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Métodos Contraceptivos O planejamento familiar é u m direito de mulheres, homens e casais e está amparado pela Constituição Federal, em seu artigo 226, parágrafo 7º e pela Lei 9.263 de 1996, que o regulamenta. Cabe ao Estado prover recursos educacionais e tecnológicos para o exercício desse direito, bem como profissionais de saúde capacitados para desenvolverem ações que contemplem a concepção e a anticoncepção. Deve abranger: • Métodos contraceptivos • Saúde sexual • Saúde reprodutiva • Dispor dos métodos e técnicas para controle da fecundidade • Ampla gama de opções, para que os clientes possam escolher livremente, de forma segura e confiável, o método mais adequado, para os diferentes momentos de sua vida reprodutiva, de acordo com sua história de saúde e adaptação. O Planejamento Familiar é desenvolvido principalmente na Atenção básica pela Estratégia Saúde da Família. A introdução da contracepção permitiu à mulher escolher se deseja ou não ter filhos e, em caso positivo, o momento em que considera seu desejo propício. A gravidez não planejada ainda é um problema de saúde pública e uma preocupação mundial. No Brasil, cerca de 55,4% das gestações não são planejadas. • Maior risco de morbimortalidade materna e neonatal. • Prejuízo na esfera socioeconômica com impacto no nível da educação da mulher e na renda dessas famílias. Apenas 2% das mulheres brasileiras, que usam contraceptivos, estão em uso de LARC (long- acting reversible contraceptives) . • Apenas um tipo de LARC (dispositivo intrauterino de cobre, DIU-Cu) está disponível gratuitamente no sistema público de saúde . • Há falta de treinamento em inserção e manejo desses métodos na maioria dos programas de residência médica . • Falta de conhecimento das mulheres sobre as vantagens desses métodos . • Desinformação de alguns profissionais da saúde que criam barreiras para uso desses métodos Os LARC são métodos contraceptivos em que o intervalo de administração é igual ou superior a três anos. Com uma efetividade maior que 99%, os LARC são considerados os contraceptivos reversíveis mais efetivos e possuem alta taxa de continuidade.6 São representados pelos dispositivos intrauterinos e pelos implantes. CONTRACEPÇÃO A contracepção consiste na maneira pela qual uma ou mais ações, dispositivos ou medicamentos são utilizados para evitar ou reduzir a chance de uma mulher engravidar (OMS). E representa uma das principais preocupações das mulheres em idade fértil. Exercer a atividade sexual e planejar o número de filhos é um direito de todos. Neste contexto, a Lei 9.263 de 12/01/1996 define o planejamento familiar como “conjunto de ações de regulação da fecundidade que garanta direitos iguais de constituição, limitação ou aumento da prole pela mulher, pelo homem ou pelo casal”. No Brasil, o Ministério da Saúde disponibiliza gratuitamente diversos métodos de controle de natalidade para a população usuária do Sistema Único de Saúde (SUS), como condom masculino e feminino, diafragma, esterilização cirúrgica, minipílula ou pílulas só de progesterona (PSP), DIU de cobre, Anticoncepcionais Combinados Orais (ACO) e injetáveis e espermicidas. Cabe aos profissionais de saúde respeitarem as particularidades de cada casal e assegurarem que todas as mulheres tenham acesso às informações que permitam escolher o método mais adequado para a sua realidade. CONCEITOS PARA PRESCRIÇÃO DE CONTRACEPTIVO EFICÁCIA: A eficácia anticonceptiva é avaliada pela taxa de gravidezes não planejadas durante um tempo específico de exposição ao anticoncepcional. Atualmente, dois métodos são utilizados para medir a eficácia de um contraceptivo: a análise da tabela de vida e o índice de Pearl. A análise da tabela de vida fornece a taxa de falha para cada mês de uso do método e pode fornecer uma taxa cumulativa para um determinado período de tempo (US Food and Drug Administration). O índice de Pearl é considerado pela