiva não depende de um acionamento mecânico para funcionar; muitas vezes, faz parte da edificação do próprio museu. Já a ativa precisa ser acionada e/ou estimulada para entrar em ação. • As medidas de circulação devem ser controladas nos museus, principalmente, em épocas de montagem de uma exposição, nas quais o fluxo é mais intenso. Isso se justifica pois se somam prestadores de serviço terceirizados ao corpo funcional da instituição. Assim, a segurança do museu deve receber a lista impressa e as respectivas assinaturas de autorização pela equipe. No dia e local indicados, esses prestadores de serviço precisam ser identificados e portar crachás, o que facilita o controle pelas áreas de circulação. • No dia da montagem da exposição, lembre-se de isolar a área na qual a equipe trabalha e evitar fazer, do espaço expositivo,um local de vista por terceiros. Isso pode afetar o fluxo de trabalho e ocasionar acidentes com o acervo. Além disso, deixe, sempre, claro que não são permitidas algumas ações, como comer, beber, fumar etc., nesses locais. RESUMO DO TÓPICO 2 158 1 Muitos dos desastres naturais são inevitáveis, e outros são resultados de eventos regionais, ou globais, que fogem, completamente, do controle de um museu. Nesses casos, é necessário que o museu esteja preparado para que as consequências sofridas pelo edifício e pelo acervo sejam minimizadas. Incluem-se, na categoria: terremotos, furacões, enchentes, erupções vulcânicas etc. (ONO; MOREIRA, 2011). Assim, sobre exemplos de desastres naturais em museus, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Museu da Cidade de Kobe, Japão, Terremoto; e Museu Técnico Nacional, Praga, República Tcheca, Enchente. b) ( ) Museu da Cidade de Kobe, Japão, Terremoto; e Museu Nacional, Rio de Janeiro, Brasil, Incêndio. c) ( ) Museu da Cidade de Kobe, Japão, Terremoto; Museu Técnico Nacional, Praga, República Tcheca, Enchente; e Museu Nacional, Rio de Janeiro, Brasil, Incêndio. d) ( ) Nenhuma das alternativas anteriores. 2 A implementação de um plano de segurança, em um museu, deve ser antecedida de uma avaliação dos riscos existentes e iminentes, pois é importante identificar as situações para as quais cada museu deve estar preparado. Assim, tendo como base a publicação Segurança em Museus (ONO; MOREIRA, 2011), sobre quais riscos podemos reconhecer, analise as sentenças a seguir: I- Desastres ou fenômenos naturais (enchentes, secas, trovões, furacões, vendavais, fumaça, poluição do ar, terremotos, atividades vulcânicas, chuvas intensas, deslizamentos, quedas de árvores etc.). II- Desastres tecnológicos, como falha do sistema de controle do ambiente (condicionador de ar ou ventilação), falta de energia, colapso da coleta de resíduos, corte do abastecimento d’água, baixa estrutural, explosão, contaminação química ou biológica, derramamento de produto químico ou líquido inflamável, incêndio etc. III- Atividades suspeitas ou criminosas (roubo, furto, problemas com pessoas com distúrbios mentais, vandalismo, uso ilegal de drogas, incêndio criminoso, distúrbios civis, greves, ameaça de bomba, ataque terrorista, guerra etc.). IV- A administração de instituições museológicas, a qual não deve identificar e muito menos priorizar as situações com as maiores possibilidades de ocorrência e aquelas que, com risco de ocorrer, podem gerar perdas significativas. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e IV estão corretas. b) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas. c) ( ) As sentenças III e IV estão corretas. d) ( ) As sentenças II e IV estão corretas. AUTOATIVIDADE 159 3 Por dentro do roubo de joias de US$ 128 milhões que chocou o mundo. 21 artefatos cravejados de diamantes foram roubados do museu Green Vault, na Alemanha, em 25 de novembro de 2019, e nunca foram encontrados. Foram necessários, pelo menos, nove golpes fortes, com um machado, para quebrar a caixa de vidro no histórico Green Vault de Dresden, cidade na Alemanha. Após o vidro quebrar, dois ladrões mascarados pegaram 21 artefatos inestimáveis, cravejados de diamantes, e desapareceram. Em 25 de novembro de 2019, em poucos minutos, algumas das joias históricas mais valiosas do mundo desapareceram. FONTE: <https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/por-dentro-do-roubo-de-joias-de-us-128- milhoes-que-chocou-o-mundo/>. Acesso em: 24 abr. 2021. Sobre os pontos que ps museus, ao ofertarem exposições, sejam de curta ou longa duração, incluindo itinerantes, devem considerar, analise as sentenças a seguir: I- Treinamento e capacitação das equipes de recepção; segurança e limpeza da instituição, ou contratadas temporariamente, enfatizados aspectos de proteção patrimonial; conservação preventiva; riscos patrimoniais e insti tucionais; e aspectos de proteção do público. Tais esforços de capacitação devem ser ministrados em interação com a equipe de educação do museu, e revistos a cada nova exposição temporária, o que pode envolver diferentes equipes de organização e produção. II- Elaboração do manual de segurança da exposição, que deve conter as fotos sequenciais dos núcleos expositivos, com a cobertura de todo o acervo que compõe a mostra. Esse guia deve ser entregue à chefia de segurança da instituição para o planejamento de rondas diárias pré-abertura e, imedia tamente, após o fechamento da exposição, de modo a garantir as condições de conferência diária do acervo durante todo o período expositivo. III- Priorização, sempre, de aspectos de segurança ao se planejar a logística de deslo- camento de peças do acervo e as operações de montagem e desmonta gem das exposições durante todo o circuito de itinerância. Dimensionamento da participação de couriers ou de conservadores das instituições, ou coleções emprestadoras, se necessário. IV- Indispensável que o museu, ou a coleção, ao analisar a possibilidade de cessão de uma obra, ou de um objeto do acervo, conheça, detalhadamente, as condi- ções gerais expositivas que a instituição receptora oferece. Essas informações são condensadas, em geral, em um único documento, conhecido como facility report. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Somente a sentença III está correta. b) ( ) As sentenças I, II, III e IV estão corretas. c) ( ) Somente a sentença II está correta. d) ( ) Somente a sentença IV está correta. https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/por-dentro-do-roubo-de-joias-de-us-128-milhoes-que-chocou-o-mundo/ https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/por-dentro-do-roubo-de-joias-de-us-128-milhoes-que-chocou-o-mundo/ 160 4 Museu Nacional passa por obras, mas a recuperação do acervo é um desafio - 85% das 20 milhões de peças foram perdidas no incêndio. As obras de restauração do Museu Nacional, em São Cristóvão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, tiveram início nesta última sexta-feira (12), após três anos depois do incêndio que destruiu o local e as peças contidas nele. O plano de reforma divide o palácio histórico em quatro blocos. As reformas tinham sido adiadas devido à pandemia da Covid-19. A primeira parte da obra é para recuperar as fachadas e o telhado do bloco 1, o maior bloco do museu, no qual ficava o acervo histórico, em exposição, para a instituição. Os outros três setores, ainda, encontram-se em fase de projetos, porém, devem ser entregues no ano que vem, e o plano é que sejam executados até 2024. O maior desafio segue sendo a restauração do acervo, pois 85% das 20 milhões de peças foram perdidas no incêndio, que ocorreu no dia 2 de setembro de 2018. A estimativa é que, até a abertura, sejam recuperados até 50 mil itens. A previsão de reabertura do museu, com exposição aberta ao público, ficou para o ano de 2026. FONTE: <https://www.osaogoncalo.com.br/geral/114617/museu-nacional-passa-por-obras-mas-a- recuperacao-do-acervo-e-um-desafio>. Acesso em: 24 abr. 2021. Ao se partir da matéria citada e do conteúdo da disciplina, justif ique a importância das medidas de proteção passiva e ativa nas instituições museológicas. 5 Incêndios mostram urgência para a melhoria da preservação de museus. No último dia 29 de julho, um incêndio atingiu a Cinemateca, que possui o maior acervo audiovisual da América do Sul, formado por, aproximadamente, 250 mil rolos de filmes e mais de um milhão de documentos relacionados ao cinema. O fato chamou atenção para o estado de preservação dos museus brasileiros, já que esse não foi um caso isolado: em 2018, o Museu Nacional pegou fogo, e, em 2015, o Museu da Língua Portuguesa, também, sofreu perdas após um incêndio. FONTE: <https://www12.senado.leg.br/radio/1/noticia/2021/08/02/incendios-mostram-urgencia- -na-melhoria-da-preservacao-de-museus>.Acesso em: 24 abr. 2021. Com relação à segurança, podemos dividi-la em dois grupos: a de medidas de prevenção e a de medidas de proteção. Assim, discorra a respeito de cada uma delas e dê exemplos. https://www.osaogoncalo.com.br/geral/114617/museu-nacional-passa-por-obras-mas-a-recuperacao-do-acervo-e-um-desafio https://www.osaogoncalo.com.br/geral/114617/museu-nacional-passa-por-obras-mas-a-recuperacao-do-acervo-e-um-desafio https://www12.senado.leg.br/radio/1/noticia/2021/08/02/incendios-mostram-urgencia-na-melhoria-da-preservacao-de-museus https://www12.senado.leg.br/radio/1/noticia/2021/08/02/incendios-mostram-urgencia-na-melhoria-da-preservacao-de-museus 161 TÓPICO 3 — INAUGURAÇÃO DE EXPOSIÇÃO E CONTINUIDADE UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO A montagem da exposição é concluída, e, com ela, acontece a abertura ao grande público, porém, algumas instituições adotam o sistema de pré-inauguração para um grupo de convidados pré-selecionados, por exemplo, para artistas, colecionadores, curadores, especialistas na área/temática, patrocinadores, apoiadores etc. No dia subsequente, abrem as portas aos outros apreciadores. Inaugurada a exposição, outras ações vão ganhando destaque, como as estratégias comunicacionais para a divulgação dela nas diferentes mídias sociais. Somadas a isso, as ações culturais e educativas preenchem o calendário da exposição, e proporcionam não só a inserção de públicos no espaço expositivo, mas, também, ampliam e potencializam trocas de experiência, debates e conceitos. Ainda, é importante saber que a inauguração de uma exposição não significa a conclusão do projeto expográfico, pelo contrário, amplia os horizontes e os múltiplos debates junto a diversos públicos que possam visitá-la. Até mesmo, na atualidade, um desses públicos pode ser, exclusivamente, virtual, que nunca visitou, fisicamente, o local da mostra. Por fim, paremos para pensar na seguinte questão: e se, futuramente, apenas, ocorrerem exposições virtuais? O público, ao ter contato com exposições, está apto a elaborar o próprio entendimento no que tange ao que o museu apresenta. Ele faz uma interpretação. “O museu não tem controle sobre esse processo, uma vez que o visitante faz uma leitura do que a exposição propõe a partir dos conhecimentos prévios dele, memórias e experiência de vida” (IBRAM, 2014, p. 29). Ainda, a “experiência do visitante não se inicia na exposição, mas na construção da imagem do museu enquanto atrativo, na qualidade do acesso, na recepção que teve e nos serviços de hospitalidade que encontrou para os próprios conforto e segurança” (IBRAM, 2014, p. 30). Acadêmico, no Tópico 3, abordaremos a fase de produção. As atividades de manutenção do espaço, como a pintura de paredes e de suportes, fazem parte da infraestrutura da exposição e devem ser executadas prioritariamente, pois, normalmente, criam sujeira e pó. Em seguida, começa a montagem, até a fase de acabamento e limpeza do local, para, assim, ser recebido o acervo. Portanto, apresentaremos a questão da manutenção da exposição e o encerramento dela, pós-produção. Nesta etapa, também, realiza-se a prestação de contas, a fim de incluir todo o projeto. 162 2 MANUTENÇÃO Depois da exposição montada, enquanto ela acontece, é necessário o acompanhamento diário, para se garantir a qualidade dos suportes, dos recursos expográficos e pensar em possíveis readequações a partir do feedback, seja dos visitantes ou dos profissionais envolvidos na concepção (IBRAM, 2017). A depender da duração e do acervo exposto, é indispensável, por exemplo, planejar, além de realizar a higienização de vitrines, a verificação dos objetos, das legendas etc. Esse é um processo de comunicação constante, de observação e de análise do retorno esperado (IBRAM, 2017). Segundo Scheiner (2006), muitas vezes, essa etapa é ignorada pelas equipes, ou colocada em segundo plano, devido, talvez, à complexidade e ao desgaste dos estágios iniciais. Exposições abertas ao público requerem manutenção de rotina. Muitas vezes, as equipes são pequenas e envolvidas em vários projetos ao mesmo tempo. É muito comum, no dia seguinte da inauguração de uma exposição, começarmos a fazer um outro projeto, seja de exposição, de pesquisa, e não haver pessoal para planejar e executar as ações, aqui, descritas: a) manutenção da divulgação; b) manutenção da exposição; c) manutenção do acervo (só este quesito já é um mundo à parte, como sabemos); d) controle de visitação; e e) atividades complementares, de apoio, ou seja, programação, planejamento e desenvolvimento dessas atividades. Necessariamente, elas incluem projetos específicos para o evento de inauguração, para a manutenção da exposição por todo o tempo em que fica aberta ao público, da divulgação. Não basta divulgar que essa exposição está prestes a ser inaugurada, tem que haver uma equipe (ou, pelo menos, uma pessoa) a trabalhar na divulgação durante todo o período em que a exposição está em cartaz. É fundamental dar um feedback