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Teoria da Investigação Criminal

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TEORIA DA INVESTIGAÇÃO CRIMINAL 
Kheyder Loyola 
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CONHECENDO A DISCIPLINA 
Caro aluno, neste material abordaremos as nuances relativas ao procedimento
investigatório e sua efetiva aplicabilidade prática. 
Na primeira unidade da disciplina, realizaremos um estudo aprofundado relativo
aos aspectos orgânicos e sistêmicos da investigação criminal, com uma
abordagem ampla sobre seus conceitos, previsões legais e classificações. É
importante ressaltar que a abordagem visa, sob um aspecto prático, permitir que
você adquira conhecimentos relativos aos diversos posicionamentos que
permeiam a classificação investigativa. 
Ainda nesta primeira unidade, abordaremos de forma ampla a evolução
histórica da investigação criminal e como o papel do Estado foi alterado nesse
decurso de tempo, analisando de forma concatenada o desenvolvimento dos
instrumentos investigativos, desde o antigo Egito até os tempos atuais. 
Nesta seção, analisaremos de forma aprofundada os sistemas processuais penais
inquisitivo, acusatório e misto, abordando suas particularidades e nuances. 
A segunda unidade da disciplina tem por objeto o estudo dos princípios
constitucionais que permeiam a investigação criminal e sua efetiva
aplicabilidade, bem como a análise da evolução do inquérito policial e sua
relação com o procedimento investigativo. 
Abordaremos o papel do Ministério Público na investigação criminal, desde sua
evolução histórica e funções institucionais até o efetivo poder investigativo que
permeia a instituição 
Na terceira unidade da disciplina, passaremos a uma abordagem prática dos
métodos investigativos, analisando o procedimento, por primeiro, sob a ótica da
investigação preliminar e os cuidados com a preservação do local do crime, o
trabalho pericial imediato. 
Analisaremos também o método investigativo conhecido como M.U.M.A. e os
passos necessários para elucidação de um fato criminoso. Não deixaremos de
lado a análise dos outros métodos investigativos, como o “rastejamento”,
“círculos concêntricos” e “detonação”, procedendo a uma análise aprofundada de
cada um deles e suas nuances. 
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Por fim, na última unidade de nossa disciplina, estudaremos outros aspectos
importantes e inerentes à investigação criminal, como o papel da medicina legal
na investigação, as técnicas investigativas que podem ser adotadas e, ainda, os
pontos controversos que permeiam a matéria, como a obtenção de provas ilícitas,
as falhas no acesso à justiça e a aplicação do chamado Direito Penal do Inimigo.  
Assim, esperamos que os conhecimentos adquiridos nesta disciplina o auxiliem
na ampliação de seus horizontes, possibilitando a obtenção de uma gama de
novos e relevantes conhecimentos para sua vida profissional, lembrando sempre
que os estudos não devem se limitar à aula, mas devem compor um processo de
constante evolução por meio do autoestudo. 
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NÃO PODE FALTAR
ASPECTOS GERAIS 
Kheyder Loyola 
CONVITE AO ESTUDO 
 Nesta unidade, você será apresentado ao mundo das investigações criminais,
principalmente no que tange a seus aspectos orgânicos e sistêmicos. 
Na primeira seção desta unidade, abordaremos os aspectos gerais relativos à
investigação criminal, com seu conceito, previsões legais e classificações. No que
concerne ao conceito da investigação, estudaremos desde a etimologia da palavra
até sua conceituação para diferentes autores, possibilitando, assim, a construção
concatenada de um conceito próprio. 
Já no que tange às previsões legais, o objetivo é abordar tanto as previsões
constitucionais e processuais penais, relativas à investigação criminal, quanto
aquelas previstas em legislações especiais, permitindo a obtenção de
conhecimentos amplos relativos aos instrumentos investigativos. 
Em se tratando das classificações da investigação criminal, abordaremos a
chamada investigação pura (ou constitucional), a investigação derivada que,
apesar da previsão constitucional, é realizada fora do padrão previsto para as
infrações comuns e, por fim, a investigação impura, aquela que não possui
previsão constitucional, mas existe em legislações esparsas, abordando os
aspectos inerentes a cada uma delas. 
A segunda seção desta unidade tem por objetivo o estudo dos aspectos históricos
que permeiam a investigação criminal, analisando sua realização com a
antiguidade, por meio dos Magiaí, no antigo Egito, passando pelas previsões
legais contidas no Código de Hamurabi da Babilônia, até as previsões do Direito
Grego e Romano. 
Abordaremos, ainda, as investigações criminais no Brasil e como se
desenvolveram durante o período das Ordenações do Reino, tratando
especificamente das Ordenações Afonsinas (1446-1521), das Ordenações
Manuelinas (1521-1603) e das Ordenações Filipinas (1603-1830), culminando na
edição do Código Penal do Império e a alteração dos modelos até então adotados. 
Realizaremos uma análise acurada acerca da investigação criminal e suas
nuances após a promulgação da Constituição de 1988, e a proteção aos direitos e
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garantias fundamentais trazida por meio do modelo garantista adotado após o
período. 
Por meio da abordagem teórica, a última seção desta unidade abordará os
sistemas processuais penais inquisitivo, acusatório e misto e como eles
influenciam os procedimentos investigativos, principalmente no que tange à
necessidade de respeito ao protecionismo constitucional. 
Nesta seção, trataremos, inclusive, da Lei Federal 13.964, de 24 de dezembro de
2019, denominada “Pacote Anticrime” e as alterações trazidas no bojo do próprio
sistema.   
PRATICAR PARA APRENDER 
Caro aluno, nesta aula vamos analisar os aspectos orgânicos e sistêmicos
inerentes ao processo de investigação criminal, tendo por ponto de partida seu
conceito enquanto fase primária da persecução penal, que tem por objetivo
apurar a responsabilidade e a autoria relativa ao delito. 
Ainda nesta aula, abordaremos as previsões legais relativas à investigação
criminal, seja na Constituição Federal, Código de Processo Penal ou legislação
extravagante, principalmente no que concerne às competências e atribuições dos
órgãos responsáveis.  
Outro assunto de suma importância para o presente estudo são as classificações
da investigação criminal, comumente dividida pela doutrina em autêntica,
derivada e impura, a depender de sua relação com a autorização constitucional.  
Imaginemos uma situação em que, instalada uma CPI na Câmara dos Deputados,
sem obediência ao quórum necessário, justificada pela ausência dos pares na
sessão de votação em decorrência do risco da contaminação por coronavírus, é
determinada a quebra do sigilo financeiro de um investigado por ato de
improbidade administrativa.  
Você, instado como parecerista da procuradoria parlamentar sobre a
legitimidade desse ato, deve apresentar resposta sobre a
legalidade/constitucionalidade do ato. 
O estudo das questões abordadas nesta disciplina é relevante para o auxiliar no
processo de tomada de decisões, principalmente no que tange à possibilidade de
uma consulta a respeito do tema, razão pela qual a atenção aos detalhes que
envolvem o tema é indispensável. 
CONCEITO-CHAVE 
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CONCEITO 
Ao tratarmos do processo de investigação criminal, com relação a seus aspectos
orgânicos e sistêmicos, é indispensável partirmos da conceituação desse
complexo ato que inaugura a persecução penal. 
A expressão “investigação” vem do latim, investigatione, que, segundo o
Dicionário Jurídico de Washington dos Santos (2001, p. 130) é o “ato ou efeito de
investigar; indagação minuciosa; inquirição; busca, pesquisa”, sendo definido,
ainda pelo mesmo autor, que a “investigação criminal” refere-se ao “processo
preparatório do sumário ou instrução criminal”. 
A investigação criminal, enquanto fase inaugural da persecução penal, visa a
apuração dos fatos que envolvem um delito, com o objetivo de apontar sua
materialidade e autoria.Nesse sentido, Piero Calamandrei (1936, p. 21), ao tratar da investigação,
conceitua da seguinte forma: 
Tomando por base tais premissas, podemos conceituar a investigação criminal
como um conjunto de procedimentos e diligências, de caráter estritamente
técnico, que tem por objeto a coleta de evidências destinadas a demonstrar a
existência e determinar a autoria de um delito, a fim de que as informações
coletadas sejam efetivamente utilizadas durante o processamento e julgamento
do feito. 
É importante apontar que a investigação criminal encontra seus limites impostos
na legislação e, principalmente, na Constituição Federal, devendo respeitar os
direitos fundamentais como a privacidade e integridade física dos investigados. 
A investigação criminal é uma atividade estatal voltada ao efetivo esclarecimento
de um fato considerado criminoso e dotada do que chamamos de função tripla,
qual seja, a preservação da evidência obtida, afastamento de acusações
desprovidas de provas e a garantia de uma causa justa para a inauguração de
uma ação penal. 
Nessa seara, visando conceituar o instituto da investigação criminal, Eliomar
Pereira da Silva (2011, p. 43), em sua obra Teoria da Investigação Criminal, é
didático ao defini-la como: 
É o conjunto de atividades desenvolvidas concatenadamente por órgãos do Estado, a partir de uma notícia-
crime, com caráter prévio e de natureza preparatória com relação ao processo penal, e que pretende
averiguar a autoria e as circunstâncias de um fato aparentemente delituoso, com o fim de justificar o
processo ou o não-processo. 
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Ante a tais apontamentos, é possível concluir que a investigação criminal é o
meio que dispõe o Estado para averiguar a autoria, existência e materialidade de
um determinado delito, colhendo os subsídios necessários para a correta e fiel
instrução de eventual processo criminal, com o objetivo de possibilitar a
persecução penal e eventual condenação do acusado, portanto, instrumento
indispensável ao bom andamento da justiça penal.
