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DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 02: PESSOAS JURÍDICAS Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 1 AULA 02 = PESSOAS JURÍDICAS = Professor Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 02: PESSOAS JURÍDICAS Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 2 � Itens específicos do edital publicado que serão abordados nesta aula →→→→ PESSOA JURÍDICA. Conceito. Classificação. Começo e fim de sua existência legal. Desconsideração. � Legislação a ser consultada →→→→ CÓDIGO CIVIL: arts. 40 até 69 (Pessoas Jurídicas). Ler também o art. 75, CC (domicílio da Pessoa Jurídica). Sumário INTRODUÇÃO E CONCEITO .................................................................... 03 Natureza Jurídica .............................................................................. 04 Pressupostos de Existência e Elementos Caracterizadores ................. 05 Representação .................................................................................. 06 CLASSIFICAÇÃO GERAL ......................................................................... 07 Pessoa Jurídica de Direito Público ...................................................... 09 Pessoa Jurídica de Direito Privado ..................................................... 17 Organizações Sociais de Interesse Público ......................................... 23 Início da Existência Legal. Constituição ................................................. 32 Registro ............................................................................................ 33 DOMICÍLIO ........................................................................................... 35 Responsabilidade .................................................................................. 35 Extinção ................................................................................................ 39 Grupos Despersonalizados .................................................................... 40 Desconsideração da Personalidade Jurídica ........................................... 42 RESUMO ESQUEMÁTICO DA AULA .......................................................... 49 Bibliografia Básica ................................................................................ 53 EXERCÍCIOS COMENTADOS (FGV) ......................................................... 54 EXERCÍCIOS COMENTADOS (FCC) ......................................................... 62 Aula 02 Pessoas Jurídicas DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 02: PESSOAS JURÍDICAS Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 3 INTRODUÇÃO O homem, desde seus primórdios, sempre teve necessidade de se agrupar para garantir a subsistência e atingir fins comuns. A necessidade de circulação de riquezas como fator de desenvolvimento, fez com que se estabelecessem nas sociedades grupos de atuação conjunta na busca de objetivos semelhantes. E o Direito, ante a necessidade crescente de agilidade nas negociações, não ignorou estas unidades coletivas. Portanto, a pessoa jurídica é fruto desta evolução histórica-social. CONCEITO De forma técnica Pessoa Jurídica pode ser definida como a união de pessoas naturais ou de patrimônios, com o objetivo de atingir determinadas finalidades, sendo reconhecida pela ordem jurídica como sujeito de direitos e obrigações. Assim, como sujeito de relações jurídicas, possui personalidade jurídica individual e própria (autônoma), independente da personalidade das pessoas naturais que a compõe, principalmente quanto ao patrimônio. Observação. A doutrina usa outras expressões para se referir às pessoas jurídicas, tais como: pessoa moral, ideal, intelectual, coletiva, abstrata, fictícia, “ente de existência ideal”, etc. Na realidade tais expressões não foram adotadas pelo nosso ordenamento jurídico, mas sim por leis de outros países, sendo “importadas” pela nossa doutrina. Mas os examinadores aproveitam e pedem essa a terminologia nas provas. Não é raro cair a seguinte indagação em um concurso: “quais as características da pessoa moral?” À primeira vista pode-se pensar que pessoa moral é sinônimo de pessoa física (pois somente uma pessoa física é que teria, digamos, ‘moral’). No entanto, o correto é dizer que pessoa moral (expressão adotada pela França) é sinônimo de pessoa jurídica. Portanto, prestem atenção quanto aos sinônimos usados nas questões pelos examinadores, pois podem “derrubar” um excelente candidato, que conhece a matéria, mas desconhecia a expressão. PROTEÇÃO JURÍDICA As pessoas jurídicas têm direito à personalidade (identificação, liberdade para contratar, boa reputação, etc.), aos direitos reais (pode ser proprietária, usufrutuária, etc.), aos direitos industriais (art. 5°, inciso XXIX da CF/88), aos direitos obrigacionais (podendo comprar, vender, alugar ou contratar de uma forma geral) e até mesmo aos direitos sucessórios (podem adquirir bens causa mortis, ou seja, por testamento). Segundo o art. 52, CC, aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade. Isso quer dizer que os dispositivos relativos aos direitos da personalidade da pessoa natural (arts. 11 a 21, CC) também podem ser aplicados em relação à pessoa jurídica, no que couber. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 02: PESSOAS JURÍDICAS Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 4 Portanto, em relação ao Direito Civil, a pessoa jurídica tem direito tanto à tutela preventiva, como repressiva de seus direitos da personalidade, podendo ser vítima e sofrer danos morais, tendo, inclusive, o direito de acionar o Poder Judiciário para exigir reparação desses danos. Trata-se da Súmula 227 do Superior Tribunal de Justiça: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral”. No entanto o próprio STJ deixou claro que isso somente ocorre hipótese em que haja ferimento à sua honra objetiva. Convém aqui fazer uma diferenciação entre honra subjetiva e objetiva. Honra subjetiva é o sentimento que cada um tem a respeito de seus próprios atributos (físicos, intelectuais, morais, etc.); é o que cada um pensa de si mesmo em relação a seus atributos; é a autoestima. Já honra objetiva é a reputação, aquilo que os outros pensam a seu respeito; o conceito que a pessoa goza perante a comunidade em que está inserida. As pessoas naturais têm a proteção das “duas honras”. Já a pessoa jurídica, por não ter honra subjetiva (não tem autoestima ou sentimentos, não sente dores, emoções, humilhações ou constrangimentos pessoais), só é indenizada no aspecto da honra objetiva, ou seja, em relação ao conceito que goza junto a terceiros, que pode ficar abalado por atos que lhe afetem no mundo civil e comercial onde atua (reputação, bom nome, marca idônea, patrimônio, etc.). A jurisprudência do STJ também admite a possibilidade da pessoa jurídica ser vítima de coação moral, desde que esta se refira a atos jurídicos contrários à sua finalidade e à sua reputação. Complementando, também segundo jurisprudência do STJ, a pessoa jurídica de direito público não tem direito à indenização por danos morais relacionados à violação da honra ou da imagem. De modo geral, a doutrina e jurisprudência nacionais só têm reconhecido a elas direitos fundamentais de caráter processual ou relacionados à proteção constitucional da autonomia, prerrogativas ou competência de entidades e órgãos públicos, ou seja, direitos oponíveis ao próprio Estado, e não ao particular. NATUREZA JURÍDICADiversas teorias tentam identificar a natureza da personalidade da pessoa jurídica. Uma corrente doutrinária nega a sua existência (negativista). Mas a corrente afirmativista é a majoritária. E esta se divide basicamente em dois grupos, sendo que cada um deles possui uma vasta subdivisão: a) Teorias da Ficção (a pessoa jurídica é apenas uma criação artificial da lei ou da doutrina); b) Teorias da Realidade (realidade orgânica ou objetiva, realidade jurídica, realidade técnica, etc.). Como nosso curso é objetivo, visando concursos públicos, vamos deixar de lado a análise de cada uma dessas teorias sobre natureza da pessoa jurídica e vamos nos ater somente ao que tem prevalecido nas provas. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 02: PESSOAS JURÍDICAS Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 5 Direto ao Ponto: de todas as teorias existentes sobre o tema, a que melhor se adapta ao nosso sistema jurídico, sendo acolhida pelos mais renomados doutrinadores e que tem caído em concursos (e é isso o que nos interessa), é a TEORIA DA REALIDADE TÉCNICA. Realidade porque a existência continua distinta da de seus membros e depende de formalização em registro público. Técnica porque admite ser desconsiderada em determinadas hipóteses (que veremos mais adiante). Assim, a pessoa jurídica existe de fato (ente real e não uma mera abstração), sendo, portanto, sujeito de direitos e obrigações. O próprio Estado reconhece a existência de grupos de pessoas que se unem na busca de determinados fins, entendendo ser necessária a existência de personalidade jurídica própria, distinta da dos membros que a compõe. Assim, a personalidade jurídica é um atributo concedido a estes entes coletivos por meio do ordenamento jurídico, sem que isso possa redundar em facilidade para que seus componentes a utilizem como um instrumento de fraudes à lei ou aos direitos de terceiros (permite-se, em casos especiais, a desconsideração). PRESSUPOSTOS DE EXISTÊNCIA DA PESSOA JURÍDICA São considerados elementos essenciais da personificação da pessoa jurídica: A) VONTADE HUMANA CRIADORA. Trata-se da affectio societatis, ou seja, intenção específica dos sócios em constituir uma entidade com personalidade distinta da de seus membros. B) LICITUDE DE SUA FINALIDADE. Deve ter objeto lícito abrangendo em seu conceito: a moralidade dos atos e os objetivos perseguidos. C) OBEDIÊNCIA AOS REQUISITOS IMPOSTAS PELA LEI. As pessoas jurídicas somente existem porque a lei assim o permite. Portanto, ela necessita se submeter aos requisitos impostos pela própria lei, entre eles, como veremos adiante, a elaboração dos atos constitutivos e seu respectivo registro. Costuma-se inserir nesse item também o princípio da tipicidade (ou taxatividade), ou seja, deve haver previsão legal de personificação pela forma pretendida pelas partes, pois pode ocorrer que haja uma organização lícita que não encontra na lei a necessária previsão como pessoa jurídica, como a sociedade conjugal, o espólio, etc. ELEMENTOS CARACTERIZADORES ESSENCIAIS DA PESSOA JURÍDICA A) Autonomia: ou seja, a pessoa jurídica existe de forma distinta e autônoma em relação aos membros que a compõe. B) Patrimônio próprio: decorre do item anterior. Tanto a pessoa jurídica, como cada um de seus membros possuem patrimônios próprios e inconfundíveis. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 02: PESSOAS JURÍDICAS Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 6 C) Responsabilidade civil e criminal: as pessoas jurídicas são civilmente responsáveis pelos atos de seus empregados e prepostos (art. 932, III, CC), bem como por crimes ao meio ambiente (art. 225, CF/88). D) Ilegitimidade para a prática de certos atos: apesar da pessoa jurídica ter aptidão para a prática de atos da vida civil, por não ter existência biológica, não pode praticar atos em que o atributo da humanidade é pressuposto, como casar, adotar, fazer testamento, doar órgãos, etc. No entanto, como vimos, possui direito à proteção jurídica ao nome, domicílio, propriedade material e intelectual, nacionalidade, etc. REPRESENTAÇÃO Por não poder atuar por si mesma, a pessoa jurídica deve ser representada por uma pessoa física, ativa e/ou passivamente, exteriorizando sua vontade, nos atos judiciais ou extrajudiciais. Prevê o art. 46, III, CC que no registro da pessoa jurídica se declarará o modo porque se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente. Pelo art. 47, CC, todos os atos negociais exercidos pelo representante, dentro dos limites de seus poderes estabelecidos no estatuto social, obrigam a pessoa jurídica, que deverá cumpri-los. No entanto, se o representante extrapolar estes poderes, responderá pessoalmente pelo excesso, ou seja, a sociedade fica isenta de responsabilidade perante terceiros pelo ato do administrador que extrapolar os limites do ato constitutivo (exceto se foi beneficiada com a prática do ato, quando então passará a ter responsabilidade na proporção do benefício auferido). A doutrina chama isso de teoria ultra vires societatis (além do conteúdo da sociedade), caracterizada pelo abuso de poder do administrador, ocasionando violação do objeto social lícito para o qual foi constituída a empresa. Isso funciona como uma forma de proteção da pessoa jurídica, responsabilizado apenas o sócio. 1. Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno →→→→ são representadas em juízo, ativa e passivamente (art. 75, incisos I a IV, do Código de Processo Civil de 2015): a) União →→→→ pela Advocacia-Geral da União, diretamente ou mediante órgão vinculado. b) Estados e Distrito Federal →→→→ por seus Procuradores. c) Municípios →→→→ por seu Prefeito ou Procurador. d) Autarquias e Fundações de Direito Público →→→→ por quem a lei do ente designar. 2. Demais Pessoas Jurídicas →→→→ em regra é a pessoa indicada em seu ato constitutivo. Na omissão, a representação será exercida por seus diretores (art. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 02: PESSOAS JURÍDICAS Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 7 75, VIII, CPC/2015). As sociedades e as associações irregulares serão representadas pela pessoa a quem couber a administração de seus bens (art. 75, IX, CPC/2015). Se a pessoa jurídica tiver administração coletiva (gerência colegiada), as decisões serão tomadas pela maioria dos votos, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso (art. 48, CC). Se houver vacância geral na administração o Juiz deverá nomear um administrador provisório (ad hoc), nos termos do art. 49, CC. Como no mundo dos negócios é praticamente impossível o administrador de uma grande empresa estar presente a todos os eventos, pode-se outorgar mandato, que é uma espécie de contrato. Ou seja, transfere-se parte dos poderes para que uma terceira pessoa (mandatário) pratique atos em nome da pessoa jurídica (mandante). ����Não confundir ���� Mandatário X Preposto Segundo o art. 653, CC, “opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome, praticar atos ou administrar interesses”. Já o preposto é uma figura que encontramos no Direito do Trabalho. Trata-se de um empregado da empresa, que preferencialmente exerce cargo de gerente ou outro de confiança e que tenha conhecimento dos fatos constantes da reclamatória trabalhista, com capacidade para defender ou esclarecer os temas e devidamente autorizado (carta de preposição) a representá-la junto à Justiça do Trabalho. PRAZOS PARA ANULAÇÃO Sobre esse tema, as questões de concurso costumam pedir duas espécies de prazo de anulação (observem que ambos são de três anos): A) Anulação da Constituição da Pessoa Jurídica. Art. 45, parágrafo único,CC: decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro. B) Anulação das Decisões dos Administradores. Art. 48, parágrafo único, CC: decai em três anos o direito de anular as decisões tomadas por maioria de votos em administração coletiva, quando violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulação ou fraude. CLASSIFICAÇÃO GERAL DAS PESSOAS JURÍDICAS A) Quanto à Nacionalidade Elas podem ser consideradas como nacionais ou estrangeiras, tendo em vista sua articulação e subordinação à ordem jurídica que lhe conferiu personalidade, sem se ater, em regra, à DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 02: PESSOAS JURÍDICAS Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 8 nacionalidade dos membros que a compõe e à origem do controle financeiro. Sociedade Nacional é a organizada conforme a lei brasileira e tem no País a sede de sua administração (arts. 1.126 a 1.133, CC). A Sociedade Estrangeira é a que necessita de autorização (decreto) do Chefe do Poder Executivo para funcionar, ficando sujeita aos Tribunais brasileiros quanto aos atos aqui praticados (arts. 1.134 a 1.141, CC); ela é obrigada a ter, permanentemente, representante no Brasil, com poderes para resolver quaisquer questões e receber citação judicial pela sociedade. Possuem algumas restrições legais. B) Quanto à Estrutura Interna 1) Universitas Personarum: nelas, o mais importante é o conjunto de pessoas, que apenas coletivamente goza de certos direitos e os exerce por meio de uma vontade única. O objetivo é o bem-estar de seus membros. Ex.: as sociedades (de uma forma geral) e as associações. 2) Universitas Bonorum: nelas, o mais importante é o patrimônio personalizado destinado a um determinado fim e que lhe dá unidade. O objetivo é o bem-estar da sociedade. Ex.: fundações. O patrimônio e as finalidades (objeto) das fundações são seus elementos essenciais. C) Quanto às Funções e Capacidade Podem ser divididas em pessoas jurídicas de direito público e pessoas jurídicas de direito privado (art. 40, CC). Este é o item mais importante, pois é o que tem maior incidência em concursos. Daremos agora uma visão geral e panorâmica sobre o tema. A seguir vamos analisar cada uma das espécies e subespécies, de forma minuciosa. I. DIREITO PÚBLICO A) Interno (art. 41, CC) 1) Administração Direta: União, Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios. 2) Administração Indireta: Autarquias, Associações e demais entidades criadas por lei (Fundações Públicas de Direito Público). B) Externo (art. 42, CC): Estados estrangeiros e demais pessoas regidas pelo Direito Internacional Público. II. DIREITO PRIVADO (art. 44, CC) A) Universitas Personarum 1) Sociedades a) Simples. b) Empresária. 2) Associações, Partidos Políticos e Organizações Religiosas. 3) Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI). DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 02: PESSOAS JURÍDICAS Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 9 B) Universitas Bonorum 1) Fundações Particulares (segundo a doutrina também as fundações públicas de direito privado). ����ATENÇÃO ���� A principal diferença entre as pessoas jurídicas de direito público e de direito privado (que interessa ao Direito Civil) é a disponibilidade patrimonial. Enquanto os bens das pessoas jurídicas de direito privado são disponíveis e sujeitas a penhora e usucapião, os bens das de direito público possuem a característica da impenhorabilidade e da impossibilidade de usucapião, por serem consideradas como de patrimônio público de interesse da coletividade, já que é mantido pela arrecadação de impostos pagos pelos contribuintes. No entanto os bens públicos dominicais podem ser alienados, desde que presentes os requisitos legais (art. 101, CC). I. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO O Estado é a pessoa jurídica de direito público por excelência. Todo Estado independente é formado por três elementos essenciais: a) povo; b) território; e c) governo soberano. Costuma-se dizer que o Estado é o povo, em dado território, politicamente organizado, segundo sua livre e soberana vontade. I.1) PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO EXTERNO Segundo o art. 42, CC, são pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros (outros países soberanos, como o Uruguai, Canadá, Dinamarca, etc.) e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público, ou seja, as uniões aduaneiras com o objetivo de facilitar o comércio exterior (ex.: Mercosul) e os organismos internacionais, como a ONU (Organização das Nações Unidas), OEA (Organização dos Estados Americanos), FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação - Food and Agriculture Organization), etc. Certa vez vi cair em um concurso: A Santa Sé é: ...? Ora, a Santa Sé (também chamada de “Sé Apostólica”) é considerada como um sujeito de direito internacional (pessoa jurídica de direito público externo), pois as relações e acordos diplomáticos com outros Estados soberanos são com ela estabelecidos. Costuma-se dizer que a Santa Sé difere do Vaticano (ou Estado da Cidade do Vaticano), pois este é um instrumento para a independência da Santa Sé, tendo natureza e identidade própria enquanto representação do governo central (cúpula governativa) da Igreja Católica; o Vaticano seria um território sobre o qual a Santa Sé tem soberania. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 02: PESSOAS JURÍDICAS Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 10 I.2) PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO INTERNO São aquelas cuja atuação se restringe aos interesses e limites territoriais do Estado. É a nossa nação, politicamente organizada, nos moldes previstos na Constituição Federal de 1988. A) PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO INTERNO DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA OU CENTRALIZADA (art. 41, I, II e III, CC) São elas: União, Estados-membros, Distrito Federal, Territórios e os Municípios legalmente constituídos. Costuma-se dizer que o Brasil é detentor de soberania, ou seja, não deve obediência jurídica a nenhum outro Estado. É juridicamente ilimitada no plano interno e somente encontra limites na soberania de outro País. Já as demais entidades dentro do Brasil são detentoras de autonomias. A autonomia dos entes da federação brasileira está devidamente delimitada pelo Direito. Esta autonomia, na verdade, é o exercício do poder do Estado com a observância dos parâmetros jurídicos estabelecidos em uma norma de hierarquia superior (em outras palavras: a própria Constituição Federal). A União designa a nação brasileira, nas suas relações com os Estados- membros que a compõe e com os cidadãos que se encontram em seu território. Os Estados federados (Estados-membros) possuem autonomia administrativa, competência e autoridade legislativa, executiva e judiciária sobre os negócios locais. Os Municípios legalmente constituídos também se encaixam nesta classificação, pois foram assegurados pela Constituição Federal; eles têm interesses e economia próprios. Também há previsão expressa em relação ao Distrito Federal. Mas em relação a ele a natureza jurídica é controvertida. Alguns dizem que ele é um município anômalo; outros que é uma autarquia territorial; outros que é uma circunscrição territorial assemelhada aos territórios. Finalmente outros afirmam que é “mais do que um município e menos que um Estado”. Possui previsão expressa no art. 32, CF/88. Vejamos: a) o Distrito Federal rege-se por uma Lei Orgânica (típica de Municípios) e não por uma Constituição Estadual (típicados Estados-membros); b) o Poder Legislativo é exercido pela Câmara Legislativa (mistura de Câmara de Vereadores – Poder Legislativo Municipal e Assembleia Legislativa – Poder Legislativo Estadual) composta por Deputados Distritais eleitos, acumulando as competências legislativas reservadas aos Estados e Municípios; c) o Chefe do Poder Executivo é um Governador (típico dos Estados) Distrital e não um Prefeito (típico dos Municípios); d) é proibida a sua divisão em municípios. Há uma grande crítica em relação ao texto do art. 18, §1o, CF/88, pois DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 02: PESSOAS JURÍDICAS Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 11 ele afirma que Brasília é a Capital Federal, quando se devia ter mantido a nossa tradição e correção técnica afirmando que “o Distrito Federal é a capital da União”. Na realidade Brasília é o nome de uma das Regiões Administrativas do Distrito Federal (RA-I). Ela é um núcleo urbano, uma cidade que serve de centro político à União, mas não pode ser considerada como um Município, juridicamente falando. Esta região, em termos urbanos, compreende as “Asas” Sul e Norte e a área central do chamado “Plano Piloto”. No entanto a Lei Orgânica do Distrito Federal não menciona os limites de Brasília. Já as demais aglomerações urbanas situadas fora do Plano Piloto pertencem a outras Regiões Administrativas. Embora o Decreto n° 19.040/98 tenha proibido a expressão, ainda se costuma usar o termo cidade-satélite (ex.: Gama, Taguatinga, Brazlândia, Sobradinho, Planaltina, Ceilândia, Guará, etc.). Chamo atenção para os Territórios. Como sabemos, já não existem mais os Territórios no Brasil. Mas apesar de não mais existirem há previsão expressa na Constituição Federal, possibilitando a criação de eventual novo Território, por meio de Lei Complementar (arts. 18, §2° e 48, inciso VI, CF/88). Para o Direito Civil ele será considerado como sendo uma pessoa jurídica de direito público interno, pois há previsão expressa no art. 41, inciso II, CC. Alguns autores classificam os territórios como “autarquias territoriais” dando a entender que seriam pessoas jurídicas de direito público interno de administração indireta (há uma grande discussão sobre este tema, mas diversos civilistas preferem classificá-los como de administração direta). DIRETO AO PONTO. Podemos dizer que o Brasil, nos termos da Constituição Federal de 1988, possui: a) Forma de Governo: republicano (eletividade e temporariedade dos mandatos do Chefe do Poder Executivo). b) Forma de Estado: federal (descentralização política: em um mesmo território há diferentes entidades políticas autônomas – União, Estados, Distrito Federal, Municípios). c) Sistema de Governo: presidencialista (Presidente da República é o único Chefe do Poder Executivo, acumulando as funções de Chefe de Estado e Chefe de Governo, cumprindo mandato por prazo determinado, não dependendo da confiança do Poder Legislativo para a investidura e o exercício do cargo). ����CONCLUSÃO: O Brasil é uma República Federativa, com sistema Presidencialista. Além disso, possui como Regime de Governo o Estado Democrático e de Direito. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 02: PESSOAS JURÍDICAS Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 12 Observação doutrinária importante para concursos União e República Federativa do Brasil são expressões sinônimas? Resposta: ambas são expressões usadas para designar o mesmo ente. No entanto a doutrina estabelece uma importante diferença. O termo União é usado no plano interno; trata-se da pessoa jurídica de direito público interno, entidade federativa autônoma em relação aos Estados-membros, Distrito Federal e Municípios, possuindo competências administrativas e legislativas determinadas constitucionalmente. Lembrem-se de que entre os entes da Federação (ex.: a União e os Estados-membros) não há hierarquia, mas sim uma coordenação harmônica de poderes distribuídos pela Constituição. Já a expressão República Federativa do Brasil é usada no plano externo, para identificar o Brasil perante os outros países (relações internacionais). Neste caso seria uma pessoa jurídica de direito público externo (ou internacional), integrada pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios. A União representa o Estado Federal nos atos de Direito Internacional, mas quem pratica efetivamente os atos de Direito Internacional é a República Federativa do Brasil, juridicamente representada por um órgão da União: a Presidência da República. RESUMINDO República Federativa do Brasil: pessoa jurídica de direito público externo (ou internacional). União: pessoa jurídica de direito público interno; é apenas uma das entidades que forma o Estado Federal, e que, por determinação constitucional (art. 21, I, CF/88) tem competência exclusiva de representá- lo em suas relações internacionais. B) PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO INTERNO DE ADMINISTRAÇÃO INDIRETA OU DESCENTRALIZADA (art. 41, IV e V, CC) São entidades descentralizadas, criadas por lei, com personalidade jurídica própria para o exercício de atividade de interesse público. São elas: a) Autarquias. b) Associações Públicas (Lei n° 11.107/05). c) Demais entidades de caráter público criadas por lei. Vejamos cada um destes itens: AUTARQUIAS São pessoas jurídicas de direito público, que desempenham atividade administrativa típica, com capacidade