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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM POLÍTICAS PÚBLICAS E GESTÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR FRANCISCO GULTIERREZ LIMA SOUZA MODELO DE PREFERÊNCIAS PARA DEFINIÇÃO DA IMPORTÂNCIA RELATIVA DOS CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO FUNCIONAL DE UMA IFES FORTALEZA 2021 FRANCISCO GULTIERREZ LIMA SOUZA MODELO DE PREFERÊNCIAS PARA DEFINIÇÃO DA IMPORTÂNCIA RELATIVA DOS CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO FUNCIONAL DE UMA IFES Projeto de pesquisa apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e Gestão da Educação Superior da Universidade Federal do Ceará, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Políticas Públicas e da Gestão do Ensino Superior. Área de concentração: Políticas Públicas da Educação Superior. Orientador: Prof. Dr. Heráclito Lopes Jaguaribe Pontes Coorientadora: Profª. Drª. Sueli Maria Araújo Cavalcante FORTALEZA 2021 11000088 ff.. iill.. FRANCISCO GULTIERREZ LIMA SOUZA MODELO DE PREFERÊNCIAS PARA DEFINIÇÃO DA IMPORTÂNCIA RELATIVA DOS CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO FUNCIONAL DE UMA IFES Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Políticas Públicas e Gestão da Educação Superior da Universidade Federal do Ceará, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Políticas Públicas e da Gestão do Ensino Superior. Área de concentração: Políticas Públicas da Educação Superior. Aprovado em: 27 / 07/ 2021. BANCA EXAMINADORA _____________________________________________ Prof. Dr. Heráclito Lopes Jaguaribe Pontes (Orientador) Universidade Federal do Ceará (UFC) _____________________________________________ Prof.ª Dr.ª Sueli Maria Araújo Cavalcante Universidade Federal do Ceará (UFC) _____________________________________________ Prof. Dr. Maxweel Veras Rodrigues Universidade Federal do Ceará (UFC) _____________________________________________ Prof. Dr. Mário Áureo Gomes Moreira Universidade Federal do Ceará (UFC) _____________________________________________ Prof.ª Dr.ª Cristiane Saboia Barros Instituto Federal do Ceará (IFCE) Dedico este trabalho à minha esposa, Monique Albuquerque, meu porto seguro, e ao sol e lua deste cais, Helena e Hannah. AGRADECIMENTOS Ao Senhor Deus, plenitude do Ser e de toda perfeição, sem origem e sem fim, de beatitude eterna, imortal, luz sem ocaso; a Virgem Santíssima, medianeira de todas as graças, a onipotência suplicante; pelas intercessões de São Francisco de Assis e São José. A minha esposa, Monique Albuquerque Araújo, bênção do Senhor, pela paciência, coragem e amor. Obrigado pelo apoio aos meus sonhos, quando você tem tantos a realizar e lutar comigo em busca da realização deles. Obrigado, pelo sorriso e o carinho, mesmo diante de dias difíceis e de muitos sacrifícios pessoais. Obrigado por conduzir tão bem nossa família, nossas filhas são abençoadas por terem uma mãe tão forte e ao mesmo tempo tão amorosa. Aos meus sogros, Martinha Albuquerque e Paulo Araújo, ao meu cunhado Caique Araújo e à Dona Rosa Fonteles por terem acolhido com extremo amor e cuidado minha família em Santana do Acaraú/CE, quando precisei morar em Fortaleza/CE para cursar o mestrado. Vocês sempre terão minha gratidão! A minha mãe, Maria de Jesus Cavalcante Lima, minha grande incentivadora, meu exemplo maior de caráter e caridade. Obrigado por levar minhas demandas para sua intimidade com Deus, quando a senhora tem tanto a pedir, mas pediu por mim. Ao meu irmão, Francisco Nelmir Souza Júnior, por fazer meu coração arder, a buscar ser alguém melhor, digno. Obrigado aos dois, por dividirem lágrimas comigo. Minhas lágrimas, foram também as suas. Ao fim desta etapa, sei que meu sorriso é o sorriso de vocês. À minha cunhada Natália Vasconcelos e ao amigo/irmão Tiago Felipe por toda bondade, lealdade e carinho para com minha família. Ao Vice-Diretor do campus da UFC em Sobral, Prof. Dr. Mário Áureo Gomes Moreira e à ex-coordenadora do Curso de Odontologia da UFC em Sobral, Profª Drª Mariana Ramalho de Farias, pela amizade, pelo incentivo, por me acompanharem durante todo o mestrado, ajudando-me a enfrentar as limitações técnicas que sozinho seria impossível. Obrigado por deixarem as portas dos seus gabinetes sempre convidativas, para valiosíssimas lições, tanto para a pesquisa do mestrado, quanto para a vida. Peço que o Senhor Deus lhes retribua os gestos de carinho e generosidade que tiveram comigo, nunca poderei retribuir à altura. Aos meus chefes, os Coordenadores do Curso de Odontologia da UFC em Sobral, Prof. Dr. Hilmo Barreto Leite Falcão Filho e Profª Drª Adriana Kelly de Sousa Santiago Barbosa, por me incentivarem à busca da qualificação, por estarem sempre prontos a resolverem os possíveis obstáculos para minha liberação para cursar o mestrado, pelas conversas instrutivas, pelos momentos de lazer, pelo exemplo, empatia e amizade. Ao Prof. Dr. Vicente de Paulo Teixeira Pinto, ex-Diretor do campus da UFC em Sobral, e ao atual Diretor, Prof. Dr. João Guilherme Nogueira Matias, pelo apoio e incentivo quanto à liberação para cursar o mestrado. Ao colega servidor Antônio Odacy de Sousa e ao Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Federais no Estado do Ceará (SINTUFCE), em especial a Coordenadora Geral, Keila Camelo, por viabilizarem minha estadia no alojamento do sindicato. Em 2019, o sindicato foi minha casa e é gratificante ver o SINTUFCE ser conduzido por pessoas que valorizam o desenvolvimento profissional dos técnico-administrativos em educação. Ao Coordenador da Coordenadoria de Licitação da UFC, Horácio Luiz de Souza, por abrir as portas do seu setor para que fosse possível desenvolver minhas atividades laborais. Obrigado por sua amizade, pelos ensinamentos, pelos momentos de lazer e principalmente por seu exemplo. Aos meus colegas de trabalho Airton Alcântara, Andrine Tavares, Aline Araújo, Alison Mendes, Anne Araújo, Aristides Moura, Daniele Bessa, Daniele Portela, Edson Miranda Júnior, Leandro Faustino, Marcelo Franco, Priscila Machado, Thales Guimarães e Thiago Morais, pela amizade, lealdade, por fazerem além de suas atribuições e estarem sempre prontos a me ajudarem. Aos professores Dr. Filipe Nobre, Drª Myrna Arcanjo, Drª Virgínia Silveira e Dr. Marcelo Sampieri por todo apoio e amizade. Sou agraciado por Deus por poder participar da equipe de vocês! Ao meu orientador, Prof. Dr. Heráclito Lopes Jaguaribe Pontes, pelo apoio, paciência, compromisso, disponibilidade e orientação durante a elaboração deste trabalho. À minha coorientadora, Profª Drª Sueli Maria de Araújo Cavalcante, que foi um instrumento de Deus durante minha jornada no mestrado, uma profissional de um vasto conhecimento e de uma técnica incrível. Um ser humano raríssimo, de carisma, empatia e amor envolventes. Como são incríveis os desígnios de Deus. Tudo teria sido impossível sem sua bondade. Aos colegas do POLEDUC (2019), em especial Ilanna Teixeira, Vanderley Moreira, Juliane Revoredo, Raimundo Mendes, Ruy Lima e Sulanny Sampaio, pelo companheirismo, por dividirem lágrimas e sorrisos. Vocês estão nas minhas melhores lembranças! Aos docentes do POLEDUC, especialmente o Prof. Dr. Maxweel Veras Rodrigues e Prof. Dr. Leonardo Damasceno de Sá, pelo comprometimento, exemplo e amizade. À secretária executiva do programa, Fernanda Alves, pela disponibilidade, amizade e empatia. À Prof.ª Dr.ª Cristiane Sabóia Barros por ter aceito o convite de participar da banca avaliadora. Agradeço por todo incentivoe disponibilidade, seu zelo e profissionalismo foram inspiradores. A todos que me ajudaram com discrição. Talvez eu nunca tome conhecimento, mas que no silêncio de suas caridades, Deus os recompense! Na nossa avidez de lucro, deixamo-nos absorver pelas coisas e transtornar pela pressa. Não nos detivemos perante os teus apelos, não despertamos face a guerras e injustiças planetárias, não ouvimos o grito dos pobres e do nosso planeta gravemente enfermo. Avançamos, destemidos, pensando que continuaríamos sempre saudáveis num mundo doente. Agora, sentindo-nos em mar agitado, imploramos-Te: ‘Acorda, Senhor!’ (FRANCISCO, PAPA, 2020)1. 1 Papa Francisco, em 27 de março de 2020, no Adro da Basílica de São Pedro no Vaticano, para a concessão da bênção Urbi et Orbi em meio à pandemia do novo coronavírus (COVID-19). RESUMO A Constituição Federal de 1988 incentivou as cobranças por parte da população por serviços públicos de qualidade, com redução de desperdícios e valorização dos usuários-cidadãos. Considerada um processo gerencial estratégico e de suma importância, a avaliação de desempenho propõe-se ao acompanhamento, de maneira organizada e estruturada, do desempenho dos funcionários no ambiente laboral. Nesse sentido, esta pesquisa objetiva propor modelo de preferências para o processo de avaliação de desempenho de uma IFES, localizada na cidade de Sobral/CE, utilizando-se de modelos multicritérios de apoio à decisão, AHP e Promethee. A fundamentação teórica discorre sobre a gestão de pessoas na Administração Pública, bem como os aspectos legais e métodos de avaliação de desempenho, além de apresentar conceitos teóricos sobre os métodos de decisão multicritério. Trata-se de uma pesquisa do tipo descritiva, com abordagem quantitativa. Quanto aos procedimentos técnicos de coleta de dados, classifica-se como documental, estudo de campo e estudo de caso. Como resultado final, foi possível contextualizar o processo avaliativo funcional da IFES, através de seu percurso histórico, seus desafios e seu método atual. Com a aplicação dos métodos MMAD foi possível verificar que a grande maioria dos atores avaliativos participantes da pesquisa atribuíram pesos diferentes aos fatores avaliativos, em