PREVISÕES LEGAIS 
A investigação criminal, em que pese não possuir um conceito definido pela
própria legislação, possui previsão, tanto na Constituição Federal como no Código
de Processo Penal e, até mesmo, em legislações especiais. 
A Magna Carta, ao tratar da investigação criminal, aborda a competência
atribuída à Polícia Federal e Civil para apuração de infrações penais; a
possibilidade de o Ministério Público requisitar diligências investigatórias e,
ainda, a possibilidade de violação de sigilo de correspondência ou comunicação
telefônica para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. 
Ao tratar do tema Segurança Pública, a Constituição Federal, em seu art. 144, §1º,
atribui à Polícia Federal a responsabilidade pela efetiva apuração dos delitos
cometidos contra a ordem política, social ou que afetam os interesses da União.
Assim, a previsão constitucional a respeito da Polícia Federal, no que concerne à
investigação criminal, é enfática ao atribuir-lhe responsabilidade pela apuração
de determinados delitos que afetam direta ou indiretamente os interesses da
União ou que possuam repercussão interestadual ou internacional. 
O parágrafo 4º do art. 144, ao definir a competência da polícia civil, atribui-lhe as
funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, ou seja, impõe-lhe
a competência para investigação dos delitos em geral. 
Outro aspecto relevante no que tange à previsão constitucional da investigação
criminal, diz respeito à necessidade de respeito aos direitos fundamentais, sendo
sacramentado no art. 5º, XII (BRASIL, 1988), por exemplo, que: 
Pesquisa, ou conjunto de pesquisas, administrada estrategicamente, no curso da qual incidem certos
conhecimentos operativos oriundos da teoria dos tipos e da teoria das provas, apresentando uma teorização
sob várias perspectivas que concorrem para a compreensão de uma investigação criminal científica e
juridicamente ponderada pelo respeito aos direitos fundamentais, segundo a doutrina do garantismo penal. 
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É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins
de investigação criminal ou instrução processual penal. “
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Relevante, ainda, apontar que o STF reconheceu, no bojo do RE 593.727, a
competência constitucional do Ministério Público para promover, por autoridade
própria, a investigação de natureza penal. Vale destacar que o MP possui um
instrumento de investigação próprio, denominado Procedimento de Investigação
Criminal (PIC), regulamentado pela Resolução 181/17, do CNMP. 
Quanto à previsão das investigações criminais no bojo do Código de Processo
Penal, o art. 4º do códex é enfático ao atribuir a função de polícia judiciária às
autoridades policiais no território de sua circunscrição, definindo, ainda, que sua
finalidade será a de apurar infrações penais e sua autoria, ou seja, exercer,
efetivamente, a atividade investigativa. 
Importante apontarmos que a Lei Federal 12.830, de 20 de junho de 2013, versa
sobre a investigação criminal conduzida pelo delegado de polícia, sendo enfática
ao determinar, no parágrafo primeiro de seu art. 2º, que a investigação criminal
será conduzida pelo delegado de polícia, por meio de inquérito policial ou outro
procedimento, com o intuito de apurar a materialidade e a autoria de infrações
penais. 
Ainda ao buscarmos referências na legislação especial, destacamos a Lei
12.529/11 que atribui o Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE
para apurar infrações econômicas relativas à defesa da concorrência; a Lei
9.605/98, que atribui ao IBAMA a competência para apuração de infrações
ambientais e, até mesmo, a Lei 12.846/13, que atribui à CGU a responsabilidade
pela apuração de ilícitos contra a Administração Pública relacionados à Lei
Anticorrupção. 
CLASSIFICAÇÃO DA INVESTIGAÇÃO CRIMINAL 
A fim de nos aprofundarmos no tema, é importante destacar que a investigação
criminal, enquanto instrumento do Estado para apuração da materialidade e
autoria de fatos delitivos, pode ser classificada de três formas, a depender da sua
previsão legal e do órgão competente para realizá-la. 
A primeira classificação da investigação criminal é reservada para o
procedimento comum, previsto constitucionalmente e realizado sob a
presidência de um Delegado de Polícia. A essa classificação damos o nome de
“Investigação Criminal Constitucional”, sendo nomeada por alguns autores como
“autêntica” ou “pura”.  
A investigação criminal constitucional é efetivada pela Polícia Federal e pela
Polícia Civil, na forma discriminada no art. 144 da Constituição Federal e voltada
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à apuração de infrações penais comuns (no caso da Polícia Civil) ou que afetam
os interesses da União (no caso da Polícia Federal).
Podemos, ainda, classificar a investigação criminal como “derivada”, quando sua
execução é diversa do modelo padrão, como no caso das infrações militares nas
quais a apuração deve ser realizada pela polícia judiciária militar, segundo
previsão do art. 8º do Código de Processo Penal Militar (Lei nº 1.002/1969). 
Outra espécie de investigação criminal derivada é aquela realizada pela CPI
(Comissão Parlamentar de Inquérito), prevista no art. 58, §3º da Constituição
Federal (BRASIL, 1988), que confere poderes de investigação próprios das
autoridades judiciais às Comissões: 
É importante destacar que as duas espécies de investigações criminais derivadas
citadas são previstas constitucionalmente e, por essa razão, são consideradas
derivadas. Na hipótese de uma investigação criminal sem previsão
constitucional, estaremos diante da chamada “investigação criminal impura”. 
A investigação criminal impura é a classificação dada às investigações realizadas
sem previsão constitucional,sendo orientadas apenas por legislação especial,
como as realizadas, por exemplo, pelo Conselho de Controle de Atividades
Financeiras – COAF; Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE ou
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis –
IBAMA. 
Com isso, no que tange às classificações da investigação criminal, é possível
concluir que indicam não apenas o procedimento a ser adotado, mas também as
partes integrantes do processo acusatório e quem, efetivamente, adotará as
providências relativas à apuração de eventual delito, bem como sua
materialidade e autoria. 
Consigne-se que, independentemente da efetiva classificação da investigação e
sua previsão ou não no texto constitucional, é indispensável que sejam
respeitados os direitos fundamentais dos investigados, não servindo a utilização
de ordenamento especial para o desvirtuamento do caráter da investigação
criminal. 
Art. 58. [...] 
[...] 
§ 3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de investigação próprios das autoridades
judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos
Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de
seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso,
encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores. 
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ASSIMILE  
A investigação impura, como aquela realizada pelo COAF, foi
impulsionada pelo julgamento do RE 1055941, em 04 de dezembro de
2019, onde o Supremo Tribunal Federal, por 10 votos a 1, aprovou as
regras de compartilhamento de dados fiscais e bancários em investigações
criminais, determinando que o COAF deve enviar as informações à polícia
ou ao Ministério Público por meio de comunicação formal, protegida por
sigilo e reservando-se a possibilidade de fiscalização judicial acerca de
possíveis abusos; dessa forma, passou-se a dispensar a autorização
judicial para o procedimento, fixando-se o Tema de Repercussão Geral nº
990.
REFLITA  
Com base nos temas estudados, é possível refletir acerca das investigações
criminais impuras e a ausência de autorização constitucional para sua
execução, principalmente no que tange à violação de sigilo para fins
investigativos realizada pelos órgãos de controle, como a Receita Federal e
o Conselho de Controle de Atividades Financeiras. Essa violação fere a
intimidade protegida pela Magna Carta? 
EXEMPLIFICANDO  
No ano de 2020, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras bateu
seu recorde de Relatórios de Inteligência Financeira (RIFs). Até 1º de
dezembro daquele ano, foram expedidos 11.043 relatórios, quase 4 mil a
mais do que no ano de 2018.
Os conceitos abordados nesta disciplina têm por objetivo auxiliar você no
processo de assimilação e introdução à matéria de investigação criminal,
demonstrando didaticamente as origens dos instrumentos investigativos e o
papel do próprio Estado a depender do sistema de persecução penal adotado.
REFERÊNCIAS 
CALAMANDREI,  P. Introduzione  allo Studio Sistematico dei Provvedimenti
Cautelari. Padova: Cedam, 1936. 
GOMEZ, R. G. A Investigação Criminal e a Autuação do Ministério Público. 2009,
150 f. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de  Direito da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo. São Paulo, 2009.  Disponível em:
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https://bit.ly/328EGC4. Acesso em: 8 jul. 2021.  
PEREIRA, E. da S. Teoria da Investigação Criminal. Coimbra: Almedina, 2011.  
SANTOS, W. dos. Dicionário jurídico brasileiro. Belo Horizonte: Del Rey, 2001.  
SOARES,  G. T. Investigação Criminal e Inovações Técnicas e
Tecnológicas: Perspectiva e Limites. 2014, 307 f. Tese (Doutorado) - Faculdade de
Direito da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2014. Disponível em:
https://bit.ly/31UZZYp. Acesso em: 8 jul. 2021. 
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http://www.dominiopublico.gov.br/download/teste/arqs/cp113377.pdf
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/2/2137/tde-30112015-%20165420/publico/Versao_integral_Gustavo_Torres_Soares.pdf
FOCO NO MERCADO DE TRABALHO
ASPECTOS GERAIS
Kheyder Loyola 
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SEM MEDO DE ERRAR 
A situação problema apresentou a situação hipotética em que você é colocado na
situação de parecerista de uma procuradoria parlamentar, tendo sido
questionado quanto à legalidade/constitucionalidade de ato perpetrado em uma
Comissão Parlamentar de inquérito. 