de autoadministração nos limites estabelecidos em lei. Embora ligadas ao Estado, elas desfrutam de certa autonomia, possuindo patrimônio e orçamento próprio, mas sob o controle do Executivo que o aprova por Decreto e depois o remete ao controle do Legislativo. As autarquias não têm capacidade política (isto é, não podem legislar e criar o próprio Direito, devendo obedecer a legislação administrativa à DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 02: PESSOAS JURÍDICAS Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 13 qual estão submissas), porém podem baixar instruções normativas (que não são consideradas leis em sentido estrito). Elas são criadas por lei específica (iniciativa privativa do chefe do Poder Executivo), com personalidade jurídica de direito público; integram a administração indireta, possuindo atribuições estatais destinadas à realização de obras e serviços públicos, de cunho social, geralmente ligadas a área da saúde, educação, etc. (excluem-se, portanto as de natureza econômica ou industrial). Portanto elas devem atuar em setores que exigem especialização por parte do Estado, com organização própria, administração mais ágil e pessoal especializado. Seus bens são considerados públicos. A autarquia nasce com a vigência da lei que a instituiu, não havendo necessidade de registro. Da mesma forma, sua extinção também deve ser feita por meio de lei específica (princípio da simetria das formas jurídicas). Seus atos são considerados como administrativos. Como possui personalidade jurídica própria, ela se desliga do ente criador. Portanto, se alguém quiser discutir judicialmente a revisão de sua aposentadoria, deve ingressar com ação judicial não contra a União (entidade criadora), mas contra o próprio INSS como entidade autônoma e com patrimônio próprio. Ex.: INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), CVM (Comissão de Valores Mobiliários), CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Imprensa Oficial do Estado, etc. ASSOCIAÇÕES PÚBLICAS O art. 241, CF/88 autorizou a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios a realizarem mediante lei os chamados consórciospúblicos e os convênios de cooperação entre os entes federados, autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de encargo, serviços, pessoal e bem bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos. A Lei n° 11.107/05 regulou os consórcios públicos, cumprindo o disposto na Constituição sendo uma nova forma de se prestar um serviço público. Essa lei optou por atribuir personalidade jurídica aos consórcios públicos, dando- lhes a forma de uma associação, podendo ser de pessoa jurídica de direito público (associação pública) ou de direito privado. Quando o consórcio público for pessoa jurídica de direito privado, assumirá a forma de “associação civil”, sendo que aquisição da personalidade ocorre com a inscrição dos atos constitutivos no registro civil das pessoas jurídicas. Mesmo assim, estes consórcios estão sujeitos às normas de direito público no que diz respeito à realização de licitação, celebração de contratos, prestação de contas, admissão de pessoal, etc. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 02: PESSOAS JURÍDICAS Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 14 Quando criado com personalidade de direito público, o consórcio público se apresenta como uma associação pública. O consórcio público será constituído por contrato, cuja celebração dependerá de prévia subscrição de protocolo de intenções. As questões de prova em concurso têm entendido que as associações públicas são uma espécie de autarquia (e não uma nova espécie de entidade da administração indireta). FUNDAÇÕES PÚBLICAS Fundação, de uma forma geral, é uma instituição do direito privado. Sua criação resulta da iniciativa de uma pessoa (física ou jurídica), que destina um acervo de bens particulares (que adquirem personalidade jurídica) para a realização de finalidades sociais, sem natureza lucrativa (educacional, assistencial, etc.). Compreende sempre: patrimônio e finalidade. No entanto, as fundações também podem ter personalidade jurídica de direito público, segundo dispõe a sua norma instituidora. Ultimamente o Poder Público tem instituído fundações para a execução de algumas atividades de interesse coletivo, sem finalidade lucrativa (assistência social, assistência médica e hospitalar, educação e ensino, pesquisa científica, atividades culturais, proteção ao meio ambiente, etc.). Elas integram a administração pública indireta no nosso sistema jurídico, pois uma pessoa política faz a dotação patrimonial e destina recursos orçamentários para a manutenção da entidade. No entanto, como suas atividades não são exclusivas do Poder Público costuma-se dizer que elas exercem atividades atípicas do Poder Público. As fundações públicas se assemelham às fundações particulares, mas se diferenciam nos seguintes aspectos: enquanto a fundação privada é criada a partir de um ato (inter vivos ou causa mortis) de um particular e com patrimônio deste, a fundação pública é criada mediante uma lei específica, a partir de um patrimônio público. Ex.: FUNASA (Fundação Nacional da Saúde), FUNARTE (Fundação Nacional das Artes), FUNAI (Fundação Nacional do Índio), FBN (Fundação Biblioteca Nacional), IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), FUB (Fundação Universidade de Brasília), etc. Se observarmos o art. 41, CC, que arrola as pessoas jurídicas de direito público, vamos concluir que ele não menciona a “fundação”, como sendo uma de suas espécies. No entanto, segundo a doutrina, as fundações públicas estariam implícitas na expressão “demais entidades de caráter público criadas por lei”. E Constituição Federal de 1988, em especial após a Emenda Constitucional n° 19/98 (art. 37, XIX), reforçou esta posição. Observação 01. Sobre este tema, os civilistas são bem objetivos: fundação pública é uma pessoa jurídica de direito público interno (apesar de não haver DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 02: PESSOAS JURÍDICAS Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 15 previsão expressa neste sentido). Ponto! Porém... para os administrativistas a coisa não é tão simples (vou falar sobre isso de forma superficial, pois o tema não traz interesse maior ao Direito Civil). Para o Direito Administrativo a posição mais aceita é que existem duas espécies de fundações públicas: a) Fundações públicas com personalidade jurídica de direito público: criadas diretamente pela edição de uma lei específica (Poder Legislativo). Elas adquirem a personalidade jurídica com a vigência da lei instituidora. Na realidade elas são espécies do gênero autarquias (são também chamadas de fundações autárquicas ou autarquias fundacionais), sujeitando-se ao regime jurídico do direito público (idêntico ao das autarquias), com todas as suas prerrogativas e restrições. Segundo a doutrina somente estas pertenceriam ao direito público. b) Fundações públicas com personalidade jurídica de direito privado: há uma autorização dada em lei para criação da entidade; após isso o Poder Executivo elabora os atos constitutivos da fundação e a seguir deve providenciar a inscrição no registro competente. Somente após esse registro ela adquire a personalidade. Possuem um caráter híbrido; parte regulada pelo direito privado e parte pelo direito público. Segundo a doutrina elas pertencem ao direito privado (seus bens não são públicos, não estão sujeitas ao regime de precatórios, etc.). Observação 02. Segundo a doutrina (principalmente ligada ao Direito Administrativo), todos os temas que falamos acima são espécies de autarquias. Explico! Há quem sustente que autarquia representa um gênero, sendo dividida em: a) Autarquias comuns ou ordinárias: são aquelas a que nos referimos mais acima como item autônomo. b) Autarquias sob regime especial: são aquelas em que a lei instituidora prevê determinados instrumentos aptos a lhes conferir maior grau de autonomia perante o Poder Público do que as autarquias comuns. Os exemplos clássicos são o BACEN (Banco Central do Brasil) e a USP (Universidade de São Paulo). Embora não haja uma previsão expressa da lei, também estão incluídas nesse item as agências reguladoras, entidades que possuem alto grau de especialização técnica, incumbidas de normatizar e fiscalizar a prestação de certos serviços de grande interesse público (ou seja, de deveres específicos do Estado, que podem implicar na restrição da liberdade empresarial em prol do interesse público, impedindo práticas anticoncorrencial e de abuso do poder econômico, protegendo os interesses dos usuários e assegurando a universalização dos serviços públicos). O Estado, ao invés de assumir diretamente o exercício de uma atividade empresarial, intervém nessas atividades de domínio econômico, utilizando instrumentos de autoridade. Por terem natureza autárquica devem ser constituídas por meio de lei de iniciativa exclusiva do Poder Executivo. Ex.: ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações), ANEEL (Agência Nacional de DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 02: PESSOAS JURÍDICAS Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 16 Energia Elétrica), ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), ANA (Agência Nacional de Águas), etc. Fala-se, também em “agências executivas”. Estas, no entanto, não