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Indaial – 2021 Produção da Cerveja Prof.a Nívea de Lima da Silva 1a Edição Controle de Elaboração: Prof.a Nívea de Lima da Silva Copyright © UNIASSELVI 2021 Revisão, Diagramação e Produção: Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI Impresso por: S586c Silva, Nívea de Lima da Controle de produção da cerveja. / Nívea de Lima da Silva – Indaial: UNIASSELVI, 2021. 162 p.; il. ISBN 978-65-5663-975-8 ISBN Digital 978-65-5663-976-5 1. Fabricação da cerveja. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 660 Olá, acadêmico! Seja bem-vindo ao Livro Didático Controle de Produção da Cerveja. Nesta disciplina, abordaremos as características das principais matérias- primas, aquelas que estão presentes em todas as cervejas, e as matérias-primas adjuntas, aquelas que são acrescentadas para agregar alguma característica à cerveja. Para começar, na Unidade 1, conheceremos as características das matérias- primas da cerveja, que são: malte, água, lúpulo e levedura. Conheceremos, também, as características dos adjuntos do malte, que são as fontes de carboidratos para cerveja. Além disso, falaremos dos adjuntos da cerveja que são o monóxido de carbono, os antioxidantes, as acidulantes, os estabilizantes e os antiespumantes. Finalizaremos falando do processo produtivo da cerveja, a sequência de ações que levam a produção dessa bebida. Os equipamentos envolvidos no processo produtivo e como é preparada cada uma das etapas do processo. Na Unidade 2, estudaremos o controle de produção da cerveja, enfatizaremos as características dos fluxogramas de processo e dos diagramas de blocos. Conheceremos os instrumentos envolvidos no controle desses equipamentos, mostrar ando o processo de controle de temperatura no cozimento e na fermentação da cerveja. Falaremos dos tipos de controladores e das siglas (tags) usadas nas plantas industriais para designar os instrumentos. Por fim, na Unidade 3, falaremos das análises envolvidas no controle de qualidade da cerveja e os métodos de padronização de produção. Encerraremos com a caracterização da gestão de produção da cerveja e com a descrição das ferramentas de qualidade utilizadas no processo. Boa leitura e bons estudos! Prof.a Nívea de Lima da Silva APRESENTAÇÃO Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos. GIO QR CODE Olá, eu sou a Gio! No livro didático, você encontrará blocos com informações adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender melhor o que são essas informações adicionais e por que você poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto estudado em questão. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual – com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Preparamos também um novo layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os seus estudos com um material atualizado e de qualidade. ENADE LEMBRETE Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conheci- mento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa- res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira, acessando o QR Code a seguir. Boa leitura! SUMÁRIO UNIDADE 1 — ETAPAS DE PRODUÇÃO DA CERVEJA E VARIAÇÕES ................................... 1 TÓPICO 1 — CARACTERIZAÇÃO DAS MATÉRIAS-PRIMAS E ADJUNTOS DA CERVEJA .........3 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................3 2 AS MATÉRIAS-PRIMAS E ADJUNTOS DA CERVEJA .........................................................3 2.1 MATÉRIAS-PRIMAS DA CERVEJA (ÁGUA, MALTE, LÚPULO E FERMENTO) .......................... 10 2.1.1 Adjuntos da cerveja (antioxidantes, acidulantes, estabilizantes, antiespumantes) .......... 19 RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................................ 22 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 23 TÓPICO 2 — ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO: PARTE 1 ............................................ 25 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 25 2 ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO .............................................................................. 25 2.1 MOAGEM DO MALTE, MOSTURAÇÃO, BRASSAGEM, DECOCÇÃO, FILTRAÇÃO DO MOSTO ..........26 2.2 FERVURA DO MOSTO, CARACTERIZAÇÃO DO MOSTO, TRATAMENTO E RESFRIAMENTO DO MOSTO ...................................................................................................................................................29 RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................................ 33 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 34 TÓPICO 3 — ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO: PARTE 2 .............................................37 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................37 2 CONTINUAÇÃO DAS ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO ............................................37 2.1 PREPARO DO INÓCULO E FERMENTAÇÃO E MATURAÇÃO .......................................................38 2.2 ACABAMENTO E EMBALAGEM ....................................................................................................... 40 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................................45 RESUMO DO TÓPICO 3 ......................................................................................................... 51 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 52 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 54 UNIDADE 2 — CONTROLE DO PROCESSO PRODUTIVO DA CERVEJA ..............................57 TÓPICO 1 — INSTRUMENTAÇÃO ..........................................................................................59 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................59 2 A INSTRUMENTAÇÃO INDUSTRIAL..................................................................................59 2.1 DESCRIÇÃO DOS EQUIPAMENTOS DA PLANTA INDUSTRIAL E DOS PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLE ..................................................................................................................60 2.2 DEFINIÇÕES UTILIZADAS NAS PLANTA INDUSTRIAL ................................................................ 67 2.3 COMPONENTES DA INSTRUMENTAÇÃO ....................................................................................... 74 RESUMO DO TÓPICO 1 .........................................................................................................81 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 82 TÓPICO 2 — TIPOS DE CONTROLADORES ......................................................................... 85 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 85 2 TIPOS DE CONTROLADORES UTILIZADOS NAS PLANTAS INDUSTRIAIS .................... 85 2.1 CONTROLADORES PID ...................................................................................................................... 88 2.2 MICROCONTROLADORES .................................................................................................................89 RESUMO DO TÓPICO 2 ......................................................................................................... 91 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................. 92 TÓPICO 3 — CONTROLE DE TEMPERATURA .......................................................................95 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................95 2 CONTROLE DE TEMPERATURA NOS PROCESSOS PRODUTIVOS ..................................95 2.1 CONTROLE DE TEMPERATURA NO COZIMENTO ..........................................................................98 2.2 CONTROLE DE TEMPERATURA DA FERMENTAÇÃO...................................................................98 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................... 101 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................... 110 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................111 REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 113 UNIDADE 3 — ANÁLISE E PADRONIZAÇÃO DO PROCESSO PRODUTIVO ....................... 115 TÓPICO 1 — ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA .............................................................................117 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................117 2 COMO É FEITA A ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA ................................................................. 118 2.1 POTENCIAL HIDROGENIÔNICO (pH) e AMARGOR .......................................................................119 RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................................128 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................129 TÓPICO 2 — ANÁLISE MICROBIOLÓGICAS ....................................................................... 131 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 131 2 BACTÉRIAS GRAM-POSITIVAS E GRAM-NEGATIVAS .................................................. 131 RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................................139 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................... 