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Puericultura VACINAÇÃO DE CRIANÇAS (1) Devido à situação epidemiológica do país é recomendável que a vacina BCG seja administrada na maternidade. Caso não tenha sido administrada na maternidade aplicá-la na primeira visita ao serviço de saúde. Crianças que não apresentarem cicatriz vacinal após receberem a dose da vacina BCG não precisam ser revacinadas. (2) A vacina Hepatite B deve ser administrada nas primeiras 24 horas, preferencialmente, nas primeiras 12 horas de vida, ainda na maternidade. Esta dose pode ser administrada até 30 dias após o nascimento. Crianças até 6 (seis) anos 11 meses e 29 dias, sem comprovação ou com esquema vacinal incompleto, iniciar ou completar esquema com penta que está disponível na rotina dos serviços de saúde, com intervalo de 60 dias entre as doses, mínimo de 30 dias, conforme esquema detalhado no tópico da vacina penta. Crianças com 7 anos completos sem comprovação ou com esquema vacinal incompleto: completar 3 (três) doses com a vacina hepatite B com intervalo de 30 dias para a 2ª dose e de 6 meses entre a 1ª e a 3ª. (3) A idade mínima para a administração da primeira dose é de 1 mês e 15 dias e a idade máxima é de 3 meses e 15 dias. A idade mínima para a administração da segunda dose é de 3 meses e 15 dias e a idade máxima é de 7 meses e 29 dias. Se a criança regurgitar, cuspir ou vomitar após a vacinação, não repita a dose. Nestes casos, considere a dose válida. (4) Administrar 1 (uma) dose da vacina Pneumocócica 10V (conjugada), da vacina Meningocócica C (conjugada), da vacina hepatite A e da vacina tetra viral em crianças até 4 anos (4 anos 11 meses e 29 dias) de idade, que tenham perdido a oportunidade de se vacinar. (5) A recomendação de vacinação contra a febre amarela é para todo Brasil, devendo seguir o esquema de acordo com as indicações da faixa etária e situação vacinal, sendo que, crianças entre 9 (nove) meses a menores de 5 (cinco) anos de idade, administrar 1 (uma) dose aos 9 (nove) meses e 1 (uma) dose de reforço aos 4 (quatro) anos. Para as crianças a partir de 5 (cinco) anos de idade, administrar 1 (uma) dose única. (6) A vacinação em bloqueios está indicada em contatos de casos suspeitos de sarampo e rubéola, a partir dos 6 meses. (7) A vacina tetra viral corresponde à segunda dose do tríplice viral e à primeira dose da vacina varicela. Na sua indisponibilidade, pode ser substituída pelas vacinas tríplice viral e vacina varicela (monovalente). (8) Esta vacina está indicada para população indígena a partir dos 5 (cinco) anos de idade. (9) A vacina varicela pode ser administrada até 6 anos, 11 meses e 29 dias. Está indicada para toda população indígena a partir dos 7 (sete) anos de idade, não vacinada contra varicela. VACINAÇÃO DE ADOLESCENTES (1) As pessoas que tiverem esquema vacinal completo, independentemente da idade em que foram vacinadas, não precisam receber doses adicionais. (2) A vacinação em bloqueios está indicada em contatos de casos suspeitos de sarampo e rubéola, a partir dos 6 meses. Recomenda-se não engravidar por um período de 30 dias, após a aplicação da vacina. (3) A vacina HPV também está disponível em de esquema de 3 (três) doses aos 0, 2 e 6 meses, para as mulheres (de nove a 45 anos de idade) e homens (de nove a 26 anos de idade) vivendo com HIV/AIDS, transplantados de órgãos sólidos, de medula óssea e pacientes oncológicos. (4) Esta vacina está indicada para povos indígenas a partir dos 5 (cinco) anos de idade. PUERICULTURA Primeira consulta: a primeira consulta do recém-nascido deverá ocorrer na sua primeira semana de vida, que constitui um momento propício para estimular e auxiliar a família nas dificuldades do aleitamento materno exclusivo, para orientar e realizar imunizações, para verificar a realização da triagem neonatal (teste do pezinho) e para estabelecer ou reforçar a rede de apoio à família. Avaliação inicial do recém-nascido Anamnese: procura-se avaliar principalmente as condições do nascimento da criança (tipo de parto, local do parto, peso ao nascer, idade gestacional, índice de Apgar, intercorrências clínicas na gestação, no parto, no período neonatal e nos tratamentos realizados) e os antecedentes familiares (as condições de saúde dos pais e dos irmãos, o número de gestações anteriores, o número de irmãos). APGAR: também reconhecido popularmente pelos pais como a “nota” que o bebê recebe logo após nascer – no quinto minuto entre 7 e 10 é considerado normal. Apgar 4, 5 ou 6 é considerado intermediário e relaciona-se, por exemplo, com prematuridade, medicamentos usados pela mãe, malformação congênita, o que não significa maior risco para disfunção neurológica. Índices de 0 a 3 no quinto minuto relacionam-se a maior risco de mortalidade e leve aumento de risco para paralisia cerebral. No entanto, um baixo índice de Apgar, isoladamente, não prediz disfunção neurológica tardia. 1. Condições econômicas e sociais da família (risco social). 