contraponto ao modelo atual onde os fatores avaliativos possuem a mesma importância, e aos decisores. O decisor Grupo de Trabalho, que não contribui de forma direta no modelo atual, foi considerado como o segundo mais importante em 3 grupos avaliativos (Grupos A e B, E e FG) e o primeiro nos outros 2 (C e D e CD). Foi sugerida a utilização da média ponderada para o alcance das pontuações necessárias para alcançar a nota final do processo avaliativo em contraponto ao modelo atual que utiliza uma matriz de conversão de modo intuitivo. Ao fim, foi possível estruturar uma matriz de cálculo, embasada em modelos matemáticos, nas preferências dos decisores e consequentemente, mais alinhado com a realidade. Palavras-chave: avaliação de desempenho; modelos multicritério de apoio à decisão; AHP; Promethee; técnico-administratrativos em educação. ABSTRACT The Federal Constitution of 1988 encouraged the demanding for quality public services by the population, reducing waste and valuing users-citizens. Considered a strategic management process of utmost importance, the performance evaluation proposes to monitor, in an organized and structured way, the performance of employees in the work environment. Thus, this study aims to propose a preference model for the performance evaluation process in a federal institution of higher education, located in the city of Sobral/CE, using multicriteria models to support the decision, AHP and Promethee. The theoretical basis discusses the management of people in public administration, as well as the legal aspects and methods of performance evaluation, besides presenting theoretical concepts about multicriteria decision methods. This is a descriptive research, with a quantitative approach. As for the technical procedures of data collection, it is classified as documentary, field study and case study. As a final result, it was possible to contextualize the functional evaluation process of the institution above mentioned, through its historical path, its challenges and its current method. With the application of the MMAD methods, it was possible to verify that the vast majority of evaluative members participating in the research attributed different marks to the evaluative factors, in contrapoint to the current model where the evaluative factors have the same importance, and to the decision-makers. The decision-making Working Group, which does not directly contribute to the current model, was considered as the second most important in 3 evaluation groups (Groups A and B, E and FG) and the first in the other 2 (C and D and CD). It was suggested the use of the weighted average to achieve the necessary scores to achieve the final score of the evaluation process in counterpoint to the current model that uses a conversion matrix intuitively. In the end, it was possible to structure a calculation matrix, based on mathematical models, on the preferences of decision makers and, consequently, more aligned with reality. Keywords: performance evaluation; multicriteria models to support the decision; AHP; Promethee; administrative technicans in education. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Processo histórico da gestão de pessoas...................................................... 30 Figura 2 – Métodos de avaliação de desempenho e seus responsáveis........................ 35 Figura 3 – Problemas de decisão................................................................................... 43 Figura 4 – Estrutura hierárquica básica do Método AHP............................................. 48 Figura 5 – Equações do Método AHP.......................................................................... 49 Figura 6 – Escala fundamental do AHP........................................................................ 49 Figura 7 – Matriz de comparação................................................................................. 50 Figura 8 – Estrutura AIJ............................................................................................... 60 Figura 9 – Estrutura IP.................................................................................................. 61 Figura 10 – Processo do AIJ........................................................................................... 61 Figura 11 – Processo do AIP........................................................................................... 62 Figura 12 – Tipologia da pesquisa ................................................................................. 68 Figura 13 – Criação dos cursos da IFES em Sobral ....................................................... 69 Figura 14 – Universo dos atores avaliativos .................................................................. 70 Figura 15 – Amostragem................................................................................................. 72 Figura 16 – Questionários aplicados à pesquisa............................................................. 72 Figura17 – Método de análise dos dados visando conhecer o processo avaliativo........ 74 Figura 18 – Método de trabalho………........................................................................ 76 Figura 19 – Estrutura do problema (priorização e ponderação dos avaliadores) …....... 79 Figura 20 – Estrutura de priorização e ponderação dos decisores.................................. 80 Figura 21 – Estruturação do problema (priorização e ponderação dos avaliadores) ..... 80 Figura 22 – Estruturade priorização e ponderação dos fatores avaliativos.................... 81 Figura 23 – Fases do processo avaliativo........................................................................ 90 Figura 24 – Atores avaliativos........................................................................................ 93 Figura 25 – Perfil dos subordinados............................................................................... 93 Figura 26 – Perfil das chefias.......................................................................................... 94 Figura 27 – Exemplo de conversão................................................................................. 95 Figura 28 – Organograma simplificado.......................................................................... 97 Figura 29 – Formação dos pesos dos avaliadores do Grupo Funcional A e B .............. 136 Figura 30 – Formação dos pesos dos fatores avaliativos do Grupo Funcional A e B.... 137 Figura 31 – Formação dos pesos dos avaliadores do Grupo Funcional C e D............... 138 Figura 32 – Formação dos pesos dos fatores avaliativos do Grupo Funcional C e D.... 138 Figura 33 – Formação dos pesos dos avaliadores do Grupo Funcional E...................... 139 Figura 34 – Formação dos pesos dos fatores avaliativos do Grupo Funcional E........... 140 Figura 35 – Formação dos pesos dos avaliadores do Grupo Funcional FG.................... 140 Figura 36 – Formação dos pesos dos avaliadores do Grupo Funcional FG.................... 141 Figura 37 – Formação dos pesos dos avaliadores do Grupo Funcional CD................... 141 Figura 38 – Formação dos pesos dos avaliadores do Grupo Funcional CD................... 142 Figura 39 – Consolidação dos pesos dos avaliadores..................................................... 142 Figura 40 – Esquema do processo avaliativo vigente..................................................... 144 Figura 41 – Esquema do processo avaliativo proposto................................................... 145 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Funções de preferência do método Promethee............................................. 54 Quadro 2 – Tipos de gráficos das funções de preferência do método Promethee.......... 55 Quadro 3 – Scores das alternativas dos questionários (priorização dos avaliadores e a comparação entre os avaliadores)................................................................ 77 Quadro 4 – Scores das alternativas dos questionários (grau de preferência dos fatores avaliativos em relação ao processo avaliativo)............................................ 78 Quadro 5 – Fatores avaliativos por grupos avaliativos................................................... 85 Quadro 6 – Formulários avaliativos................................................................................ 86 Quadro 7 – Formulário de síntese de avaliação.............................................................. 87 Quadro 8 – Modificação no instrumento avaliativo........................................................ 89 Quadro 9 – Rol de fatores avaliativos por grupo funcional............................................ 91 Quadro 10 – Pontuação das opções do questionário avaliativo........................................ 92 Quadro 11 – Matriz de conversão..................................................................................... 94 Quadro 12 – Perfil dos participantes da pesquisa............................................................. 96 Quadro 13 – Quantitativo dos participantes chefes e subordinados.................................. 97 Quadro 14 – Decisores participantes da pesquisa............................................................. 98 Quadro 15 – Classificação dos decisores por grupo funcional......................................... 99 Quadro 16 – Matriz de julgamentos - D32........................................................................ 100 Quadro 17 – Matriz de julgamentos - D50 ...................................................................... 100 Quadro 18 – Soma da coluna de matriz de julgamentos - D32......................................... 101 Quadro 19 – Soma da coluna de matriz de julgamentos - D50......................................... 