140 TÓPICO 3 — PADRONIZAÇÃO DO PROCESSO PRODUTIVO .............................................143 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................143 2 FERRAMENTAL DE QUALIDADE ....................................................................................143 2.1 GESTÃO DA PRODUÇÃO ................................................................................................................... 145 LEITURA COMPLEMENTAR ...............................................................................................152 RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................................158 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................159 REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 161 1 UNIDADE 1 - ETAPAS DE PRODUÇÃO DA CERVEJA E VARIAÇÕES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • identificar as matérias-primas da cerveja; • caracterizar os compostos adjuntos do processo produtivo da cerveja; • compreender cada etapa do processo produtivo da cerveja; • descrever as etapas de acabamento e embalagem da cerveja. A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – CARACTERIZAÇÃO DAS MATÉRIAS-PRIMAS E ADJUNTOS DA CERVEJA TÓPICO 2 – ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO: PARTE 1 TÓPICO 3 – ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO: PARTE 2 Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 1! Acesse o QR Code abaixo: 3 CARACTERIZAÇÃO DAS MATÉRIAS- PRIMAS E ADJUNTOS DA CERVEJA 1 INTRODUÇÃO TÓPICO 1 - UNIDADE 1 Acadêmico, no Tópico 1, falaremos das principais matérias-primas envolvidas nos processos de produção da cerveja, como: o lúpulo; o malte, que é obtido por meio da cevada; a água; e a levedura ou fermento. Veremos como cada matéria-prima atua no processo produtivo, a importância da qualidade da água para esse processo e a composição dessa matéria-prima. Posteriormente, falaremos dos adjuntos do malte, que são componentes contendo carboidratos utilizados na etapa de preparo do malte (trituração) ou são adicionados diretamente na etapa de fervura da cerveja (xaropes e adjuntos açucarados). Os adjuntos da cerveja são matérias-primas utilizadas para conferir propriedades à cerveja, tais como: antiespumantes; antioxidantes; acidulantes; estabilizantes; oxigênio; e dióxido de carbono. Aprenderemos a função de cada matéria-prima e adjuntos do malte e da cerveja. Os antioxidantes, por exemplo, impedem a oxidação dos lipídios presentes na cerveja pelo oxigênio, permitindo que a bebida atenda ao tempo de validade previsto de seis meses. 2 AS MATÉRIAS-PRIMAS E ADJUNTOS DACERVEJA A cerveja é uma bebida não destilada produzida a partir da fermentação alcoólica de um mosto contendo, pelo menos, um cereal maltado, podendo possuir teor alcoólico entre 0,05% até 14,9% vol./vol. A cerveja pode ser classificada como sem álcool se apresenta 0,05% vol./vol. de álcool. No Brasil, o mais comum, é a cerveja possuir 5% de teor alcoólico (AMARO JR. et al., 2009). O processo de produção da cerveja é constituído de uma sequência de operações unitárias aprimoradas durantes anos. Iniciando com a trituração da cevada que, normalmente, ocorre junto com outro cereal, como: o arroz; o milho; ou o trigo. Estes são cereais não maltados, especiarias e cereais que possuam fontes de açúcar fermentáveis. Após a moagem da cevada, inicia-se o processo de germinação, que permite a formação dos açúcares do mosto. 4 Os adjuntos do malte possuem amidos, que são hidrolisados por meio das enzimas presentes no malte, transformando os amidos em açúcares fermentescíveis. O que significa que, na etapa de fermentação, esses açúcares vão se transformar principalmente em álcool etílico e dióxido de carbono. Entretanto, a quantidade de adjuntos deve ser menor que 40% do malte, pois o excesso da glicose proveniente desses adjuntos pode inibir o processo de fermentação (PIMENTA et al., 2020). FIGURA 1 – PRODUÇÃO DE CERVEJA FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/group-friends-enjoying-beer-brewery- pub-763401241>. Acesso em: 8 jul. 2021. Posteriormente, ocorre o cozimento do malte, seguido de resfriamento. Realiza- se o preparo do inóculo – a levedura que será adicionada, cuidadosamente, ao mosto para dar início ao processo de fermentação. Após a fermentação, a bebida passa por um processo de maturação, seguida da carbonatação da cerveja. Para finalizar, a cerveja é engarrafada (MORTON, 2018; NACHEL, 2018). Durante todo o processo produtivo da cerveja é imprescindível a garantia da qualidade das matérias-primas, perfeita assepsia dos equipamentos e do ambiente fabril e dos produtos obtidos em cada etapa de produção. Esse cuidado minimiza as contaminações microbiológicas, a presença de contaminantes nas matérias-primas ou no ambiente fabril. O produto acabado apresenta baixo risco microbiológico, por consequência do processo de pasteurização. 5 A cerveja é uma bebida fermentada que surgiu proveniente da fermentação dos seguintes cereais: • centeio; • trigo; • aveia; • arroz; • milho; • cevada não maltada. Em se tratando de cerveja, é mais comum sua produção utilizando a cevada como cereal maltado. O uso dos adjuntos do malte tem duas funções: reduzir os custos da cerveja, uma vez que essas matérias-primas são mais baratas que a cevada, e completar o teor de carboidratos do malte da cerveja. Alguns cereais são utilizados para agregar características à cerveja, existem vários tipos de cerveja que são caracterizadas por diferentes tipos e quantidades de ingredientes. Vale ressaltar que esses cereais, normalmente, são adicionados na etapa de moagem da cevada, sendo os xaropes adicionados na etapa de fervura do malte. FIGURA 2 – GRÃOS DE CEVADA FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/raw-peeled-barley-grains-hordeum- vulgare-1561279015>. Acesso: 12 jul. 2021. Os adjuntos nem sempre são adicionados na forma natural, como o milho, que é transformado em gliz, e o arroz, que é adicionado na forma de flocos. As características dos adjuntos do malte – arroz, batata, milho, mandioca, xarope, aveia, trigo e cevada não maltada – estão descritas nos Quadros 1 e 2. 6 QUADRO 1 – CARACTERIZAÇÃO DOS ADJUNTOS DO MALTE (1) FONTE: Adaptado de Silva et al. (2017, p. 100) No Quadro 2, temos as características dos seguintes adjuntos do malte: centeio, trigo, mandioca, cevada não maltada, xarope e adjuntos açucarados. 7 QUADRO 2 – CARACTERIZAÇÃO DOS ADJUNTOS DO MALTE (2) FONTE: Adaptado de Silva et al. (2017, p. 100) O açúcar é injetado por meio do xarope de sacarose ou por meio do xarope de açúcar invertido, que pode ser utilizado diretamente, a concentração do açúcar está entre 65° a 76° Brix. A escala Brix mede a quantidade de sólidos solúveis presente em frutas, cana de açúcar, tomates. A quantidade de sólidos solúveis corresponde, basicamente, ao teor de açucares (RABELLO, 2009). 8 FIGURA 3 – GRÃOS DE CEREAIS FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/glasses-filled-different-malts-hops- over-648694897>. Acesso em: 12 jul. 2021. Sabemos que os ingredientes básicos da cerveja são lúpulo, malte – oriundo da cevada –, água e levedura (fermento). O malte é o ingrediente com maior concentração, porém, para dedução dos custos, este pode ser substituído parcialmente pelos componentes adjuntos, não podendo ultrapassar 45% da concentração do malte. Dessa forma, a cerveja torna-se uma bebida com características variadas que dependem da composição da matéria prima básica, das características do processo e dos outros ingredientes que são chamados de adjuntos (LIMA; MELO FILHO, 2011). 9 FIGURA 4 – TIPOS DE CERVEJA FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/types-beer-vector-illustration-alcoholic- beverage-1675937020>. Acesso: 19 jul. 2021. As variações das características da cerveja ocorrem em função “[...] da proporção dos ingredientes, do grau de maltagem da cerveja, do grau de maltagem dos cereais, do tipo de lúpulo, do tipo de fermentação, da temperatura e da duração de cada etapa do processo, e também das formas de armazenamento e envase das cervejas” (LIMA; MELO FILHO, 2011, p. 73). O malte é obtido por meio da germinação controlada da cevada. O objetivo da germinação desse cereal é permitir o desenvolvimento de enzimas e consequente transformação do amido, tornando-o macio e solúvel. Vale ressaltar que o processo de germinação ocorre sob condições controlada de aeração, temperatura e umidade dos grãos de cevada (AMARO JR. et al., 2009). IMPORTANTE 10 O gliz é a parte do milho utilizada como adjunto do malte, esta matéria-prima é obtida como subproduto da fabricação do óleo de milho. O óleo é obtido do gérmen do milho, que corresponde à parte branca. Enquanto a parte amarela é destinada a fabricação do gliz. Essa parte possui menor teor de gordura que o grão do milho, e entre 30 e 40% p/p de carboidratos (RABELLO, 2009). 2.1 MATÉRIAS-PRIMAS DA CERVEJA (ÁGUA, MALTE, LÚPULO E FERMENTO) Os ingredientes básicos da cerveja são: o malte; o lúpulo; a água; e o fermento. Esses são os ingredientes presentes em praticamente todas as cervejas. Vale lembrar que o malte é produzido a partir da cevada, esse ingrediente pode ser substituído em até 40% por outro cereal, como: o arroz; o milho; o trigo; a batata; a mandioca; o centeio; e a cevada não maltados. Esses componentes que são adicionados ao malte para reduzir o custo da cerveja são chamados de adjuntos do malte. A matéria-prima obrigatória das cervejas é a cevada. Mas, algumas vezes, a cerveja apresenta outros cereais, como: aveia; arroz; milho; e trigo, que são os adjuntos do malte. A cevada apresenta maior facilidade de maltagem. O Quadro 3 apresenta essas características. QUADRO 3 – CARACTERÍSTICAS DA CEVADA FONTE: Adaptado de Lima e Melo Filho (2011, p. 74) Os grãos de cevada são umedecidos favorecendo o processo de germinação. O processo inicial de germinação, ocasiona a formação de enzimas que provocam a quebra das cadeias de proteínas e amidos presentes na cevada. Nesse momento, determina-se o grau de maltagem, que é verificado por meio da formação de um malte verde, que será secado de forma natural ou torrado. 