2. Condições de moradia (salubridade) e da creche/escola. 3. Alimentação (detalhada) habitual, ênfase no aleitamento materno. 4. Funcionamento intestinal. 5. Habilidades de acordo com a etapa do desenvolvimento. 6. Temperamento e personalidade, comportamento. 7. Linguagem. 8. Acuidade visual. 9. Sono. 10. Disciplina (erros educativos). 11. Atividades lúdicas e sociais (brincadeiras). 12. Escolaridade. 13. Vacinação. Exame físico: Situações de risco e vulnerabilidade: • Criança residente em área de risco; • Baixo peso ao nascer (inferior a 2.500g); • Prematuridade (menos de 37 semanas gestacionais); • Asfixia grave ou APGAR menor do que 7 no 5º minuto; • Internações/intercorrências; • Mãe com menos de 18 anos de idade; • Mãe com baixa escolaridade (menos de oito anos de estudo); • História familiar de morte de criança com menos de 5 anos de idade. Outras situações reconhecidas de vulnerabilidade: aleitamento materno ausente ou não exclusivo, gestação gemelar, malformação congênita, mais do que três filhos morando juntos, ausência de pré-natal, problemas familiares e socioeconômicos que interfiram na saúde da criança, problemas específicos da criança que interfiram na sua saúde, não realização de vacinas, identificação de atraso no desenvolvimento (PORTO ALEGRE, 2004) [D] e suspeita ou evidência de violência. Entre as situações familiares consideradas de vulnerabilidade, encontram-se as seguintes: gravidez de alto risco ou eventos traumáticos para a mãe durante a gestação, presença de rupturas e conflitos do casal quando da descoberta da gravidez, separações e lutos na família, mãe em situação de sofrimento agudo ou diagnóstico de doença mental, parto difícil ou traumático, pais com dificuldades de assumir a parentalidade (tornar-se pai e tornar- se mãe) e famílias com problemas múltiplos (drogadição, alcoolismo, pobreza, condições crônicas). Aleitamento materno: A criança que é alimentada somente com leite materno até os 6 meses de vida apresenta menor morbidade. Por isso, maiores são os efeitos benéficos à sua saúde. Teste do pezinho: O teste do pezinho, feito na criança logo após o seu nascimento, conforme estabelece o Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), permite a detecção da fenilcetonúria e do hipotireoidismo congênito (fase 1 do programa) e de hemoglobinopatias (fase 2), doenças que podem ser tratadas, prevenindo o retardo mental (que as duas primeiras enfermidades podem ocasionar) e as infecções e outras complicações que frequentemente podem ocasionar a morte de crianças com hemoglobinopatias. A pesquisa de hemoglobinopatias inclui a detecção de anemia falciforme e do traço falciforme, que, mesmo assintomático, traz implicação genética para a família. A fase 3 do PNTN acrescentará a triagem da fibrose cística (ou mucoviscidose). O teste deverá ser feito a partir do 3º dia de vida da criança, quando já ocorreu uma ingestão adequada de proteínas e é possível analisar com mais segurançao metabolismo da fenilalanina, evitando-se resultados falsos negativos para fenilcetonúria. Além disso, a dosagem de hormônio estimulante da tireoide (TSH) nas primeiras 24 horas de vida pode acarretar um aumento de falsos positivos para hipotireoidismo congênito. Assim, a coleta para o exame deve ser realizada entre o 3º e o 7º dia de vida da criança. Frequência de consultas por faixa etária O Ministério da Saúde recomenda sete consultas de rotina no primeiro ano de vida (na 1ª semana, no 1º mês, 2º mês, 4º mês, 6º mês, 9º mês e 12º mês), além de duas consultas no 2º ano de vida (no 18º e no 24º mês) e, a partir do 2º ano de vida, consultas anuais, próximas ao mês do aniversário. Essas faixas etárias são selecionadas porque representam momentos de oferta de imunizações e de orientações de promoção de saúde e prevenção de doenças. EXAME FÍSICO Dados antropométricos: Os registros do peso, da estatura e do comprimento, bem como do perímetro cefálico da criança, aferidos nos gráficos de crescimento, são recomendáveis para todas as consultas, para crianças de risco ou não, até os 2 anos de idade. Entre os 2 e os 10 anos de idade, deve-se aferir o peso e a altura e plotá-los no gráfico nas consultas realizadas. A altura para a idade é o melhor indicador de crescimento da criança e, no Brasil, representa o deficit antropométrico mais importante. O índice de massa corporal (IMC) teve seu uso validado em crianças como bom marcador de adiposidade e sobrepeso, além do fato de que seu valor na infância pode ser preditivo do IMC da vida adulta. Recomenda-se a plotagem de peso, estatura/comprimento nas curvas de IMC por idade e sexo desde o nascimento. Rastreio de displasia do quadril: Não há consenso na literatura sobre a efetividade da redução de desfechos clínicos com o rastreamento para displasia evolutiva do quadril. Mesmo assim, os protocolos recomendam a sua realização, pois o diagnóstico precoce (anterior aos 3 a 6 meses de idade) é importante na escolha de tratamentos menos invasivos e com menores riscos de