são uma espécie de entidade, mas sim uma qualificação que pode ser conferida pelo poder público às autarquias em geral ou às fundações públicas que com ele celebrem contrato de gestão (art. 37, §8°, CF/88; ver também o art. 51 da Lei n° 9.649/98). Ou seja, se uma autarquia cumpre determinadas metas estabelecidas em um contrato, o Poder Públicoa qualifica como agência executiva. Com isso amplia-se a sua autonomia gerencial, orçamentária e financeira (sem prejuízo, é evidente, do controle a que se sujeitam todas as entidades da administração indireta). c) Autarquias fundacionais (há quem as chame de fundações autárquicas): são as fundações públicas com personalidade de direito público a que nos referimos acima. Na realidade o regime jurídico a que se sujeitam estas fundações e as autarquias comuns é idêntico. A diferença é simplesmente conceitual: define-se as autarquias como um serviço público personificado, em regra típico do Estado e estas fundações como um patrimônio personalizado destinado a finalidade específica de interesse social. d) Associações públicas: são os consórcios públicos que falamos acima. Observação 03. Há ainda quem acrescente outras duas espécies de autarquias: a) autarquias territoriais: são os territórios federais, responsáveis pela execução dos serviços públicos em determinadas áreas geográficas; b) autarquias corporativas (ou profissionais): exercem o poder de polícia sobre determinadas profissões. Ex.: Conselho Federal de Medicina (CFM), Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA), Conselho Regional de Corretores de Imóveis, etc. O STF considerou que tais órgãos de fiscalização profissional são tidos como autarquias, integrantes da Administração Pública, sendo, por tal motivo, seus servidores selecionados por concurso público (aplicam-se as regras das pessoas jurídicas de direito público). No tocante à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), desde o julgamento da ADI 3.26/DF (Rel. Min. Eros Grau – 2006), era considerada como categoria ímpar das personalidades jurídicas existentes (“serviço público independente”), não sendo autarquia e não se submetendo ao Poder Público (não é parte da Administração Pública) e, por consequência, não se lhe exigindo concurso público para contratação de funcionários. No entanto, o Informativo 837 do STF, ao comentar o RE 595.332/PR (Rel. Min. Marco Aurélio – 2016), que a OAB é uma autarquia corporativista. Já o acórdão deixou claro que: “Compete à Justiça Federal processar e julgar ações em que a Ordem dos Advogados do Brasil, quer mediante o Conselho Federal, quer seccional, figure na relação processual”, atraindo a incidência do art. 109, I, CF/88. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 02: PESSOAS JURÍDICAS Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 17 DIFERENÇAS BÁSICAS: AUTARQUIA X FUNDAÇÃO PÚBLICA AUTARQUIAS FUNDAÇÕES Atribuições Atividades típicas (exclusivas) ou atípicas da Administração. Atividades atípicas da Administração. Regime Jurídico Apenas Direito Público. Direito Público ou Privado. Dotação Patrimonial Exclusivamente público. Exclusivamente público ou público e privado Espécies Comuns, especiais, fundacionais, associações públicas (além das territoriais e corporativas). Fundações de Direito Público (autárquicas) e de Direito Privado. Observação 04. A doutrina majoritária entende que as fundações públicas não estão sujeitas ao controle e fiscalização do Ministério Público (art. 66, CC), pois estas, integrando a administração pública indireta, estão sujeitas ao controle da administração direta. No entanto há uma decisão do STF (ADIN 2794- 8) que entende que “é atribuição do Ministério Público Federal a veladura pelas fundações federais de direito público (...)”. Assim, deve-se tomar muito cuidado ao resolver questões com essa afirmação, pois após a decisão do Supremo, a tendência é a de se considerar que o Ministério Público também “vele” (em sentido amplo) por todas as espécies de fundações (de forma contrária ao meu entendimento). II. PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO A pessoa jurídica de direito privado é instituída por iniciativa dos particulares em geral. Segundo o art. 44, CC, são pessoas jurídicas de direito privado I. as associações; II. as sociedades; III. as fundações; IV. as organizações religiosas (incluído pela Lei nº 10.825/03); V. os partidos políticos (incluído pela Lei n° 10.825/03); e VI. as empresas individuais de responsabilidade limitada – EIRELI (incluído pela Lei n° 12.441/11). �OBSERVAÇÕES � 01) Segundo a doutrina os sindicatos entram no item associação, pois o Enunciado 142 das Jornadas de Direito Civil do CJF afirma que o sindicato possui natureza associativa. 02) Enunciado 144 das Jornadas de Direito Civil do CJF: “A relação das pessoas jurídicas de Direito Privado, constante do art. 44, incisos I a V, do Código DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 02: PESSOAS JURÍDICAS Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 18 Civil, não é exaustiva (ou seja, é apenas exemplificativa, podendo ser reconhecidas outras espécies pessoas de direito privado). 1. FUNDAÇÕES PARTICULARES (arts. 62 até 69, CC) Segundo a doutrina as fundações são universalidades de bens (resultam da afetação de um patrimônio e não da união de indivíduos), personificados, em atenção ao fim que lhes dá unidade. Exemplos: Fundação São Paulo (mantenedora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), Fundação Ayrton Senna, etc. Portanto, dois são seus elementos fundamentais: a) patrimônio; b) finalidade (que é imutável e não pode visar lucro). São criadas a partir de uma escritura pública (ato inter vivos) ou de um testamento (causa mortis). Portanto elas não podem ser criadas por instrumento particular. Fundação é o complexo de bens livres colocados por uma pessoa física ou jurídica, a serviço de um fim lícito e determinado, com alcance social pretendido por seu instituidor, de modo permanente e estável e em atenção ao disposto em seu estatuto. Uma pessoa (natural ou jurídica) separa parte de seu patrimônio, criando a fundação para atingir objetivo não-econômico. A partir de sua criação, o patrimônio da fundação não pertence à pessoa que a criou, uma vez que passa a ter personalidade própria. Ex.: a Fundação Roberto Marinho não pode ser confundida com a Rede Globo de Televisão. Há duas maneiras de formação das fundações: direta (o próprio instituidor cuida de todo o necessário e depois a administra) e fiduciária (o instituidor delega a outrem a organização e administração da obra projetada). A fundação criada por ato inter vivos em geral é direta (embora mais raramente também possa se revestir da forma fiduciária). Já a fundação instituída causa mortis (testamento) é criada e administrada de forma fiduciária. De acordo com o parágrafo único, do art. 62, CC (redação dada pela Lei n° 13.151/15) a fundação somente poderá constituir-se para fins de assistência social, cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico, educação, saúde, segurança alimentar e nutricional, defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável, pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos, promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos e atividades religiosas. Segundo o Enunciado n° 9 das Jornadas de Direito Civil do CJF esse dispositivo (agora ampliado) “deve ser interpretado de modo a excluir apenas as fundações com fins lucrativos”. Para a criação de uma fundação pressupõem-se: � Dotação de bens livres: o instituidor destina determinados bens que comporá o patrimônio da fundação, apto a produzir rendas ou serviços que DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 02: PESSOAS JURÍDICAS Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 19 possibilite alcançar os objetivos visados. Podem ser imóveis ou móveis (veículos, computadores,inclusive dinheiro), desde que sejam “bens livres”, ou seja, que não estejam hipotecados, penhorados, nem sejam bem de família. Resumindo: bens que podem ser alienados sem prejuízo de terceiros. � Elaboração de estatutos com base em seus objetivos. Eles devem ser submetidos à apreciação do Ministério Público estadual que os fiscalizará. O próprio MP pode elaborar os estatutos, caso o mesmo não seja feito por quem de direito. Embora não se possa alterar a finalidade pela qual a fundação foi instituída (objetivo imutável), pode haver a reforma dos seus estatutos, desde que (art. 67, CC): a) seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação; b) não contrarie ou desvirtue o seu fim; c) seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de 45 dias, findo o qual ou no caso de o Ministério Público a denegar, poderá o juiz supri-la, a requerimento do interessado. Se não houver unanimidade da alteração do estatuto, de haver a impugnação pela minoria vencida no prazo decadencial de 10 dias (art. 68, CC). � Especificação dos fins (como enumerado acima, previsto no parágrafo único, do art. 62, CC). A contrário senso, não pode ter finalidade econômica ou fútil e, a exemplo da associação, se gerar receita, esta deve ser revertida para ela mesma. � Previsão do modo de administrá-la: embora seja interessante que a fundação preveja o modo pelo qual ela deva ser administrada, este item não é essencial para sua existência. Resumindo e exemplificando. José decide instituir uma