11 O malte é o produto resultante do processo de germinação controlada da cevada (LIMA; MELO FILHO, 2011). FIGURA 5 – PROCESSO DE GERMINAÇÃO DA CEVADA FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/germinated-seeds-wheat-717928369>. Acesso em: 13 jul. 2021. A intensidade do processo de torra ou secagem vai determinar a cor do malte e o sabor da cerveja. Outro fator importante é que“a fermentação alcoólica será realizada pelos açúcares obtidos da transformação do malte na fabricação do mosto” (LIMA; MELO FILHO, 2011, p. 75). No processo de fabricação da cevada, no interior dos grão formam-se enzimas que são importantes para o processo de fabricação da cerveja. A produção dessas enzimas inicia-se com a germinação dos grãos e é interrompida por meio do processo de secagem, que é realizado à temperatura controlada, retirando a umidade e impedindo que as enzimas sejam danificadas. A cevada é utilizada no processo de maltagem, o processo consiste na germinação dos grãos desse cereal por meio da umidade. O malte característico de cada cerveja é obtido com base na temperatura de secagem do malte verde. Sendo assim, os tipos de cerveja variam com a temperatura de secagem do malte. ATENÇÃO 12 Vale ressaltar que, antes da etapa de moagem do malte (trituração), é realizada a sanitização dos equipamentos, para evitar o crescimento de microrganismos ao longo do processo e para remover as impurezas presentes. O processo de limpeza dos equipamentos pode ser realizado com o uso do hipoclorito (2%) ou do iodo (12,5 mg/L) (PIMENTA et al., 2020). FIGURA 6 – PROCESSO DE PRODUÇÃO DO MALTE A PARTIR DA CEVADA FONTE: A autora O lúpulo utilizado na indústria cervejeira é uma flor seca proveniente da fêmea do lúpulo. Esse é o ingrediente responsável pelo amargor da cerveja e pelas características organoléptico da cerveja e também pela estabilidade, microbiana e físico-química, dessa bebida. Esse ingrediente contém óleos essenciais, substâncias minerais, polifenóis e resinas amargas. Sendo assim, possui propriedades antissépticas, mantém as propriedades da cerveja por mais tempo e melhora a estabilidade. Este é acrescentado em pequenas quantidades, geralmente de 40 a 300 g para cada 100 L de cerveja. A produção desse ingrediente é característica de países de clima temperado, por ser uma matéria-prima sensível à condição climática, por exemplo, Alemanha, Estados Unidos, República Checa (LIMA; MELO FILHO, 2011; ROSA; AFONSO, 2015). 13 FIGURA 7 – LÚPULO FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/green-fresh-hop-cones-making- beer-788280586>. Acesso em: 13 jul. 2021 Para garantir a água de qualidade no processo de produção da cerveja, é necessário a determinação do grau de potabilidade, do teor de cálcio, alcalinidade, dentre outros fatores. Se pensarmos em uma garrafa de cerveja de 900 ml, em torno de 90% do líquido contido nessa garrafa é constituído por água. A qualidade dessa matéria-prima tornou-se imprescindível na produção cervejeira. Você conhece o ditado: “todo uísque um dia foi cerveja?”. É isso mesmo, o início do processo produtivos das duas bebidas é igual. As duas bebidas são preparadas a partir do grão maltado, que posteriormente, é fervido. Dessa forma, a fermentação do malte obtido da cevada produz a cerveja, mas se esse malte for destilado, obteremos uísque. A quantidade de minerais presentes no líquido pode influenciar no sabor da cerveja, atuando no sabor do malte, do lúpulo e de outros produtos obtidos no mosto e no desempenho da levedura. Devendo ser utilizado água potável, livre de sabor, incolor, livre de micro- organismos e sem cheiro (inodora). Quando a indústria coleta água da superfície de um lago, ou outro reservatório natural, pode ser necessário um tratamento prévio para eliminar o teor de matéria orgânica (LIMA; MELO FILHO; 2011). INTERESSANTE 14 Dados da Agência Nacional de Águas (ANA) mostram que a Ambev gasta em média 3,75 litros de água para produzir 1 litro de cerveja (BRASIL, 2019). De modo que, a contaminação desse insumo pode ocasionar sérios problemas aos consumidores, inclusive a morte. FIGURA 8 – CERVEJA E CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DA ÁGUA FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/mug-fresh-beer- landscape-1906366066>. Acesso em: 23 jul. 2021. A caracterização química e física da água da cerveja é de fundamental importância para o processo produtivo. A composição desse fluído está diretamente relacionada ao DNA das cervejas, haja vista que a água modifica o sabor final do produto devido à sua composição e interação com os demais ingredientes. Na estação de tratamento de água há três tipos de água. Podemos classificar a água da indústria cervejeira da seguinte forma: cervejeira; industrial; e utilidade. Vejamos no Quadro 4. QUADRO 4 – TIPOS DE ÁGUAS USADAS NA INDÚSTRIA CERVEJEIRA FONTE: Adaptado de Hornink e Galembeck (2019, p. 23) 15 Águas de origens distintas contém íons diferentes, que podem ter influência na qualidade da cerveja. A composição da água depende muito da composição natural do solo que a água atravessa. Os íons reagem com os diferentes componentes do malte e assim contribui para o pH do mosto (SANTOS; RIBEIRO, 2005). FIGURA 9 – CERVEJA E ÁGUA FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/beer-water-pitcher-219764842>. Acesso em: 13 jul. 2021. Na água, são solubilizados todos os componentes derivados do malte, lúpulo e leveduras. Algumas empresas ainda captam sua água, na totalidade ou ao menos uma parcela desta, de poços artesianos ou nascentes, dependendo da localização da planta. Em função da qualidade da água captada e do uso pretendido dentro da planta, o tipo de tratamento utilizado varia de sistemas simples, decantação com sulfato de alumínio e desinfecção com hipoclorito de sódio, a sistemas mais avançados e caros, como osmose reversa, ultrafiltração (SANTOS; RIBEIRO, 2005). A utilização de água com caráter alcalino poderá promover a extração de substâncias amargas presentes na casca do malte e dificultar a hidrólise do amido. A alcalinidade da água dependerá da localização da fonte de água. Se essa localização contém solos ricos em rochas calcárias, a água terá alta alcalinidade (BOULTON; QUAIN, 2008). De acordo com Rabello (2009), a água deve ser clorada sem a presença de ferro e o pH deve ser ajustado para 5,0. IMPORTANTE 16 Este ajuste é importante para duas finalidades: para potencializar o efeito do cloro (que deve estar entre 0,1 a 0,2 ppm de cloro livre, pois acima deste valor há formação de cloranfenicol na cerveja); aumentar o efeito da ação enzimática, pois as α e β amilases e as proteases presentes nos grãos só atuam em pH baixo. QUADRO 5 – CARACTERÍSTICAS DA ÁGUA DA CERVEJA FONTE: Adaptado de Lima e Melo Filho (2011, p. 76-77) Outras características da água da cerveja são imprescindíveis para a cerveja, como: o teor de íons sódio e o teor de sulfato. A combinação desses íons trará sabor amargo para a bebida, conforme será apresentado no Quadro 6. 17 QUADRO 6 – SÓDIO E SULFATOS DA ÁGUA DA CERVEJA FONTE: Adaptado de Lima e Melo Filho (2011, p. 76-77) A determinação da dureza da água está diretamente relacionada ao teor de íons carbonatos e bicarbonatos, assim como a medida das concentrações dos íons cloreto e magnésio são importantes para as propriedades da cerveja. Confira o Quadro 7. QUADRO 7 – DUREZA TOTAL E CLORETOS COMO CARACTERÍSTICAS DA ÁGUA DA CERVEJA FONTE: Adaptado de Lima e Melo Filho (2011, p. 76-77) A caracterização da água da cerveja, em termos de teor de íons cálcio, também é importante para determinação da dureza da água. No Quadro 8, estão apresentadas as características da dureza temporária e da dureza permanente. 18 QUADRO 8 – CARACTERÍSTICAS DA ÁGUA DA CERVEJA FONTE: Adaptado de Lima e Melo Filho (2011, p. 76-77) Além disso, é importante ressaltar que o íon magnésio atua como cofator enzimático em muitas reações bioquímicas, principalmente durante a fermentação (PALMER, 2017). Vale ressaltar que, as características da água cervejeira, que é utilizada na maturação, na produção do inóculo (fermento), na fervura do mosto e no acabamento, influenciam nas características da cerveja. FIGURA 10 – EXIGÊNCIAS DA ÁGUA DA CERVEJA FONTE: A autora No que diz respeito às leveduras ascepas de Saccharomyces Cerevisiae, são utilizadas no processo de fermentação dacerveja pelos seguintes motivos: fermentação mais rápida; fermentação confiável; e inibem a contaminação microbiana (PIMENTA et al., 2020). Normalmente, são utilizadas a Saccharomyces Cerevisiae e as variações dessa levedura. Vale ressaltar que se utiliza a espécie Saccharomyces Cerevisiae, mas cada cervejaria usa uma cepa específica ou cepa própria. E cada cepa confere um sabor e 19 odor específico à cerveja, pois, apesar de formar álcool e gás carbônico, basicamente, cada cepa possui um metabolismo diferente e forma uma substância que influencia no aroma e no sabor da cerveja (AMARO JR, 2009). Em cervejas suaves, a relação entre íons cloreto (Cl-) e sulfato (SO42-), (CI:SO4) é de cerca de 1:1, o que resulta em uma cerveja suave equilibrada. No caso de cervejas de elevado amargor, a relação entre os íons cloreto e sulfato é deslocada para 1:5, ou ainda mais alta. A temperatura da fermentação que corresponde à temperatura de ativação da levedura, permitirá a classificação da cerveja em alta ou baixa fermentação (LIMA; MELO FILHO, 2011). A levedura é constituída por substâncias endógenas (glicogênio e treolose) e consome carboidratos (sacarose, frutose e glicose) que são metabolizadas transformando-os nos produtos de interesses, matérias-primas açucaradas, matérias- primas amiláceas e feculentas, são produtos exógenos (D’AVILA et al., 2012). 