OMS como o principal avaliador da eficácia dos métodos contraceptivos. Por esta razão, toda avaliação da eficácia será direcionada por ele. O índice avalia o número de falhas, ou seja, de gestações, que ocorreram com a utilização do método ao fim de um ano, em 100 mulheres. Quanto menor o índice de Pearl, maior é a eficácia de um método contraceptivo. Os métodos com maior eficácia possuem índice menor do que um. A OMS recomenda que os métodos anticoncepcionais apresentem índice de falha menor que quatro gestações por 100 mulheres/ano. SEGURANÇA: Consiste no potencial do método contraceptivo causar riscos à saúde de quem o utiliza. É avaliada pelos efeitos indesejáveis e complicações que pode provocar. Quanto maior a segurança do método, menor será a probabilidade de trazer qualquer tipo de problema à saúde de quem faz seu uso. ESCOLHA DO MÉTODO: O critério mais importante para a escolha ou eleição de um método anticoncepcional é a opção feita pelo(a) usuário(a). O médico sempre deve privilegiar essa opção e considerá-la prioritária. Entretanto, o método escolhido nem sempre poderá ser usado, tendo em vista características clínicas evidenciadas pelo(a) usuário(a), que podem contraindicar seu uso. CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE DA OMS: A OMS representa a principal fonte de conhecimento sobre o uso de métodos anticoncepcionais. Divulga regularmente atualizações e novas versões do documento denominado "Critérios Médicos de Elegibilidade para Uso de Métodos Anticoncepcionais”, que fornece informações e orientações sobre a segurança do uso dos diversos métodos contraceptivos em condições de saúde específicas. A última versão deste documento é de 2015 e deve ser a principal fonte a ser seguida para a prática médica baseada em evidências. Alguns livros didáticos ainda ignoram tais critérios, o que torna o estudo dos métodos anticoncepcionais cheio de divergências, as quais serão oportunamente sinalizadas. De acordo com os critérios de elegibilidade da OMS, os métodos contraceptivos são classificados em quatro categorias: • Categoria 1: o método pode ser usado sem restrições; • Categoria 2: o método pode ser usado com restrições, ou seja, com precaução nas situações descritas. As vantagens superam os riscos, mas o acompanhamento médico deve ser mais frequente; • Categoria 3: os riscos decorrentes do uso, em geral, superam os benefícios. Quando há uma condição da categoria 3, este método deve ser a última escolha e, se usado, o acompanhamento médico deve ser rigoroso. O uso desse método não é geralmente recomendado, a menos que outros métodos mais apropriados não estejam disponíveis ou não sejam aceitáveis. Pode ser interpretada como uma contraindicação relativa; • Categoria 4: o método não deve ser usado, pois apresenta um risco inaceitável. Pode ser interpretada como uma contraindicação absoluta. Na prática clínica, as condições clínicas que podem afetar a elegibilidade para o uso de cada método serão classificadas em uma dessas quatro categorias: Gravidez é uma contraindicação absoluta para iniciar qualquer contracepção. CLASSIFICAÇÃO DOS MÉTODOS ANTICONCEPTIVOS EM FUNÇÃO DO TIPO DE CONTRACEPÇÃO: Métodos Comportamentais São também conhecidos como métodos de abstinência periódica. São os métodos baseados no reconhecimento do período fértil, com consequente abstinência sexual periódica quando pode ocorrer a fecundação, ou no uso de práticas em que o sêmen não é depositado na vagina. Possui como vantagens: • São gratuitos; • Não trazem malefícios; • Ensinam a mulher a conhecer melhor seu corpo e fertilidade; • Permitem aos casais, que assim desejam, seguir as normas de sua religião ou filosofia cultural; • Não há demora no retorno da fertilidade; • Não produzem efeitos colaterais, mas não conferem proteção contra Infecções SexualmenteTransmissíveis (IST); • Nenhum problema médico impede seu uso. Algumas situações podem fazer com que seja mais difícil usar a abstenção