complicações. Identificam-se três fatores de risco para luxação congênita do quadril: gênero feminino, crianças com história familiar de displasia congênita do quadril e parto com apresentação pélvica. Meninos sem risco ou com história familiar de subluxação do quadril têm o menor risco de ter displasia evolutiva do quadril. Meninas sem risco e meninos nascidos de apresentação pélvica têm risco intermediário. Já meninas com história familiar de subluxação do quadril e nascidas de apresentação pélvica têm o mais alto risco para displasia do quadril. Se houver a opção por realizar o rastreamento, deve-se proceder às manobras de Barlow (provocativa do deslocamento) e Ortolani (sua redução) nas primeiras consultas (15 dias, 30 dias e 2 meses), testando um membro de cada vez. A observação da limitação da abdução dos quadris e o encurtamento de um dos membros inferiores devem ser os exames de rastreamento nas consultas após os 3 meses de idade, ou seja, nas consultas dos 4, 6, 9 e 12 meses. Quando a criança começa a deambular, a partir da consulta dos 12 ou dos 18 meses, a observação da marcha da criança é o exame de escolha. Os testes de Trendelenburg positivo,* marcha anserina** e hiperlordose lombar possibilitam o diagnóstico. Ausculta cardíaca: Alguns protocolos sugerem a realização da ausculta cardíaca e da palpação de pulsos no mínimo três vezes no primeiro semestre de vida, devendo-se repetir os procedimentos no final do primeiro ano de vida, na idade pré- escolar e na entrada da escola. Avaliação da visão: As causas mais comuns de diminuição da acuidade visual em crianças são a ambliopia (redução da visão sem uma lesão orgânica detectável no olho), seus fatores de risco (estrabismo, anisometropia, catarata e ptose) e os erros de refração (miopia e hipermetropia) (U.S. PREVENTIVE..., 2005). As evidências atuais não determinam a efetividade de testes para a prevenção de deficiências visuais (quais devem ser feitos, com que periodicidade e se o examinador deve ser proficiente na técnica do teste). O teste do reflexo vermelho deve ser realizado na primeira consulta do recém-nascido na atenção básica e repetido aos 4, 6 e 12 meses e na consulta dos 2 anos de idade. O estrabismo pode ser avaliado pelo teste da cobertura e pelo teste de Hirschberg. No tocante à acuidade visual, é importante observar que a criança pequena não se queixa de dificuldades visuais. Por isso, a partir dos 3 anos, está indicada a triagem da acuidade visual, usando-se tabelas de letras ou figuras quando a criança vier para consultas de revisão. Devem ser encaminhadas ao oftalmologista crianças de 3 a 5 anos que tenham acuidade inferior a 20/40 ou diferença de duas linhas entre os olhos e crianças de 6 anos ou mais que tenham acuidade inferior a 20/30 ou diferença de duas linhas entre os olhos Avaliação da audição: A triagem auditiva neonatal (TAN), mais conhecida como teste da orelhinha, é uma avaliação que objetiva detectar o mais precocemente possível a perda auditiva congênita e/ou adquirida no período neonatal. Uma criança que falha no reteste deve ser encaminhada, pelo fonoaudiólogo que realiza o exame, à avaliação conjunta de otorrinolaringologia e fonoaudiologia para um serviço de referência. A partir dessa avaliação, define-se nova conduta: bebês que apresentam alterações condutivas recebem tratamento otorrinolaringológico e seguem em acompanhamento após a conclusão da intervenção. Aqueles que não apresentam alterações condutivas têm seguimento por intermédio de avaliações auditivas completas até a conclusão do diagnóstico, que não deve ultrapassar os 6 meses. Nos casos em que for detectada perda auditiva, inicia-se o processo de reabilitação auditiva com o aparelho de amplificação sonora individual (Aasi ou prótese auditiva), acompanhamento e terapia fonoaudiológica. Aferição da pressão arterial: Sugere-se que se faça uma medida da pressão arterial aos 3 anos e outra no início da idade escolar (6 anos). Rastreio de criptoquirdia: A migração espontânea dos testículos ocorre geralmente nos primeiros 3 meses de vida (em 70% a 77% dos casos) e raramente após os 6 a 9 meses. Se os testículos não forem palpáveis na primeira consulta ou forem retráteis, o rastreamento deve ser realizado nas visitas rotineiras de puericultura. Se aos 6 meses não forem encontrados testículos palpáveis no saco escrotal, será necessário encaminhar a criança à cirurgia pediátrica. Se forem retráteis, o caso deve ser monitorado a cada 6 a 12 meses, entre os 4 e 10 anos de idade do menino, pois pode ocorrer de a criança crescer mais rápido do que o cordão espermático nessa faixa de idade e os testículos saírem da bolsa escrotal. O tratamento precoce da criptorquidia com cirurgia resulta em diminuição do risco de câncer de testículos e de problemas com a fertilidade em adultos. ORIENTAÇÕES Posição para dormir: Os pais e cuidadores devem ser alertados quanto ao risco de morte súbita de crianças no primeiro ano de vida, sobretudo nos primeiros 6 