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08/02/2023 16:35 lddkls221_teo_inv_cri https://colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=geilmaarmil2019%40gmail.com&usuarioNome=GEILMA+AZEVEDO+DA+SILVA&disciplinaDescricao=TEORIA+DA+INVESTIGAÇÃO+CRIMINAL&… 1/7 NÃO PODE FALTAR A INVESTIGAÇÃO CRIMINAL E SEUS PONTOS CONTROVERSOS Kheyder Loyola Imprimir PRATICAR PARA APRENDER Prezado aluno, a presente aula abordará os pontos controversos relativos à investigação criminal. Trataremos da admissão de provas, as quais são caracterizadas como lícitas e ilícitas, e das formas de acesso à justiça, além de abordarmos sobre o Direito Penal do Inimigo e a investigação criminal. Imagine uma situação em que, ansioso para denunciar um acusado de crime de roubo, um promotor denunciou um rapaz sem exaurir todos as provas para elucidar autoria, em que pese restar provada a materialidade. O simples clamor social e a vida pregressa foram su�cientes para inaugurar a peça acusatória. A pessoa não foi pega no local do crime, não estava com a “res furtiva” e o reconhecimento foi feito de forma duvidosa. A quebra do sigilo �nanceiro foi realizada cinco dias antes da autorização judicial para con�rmar eventual enriquecimento. Diante disso, o aluno deve fundamentar e justi�car: qual direito material poderia ser alegado em defesa da “injustiçada” pessoa? CONCEITO-CHAVE A PROVA ILÍCITA No Direito Processual Penal, prova são todos os elementos colhidos durante as investigações e o processamento, que objetivam demonstrar e comprovar a materialidade e autoria de uma determinada conduta delitiva. Ao de�nir o conceito de prova, Nucci (2011, p. 15) é didático: 0 V e r a n o ta çõ e s 08/02/2023 16:35 lddkls221_teo_inv_cri https://colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=geilmaarmil2019%40gmail.com&usuarioNome=GEILMA+AZEVEDO+DA+SILVA&disciplinaDescricao=TEORIA+DA+INVESTIGAÇÃO+CRIMINAL&… 2/7 Com isso, a �m de elucidar um fato criminoso e determinar sua autoria, é indispensável a existência de farto lastro probatório, apto a demonstra a verdade dos fatos, porém é importante lembrar que há certos limites que devem ser respeitados para a obtenção de provas, conforme de�nição do art. 157 do Código de Processo Penal, que dispõe acerca da inadmissibilidade das provas ilicitamente obtidas, impondo a necessidade de estas serem desentranhadas dos autos processuais. A vedação à prova ilícita é tão severa que o § 1º do art. 157 impõe que as provas derivadas de uma outra obtida ilicitamente também são inadmissíveis. A inadmissibilidade da prova ilícita não decorre apenas do códex processual mas também de expresso mandamento constitucional imposto pelo inciso LVI do art. 5º. Este claro repúdio à prova ilícita decorre da chamada "fruits of the poisonous tree", ou Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada, a qual aponta que, se uma prova ilícita deu origem à outra, mesmo que licitamente obtida, esta é maculada pelo vício da primeira, devendo, portanto, ser igualmente inadmitida. É importante apontarmos que é tido como ilícita qualquer prova obtida com violação ou desrespeito às normas constitucionais ou legais, sendo que sua admissão enseja a nulidade processual. Cambi (2006, p. 37-38), ao se debruçar sobre as limitações ao direito de prova, faz explanações acerca da necessidade de preservação dos valores fundamentais: No plano jurídico, cuida-se, particularmente, da demonstração evidente da veracidade ou autenticidade de algo. Vincula-se, por óbvio, à ação de provar, cujo objetivo é tornar claro e nítido ao juiz a realidade de um fato, de um acontecimento ou de um episódio. A prova vincula-se à verdade e à certeza, que se ligam à realidade, todas voltadas, entretanto, à convicção de seres humanos.