101 Quadro 20 – Normalização das somas - D32.................................................................... 101 Quadro 21 – Normalização das somas - D50.................................................................... 102 Quadro 22 – Cálculo dos vetores de prioridade dos critérios - D32................................. 102 Quadro 23 – Cálculo dos vetores de prioridade dos critérios - D50................................. 103 Quadro 24 – IC, IR e RC (D32)........................................................................................ 103 Quadro 25 – IC, IR e RC (D50)........................................................................................ 103 Quadro 26 – Matriz de julgamento do critério assiduidade (D32)................................. 105 Quadro 27 – Matriz de julgamento do critério cooperação (D32)................................... 106 Quadro 28 – Matriz de julgamento do critério cumprimento de prazos (D32)............... 107 Quadro 29 – Matriz de julgamento do critério iniciativa (D32)....................................... 108 Quadro 30 – Matriz de julgamento do critério interesse (D32)........................................ 109 Quadro 31 – Matriz de julgamento do critério materiais permanentes (D32)................ 110 Quadro 32 – Matriz de julgamento do critério organização (D32)................................... 111 Quadro 33 – Matriz de julgamento do critério qualidade no trabalho (D32)................... 112 Quadro 34 – Matriz de julgamento do critério quantidade de trabalho (D32)................. 113 Quadro 35 – Matriz de julgamento do critério relacionamento (D32).............................. 114 Quadro 36 – Matriz de julgamento do critério assiduidade (D50).................................... 115 Quadro 37 – Matriz de julgamento do critério cooperação (D50).................................... 116 Quadro 38 – Matriz de julgamento do critério cumprimento de prazos (D50)................ 117 Quadro 39 – Matriz de julgamento do critério iniciativa (D50)....................................... 118 Quadro 40 – Matriz de julgamento do critério interesse (D50)........................................ 119 Quadro 41 – Matriz de julgamento do critério materiais permanentes (D50).................. 120 Quadro 42 – Matriz de julgamento do critério organização (D50)................................... 121 Quadro 43 – Matriz de julgamento do critério qualidade no trabalho (D50).................... 122 Quadro 44 – Matriz de julgamento do critério quantidade de trabalho (D50).................. 123 Quadro 45 – Matriz de julgamento do critério relacionamento (D50).............................. 124 Quadro 46 – Prioridade global das alternativas (D32)...................................................... 125 Quadro 47 – Prioridade global das alternativas (D50)...................................................... 125 Quadro 48 – Decisão em grupo com base no vetor de prioridade (A e B)....................... 126 Quadro 49 – Preferências dos critérios (D32)................................................................... 127 Quadro 50 – Preferências dos critérios (D50)................................................................... 127 Quadro 51 – Grau de preferência unicritério (D32).......................................................... 129 Quadro 52 – Grau de preferência unicritério (D50).......................................................... 129 Quadro 53 – Soma dos graus de preferência unicritério (D32)........................................ 130 Quadro 54 – Soma dos graus de preferência unicritério (D50).........................................130 Quadro 55 – Cálculo dos fluxos positivo, negativo e líquido (D32)................................. 131 Quadro 56 – Cálculo dos fluxos positivo, negativo e líquido (D50)................................. 131 Quadro 57 – Matriz de desempenho da decisão do grupo nível A e B............................. 132 Quadro 58 – Grau de preferência unicritério (A e B)....................................................... 133 Quadro 59 – Cálculo dos fluxos positivo e negativo (A e B)........................................... 134 Quadro 60 – Matriz de preferência global dos decisores do grupo A e B........................ 134 Quadro 61 – Fatores avaliativos por grupo funcional - resultados consolidados.............. 143 Quadro 62 – Resultado final para o processo avaliativo................................................... 145 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Índice randômico............................................................................................. 52 Tabela 2 – Levantamento bibliográfico - MMAD e avaliação de desempenho ............... 64 Tabela 3 – Simulação de avaliação no modelo proposto.................................................. 146 Tabela 4 – Modelo atual e proposto (peso dos decisores por grupo) ............................... 147 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ADMC Análise de Decisões com Múltiplos Critérios AHP Analytic Hierarchy Process AIJ Agregação Individual de Julgamentos AIP Agregação Individual de Prioridades AMD Apoio Multicritério à Decisão BDTD Biblioteca Digital Brasileira de Dissertações e Teses CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CD Cargo de Direção CIGU Colóquio Internacional de Gestão Universitária CONSUNI Conselho Universitário ENEGEP Encontro Nacional de Engenharia de Produção FG Função Gestora FIFA Fédération Internationale de Football Association GAIA Geometric Analysis for Interactive Aid IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IC Índice de Consistência IFES Instituição Federal de Ensino Superior IR Índice Randômico MCDA-C Metodologia Multicritério de Apoio à Decisão – Construtivista MMAD Métodos Multicritérios de Apoio à Decisão Pα Problemática de Seleção ou Escolha Pꞵ Problemática de Classificação Py Problemática de Ordenação Pσ Problemática de Descrição PCCTAE Plano de Carreira dos Cargos Técnico-Administrativos em Educação PIB Produto Interno Bruto PROMETHEE Preference Ranking Organization Method For Enrichment Evaluation PROMETHEE GDSS Preference Ranking Method for Enrichment Evaluation - Group Decision Support System PUCRIO Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro PUCRS Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul RC Razão de Consistência REUNI Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais RH Recursos Humanos SBPO Simpósio Brasileiro de Pesquisa Operacional SIMEP Simpósio de Engenharia de Produção SIMPEP Simpósio de Engenharia de Produção TAE Técnico-administrativos em Educação UERJ Universidade Estadual do Rio de Janeiro UFBA Universidade Federal da Bahia UFC Universidade Federal do Ceará UFF Universidade Federal Fluminense UFG Universidade Federal de Goiás UFMG Universidade Federal de Minas Gerais UFPE Universidade Federal de Pernambuco UFPR Universidade Federal do Paraná UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro UFSC Universidade Federal de Santa Catarina UFSCAR Universidade Federal de São Carlos UFV Universidade Federal de Viçosa UNB Universidade de Brasília UNICAMP Universidade Estadual de Campinas UNIFESP Universidade Federal de São Paulo UNISINOS Universidade do Vale do Rio dos Sinos UNISUL Universidade do Sul de Santa Catarina UNESP Universidade Estadual Paulista USP Universidade de São Paulo SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 21 1.1 Problema.................................................................................................................... 24 1.2 Objetivos ................................................................................................................... 24 1.2.1 Objetivo geral ............................................................................................................ 24 1.2.2 Objetivos específicos..................................................................................................24 1.3 Justificativa e relevância.......................................................................................... 25 1.4 Estrutura do trabalho.............................................................................................. 27 2 REFERENCIAL TEÓRICO................................................................................... 29 2.1 Gestão de pessoas...................................................................................................... 29 2.1.1 A gestão estratégica de pessoas: meios e procedimentos.......................................... 31 2.1.2 Gestão de pessoas no Brasil.......................................................................................31 2.1.3 Gestão de pessoas na administração pública............................................................33 2.2 Avaliação de desempenho....................................................................................... 34 2.2.1 Métodos de avaliação.................................................................................................37 2.2.2 Avaliação de desempenho em IFES: aspectos legais...............................................39 2.3 Tomada de decisão nas organizações e o enfoque multicritério...........................41 2.3.1 Estrutura do problema de decisão.............................................................................42 2.3.2 Componentes básicos em um problema multicritério...............................................44 2.3.3 Métodos multicritério de apoio à decisão (MMAD)...................................................46 2.3.3.1 Método AHP................................................................................................................47 2.3.3.2 Método Promethee...................................................................................................... 