2.1.1 Adjuntos da cerveja (antioxidantes, acidulantes, estabilizantes, antiespumantes) Os adjuntos da cerveja, ou especificamente os adjuntos do malte, são materiais que complementam as propriedades do malte, sendo ricos em carboidratos não maltados que possuem composição e propriedades que são benéficas ao malte. Essas matérias-primas possuem custos inferiores quando comparadas ao malte, e possibilitam o aumento da capacidade da blassagem, correspondendo à mistura do malte e aos componentes adjuntos com a água, formando uma mistura que será chamada de mosto. Os adjuntos também possibilitam a formação de cervejas mais claras (ROSA; AFONSO; 2015). ATENÇÃO 20 FIGURA 11 – FERMENTO FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/ingredients-baking-dry-yeast-crumbled- block-1711697518>. Acesso em: 20 jul. 2021. Os adjuntos amiláceos são aqueles adicionados diretamente ao malte por possuírem carboidratos. A cerveja brasileira tipo Lager utiliza como adjuntos milho e arroz (D’AVILA, 2012). Alguns componentes adjuntos do malte precisam de tratamento antes da etapa de brasagem, pois possuem alto teor de amido. Dessa forma, utiliza-se enzimas que hidrolisam a cadeia do amido transformando-os em carboidratos simples. Outros componentes adjuntos não necessitam de tratamento, como o milho que produz a alta maltose com alta concentração de carboidratos simples (monossacarídeos) (ROSA; AFONSO, 2015). 21 QUADRO 9 – CARACTERÍSTICAS DOS ADJUNTOS DA CERVEJA FONTE: Adaptado de Amaro Jr. et al. (2009, p. 66) Os adjuntos da fabricação da cerveja são constituídos por antioxidantes, acidulantes, estabilizantes, antiespumantes. Os adjuntos da cerveja são: antioxidantes; corante caramelo; o estabilizante da espuma; estabilizante coloidal; o antiespumante e o acidulante, como vimos no Quadro 9. 22 Neste tópico, você aprendeu: • As matérias-primas são aqueles componentes que constam em todas as cervejas, como a água, o malte, o lúpulo e a levedura, entendo as características dos tipos de água presentes na indústria e as características que a adição do lúpulo agrega à cerveja. • Nas cervejas, algumas vezes são adicionados compostos ricos em carboidratos, em sua maioria, que substituem parcialmente o malte (até no máximo 40% do malte), com o intuito de reduzir o custo da cerveja, haja vista que esses adjuntos possuem preços inferiores ao da cevada. Os adjuntos do malte são: cevada não maltada; milho, mandioca; batata; arroz; trigo; centeio; e aveia, todos ricos em carboidratos. Mas, também, podem ser utilizados xaropes e compostos ricos em açúcares. • Cada adjunto do malte possui características específicas, e alguns possuem características em comum. O mais utilizado é o floco de arroz, pois possui baixo teor de lipídios e é rico em amido. A batata é benéfica porque produz teor de álcool similar ao do malte puro, reduz o teor de sólidos solúveis e o corpo da cerveja. O milho possui alto teor de lipídios, sendo utilizado na forma de gliz, não interfere no sabor e odor da cerveja. A aveia acrescenta cremosidade à cerveja, mas deve ser utilizada em pequenas quantidades, pois aumenta a turbidez da bebida. O centeio, assim como a aveia, acrescenta cremosidade à bebida, porém, esse cereal possui sabor picante, devendo ser utilizado em pequenas quantidades. • O trigo é um adjunto do malte que aumenta a viscosidade da cerveja, porém, forma compostos com alta massa molecular, dificultando a filtração. A mandioca é rica em amidos produzindo alto teor de maltose após a fermentação. A cevada não maltada deve ser utilizada em pequenas quantidades, porque reduz a estabilidade da bebida e dificulta a filtração. • O xarope permite a obtenção de cervejas mais uniformes, influencia na coloração da bebida e reduz o teor de sólidos. Resumindo, os adjuntos da cerveja são compostos utilizados com os objetivos de agregar características à cerveja, tais como: antiespu- mantes; antioxidantes; acidulantes; estabilizantes; oxigênio; e dióxido de carbono. RESUMO DO TÓPICO 1 23 AUTOATIVIDADE 1 A água é um componente presente na maioria dos processos químicos. Na industria cervejeira, a água está presente em várias etapas do processo e corresponde a, aproximadamente, 90% da composição da cerveja. Sobre o uso da água, podemos afirmar que é utilizada nas seguintes etapas: I- Engarrafamento. II- Maturação. III- Fervura do mosto. IV- Moagem da cevada. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) As sentenças I e IV estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 2 O processo de produção da cerveja é constituído de uma sequência de operações unitárias, as quais foram aprimoradas durante os anos. Sendo assim, o processo de preparação do malte é constituído por várias etapas. Sobre essas etapas, podemos afirmar que: I- A etapa de maturação é realizada após a fermentação. Nesta etapa, ocorre a fermentação complementar da cerveja, permitindo a formação do aroma e do sabor, caracterizando a cerveja como madura. II- A etapa de maturação permite, além da formação de aroma e sabor, o aumento do teor de açucares presente na cerveja. III- A etapa de maturação da cerveja permite a fermentação longa, complementar à etapa de fermentação – nesta fase pode ser adicionado um antioxidante para impedir a ação do oxigênio. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) As sentenças I e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 24 3 As matérias-primas da cerveja são constituídas por componentes imprescindíveis à produção da bebida. Sobre o exposto, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) A cerveja é constituída por mais de 80% de água, que deve ser potável, insípida e inodora para não influenciar nas características da cerveja, como gosto e aroma. ( ) O lúpulo é uma matéria-prima utilizada no processo de moagem da cerveja, sendo triturado juntamente com os compostos adjuvantes e, em seguida, germinado para possibilitar a liberação dos açúcares. ( ) As leveduras ou fermentos são utilizados na produção da cerveja e adicionados ao produto do mosto na etapa de fermentação. Eles podem ser preparados previamente em laboratório ou inoculada no fermentador. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F. b) ( ) V – F – V. c) ( ) F – V – F. d) ( ) F – F – V. 4 Sabemos que no processo de produção da cerveja existem as matérias-primas principaise os adjuvantes da cerveja. Descreva a função de pelo menos quatro adjuvantes da cerveja. 5 Sabemos que há três tipos de água utilizados na indústria cervejeira. Descreva os três tipos de água. 25 ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO: PARTE 1 1 INTRODUÇÃO UNIDADE 1 TÓPICO 2 - Acadêmico, no Tópico 2, estudaremos as etapas iniciais do processo de fabricação da cerveja, que consiste no preparo de uma das principais matérias-primas: a cevada; para compor o mosto. Iremos abordar desde a moagem do malte até a filtração do mosto. Inicialmente, aprenderemos a primeira etapa do processo produtivo da cerveja, que consiste na obtenção do malte a partir dos cereais, consistindo no mosto. Nesta etapa é realizada a moagem dos grãos, depois a germinação da cevada e dos adjuntos do malte, que corresponde à etapa de mosturação. Posteriormente, falaremos do processo de fervura do mosto, caracterização do mosto, tratamento e resfriamento. As etapas iniciais do processo de produção da cerveja constituídas pela preparação, fervura e resfriamento do mosto. A preparação do mosto é constituída pelas seguintes etapas: moagem do mosto; germinação do mosto; filtragem e lavagem do mosto; adição do lúpulo; e decocção do mosto. Para finalizar, compreenderemos a etapa de fervura, que é realizada após a cocção. A fervura do mosto é realizada a 100 °C durante duas horas. Seguido do resfriamento do mosto e da aeração. Aprenderemos que o resfriamento e a aeração preparam o mosto para a última etapa: a fermentação. 2 ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO A produção da cerveja envolve várias etapas: a moagem do malte; produção do mosto; a fermentação alcoólica; a maturação; a clarificação; a carbonatação; e, finalmente, o acondicionamento da bebida. 