meses. Eles devem receber a orientação de que a melhor maneira de prevenir casos assim é colocando a criança para dormir de “barriga para cima” (posição supina), e não de lado ou de bruços. A cama ou o berço deve ser firme, e não deve haver lençóis ou cobertores frouxos ou objetos macios em volta da criança. Prevenção de infecção viral respiratória: A lavagem de mãos por todas as pessoas que têm contato com o bebê deve ser orientada em todas as visitas de puericultura, com o objetivo de evitar a propagação de vírus causadores de doenças respiratórias. Atividade física: Para crianças a partir dos 2 anos, deve haver aconselhamento para a realização de 30 a 60 minutos por dia de atividade física moderada ou vigorosa, apropriada para a idade, entre 3 e 5 vezes por semana. A atividade pode ser cumulativa durante o decorrer do dia, somando-se as horas de atividade física na escola com as realizadasde forma extraclasse. MARCOS DO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR Marcos do primeiro e segundo mês Os estágios de desenvolvimento cognitivo seguem uma ordem sequencial e devem ser constantemente estimulados, para que não haja atraso dos marcos. Começando pelos marcos do desenvolvimento de 0 a 1 ano, nos primeiros meses de vida, é possível observar predomínio do tônus flexor, assimetria postural e preensão reflexa. Com 1 a 2 meses ocorre a melhora na percepção de um rosto, medida com base na distância entre o bebê e o seio materno. A partir do segundo mês, vemos sorriso social e o bebê começa a ficar de bruços, levanta a cabeça e os ombros. Além disso, ocorre a ampliação do seu campo de visão (o bebê visualiza e segue objetos com o olhar). Entre os Reflexos primitivos, são observados apoio plantar, sucção e preensão plantar, os quais desaparecem até o 6º mês; preensão dos artelhos, desaparecendo até o 11º mês; reflexo cutâneo plantar, que desencadeia extensão do hálux; e, a partir do 13º mês, ocorre flexão do hálux. Também é bem evidente o reflexo de Moro (incompleto a partir do 3º mês e inexistente a partir do 6º mês) e reflexo tônico-cervical até o 3º mês Até 1 ano de idade Com 4 meses, o bebê já tem capacidade de preensão voluntária das mãos e, entre 4 a 6 meses, o bebê mexe a cabeça na direção de uma voz ou de um objeto sonoro e, começando os 6 meses, inicia a noção de “permanência do objeto”. A partir de 7 meses, senta-se sem apoio e, aos 6 e 9 meses, o bebê arrasta-se e engatinha. Esse processo melhora e, então, começa a andar com apoio (entre 9 meses e 1 ano). Em torno do 10º mês, o bebê fica em pé sem apoio. A partir do primeiro ano Entre 1 ano e 1 ano e 6 meses: o bebê anda sozinho. Em torno de 1 ano: o bebê possui a acuidade visual de um adulto. Entre 1 ano e 6 meses a 2 anos, o bebê começa a correr e subir degraus baixos. Com dois anos de idade, a criança inicia uma fala mais complexa, com capacidade de dizer seu próprio nome e o nome de objetos. Também tem a capacidade de se reconhecer no espelho e começa a inventar brincadeiras estimulando a imaginação. De 3 a 4 anos, a criança veste-se com auxílio e já inicia, depois dos 4, a contar ou inventar pequenas histórias. A partir dos 6 anos: a criança começa a utilizar a lógica para pensar, com maior capacidade de memória e linguagem, sendo importante para o acompanhamento e estímulo escolar. Tem desenvolvimento da autoimagem e trabalha sua autoestima, tendo aumento das relações de amizade, com distinção de gênero bem estabelecidas. Com 7 anos desenvolve o julgamento global de autovalor, com autopercepção, observando ideias e hábitos. Nessa fase, a influência dos pais sob as decisões diminui e os amigos passam a ser mais influentes. A partir dos 10 anos, ocorrem mudanças relacionadas à puberdade e há um estirão de crescimento (primeiro nas meninas, em torno dos 11 anos, depois nos meninos, em torno dos 13 anos). Desenvolvimento a partir do primeiro ano No 2º Ano, a velocidade do crescimento diminui. Devemos observar no desenvolvimento, a partir dos 15 meses, se a criança é capaz de andar sozinha, se consegue comunicar seus desejos, apontando e emitindo sons, e se é capaz de construir uma torre de 3 blocos, por exemplo. Com 24 meses, a criança já é capaz de correr, subir e descer escadas, segurando-se no corrimão. Na parte de comunicação, é capaz de se expressar com frase de 2 palavras. Deve-se orientar os pais para estimular o uso do copo e reduzir a mamadeira, deixar a criança comer com as próprias mãos e exercitar o uso da colher, estimular o desenvolvimento da linguagem (conversar, ler), e brincadeiras ao ar livre. Também é necessário observar se os pés são aparentemente chatos, membros inferiores em arco, com joelhos afastados, e também se as crianças enxergam bem com os dois olhos em separado. Fase pré-escolar A fase Pré-Escolar (3 a 5 anos) se caracteriza por um crescimento lento com estirão (estatura predominando sobre o peso), chamado de criança “espigada”. Com 30 meses, consegue pular erguendo os 2 pés do chão e é capaz