52 2.3.3.2.1 Promethee II................................................................................................................56 2.3.4 Decisão multicritério em grupo................................................................................. 59 2.3.4.1 Método AHP - abordagens para decisões grupais..................................................... 60 2.3.4.2 Método Promethee - abordagens para decisões grupais........................................... 62 2.3.5 Métodos Multicritérios aplicados em avaliações de desempenho funcional..............63 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS........................................................... 67 3.1 Tipologia da pesquisa...............................................................................................67 3.2 Lócus da pesquisa......................................................................................................69 3.3 Universo e Amostra...................................................................................................70 3.4 Instrumentos de coleta de dados..............................................................................72 3.5 Técnicas de coleta e tratamento de dados............................................................... 74 3.6 Método de trabalho................................................................................................... 76 3.7 Aspectos éticos...........................................................................................................81 4 A AD DA IFES EM ESTUDO E SEU MODELO DE CÁLCULO DE___ FORMAÇÃO DE PESOS........................................................................................83 4.1 O processo avaliativo vigente................................................................................... 89 4.1.1 O ciclo avaliativo........................................................................................................ 90 4.1.2 Fatores avaliativos..................................................................................................... 91 4.1.3 Atores avaliativos.......................................................................................................92 4.1.4 Consolidação dos resultados para a nota final......................................................... 94 5 APLICAÇÃO DOS MÉTODOS AHP E PROMETHEE II NO CASO___ PRÁTICO E A PROPOSTA DE MODELO DE CONVERSÃO....................... 96 5.1 Perfil dos participantes........................................................................................... 96 5.2 Aplicação do método AHP para priorização e ponderação dos decisores......... 99 5.2.1 Priorização dos critérios tendo em vista o objetivo (Grupo funcional A e B)....... 100 5.2.2 Priorização das alternativas em relação a cada critério (Grupo funcional A e___ B).............................................................................................................................. 104 5.2.3 Prioridades globais das alternativas........................................................................ 124 5.2.4 Consolidação dos vetores de prioridades (decisão em grupo)................................ 125 5.3 Aplicação do método Promethee II para priorização e ponderação dos___ fatores avaliativos em relação ao processo avaliativo..........................................126 5.3.1 Matrizes de avaliação dos decisores........................................................................ 126 5.3.2 Grau de preferência unicritério...............................................................................127 5.3.3 Aplicação do Promethee GDSS para consolidação da decisão do grupo nível___ AB............................................................................................................................. 132 6 RESULTADOS E DISCUSSÕES.......................................................................... 136 6.1 Determinação da formação dos pesos dos decisores e dos fatores avaliativos___ (Grupo funcional A e B)......................................................................................... 136 6.2 Determinação da formação dos pesos dos avaliadores e dos fatores___ avaliativos (Grupo funcional C e D)...................................................................... 137 6.3 Determinação da formação dos pesos dos avaliadores e dos fatores___ avaliativos (Grupo funcional E).............................................................................139 6.4 Determinação da formação dos pesos dos decisores e dos fatores avaliativos___ (Grupo funcional FG).............................................................................................140 6.5 Determinação da formação dos pesos dos decisores e dos fatores avaliativos (Grupo funcional CD)............................................................................................. 141 6.6 Consolidação dos resultados..................................................................................142 6.7 Proposta modelo de conversão...............................................................................143 6.8 Comparação com o modelo atual..........................................................................147 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................149 7.1 Considerações finais sobre a pesquisa..................................................................149 7.2 Limitações da pesquisa........................................................................................... 152 7.3 Sugestões de trabalhos futuros..............................................................................152 REFERÊNCIAS...................................................................................................... 153 APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS TAE NÍVEIS A E B,___ VISANDO A PRIORIZAÇÃO E PONDERAÇÃO DOS AVALIADORES E___ DOS FATORES AVALIATIVOS ........................................................................165 APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS TAE NÍVEIS C E D,___ VISANDO A PRIORIZAÇÃO E PONDERAÇÃO DOS AVALIADORES E___ DOS FATORES AVALIATIVOS. .......................................................................196 APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS TAE NÍVEIS E,___ VISANDO A PRIORIZAÇÃO E PONDERAÇÃO DOS AVALIADORES E___ DOS FATORES AVALIATIVOS. ....................................................................... 227 APÊNDICE D – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS TAE NÍVEIS FG,___ VISANDO A PRIORIZAÇÃO E PONDERAÇÃO DOS AVALIADORES E___ DOS FATORES AVALIATIVOS. ....................................................................... 258 APÊNDICE E – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS TAE NÍVEIS CD,___ VISANDO A PRIORIZAÇÃO E PONDERAÇÃO DOS AVALIADORES E___ DOS FATORES AVALIATIVOS. ....................................................................... 289 APÊNDICE F – APLICAÇÃO DOS MÉTODOS AHP/AIP E PROMETHEE___ II / GDSS NOS DADOS ALCANÇADOS COM OS TAE NÍVEIS C E D,___ VISANDO A PRIORIZAÇÃO E PONDERAÇÃO DOS AVALIADORES E___ DOS FATORES AVALIATIVOS.........................................................................320 APÊNDICE G – APLICAÇÃO DOS MÉTODOS AHP/AIP E PROMETHEE___ II / GDSS NOS DADOS ALCANÇADOS COM OS TAE NÍVEL E,___ VISANDO A PRIORIZAÇÃO E PONDERAÇÃO DOS AVALIADORES E___ DOS FATORES AVALIATIVOS........................................................................ 849 APÊNDICE H – APLICAÇÃO DOS MÉTODOS AHP/AIP E___ PROMETHEE II / GDSS NOS DADOS ALCANÇADOS COM OS TAE___ NÍVEL FG, VISANDO A PRIORIZAÇÃO E PONDERAÇÃO DOS___ AVALIADORES E DOS FATORES AVALIATIVOS...................................... 895 APÊNDICE I – APLICAÇÃO DOS MÉTODOS AHP/AIP E PROMETHEE___ II / GDSS NOS DADOS ALCANÇADOS COM OS TAE NÍVEIS C E D,___ VISANDO A PRIORIZAÇÃO E PONDERAÇÃO DOS AVALIADORES E___ DOS FATORES AVALIATIVOS.........................................................................994 ANEXO A – TABELA DE DISTRIBUIÇÃO NORMAL PADRÃO...............1008 21 1 INTRODUÇÃO Diante do cenário de crescimento econômico no país, as organizações vêm se deparando com o aumento de competitividade manifestada, principalmente, a partir dos anos 1990. Para se manterem competitivas e atenderem aos seus objetivos pré-estabelecidos, entenderam que não há mais ambiente estável e que, portanto, necessitam de novas estratégias de gestão, uma vez que o mercado é caracterizado por mudanças e dinamicidade, exigindo, assim, a necessidade de informações e respostas rápidas para a tomada de decisão, muitas vezes marcadas por quebras de paradigmas. As organizações, segundo Landim (2017), buscam a valorização dos recursos e o desenvolvimento dos meios disponíveis para se alcançar uma reestruturação organizacional, com o propósito de se manterem competitivas em um mercado instável e acirrado, o que tem possibilitado consideráveis renovações nas diversas áreas estratégicas das organizações, inclusive na gestão de pessoas. Essas também são estratégias traçadas por gestores públicos, frente ao ambiente instável e de forte cobrança sobre instituições públicas. Assim, o momento da Administração Pública, reflete um movimento de algumas décadas, caracterizado por carência de recursos, o que gera pressão pela efetividade dos gastos públicos, uma maior cobrança por melhores resultados dos servidores públicos e um esforço para que todoscompreendam que atender às necessidades da sociedade é o principal objetivo do Estado (MESQUITA, 2016). As diversas mudanças, marcadas por constantes crises