26 2.1 MOAGEM DO MALTE, MOSTURAÇÃO, BRASSAGEM, DECOCÇÃO, FILTRAÇÃO DO MOSTO A primeira etapa do processo de produção da cerveja envolve cinco etapas: a moagem do malte; a mosturação ou preparo do mosto; a brasagem; a decocção; e a filtração do mosto. A moagem do malte e dos ingredientes adjuntos é a quebra dos grãos de ce- vada, permitindo que a parte interior dos grãos fique exposta. Ela pode ser realizada por meio de rolos, mantendo a casca dos grãos ou por meio de moinho, havendo a pulve- rização dos grãos. O grão pode atingir diferentes tipos de granulação após triturado, e desse fato dependerá o tipo de filtração que deverá ser utilizada. Vale ressaltar que depois do processo de tritura dos grãos, estes não poderão ser armazenados por muito tempo, dessa forma, o processo de moagem dos grãos deve ser realizado pouco antes da mosturação. Na mosturação, a adição de água ao malte moído determina o início do processo de mosturação, esse processo juntamente com a variação da temperatura provoca formação de uma mistura adocicada juntamente com o bagaço do malte. Essa mistura é chamada de mosto, que é filtrado por meio por meio de filtros verticais, cuja porosidade influencia no rendimento do mosto. O açúcar formado nessa etapa do processo participará da fermentação alcoólica. FIGURA 12 – MOAGEM DOS GRÃOS FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/technological-process-grinding-malt- seeds-mill-2001967352>. Acesso em: 18 jul. 2021. 27 A brasagem representa um conjunto de processo que ocorrem na sala de fabricação da cerveja. Esse conjunto de processos é constituído pela moagem do malte juntamente com seus adjuntos. Seguido da mistura do malte com a água, posteriormente é realizado o aquecimento para facilitar a mistura ou dissolução dos componentes, essa etapa é chamada de mosturação. Em seguida, é realizada a transformação do amido em monossacarídeos por meio das enzimas presentes no malte. A temperatura deve ser mantida em 72 °C para evitar a inativação das enzimas. Após, é realizada a filtração para retirar as casacas do malte e dos componentes adjuntos, sendo comumente utilizado um filtro tipo prensa. Em seguida é realizada a lavagem da torta, que contém o açúcar fermentável, obtendo- se uma mistura denominada de mosto. FIGURA 13 – ADIÇÃO DO LÚPULO FONTE: <https://image.shutterstock.com/z/stock-photo-hop-addition-into-a-beer-575770156.jpg>. Acesso em: 14 jul. 2021. Posteriormente, é adicionado ao mosto o lúpulo, seguido de fervura do mosto, para facilitar a dissolução do lúpulo. Vale ressaltar que a forma mais comum de utilização do lúpulo é na forma de pellets, que são pequenos cilindros obtidos mediante a prensagem das flores. Esse aquecimento permite a solubilização de óleos essenciais, isto é, o aroma do lúpulo e isomerização dos alfa-hidroxiácidos em isoalfa-hidroxiácidos e esterilização. Para finalizar o processo de brasagem, é realizado resfriamento, em equipamentos chamados de trocadores de calor, que são mantidos a temperaturas entre 9 e 15 °C. O passo antes da fermentação corresponde à aeração, que representa a injeção de oxigênio da atmosfera, permitindo que se forme a condição ideal para que a levedura realize a fermentação. 28 FIGURA 14 – DESCRIÇÃO DO PROCESSO DE BRASAGEM FONTE: A autora A decocção representa a etapa do processo de produção da cerveja que corresponde a uma baixa fermentação do mosto, que ocorre incialmente a baixas temperaturas (40 °C), seguido de sucessivos aquecimentos por etapas até 75 °C. A baixa fermentação do mosto resulta em modificações sucintas no mosto, não resultando na formação de grandes quantidades de proteínas (AMARO JR. et al., 2009). A filtração do mosto consiste na separação entre o bagaço e o mosto. A retirada da parte sólida do mosto é constituída pelo bagaço da parte líquida. O objetivo é a obtenção de uma mistura líquida límpida e com baixa turbidez. Essa etapa do processo de fabricação da cerveja tem como o objetivo retirar o máximo de extratos do mosto, por meio do uso de filtros, por exemplo, filtros de terra diatomácea e até por meio de centrífugas. O bagaço do malte é retirado do processo de produção da cerveja, mas pode ser vendido para fabricação de ração animal, também pode ser fortificado com proteínas e cereais e utilizado na alimentação humana, por possuir alto valor nutritivo e grande teor de fibras (AMARO JR. et al., 2009). 29 FIGURA 15 – PROCESSO DE LIMPEZA DO FILTRO DO MOSTO FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/worker-brewery-cleans-wort-filters- workflow-1558858811>. Acesso em: 14 jul. 2021. A etapa de filtragem do mosto ocorre sob aquecimento, para facilitar a solubilização de todos os açúcares fermentescíveis. Por outro lado, a temperatura não pode ser muito alta, pois ocasiona o arraste do tanino presente no bagaço do malte. Esse composto resulta em sabor amargo e adstringente para a cerveja. Por esses motivos, recomenda-se que a filtração do mosto seja realizada entre 72 e 78 °C, pois essa faixa de temperatura permite a total extração dos açúcares, aumentando, por consequência, o rendimento dessa etapa do processo (PIMENTA et al., 2020). 2.2 FERVURA DO MOSTO, CARACTERIZAÇÃO DO MOSTO, TRATAMENTO E RESFRIAMENTO DO MOSTO A fervura do mosto, contendo o lúpulo, ocorre a 100 °C durante duas horas, algumas vezes o lúpulo é acrescentado durante o processo de fervura, essa medida é adotada para minimizar a perda dos compostos voláteis presentes no lúpulo que são constituídos por óleo essenciais. Vale ressaltar que se o xarope ou açúcares fermentescíveis forem utilizados como adjuntos do malte, devem ser acrescentados no final do processo de fervura (AMARO JR. et al., 2009). 30 FIGURA 16 – FERVURA DO MOSTO FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/boiling-wort-home-brewed-brown- ale-488683777>. Acesso em: 12 jul. 2021. A fervura garante a esterilização do mosto e determina a coloração final da cerveja, além de eliminar odores não desejados. Por esse motivo deve ocorrer a fervura intensa e posterior adição do lúpulo, como: coagulação proteica; aromatização do mosto; concentração e esterilização do mosto; e caramelização dos açúcares. A fervura do mosto dura até queseja atingida a concentração de açúcares de- sejada, e esse ponto é atingido entre 60 e 90 minutos de fervura (PIMENTA et al., 2020). O mosto é constituído, basicamente, por carboidratos, compostos nitrogenados e proteínas. A caracterização do mosto consiste em determinar o teor de carboidratos, compostos nitrogenados, proteínas e lipídios. 31 QUADRO 10 – CARACTERÍSTICAS DO MOSTO FONTE: Adaptado de Amaro Jr. et al. (2009, p. 68) Durante a fervura do mosto, ocorre a formação do trup, que representa um aglomerado de proteínas que se decantam no fundo do fermentador. Após a fervura do mosto, visando à decantação do trup e do lúpulo, é realizado um procedimento que auxilia na decantação desses materiais, que se encontram em suspensão no mosto. O procedimento é chamado de whirlpool, que consiste em agitar a cerveja, formando um redemoinho na mistura que constitui o mosto filtrado, favorecendo a decantação das partículas em suspensão e tonando o mosto mais límpido. Após esse processo, a mistura permanece em decantação por 90 minutos (PIMENTA et al., 2020). 32 O tratamento e resfriamento do mosto visam a retirada de materiais sólidos em suspensão, seguido do resfriamento do mosto até 10 °C, para dar início à fermentação. O processo de resfriamento contribui para impedir a contaminação do meio e também a formação de odores não desejados. Em seguida, é realizada a injeção de oxigênio, que proporciona a aeração do mosto. Posteriormente, inicia-se a fermentação. 33 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu: • As etapas iniciais do processo de produção da cerveja, são constituídas pela preparação do mosto, fervura do mosto e resfriamento do mosto. • A preparação do mosto é constituída pelas seguintes etapas: moagem do mosto; germinação do mosto; filtragem e lavagem do mosto; adição do lúpulo; e decocção do mosto. • Após a decocção, é realizada a fervura do mosto que ocorre a 100 °C durante duas horas, seguido do resfriamento, entre 9 e 15 °C e da aeração. O resfriamento e a aeração preparam o mosto para a última etapa: a fermentação. • A primeira etapa do processo de produção da cerveja corresponde à moagem do malte, que representa a trituração da cevada juntamente com os adjuntos da cerveja. Em seguida, é acrescentada água ao material moído para provocar a germinação (etapa de mosturação). • Posteriormente, a mistura é filtrada e a fase liquida é acrescentada. A esta mistura é adicionado o lúpulo, e a mistura segue para a fervura de 100 °C durante duas horas. Em seguida, o mosto é resfriado a 10 °C, facilitando a retirada de sólidos em suspensão. Depois, o mosto é aerado com oxigênio e segue para o processo de fermentação. 34 AUTOATIVIDADE 1 O processo de fabricação da cerveja consiste no preparo de uma das principais matérias-primas: a cevada; para compor o mosto. Com base nas definições estudadas do processo de fabricação da cerveja, em relação às etapas de fabricação do produto, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Na etapa de maturação da cerveja, que ocorre após a fermentação, são adicionados alguns adjuvantes da cerveja, como os estabilizantes e antioxidantes. b) ( ) A mosturação consiste na trituração dos grãos de cevada, juntamente com os adjuvantes para a produção do mosto. c) ( ) A fervura garante a esterilização do mosto e também determina a coloração final da cerveja, além de eliminar odores não desejados. d) ( ) A etapa de brasagem representa um conjunto de etapas, que ocorre no laboratório da fábrica, uma dessas etapas consiste na fervura do mosto, seguida do resfriamento e da aeração do mosto. 