Nessa situação hipotética, instalada uma Comissão Parlamentar de Inquérito na
Câmara dos Deputados, sem obediência ao quórum necessário, a qual teve por
justificativa a ausência dos pares na sessão de votação em decorrência do risco à
contaminação ao coronavírus, foi determinada a quebra do sigilo financeiro de
um investigado por ato de improbidade administrativa. 
É esperado que o aluno fundamente sua resposta nas disposições do art. 58, §3º
da Constituição Federal, frisando que as Comissões Parlamentares de Inquérito,
nos termos do citado artigo, possuem poderes de investigação próprios de
autoridades judiciais, além de outros previstos em regimentos. 
A fim de complementar sua dissertação, o aluno deve fundamentar que a quebra
de sigilo bancário é possível por determinação judicial, desde que demonstrado o
interesse público relevante envolvido na questão. 
O aluno deve frisar que, à luz das disposições do art. 58 da Constituição Federal
acerca dos poderes de investigação da Comissão Parlamentar de Inquérito, em
havendo interesse público relevante demonstrado, é possível a determinação de
quebra do sigilo financeiro de um investigado por ato de improbidade
administrativa a ser determinada pela CPI. 
A conclusão apresentada deve apontar que, em que pese a legalidade da quebra
de sigilo por parte da CPI, o desrespeito ao quórum necessário enseja a nulidade
do ato, posto que há vício de iniciativa da criação da Comissão. 
AVANÇANDO NA PRÁTICA 
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COMPETÊNCIA 
Você foi contratado para postular em defesa de um acusado pela prática de crime
de estupro de vulnerável. Compulsando os autos, verificou que o inquérito foi
conduzido pelo Promotor de Justiça que, em justificativa, sustentou que assim o
fez porque, na circunscrição, não existia delegado de polícia para tanto. Dessa
forma, diante dos fatos apresentados, sustente eventual direito constitucional
e/ou legal que possa existir.
RESOLUÇÃO
Além das afirmações do §4º do art.144 da CRFB, Importante apontarmos que
a Lei Federal 12.830/2013 versa sobre a investigação criminal conduzida pelo
delegado de polícia, sendo enfática ao determinar, no parágrafo primeiro de
seu art. 2º, que a investigação criminal será conduzida pelo delegado de
polícia, por meio de inquérito policial.
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NÃO PODE FALTAR
ASPECTOS HISTÓRICOS 
Kheyder Loyola 
PRATICAR PARA APRENDER 
O processo investigativo, com o passar dos anos, sofreu diversas mudanças,
desenvolvendo-se para melhor se adequar as nuances políticas e sociais. A fim de
ampliar nossos conhecimentos relativos ao tema, é indispensável procedermos a
uma análise acurada no que concerne à evolução histórica da investigação
criminal. 
Nesta aula, abordaremos os processos investigativos adotados na antiguidade e
como o sistema de produção probatória funcionava nos primórdios da vida em
sociedade. 
Analisaremos, do ponto de vista histórico, o desenvolvimento das investigações
criminais no Brasil, desde sua aplicabilidade durante as Ordenações do Reino,
passando pelo Código Criminal do Império e culminando nos processos
investigativos previstos na Constituição de 1988. 
Por meio desta aula, pretende-se ampliar os conhecimentos históricos relativos à
investigação criminal, possibilitando o correto entendimento quanto às
influências que as legislações antigas exerceram sobre os procedimentos atuais.  
Imagine a situação hipotética em que você foiprocurado, no ano e 1831, para
defender uma pessoa acusada de estupro, porém, soube que, para haver a
confissão do crime, o acusado, seu cliente, passou por um processo inquisitorial
focado na tortura. De posse dos elementos de defesa da época (se é que existem),
apresente uma solução de defesa. 
CONCEITO-CHAVE 
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL NA ANTIGUIDADE 
Ao buscar informações relativas às investigações criminais na Antiguidade, é
possível encontrar traços dela em 4000 a.C., no antigo Egito onde os Magiaí eram
responsáveis por colher as acusações e adotar as providências que entendessem
necessárias para elucidação dos fatos. 
Os Magiaí eram conhecidos como procuradores do rei (ou mesmo, olhos e língua
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do rei) e, além de servirem de agentes responsáveis pelas investigações
criminais, também aplicavam os castigos necessários à punição dos delitos. 
No ano de 1754 a.C., o rei Hamurabi, da Babilônia, editou o Código de Hamurabi,
com 282 artigos, o qual já deixava clara a importância da investigação criminal
para realização de uma acusação, expondo, logo em seu primeiro artigo, que “se
um awllum acusou um awllum e lançou sobre ele (suspeita de) morte, mas não
pôde comprovar: o seu acusador será morto”. É importante destacar que
Emanuel Bouzon (1980, p. 25) ao traçar comentários sobre o Código de
Hamurabi, frisou que, na Babilônia o termo awllum era usado para descrever o
homem livre e que gozava de seus direitos. 
Na antiga Grécia, o sistema penal era baseado na acusação popular; a Helieia
(tribunal) era composta por 500 membros, escolhidos por sorteio, dentre os
cidadãos com mais de 30 anos. 
Na ágora (praça pública onde se realizada a Helieia), qualquer cidadão poderia
sustentar uma acusação e, assim, tanto a defesa quanto a acusação possuíam o
ônus da prova, ou seja, a investigação criminal no período não era competência
exclusiva do Estado, mas de todos os interessados. 
Já no Direito Romano, a figura dos pater famílias era detentora de toda
autoridade, dessa forma, cabia a ele investigar, apurar os fatos e impor a sanção
que considerasse necessária a qualquer membro de seu grupo. 
Já na idade média, a Direito Canônico passou a ter fortes influências sobre a
persecução penal e o processo investigativo em si, sendo que, a partir do ano
1184, passaram a vigorar as chamadas Bulas Inquisitoriais: Ad Abolendam e
Vergentis in Senium, sendo que a segunda, editada pelo Papa Inocêncio III, no
ano de 1199, deu início à investigação inquisitiva e equiparou o crime de heresia
ao crime de traição ao rei.  
No período de inquisição católica, surgiu importante figura para o estudo das
investigações criminais, a chamada “denúncia”, que poderia ser equiparada à
atual delação, pela qual, caso alguém confessasse seus crimes dentro de
determinado período e apontasse os seus comparsas, seria aceito novamente pela
igreja. 
Dessa forma, é possível verificar que os procedimentos de investigação criminal
estão em constante desenvolvimento e que as figuras responsáveis pela
persecução penal são alteradas de tempos em tempos, porém, em todos os
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momentos da história, a investigação criminal sagrou-se como importante
instrumento para a busca da justiça, seja com a finalidade de punir culpados ou
mesmo de proteger inocentes. 
ORDENAÇÕES DO REINO 
No Brasil pré-colonial, ante a inexistência de um sistema jurídico próprio ou de
regras relativas aos procedimentos de persecução penal, adotavam-se as leis de
Portugal, as quais possuíam a denominação de Ordenações do Reino e sofriam
fortes influências do Direito Canônico. 
Para o estudo relativo às investigações criminais no Brasil, existiram 3
ordenações importantes, sendo elas: as Ordenações Afonsinas (1446-1521); as
Ordenações Manuelinas (1521-1603); e as Ordenações Filipinas (1603-1830). 
No período em que vigoravam as Ordenações Afonsinas, a investigação criminal
era realizada por meio de inquérito, pelo qual o sujeito denunciado por um
determinado crime participava de todo o procedimento investigativo. Exceção ao
inquérito era a realização da chamada “devassa”, iniciado de ofício e sem a
participação do denunciado.  
Cabe ressaltar que as Ordenações Afonsinas tiveram pouca ou nenhuma
aplicabilidade no Brasil, posto que, em que pese o descobrimento ter se dado em
1500, a colonização efetivamente se deu somente no ano de 1531, época em que
já vigoravam as Ordenações Manuelinas. 
No período compreendido entre 1521-1603, as Ordenações Manuelinas é que
determinavam os rumos da persecução penal em solo brasileiro. O procedimento
criminal tinha início com as querelas juradas, denúncias ou devassas. 
Por fim, nas Ordenações Filipinas de 1603, as investigações criminais tinham
início com denúncias perpetradas por particulares, dando origem a devassas ou
querelas, de caráter inquisitorial e realizadas, ante a ausência de uma autoridade
policial, por membros da sociedade, os quais recebiam ordens dos Alcaides.
Nesse período, surgiu ainda a figura das devassas gerais ou especiais, que tinham
por objetivo apurar crimes incertos. 
Nas querelas e devassas, realizadas sem a presença do denunciado nas
investigações, o direito de defesa apenas era concedido na fase de julgamento,
ocasião na qual, era oportunizada a apresentação de testemunhas. As
Ordenações Filipinas vigoraram até a efetiva promulgação do Código Penal do
Império, em 1830, que alterou drasticamente o modelo jurídico adotado no
Brasil. 
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O Código Penal do Império teve clara influência do movimento liberalista
europeu, o que trouxe avanços para o processo investigativo no Brasil. A esse
respeito, José Reinaldo Guimarães Carneiro (2007, p. 30), em sua obra O
Ministério Público e suas Investigações Independentes, é didático ao afirmar que: 
Dessa forma, no que tange à evolução histórica da investigação criminal no
Brasil, desde o descobrimento, a aplicação das Ordenações do Reino e seu caráter
indubitavelmente opressivo e inquisitório foi claramente superada pelo
desenvolvimento da própria sociedade e da forma como a persecução penal
passou a ser vista, alcançando, assim, patamares mais próximos do efetivo
respeito à dignidade humana e aos direitos fundamentais do indivíduo.
A INVESTIGAÇÃO CRIMINAL NA CONSTITUIÇÃO DE 1988
A investigação criminal é o instrumento de que dispõe o Estado para apuração da
materialidade e da autoria de um determinado delito. 