“ O direito à prova está sujeito às restrições que decorrem da necessidade que o ordenamento jurídico tem de tutelar outros valores e interesses igualmente dignos de proteção. O direito à prova não é absoluto, comportando limitações jurídicas (que se dão pelo crivo do juízo de admissibilidade, cuja �nalidade é a proteção de outros valores fundamentais) e lógicas (por intermédio dos juízos de relevância e de pertinência, que almejam proporcionar a economia e a celeridade processuais, evitando a perda de tempo e a confusão no raciocínio do juiz). “ 0 V e r a n o ta çõ e s 08/02/2023 16:35 lddkls221_teo_inv_cri https://colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=geilmaarmil2019%40gmail.com&usuarioNome=GEILMA+AZEVEDO+DA+SILVA&disciplinaDescricao=TEORIA+DA+INVESTIGAÇÃO+CRIMINAL&… 3/7 Cabe ressaltar que a vedação à utilização de prova ilicitamente obtida não é absoluta, posto que esta é admitida pelos Tribunais quando o intuito é bene�ciar o réu, em estrita observância ao princípio do in dubio pro reo, justamente sob o fundamento de que o mandamento constitucional inserto no inciso LVI do art. 5º tem condão de proteger o cidadão, e não o inverso. Desta forma, em que pese o repúdio à prova ilicitamente obtida, é importante frisar que sua recusa não é absoluta. ACESSO À JUSTIÇA A Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada e proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas (Resolução 217 A III), em 10 de dezembro 1948, em seu art. 8º, é enfática ao dispor que todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei. De igual forma, a Convenção Americana de Direitos Humanos (1969), em seus arts. 8º e 25, de�ne as garantias judiciais a todas as pessoas e o direito à proteção judicial. Ao tratar do acesso à justiça, Capelletti (1988, p. 8), em sua obra Justice Acess, aponta a di�culdade em conceituar a expressão, mas, a �m de demonstrar a sua essencialidade, a coloca como um dos pilares de funcionamento do próprio sistema jurídico em si, in verbis: No âmbito do Direito Penal, o acesso à justiça é materializado pela efetiva garantia ao contraditório e à ampla defesa, possibilitando ao réu as mesmas oportunidades de produção de prova que ao Estado, até porque, diferente da esfera civil, o ingresso do sujeito no processo penal não é voluntário, ou seja, o Estado busca sua inserção na esfera processual almejando sua condenação pela prática de um fato tido como ilícito. A expressão ‘acesso à justiça’ é reconhecidamente de difícil de�nição, mas serve para determinar duas �nalidades básicas do sistema jurídico – o sistema pelo qual as pessoas podem reivindicar seus direitos e/ou resolver seus litígios sob os auspícios do Estado. Primeiro, o sistema deve ser igualmente acessível a todos; segundo, ele deve produzir resultados que sejam individual e socialmente justos. “ 0 V e r a n o ta çõ e s 08/02/2023 16:35 lddkls221_teo_inv_cri https://colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=geilmaarmil2019%40gmail.com&usuarioNome=GEILMA+AZEVEDO+DA+SILVA&disciplinaDescricao=TEORIA+DA+INVESTIGAÇÃO+CRIMINAL&… 4/7 Santin (2001, p. 13), em seu artigo A investigação criminal e o acesso à Justiça, aborda a problemática do acesso à justiça em matéria penal sob a ótica da investigação criminal, alertando que a burocracia e a morosidade são os principais obstáculos: Desta forma, é possível de�nir que o acesso à justiça em matéria penal diz respeito não apenas ao efetivo exercício do contraditório e da ampla defesa mas também à necessidade de superação da problemática relativa à morosidade do sistema de persecução desde as fases preliminares da investigação criminal até o efetivo julgamento da ação. DIREITO PENAL DO INIMIGO E A INVESTIGAÇÃO CRIMINAL O jurista alemão Günther Jakobs, na década de 1980, criou o conceito chamado de “Feindstrafrecht”, o Direito Penal do Inimigo, tomando por base ensinamentos trazidos desde o Direito Romano e as metodologias criadas pelo sociólogo Niklas Luhmann. A Teoria do Direito Penal do Inimigo defende que os criminosos são divididos em duas classes, sendo os “criminosos tradicionais”,aos