de apontar partes de seu corpo quando solicitado. Aos 3 anos, podemos perguntar aos pais se a criança sabe seu primeiro nome e possui uma linguagem inteligível. Também é importante que já haja um controle da evacuação e micção diurna. Aos 4 anos, espera-se melhora no equilíbrio e controle da micção noturna. Com 5 anos, já seria capaz de executar três ordens, solicitadas em sequência; melhora de movimentação e desenvolvimento motor fino demonstrado em desenhos. Sinais de alarme: Por fim, é importante que você observe alguns sinais de alarme, que possam apontar para outros distúrbios e doenças relacionadas ao desenvolvimento. No fim do 1º trimestre: ausência de sorriso social; olhar vago, pouco interessado; o menor ruído provocando grande sobressalto; nenhuma reação a ruídos fortes (surdez); mãos persistentemente fechadas. No fim do 2º trimestre: não vira a cabeça para localizar sons (4 meses); hipertonia (rigidez) dos membros inferiores; hipotonia do eixo do corpo: controle deficiente da cabeça; criança exageradamente lenta e sem interesse; movimentos bruscos do tipo “descarga motora”; não dá risada; falta de reação aos sons (considerando a possibilidade de surdez). Aos 9 meses: é obrigatório tomar providência quando a criança não senta sem apoio (hipotonia do tronco); possui pernas duras, “em tesoura” (espasticidade); pernas moles em “posição de rã” (hipotonia); mãos persistentemente fechadas. Deve-se observar também se há preensão em pinça; incapacidade de localizar um som (considerando surdez); ausência de balbucio (considerando distúrbio articulatório); sorriso social pobre; não tem interesse no jogo “esconde-achou”. 1º aniversário: ausência de sinergia pés-mãos (colocada em pé com apoio não procura ajudar com as mãos); criança parada ou mumificada; movimentos anormais; psiquicamente inerte ou irritada, sorriso social pobre; não fala sílabas; cessação do balbucio (considerando a possibilidade de surdez). REFLEXOS PRIMITIVOS Os reflexos primitivos são respostas automáticas e estereotipadas a um determinado estímulo externo. Estão presentes ao nascimento, mas devem ser inibidos ao longo dos primeiros meses, quando surgem os reflexos posturais. Sua presença mostra integridade do sistema nervoso central; entretanto, sua persistência mostra disfunção neurológica. De modo geral, a sucção reflexa e a marcha reflexa desaparecem por volta dos dois meses de vida. Os outros reflexos arcaicos devem desaparecer até no máximo 6 meses de idade, exceto os dois reflexos dos pés. A preensão plantar desaparece aos 9 meses. Já o reflexo cutâneo-plantar é em extensão no primeiro semestre de vida. No segundo semestre pode ser em flexão, indiferente ou em extensão. A partir da aquisição da marcha independente, deve ser sempre em flexão. Reflexo de Moro (0-6m) É desencadeado por queda súbita da cabeça, amparada pela mão do examinador. Observa-se extensão e abdução dos membros superiores seguida por choro. Sucção Reflexa (0-5m) É desencadeado pela estimulação dos lábios. Observa-se sucção vigorosa. Sua ausência é sinal de disfunção neurológica grave. Reflexo de busca (0-2m) É desencadeado por estimulação da face ao redor da boca. Observa-se rotação da cabeça na tentativa de “buscar” o objeto, seguido de sucção reflexa do mesmo. Reflexo Tônico- Cervical Assimétrico (Reflexo tônico- cervical de Magnus e De Kleijn, ou reflexo do esgrimista). (0-4m) É desencadeado por rotação da cabeça enquanto a outra mão do examinador estabiliza o tronco do RN. Observa-se extensão do membro superior ipsilateral à rotação e flexão do membro superior contralateral. A resposta dos membros inferiores obedece ao mesmo padrão, mas é mais sutil. Reflexo Tônico- Cervical Simétrico (0-4m) Posição de teste: criança em decúbito ventral, ligeiramente suspensa peloabdome. Estímulo: flexão ou extensão passiva ou ativa da cabeça. Preensão Palmar (0 a 3-4m) É desencadeado pela pressão da palma da mão. Observa-se flexão dos dedos. Preensão Plantar (0 a 10-11m) É desencadeado pela pressão da base dos artelhos. Observa-se flexão dos dedos. Apoio Plantar (0-2m) É desencadeado pelo apoio do pé do RN sobre superfície dura, estando este seguro pelas axilas. Observa-se extensão das pernas. Marcha Reflexa (0-2m) É desencadeado por inclinação do tronco do RN após obtenção do apoio plantar. Observa-se cruzamento das pernas, uma à frente da outra. Reflexo de Galant (reflexo de encurvamento do tronco) (0-2m) É desencadeado por estímulo tátil na região dorso lateral. Observa-se encurvamento do tronco ipsilateral ao estímulo. Reflexo de colocação (Placing) (0-2m) É desencadeado por estimulo tátil do dorso do pé estando o bebê seguro pelas axilas. Observa-se elevação do pé como se estivesse subindo um degrau de escada. É o único reflexo primitivo com integração cortical. CRESCIMENTO INFANTIL O acompanhamento sistemático do crescimento e do ganho de peso permite a identificação de crianças com maior risco de morbimortalidade, por meio da sinalização precoce da