Desde os primórdios, os procedimentos investigativos vêm evoluindo e se
desenvolvendo, seja com atuação dos Magiaí, no antigo Egito, das prescrições
dadas pelo Rei Hamurabi da Babilônia, pelas influências do direito grego e
romano ou, até mesmo, pelas experiências cravadas pelo sistema inquisitorial
das Ordenações do Reino.  
Com a promulgação da Constituição de 1988 não foi diferente. O Código de
Processo Penal, promulgado em 03 de outubro de 1941, tinha como escopo a
segurança pública, sem dar ênfase ao garantismo e proteção de direitos
fundamentais; com o advento da Constituição Federal de 1988, os ideais
democráticos conquistados no período pós-ditadura fortaleceram-se. 
A Magna Carta, também chamada de Constituição Cidadã, alterou a própria
essência do Processo Penal, que deixou de ser um mero instrumento voltado à
aplicação da lei e se converteu em verdadeira ferramenta garantista de proteção
ao indivíduo face a persecução penal perpetrada pelo Estado. 
Com a efetiva promulgação da Constituição Federal, os acusados passaram a ter
garantias não apenas durante a instrução processual, mas também na própria
fase precedente, como a proibição de tortura e tratamento degradante ou
desumano. 
O movimento liberalista europeu acabou por implicar reflexos diretos no cenário legislativo e governamental
brasileiro, iniciando-se o abandono aos regimes opressores e aos sistemas inquisitivos de investigação e
aplicação da legislação penal, os quais desrespeitavam, por inteiro, os mais básicos direitoshumanos. “
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A respeito de tal premissa, Fauzi Choukr (2006, p. 8) é didático ao tratar do
afastamento do modelo inquisitivo e da necessidade de respeito aos direitos do
acusado: 
A investigação criminal é alicerçada em diversos princípios trazidos pelo sistema
garantista protegido pela Constituição Cidadã, como a isonomia, o contraditório e
a ampla defesa. 
A fim de dar efetivo cumprimento ao seu papel constitucional, a investigação
criminal possui por objetivo evitar acusações infundadas e sem indícios de
materialidade ou autoria, até porque o caráter estigmatizante do processo penal
persiste mesmo que o acusado seja absolvido ao final do procedimento. 
A respeito do assunto, Salo de Carvalho (2008, p. 82) ensina: 
Ante a tais apontamentos, podemos enfatizar que a evolução histórica da
investigação criminal, com o advento da Constituição Federal de 1988, teve claros
avanços no sentido garantista, criando um verdadeiro equilíbrio entre a
necessidade do Estado na obtenção de indícios de um delito e o respeito aos
direitos e garantias fundamentais dos acusados, servindo, dessa forma, de
verdadeiro instrumento de proteção à dignidade da pessoa humana.
ASSIMILE  
Alguns autores consideram que os Magiaí seriam a forma inicial do
próprio Ministério Público, principalmente ante a sua dupla função no
sistema penal egípcio, ou seja, acusador e protetor dos cidadãos. A
assimilação deste conteúdo é importante, principalmente para entender
sobre a estrutura e o desenvolvimento do próprio Ministério Público e sua
atuação no sistema de persecução penal, principalmente no que tange à
investigação criminal.
A dignidade da pessoa humana como fundamento maior do sistema implica a formação de um processo
banhado pela alteridade, ou seja, pelo respeito à presença do outro na relação jurídica, advindo daí a
conclusão de afastar-se deste contexto o chamado modelo inquisitivo de processo, abrindo-se espaço para a
edificação do denominado sistema acusatório. Fundamentalmente aí reside o núcleo de expressão que afirma
que o réu (ou investigado) é sujeito de direitos na relação processual (ou fora dela, desde já na investigação),
e não objeto de manipulação do Estado. 
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O modelo garantista pretende instrumentalizar um paradigma de racionalidade do sistema jurídico, criando
esquemas tipológicos baseados no máximo grau de tutela dos direitos e na fiabilidade do juízo e da legislação,
com intuito de limitar o poder punitivo e garantindo a(s) pessoa(s) contra qualquer tipo de violência
arbitrária, pública ou privada. Por se tratar de modelo ideal (e ideológico), apresenta inúmeros pressupostos
e consequências lógicas e teóricas, negadas ou desqualificadas por modelos opostos de produção de
saber/poder. 
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REFLITA  
Ante aos apontamentos realizados no material, cabe a você refletir se os
criminosos merecem tratamento isonômico, independentemente do delito
cometido, ou se é possível a relativização de direitos em determinados
casos, com a aplicação de um procedimento inquisitivo.
EXEMPLIFICANDO  
A adoção do modelo garantista pela Constituição Federal de 1988 é
importante, posto que, com a abolição das penas de tortura pelo advento
da Constituição de 1824, que balizou a promulgação do Código Penal do
Império, em uma investigação criminal, nos dias de hoje, independente do
delito cometido, a utilização de tortura para obtenção de uma confissão
fatalmente fere a Magna Carta, ensejando a nulidade da prova obtida,
além da responsabilidade pelo crime de tortura.
Assim, assimilando o conteúdo exposto até aqui, é possível notar que a
investigação criminal passou por constante desenvolvimento no decurso dos
anos, desde o modelo investigativo adotado no antigo Egito até aquele utilizado
nos dias atuais. Parte desse desenvolvimento se deu em decorrência da própria
evolução do pensamento social e/ou do modus operandi da criminalidade, que
acabou forçando os processos investigativos a se modernizarem.
REFERÊNCIAS 
ALMEIDA, C.  M. de. Codigo  Philippino, ou, Ordenações e leis do Reino de
Portugal: recopiladas por mandado d'El-Rey D. Philippe I. Rio de Janeiro : Typ. do
Instituto Philomathico, 1870. Disponível em: https://bit.ly/3F5v3CM. Acesso em: 8
jul. 2021.  
BOUZON, E. (intr. e com). O código de Hammurabi, 8. ed. Petrópolis: Vozes, 1980.   
BRASIL. Código Penal do Império. 1830. Disponível em: https://bit.ly/3GOnnFD.
Acesso em: 9 jul. 2021.  
CARNEIRO, J. R. G. O Ministério Público e suas investigações independentes. São
Paulo: Malheiros, 2007.  
CARVALHO, S de. Penas e Garantias. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris,
2008.  
CHOUKR, F. H. Garantias Constitucionais na Investigação Criminal. 3. ed. Rio de
Janeiro: Editora Lúmen Júris, 2006.  
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http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/242733
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lim/lim-16-12-1830.htm
COSTA, C. J. et al. História do Direito Português no período das Ordenações Reais.
Anais... V Congresso Internacional de História, s.L., p.  2191-2198, 21 a 23 de
setembro de 2011. Disponível em: https://bit.ly/3p3dU7r. Acesso em 9 jul. 2021. 
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FOCO NO MERCADO DE TRABALHO
ASPECTOS HISTÓRICOS 
Teoria da Investigação Criminal
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SEM MEDO DE ERRAR 
A problemática apresentada trouxe a situação hipotética em que o aluno, no ano
de 1831, foi procurado para defender uma pessoa acusada de estupro, tendo sido
noticiado que a confissão do crime foi obtida por meio do procedimento
inquisitorial de tortura. Assim, o aluno deveria expor qual sua linha de defesa. 
É esperado que o aluno disserte que, à época, foi promulgado o Código Penal do
Império, que já vedava a tortura. Com base nas premissas apresentadas em aula,
o aluno deve fundamentar que o referido códex teve fortes influências no
movimento liberalista europeu, o que auxiliou no processo evolutivo da
aplicação da Lei Penal. 
A fim de complementar sua dissertação, pode-se apontar que o modelo opressor
inquisitivo adotado no país com as Ordenações do Reino foi deixado de lado com
os avanços trazidos pelo novo modelo adotado à época. 
Dessa forma, a conclusão apresentada deve ser no sentido da ilegalidade de uso
do modelo inquisitorial focado em tortura, após a promulgação do Código Penal
do Império.  
AVANÇANDO NA PRÁTICA 
INQUÉRITO SOB A ÓTICA CONSTITUCIONAL 
Você, agora, é formado, portador da carteira da OAB, e foi se aventurar à
docência na mesma faculdade em que se formou. Logo no primeiro dia, um
aluno o questiona sobre investigação criminal, querendo saber o que mudou no
CPP com a promulgação da CRFB de 1988, já que o código é de 03/10/1941. Com o
domínio da matéria que lhe é peculiar, apresente sua resposta. Lembrando que
esse aluno é daqueles que questionam sabendo a resposta, só para testar o
professor.
RESOLUÇÃO
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O Código de Processo Penal tinha como foco a segurança pública, sem dar
ênfase ao garantismo e à proteção de direitos fundamentais, porém, com o
advento da Constituição Federal de 1988, os ideais democráticos conquistados
no período pós-ditadura fortaleceram-se. 
A Magna Carta, também chamada Constituição Cidadã, alterou a própria
essência do Processo Penal, que deixou de ser um mero instrumento voltado
à aplicação da lei e se converteu em verdadeira ferramenta garantista de
proteção ao indivíduo face à persecução penal perpetrada pelo Estado. 
Com a efetiva promulgação da Constituição Federal, os acusados passaram a
ter garantias não apenas durante a instrução processual, mas também na
própria fase precedente, como a proibição de tortura e tratamento
degradante ou desumano. 
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NÃO PODE FALTAR
SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS 
Kheyder Loyola
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PRATICAR PARA APRENDER 
Caro aluno, a fim de possibilitar o correto entendimento dos procedimentos
relativos à investigação criminal, é indispensável conhecer e entender os
principaissistemas processuais penais existentes e sua aplicabilidade. 