fundação para incentivar determinada pesquisa científica. Inicialmente ele vai até um Cartório de Notas e, por meio de escritura pública, doa R$ 2 milhões para custear a fundação (é chamada dotação especial de bens livres). Em seguida é elaborado o estatuto da fundação, que deve ser submetido à análise do Ministério Público. Sendo aprovado o estatuto será registrado no cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas (RCPJ) e a fundação passa a ter existência legal. Nascimento: como vimos, as fundações nascem com o registro de seus atos constitutivos no Registro Civil de Pessoas Jurídicas. Características • Seus bens, em regra, são inalienáveis (não podem ser vendidos ou doados) e impenhoráveis (não pode recair penhora). Para uma eventual venda de seus bens é necessário ingressar com uma ação judicial, onde é consultado o Ministério Público. Posteriormente o Juiz decide, determinando se é ou não DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 02: PESSOAS JURÍDICAS Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 20 caso de venda desses bens. Como regra o produto da venda deve ser aplicado na própria fundação. • O fundador é obrigado a transferir para a fundação a propriedade sobre os bens dotados; se não o fizer, os bens serão registrados em nome dela por ordem judicial. • Não há sócios. • Os estatutos são suas leis básicas. • Os administradores devem prestar contas ao Ministério Público. Supervisão das Fundações Privadas As fundações privadas são supervisionadas pelo Ministério Público do Estado onde estiverem situadas (art. 66, CC), através da curadoria das fundações, que deve zelar pela sua constituição e funcionamento. Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao respectivo Ministério Público (art. 66, §2°, CC). ���� ATENÇÃO ���� O art. 66, §1°, CC foi alterado pela Lei n° 13.151/15. O dispositivo anterior havia sido alvo de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN 2794-8), sendo que o Supremo Tribunal Federal declarou sua inconstitucionalidade. Atualmente a lei determina que se a fundação funcionar no Distrito Federal ou em Territórios, a competência para fiscalização é do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Imunidade: as fundações privadas que se caracterizem como entidades educacionais e assistenciais podem gozar de imunidade tributária, nos termos do art. 150, VI, “c”, CF/88, desde que cumpram alguns requisitos legais. Término Não há um prazo determinado para o funcionamento de uma fundação. No entanto, nada impede que o próprio instituidor estabeleça um prazo para esse funcionamento. Por outro lado, as fundações serão extintas se (art. 69, CC): a) tornarem-se ilícitas (o Ministério Público pode ingressar com ação visando sua extinção), impossíveis ou inúteis as suas finalidades; b) vencido o prazo de sua existência. Uma vez extinta a fundação, o destino do seu patrimônio será o previsto nos estatutos. Caso os estatutos sejam omissos, seu patrimônio será destinado, por determinação judicial, a outras fundações com finalidades semelhantes. 2. PARTIDOS POLÍTICOS Os partidos políticos são entidades integradas por pessoas com ideias comuns (pelo menos em tese...), tendo por finalidade conquistar o poder para a consecução de um programa. São associações civis que visam assegurar, no DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 02: PESSOAS JURÍDICAS Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 21 interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema representativo e defender os direitos fundamentais definidos na Constituição Federal. De acordo com o art. 17, §2°, CF/88 e a Lei n° 10.825/03, os partidos políticos, embora tenham um caráter público, passaram a ser considerados como pessoas jurídicas de direito privado, tendo natureza de associação civil. Os estatutos devem ser registrados no cartório competente do Registro Civil de Pessoas Jurídicas da Capital Federal e no Tribunal Superior Eleitoral (Lei n° 9.096/95). 3. ORGANIZAÇÕES RELIGIOSAS As organizações religiosas são pessoas jurídicas de direito privado, formadas pela união de indivíduos com o propósito de culto, por meio de doutrina e ritual próprios, para manifestação da espiritualidade humana. Atualmente a Lei n° 10.825/03 (que alterou o Código Civil) deixou bem claro que elas são pessoas jurídicas de direito privado, tendo também natureza de associação civil. Noa podem ter finalidade econômica. É vedado ao poder público negar-lhe o reconhecimento ou registro de seus atos constitutivos necessários a seu funcionamento (art. 44, §1°, CC). Tal dispositivo está em consonância com o texto constitucional (art. 5°, VI, CF/88). No entanto, a liberdade de funcionamento não afasta o controle de legalidade e legitimidade constitucional de seu registro, nem a possibilidade de reexame pelo Judiciário da compatibilidade de seus atos com a lei e com os seus estatutos. Enunciado 142 da III Jornada de Direito Civil do CJF: “Os partidos políticos, os sindicatos e as associações religiosas possuem natureza associativa, aplicando-se-lhes o Código Civil”. 4. ASSOCIAÇÕES (arts. 53 até 61, CC) As associações são caracterizadas pela união de pessoas que se organizam para fins não econômicos (comunhão de esforços para um fim comum). Possui uma delimitação mais ampla que a fundação (esta se restringe a fins culturais, religiosos, morais ou de assistência). A associação pode ser de pessoas físicas ou de pessoas jurídicas (ex.: ABIA →→→→ Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação, etc.). O órgão máximo da associação não é o diretor-presidente, mas a Assembleia Geral. Sua competência e atribuições encontra-se estabelecido no art. 59, CC. O membro da associação é o associado. Ele possui um vínculo direto com a finalidade da associação, não possuindo qualquer vínculo com os demais associados. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocas (art. 53, e seu parágrafo único, CC), de forma diversa das sociedades, onde há este vínculo. É direito básico do associado votar e ter acesso às estruturas culturais/recreativas, não se podendo criar uma forma de associado que não tenha DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 02: PESSOASJURÍDICAS Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 22 esses direitos mínimos. No entanto é possível a existência de uma categoria de associados com vantagens especiais (art. 55, CC), tais como o associado remido (que não paga taxa de administração), etc. Salvo autorização estatutária, é vedada a transmissibilidade da qualidade de associado (art. 56, CC). É admissível a exclusão de um associado se houver justa causa nos termos do estatuto, após o trâmite de um procedimento administrativo que assegure o contraditório e a ampla defesa, bem como recurso (art. 57, CC); trata-se do “devido processo legal privado”: eficácia horizontal dos direitos fundamentais. As associações, de acordo com a sua finalidade, podem ser classificadas em três grupos: a) interesse pessoal dos próprios associados, sem objetivo de lucro (ex.: associações científicas, religiosas, recreativas, esportivas, literárias; b) realização de uma obra estranha ao interesse pessoal dos associados, e que fique sob a dependência da associação ou se torne dela autônoma (ex.: associações pias ou beneficentes, educacionais, políticas); embora seus associados possam visar interesse pessoal, sua finalidade primordial é a de prover uma obra de caridade em benefício de terceiros; c) quando ficam subordinadas a uma obra dirigida autonomamente por terceiras pessoas (ex.: utilidade pública). Portanto seu objeto é bem mais amplo do que o das fundações. O art. 5° da CF/88 (incisos XVII a XXI), ao dispor sobre as associações, estabelece que: a) é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar; b) a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento; c) as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; d) ninguém poderá ser compelido a associar- se ou permanecer associado (o STF já decidiu que ninguém pode ser obrigado a pagar mensalidade de “associação de moradores” se não tem interesse nos serviços oferecidos – RE 431.106); e, e) as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente. O fato de uma associação possuir determinado patrimônio e realizar negócios para aumentar esse patrimônio não a desnatura, pois não irá proporcionar ganhos pessoais aos associados. Portanto, elas não estão impedidas de gerar renda para manter sua existência ou aumentar suas atividades. O que não se admite é que a renda auferida seja partilhada na forma de lucro entre os associados. Ex.: associação esportiva que monta um restaurante em sua sede e uma loja de artigos esportivos para venda (camisetas, bolas, distintivos, réplicas de troféus e medalhas conquistadas, etc.). DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 02: PESSOAS JURÍDICAS Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 23 Estabelece o Enunciado 534 da VI Jornada de Direito Civil do CJF: “As associações podem desenvolver atividade econômica, desde que não haja finalidade lucrativa”. O ato constitutivo da associação é o seu estatuto que deve conter os requisitos mínimos do art. 54, CC. Esse estatuto deve ser registrado no Registro Civil de Pessoas Jurídicas. Com ele passa a ter aptidão para ser sujeito de direitos e obrigações, possuindo capacidade patrimonial e adquirindo vida