subnutrição e da obesidade. O melhor método de acompanhamento do crescimento infantil é o registro periódico do perímetro cefálico, do peso, do comprimento ou da estatura e do índice de massa corporal (IMC) da criança na Caderneta da Criança. A maneira como a criança está crescendo indica o quanto ela está saudável ou o quanto ela se desvia da situação de saúde. As suas medidas de perímetro cefálico (até 2 anos), peso, comprimento ou estatura, e IMC devem ser colocadas nos gráficos de crescimento. A Caderneta de Saúde da Criança utiliza como parâmetros para avaliação do crescimento de crianças (menores de 10 anos) os seguintes gráficos: perímetro cefálico (de zero a 2 anos), peso para a idade (de zero a 2 anos, de 2 a 5 anos e de 5 a 10 anos), comprimento/estatura para a idade (de zero a 2 anos, de 2 a 5 anos e de 5 a 10 anos), índice de massa corporal (IMC) para a idade (de zero a 2 anos, de 2 a 5 anos e de 5 a 10 anos). A inclusão do IMC como parâmetro de avaliação permite que a criança seja mais bem avaliada na sua relação peso vs. comprimento (para menores de 2 anos) ou peso vs. altura (para maiores de 2 anos). Tal parâmetro auxilia na classificação de crianças que em um determinado período estiveram desnutridas e tiveram o comprometimento de sua estatura, possibilitando uma melhor identificação de crianças com excesso de peso e baixa estatura. Já o peso por idade limita-se a mostrar se a criança está com peso abaixo do recomendado para a sua idade, mas não mostra se a sua estatura já foi comprometida. O IMC já foi validado em crianças como bom marcador de adiposidade e sobrepeso, apresentando estreita correlação com outros parâmetros que avaliam a porcentagem de gordura corpórea, como as pregas cutâneas, a densitometria e a bioimpedância eletromagnética. Marcar as medidas nos gráficos promove a saúde da criança, pela fácil identificação de desvios do crescimento. Estes devem ser diagnosticados e tratados precocemente, para que se possa evitar o comprometimento da sua saúde atual e da sua qualidade de vida futura. Ao longo do tempo, várias medidas do crescimento colocadas em cada gráfico como pontos, e unidas entre si, formam uma linha que indica como a criança evolui. As crianças menores de 2 anos devem ser medidas deitadas (comprimento). Crianças com 2 anos ou mais devem ser medidas em pé (estatura). Existe uma diferença de 0,7cm entre a estatura da criança medida deitada e em pé. Assim, se a estatura de uma criança de 2 ou mais anos for aferida deitada, deve-se diminuir 0,7cm do valor antes de registrá-lo no gráfico de 2 a 5 anos. Do mesmo modo, se a estatura de uma criança menor de 2 anos for medida de pé, deve-se somar 0,7cm ao valor antes de registrar no gráfico de crianças de 0 a 2 anos. O Índice de Massa Corporal (IMC) para idade: expressa a relação entre o peso da criança e o quadrado da estatura (comprimento ou altura). É utilizado para identificar o excesso de peso entre crianças e tem a vantagem de ser um índice que será utilizado em outras fases do curso da vida. Para calcular o IMC: Peso em kg dividido pela estatura em metros ao quadrado 𝐼𝑀𝐶 = 𝑃𝑒𝑠𝑜 (𝑘𝑔) 𝐸𝑠𝑡𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎2(𝑚) Interpretando os Gráficos As linhas coloridas dos gráficos fornecem indicações para a linha de crescimento da criança formada pela união dos pontos das medidas de cada consulta. • A linha verde corresponde a um padrão ou escore Z igual a 0. A curva de crescimento de uma criança que está crescendo adequadamente tende a seguir um traçado paralelo à linha verde, acima ou abaixo dela, que pode estar situado entre as linhas laranjas (desvio de 1 escore Z) ou entre as linhas vermelhas (desvio de 2 escore Z). • Qualquer mudança rápida que desvie a curva da criança para cima ou para baixo, ou então um traçado horizontal, devem ser investigados. • Os traçados que se desviam muito e que cruzam uma linha dos escore Z podem indicar risco para a saúde da criança. • Com relação às curvas de perímetro cefálico, é importante lembrar que as alterações do desenvolvimento infantil são mais sensíveis e precoces que o crescimento da cabeça. INTRODUÇÃO ALIMENTAR A criança que é alimentada somente com leite materno até os 6 meses de vida apresenta menor morbidade. Benefícios para o bebê: • Diminuição de morbidade, especificamente relacionada a infecções como: meningite bacteriana, bacteremia, diarreia, infecção no trato respiratório, enterocolite necrosante, otite média, infecção do trato urinário e sepse de início tardio em recém-nascidos pré-termo. • Alguns estudos sugerem diminuição das taxas de morte súbita do lactente • Redução de hospitalizações: o aleitamento materno reduz o risco de hospitalização por vírus sincicial respiratório (VSR). • Redução de alergias: o O aleitamento materno exclusivo reduz o risco de asma e de sibilos recorrentes; o O aleitamento materno protege contra o desenvolvimento de dermatite atópica; o A exposição a pequenas doses de leite de vaca durante os primeiros