Os principais sistemas processuais penais são: o inquisitivo, o acusatório e o
misto. O sistema inquisitivo, explicando de forma resumida, vem marcado pela
acumulação de poderes e responsabilidade em apenas uma pessoa, responsável
por gerir todas as provas, acusar e julgar o infrator. 
O sistema acusatório, por sua vez, faz a separação das atribuições, conferindo a
pessoas diferentes as funções de acusador, defensor e julgador. 
O sistema misto, no que lhe diz respeito, pode ser considerado uma junção dos
dois sistemas citados, sendo dividido em duas fases: a primeira, denominada
instrução preliminar, voltada para o lado inquisitivo, e a segunda, chamada
acusação, com características do sistema acusatório. 
Diante disso, suponha que você estudou por três árduos anos e foi aprovado na
1ª e 2ª fases do concurso da magistratura do seu Estado. Convocado para a fase
oral, o examinador, olhando por cima dos óculos, o questiona a respeito do papel
do juiz na investigação criminal. Conhecedor de todo sistema, como alguém que
chegou até essa fase do certame, o quê prontamente você responderia?  
CONCEITO-CHAVE 
SISTEMA INQUISITIVO 
O sistema penal inquisitivo, como o próprio nome sugere, remonta à época das
inquisições católicas, que tinham por objetivo a investigação e punição daqueles
considerados hereges pelo clero. 
O cerne do sistema penal inquisitivo é a acumulação de poderes e
responsabilidade em apenas uma pessoa, encarregada de gerir todas as provas,
acusar e julgar o infrator. 
A respeito do tema, Paulo Rangel (2009, p. 191) é didático, fazendo explanações
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acerca da aplicabilidade e dos objetivos do modelo penal inquisitivo, apontando
que esse modelo foi aperfeiçoado com o avanço do direito canônico do mundo,
tendo sido aplicado por praticamente todas as nações da Europa, do século XVI a
XVII. 
Rangel afirma que o surgimento do modelo penal inquisitivo pode ser atribuído à
visão de que a defesa social, antes realizada por particulares, não deveria
depender da boa vontade, assim, o sistema penal inquisitivo serviu de espécie de
reivindicação do Poder Punitivo pelo próprio Estado, que passou a ter a visão de
que a responsabilidade pela punição dos delitos deveria ser de sua alçada. 
Característica marcante do sistema inquisitivo diz respeito à posição do acusado
em relação ao procedimento. Para esse sistema, o infrator não possui desejos,
sentimentos ou opiniões, não possui direitos, é considerado um simples objeto,
sem qualquer direito de expor sua versão da verdade.  
No sistema inquisitivo, o processo tramitava em sigilo. Nem o réu tinha acesso às
provas produzidas contra ele. 
Como explanado, no sistema inquisitivo, a reunião de funções atribuía ao próprio
julgador a gestão das provas, o que fatalmente contamina a própria investigação,
até porque, enquanto único conhecedor das provas produzidas, o magistrado
seria guiado unicamente pela sua visão dos fatos.  
Quanto à problemática apontada, Jacinto Coutinho (2001, p. 24) enfatiza que o
modelo inquisitório do sistema penal tem por característica fundamental a figura
do magistrado como efetivo gestor da prova, sendo que, nesse modelo, há uma
espécie de vantagem, posto que a gestão do conteúdo probatório permite que o
juiz se informe sobre a verdade dos fatos, considerando apenas aqueles que
entende ser penalmente relevantes.  
Coutinho conclui seu pensamento deixando claro que a vantagem mencionada é
apenas aparente, posto que a onipotência do magistrado que detém a gestão
probatória prejudica, de fato, a apuração dos fatos, ao passo que afasta o
contraditório e faz com que a investigação seja guiada apenas pela visão do juiz. 
Com isso, esclarece a problemática quanto à aplicabilidade do sistema
inquisitório, posto que a acumulação dos poderes relativos à investigação,
julgamento e a gestão de provas em um único indivíduo fatalmente enseja a
formação de um pré-julgamento, reduzindo ou mesmo impossibilitando a
capacidade de defesa de um sujeito acusado injustamente. 
Assim, inaplicável nos dias atuais, o modelo inquisitório penal vai de encontro ao
modelo garantista e restaurativo que se almeja alcançar e aprimorar. 
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SISTEMA 
O sistema penal acusatório é marcado pela efetiva divisão de responsabilidade e
atribuições, sendo que, diferente do sistema inquisitivo, as funções de acusar,
defender e julgar são conferidas a pessoas distintas. 
Esse sistema é marcado pela imparcialidade do magistrado, a garantia efetiva de
exercício do contraditório e ampla defesa por parte dos acusados. 
A fim diferenciar o modelo inquisitório de sistema penal do acusatório, o autor
Renato Brasileiro (2017, p. 40) é enfático ao tratar da gestão de provas no sistema
penal acusatório, afirmando que a responsabilidade por tal atribuição é das
próprias partes, enquanto o juiz, dentro do modelo acusatório, assume o papel de
garantidor dos direitos e liberdades fundamentais.  
O autor prossegue seu raciocínio apontando que, em contraposição ao modelo
inquisitorial, o sistema acusatório é caracterizado por construir uma situação em
que o réu e o autor confrontam-se, a fim de chegar a uma solução justa para o
caso. 
No que tange à não acumulação de funções em uma única figura, o modelo
acusatório é eficaz na proteção dos direitos fundamentais do acusado ao garantir
a possibilidade da formação do contraditório e a ampla defesa, de modo a
auxiliar no livre convencimento do magistrado. 
É importante destacar que o modelo acusatório não é uma invenção do direito
moderno, tendo sido utilizado durante a Antiguidade, em Roma e na Grécia, bem
como na própria Idade Média, quando imperava o direito germânico, tendo
entrado em declínio em meados do século XIII. 
A Magna Carta de 1988 acolheu expressamente o modelo penal acusatório ao
atribuir, em seu art. 129, I, ao Ministério Público a atribuição privativa de propor
ações penais públicas, reservando, assim, ao magistrado o poder de gerenciar o
processo, impedindo que adote qualquer iniciativa que não se alinhe a
equidistâncias em relação às partes envolvidas. 
Ao se debruçar sobre o sistema acusatório, Norberto Avena (2019, p. 87) aponta
que ele é próprio dos regimes democráticos e enfatiza e garantia de isonomia
processual presente nesse modelo:
Outra nota importante refere-se à garantia da isonomia processual, significando que acusação e defesa
devem estar em posição de equilíbrio no processo, sendo-lhes asseguradas idênticas oportunidades de
intervenção e igual possibilidade de acesso aos meios pelos quais poderão demonstrar a verdade do que
alegam. 
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Quanto à natureza acusatória do processo penal brasileiro, é importante frisar
que, com o advento da Lei 13.964 de 24, de dezembro de 2019, popularmente
chamada “Pacote Anticrime”, o Código de Processo Penal foi aprimorado, sendo
expresso em seu art. 3º-A (BRASIL, 2019) que “o processo penal terá estrutura
acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição da
atuação probatória do órgão de acusação”. 
Dessa forma, reforçou-se a aplicabilidade do sistema acusatório no Brasil e a
proteção dos direitos fundamentais dos acusados, sendo criada, inclusive, a
figura do juiz de garantias, “responsável pelo controle da legalidade da
investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais, cuja franquia
tenha sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário”. É importante
destacar que a referida norma teve a eficácia suspensa pela decisão cautelar
proferida nas ADIs 6298, 6299, 6300 e 6305, exarada pelo Ministro Luiz Fux, do
Supremo Tribunal Federal. 
SISTEMA MISTO 
O último, mas não menos importante, sistema penal a ser tratado nesta aula é o
denominado “sistema misto” ou “sistema francês”, que seria praticamente uma
fusão de algumas características dos sistemas inquisitivo e acusatório.Sua origem remonta ao período Pós-Revolução Francesa, ao Code d’Instruction
Criminelle francês, promulgado em 1808, daí sua nomenclatura alternativa. 
Esse sistema é dividido em duas fases distintas, sendo que a primeira possui
características do sistema inquisitorial, no qual a instrução é realizada de forma
sigilosa e escrita, e não há efetivamente garantia de contraditório ou ampla
defesa. A primeira fase do sistema misto tem por objetivo apurar a materialidade
e autoria delitiva. 
A segunda fase do sistema misto é a chamada “fase de julgamento”, que possui
características próprias do sistema acusatório, no qual predomina a oralidade,
publicidade, o contraditório e a livre apreciação das provas, com efetivo respeito
às garantias fundamentais e individuais do acusado. 
Alguns autores defendem que o sistema adotado pela legislação brasileira era o
misto, porém, com o advento da Constituição Federal de 1988 que,
expressamente, previu a separação das funções de acusação e julgamento,
passou-se à adoção do sistema acusatório, sendo esse o posicionamento
majoritário da doutrina. 
De modo diverso, há autores que defendem que somente com a promulgação da
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Lei 13.964/2019 que realizou alterações no Código de Processo Penal é que o
Brasil deixou de adotar o sistema misto e passou a adotar o acusatório; nesse
sentido, Guilherme Nucci (2020, p. 114) enfatiza: 
É possível definir que o sistema penal misto nada mais é do que um sistema
intermediário, entre o modelo inquisitivo e o acusatório, principalmente no que
tange à presença da efetiva observância dos princípios e garantias fundamentais,
como a presunção de inocência, contraditório e ampla defesa, porém, com traços
pertencentes ao sistema inquisitivo, como a produção de provas pelo magistrado
e a diminuta publicidade na primeira fase do procedimento. 