própria, que não se confunde com a de seus membros. Se não houve registro a associação existe, mas será considerada irregular (associação não personificada); será tida como mera relação contratual disciplinada pelo seu estatuto. A convocação dos órgãos deliberativos deve ser feita na forma do estatuto, garantindo-se a 1/5 dos associados o direito de promovê-la. Finalmente, estabelece o art. 61, CC que dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido será destinado à entidade de fins não econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos associados, à instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes. Observação: A doutrina afirma que os sindicatos têm natureza associativa. No entanto eles possuem um viés de representação política de uma categoria. Já as associações têm um cunho cultural, esportivo, artístico, sem uma competência legal para representação da categoria, mas tão somente de associados a ela. ORGANIZAÇÕES SOCIAIS TERCEIRO SETOR Terceiro setor é uma terminologia sociológica que dá significado a todas as iniciativas privadas de utilidade pública com origem na sociedade civil. A expressão é uma tradução do inglês third sector, vocábulo muito utilizado nos Estados Unidos para definir as diversas organizações sem vínculos diretos com o Primeiro Setor (setor público, o Estado) e o Segundo Setor (setor privado, o mercado). Em outras palavras, o terceiro setor é o conjunto de entidades da sociedade civil com fins públicos e não lucrativos. Ex.: ONG e OSCIP. • As ONGS (Organizações Não Governamentais) são grupos organizados, sem fins lucrativos, constituídas formal e autonomamente, caracterizadas por ações de solidariedade no campo das políticas públicas e pelo legítimo exercício de pressões políticas em proveito de populações excluídas das condições da cidadania. Por não terem finalidade econômica, organizam-se como fundações ou associações. • OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público): é um título fornecido pelo Ministério da Justiça, cuja finalidade é facilitar o aparecimento de parcerias e convênios com todos os níveis de governo e DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 02: PESSOAS JURÍDICAS Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 24 órgãos públicos (federal, estadual e municipal), permitindo que doações realizadas por empresas possam ser descontadas no imposto de renda. Na realidade OSCIPs são ONGs criadas por iniciativa privada, que obtêm um certificado emitido pelo poder público federal ao comprovar o cumprimento de certos requisitos, especialmente aqueles derivados de normas de transparência administrativas. Em contrapartida, podem celebrar com o poder público os chamados termos de parceria, desde que os seus objetivos sociais e as normas estatutárias atendam os requisitos da lei. Esses termos também preveem sanções e penalidades em caso de descumprimento das obrigações assumidas. Elas são reguladas pela Lei n° 9.790/1999 (com as alterações da Lei n° 13.019/2014). Um grupo só recebe a qualificação de OSCIP depois que o estatuto da instituição que se pretende formar tenha sido analisado e aprovado pelo Ministério da Justiça. A OSCIP deve cumprir todas os requisitos previstos no Código Civil para a constituição de associação. Além disso, deve se enquadrar em categorias como: promoção da assistência social; promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; promoção gratuita da educação; promoção gratuita da saúde; meio ambiente, etc. OSCIP X ONG. De modo geral, a OSCIP é uma qualificação jurídica atribuída a uma entidade privada (sem fim lucrativo) que atua em área típica do setor público com interesse social; há previsão expressa na lei. Já a ONG não tem previsão legal expressa; trata-se de uma sigla (e não um tipo específico de organização) usada de maneira genérica para identificar organizações do terceiro setor sem fins lucrativos e cumprindo um papel de interesse público. Assim, OSCIP é o reconhecimento oficial e legal de uma ONG. Em parceria com o poder público, utilizará recursos privados e públicos para suas finalidades, dividindo o encargo administrativo e de prestaçãode contas. Trata-se de uma opção institucional e não uma obrigação. Finalizando, pode-se afirmar que toda OSCIP é uma ONG, mas nem toda a ONG é uma OSCIP (pois uma ONG pode não ter a qualificação, seja por que não preenche os requisitos legais, seja porque assim não deseja ser reconhecida). 5. SOCIEDADES Sociedade é espécie de corporação dotada de personalidade jurídica própria e instituída por meio de um contrato social (que é o seu ato constitutivo), com o objetivo de exercer atividade econômica e partilhar lucros. Assim, duas ou mais pessoas, visando realizar negócios lucrativos, resolvem criar uma entidade e aplicar nela dinheiro e serviço, formalizando por escrito o ato constitutivo; ao se tornarem sócias elas passam a ter o direito de participar dos resultados econômicos da entidade criada. Ela está prevista em outro tópico do Código Civil, dentro do Livro II da Parte Especial (Do Direito de Empresa), a partir do art. 981. Prevê este dispositivo: Celebram contrato de sociedade as pessoas que DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 02: PESSOAS JURÍDICAS Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 25 reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. Parágrafo único. A atividade pode restringir-se à realização de um ou mais negócios determinados. Características das Sociedades em Geral • Pluralidade: devem ser formadas por duas ou mais pessoas. A lei admite exceções, as chamadas sociedades unipessoais que veremos adiante, as quais possuem apenas um sócio. • Affectio Societatis: intenção específica dos sócios em constituir a sociedade, com personalidade distinta da de seus membros e permanecerem unidos, para a execução de uma ou mais atividades econômicas. • Exploração da atividade econômica: devem ter o propósito de executar atividades ligadas à produção ou circulação de bens ou serviços. • Contribuição de bens ou serviços: o capital social de ser constituído, mediante contribuição de seus sócios, tanto em forma de bens (dinheiro, imóveis, veículos, aparelhos, etc.), como em serviços (trabalho a ser desenvolvido com conhecimentos técnicos especiais em benefício da sociedade). Observação: a possibilidade de contribuição em serviços não é admitida em algumas espécies de sociedades, como nas sociedades limitadas e nas sociedades por ações. • Fins lucrativos: devem ter o intuito de gerar novos recursos para serem distribuídos entre os sócios. O atual Código Civil deixou bem claro que a finalidade lucrativa é o que distingue uma associação de uma sociedade. Tanto isso é verdade que o art. 1.008, CC estabelece que é nula a estipulação contratual que exclua qualquer sócio de participar dos lucros e das perdas (princípio da vedação de cláusula leonina). Atenção: repartir o lucro de forma diferenciada não viola a lei; o que é proibido é que algum sócio seja excluído da participação nos lucros. Natureza das Sociedades A) Sociedades Empresárias (o que anteriormente chamávamos de sociedades comerciais) são as que visam finalidade lucrativa (lucro repartido entre os sócios), mediante exercício de atividade mercantil (ex.: compra e venda mercantil). Segundo o art. 982, CC, “salvo exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (Registro Público de Empresas Mercantis); e simples as demais. Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa”. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 02: PESSOAS JURÍDICAS Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 26 Requisitos da sociedade empresária Material: toda sociedade empresária realiza uma atividade econômica organizada (atividade empresarial), nos termos do art. 966: Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. Formal: registro na Junta Comercial (Registro Público de Empresa). B) Sociedades Simples (o que anteriormente chamávamos de sociedades civis) também visa fim econômico (lucro), mediante exercício de atividade não mercantil. Em regra, são constituídas por profissionais de uma mesma área, ou por prestadores de serviços técnicos. Ex.: escritório de advocacia, sociedade imobiliária, clínica dentária, etc. Seus atos constitutivos devem ser inscritos no Registro Civil de Pessoas Jurídicas (RCPJ). São regidas pelas normas previstas na Parte Especial do Código (arts. 997 a 1.038), que disciplina seu contrato social, direitos e obrigações dos sócios, sua administração, dissolução, etc. Observação. Diferenças. Ambas têm como finalidade a obtenção de lucro. No entanto na sociedade simples não existe atividade típica empresária (que se dá com a produção ou circulação de bens ou serviços). Atualmente vêm-se utilizando as expressões: organização e atividade (ao invés de objeto) para distinguir a sociedade empresária da simples. Ou seja, a classificação se dá em função do exercício da atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços. Havendo a organização dos fatores de produção (capital, mão de obra, tecnologia e insumos) se considera caracterizada a empresa e o empresário será quem a exerce. Sociedade Empresária é aquela que conjuga os requisitos do art. 982, CC. Além disso, há uma impessoalidade, pois seus sócios atuam como meros articuladores de fatores de produção (capital, trabalho, tecnologia e matéria prima), a exemplo