quais é imperiosa a aplicação do Direito Penal Tradicional, e os “autores de crimes graves”, cujos atos são atentatórios à própria estrutura social, como os terroristas, criminosos sexuais, membros do crime organizado e autores de outros crimes graves. Para a Teoria do Direito Penal do Inimigo, esse segundo grupo deve ser rotulado como “inimigo da sociedade”, razão pela qual sequer devem ser tratados com as benesses do direito tradicional, ante a insu�ciência deste em reprimir suas condutas criminosas. Günther Jakobs elabora a Teoria do Direito Penal do Inimigo com a premissa de que o sujeito delinquente, ante o caráter de suas ações, é inimigo do Estado, não podendo ser considerado um cidadão, título este que deveria ser reservado O principal obstáculo do acesso à justiça na esfera criminal relaciona-se à investigação criminal, pelo sistema burocrático e demorado com que realizada tradicionalmente pela polícia, quase de forma exclusiva, sendo necessária a análise da exclusividade da polícia na investigação criminal, se as demais polícias podem investigar delitos fora da sua área de atuação normal, se outros entes estatais extrapoliciais podem investigar e a atuação da vítima, do indiciado e do cidadão “ 0 V e r a n o ta çõ e s 08/02/2023 16:35 lddkls221_teo_inv_cri https://colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=geilmaarmil2019%40gmail.com&usuarioNome=GEILMA+AZEVEDO+DA+SILVA&disciplinaDescricao=TEORIA+DA+INVESTIGAÇÃO+CRIMINAL&… 5/7 apenas aos que não se desviam da vida em sociedade. Neste sentido, Jakobs e Meliá (2008, p. 26) apontam que Johann Gottlieb Fichte possui entendimento similar: A doutrina dominante aponta a existência de três pilares que de�nem a Teoria do Direito Penal do Inimigo, sendo eles a antecipação da punibilidade, a desproporcionalidade das penas e a relativização das garantias penais. É importante frisar que, na prática, a aplicabilidade da Teoria do Direito Penal do Inimigo enfrenta forte resistência constitucional, posto que algumas medidas adotadas sob o pretexto de proteger a ordem e a soberania, por vezes, possuem caráter totalitário e gravemente interventivo, como no caso da antecipação da punibilidade do sujeito, em que aquele considerado como inimigo da ordem pública enfrenta a punição não apenas pelo ato por ele perpetrado mas também pelo risco que oferece à sociedade. Sob a ótica das investigações criminais, o Direito Penal do Inimigo está mais atrelado ao método investigativo da detonação, principalmente em razão de seus métodos investigativos invasivos, como os constantes da Lei Federal nº 12.850, de 2 de agosto de 2013, que trata da investigação de organizações criminosas, a qual prevê: Quem abandona o contrato cidadão em um ponto em que no contrato se contava com sua prudência, seja de modo voluntario ou por imprevisão, em sentido estrito perde todos os seus direitos como cidadão e ser humano, e passa a um estado de ausência completa de direitos.“ Art. 3º Em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos, sem prejuízo de outros já previstos em lei, os seguintes meios de obtenção da prova: I - colaboração premiada; II - captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos; III - ação controlada; IV - acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a dados cadastrais constantes de bancos de dados públicos ou privados e a informações eleitorais ou comerciais; V - interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas, nos termos da legislação especí�ca; VI - afastamento dos sigilos �nanceiro, bancário e �scal, nos termos da legislação especí�ca; VII - in�ltração, por policiais, em atividade de investigação, na forma do art. 11; VIII - cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais, estaduais e municipais na busca de provas e informações de interesse da investigação ou da instrução criminal. — (BRASIL, 2013, [s.p.]) “ 0 V e r a n o ta çõ e s 08/02/2023 16:35 lddkls221_teo_inv_cri