Diante dos aspectos apresentados, é possível concluir que, em que pese não
haver consenso doutrinário, o posicionamento majoritário é que o sistema
adotado no Brasil é acusatório, sendo reforçado tal entendimento em razão das
previsões constitucionais e, principalmente, por meio das alterações promovidas
na lei processual penal. 
No que tange ao sistema misto, sua aplicabilidade é eficaz, porém, deve ser
tratada com cautela, até porque a utilização do sistema inquisitório, mesmo que
de forma parcial em sua primeira fase, fatalmente fere garantias fundamentais, o
que vai de encontro às premissas de um Estado Democrático de Direito. 
ASSIMILE  
As principais características do sistema acusatório podem ser definidas
como a efetiva separação entre o juiz e a acusação; a oralidade e a
publicidade das decisões e a igualdade de condições entre a defesa e a
acusação.
REFLITA  
Com base nas premissas apresentadas, o sistema acusatório brasileiro
teria características comuns ao sistema inquisitório?
EXEMPLIFICANDO  
O sistema penal inquisitivo, no início do século XII, fortaleceu-se,
principalmente com o aumento do poder da igreja, ganhando força,
inclusive, usando da tortura como método de elucidação de crimes.
O sistema adotado no Brasil era o misto; hoje, após a reforma realizada pela Lei 13.964/2019, é o acusatório
mitigado. Na Constituição Federal de 1988, foram delineados vários princípios processuais penais, que
apontam para um sistema acusatório; entretanto, como mencionado, indicam um sistema acusatório, mas
não o impõem, pois quem cria, realmente, as regras processuais penais a seguir é o Código de Processo Penal. “
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Por meio dos temas abordados nesta sessão, é possível assimilar e entender os
diferentes sistemas penais existentes e analisar, sob o ponto de vista crítico, os
benefícios e malefícios de cada um deles e como suas metodologias influenciam a
própria persecução penal.
REFERÊNCIAS 
AVENA, N. Processo  Penal. 11. ed. Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: Método,
2019.  
COUTINHO, J. N. de M. Introdução aos  princípios gerais do Direito Processual
Penal Brasileiro. Revista de Estudos Criminais. Porto Alegre, ano 1, n. 1, 2001. 
LIMA, R. B. de. Manual de Processo Penal. Vol. Único. Salvador: JusPodivim, 2017.  
LAGO, C. A. V. do. Sistemas processuais penais. Disponível  em:
https://bit.ly/3dXHVPv. Acesso em: 9 jul. 2021. 
MOREIRA, E. R. Sistemas processuais penais à luz da  Constituição. Revista de
Direito  Constitucional e Internacional. v. 97,  set/out, 2016. Disponível em:
https://bit.ly/3oX8L0t. Acesso em: 9 jul. 2021. 
NUCCI, G. de S. Curso  de direito processual penal. 17. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2020. 
RANGEL, P. Investigação Criminal Direta Pelo Ministério Público: Visão Crítica. 3.
ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009. 
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https://biblioteca.cejamericas.org/bitstream/handle/2015/5400/art_30005.pdf?sequence=1&isAllowed=y
FOCO NO MERCADO DE TRABALHO
SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS 
Kheyder Loyola
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SEM MEDO DE ERRAR 
Com base nas premissas apresentadas em aula, é esperado que o aluno disserte a
respeito do papel garantidor do magistrado no Processo Penal, enfatizando a
adoção do sistema acusatório no Direito Processual Penal. 
É importante que se realize explanações acerca do art. 156 do Código de Processo
Penal, relativas à faculdade do magistrado em ordenar, mesmo antes de iniciada
a ação penal, a produção antecipada de provas e ainda, a possibilidade de
determinar a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto
relevante, o que poderia ser considerado verdadeira condução de investigação. 
O aluno deve fundamentar que, com o advento da Lei Federal nº 13.964/2019 que
realizou alterações no Código de Processo Penal, foram vedadas as iniciativas do
magistrado na fase de investigação, confirmando, justamente, a adoção do
sistema acusatório no processo penal. 
O aluno deve complementar sua conclusão pautando-se no art. 3º-B do Código de
Processo Penal, incluído pela Lei Federal nº 13.964/2019, que prevê a
responsabilidade do juiz de garantias pelo controle de legalidade da investigação
criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais. 
AVANÇANDO NA PRÁTICA 
ATUAÇÃO DO JUIZ NO SISTEMA ACUSATÓRIO 
O juiz da comarca de Nárnia, vendo que o promotor de justiça não dá impulso à
ação penal, encaminha os autos ao delegado de polícia determinado diversas
diligências, das quais, sem a aquiescência do membro ministerial. Você é o
promotor do caso. Entendendo ser um equívoco do magistrado, qual direito será
alegado nos autos? 
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A natureza acusatória do processo penal brasileiro teve nova orientação com
o advento da Lei 13.964/2019, popularmente chamada “Pacote Anticrime”. O
Código de Processo Penal foi aprimorado, sendo expresso no art. 3º-A que “o
processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase
de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação”. 
Dessa forma, reforçou-se a aplicabilidade do sistema acusatório no Brasil e a
proteção dos direitos fundamentais dos acusados, sendo criada, inclusive, a
figura do juiz de garantias, “responsável pelo controle da legalidade da
investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais cuja
franquia tenha sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário”. 
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NÃO PODE FALTAR
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS NA INVESTIGAÇÃO CRIMINAL 
Kheyder Loyola
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CONVITE AO ESTUDO 
Prezado aluno, nesta unidade, abordaremos temas de absoluta relevância para a
disciplina Investigações Criminais e sua correta interpretação e aplicação em
situações concretas. 
A primeira seção será reservada aos princípios constitucionais aplicáveis às
investigações criminais, na qual abordaremos o princípio da isonomia, do
contraditório e da ampla defesa. Ao tratarmos do princípio constitucional da
isonomia, o foco será sua aplicabilidade no curso da investigação criminal. Desta
forma, analisaremos a necessidade de igualdade de tratamento entreos
acusados, fazendo um paralelo com o princípio da paridade e armas e a
igualdade de oportunidades entre as partes. Em se tratando do contraditório e da
ampla defesa, analisaremos, sob a ótica da investigação criminal, tanto a
oportunidade do acusado de apresentar oposição a toda e qualquer acusação que
lhe for atribuída, ou seja, a defesa em sentido estrito, quanto a ampla defesa em
sentido amplo e sua aplicabilidade aos dois polos da ação. 
A segunda seção abordará o instrumento denominado inquérito policial e suas
nuances, com explanações acerca de sua origem e finalidade. A fim de
aprofundar os estudos relativos ao inquérito policial, analisaremos os conceitos,
as características e os principais aspectos relativos ao instrumento e à sua
aplicabilidade prática no curso das investigações. 
Por fim, na terceira seção, faremos uma análise concatenada acerca do papel do
Ministério Público nas investigações criminais, tratando desde sua origem e
evolução até suas funções institucionais relativas à atuação em matéria penal.
Com enfoque na atuação do órgão ministerial, o objetivo da seção será tratar do
papel investigativo do Ministério Públicos e as decisões recentes que permeiam a
matéria. 
PRATICAR PARA APRENDER 
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Prezado aluno, nesta aula, abordaremos a investigação criminal sob a ótica
constitucional, em especial, quanto aos princípios a ela aplicáveis. 
É importante destacar que os procedimentos de investigação criminal são
pautados por diversos princípios em sua condução, dentre eles, o da legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, comuns aos atos
administrativos em geral. 
No que tange ao estudo pretendido, vamos nos aprofundar nos princípios
constitucionais inerentes à investigação criminal do ponto de vista defensivo. Os
principais princípios aplicáveis ao instituto da investigação criminal, do ponto de
vista defensivo, indubitavelmente, são o da isonomia, do contraditório e da
ampla defesa, aos quais daremos atenção de forma individualizada. 
Imagine a situação hipotética, em que você é acordado às 3h da manhã pelo seu
cliente Furtosvaldo da Silva, o qual informou que seu irmão, Roubosvildo Mão
Leve da Silva, foi preso em flagrante e levado à delegacia de polícia. Você,
saltitante de felicidade, dirige-se à unidade policial para ter acesso aos autos e
iniciar a defesa. Por surpresa, a autoridade policial negou acesso aos autos. Em
resposta ao delegado, o que você responderia?  
CONCEITO-CHAVE 
ISONOMIA 
O primeiro e, talvez, mais importante princípio a ser abordado nesta aula é o da
isonomia. 
O princípio da isonomia é previsto na Constituição Federal, logo no caput do art.
5º, e é enfático ao dispor que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade” (BRASIL, 1988, [s. p.]). 
Esta premissa trazida pela norma constitucional quanto à igualdade, em âmbito
processual, indica que as partes devem ter igual tratamento durante a instrução
processual, perante o magistrado, tendo, assim, as mesmas oportunidades de
manifestação. 
Neste sentido, Pellegrini (2004, p. 53) afirma: 
A igualdade perante a lei é premissa para a afirmação da igualdade perante o juiz: da norma inscrita no art
5º, caput, da Constituição, brota o princípio da igualdade processual. As partes e os procuradores devem
merecer tratamento igualitário, para que tenham as mesmas oportunidades de fazer valer em juízo as suas
razões. 
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A isonomia pode ser dividida em formal e real. Enquanto a primeira diz respeito
à igualdade das pessoas perante a lei, conforme a expressa descrição do já citado
art. 5º, a segunda é voltada à máxima de igualdade geométrica de Aristóteles, a
qual afirma que devemos tratar desigualmente os desiguais, na exata medida de
suas desigualdades, visando, desta forma, alcançar a isonomia. 