constante para as mídias. Elas não vêm nos aplaudir na porta se nós não as chamarmos. Sabemos que envolver uma mídia engloba um conjunto de comportamentos de longo e médio prazos. Uma relação de constância, uma negociação quase diária: se o museu não frequenta a mesa dessas pessoas, não podemos esperar que coloquem em pauta as notícias dele, sendo que cada mídia tem o próprio modo de ser. A televisão, por exemplo, é evasiva por natureza, mas, também, invasiva: para gravar cinco minutos de entrevista, ou um pequeno documentário, uma equipe chega às 8h, com dezenas de equipamentos, e enche o museu de fios e pessoas estranhas. Todo o pessoal desse museu precisa ficar, praticamente, à disposição. São necessárias pessoas preparadas, inclusive, emocionalmente, para os dias nos quais entra a televisão, pois é um dia complicado dentro de qualquer instituição. Dentro da exposição, então, pode ser um problema (SCHEINER, 2006). NOTA 163 3 DESMONTAGEM Embora possa parecer simples, à primeira vista, o processo de desmontagem exige cuidado e planejamento. Um cronograma de desmontagem é recomendado para cumprir os prazos. Pode haver uma equipe a fazer o trabalho, algo feito meticulosamente, pois envolve o manuseio de objetos, a retirada de elementos das paredes, o armazenamento e empacotamento, para que o local de entrega fique limpo e em boas condições (IBRAM, 2017). É bom ser considerado um termo de recebimento, além de um de entrega do local, para serem evitados problemas (IBRAM, 2017). DICA Antecipadamente ao encerramento da exposição ao público, a coordenadora executiva planejou o calendário da desmontagem da exposição. A desinstalação, o acondicionamento e a embalagem das peças foram realizados na presença do courrier. Nesta fase do processo, contou-se, uma vez mais, com a colaboração da equipe do MCG e com os elementos da empresa de transporte. Essa equipe do MCG verificou o Condition Report, referente a peças, com os mesmos graus de exigência e rigor de análise. Esse procedimento visou analisar todas as peças e eventuais danos sofridos durante o período da exibição. Em termos comparativos, o tempo da desmontagem foi inferior ao da montagem. Os conhecimentos da equipe do MCG e da empresa de transporte permitiram a desinstalação e o acondicionamento das peças no calendário estabelecido. Ambas as equipes estavam a par das particularidades das peças e do modo de acondicionamento nas respectivas caixas. A data de devolução delas foi planejada e comunicada, pela coordenadora executiva, com a antecedência devida, aos emprestadores envolvidos no empréstimo das peças para a exposição. A coordenadora executiva e os SC da FCG planejaram a logística do transporte, com destino aos diferentes lugares de proveniênciadas peças (GARCIA, 2010, p. 48). A passagem anterior faz parte do relatório de descrição das atividades de estágio no Museu Calouste Gulbenkian, em Portugal, no âmbito da exposição temporária Art Déco, 1925. Podemos observar que o processo de desmontagem da exposição deve ser estruturado com antecedência. O conhecimento prévio, envolvido na montagem, é um ponto positivo para a equipe, já que possibilita um conhecimento prático dos processos. Contribui-se, assim, para um fluxo de desmontagem mais eficaz, porém, isso não anula a proposição de cronogramas, ainda mais nos casos que envolvem mudanças na equipe externa. 164 “Problemas que não aconteceram na montagem, ou enquanto a exposição está aberta, podem acontecer na fase de desmontagem, se ela não foi planejada, programada, detalhada e se todo o processo não é controlado” (SCHEINER, 2006, p. 15). Seguem os principais passos da desmontagem: Planejamento das operações de desmontagem do acervo da exposição; conferência de laudos; reembalagem; devolução de obras de arte, ou objetos; e encerramento do seguro. Desmontagem da estrutura expográfica; higienização e liberação dos espaços expositivos, segundo o acordado e o estipulado em cronograma. Devolução de equipamentos, e guarda, ou descarte, de suportes expositivos. NOTA 4 AVALIAÇÃO Cada museu representa um pensamento e um saber, utilizados para a comunicação através das exposições. De um modo geral, o método visual é aplicado como linguagem básica, mas, também, há outras, como a tátil, a auditiva e a olfativa. Conforme Scheiner (2006), os museus, cada vez mais, envolvem-se com os mais diferentes recursos para propiciar a melhor fruição das próprias exposições, sendo, a principal característica deles, a comunicação com a sociedade. Como outras instituições culturais, os museus atraem aqueles visitantes que se identificam com as propostas deles (ALMEIDA, 1995). Assim, o processo comunicacional, mais especificamente, o expositivo, envolve diferentes etapas, como concepção, escrita, desenvolvimento conceitual, técnica, inauguração, manutenção e desmontagem, as quais precisam ser planejadas e avaliadas. 165 FIGURA 7 – INTER-RELAÇÃO ENTRE ÁREAS DO PROJETO EXPOGRÁFICO ELABORAR AVALIAR PRESTAR CONTA EXECUTAR FONTE: O autor A Figura 7 demonstra que, embora existam etapas distintas durante o processo, todas elas se interligam. A elaboração de um projeto expográfico tem, como finalidade, a execução de uma exposição, o que envolve o processo de prestação de contas, da equipe que elabora o projeto e da que o executa. Marca presença, ainda, a avaliação. A avaliação, segundo IBRAM (2017, p. 41), é “uma ferramenta utilizada para a compreensão e o aprofundamento do trabalho desenvolvido em uma exposição”. Ainda, avaliar é desvelar a realidade, aprimorar ações, promover atitudes e posturas, atribuir valores. Por promover a transformação que se processa a partir da vontade institucional, é entendida como a “cultura da avaliação”, que permeia a tomada de decisão em todos os níveis de trabalho de um museu. Promove a reflexão a respeito de dados, de fato, em comparação com a realidade desejada, os resultados e as intenções. Promove um juízo de valores a partir da aproximação entre o fato – o referido – e o ideal – o referente (CURY, 2005, p. 372). Avaliar um projeto expográfico, por meio de etapas e da totalidade, é importante, não só para verificar se os objetivos propostos são alcançados, mas, também, para compreender como se mantém a relação entre equipe, incluídas as percepções dos públicos apreciadores da exposição. Portanto, há dois momentos: a avaliação pela equipe da exposição, ou seja, do projeto expográfico, e a feita pelos visitantes. 