https://colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=geilmaarmil2019%40gmail.com&usuarioNome=GEILMA+AZEVEDO+DA+SILVA&disciplinaDescricao=TEORIA+DA+INVESTIGAÇÃO+CRIMINAL&… 6/7 Desta feita, mesmo diante do caráter invasivo do método da detonação e sua estrita relação com o chamado Direito Penal do Inimigo, sua utilização, por vezes, é a única ferramenta viável para elucidar crimes complexos, cujos agentes possuem muitos recursos, assim, a �exibilização de garantias acaba se tornando uma arma de e�cácia garantida contra a criminalidade, devendo ser utilizada com respeito aos limites constitucionais. ASSIMILE É importante lembrar que o princípio da isonomia permite o tratamento desigual para aqueles que se encontram em posições desiguais, porém essa medida visa igualar aqueles que não possuem as mesmas condições, diferente do tratamento conferido pelo Direito Penal do Inimigo, que visa dar tratamento diverso ao criminoso em razão de sua periculosidade. REFLITA A respeito do acesso à justiça, é correto a�rmar que, sob a ótica do Direito Penal, consiste na possibilidade de os indivíduos realizarem pesquisas processuais de terceiros e em nome próprio, bem como adentrarem em ambientes, como fóruns e tribunais? EXEMPLIFICANDO Em um determinado caso de difícil solução, um dos investigadores procedeu à interceptação telefônica do celular do principal suspeito do crime, na qual foram gravadas informações que este passou ao seu amigo, descrevendo com detalhes o que encaixaria perfeitamente com o ocorrido. Entretanto, tal prova não foi aceita, uma vez que a mencionada interceptação não possuía autorização judicial para tanto, tendo ocorrido o mesmo com as evidências dela derivadas. Assim, no que tange aos diversos métodos investigativos, temos também os métodos controversos, os quais apresentam temas de relevante importância para o entendido do funcionamento de uma investigação, por exemplo, as hipóteses de 0 V e r a n o ta çõ e s 08/02/2023 16:35 lddkls221_teo_inv_cri https://colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=geilmaarmil2019%40gmail.com&usuarioNome=GEILMA+AZEVEDO+DA+SILVA&disciplinaDescricao=TEORIA+DA+INVESTIGAÇÃO+CRIMINAL&… 7/7 aceitação de provas obtidas ilicitamente, ou mesmo as formas de acesso à justiça. REFERÊNCIAS BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Presidência da República, [2021]. Disponível em: https://bit.ly/30DwN7y. Acesso em: 6 dez. 2021. BRASIL. Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo Penal. Brasília, DF: Presidência da República, [2021]. Disponível em: https://bit.ly/3maYhsD. Acesso em: 6 dez. 2021. BRASIL. Lei nº 12.850, de 2 de agosto de 2013. De�ne organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal; altera o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); revoga a Lei nº 9.034, de 3 de maio de 1995; e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, [2021]. Disponível em: https://bit.ly/322cAc8. Acesso em: 7 dez. 2021. CAMBI, E. A prova civil. São Paulo, SP: Revista dos Tribunais, 2006. CARNEIRO, D. C. Prova Ilícita: uma re�exão. Revista da EMERJ, v. 11, n. 43, 2008. Disponível em: https://bit.ly/3F3hDr7. Acesso em: 16 ago. 2021. JAKOBS, G.; MELIÁ, M. C. Direito Penal do Inimigo: noções e críticas. 3. ed. Porto Alegre, RS: Livraria do Advogado, 2008. NUCCI, G. de S. Manual de direito penal: parte geral: parte especial. 7. ed. São Paulo, SP: Revista dos Tribunais, 2011 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Nova Iorque: Assembleia Geral das Nações Unidas, 1948. Disponível em: https://uni.cf/3E1JmXY. Acesso em: 7 dez. 2021. SANTIN, V. F. A investigação criminal e o acesso à Justiça. Justitia, São Paulo, v. 63, n. 195, jul./set. 2001. 0 V e r a n o ta çõ e s http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12850.htm https://www.unicef.org/brazil/declaracao-universal-dos-direitos-humanos
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