Sob a ótica da investigação criminal, indispensável abordar o chamado
“princípio da paridade de armas”, o qual, por muitas vezes, é tratado como
sinônimo de isonomia, porém, na concepção majoritária, possui maior
abrangência, conforme podemos extrair dos ensinamentos de Távora e Alencar
(2016, p. 48): 
No âmbito do sistema acusatório, o princípio da paridade de armas visa garantir
a igualdade de oportunidades entre as partes, posto que o ônus da prova, em
matéria penal, é atribuído à parte acusadora, desta forma, o corolário lógico é a
concessão de direito de defesa ao acusado, garantindo, desta forma, o necessário
e indispensável equilíbrio processual. 
Sob a ótica da investigação criminal, a isonomia importa na garantia de que não
haverá tratamento diferenciado a quaisquer acusados, certificando-se de que a
todos os envolvidos serão oportunizadas as garantias e os tratamentos idênticos,
independentemente de suas condições sociais, porém respeitando as condições
pessoais de cada. 
Acerca das premissas aqui lançadas, é possível concluir que o princípio
constitucional da isonomia deve garantir o tratamento igualitário a todos os
envolvidos na investigação criminal e/ou relação processual, oportunizando as
mesmas possibilidades de manifestação e defesa, sem qualquer espécie de
distinção. 
É importante ressaltar que o Ministério Público exerce a função acusatória no
âmbito do processo penal, assim, no intuito de dar ao acusado as mesmas
condições e oportunidades, o Código de Processo Penal, em seu art. 261, impõe a
obrigatoriedade de representação por um defensor, garantindo a existência de
defesa técnica. 
CONTRADITÓRIO 
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O princípio da paridade de armas, malgrado seja tratado como sinônimo de igualdade ou isonomia no
processo penal, tem conteúdo mais rico, indicando o direito da defesa de desempenhar um papel proativo,
mormente na produção de prova e no exercício de poderes que possibilitem a plena igualdade, tal como
consta do art. 8, do Pacto de São José da Costa Rica. 
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De suma importância no estudo das investigações criminais, o princípio do
contraditório garante a oportunidade do acusado de apresentar oposição a toda e
qualquer acusação que lhe for atribuída. 
Neste sentido, Ramidolf (2017, p. 25) é didático: 
É relevante esclarecer que o exercício do contraditório se dá após a efetiva
produção da prova, até porque, tomando conhecimento daquilo que foi
produzido, ao acusado deve ser oportunizada a contestação do que a ele foi
atribuído. 
Seguindo esta premissa, Brasileiro (2020, p. 58) é enfático ao analisar o efetivo
momento em que o exercício do contraditório é possível quando da existência de
uma interceptação telefônica, afirmando que não há sentido em proceder a
intimação prévia do indivíduo para acompanhamento da investigação, até
porque, se ciente da interceptação, o ato perderia sua finalidade. 
O autor afirma ainda que não há contraditório durante o curso desse ato
processual, porém, com a conclusão da diligência e a expedição do respectivo
laudo de gravação nos autos, é indispensável a abertura de vistas à defesa, para
que esta possa exercer o direito constitucional do contraditório e da ampla
defesa. 
Ante a tal premissa, é importante apontar que não há, no caso em questão,
violação da garantia da efetiva bilateralidade da audiência, ao passo que não
houve supressão do contraditório, mas apenas a sua postergação. 
Apesar de sua clara relação com o princípio da ampla defesa, o contraditório
possui uma abrangência maior, principalmente no que concerne ao seu alcance,
até porque não afeta única a exclusivamente o acusado mas também o acusador,
na medida em que lhe deve ser oportunizado contrariar os atos praticados pela
parte contrária.
Ao tratarmos no contraditório, é importante apontar que há possibilidade de
mitigação dele em determinados casos, por exemplo, em razão de medida que
exija provimento imediato, sobpena de prejuízo processual ou ineficácia da
medida, como ocorre no caso da decretação de uma prisão preventiva, sequestro
de bens ou a própria interceptação telefônica, como já citado. Nestas hipóteses,
ocorre o chamado contraditório diferido ou postergado, no qual são garantidas a
A substancialidade do contraditório, isto é, a possiblidade de oposição a tudo que criminalmente seja
atribuído ao agente a quem se imputa a prática de conduta considerada delituosa, reconhecendo-lhe, assim, a
faculdade procedimental de contrapor argumentos e fundamentos à acusação, mediante a utilização de todos
os meios de prova admitidos pelo direito. 
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ciência e a manifestação do acusado somente após a medida. 
Lembramos que a Súmula Vinculante nº 14 do Supremo Tribunal Federal trata
expressamente da garantia do contraditório ao dispor que:  
Cristalina, desta forma, a efetiva importância do contraditório no âmbito do
processo penal e, especificamente, durante a investigação criminal,
principalmente no que concerne ao postulado da presunção de inocência e
garantia de tratamento igualitário, cabendo frisar ainda que, mesmo com a
postergação do contraditório em casos específicos, não é possível preservar a
garantia de um processo penal igualitário sem a efetiva concessão do
contraditório.
AMPLA DEFESA 
Tão importante quanto o contraditório, o princípio constitucional da ampla
defesa é garantido pelo inciso LV do art. 5º da Magna Carta, que dispõe
expressamente que “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios
e recursos a ela inerentes” (BRASIL, 1988, [s. p.]). 
Como abordado anteriormente, a ampla defesa e o contraditório, apesar de sua
semelhança, são princípios distintos, na medida em que a defesa garante o
contraditório, e somente é possível por meio do direito à informação (que é parte
integrante do contraditório). 
Sobre a relação entre o contraditório e a ampla defesa, Brasileiro (2020, p. 58)
discorre que, à luz do princípio constitucional do devido processo legal, visando à
preservação das garantias constitucionais durante a persecução penal, é
indispensável que existam partes em posições opostas, ou seja, uma delas,
obrigatoriamente, deve estar em posição defensiva, enquanto a outra, de forma
antagônica, deve se contrapor aos atos da parte contrária. 
Como já citado, o exercício do contraditório possui aplicação ampla, ao passo que
os dois polos da ação fazem uso deste, assim, caso não seja oportunizado ao
Ministério Público a manifestação relativa a uma prova produzida, haverá,
claramente, violação ao contraditório. 
No que tange ao direito à ampla defesa, a hipótese citada não importa em sua
É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já
documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária,
digam respeito ao exercício do direito de defesa.  
— (BRASIL, 2009, [s. p.])
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violação, posto que, diferente do contraditório, o alcance da ampla defesa é
estrito, restringindo-se apenas ao acusado. 
Tucci (2004, p. 257), ao se debruçar sobre a ampla defesa, expõe que, para seu
efetivo respeito, é indispensável a existência de três “realidades procedimentais”,
a saber: 
O direito de informação, como já citado, importa na efetiva necessidade de
conhecimento por parte do acusado de todos os elementos de prova contra ele
produzidos. 
No que concerne à bilateralidade da audiência para formação da ampla defesa, é
necessário que as partes sejam efetivamente ouvidas pelo magistrado, visando,
assim, conceder-lhe sua versão do ocorrido e, consequentemente, a defesa de
seus interesses. 
Por fim, em se tratando do direito à prova legalmente obtida, temos que as partes
podem trazer aos autos todos os elementos probatórios que julguem necessários
a efetiva defesa de seus interesses, desde que estes tenham sido obtidos por
meios lícitos, conforme disposição expressa do art. 157 do Código de Processo
Penal, que dispõe serem “inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do
processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas
constitucionais ou legais” (BRASIL, 1941, [s. p.]). 
O respeito ao princípio da ampla defesa, assim como do contraditório, é
indispensável no Estado Democrático de Direito e tem por finalidade preservar
as garantias constitucionais que devem ser conferidas a todos. 
ASSIMILE  
A garantia constitucional de isonomia, no âmbito do processo penal, é
intimamente ligada à “paridade de armas”, ou seja, à garantia de
igualdade de oportunidades de defesa dentro do sistema processual.
REFLITA  
Ante os temas abordados, cabe ao aluno refletir se a ausência de
contraditório na fase de inquérito fere as garantias constitucionais do
investigado ou se a oportunização de defesa nas fases processuais
posteriores supre essa ausência.
A concepção moderna da garantia da ampla defesa reclama, para a sua verificação, seja qual for o objeto do
processo, a conjugação de três realidades procedimentais, genericamente consideradas, a saber: a) o direito à
informação (nemo inauditus damnari potest); b) a bilateralidade da audiência (contraditoriedade); c) o
direito à prova legalmente obtida ou produzida (comprovação da inculpabilidade) 
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EXEMPLIFICANDO  
Cabe ressaltar que, dentre as peças defensivas existentes no processo
penal para o efetivo exercício do contraditório e da ampla defesa, a
resposta preliminar, prevista no art. 514 do Código de Processo Penal, é
peça facultativa, sendo, inclusive, desnecessária na ação penal instruída
por inquérito policial, nos exatos termos da Súmula 330 do Superior
Tribunal de Justiça.
Diante dos assuntos abordados nesta disciplina, é possível concluir que, no
efetivo prosseguimento dos processos de natureza penal e, principalmente, nos
procedimentos relativos à investigação criminal, a observância dos princípios e
das garantias fundamentais é indispensável, devendo sempre ser dado o devido
respeito à isonomia, ao contraditório e à ampla defesa, sob pena de nulidade
processual.
REFERÊNCIAS 
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil.