de um banco ou de uma revendedora de veículos. O seu registro é feito na Junta Comercial e sujeitam-se à legislação falimentar. Sociedade Simples tem como característica principal a pessoalidade: os seus sócios não são meros articuladores de fatores de produção, uma vez que eles prestam e supervisionam direta e pessoalmente a atividade desenvolvida. Em geral, são sociedades prestadoras de serviços, a exemplo da sociedade de advogados, médicos, engenheiros, etc. O seu registro é feito, em geral, no Registro Civil de Pessoas Jurídicas (CRPJ). Uma banca de advocacia, por maior DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 02: PESSOAS JURÍDICAS Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 27 que seja, sob o aspecto material, é uma sociedade simples, até porque seu registro continua sendo feito no RCPJ e na OAB (e não na Junta Comercial). Tipos Societários Tanto as sociedades empresárias como as sociedades simples podem assumir os seguintes tipos societários: • Sociedade em Comandita Simples (C/S) • Sociedade em Nome Coletivo (N/C) • Sociedade Limitada (Ltda.) • Sociedade Anônima (S/A) • Sociedade em Comandita por Ações (C/A) As sociedades simples que não adotarem um desses tipos serão regidas pelas normas próprias das sociedades simples (art. 983, segunda parte, CC e arts. 997 até 1.038, CC). Toda Sociedade Anônima e toda Sociedade em Comandita por Ações terá sempre natureza empresarial. Por outro lado, toda Sociedade Cooperativa terá sempre natureza simples, independentemente de seu objeto. �Observações Importantes � 01) Sociedade Simples e Sociedade Empresária não são tipos societários, mas sim naturezas de sociedades. A sociedade simples possui regras próprias de funcionamento (arts. 997/1.038, CC). Já a sociedade empresária não possui regras próprias, mas pode assumir algum dostipos societários (arts. 1.039 a 1.092, CC). 02) A Sociedade Simples também pode optar por adotar qualquer dos tipos societários previstos na lei, inclusive as sociedades por ações. 03) Toda Sociedade por Ações (S/A e C/A) é uma sociedade empresária, independentemente de seu objeto (seja ele de natureza simples ou de natureza empresária). 04) Dessa forma, se uma Sociedade Simples adotar o tipo societário Sociedade Anônima (que é sociedade por ações) será considerada automaticamente como Sociedade Empresária por força de lei (primeira parte do parágrafo único do art. 982, CC), estando sujeita às regras de registro empresarial próprio, à escrituração própria e obrigatória do empresário, à Lei das S/A e de Falências, etc. É possível a sociedade entre cônjuges? O art. 977, CC faculta aos cônjuges contratar sociedades, entre si ou com terceiros, desde que não sejam casados sob o regime da comunhão universal de bens, ou do da separação obrigatória. É possível a existência de uma sociedade que tenha apenas um sócio? Nossa legislação admite, em situações excepcionais, que uma sociedade possa ser formada por apenas um sócio (sociedade unipessoal). Hipóteses: DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 02: PESSOAS JURÍDICAS Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 28 • Sociedade Unipessoal Temporária do art. 1.033, IV, CC: digamos que a sociedade tenha dois sócios e um deles morreu. Essa sociedade poderá funcionar normalmente com apenas um sócio durante 180 dias. Após esse prazo, se não for regularizada será extinta. No entanto, atualmente o sócio remanescente tem a opção de transformar o registro de sociedade em registro de empresário individual de responsabilidade limitada (EIRELI). • Sociedade Unipessoal Temporária do art. 206, I, “d” da Lei das S/A: permite-se o funcionamento de uma sociedade por ações com apenas um sócio até a próxima assembleia geral (que é anual). Após isso, se não for regularizada a situação, dissolve-se a Companhia. • Sociedade Subsidiária Unipessoal Integral (art. 251, da Lei das S/A): segundo esse dispositivo uma sociedade por ações pode ser formada por apenas um sócio quando esse for uma sociedade brasileira. • Empresa Pública Unipessoal: é possível a criação de uma empresa, sendo que todos os recursos pertencem a somente um ente da Federação; sua criação depende de prévia autorização legislativa (art. 37, XX, CF/88), como no caso da Caixa Econômica Federal. ���� Atenção ���� As empresas públicas e as sociedades de economia mista, apesar de fazerem parte da administração indireta ou descentralizada e terem capital público, sujeitas aos princípios informadores da Administração, são dotadas de personalidade jurídica de direito privado. Interessante mencionar o art. 173, §1°, II CF/88: “§1°. A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre (...) II. A sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários”. Dessa forma elas são regidas pelas normas empresariais, tributárias e trabalhistas, mas com as cautelas do direito público (sujeitam-se ao controle do Estado →→→→ administrativo, financeiro e jurisdicional, devendo fazer concurso público para a investidura de servidores, etc.). Podem perseguir fins não lucrativos, como também atividades lucrativas. Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista Embora não seja matéria específica de Direito Civil (sequer estão previstas no Código Civil) penso que é interessante mencioná-las, nem que seja de forma superficial. Ambas são integrantes da administração pública indireta. No entanto o Decreto-Lei n° 200/67 (alterado pelo Decreto-Lei n° 900/69) as descreve como pessoas jurídicas de direito privado, criadas pelo Estado como instrumento de sua atuação no domínio econômico. Ou seja, são os chamados “braços do Estado-empresário”. A criação de ambas depende de lei específica. DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 02: PESSOAS JURÍDICAS Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 29 Após isso o Poder Público elabora os atos constitutivos e depois providencia o seu registro. É com o registro que ela adquire a personalidade jurídica. A doutrina costuma afirmar que ambas possuem “natureza híbrida”: formalmente são pessoas jurídicas de direito privado; no entanto elas não atuam integralmente sob as regras do Direito Privado. Na prática elas têm seu regime jurídico determinado pela natureza de suas atividades (objeto), pois ambas podem atuar na exploração de atividades econômicas (nessa hipótese sujeitam-se ao regime jurídico próprio das empresas privadas, previsto no art. 173, CF/88) ou na prestação de serviços públicos (nessa hipótese sujeitam-se ao regime administrativo próprio das entidades públicas, previsto no art. 175, CF/88). Observações 01) Embora haja uma dualidade no objeto (exploração de atividade econômica ou prestação de serviços públicos), segundo posicionamentos doutrinários modernos, as empresas públicas e as sociedades de economia mista, qualquer que seja o objeto, não estão sujeitas à falência, por força da nova lei de falências (Lei n° 11.101/2005) que em seu art. 2°, I, afirma: “Esta lei não se aplica a: I. empresa pública e sociedade de economia mista (...)”. Outro ponto é que ainda que ambas estejam sujeitas ao regime das empresas privadas (quando exploram atividade econômica), continuam obrigadas à licitação. 02) O Supremo Tribunal Federal considera impenhoráveis os bens das empresas públicas e das sociedades de economia mista, sempre que seu objeto de atuação seja a prestação de serviço público de prestação obrigatória pelo Estado. Empresas Públicas: são pessoas jurídicas de personalidade de direito privado, integrantes da administração indireta, instituídas pelo Poder Público, mediante autorização de lei específica a se constituir com capital próprio e exclusivamente público, para exploração de atividade econômica ou prestação de serviços públicos ou coordenadora de obras públicas, podendo se revestir de qualquer das formas de organização empresarial (Ltda., S/A, etc.). Ex.: Empresa Brasileira de Correios de Telégrafos (EBTC), Caixa Econômica Federal (CEF), Casa da Moeda, Serviço de Processamento de Dados (SERPRO), EMURB, etc. Sociedades de Economia Mista: são pessoas jurídicas integrantes da administração indireta, mas também de personalidade de direito privado, instituídas pelo Poder Público mediante autorização legal, constituídas com patrimônio público e particular, destinadas à exploração de atividades econômicas ou serviços de interesse coletivo (públicos), sendo que sua forma é sempre a de uma Sociedade Anônima. Embora haja a conjugação de capital público e privado, as ações com direito a voto (controle acionário) DIREITO CIVIL = AUDITOR FISCAL = ICMS/RO AULA 02: PESSOAS JURÍDICAS Prof. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro EscobarProf. Lauro Escobar www.pontodosconcursos.com.br | Professor Lauro Escobar 30 devem pertencer em sua maioria ao Poder Público. Ex.: Banco do Brasil, Petrobrás, etc. Diferenças Empresa Pública Sociedade de Economia Mista Forma Jurídica Pode revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito (sociedades civis, sociedades comerciais, Ltda., S/A, etc.). Reveste-se obrigatoriamente na forma de sociedade anônima. Composição do Capital É formado apenas com recursos públicos. É formado pela conjugação de recursos públicos e de recursos privados. Foro Processual Suas causas serão processadas e julgadas pela Justiça Federal, exceto as de falência,
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