166 Quando os museus passam, sempre, de maneira pausada e reflexiva, por essa fase de avaliação qualitativa, isso traz um amadurecimento fantástico para a equipe. É assim que se constituem as equipes interdisciplinares. Inter é um casamento – nós somos e seremos, sempre, multidisciplinares, nas nossas instituições, enquanto não nos sentarmos para brigar a partir das diferenças e negociar os caminhos a seguir. Podem, três pessoas, trabalhar em um projeto de exposição, mas é preciso ter coragem para dizer aquilo que aflige, que preocupa, que dói. No projeto seguinte, muitos continuam a se calar, e, com o tempo, já nem conseguem respirar perto de um colega, pois uma coisa não dita vira sombra e os ameaça. Às vezes, não conseguem trabalhar em conjunto por uma bobagem dita há três ou cinco anos. Essas são questões delicadas, as quais podem influenciar, de maneira negativa, o desempenho da equipe (SCHEINER, 2006). NOTA A equipe avalia como organizar, planejar e executar atividades. Trata-se da gerência de recursos, “dos relacionamentos interno e externo, além de como vê o resultado do trabalho final: a exposição. O público deve ter a chance de dizer a própria experiência frente ao tema abordado, como interagiu com a exposição, o que e como aprendeu” (IBRAM, 2017, p. 41). “A avaliação museológica é uma linha de pesquisa em museologia ampla o suficiente para abordar todos os aspectos do cotidiano museal. A bibliografia da área está sistematizada, de maneira a propor abordagens para avaliações em museus” (CURY, 2005, p. 371). Portanto, o controle de visitação é muito importante, mas, no Brasil, é um item que recebe pouca atenção. Para Carvalho (2005), os resultados da pesquisa de entrevistas ajudam a compreender o perfil dos visitantes e os gostos culturais e as percepções das experiências museais deles. 167 Uma dessas abordagens se refere ao campo de estudo chamado de estudos de visitantes (visitor studies), ou pesquisa de visitante de museu (museum visitor research), que engloba o uso que os visitantes fazem de exposições ou de outras atividades ou programas públicos de museus, incluindo atitudes, percepções, aprendizados, motivações, comportamentos e interações sociais. Citam-se cinco áreas cobertas por esse estudo: pesquisa e desenvolvimento de público; desenho e desenvolvimento de exposições; desenho e desenvolvimento de programas; desenho de instalações, em geral; e serviços para o visitante. Apresenta-se, por sua vez, a avaliação museológica, em cinco grupos, organizados a partir de como pode ser compreendida no contexto institucional: justificativa do valor da instituição e/ou de programas específicos dela; conjunto de informações para ajudar no planejamento a longo prazo; auxílio para a formulação de novos programas; avaliação da eficácia desses programas; e ampliação geral da compreensão de como as pessoas usam os museus através de processos de pesquisa e construção teórica. Essas duas abordagens englobam as principais preocupações inerentes aos processos de avaliação museológica: o público, o mérito dos diversos programas e serviços públicos, o mérito da instituição, a adequação arquitetônica do edifício e o planejamento institucional. No entanto, são distintas, com ênfases distintas (CURY, 2005). NOTA Segundo Almeida (1995), podemos abordar a visita por meio de três tipos básicos de impacto: “cognitivo (fatos, conceitos, princípios, habilidade de resolver problemas etc.), afetivo (excitação, amolação, disposição para entender outros pontos de vista, confiança em si etc.) e sensório-motor (atividades manuais práticas complementares à exposição)” (ALMEIDA, 1995, p. 51). 168 Para Munley, existem quatro tipos básicos de avaliação, distintos pelo momento em que são aplicados e pelos aspectos de programação estudados: avaliação formativa: dá informação da eficácia do programa durante o desenvolvimento; avaliação somativa: é realizada quando completada uma exposição, ou programa, e traz elementos para futuras programações; avaliação processual: abarca informações de procedimentos de um programa, ou exibição, e dá ênfaseàs características desse programa, como tamanho da mostra, número de palestras em um seminário, e existência de guias de galerias na exposição (o estudo procura saber como esses elementos contribuem para a aprendizagem e a satisfação do visitante); e avaliação de produto: mede e interpreta a consecução de objetivos das exposições e programas. Esses estudos focalizam os resultados de aprendizagem do visitante e as mudanças de atitudes. Esses quatro tipos podem aparecer em uma mesma avaliação, a depender dos interesses dos profissionais do museu e dos recursos existentes (ALMEIDA, 1995, p. 55). NOTA Outra metodologia adotada, de avaliação, segundo Cury (2005), é a pesquisa de recepção, que analisa os usos que o público faz do museu, da exposição e da ação educativa. Ela pode ser separada em duas perspectivas: pesquisar o e pesquisar no. Pesquisar o museu é buscar a compreensão da realidade dos museus, a fim de contemplar os seguintes desejos dos profissionais: transformar essa realidade e refinar as ações profissionais e os programas públicos da instituição. Pesquisar no museu é entendê- lo como "lugar metodológico" e contexto de elaboração e reflexão teórico-conceitual. Pesquisar em um contexto é diferente de pesquisar o contexto. Pesquisar, portanto, na exposição museológica, e/ou na situação educativa, não significa pesquisar a exposição e/ou a ação educativa, é ir além no que se refere à teorização. A museologia pesquisa o e no contexto. Pesquisa o contexto e levanta questões relevantes para a teorização de processos e para a práxis. Pesquisa, ainda, no contexto comunicacional e faz elaborações teórico-conceituais quanto às formas de apropriação do museu pelo público, ou seja, faz elaborações teórico-conceituais a partir da unidade de análise museológica, o "fato museal" (CURY, 2004, p. 93). É a avaliação que unifica o cotidiano do museu e o programa de gestão, e se ajusta, mutuamente, para aumentar a eficiência e a eficácia. Portanto, a avaliação deve ocorrer em todo o museu e atingir diferentes níveis e programas, a fim de envolver os público interno e externo, ou seja, métodos e estratégias de avaliação, ações, atividades, produtos e serviços (CURY, 2009). “A avaliação alimenta, ajusta, adequa, corrige, faz o sistema andar em direção aos objetivos traçados e aos propósitos institucionais” (CURY, 2009, p. 275). 169 Serve ao museu, a avaliação está sob o domínio da museografia. Para a museologia, a avaliação museológica 2 passa a ser pesquisa ou estudo de recepção, ou seja, ela deixa de ser avaliação de processos e resultados – para alimentar, corrigir e ajustar o projeto de gestão, fazê-lo acontecer, enfim – e passa a ser estudo de recepção, das formas de uso que o público faz do museu e das interações geradas pelas exposições, em face das mediações culturais. A pesquisa de recepção de público é importante para o museu, porque são os usos que o público faz dele que o dão uma forma social. A pesquisa de recepção é fundamental para a museologia, pois é uma das possibilidades de produção de conhecimento e construção teórica (CURY, 2009, p. 275). Os resultados podem contribuir para planejar novos projetos, orientar as divulgações deles e avaliar os pontos positivos e a serem desenvolvidos, como uma contribuição para as futuras exposições. Vejamos, a seguir, um exemplo de formulário de um guia de montagem de uma exposição, referente à exposição itinerante Um Mundo sem Trabalho Infantil. QUADRO 1 – MODELO DE QUESTIONÁRIO UM MUNDO SEM TRABALHO IFANTIL Prezado visitante, Assim como a sua presença é muito importante para o sucesso deste evento, a sua opinião é essencial ao aperfeiçoamento de futuros eventos. Por isso, solicitamos o preenchimento do questionário a seguir e a devolução dele. Equipe da Curadoria Indique seu grau de satisfação em relação aos itens a seguir, atribuindo notas de 1 (insuficiente) a 5 (excelente). 