financeiras, econômicas, políticas e sociais, têm exigido das instituições públicas efetividade em suas ações, frente à diversidade de demandas que lhe são exigidas. Diante desse novo modelo, é fundamental a admissão e aplicação de novas práticas para formação de uma nova gestão pública, nas suas diferentes perspectivas. Diante deste contexto, os órgãos de controle têm ganhado cada vez mais autonomia e importância, colaborando com instituições públicas, para se alcançar a efetividade nas ações, a fim de alinhá-las com os fins públicos e direcioná-las para benefícios sociais, através de orientações e práticas técnicas, gerenciais e legais. Eles são responsáveis pelo realinhamento de condutas que geram perdas ou desperdícios na administração pública, além do combate a condutas fraudulentas, como ações de corrupção (MENDES, 2016). A pressão por melhores resultados no setor público é reflexo de suas atividades, percebidas como estáveis e com baixa eficiência. É o que aponta Teixeira et al. (2014), quando afirmam que há um domínio da burocracia nas instituições públicas, tomadas pelas 22 normas e rotinas, além da percepção do ambiente de trabalho, quando se imagina que o servidor público não precisa se arriscar em altos desempenhos, bastando não causar muitos erros, pois naturalmente os objetivos traçados serão atingidos. A gestão de pessoas das instituições públicas tem especificidades muito próprias por estarem atreladas às legislações específicas. A burocracia e a impessoalidade caracterizam a dificuldade de implementar a gestão de pessoas em organizações públicas (CARMO et al., 2018). Um atributo marcante, segundo Pantoja, Camões e Bergue (2010), é a pouca valorização do desempenho dos servidores, com acentuados traços de subjetividade nos parâmetros e a excessiva tolerância, nociva, dos avaliadores. Pode-se perceber, então, que os gestores públicos são sensíveis aos benefícios de uma gestão estratégica de pessoas, porém, são cientes dos grandes desafios inerentes à gestão pública. A gestão do desempenho funcional, segundo Brandão et al. (2008), é assunto discutido nos ambientes organizacionais, devido, principalmente ao desvirtuamento e a certa intangibilidade com que é tratado o assunto, principalmente na elaboração do instrumento avaliativo, que muitas vezes não está alinhado com os objetivos da organização. A técnica de avaliação de desempenho funcional, quando bem gerida, compõe uma das mais importantes práticas no contexto da gestão de pessoas. Através de indicadores de desempenho é possível planejar, organizar, dirigir e controlar estrategicamente as metas e objetivos pensados para a organização, além da produtividade provocada junto aos colaboradores, que também, geram vantagens às organizações (RIBEIRO; MARTINS; SANTOS NETA, 2017). Entretanto, avaliar o desempenho funcional não é uma tarefa fácil, mediante a complexidade de analisar e acompanhar o comportamento humano, dado, principalmente, às reações psicológicas, independentemente do método utilizado, que sempre apresentará níveis de imprecisão, tornando-se, portanto, um desafio para os gestores (GOMES, 2011). No âmbito do Governo Federal, os servidores públicos, sejam eles de cargos de provimento efetivo ou ocupantes de cargos de designação em comissão pública federal direta, autárquica ou fundacional, são sujeitos à avaliação de desempenho, como regulamenta a lei nº 11.784, de 22 de setembro de 2008 (BRASIL, 2008). Especificamente, na realidade da Instituição Federal de Ensino Superior (IFES) em estudo, a avaliação de desempenho é regulamentada através da resolução de seu Conselho Universitário (CONSUNI), instância de deliberação máxima da instituição, n° 10 de 08 de agosto de 2011, a qual estabelece a avaliação de desempenho como um processo contínuo dos 23 servidores técnico-administrativos em educação (TAE) estáveis nos cargos ou funções, incluindo os ocupantes de chefia, visando a uma maior efetividade organizacional. O processo de avaliação de desempenho existe na IFES desde 1980. A presente pesquisa se desenvolve em 2020 e 2021, sendo a atual matriz de conversão de pontuação e o modelo de cálculo dos pesos os mesmos desde 1990. São 30 anos sem uma iniciativa de revisão do modelo de cálculo de pesos e sua matriz de conversão, o qual se soma às velhas críticas, as que surgiram de novas demandas gerenciais, do surgimento de novos cargos, de novos perfis de servidores e novas dinâmicas de trabalho. Chefias imediatas se deparam periodicamente com novas perspectivas de cenários laborais e aspectos relevantes de conduta de seus servidores, porém, suas decisões são balizadas por uma lógica de cálculo formulado na década de 1980, o qual não se tem ideia se ainda se mostra efetiva para refletir um processo minimamente adequado ou se já se tornou obsoleta. Tomar decisões é a função mais expressiva de uma liderança, ela impacta diretamente e de maneira muito profunda no cotidiano da instituição, além de comprometer sua competitividade e sobrevivência (ALMEIDA, 2013). Tomar decisões é antes de tudo um ato de se deparar com um problema, sendo este último intimamente multidimensional, sendo possível que, em muitos momentos, seja necessário a adoção de modelos multicritérios, métodos elaborados para fundamentar e orientar os tomadores de decisão na apreciação e seleção das alternativas solucionadoras de maneira a potencializar os benefícios e minimizar as consequências negativas, frutos da escolha (GOMES; GOMES, 2019). Tendo em vista os fatores que influenciam o processo decisório da avaliação de desempenho em organizações, como o envolvimento de vários decisores, vários objetivos divergentes, com delimitações não muito bem definidas e com características muito próprias, é aconselhável a aplicação de métodos multicritérios de apoio à decisão (MMAD), já que estas características inviabilizam o uso de métodos simplistas (ENSSLIN et al., 2015). Os MMAD podem ser aplicados em estudos que visam produtividade, o que cabe perfeitamente para a avaliação de desempenho de funcionários dentro do ambiente de trabalho, levando em consideração às atribuições a eles incumbidas (VIEIRA; AMARAL, 2015). 24 1.1 Problema A partir da contextualização apresentada, o presente trabalho tem como questão norteadora: como elaborar um modelo de elicitação de preferências para mensuração da importância relativa dos fatores avaliativos e de avaliadores para o processo de desempenho funcional de servidores TAE em uma IFES, tendo em vista a utilização dos MMAD, Analytic Hierarchy Process (AHP) e Preference Ranking Organization Method for Enrichment Evaluation (Promethee)? 1.2 Objetivos Neste capítulo apresentar-se-ão o objetivo geral da pesquisa e, para seu alcance, os objetivos específicos. 1.2.1 Objetivo geral Este trabalho tem como objetivo geral propor um modelo de elicitação de preferências para mensuração de importância relativa dos fatores avaliativos e de avaliadores para o processo de desempenho funcional de servidores TAE em uma IFES, através da aplicação de modelos multicritério de apoio à decisão (AHP e Promethee), na busca da redução de possíveis distorções a partir das preferências dos avaliados e avaliadores, visando contribuir para processos avaliativos mais fidedignos com a realidade. 1.2.2 Objetivos específicos Visando alcançar o objetivo geral, foram definidos os seguintes objetivos específicos: a) Compreender o processo de avaliação de desempenho utilizado na IFES em estudo e seu modelo de cálculo de formação de pesos de fatores avaliativos e de avaliadores; b) Determinar a formação dos pesos dos avaliadores através do método AHP, baseado nos resultadosobtidos com a análise da percepção dos atores; 25 c) Definir a formação dos pesos dos fatores do processo de avaliação de desempenho através do método Promethee, baseado nos resultados obtidos com a análise da percepção dos atores; d) Propor modelo de cálculo para o processo de avaliação; e) Analisar o novo modelo de cálculo obtido com a aplicação dos MMAD, comparando-o com o atual. 1.3 Justificativa e relevância Compreende-se que esta pesquisa possibilitará contribuir de forma relevante, nos aspectos político, social e acadêmico. Político por permitir a identificação da realidade quanto à repercussão do modelo de cálculo na percepção dos avaliados e avaliadores, possibilitando melhorar o processo de avaliação de desempenho das universidades públicas, através, principalmente, da redução de distorções quanto à importância de cada fator avaliativo e de cada avaliador. Trazendo resultantes ao final do processo de avaliação. Diante da indeterminável diferenciação de pesos entre fatores avaliativos e avaliadores, não é difícil se questionar como fatores tão diversos, escolhidos por avaliadores com diferenças contundentes de perspectivas, possuem contribuições igualitárias ao desempenho dos servidores. Com resultados mais firmes e condizentes com a realidade, o presente trabalho, serve como base para as políticas de gestão de pessoas de instituições públicas de ensino superior. Dada à complexidade do cenário da avaliação de desempenho no contexto organizacional da esfera pública, é possível detectar campo fértil e apropriado para a aplicação de MMAD, caracterizados quando se tem, pelo menos duas, alternativas para se optar, levando em consideração múltiplos decisores e as consequências de cada decisão (GOMES; GOMES, 2019). Entre os métodos, destacam-se os utilizados neste trabalho, AHP e o Promethee. O AHP, precursor, extremamente difundido e repetidamente aplicado em situações de problemas multicritérios, mostra-se adequado ao presente estudo, por sua coerência de ideias, clareza e simplicidade, reunindo em sua avaliação critérios quantitativos e qualitativos (CAVELAGNA, 2016). O Promethee, também é largamente utilizado na literatura técnica para problemas multicritério, tem como vantagem a maneira simples e compreensível do resultado ordenado e da grande versatilidade sobre o procedimento de elicitação dos pesos dos critérios, já que não há rigidez de regras, sendo receptivo às metodologias diversas (CLEMENTE, 2015). 