dias de vida parece aumentar o risco de alergia ao leite de vaca, mas não afeta a incidência de doenças atópicas no futuro; o Os efeitos benéficos do aleitamento materno observados em todas as crianças são particularmente evidentes em crianças com história familiar de doenças atópicas. • Redução da obesidade • Diminuição do risco de hipertensão, colesterol alto e diabetes • Melhor nutrição • Efeito positivo no desenvolvimento intelectual • Melhor desenvolvimento da cavidade bucal • O início precoce do aleitamento materno sem restrições diminui a perda de peso inicial do recém-nascido, favorece a recuperação mais rápida do peso de nascimento, promove uma “descida do leite” mais rápida, aumenta a duração do aleitamento materno, estabiliza os níveis de glicose do recém-nascido, diminui a incidência de hiperbilirrubinemia e previneingurgitamento mamário. Contraindicações para amamentação: Nas seguintes situações, o aleitamento materno não deve ser recomendado: • Mães infectadas pelo HIV. • Mães infectadas pelo HTLV1 e HTLV2 (vírus linfotrópico humano de linfócitos T). • Uso de medicamentos incompatíveis com a amamentação. Alguns fármacos são citados como contraindicações absolutas ou relativas ao aleitamento, como, por exemplo, os antineoplásicos e radiofármacos. • Criança portadora de galactosemia, doença do xarope de bordo e fenilcetonúria. Já nas seguintes situações maternas, recomenda-se a interrupção temporária da amamentação: • Infecção herpética, quando há vesículas localizadas na pele da mama. A amamentação deve ser mantida na mama sadia. • Varicela: se a mãe apresentar vesículas na pele cinco dias antes do parto ou até dois diasapós o parto, recomenda-se o isolamento da mãe até que as lesões adquiram a forma de crosta. A criança deve receber imunoglobulina humana antivaricela zoster (Ighavz), que deve ser administrada em até 96 horas do nascimento, devendo ser aplicada o mais precocemente possível. • Doença de Chagas na fase aguda da doença ou quando houver sangramento mamilar evidente. • Abscesso mamário, até que ele tenha sido drenado e a antibioticoterapia iniciada. A amamentação deve ser mantida na mama sadia. • Consumo de drogas de abuso: recomenda-se a interrupção temporária do aleitamento materno, com ordenha do leite, que deve ser desprezado. O tempo recomendado de interrupção da amamentação varia dependendo da droga. Alimentação antes dos 6 meses em situações em que o aleitamento materno não é praticado ou é praticado parcialmente Diante da impossibilidade de ser oferecido o aleitamento materno, o profissional de saúde deve orientar a mãe quanto à utilização de fórmula infantil ou de leite de vaca integral fluido ou em pó. O profissional de saúde deve orientar a mãe quanto aos procedimentos a seguir, que incluem o preparo de leite de vaca integral com a diluição adequada para a idade, a correção da deficiência de ácido graxo linoleico com óleo nos primeiros quatro meses e a suplementação de vitamina C e ferro ou o preparo de fórmulas infantis de acordo com a idade e as recomendações do rótulo do produto. O consumo regular do leite de vaca integral por crianças menores de 1 ano pode também acarretar a sensibilização precoce da mucosa intestinal dos lactentes e induzir neles a hipersensibilidade às proteínas do leite de vaca, predispondo-os ao surgimento de doenças alérgicas e de micro-hemorragias na mucosa intestinal, o que contribui ainda mais para o aumento da deficiência de ferro. Os sistemas digestório e renal dos lactentes são imaturos, o que os torna incapazes de lidar com alguns metabólitos de alimentos diferentes do leite humano. Leite de vaca: Os valores indicados são aproximados, de acordo com a variação de peso corporal da criança nas diferentes idades. O custo elevado das fórmulas infantis possibilita que o consumo de leite de vaca no Brasil seja elevado nos primeiros seis meses de vida. Por isso, os profissionais de saúde devem ter o conhecimento de como as mães devem ser orientadas. Assim, o leite de vaca deve ser diluído até os 4 meses de idade da criança por causa do excesso de proteína e eletrólitos, que fazem sobrecarga renal sobre o organismo do lactente. Na diluição de 2/3 ou 10% (42 calorias), há deficiência de energia e ácido linoleico. Então, para melhorar a densidade energética, a opção é preparar o leite com 3% de óleo (1 colher de chá = 27 calorias). O carboidrato fica reduzido, mas a energia é suprida e não é necessária a adição de açúcares e farinhas, que não são aconselhados para crianças menores de 24 meses. Portanto, até a criança completar 4 meses, o leite diluído deve ser acrescido de óleo, ou seja, 1 colher de chá de óleo para cada 100ml. Após o bebê completar 4 meses de idade, o leite integral líquido não deverá ser diluído e nem acrescido do óleo, já que nessa idade a criança receberá outros alimentos. SUMPLEMENTAÇÕES Ferro O Ministério da Saúde revisou e atualizou as condutas preconizadas pelo programa, instituído em 2005. Na atualização