1 – Insuficiente, 2 – Regular, 3 – Bom, 4 – Ótimo, 5 – Excelente 1. Conhecimento do tema antes da visita à exposição: 1 2 3 4 5 2. Conhecimento do tema depois da visita à exposição: 1 2 3 4 5 3. Clareza do conteúdo apresentado: 1 2 3 4 5 4. Interesse no tema: 1 2 3 4 5 170 5. Divulgação/informação recebida: 1 2 3 4 5 6. A visita à exposição fez com que você se sentisse mais sensível e esclarecido no diz respeito ao tema? 1 2 3 4 5 7. Você indicaria uma visita a esta exposição para outras pessoas? 1 2 3 4 5 8. Disponibilidade de informações e materiais relacionados ao tema: 1 2 3 4 5 9. O local e o horário da exposição estão adequados com o interesse em divulgar o tema? 1 2 3 4 5 10. Avalie o conhecimento dos monitores: 1 2 3 4 5 11. Avalie o material gráfico distribuído: 1 2 3 4 5 12. Como você ficou sabendo da exposição? Internet/Rádio/TV - Colegas/Amigos/Familiares - Panfletos 13. Você já sabia do compromisso do Brasil de erradicar o trabalho infantil até 2020? Sim Não Registre suas sugestões/opiniões a respeito do tema: FONTE: <https://www.tst.jus.br/documents/16904710/4f2356c1-6855-41c3-8148-b35f- f4bbf0c0>. Acesso em: 24 abr. 2021. https://www.tst.jus.br/documents/16904710/4f2356c1-6855-41c3-8148-b35ff4bbf0c0 https://www.tst.jus.br/documents/16904710/4f2356c1-6855-41c3-8148-b35ff4bbf0c0 171 Elaboração de relatórios setoriais pelas equipes envolvidas; reunião dos profissionais para uma avaliação conjunta dos resultados positivos e negativos obtidos pelo projeto: nessa ocasião, deve-se estimular o espírito de aprimoramento metodológico para embasar futuros processos de trabalho coletivo. Elaboração de um relatório final para a organização responsável pelo projeto, para entrega aos organismos fiscalizadores de aplicação dos recursos que foram disponibilizados, e que tem base em incentivos fiscais à cultura e para encaminhamento aos patrocinadores. O relatório final deve conter: síntese global, de preferência ilustrada, dos principais pontos alcançados pelos diferentes setores atuantes no projeto; recursos aplicados; consolidação dos resultados obtidos junto a diferentes públicos (espontâneo, escolar, universitário, idosos etc.); resultados de divulgação na mídia (clipping), com mensuração atualizada; e análise comparativa com outros projetos similares. O relatório final não é um documento de conciliação, mas de reflexão, pois analisa desempenhos, presta contas, tece considerações e sinaliza mudanças. É importante assinalar que se trata de um documento motivacional, e não de passiva prestação de contas. O recebimento de um relatório gabaritado e analítico, que desperte a atenção do patrocinador, pela atualidade e pela capacidade avaliativa dele, é um instrumento propulsor de um novo investimento, podendo motivar um novo patrocínio a uma mesma instituição, ou grupo organizador de exposições. Como ação final, deve-se registrar o agradecimento às instituições apoiadoras, aos patrocinadores, às equipes que colaboraram para o sucesso do projeto (FRANCO, 2018). NOTA 172 LEITURA COMPLEMENTAR A VIDA SECRETA DAS OBRAS DE ARTE Montar uma exposição envolve anos de logística e preparação. Veja pelo que as obras passam para chegar até a câmera do seu celular. Maria Clara Rossini As obras da artista venezuelana Gertrud Goldschmidt – mais conhecida como Gego – saíam do Tate Museum of Modern Art rumo ao MASP, em São Paulo. Elas pegaram avião, passaram pela alfândega e percorreram um bom caminho de estrada para fazer parte de uma exposição de arte dedicada à artista, que teve início no dia 13 de dezembro. A capital britânica não foi a única que deixou as obras de Gego aos cuidados brasileiros. Estados Unidos, Venezuela, Alemanha, Argentina e Espanha também contri- buíram com os mais de 150 trabalhos que compõem a exposição. Durante a semana do dia 25 de novembro, os aeroportos de Guarulhos e Viracopos não paravam de receber obras de arte. Éassim que funcionam os bastidores de qualquer grande exposição. Todos os dias, dezenas de obras de arte circulam pelo ar e pelas estradas do mundo. Mas a operação de enviar quadros de milhões de dólares para outro país é mais complexa do que parece. É nesse pesadelo logístico/artístico que vamos mergulhar nas próximas páginas. EMPRÉSTIMO Criar uma exposição do zero demanda pesquisa e muita, mas muita antecedência. O MASP já tem sua programação definida até 2025. Não é à toa. A montagem de uma exibição de arte requer empréstimos de outros acervos, o que envolve negociação, burocracia e, claro, imprevistos. Ao contrário da compra de uma obra – que pode custar milhões para o museu que quiser aumentar o acervo –, o empréstimo não envolve um dinheiro de “aluguel”. Há um entendimento universal de que a função dos museus é disseminar cultura. Não que saia de graça, já que o museu solicitante precisa pagar pelo transporte da obra, além de outras despesas que vamos ver mais adiante. 173 Você precisa agendar o tal empréstimo com mais ou menos um ano de antecedência. Os curadores fazem uma lista de obras que desejam ter em sua exposição e o museu que vai abrigar a mostra se encarrega de entrar em contato com outras instituições para solicitá-las. Aí cabe a cada instituição decidir se vai emprestar ou não. Isso vai depender da agenda da obra (se ela já está prometida para outro museu), do estado de conservação e das condições do museu que está solicitando o empréstimo. Dificilmente o Museu de Arte Moderna de Nova York vai emprestar um Van Gogh para um museu sem climatização adequada nos trópicos. Por isso, todos devem preencher um relatório longuíssimo especificando as características do prédio em que acontecerá a exposição – do material predominante na construção do edifício ao sistema de segurança do local. O processo é o mesmo quando a obra pertence a um colecionador particular. A organização da exposição entra em contato com o proprietário e ele acorda suas condições de empréstimo. Tanto o colecionador quanto o museu podem recusar o pedido, naturalmente. O Louvre não empresta a Mona Lisa de jeito nenhum – de acordo com uma estimativa do próprio museu parisiense, dos 