2 O processo de produção da cerveja é constituído por várias etapas, como: moagem do malte; mosturação; decocção; filtração; fervura; resfriamento do mosto; fermentação; maturação; acabamento; e envase. Com base na etapa de mosturação, analise as sentenças a seguir: I- É realizada após a fermentação. Nesta etapa, ocorre a fermentação complementar da cerveja, permitindo a formação do aroma e do sabor. II- Permite, além da formação de aroma e sabor, o aumento do teor de açucares presente na cerveja. III- Caracteriza-se pela a fermentação longa, complementar a etapa de fermentação, nesta fase, pode ser adicionado um antioxidante para impedir a ação do oxigênio. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) As sentenças I e II estão corretas. b) ( ) Somente a sentença II está correta. c) ( ) As sentenças I e III estão corretas. d) ( ) Somente a sentença III está correta. 35 3 A fervura da cerveja é uma etapa imprescindível para a produção da bebida. Sobre a etapa da fervura, classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas: ( ) A cerveja é constituída por mais de 80% de água, dessa forma, a fervura ocorre a temperatura constante, atingindo a temperatura de ebulição da água a 1 atmosfera, 110 °C. ( ) A fervura garante a esterilização do mosto e também determina a coloração final da cerveja, além de eliminar odores não desejados, por este motivo, deve ocorrer a fervura intensa e posterior adição do lúpulo. ( ) As leveduras, ou fermentos, são utilizadas na produção da cerveja e adicionadas na etapa de fervura. Esta matéria-prima pode ser preparada previamente em laboratório, ou inoculada no fermentador. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA: a) ( ) V – F – F. b) ( ) V – F – V. c) ( ) F – V – F. d) ( ) F – F – V. 4 A caracterização do mosto consiste em determinar o teor de carboidratos, compostos nitrogenados, proteínas e lipídios. Defina a composição do mosto. 5 O processo de produção da cerveja é constituído de várias etapas. Descreva a etapa de moagem na produção do chope de coloração escura. 36 37 TÓPICO 3 - ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO: PARTE 2 1 INTRODUÇÃO UNIDADE 1 Acadêmico, no Tópico 3, daremos prosseguimento às etapas do processo de fabricação da cerveja. Iniciaremos falando da preparação do inóculo, que é o fermento ou levedura, utilizada na transformação dos açucares em álcool. Posteriormente, abordaremos a etapa mais importante da produção da cerveja: a fermentação. Em seguida, estudaremos a etapa de maturação da cerveja que é essencial para formação das características da bebida. A maturação representa a etapa entre a fermentação e o envase da cerveja, que é essencial para a formação do sabor e odor final da bebida. Posteriormente, compreenderemos as etapas finais do processo produtivo da cerveja, que corresponde ao acabamento da bebida, etapa que ocorre após a maturação. Além disso, abordaremos o envase da cerveja, que representa a distribuição da bebida, nos recipientes apropriados, para comercialização. Na última etapa do processo, a cerveja passa pelo processo de pasteurização. 2 CONTINUAÇÃO DAS ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO Agora, falaremos das etapas finais de produção da cerveja, a etapa mais importante que é a fermentação, seguida da maturação e do acabamento. Antes da fermentação é preparado o inóculo, que representa a ativação do fermento que será adicionado ao mosto dando início a fermentação. A etapa de maturação permite que se forme a cerveja acabada, ou seja que sejam produzidos os aromas e sabores finais da cerveja. Em seguida, a cerveja é clarificada, por meio da decantação das impurezas. E, posteriormente, a cerveja segue para etapa de carbonatação, envase e da pasteurização da cerveja. A pasteurização corresponde a um tratamento térmico antes do envasamento da cerveja ou por meio de túneis com a cerveja engarrafada. 38 2.1 PREPARO DO INÓCULO E FERMENTAÇÃO E MATURAÇÃO A preparação do inóculo consiste em preparar a levedura ou o fermento para, em seguida, inseri-lo no fermentador, que já se encontra o mosto. Pode ser realizado no laboratório, neste caso, é acrescentado o inóculo em um meio contendo pouca quantidade de nutrientes, e essa mistura é mantida em condições ideais para o desenvolvimento do microrganismo. Após atingir o estado de fermentação intensa, o inóculoserá transferido gradativamente para recipientes maiores, contendo maior quantidade de nutriente. O preparo do inóculo também pode ocorrer no próprio fermentador, esse processo é mais comum no preparo das bebidas alcoólicas. Neste caso, o equipamento encontra-se vazio, acrescenta-se o fermento prensado ao fermentador, contendo pequenas porções do meio. Quando for verificada a fermentação intensa do inóculo, acrescenta-se a mistura que constitui o mosto de forma gradativa. Esta etapa é de fundamental importância para o preparo da cerveja, sendo necessário o controle rigoroso da temperatura para que o fermento proporcione a produção da cerveja com o sabor desejado. FIGURA 17 – PREPARAÇÃO DO INÓCULO FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/loaf-rye-bread-fresh-sourdough- on-1723387471>. Acesso em: 23 jul. 2021. A fermentação é a fase mais importante do processo de produção da cerveja, é nesta fase que se formam os produtos com características organolépticas, que definem o paladar da cerveja. A fermentação inicia-se após o resfriamento do mosto, seguido da adição da levedura ou fermento ao mosto. 39 A fermentação ocorre em grandes recipientes, tanques, fermentadores ou dornas. Esses equipamentos possuem camisa de resfriamento contendo um fluído refrigerante, que pode ser amônia ou etileno glicol, haja vista que, durante o processo de fermentação, ocorre o aquecimento do meio, característica típica das reações exotérmicas, a mistura deve permanecer entre 10 e 12 horas a baixas temperaturas, em torno de 18 °C. É importante o controle da temperatura, que geralmente fica entre 10 e 25 °C, pois essas condições permitirão a produção da cerveja com o sabor desejado (ROSA; AFONSO, 2015). O processo de fermentação pode ser modificado a depender das características da cerveja, de forma geral podemos classificar a fermentação como alta ou baixa. A fermentação alta é característica das cervejas tipo Ale. Nessa etapa, o fermento permanece no topo do tanque. Nas de baixa fermentação, o fermento tende a se localizar no fundo do fermentador, por exemplo, cervejas tipo Lager (AMBEV, 2021). FIGURA 18 – TANQUES MODERNOS DE FABRICAÇÃO DA CERVEJA FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/modern-beer-factory-rows-steel- tanks-622172558>. Acesso em: 12 jul. 2021. O processo de fermentação ocorre da seguinte forma: a levedura consome os carboidratos produzindo álcool (etanol) e dióxido de carbono, na reação principal. Ou seja, o fermento consome o açúcar do mosto transformando-o em dióxido de carbono em álcool, pois, dessa forma, o fermento obtém a energia necessária para sua sobrevivência. Essa reação também forma produtos secundários que são os ésteres e os álcoois com cadeias maiores que o etanol, que são chamados de álcoois superiores. Esses compostos transmitem características organolépticas à cerveja (ROSA; AFONSO, 2015). 40 As cervejas podem ser divididas em cervejas de baixa fermentação, neste caso as leveduras (Saccharomyces uvarum) permanecem na parte inferior do fermentador durante o processo. Já cerveja de alta fermentação (Saccharomyces cerevisiae), as leveduras localizam-se na parte superior do fermentador (ROSA; AFONSO, 2015). A maturação é a etapa do processo que se inicia depois da fermentação e que leva, em média, de seis a 30 dias, dependendo das características da cerveja. Mas ao finalizar essa fase, a cerveja está concluída, isso em termos das características, como os aromas e o sabor, concluídas, o que caracteriza a cerveja como madura. Essa é a etapa chamada de afinamento da cerveja, pois esse período permite que o gosto (sabores) da cerveja se forme completamente (MORTON, 2018; ROSA; AFONSO, 2015). A espuma da cerveja é constituída por proteínas com alta massa molecular. As proteínas são provenientes do malte e também de resinas advindas do lúpulo. Problemas na formação da espuma pode ser consequência da contaminação da cerveja com material de limpeza, por exemplo. Outros fatores como a filtração com excesso de material adsorvente (terra de diatomácea), ou o tratamento com excesso de enzimas proteolíticas (ROSA; AFONSO, 2015). Nessa etapa, ocorre a fermentação secundária, ocasionada pela presença de carboidratos e de resíduos de levedura. As leveduras também metabolizam compostos indesejados, como o sulfeto de dietila e transforma em sulfatos inorgânicos e etanol. Acrescenta-se antioxidantes para impedir a ação do oxigênio residual e oxidação dos componentes (ROSA; AFONSO, 2015) 2.2 ACABAMENTO E EMBALAGEM Após o processo de maturação a cerveja, passa pela filtração e também é adicionado um material para remoção das partículas em suspensão, a terra diatomácea. As partículas em suspensão são constituídas por leveduras, proteínas, resíduos do lúpulo (ROSA; AFONSO, 2015; AMARO JR. et al., 2009). IMPORTANTE 41 FIGURA 19 – TANQUES TRADICIONAIS USADOS NA PRODUÇÃO DA CERVEJA FONTE: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/old-traditional-beer-distillery-modern- clean-1426188548>. Acesso em: 12 jul. 2021. Essa etapa inclui a clarificação e a carbonatação