Brasília, DF: Presidência da República, [2021]. Disponível
em: https://bit.ly/3F25Rgt. Acesso em: 6 dez. 2021. 
BRASIL. Decreto-Lei  nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo
Civil.  Brasília, DF: Presidência da República, [2021]. Disponível em:
https://bit.ly/3sbti3n. Acesso em: 6 dez. 2021.  
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula Vinculante 14. É direito do
defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova
que, já  documentados em procedimento investigatório realizado por órgão
com  competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito
de  defesa. Brasília, DF: STF, 2009. Disponível em: https://bit.ly/3dXL8i1. Acesso
em: 6 dez. 2021.  
CINTRA, A. C. de A.; GRINOVER, A. P.;  DINAMARCO, C. R. Teoria geral do
processo. 20. ed. São Paulo, SP: Malheiros Editores, 2004.   
FAVERI, F.  L. de. Princípios constitucionais aplicáveis à investigação
criminal defensiva. Canal Ciências Criminais, 
2021. Disponível em: https://bit.ly/3E5kRca. Acesso em: 16 jul. 2021.  
RAMILDOLF, M. L. Elementos de processo penal. Curitiba, PR:  InterSaberes,
2017.  
RUTTKE, A.  Ampla Defesa e Contraditório na Fase Preliminar: considerações
críticas ao  artigo 14-A do Código de Processo Penal. Revista  da Faculdade de
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumario.asp?sumula=1230
https://canalcienciascriminais.com.br/principios-constitucionais-aplicaveis-a-investigacao-criminal-defensiva/
Direito da FMP, Porto Alegre, v. 15,n. 1, p.  114-123, 2020. Disponível em:
https://bit.ly/3yxyPm6. Acesso em: 16 jul. 2021.  
TÁVORA, N. ALENCAR, R. R. Curso de direito processual penal. Salvador,  BA:
Podivm, 2016.  
TUCCI, R. L. Direito e garantias individuais no processo penal  brasileiro. São
Paulo, SP: Saraiva, 2004. 
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https://revistas.fmp.edu.br/index.php/FMP-Revista/article/download/183/147/
FOCO NO MERCADO DE TRABALHO
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS NA INVESTIGAÇÃO CRIMINAL 
Kheyder Loyola
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SEM MEDO DE ERRAR 
Apresentou-se ao aluno uma situação hipotética, em que, ao atender um cliente
preso em flagrante e levado à delegacia de polícia, foi-lhe negado acesso aos
autos de inquérito. 
Com base em tal premissa, é esperado que o aluno, de posse dos elementos
estudados em aula, disserte a respeito da previsão do inciso LV do art. 5º da
Magna Carta, que dispõe expressamente que “aos litigantes, em processo judicial
ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes” (BRASIL, 1988, [s. p.]). 
Sob este enfoque, o aluno deve frisar que a Súmula Vinculante 14, do Supremo
Tribunal Federal, é enfática ao garantir ao defensor o amplo acesso aos
elementos de prova já produzidos e documentos no procedimento investigatório,
posto que estes dizem respeito ao direito de defesa de seu cliente. 
A fim de complementar sua dissertação, o aluno deve apontar que a publicidade
é um dos princípios que pauta o processo criminal, sendo possível a sua
mitigação ou postergação apenas em razão de medida que exija provimento
imediato; se não for o caso, a negativa de acesso aos autos é absolutamente
infundada. 
AVANÇANDO NA PRÁTICA 
PARIDADE DE ARMAS 
Imaginemos uma situação em que você é o advogado de um cliente denunciado
por estupro, chamado Demêncio Lascivo. Vocês estão em uma audiência, na qual
ele está sendo ouvido. Logo no início, a juíza advertiu seu cliente sobre o direito
de permanecer calado, porém informou que o seu silêncio não seria bem
recebido por aquele juízo. Diante da conduta da magistrada, Demêncio começa a
falar como sucederam os atos, motivo que você o interrompe, por questão de
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ordem, pedindo para a juíza se retratar. Em resposta, aos gritos com você, ela diz
que manda ali e que conduz da forma como bem lhe aprouver. Durante o
interrogatório, só conferiu ao Ministério Público o direito a perguntas. No final
da audiência, depois de muita insistência, a juíza lhe deu a palavra. Com base nos
estudos, alegue ao que de direito assiste ao caso.
RESOLUÇÃO
Ante a situação proposta, é esperado que o aluno disserte sobre o princípio
da paridade de armas, fazendo apontamentos sobre o direito da defesa de
desempenhar um papel proativo, mormente na produção de prova e no
exercício de poderes que possibilitem a plena igualdade, tal como consta no
art. 8º do Pacto de São José da Costa Rica. 
A fim de complementar sua resposta, o aluno deve apontar que o princípio
constitucional da isonomia deve garantir o tratamento igualitário a todos os
envolvidos desde a investigação criminal até a relação processual,
oportunizando as mesmas possibilidades de manifestação e defesa a todos,
sem qualquer espécie de distinção, e que, no caso em tela, houve violação ao
princípio da ampla defesa e silêncio do acusado. 
É importante ressaltar que o Ministério Público exerce a função acusatória
no âmbito do processo penal, assim, no intuito de dar ao acusado as mesmas
condições e oportunidades, o Código de Processo Penal, em seu art. 261,
impõe a obrigatoriedade de representação por um defensor, garantindo a
existência de defesa técnica. 
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NÃO PODE FALTAR
INQUÉRITO POLICIAL 
Kheyder Loyola
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PRATICAR PARA APRENDER 
Caro aluno, nesta seção, abordaremos o inquérito policial e suas nuances, com o
objetivo de compreender e aprofundar o entendimento relativo a este
importante instrumento. 
Por primeiro, faremos uma análise concatenada da origem do inquérito policial e
os aspectos relativos ao seu efetivo desenvolvimento e evolução no decorrer das
legislações penais editadas no país. Em seguida, abordaremos os conceitos e as
características que permeiam o inquérito policial e as divergências doutrinárias
relativas ao tema. Por fim, analisaremos os principais aspectos relativos a este
importante instrumento investigativo e como sua efetividade é afetada pelas
decisões das autoridades que o presidem, incluindo uma análise pormenorizada
acerca dos objetivos do inquérito policial. 
Agora, você é um advogado e foi contratado para acompanhar um flagrante de
crime de roubo. Chegando à delegacia, com os procedimentos findos, verificou
que já havia sido formalizado inquérito policial sem que se tivesse ouvido o
condutor, mas somente o interrogatório do acusado. Além desses desencontros
processuais, não lhe foi concedido o direito de comunicar sua prisão a alguém
conhecido ou a um familiar. Ocorre que a comunicação do flagrante foi feita ao
juiz. Vendo que não lhe restava mais nada a fazer na delegacia, esclareça qual
direito assiste ao acusado. 
CONCEITO-CHAVE 
A ORIGEM DO INQUÉRITO POLICIAL 
As origens do inquérito policial remontam à Grécia, sendo que a etimologia da
expressão advém do latim in quaerere, cuja tradução literal pode ser definida
como “em busca”. 
A Lei de 29 de novembro de 1832, que promulgou o Código do Processo Criminal
de primeira instância, não tratava especificamente de um instrumento análogo
ao inquérito policial, definindo apenas as atribuições dos chamados “Inspetores
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de Quarteirão”, aos quais competia vigiar sobre a prevenção de crimes, não lhes
atribuindo, assim, a função de polícia judiciária, quedando-se silente também
sobre o processo informativo. 
Em 3 de dezembro de 1841, a Lei nº 261 reformou o Código de Processo Criminal,
atribuindo aos chefes de polícia, em toda a Província e na Corte, e aos seus
delegados, nos respectivos distritos, a função de remeterem, quando
conveniente, todos os dados, provas e esclarecimentos relativos ao delito
apurado, com a devida exposição de motivos ao magistrado, ou seja, criando uma
espécie de inquérito policial, mesmo sem a utilização da nomenclatura. 
Cabe ressaltar que o Código de Processo Criminal sofreu alterações no ano
seguinte, por meio do Regulamento nº 120, de 31 de janeiro de 1842, que
suprimiu a atribuição do delegado, mantendo a responsabilidade relativa ao
“inquérito” apenas com o chefe de polícia. 
O inquérito policial propriamente dito aparece nos textos legislativos brasileiros
pela primeira vez no ano de 1871, quando, por meio do Decreto nº 4.824, de 22 de
novembro, regulou-se a execução da Lei nº 2.033, de 24 de setembro do mesmo
ano, dispondo, em suma, que o inquérito policial consistiria no conjunto de atos
concatenados voltados à identificação da materialidade e autoria de um fato
criminoso em instrumento reduzido por escrito, definindo em seu art. 10:  
Já no ano de 1936, com a criação do anteprojeto do Código de Processo Penal,
Vicente Rao, até então Ministro de Justiça, tentou instituir os chamados “Juizados
de Instrução”, em substituição ao inquérito policial, posto que tal instituição teria
por objetivo justamente a obtenção de lastro probatório suficiente ao
prosseguimento das ações penais. Sendo presidido por um magistrado, o Juizado
de Instrução visava remover a atribuição investigativa das polícias, mantendo
com elas apenas a prevenção e a repressão delitiva imediata, tendo tal proposta
perdido força com as alterações políticas à época. 
O Código de Processo Penal de 1941 manteve o inquérito policial como é
Artigo 10. Aos Chefes, Delegados e Subdelegados de Polícia, além das suas actuaes attribuições tão sómente
restringidas pelas disposições do artigo antecedente, e § unico, fica pertencendo o preparo do processo dos
crimes, de que trata o art. 12 § 7º do Codigo do Processo

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