10 milhões de visitantes que passam lá por ano, 80% vão para ver o quadro de Da Vinci. Sozinha, a Mona atrai mais turistas do que o Brasil inteiro, que recebe só 6,5 milhões de estrangeiros por ano. Para tirar ela de lá, só roubando (o que aconteceu de fato, em 1911). Os colecionadores particulares também têm seus caprichos. O dono de uma obra pode estar organizando uma festa, e vai querer sua obra estampada na parede no grande dia. Elas ficam bem mais seguras em reservas de arte, e só saem para passear em ocasiões específicas. Para evitar que a exposição fique com espaços vazios, então, a lista dos curadores costuma ser maior do que o museu pode suportar. NOS TRINQUES Pense em um quadro do século 18. Se ele nunca tiver recebido um trato, estará um trapo. Mas alguns truques podem ajudá-lo a se aproximar daquilo que o artista viu no dia em que terminou a obra e disse “parla”. Um deles é retirar o verniz da tela, que geralmente é aplicado na finalização de uma pintura. Ele fica amarelado com o tempo, e muda totalmente a cor do que está por trás. “Uma vez estávamos restaurando uma obra que tinha o fundo verde, mas, depois que tiramos o verniz, vimos que o fundo verdadeiro era azul”, diz Cecília Winter, restauradora do MASP. Outras intervenções são bem mais urgentes e precisam ser feitas para garantir a sobrevivência da obra. Após alguns anos, a tinta de um quadro pode descolar da tela, assim como acontece com um adesivo que perde a aderência. Nesse caso, os restauradores grudam delicadamente a pintura original de volta, de modo que ela resista por mais tempo. 174 Esse tipo de cuidado pode ser necessário antes de embarcar para uma exposição. A obra passa horas no vaivém do transporte, então todo cuidado é pouco. Se ela precisar de um preparo extra, o museu de origem faz a restauração e a conta geralmente vai para o museu de destino. Além dos danos causados pelo tempo, há as falhas humanas. Em 2006, o colecionador americano Steve Wynn acidentalmente bateu o cotovelo na obra Le Rêve – uma das mais famosas de Pablo Picasso – enquanto mostrava o quadro para seus amigos. Resultado: um rasgo de 20 centímetros no braço esquerdo da figura. O restauro custou o equivalente a R$ 500 mil em valores de hoje. Custou, mas valeu: o trabalho deixou o dano imperceptível. Sete anos depois, o colecionador desastrado vendeu o quadro por US$ 155 milhões (mais de duas vezes o que ele pagara pela obra, cinco anos antes). Não houvesse um reparo possível, o valor seria outro, dezenas de milhões de dólares abaixo. Está aí o tamanho da responsabilidade de restaurar um Picasso, um Renoir, um Monet… Não é um trabalho trivial. Você talvez se lembre da senhora espanhola que tentou “restaurar” uma pintura de Jesus em sua igreja, mas acabou desfigurando completamente o rosto do coitado. Por essas, existem até cursos de graduação de nível superior em conservação e restauro. Algumas universidades federais oferecem, inclusive, como Minas Gerais, Rio de Janeiro e Pelotas. O PARAÍSO DOS QUADROS Melhor prevenir do que remediar. Esse é um ditado que funciona plenamente aqui. Para evitar desgastes, as obras devem ser mantidas em condições específicas de umidade e temperatura o tempo todo – ar-condicionado a 20 graus celsius e 50% de umidade é o paraíso dos quadros. “A umidade é o fator mais crítico. Se não estiver no nível adequado, ela pode pegar fungos e bactérias extremamente difíceis de tirar”, diz Diogo Mantovani, que trabalha na reserva de obras de arte Clé, em São Paulo. No caso de uma infestação, a dedetização pode ser feita com a aplicação de raios gama, que ataca o DNA dos organismos e provoca a morte das células, sem efeitos colaterais para a obra. Um outro jeito de matar esses microrganismos é colocar a obra em uma câmara anóxia, ou seja, um ambiente sem oxigênio. Esse é um luxo reservado aos museus mais abastados. O Louvre exige que cada obra fique 20 dias dentro de uma câmara dessas sempre que retorna de um empréstimo. Assim, não há risco de infecção para o resto do acervo. A luz é o terceiro fator de risco. O efeito mais visível da exposição contínua à luminosidade é na cor, que acaba desbotando com o tempo. Até por isso você não pode usar flash em museu. Se a obra for extremamente sensível, ela mal pode ser exposta. 175 Pense no rosto de Leonardo da Vinci. A imagem que vai vir provavelmente é a de um autorretrato que ele desenhou em 1512, aos 60 anos. Apesar de a imagem ser extremamente popular, é pouco provável que chegue a encontrá-la pessoalmente algum dia. Tudo por causa do controle de luz. O papel e a tinta do retrato são tão frágeis que ele fica guardado em uma câmara escura na cidade de Turim, ao norte da Itália. O desenho só foi exibido ao público quatro vezes na última década, como no aniversário de 150 anos da unificação italiana. Com exceção de casos extremos como esse, a grande maioria das obras tem condições de ir e voltar de uma exposição sem problemas. Mas, para que tudo dê certo, há um detalhe fundamental: a viagem até lá. ASSIM NA TERRA... Algumas semanas antes do início da exposição, chega a hora de as obras embarcarem para o museu de destino. Transportadoras especializadas em arte se encarregam de embalar a carga e organizar a logística e a segurança do trajeto. A primeira empresa dessas, a André Chenue, nasceu em 1760, na França, com um foco um pouco diferente: transportaras roupas de Maria Antonieta. A Chenue precisava fazer embalagens tão requintadas para a rainha dos brioches que acabou se especializando no mundo complexo das obrasde arte. Mesmo que contrate uma empresa assim, o museu de empréstimo também tem sua parte no processo de transporte. O Courier é o funcionário da instituição que fica responsável por acompanhar cada passo da obra, como se fosse um segurança 24 horas. Courier significa, literalmente, “correio” – ele segue o quadro ou a escultura do museu de origem até o destino final. Por onde quer que ela passe, o courier vai junto. As caixas que carregam as obras também podem ser um universo à parte. “Existem caixas e caixas. A gente já recebeu algumas bem duvidosas, mas outras eram incríveis. Pareciam fabricadas pela Nasa!”, diz Marina Moura, produtora de exposições do MASP. Falar sobre os diferentes tipos de caixas vira conversa corriqueira no WhatsApp das expositoras. A visão, de fato, é surpreendente. A exibição da Gego, mencionada no início desta reportagem, recebeu esculturas de cerca de um metro de altura, e as caixas passavam facilmente dos dois metros. Elas são feitas sob medida para cada obra, levando em consideração o tamanho, fragilidade, trajeto e especificidades de cada uma. As mais sofisticadas chegam a custar 12 mil euros. É o caso da Turtle box, a “Ferrari” das caixas. O casco desse caixote é composto por painéis isolantes, espuma de poliuretano, madeira compensada, parafusos especiais e amortecedores, além de se ajustar de acordo com o tamanho da obra. Quase um transformer. 