se estabelece a recomendação diária de 1 a 2mg de ferro elementar/kg de peso para o público de crianças de 6 a 24 meses. Recomenda-se ainda o uso do sulfato ferroso em gotas, já amplamente utilizado e disponível nas farmácias das unidades de saúde. Vitamina A A concentração de vitamina A no leite materno varia de acordo com a dieta da mãe. Para crianças amamentadas, pode-se aumentar a oferta de vitamina A orientando uma dieta para mãe rica nesse micronutriente (fígado, gema de ovo, produtos lácteos, folhas verdes escuras, vegetais e frutas cor de laranja) ou suplementando a mãe com essa vitamina. Crianças que recebem leite materno com quantidade suficiente de vitamina A suprem facilmente a necessidade dessa vitamina com a alimentação complementar. Após a introdução dos alimentos complementares, 50g de fígado de boi por semana fornecem a quantidade suficiente de vitamina A para lactentes (de 5 a 12 meses). A suplementação periódica da população de risco com doses maciças de vitamina A é uma das estratégias mais utilizadas para prevenir e controlar a DVA em curto prazo. Segundo o Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A, a conduta de administração via oral da megadose de vitamina A é a seguinte: • para crianças de 6 meses a 11 meses de idade: 1 megadose de vitamina A na concentração de 100.000 UI; • para crianças de 12 a 59 meses de idade: 1 megadose de vitamina A na concentração de 200.000 UI a cada 6 meses; • para puérperas: 1 megadose de vitamina A na concentração de 200.000 UI, no período pósparto imediato, ainda na maternidade. Vitamina D O raquitismo atribuído à baixa ingestão de alimentos ricos em vitamina D e à restrição à exposição solar é uma condição prevenível, mas que continua ocorrendo, mesmo em países desenvolvidos. A quantidade de luz solar necessária para prevenir a deficiência de vitamina D, naquela latitude, seja de 0,5 a 2 horas por semana (17min/dia), com exposição apenas da face e das mãos do bebê. Se o bebê estiver usando apenas fraldas, a exposição deve ser de 30min/semana (4min/dia). É importante lembrar que crianças com pele escura podem requerer de 3 a 6 vezes mais exposição do que a indicada para bebês de pele clara para produzir a mesma quantidade de vitamina D. Porém, a Academia Americana de Pediatria recomenda evitar a exposição solar direta dos bebês até 6 meses, pelo risco cumulativo de câncer de pele – o que a faz recomendar suplementação de 400UI/dia de vitamina D a todas as crianças (mesmo aquelas amamentadas ao peito), a partir dos primeiros dias de vida até a adolescência. Recomenda-se administrar de 200 a 400UI/dia de vitamina D a crianças que apresentam os seguintes fatores de risco: prematuridade, pele escura, exposição inadequada à luz solar (por hábitos culturais ou porque se use filtro solar em todos os passeios ao ar livre) e filhos de mães vegetarianas estritas que estejam sendo amamentados. Vitamina K ao nascer Atualmente, existem informações suficientes para se manter a recomendação de administrar vitamina K ao nascimento como profilaxia contra a doença hemorrágica neonatal por deficiência de vitamina K: • Bebês com idade gestacional acima de 32 semanas e com mais de 1.000g: 1mg IM ou EV. • Bebês com menos de 32 semanas e com mais de 1.000g: 0,5mg IM. • Bebês com menos de 1.000g, independentemente da idade gestacional: 0,3mg IM. Se houver recusa dos pais quanto à administração injetável, deve ser garantido o fornecimento da vitamina K oral (2mg ao nascer), seguido de 1mg/semana durante os 3 primeiros meses. As doses repetidas são imprescindíveis para os bebês amamentados ao peito. Naqueles com outro tipo de alimentação, poderia ser suficiente a dose inicial. Zinco O papel do zinco na prevenção da morbimortalidade por doenças infecciosas foi reconhecido recentemente. Trabalhos foram realizados com populações extremamente vulneráveis de países em desenvolvimento, usando-se a suplementação de zinco em diversas apresentações. A OMS, em seu site oficial, já incluiu a recomendação de suplementar zinco no tratamento de diarreia, além dos sais de reidratação oral. Entretanto, não há uma recomendação universal quanto à suplementação de zinco para a população brasileira. Deve-se enfatizar o consumo de alimentos ricos em zinco, como carnes, vísceras (em especial, o fígado) e gema de ovo. Produtos vegetais costumam ser pobres em zinco, além de ter uma baixa biodisponibilidade, particularmente cereais e legumes com altas concentrações de fitatos (substâncias antinutritivas, assim como taninos, oxalatos e fosfatos, que atrapalham a absorção dos nutrientes, poisse ligam aos minerais, formando complexos). Ao contrário do que ocorre com o ferro, o ácido ascórbico não aumenta a biodisponibilidade do zinco. REFERÊNCIAS Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança : crescimento e desenvolvimento. – Brasília: Ministério da Saúde, 2012. BRASIL. Caderneta da Criança. Ministério da Saúde. 2020.
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