26 Os métodos foram utilizados de maneira combinada, sendo o AHP empregado na priorização e ponderação dos avaliadores e o Promethee II na priorização e ponderação dos fatores avaliativos. Suas extensões, Agregação Individual de Prioridades (AIP) do AHP, e o Preference Ranking Method for Enrichment Evaluation - Group Decision Support System (Promethee GDSS) do Promethee II foram aplicados para as decisões em grupo. Trabalhos como os de Cândido (2020), Lameira (2019), Barbosa (2018), Zanghelini (2018), Araújo (2016), Santos (2016) e Soares (2015), por exemplo, apontam a preservação das vantagens individuais dos dois métodos na aplicação conjunta e demonstra estabilidade para o alcance dos resultados. O método AHP, pelas suas vantagens, já apresentadas, foi dado prioridade em sua utilização, o que é totalmente possível para a priorização e ponderação dos avaliadores, porém para os fatores avaliativos, dado o quantitativo de fatores (10 para cada um dos 5 grupos avaliativos) e de decisores (universo 61 / amostra: 59), mostrou-se inviável, já que aplicado à equação 𝑛(𝑛 − 1)/2 (SAATY, 1991), sendo n igual ao número de fatores, resultaria em 45 comparações para cada matriz de cada grupo avaliativo, necessitando ser julgada por toda a amostragem de decisores. Assim, para esta última etapa foi acolhido o método Promethee II. Quanto ao aspecto social, por disponibilizar informações precisas e confiáveis que podem auxiliar os gestores na tomada de decisão, possibilitando a colaboração na definição de carências funcionais, no alinhamento de metas institucionais, no aperfeiçoamento de práticas de feedback e reconhecimento, no desenvolvimento de habilidades necessárias para a instituição, na formação de ambientes de trabalho mais participativos e no comprometimento individual de cada servidor. A contribuição acadêmica se dará, principalmente, pela possibilidade deste estudo de servir de consulta posterior, considerando o aprofundamento teórico, promovendo o adensamento científico da temática do estudo, e ainda, a possibilidade de colaborar com um melhor entendimento de lacunas de conhecimento e servir de base para criação de novas hipóteses. Além disso, possibilitará contribuir para o aprimoramento do processo de avaliação de desempenho, especificamente, em um setor da IFES em estudo, uma vez que o autor deste trabalho é administrador e articulador, envolvido diretamente no processo desde a edição de 2015. Diante de características específicas observadas no processo de avaliação de desempenho atual, despertou inquietação e interesse em aprofundar os conhecimentos no assunto em questão na perspectiva de um possível aperfeiçoamento no processo atual. 27 1.4 Estrutura do trabalho O presente trabalho está organizado em 7 (sete) capítulos. O primeiro contempla a introdução da pesquisa, no qual há o detalhamento da problemática em questão, a justificativa e relevância para o avanço da pesquisa e o detalhamento dos objetivos a que se propõe, geral e específicos. O segundo capítulo trata da gestão de pessoas na administração pública com foco na avaliação de desempenho funcional e os modelos multicritérios de apoio à decisão. Na primeira parte é abordado o momento e os desafios da gestão de pessoas em ambientes dinâmicos e competitivos, a necessidade de um planejamento estratégico, seu contexto no Brasil e sua aplicabilidade na administração pública. São apresentados, também, os métodos tradicionais e os contemporâneos de avaliação de desempenho, sua importância na gestão de desempenho humano, sua aplicabilidade e suas especificidades em IFES. Na segunda parte, é tratada a teoria dos MMAD com o detalhamento dos elementos do processo decisório. Com ênfase maior aos métodos AHP e Promethee II, e suas extensões: AIP (AHP) e Promethee GDSS (Promethee II) por servirem de base teórica para a pesquisa. O terceiro capítulo apresenta a metodologia aplicada ao trabalho e o método proposto, observando sua tipologia, seu lócus, a definição do universo, a amostragem, o instrumento de coleta de dados, as técnicas de tratamento e coleta de dados, o método de trabalho e os aspectos éticos que balizam a pesquisa. No quarto capítulo é mostrado o percurso histórico do processo avaliativo funcional da IFES em estudo, seus objetivos, etapas, fatores e grupos avaliativos, formulários, setores responsáveis, setores participantes do estudo e matriz de conversão. O quinto capítulo consiste na aplicação dos métodos AHP e AIP e Promethee II e Promethee GDSS. É apresentado o perfil dos participantes da pesquisa, a aplicação do método AHP e AIP para priorização e ponderação dos decisores e dos métodos Promethee II e Promethee GDSS para a priorização e ponderação dos fatores avaliativos. O capítulo seis, apresenta os resultados alcançados e são propostas discussões sobre os achados. Com os resultados é possível a consolidação da formação dos pesos dos avaliadores e dos fatores avaliativos de cada grupo avaliativo. É apresentada, também, proposta de modelo para a conversão de nota final do processo de avaliação para viabilizar ou não a progressão por mérito funcional. Quanto às discussões sobre os achados, são 28 apresentadas algumas comparações entre os pesos de fatores avaliativos comuns aos grupos avaliativos e os pesos de avaliadores, decorrendo sobre interpretações e deduções. O sétimo capítulocontempla as considerações finais da pesquisa, confrontando os objetivos pretendidos frente aos resultados alcançados. São expostas as principais limitações da pesquisa e são sugeridos trabalhos futuros. Finaliza-se o presente trabalho com a apresentação das referências bibliográficas, anexos e apêndices. 29 2 REFERENCIAL TEÓRICO Qualquer que seja a pesquisa científica, é essencial que seja examinado referencial teórico publicado, é o que aponta Gil (2017), que acrescenta que é necessário que os constructos trabalhados na pesquisa devem ser amparados por uma base teórica, além de se fazer importante a verificação das fases em que se encontram os conhecimentos do objeto de pesquisa. Para a realização da pesquisa, o referencial teórico é contemplado com a contextualização e a conceituação das temáticas relevantes à pesquisa, com foco na gestão de pessoas na administração pública, avaliação de desempenho e por fim, os MMAD, com ênfase nos métodos AHP, Promethee e suas respectivas abordagens. 2.1 Gestão de pessoas Não há mais espaço para gestões centralizadoras e autocráticas, caracterizadas pela forte competitividade e instabilidade, onde as organizações entenderam que o princípio e a base da vantagem competitiva estão relacionados com as pessoas aplicadas nas organizações (MARRAS; TOSE, 2012). Apesar de este cenário estar claro, muitas organizações se utilizam do discurso de despertar e incentivar a autonomia, o empreendedorismo e a criatividade entre os funcionários, porém, na prática a gestão é marcada pela centralização das decisões, onde se espera que os comandados aceitem, passivamente e de forma submissa, as decisões a eles impostas (FERNANDES, 2013). O que é pensado e difundido na organização deve refletir na prática. As organizações devem ter a capacidade de se reinventarem diante do quadro de constantes mudanças, cada vez mais rápidas e com impactos de difícil mensuração de suas consequências, adquirindo a capacidade de se adaptarem, sendo principalmente competitivas em um ambiente com novas exigências e forte pressão (BOAS; ANDRADE, 2009). Para alcançarem esse nível de capacidade, as organizações sentiram a necessidade de captar profissionais capacitados, com visão sistêmica e resilientes às mudanças internas e externas da instituição. Além disso, adotaram novas posturas na gestão de pessoas, buscando, principalmente, incentivar o engajamento das pessoas e sua valorização. A vantagem competitiva passa a estar relacionada à utilização de práticas de gestão de pessoas para a valorização de seus colaboradores (BOAS; ANDRADE, 2009). 30 Colaboradores mais engajados estão dispostos a se doarem fisicamente, cognitivamente e emocionalmente, o que sugere haver maiores chances de se verificarem desempenhos elevados, pois, funcionários engajados trabalham com mais vigor, valorizam suas responsabilidades, tendo fortes elos emocionais com suas obrigações e estão dispostos a colaborarem em atividades extras, o que gera valor à organização (OLIVEIRA; ROCHA, 2017). Além do comprometimento de colaboradores, a atual gestão de pessoas, para comportar-se de maneira estratégica, deve procurar aplicar as estratégias pertinentes e avaliar continuamente suas ações e seu ambiente para que possa se destacar no momento histórico como colaboradora de ações adequadas ao que o momento organizacional exige (DUTRA, 2009). Deste modo, a gestão de pessoas pode ser entendida como: [...] o processo de planejamento, organização, direção e controle de pessoal da empresa para promover o desempenho eficiente do pessoal, a fim de alcançar os objetivos organizacionais e os objetivos individuais, relacionados direta ou indiretamente com o trabalho (BOAS e ANDRADE, 2009, p. 16). Evidenciado seu conceito, e tendo em vista sua trajetória histórica, pode-se classificar a gestão de pessoas em três momentos distintos: administração de pessoal, de recursos humanos e gestão de pessoas (MARQUES, 2015), conforme Figura 1. Figura 1 – Processo histórico da gestão de pessoas Fonte: elaborada pelo autor a partir de Marques (2015). A administração de pessoal pode ser caracterizada por rotinas e procedimentos rígidos e engessados, como impressão de folha de pagamento, controle de funcionários e guarda de registros, por exemplo. A administração de recursos humanos, já dá maior importância ao funcionário, percebendo seu papel para o alcance dos objetivos estratégicos da 31 organização. Na gestão de pessoas há uma completa mudança no olhar para o funcionário, entendido aqui como um colaborador para o processo de enriquecimento organizacional, tornando-se, assim, o colaborador, como seu recurso mais valioso (MARQUES, 2015). 