176 O mais importante é que as caixas mantenham a temperatura e umidade que a obra precisa. Para isso, elas ficam “se refrescando” durante 24 horas no museu, para absorver o clima antes da obra entrar. A partir daí, os materiais isolantes e térmicos da caixa se encarregam de manter essas condições até o destino final. Além disso, a caixa ainda é totalmente vermifugada para evitar qualquer risco de cupins. As obras viajam, basicamente, de duas maneiras: avião e caminhão. A opção marítima é descartada por razões óbvias – quanto mais rápido ela voltar às condições ideais, melhor. O caminhão que faz o transporte até o aeroporto geralmente é climatizado, tem suspensão a ar (para diminuir o impacto das vibrações) e rastreamento via satélite. Se o quadro for uma celebridade de primeira linha, então, o cuidado é maior ainda. O Museu Van Gogh, de Amsterdã, cedeu 75 quadros do pintor ruivo de orelha cortada, para o Hermitage, o fabuloso museu de São Petersburgo. Eles saíram em diversos carros-fortes (cada um levava poucos quadros, dado o tamanho das Turtle boxes). Tudo numa operação acompanhada de perto pela polícia. Como em toda regra, existem exceções. Enquanto algumas obras são protegidas por caixas high tech e escolta policial, outras não recebem tantas mordomias. “Já vimos um colecionador particular trazer um quadro amarrado no teto do carro”, dizem os diretores da ArtQuality, filial brasileira da André Chenue. Talvez, você já tenha viajado bem em cima de um Portinari. Isso porque esses trabalhos de milhões de dólares voam no mesmo compartimento das suas malas no avião. Nem todas as companhias topam fazer esse tipo de transporte, dado o preço e a fragilidade da carga – duas que fazem, para dar um exemplo, são a Air France e Lufthansa. Mas as caixas maiores, com mais de 1,6 metro, precisam ir em aviões cargueiros. A caixa high tech segura a bronca de manter a integridade da obra. Mas o courier estará lá, para monitorar se os carregadores estão colocando-as do jeito certo no bagageiro. A face de um quadro sempre fica virada para frente, na direção de decolagem e da aterrissagem do avião. Isso evita que a aceleração faça a tinta escorrer. O COMEÇO Abrir a caixa no local de exposição é quase um ritual. Ela deve passar um dia climatizando no espaço de exposição, até a temperatura no interior dela ficar igual à do lado de fora. Só depois a força-tarefa do museu se reúne para desparafusar e tirar a tampa. Se tudo correr bem, os quadros vão para a parede. FONTE: <https://super.abril.com.br/especiais/a-vida-secreta-das-obras-de-arte/>. Acesso em: 24 abr. 2021. https://super.abril.com.br/especiais/a-vida-secreta-das-obras-de-arte/ 177 Neste tópico, você aprendeu: • Uma exposição, após inaugurada, demanda ações para a continuidade dela, como divulgação, manutenção, higienização do acervo, controle de visitação, ações culturais e educativas, atividades complementares e de apoio, ou seja, a produção de uma exposição desenvolve ações programadas para a inserção do público no espaço expositivo e ações de manutenção, visando às qualidades técnica e estética. • A desmontagem de uma exposição deve ser planejada previamente. O cronograma de desmontagem precisa levar em consideração diferentes etapas: primeiramente, a retirada das obras, e, após, a avaliação do estado de conservação delas, emitidos e atualizados os laudos técnicos, até o destino final, com o acondicionamento, para regressarem ao local de origem, prezando pelos prazos constantes no contrato do seguro. • A avaliação museológica é uma linha de pesquisa da museologia e possui diferentes divisões, por Screven (1990): (1) Avaliação preliminar: busca conhecer os conceitos, os preconceitos e os mal-entendidos do público potencial no que diz respeito a temas a serem tratados na exposição. (2) Avaliação formativa: é executada durante a etapa de elaboração, construção ou modificação da exposição. Os resultados são usados para modificar ou aprimorar os elementos dessa exposição, a fim de se alcançar o sucesso na aprendizagem ou no estímulo do comportamento do visitante. (3) Avaliação somativa: é exercida quando a exposição já está instalada. Os resultados estabelecem a efetividade em relação às metas iniciais, e informam o que precisa ser modificado. (4) Avaliação corretiva: é empreendida durante o período expositivo, quando se percebe algum problema, provavelmente, indicado na avaliação somativa. Focaliza esse problema com os visitantes, para que seja solucionado (FRANCO, 2018). • São vários os caminhos para museus incluírem ações avaliativas nas rotinas deles. Atualmente, existem diferentes técnicas e modelos à disposição, além de profissionais especializados na área. Os museus que queiram experimentar a avaliação de uma exposição podem realizá-la desde o início do projeto, até o encer ramento. Seja qual for a opção adotada, um processo de avaliação, empreendido com competência técnica, é de grande valia para garantir a qualidade da comu nicação e traz, certamente, ótimos subsídios para futuros projetos em uma instituição (FRANCO, 2018). RESUMO DO TÓPICO 3 178 1 O MASP desenvolve ações que buscam motivar a curiosidade, a colaboração e a convivência de públicos. Essas ações, que constituem o que chamamos de "Mediação e Programas Públicos", estão integradas aos processos das exposições, assim, tornam, o museu, um lugar para formação e compartilhamento de conhecimento, mais do que, simplesmente, um lugar de exibição. FONTE: <https://masp.org.br/mediacao>. Acesso em: 24 abr. 2021. Após a inauguração de uma exposição, várias ações podem ser desenvolvidas durante o período de abertura. Sobre essas ações, analise as sentenças a seguir. I- Depois da exposição montada, enquanto ela acontece, é necessário realizar o acompanhamento diário da qualidade dos suportes, dos recursos expográficos, além de pensar em possíveis readequações, a partir de feedbacks de visitantes e de profissionais envolvidos na concepção. II- A divulgação é necessária nos meios de comunicação de massa, a fim de se disponibilizar o release, com as principais informações da exposição, como dias e horários de funcionamento, se gratuita etc. III- Ações culturais e educativas se efetivam durante o período expositivo. As educativas podem prever a mediação com grupos organizados, provenientes de escolas, com jogos e materiaisdidáticos para as diversas faixas etárias, além de acessibilidade diferenciada para portadores de necessidades especiais, como deficientes visuais e/ou auditivos. IV- A avaliação é uma ferramenta utilizada para a compreensão e o aprofundamento do trabalho desenvolvido em uma exposição. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Somente a sentença IV está correta. b) ( ) Somente a sentença III está correta. c) ( ) Somente a sentença I está correta. d) ( ) As sentenças I, II, III e IV estão corretas. 