da cerveja. O processo consiste em resfriar o produto proveniente da fermentação, a 0 °C. Em seguida, a levedura é separada por decantação. A clarificação corresponde ao processo de precipitação de compostos indesejáveis como: proteínas; leveduras; e resinas. Ele é potencializado por meio do resfriamento da cerveja a 0 °C. Feito o resfriamento, é injetado dióxido de carbono na cerveja (carbonatação). Posteriormente, a cerveja é filtrada com o uso de filtro de terra diatomácea e de filtro prensa. Para finalizar, a cerveja descansa por 24 horas e, em seguida, é embalada (ROSA; AFONSO, 2015). O livro A revolução da cerveja, de Hindy (2015), conta a história da cerveja artesanal nos Estados Unidos, enfatizando como o mercado cervejeiro cresceu nos últimos 50 anos. O crescimento está atribuído a um grupo de homens visionários, que criaram um movimento em defesa da cerveja puro malte: a cerveja forte e saborosa. Características que desafiavam as cervejas mais vendidas e tradicionais da época, a cerveja tipo Lager. DICAS 42 Após a filtração, é adicionado à cerveja um composto estabilizante, que mantém as características da espuma da cerveja, também é adicionado um antioxidante para impedir ou prevenir a oxidação dos constituintes da cerveja pelo oxigênio, como: os ésteres; o álcool; proporcionando o aumento do tempo de validade da cerveja (ROSA; AFONSO, 2015; AMARO JR. et al., 2009). FIGURA 20 – ETAPAS DO ACABAMENTO FONTE: A autora A etapa de pasteurização da cerveja é fundamental para manter o prazo de validade da bebida, tendo em vista que a cerveja é um meio propício para o desenvolvimento de microrganismos, pois possui álcool, oxigênio, dióxido de carbono e pH baixo. Esses fatores favorecem o desenvolvimento de microrganismos que a deterioraram, ocasionando a formação de mal odor, mudança na turbidez e sabor desagradável. Os microrganismos Gram-positivos, Gram-negativos e as leveduras selvagem ocasionam a degradação da cerveja. Essa etapa deve ser realizada no menor tempo possível, para que o aquecimento não ocasione a degradação da bebida (SOUZA; FAVERO, 2017). A pasteurização tem como objetivo promover a estabilização da cerveja por meio da eliminação dos microrganismos (AMARO JR. et al., 2009). A pasteurização ocorre de acordo com as seguintes etapas: • incialmente, a cerveja é envasa; • em seguida, passa por tuneis pasteurizadores a temperatura máximas de 60 °C; • depois, as cervejas são submetidas a baixas temperaturas; • para finalizar, as cervejas são conduzidas para etiquetagem e armazenamento. 43 A cerveja, após o processo de acabamento, é armazenada nos tanques e em seguida é envasada. Posteriormente, o produto é pasteurizado, o que corresponde ao aquecimento do recipiente entre 60 e 70 °C, para eliminar os micro-organismos, permitindo que a bebida tenha validade de até seis meses. FIGURA 21 – PROCESSOSPARA A FABRICAÇÃO DA CERVEJA FONTE: A autora Nesta etapa do processo, a cerveja é rapidamente aquecida e depois resfriada, esse choque térmico visa garantir a validade do produto. Vale ressaltar que o processo de pasteurização pode ocorrer antes do engarrafamento da cerveja, tomando-se os devidos cuidados para não haver fuga do dióxido de carbono, com o aquecimento. Por esse motivo, a pasteurização pode ser realizada por meio do aquecimento da bebida, acondicionada em tanque pressurizados. Para finalizar, a cerveja é resfriada. Posteriormente, ela é liberada para o setor de expedição que irá encaminhar o produto para os clientes (MORTON, 2018). A cerveja não pasteurizada pode ser armazenada em barris. Nestas condições, a cerveja é chamada de chope e possui validade de apenas dez dias para o chope claro e 15 dias para o chope escuro. ATENÇÃO 44 Portanto, podemos resumir o processo produtivo da cerveja da seguinte forma: incialmente, é realizada a preparação do mosto, por meio da mistura do malte com os componentes adjuntos, seguido da trituração dessa mistura. Posteriormente, é realizado a mosturação, que consiste na adição da água à mistura que constituirá o mosto, para favorecer a germinação do mosto. Em seguida, é realizado a decocção do mosto que consiste na fermentação lenta do mosto. Após, ocorre a filtração do mosto, seguido do resfriamento do mosto. Em seguida, realiza-se a preparação do inóculo. Prepara-se a fermentação por meio da adição do fermento ao mosto. Após a fermentação, ocorre a maturação. Posteriormente, ocorre o acabamento do mosto que consiste em várias etapas: resfriamento a 0 °C; clarificação 1; carbonatação; clarificação 2; adição de estabilizante para espuma e antioxidantes à cerveja; descanso da cerveja por 24 horas; envase da cerveja, pasteurização da cerveja e comercialização. 45 CERVEJA ARTESANAL: TUDO O QUE VOCÊ PRECISA SABER Capitão Barley Vamos começar o texto com uma pergunta: o que é de fato cerveja artesanal? O conceito é amplo e gera discussão, pois para alguns mais radicais cerveja artesanal é apenas aquela produzida em pequena ou microescala, com equipamentos simples, não automatizados e utilizando ingredientes bem definidos — como água, malte de cevada (e alguns outros grãos malteados ou não), lúpulo e levedura (também conhecida como fermento). Há outros que consideram cerveja artesanal toda aquela produzida em pequena ou média escala, mas que prioriza a qualidade em detrimento dos lucros. Eu fico neste segundo bloco de cervejeiros: considero cerveja artesanal muitas produzidas por cervejarias já nem tão pequenas, sejam cervejarias brasileiras ou do exterior, além, obviamente, das produzidas em pequena ou microescala como as fabricadas por cervejeiros caseiros (homebrewers). Se o foco é a qualidade, para mim é cerveja artesanal! Há cervejarias que produzem em grande escala, muitos litros por mês, mas que prezam pela qualidade e sempre terão meu respeito. Sou mais adepto do termo “cerveja especial” do que de “cerveja artesanal”, acho que abrange outros fatores de avaliação e fica de mais fácil entendimento. De qualquer modo o que é importante saber sobre cerveja artesanal é que ela existe, está conquistando cada vez mais mercado no Brasil (e no mundo!) e você não pode ficar de fora desta brincadeira de bom gosto. Estilos de cerveja artesanal No mundo cervejeiro há diversas famílias e estilos de cervejas. No Brasil o estilo mais consumido é o American Light Lager, que por aqui chamamos erroneamente de Pilsen. Se agora você sabe que existem vários outros tipos de cerveja artesanal, por que então beber sempre a Pilsen e não provar outros sabores? LEITURA COMPLEMENTAR 46 A maior divisão entre estilos de cerveja artesanal está no tipo de sua fermentação, que são 3: Lager, Ale e híbrida. Antes de explicar cada uma delas vamos te dizer o que é fermentação! É o processo em que micro-organismos vivos (levedura ou fermento, são a mesma coisa) consomem o açúcar de algo e transformam, no caso da cerveja, em álcool e gás carbônico (além de outros subprodutos). Na fermentação Lager, a levedura consome o açúcar presente no mosto cervejeiro na parte de baixo do fermentador, por isso são chamadas de cervejas de baixa fermentação. Muito se confunde sobre isto, pessoas costumam acreditar que cervejas de baixa fermentação são menos alcoólicas pelo termo “baixa”, o que não é verdade. O termo está relacionado apenas à altura em que a fermentação acontece dentro do fermentador. Já as cervejas de fermentação Ale são de alta fermentação, ou seja, a levedura consome o açúcar do mosto na parte superior do líquido no fermentador. As cervejas de fermentação híbrida podem tanto usar os dois tipos de fermento (Ale e Lager) ou usar um tipo com fermentação em temperatura de uso característico no outro tipo de fermentação. Exemplo: cerveja com fermento Lager fermentando em temperatura comum de fermentação para o fermento Ale ou vice-versa. Quem determina quais são as famílias ou estilos de cerveja artesanal no mundo? Existe um órgão chamado BJCP (Beer Judge Certification Program) que de tempos em tempos lança um guia de estilos baseado em muitos estudos e características de cervejas produzidas no mundo inteiro. Cada estilo reúne uma série de características como cor, sabores, aromas, sensação na boca, índice de amargor, ingredientes usados, densidade da cerveja (famoso “corpo”, quando falam que a cerveja é “encorpada”), porcentagem de álcool por volume, dentre outras. Viu só como o mundo de cerveja artesanal ou cerveja especial é muito mais amplo do que o das cervejas convencionais? Nós fizemos uma Tabela Periódica da Cerveja com base no Guia BJCP 2015, onde dividimos as cervejas por tipo de fermentação, depois por famílias e por fim por estilos. Veja a imagem abaixo! 