2.1.1 A gestão estratégica de pessoas: meios e procedimentos A gestão estratégica de pessoas se apropria de métodos e ferramentas para a sua consolidação. Primeiro através do planejamento de recursos humanos, que vise, principalmente, estruturar a avaliação das dificuldades com pessoal, estando atentos às mudanças organizacionais, principalmente às relacionadas ao perfil profissional e sua relação estratégica com as carências da instituição (MARQUES, 2015). O segundo ponto está relacionado à materialização da gestão por competências, ou seja, o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes, que o colaborador possui, ou pode ser capacitado para isto, e investe na organização, visando alguma necessidade ou se antecipando às dificuldades futuras. A capacitação contínua é o próximo processo, estando relacionado às estratégias para, através do aprendizado, atender carências organizacionais e/ou compor meios para a obtenção de objetivos estratégicos (MARQUES, 2015). Ao fim, a avaliação de desempenho, responsável pelo processo formal de gestão do desempenho funcional, visando a convergência dos desempenhos individuais aos objetivos institucionais, fazendo com que os funcionários e suas equipes não percam de vista o que realmente importa para reforçar a união dos interesses individuais e organizacionais (MARQUES, 2015). Levando em consideração estes interesses e sob o olhar da gestão de pessoas, a organização pode ser entendida como uma construção social, composta essencialmente de interações humanas, onde sem o engajamento de pessoas, decisões, funções e atributos básicos e essenciais não seriam possíveis de se firmarem, transformando a organização em um nada (VERGARA, 2014). 2.1.2 Gestão de pessoas no Brasil Estudos realizados por Tanure, Evans e Pucik (2007) detalham as práticas de gestão de pessoas dentro do contexto da cultura brasileira. Segundo os autores, a cultura brasileira é formada por três pilares que influenciam a gestão de pessoas nas organizações de poder, de relações e de flexibilidade. O pilar de poder está relacionado à dimensão voltada 32 para uma estrutura hierárquica formal e alta centralização do processo decisório. O Brasil demonstra uma preferência cultural pela concentração e centralização do poder, o que traz como vantagem a celeridade na tomada de decisões e como desvantagens resulta na falta de envolvimento dos funcionários, que ficam distantes do processo decisório, não se sentindo parte do processo e gerando o não aproveitamento das competências destes colaboradores pela organização. O segundo pilar está relacionado às relações: a cultura brasileira, no que diz respeito às relações entre os indivíduos, que é fortemente marcada pela coletividade, caracterizada por fortes vínculos, e pela clareza em se comunicar, ou seja, no Brasil as relações são bastante próximas, com abertura de expressão de sentimentos e de emoções. Como fator positivo, os autores destacam que no Brasil, os colaboradores são facilmente engajados, estando mais facilmente disponíveis. Como fator negativo, as amizades e emoções podem distorcer as razões relacionadasao desempenho, podendo gerar privilégios não técnicos e injustiças, por exemplo (TANURE; EVANS; PUCIK, 2007). O terceiro pilar está relacionado à flexibilidade. Segundo os autores, é o atributo que mais diferencia o Brasil das outras culturas. Está relacionado à adaptabilidade, ou seja, a propriedade que demonstra facilidade em se ajustar a criatividade voltada à inovação. A faceta positiva da flexibilidade se faz a partir da vantagem competitiva diante das mudanças que o mundo globalizado enfrenta. A negativa é o conhecido “levar vantagem em tudo”, a indisciplina e a procrastinação, principalmente (TANURE; EVANS; PUCIK, 2007). Os autores concluem que as lideranças e suas organizações tiram proveito das vantagens que nossa cultura impõe na gestão de pessoas, através de instrumentos e métodos que levem em consideração essas especificidades, e que estas, possam ainda, atenuar as desvantagens (TANURE; EVANS; PUCIK, 2007). Além das características relacionadas aos aspectos culturais, a gestão de pessoas encontra obstáculos próprios de sua natureza, destacando-se: a complexidade de lidar com pessoas; o fato de ser uma atividade meio; a falta de controle sobre as ocorrências advindas de ações desempenhadas com efetividade; operar em condições e ambientes que não domina em sua totalidade, o que limita sua atuação e seu poder; o fato de não tratar diretamente com receitas, limita sua participação em tomadas de decisões financeiras e econômicas, ficando sujeita a decisões externas para traçar suas próprias e o alto grau de subjetividade em suas ações, o que turva o diagnóstico de bom desempenho das mesmas (BOA; ANDRADE, 2009). Assim, tanto organizações públicas quanto privadas, devem levar em consideração aspectos culturais e específicos de cada ambiente, além é claro, de aspectos desafiadores do 33 próprio macroprocesso de gestão de pessoas, para que as ações possam ser eficientes e eficazes (MELO et al., 2015). 2.1.3 Gestão de pessoas na administração pública Nos últimos anos, o Brasil vivencia uma acentuada crise, alicerçada em fatores econômicos e políticos, com resultados preocupantes no Produto Interno Bruto (PIB). É possível comparar a atual crise a crise de 1929, e considerar que nesta última, a recessão nos cenários macroeconômicos não era tão preocupante quanto os de agora (FERRER, 2018). A administração pública precisa enfrentar as crises e as incertezas, mantendo a estabilidade na organização, contando com as constantes mudanças do governo e da forte pressão da sociedade e de suas novas demandas (MARQUES, 2015). Através da transparência e da prestação de contas, principalmente, a gestão pública esforça-se para manter vínculos de confiança e cooperação com a sociedade, focando essencialmente em prestar assistência aos cidadãos. Estes esperam confiar em seus gestores e nas decisões tomadas por eles (BLIACHERIENE; RIBEIRO; FUNARO, 2013). Para ilustrar, um momento emblemático, explanado por Pinto (2017), foram as manifestações de 2013, ainda no Governo da Presidente Dilma Rousseff, onde inicialmente a pauta era o aumento de R$ 0,20 centavos na tarifa do transporte público urbano em São Paulo/SP, e que se estendeu para a cobrança por serviços públicos de qualidade, principalmente saúde e educação. Os manifestantes exigiam que a qualidade dos serviços públicos fizesse justiça à dura carga tributária assumida pelos contribuintes do país, além de criticar gastos públicos considerados, naquele momento, como não essenciais, a exemplo da Copa do Mundo promovida pela Fédération Internationale de Football Association (FIFA) que ocorreria no ano seguinte, 2014. Cartazes contendo frases como “queremos escolas e hospitais no padrão FIFA”, uma alusão às diversas obras e equipamentos que precisavam ser realizados/adquiridos para atender às exigências da entidade, tornaram-se um símbolo das manifestações. Assim, pode-se considerar que a gestão pública tem como finalidade a gestão do patrimônio público, incluindo, logicamente os recursos financeiros, possibilitando melhoramento na percepção dos cidadãos quanto ao bem-estar social e favorecendo o desenvolvimento de indicadores socioeconômicos (SILVA; CRISÓSTOMO, 2019). Para exercer suas funções, a administração pública, obviamente, necessita do empenho de seus servidores, focando seus esforços para o atendimento das necessidades 34 intensas da sociedade. Para isso, deve contar com uma estrutura administrativa composta de servidores capacitados e alinhados ao interesse público (CARVALHO et al., 2015). Esta estrutura administrativa deve adotar um espírito de colaboração e liderança compartilhados, concentrando-se nas pessoas, prezando pelo servidor público e pela sociedade (BLIACHERIENE;RIBEIRO; FUNARI, 2013). Diante deste contexto, entende-se que se faz necessário à implementação de estratégias de gestão de pessoas cada vez mais flexíveis, com o engajamento de servidores, visando o atendimento das demandas da sociedade com efetividade, diante de mudanças nos cenários do mundo contemporâneo (MARQUES, 2015). Este movimento no setor público é relativamente recente, tendo seu início no Reino Unido, entre os anos de 1980 e 1990, sendo propagado em vários países, tendo alcançado forte expressividade, principalmente, em outros países europeus, nos Estados Unidos da América, Austrália e Nova Zelândia. O movimento foi denominado de New Public Management e. É caracterizado pela iniciativa da administração pública de incorporar práticas já consolidadas de gestão estratégica da iniciativa privada (MOTTA, 2013). Dentre estas iniciativas, estão as estratégias para a reforma da gestão de pessoas no serviço público, da qual as práticas da iniciativa privada, principalmente, tentavam convergir os interesses da organização e dos funcionários, ou seja, alinhar os objetivos institucionais de longo prazo com os desejos e necessidades individuais dos colaboradores. A área chamou a atenção de especialistas quando se percebeu que estas ações poderiam influenciar diretamente, entre outros, na cultura de engajamento de servidores, o que teria impacto na performance financeira da instituição (TRUSS, 2008). Para o alcance desta cultura de engajamento entre os colaboradores, a administração deve providenciar métodos voltados para este fim: diálogo acessível entre chefia e subordinados; ambiente voltado para a discussão de novas ideias, com o aumento da interação entre os colaboradores e o incentivo ao conhecimento compartilhado; equiparar objetivos institucionais e pessoais e aplicar a avaliação de desempenho funcional (PINTO NETO et al., 2013). 