2 Duas exposições do Museu Oscar Niemeyer entram na reta final. Duas mostras de grande sucesso, realizadas pelo Museu Oscar Niemeyer (MON), estão nos últimos dias das temporadas: Forma e Matéria, da designer brasileira Claudia Moreira Salles; e Mens Rea: A Cartografia do Mistério. Em cartaz na Sala 11, do MON, apenas, até domingo (6), a exposição Mens Rea: A Cartografia do Mistério, com curadoria de Luiz Gustavo Carvalho, é inédita no Paraná e apresenta um conjunto de obras instigantes do artista Mac Adams, um dos fundadores da Arte Narrativa (Narrative Art). AUTOATIVIDADE https://masp.org.br/mediacao 179 A mostra Forma e Matéria, da designer brasileira Claudia Moreira Salles, conta com 44 peças, sendo três inéditas. A exposição, idealizada por Kátia d’Avillez, e com curadoria de Waldick Jatobá, poderá ser vista na Sala 2 até 13 de março. FONTE: <https://www.aen.pr.gov.br/Noticia/Duas-exposicoes-do-Museu-Oscar-Niemeyer-entram- -na-reta-final>. Acesso em: 24 abr. 2021. Com relação à pós-produção, mais especificamente, na desmontagem, avalie as afirmativas a seguir: I- A desinstalação, o acondicionamento e a embalagem das peças não devem ser realizados na presença do courrier. II- Um cronograma de desmontagem não é recomendado, pois devemos realizar as demandas conforme a disponibilidade da equipe. III- Na desmontagem, devemos priorizar a retirada dos equipamentos eletrônicos; depois, da iluminação; e, somente, por último, do acervo. IV- O manuseio de acervos deve ser feito, sempre, com luvas limpas, de tecido ou sili- cone, a depender do tipo de acervo, pois a sujeira e a gordura natural das mãos podem ocasion ar danos graves aos objetos. Assinale a alternativa CORRETA: a) As sentenças II e IV estão corretas. b) As sentenças I, II e III estão corretas. c) Somente a sentença III está correta. d) Somente a sentença IV está correta. 3 Na dissertação de M. Cristina O. Bruno, encontramos a continuidade da avaliação que determina a concepção de uma nova programação. Bruno avaliou a ação museológica do Instituto de Pré-História da USP, que incluía a exposição de longa duração 27 Anos de Preservação, Pesquisa e Ensino (1978-1983), exposições itinerantes e o serviço educativo. A pesquisadora obteve grande parte do material, para avaliação, através de questionários respondidos pelos estudantes que visitavam, com monitoria, o Museu de Pré-História Paulo Duarte. A partir da análise dos vários resultados, Bruno desenvolveu novos programas de ação museológica (1984) (ALMEIDA, 1995). Assim, com relação à avaliação, analise as sentenças a seguir: I- A avaliação deve ser realizada, exclusivamente, a partir de exposições itinerantes, sempre, ao concluir a pré-produção. II- Segundo Cury (2005), avaliar é desvelar a realidade, aprimorar ações, promover atitudes e posturas e atribuir valores. III- Avaliar um projeto expográfico, pelas etapas e totalidade, não é importante, pois não é necessário verificar se os objetivos propostos são alcançados, ou compreender como é a relação entre a equipe, além das percepções dos públicos. IV- Podemos abordar a visita a partir de três tipos básicos de impacto: “não cognitivo (fatos, conceitos, princípios, habilidade de resolver problemas etc.), afetivo (excitação, amolação, disposição para entender outros pontos de vista, confiança em si etc.) e sensório-motor (atividades manuais, práticas complementares à exposição)” (ALMEIDA, 1995, p. 51). https://www.aen.pr.gov.br/Noticia/Duas-exposicoes-do-Museu-Oscar-Niemeyer-entram-na-reta-final https://www.aen.pr.gov.br/Noticia/Duas-exposicoes-do-Museu-Oscar-Niemeyer-entram-na-reta-final 180 Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) I e II. b) ( ) I, II e III. c) ( ) I, II, III e IV. d) ( ) II e IV. 4 Curitiba – Exposição sobre a Semana de 22 e o Modernismo entra em reta final. A exposição fica na Sala Domício Pedroso do MuMA – Portão Cultural (Av. República Argentina, 3430 - Portão). A exposição Reencontros em 22 está chegando ao fim. Até o dia 24 de março, o MuMA – Museu Municipal de Arte recebe os interessados em aprenderem mais a respeito desse movimento e acompanharem a trajetória de uma turma de artistas formados pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná. A exposição fica na Sala Domício Pedroso, do MuMA – Portão Cultural (Av. República Argentina, 3430 - Portão). O museu pode ser frequentado de terça-feira até domingo, das 10h às 19h. A entrada é gratuita e livre para todos os públicos. O trabalho é a reunião de uma turma dos anos 1980 que, 38 anos depois, decidiu montar uma mostra que cruza trabalhos individuais e coletivos, a fim de expressar reencontros da turma e reflexões a respeito do centenário da Semana de Arte Moderna de 1922. FONTE: <https://cgn.inf.br/noticia/718868/curitiba-exposicao-sobre-a-semana-de-22-e-o-moder- nismo-entra-em-reta-final>. Acesso em: 24 abr. 2021. Quais são as ações a serem realizadas na etapa de pós-produção? Justifique. 5 Nos últimos 25 anos, na Europa e na América do Norte, houve um aumento do número de pesquisas de público de museus, as quais passaram de enquetes demográficas para estudos de comportamento, personalidade, referências, reações e assimilação dos visitantes. A preocupação com a fruição da exposição, pelo público, não é nova. Em publicações, ela aparece no início deste século (EUA/1916), em um artigo de Benjamin Gillman, a respeito da fadiga em museus, causada, segundo ele, pelas vitrinas mal estruturadas (frente a elas, as pessoas têm que se curvar para enxergar), além do fato de o museu ser um lugar tenebroso, chato, um depósito de bric-àbrac. Nos anos 20, em Viena, Otto Neurath desenvolve a avaliação da exposição do Museu Econômico e Social. O eixo é o visitante: busca-se saber as necessidades e os desejos dele para se decidirem as informações a serem comunicadas e de que maneira deve ocorrer a apresentação (ALMEIDA, 1995). Assim, disserte a respeito da avaliação em museus e da importância institucional dela. https://cgn.inf.br/noticia/718868/curitiba-exposicao-sobre-a-semana-de-22-e-o-modernismo-entra-em-reta-final https://cgn.inf.br/noticia/718868/curitiba-exposicao-sobre-a-semana-de-22-e-o-modernismo-entra-em-reta-final 181 ALMEIDA, A. M. Estudos de público: a avaliação de exposição como instrumento para compreender um processo de comunicação. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, v. 5, n. 1, p. 325-334, 1995. BARBOSA, F. L. Manual de montaje de exposiciones. Bogotá: Museo Nacional de Colombia; Instituto Colombiano de Cultura, 1993. CARVALHO, R. M. R. As transformações da relação museu e público: a influência das Tecnologias da Informação e Comunicação no desenvolvimento de um público virtual. 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