47 Nesta tabela é possível encontrar características de cada estilo de cerveja artesanal como a gravidade inicial da cerveja (medida antes da fermentação), gravidade final (medida depois da fermentação), cor, porcentagem de álcool por volume (famosa graduação alcoólica) e índice de amargor. Em cada selo de estilo existem os limites aceitáveis na cerveja artesanal para que ela se enquadre dentro daquele estilo. Hoje já há um guia mais atual do BJCP mas nossa tabela periódica e nossa série de vídeos foi baseada no de 2015 mesmo. Veja só que curioso descobrir que Pilsner (ou Pilsen) é o nome de uma família inteira de cervejas e que o que consumimos no Brasil das marcas comuns sequer faz parte desta família, mas sim da família das Light Lagers! Os principais estilos de cerveja artesanal conhecidos pela maioria dos brasileiros são as das famílias Pilsner, Stout, Porter e os estilos Weiss (as famosas “de trigo”) ou Witbier. Agora o mercado está crescendo e cada vez mais gente se interessando por novos estilos, sendo dos preferidos os da família India Pale Ale, com uma carga maior de lúpulo que gera mais aroma e amargor mais intenso. Outros estilos que caíram no gosto dos cervejeiros um pouco mais experimentados em 2017 e 2018 foram as Sours (mais azedas) e as New England IPAs ou Juice IPAs (vertente de India Pale Ale mas com cargas absurdas de lúpulos e o uso da levedura Conan, que geram sabores e aromas florais e frutados absurdamente evidentes). Família Pilsner – cervejas de cor clara, com graduação alcoólica entre 4,2% e 6%, baixo amargor e corpo baixo. Os estilos de Pilsner no guia BJCP 2015 são German Pilsner, Bohemian Pilsner e Classic American Pilsner. 48 Família Stout – cervejas escuras, com graduação alcoólica entre 4% e 12%, amargor de médio a alto e corpo de baixo a médio. Os estilos mais conhecidos desta família são Dry Stout, Oatmeal Stout e Russian Imperial Stout. Família Porter – cervejas escuras, com graduação alcoólica entre 4% e 9,5%, amargor médio e corpo de baixo a médio. Brown Porter é o estilo mais conhecido nesta família. Estilo Weiss – criado no sul da Alemanha, na região da Baviera,o estilo usa trigo na receita, que deixa a cerveja com leve turbidez. Ao contrário do que muitos pensam os sabores a aromas de banana e cravo não estão presentes por conta de adição destas frutas na cerveja, mas sim por origem da fermentação, vindos de subprodutos da fermentação característicos do fermento utilizado. Estilo Witbier – estilo também conhecido como Belgian White, da Bélgica, com tradução como Cerveja Branca. Uma cerveja leve, que usa trigo, semente de coentro e casca de laranja que trazem um frescor sensacional ao sabor. Família India Pale Ale – agora com vários estilos, a família cresce cada vez mais. Característica por usar maiores cargas de lúpulo, a família tem graduação alcoólica entre 5% e 10%, amargor de médio a alto e corpo de baixo a médio. Novos estilos da família podem ter características diferentes, como as Session IPA´s que tem baixa graduação alcoólica ou as Imperial IPA´s, que tem alto volume de álcool e amargor muito acentuado. Os ingredientes O principal grão usado para a produção é o malte de cevada e mesmo dele temos uma enorme diversidade de tipos, que variam de acordo com o tipo da planta cevada ou até de sua malteação e torrefação. Além do malte de cevada outros grãos são usados na produção da cerveja artesanal, como aveia, trigo, centeio etc, sendo estes malteados ou não. O processo de malteação dos grãos é usado para preparar os grãos para germinação sob condições controladas. Os grãos malteados têm maior índice de açúcar, o que otimiza o uso para a produção da cerveja artesanal. O que é mosto cervejeiro? É praticamente um chá feito usando água e malte de cevada (ou malte de outros grãos, ou grãos não malteados) onde se extrai dos grãos o amido que se quebra em açúcares menores quando exposto a determinadas temperaturas da água deste chá. Ufa! Deu pra entender?! Enfim, o mosto é o “chá do malte de cevada coado, com os açúcares fermentáveis produzidos durante o cozimento e com adição de lúpulo”. A partir daí coloca-se a levedura e quem faz a mágica são estes bichinhos maravilhosos. 49 As leveduras (ou fermento) são microorganismos vivos e existem, também, assim como os lúpulos, em uma série de tipos. São fungos estudados e cruzados há muitos e muitos anos, assim criaram-se várias espécies de levedura e cada qual traz características diferentes à cerveja artesanal. Há as que deixam a cerveja com sabor mais seco, por exemplo, outras que trazem aromas e sabores de frutas (como no caso dos sabores de banana e cravo característicos das cervejas de trigo Weiss, originárias do sul da Alemanha). A Saccharomyces cerevisiae é utilizada tanto na produção de pães como de cerveja artesanal. Leveduras podem ser mais ou menos resistentes ao álcool, mas são elas que consomem o açúcar do mosto cervejeiro e transformam-no em dois principais produtos importantíssimos para a cerveja artesanal: álcool e gás carbônico. Então, amigos, quem “coloca o álcool na cerveja” não são os humanos que a fabricam, mas sim a levedura! Como ela também produz gás carbônico, é usada para refermentação da cerveja já na garrafa e, neste caso, responsável pela carbonatação (colocar gás) da cerveja também. Outra forma de carbonatação da cerveja é a forçada, colocando a cerveja em um recipiente fechado como o fermentador, por exemplo, e injetando gás carbônico através de um cilindro do gás comprimido. O lúpulo citado acima é uma planta da família Cannabaceae, da espécie Humulus Lupulus, curiosamente “prima” da Cannabis Sativa, a maconha. Existem muitas espécies de lúpulos e os principais produtores são países europeus, como Alemanha e Inglaterra, ou de outras regiões como a Austrália e Estados Unidos. No Brasil estamos “engatinhando” na produção, mas já existem pequenos produtores e estudos sobre a viabilidade da plantação em nosso território, já que o lúpulo é uma planta sensível a vários fatores climáticos. A parte usada do lúpulo para a produção da cerveja artesanal é a flor. Cada espécie de lúpulo traz características diferentes à cerveja artesanal, podendo ser sabores, sensações na boca e aromas completamente diferentes. Lúpulos ingleses puxam o sabor mais para o terroso, tradicionalmente, e os lúpulos americanos, por exemplo, são desenvolvidos para trazer aspectos mais herbáceos, florais e frutados. 50 Além do tipo de lúpulo o que vai influenciar o que ele trará à cerveja artesanal é o momento em que ele é utilizado na produção, podendo ser durante a fervura do mosto cervejeiro (em cada momento traz uma característica diferente, por exemplo no começo da fervura trará mais amargor e mais para o final dela trará mais aromas e sabores), após a fervura ainda com o mosto quente, durante a fermentação da cerveja ou durante sua maturação a frio. A água cervejeira antigamente tinha sua origem como algo muito importante. Hoje com a tecnologia de produção e conhecimentos químicos é possível reproduzir a água com as características necessárias para a produção da cerveja artesanal. Os principais fatores estão no Ph e dureza da água, influenciados pela quantidade de alguns sais minerais. As características da água usada na produção influenciam muito nas características finais da cerveja artesanal. Agora já falamos dos principais ingredientes cervejeiros: água, malte, lúpulo e levedura! Podemos entrar em mais detalhes em outros textos. O mercado da cerveja artesanal Há quem diga que cerveja artesanal custa caro, mas posso afirmar e garantir que a experiência vale cada centavo investido. De fato, são cervejas mais caras do que as convencionais, mas isto porque usam processos mais adequados para a produção com qualidade, insumos e matérias-primas importadas de qualidade indiscutível, além de não utilizarem técnicas de aceleração de fermentação, ingredientes conservantes, estabilizantes ou até milho transgênico. Outro “detalhe”: nenhuma cervejaria artesanal ganha milhões de incentivo de governo municipal, estadual ou federal, muito pelo contrário! O mercado de cerveja artesanal no Brasil significa 1% do consumo total de cerveja no país em volume. Isso mostra o quanto ainda podemos aprender e quanta gente ainda pode provar a cerveja artesanal por aqui. O número de cervejarias artesanais (fábricas, não bares!) no Brasil cresceu 91% de 2014 a 2017, passando de 356 a 659, segundo o Ministério da Agricultura, órgão que regula o mercado cervejeiro nacional. Outro fato curioso é que a cerveja artesanal gera mais empregos, proporcionalmente, do que as grandes cervejarias. FONTE: <https://capitaobarley.com.br/cerveja-artesanal/>. Acesso em: 27 jul. 2021. 51 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você aprendeu: • A fase final de produção da cerveja é constituída pela fermentação, maturação, acabamento e envase. A fermentação é a etapa mais importante do processo de produção dessa bebida e que é seguida pela maturação, pelo acabamento e envase da cerveja. O que diferencia a cerveja do chope é a etapa de envase e pasteurização. • O processo de maturação da cerveja permite que a cerveja envelheça e que se forme os sabores e odores finais da bebida, permitindo a formação da cerveja completa. A etapa de acabamento da cerveja é constituída pela clarificação da cerveja, pela carbonatação da cerveja. Nessa etapa a cerveja recebe os adjuntos finais e segue para etapa de envase. • A etapa de envase da cerveja é constituída pelo engarrafamento da cerveja, seguido da pasteurização da cerveja. Esse processo corresponde a um tratamento térmico antes do envasamento da cerveja, ou através de e túneis com a cerveja engarrafada. 52 AUTOATIVIDADE 1 Com base nas definições estudadas do processo de fabricação da cerveja, especificamente da etapa da fabricação, assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) A etapa de maturação da cerveja ocorre após a fermentação são adicionados alguns adjuvantes da cerveja, como os estabilizantes e antioxidantes. b) ( ) A mosturação consiste na trituração dos grãos de cevada, juntamente com os
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