2.2 Avaliação de desempenho A avaliação de desempenho pode ser entendida como um processo gerencial, que visa o acompanhamento, de maneira organizada e estruturada, do desempenho dos funcionários no ambiente de trabalho. Com o passar do tempo e o constante aprimoramento 35 do processo, a avaliação de desempenho interessou-se, também, pelo comportamento de seu pessoal na execução de suas atividades, no alcance das metas acordadas entre chefias e subordinados, bem como o alcance de resultados individuais e o aprimoramento e desenvolvimento funcional (TONET, 2012). A avaliação de desempenho foi pensada para atingir os seguintes objetivos: auxiliar os colaboradores quanto ao autoconhecimento, possibilitando o emprego de seus pontos fortes; servir de base de informação para tomadas de decisão; permitir e incentivar o surgimento de lideranças; possibilitar que haja alternativas de readaptação para os colaboradores; possibilitar o inventário das principais particularidades das equipes de trabalho e servir de base para planejamentos, visando um futuro mais promissor (BERGAMINI, 2019). Assim, as funções desenvolvidas pelos colaboradores, de maneira individual, devem ser consideradas, dentro do contexto da avaliação de desempenho, de maneiraque se desenvolvam as competências desses colaboradores e favoreçam o alcance dos objetivos institucionais. Pode-se dizer que este é o foco da avaliação de desempenho (PITA, 2018). O objetivo principal de avaliar o desempenho, está em realizar um diagnóstico, e, a partir deste, apreciar o desempenho individual dos colaboradores e sua contribuição para a performance da equipe. Se bem conduzida, proporcionará crescimento tanto profissional, quanto pessoal, favorecendo o indivíduo e a organização (FRANÇA, 2007). Para Gil (2016), a atribuição de avaliar o desempenho pode ser de um ou vários responsáveis e de diversas formas, como demonstrado na Figura 2. Figura 2 – Métodos de avaliação de desempenho e seus responsáveis Fonte: elaborada pelo autor a partir de Gil (2016) 36 Por estar no cotidiano do colaborador, acompanhando seu desenvolvimento, o mais recorrente entre as organizações é a responsabilidade pela avaliação seja do chefe imediato. Porém, quando concentrado somente no juízo deste avaliador, há um elevado nível de subjetivismo, dado a sua condição unilateral (GIL, 2016). A avaliação pode ser desempenhada pelo próprio colaborador, é o que se denomina autoavaliação. Faz-se necessário que haja planejamento para sua implementação, com objetivos e métricas claras e bem definidas, para que seja feita de maneira objetiva e que gere resultados. Este tipo está mais relacionado a empresas mais democráticas e abertas a novas ideias (GIL, 2016). É possível que seja desempenhada pela equipe de trabalho, que também necessita de planejamento para sua consolidação, com objetivos e com parâmetros bem definidos. Este modelo exige discernimento e retidão para seu bom funcionamento (GIL, 2016). Outra modalidade é avaliação realizada pelos subordinados, que avaliam o desempenho de seus superiores, que terão a possibilidade de averiguar como os colaboradores percebem aspectos de seu trabalho, como liderança e justiça, por exemplo. Também necessita de definição de métricas claras e bem definidas, para que não haja distorções, principalmente as críticas vazias de contribuição (GIL, 2016). A avaliação pode ser também conduzida por uma comissão própria para isso, constituída de integrantes definitivos e por passageiros. Devem ser postos como membros permanentes, aqueles que possuem poder de decisão sobre salários, promoções, demissões, além de gestores de pessoas e quem conduz o processo de avaliação de desempenho. Os transitórios, geralmente, são as chefias imediatas dos avaliados, bem como os superiores destas chefias. Como principal vantagem, destaca-se o padrão nas decisões acerca das avaliações, a partir de uma maturidade adquirida com o tempo e experiência da comissão (GIL, 2016). Outra forma é a avaliação conduzida diretamente pelo órgão de Recursos Humanos (RH), que, apesar de ainda existirem em muitas organizações, principalmente nas mais contemporâneas, tem perdido cada vez mais espaço pelos seus aspectos de grande centralização e nível de burocracia, ofertando pouca autonomia aos avaliadores, que ficam atrelados a parâmetros genéricos e não vinculados às especificidades de cada indivíduo (GIL, 2016). A modalidade mais atual é aquela em que todos os envolvidos, que tenham relação profissional com o avaliado (superiores, colegas, clientes e fornecedores), possam contribuir ao processo, é a chamada avaliação 360º. Apesar de se exigir certo nível de 37 maturidade por parte dos indivíduos, para que o avaliado não se sinta acuado, “apontado” por todos, do ponto de vista avaliativo é a mais completa, por disponibilizar diferentes percepções do avaliado, minimizando os níveis de subjetividade e pondo fim aos efeitos negativos de avaliações unilaterais (GIL, 2016). 2.2.1 Métodos de avaliação Dentre os vários métodos de avaliar o desempenho, Marras (2017) explica os que mais se destacam nas organizações. O primeiro é o método de escalas gráficas, o qual se fundamenta na avaliação de um conjunto de indicadores ou fatores, que são determinantes para a organização alcançar seus objetivos institucionais. Estes indicadores ou fatores estão relacionados à quantidade e/ou à qualidade de trabalho, por exemplo, o autor cita conhecimento, cooperação, assiduidade, iniciativa e criatividade. Cada indicador/fator é confrontado com um grau, do mínimo ao máximo. Cada grau representa um valor numérico, que através de uma matriz de conversão gerará uma nota final para o processo avaliativo (MARRAS, 2016). O segundo trata-se do método de incidentes críticos, que consiste em registrar comportamentos extremos, relacionados a ótimos e péssimos desempenhos, além de apontar pontos fortes e fracos do avaliado. Geralmente não leva em conta traços de personalidade (MARRAS, 2016). O terceiro, trata-se do método comparativo, que se baseia em comparar o desempenho de cada avaliado com determinados colegas ou com a equipe de trabalho, com o intuito de conhecer sua “localização” dentro da média da equipe, e hierarquizar cada membro. Esta, segundo o autor, é uma das diversas formas de utilização do método comparativo (MARRAS, 2016). O método da escolha forçada é o quarto método apontado por Marras (2017). O método é embasado no agrupamento de frases descritivas quanto ao desempenho esperado pela instituição, limitadas a alguns blocos, com valores diferentes, em que o avaliador deve escolher a frase que mais se relaciona ao desempenho do avaliado em cada bloco. O método é bastante objetivo e dificulta manipulações, devido os avaliadores desconhecerem os “scores” atribuídos a cada frase. Esse método foi desenvolvido para militares das Forças Armadas norte-americanas, com o objetivo de atenuar o subjetivismo, a ingerência dos avaliadores e outras distorções (MARRAS, 2016). 38 A avaliação 360º finaliza o rol destacado por Marras (2016). O método ganha cada vez mais espaço nas organizações brasileiras por certificar que a avaliação será realizada por todos os participantes que de alguma forma, interagem com o avaliado. O processo tende a ser mais confiável e justo, além de uma forte tendência a ser completo, por verificar diferentes perspectivas, além de reduzir drasticamente o subjetivismo (MARRAS, 2016). Marras e Tose (2012) complementam a relação de métodos citando a lista de verificação e a pesquisa de campo. A lista de verificação é uma relação que possui os fatores/indicadores avaliativos, relacionados a graus quantitativos. Trata-se de uma simplificação do modelo de escalas gráficas (MARRAS; TOSE, 2012). A pesquisa de campo consiste na avaliação de uma equipe, através das avaliações de um profissional de recursos humanos e o gestor imediato desta equipe. Este profissional de recursos humanos, através de documento específico e do acompanhando da performance da equipe realiza seus registros para que em um segundo momento, agora junto com o gestor imediato, possam alinhar informações e traçarem metas para o futuro. O método se encerra com uma reunião entre chefia imediata e gestor (MARRAS; TOSE, 2012). Quanto às dificuldades encontradas, Bergamini (2019) chama a atenção para alguns pontos que denomina de “crendices” e que devem ser evitadas, seus contrapontos: a avaliação de desempenho não altera o ambiente de trabalho no curto prazo; a avaliação não transformará as pessoas avaliadas, apesar de que seus pontos fortes devem ser estimulados, porém, seus pontos fracos não devem tomar o tempo produtivo de outros colaboradores para poderem ser corrigidos; a organização deve divulgar a avaliação como algo positivo, nunca como um momento de tensão para os funcionários; deve-se acabar com qualquer falsa expectativa, exageradamente boa ou ruim quanto ao que se esperar da avaliação de desempenho; a presença do alto escalão da organização é essencial, porém, não com o intuito de intimidação e sim de segurança, que atenue falsos
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