periódica com a eficácia desejada. Dentre elas, destacam-se irregularidades no ciclo menstrual e o pós-parto ou amamentação, sendo recomendado o adiamento do início do uso desse método até que ocorram, no mínimo, três ciclos menstruais e os ciclos estejam regulares novamente. Os métodos comportamentais de abstenção periódica incluem: • Método Ogino-Knaus, Tabelinha ou do Calendário; • Método do muco cervical ou Billings; • Método da curva da temperatura corporal basal; • Método sintotérmico; • Medidor portátil de hormônio luteinizante (LH) e de gliconatos de estriol. Os métodos comportamentais de ejaculação extravaginal compreendem: • Coito interrompido; • Masturbação mútua; • Sexo oral; • Sexo anal. São opções alternativas de planejamento familiar para as pacientes que, motivadas por uma opção religiosa, sociocultural ou filosófica, se interessam por um método mais "natural" de anticoncepção, independentemente das maiores taxas de falhas em relação aos métodos atuais, reversíveis, disponíveis no mercado. MÉTODO OGINO-KNAUS: DIAS-PADRÃO, RITMO, TABELINHA, CALENDÁRIO O fundamento desse método é o conhecimento da fisiologia do ciclo menstrual da mulher. Sabe-se que o período fértil é aquele que se situa em torno do momento da ovulação. A observação de inúmeros ciclos mostrou que: • A ovulação ocorre cerca de 12 a 16 dias antes da menstruação; • O ciclo menstrual normal tem uma duração de 21 a 35 dias, sendo padrão o ciclo de 28 dias; • O espermatozoide pode permanecer no trato genital feminino, com capacidade de fertilizar o óvulo, salvo exceções, por 48 horas (dois dias); • O óvulo permanece no trato genital feminino em condições de ser fertilizado, salvo exceções, por 24 horas (um dia). A mulher deve ser orientada a registrar a duração do seu ciclo menstrual por, pelo menos, seis meses e, a partir daí, deve ser calculada a diferença entre o ciclo mais longo e o ciclo mais curto. Caso a diferença seja superior a seis dias, o método não deve ser usado. O período fértil, durante o qual é preconizada a abstinência sexual, é calculado pela subtração de 18 do ciclo mais curto e 11 do ciclo mais longo (apenas nos casos em que a diferença entre o ciclo mais longo e mais curto for inferior a dez dias). Fora deste período, o ato sexual é permitido. MÉTODO DO MUCO CERVICAL OU BILLINGS: O fundamento racional desse método é o conhecimento de que o muco cervical sofre modificações físico-químicas relacionadas ao tipo de estímulo hormonal a que está sujeito. Quanto maior a estimulação estrogênica, mais o muco se torna abundante, aquoso, transparente e filante (propriedade de formar fio, quando distendido ao ar, por exemplo, entre duas polpas digitais, podendo chegar, no pico da estimulação estrogênica, a 10 cm de comprimento). Após a ovulação, quando o corpo lúteo passa a secretar a progesterona de forma crescente, o muco cervical se modifica, se tornando escasso, espesso, opaco, grumoso e sem filância. Período de Abstinência Da percepção do muco ou sensação de lubrificação vaginal, a mulher deverá permanecer sem penetração vaginal por três dias. Do 4° dia após o ápice, até novamente perceber umidade vaginal, o casal pode manter relações sexuais vaginais. Vale lembrar que este método envolve vários fatores subjetivos. A presença de uma infecção vaginal, por exemplo, influencia a percepção das características do muco cervical. Críticas • Muitas mulheres não conseguem manipular seus genitais para obter amostra do muco. • Vaginites e cervicites alteram substancialmente o aspecto do muco. MÉTODO DA CURVA DA TEMPERATURA CORPORAL BASAL: Esse método é baseado na alteração térmica corpórea ocorrida com a ovulação por aumento da progesterona. Esta atua no centro termorre- gulador no hipotálamo e promove uma elevação da temperatura basal entre 0,3 e 0,8°C (em geral, 0,4°C). É este efeito termogênico que pode ser usado para identificar o dia da ovulação. OBS.: A temperatura basal é aquela medida após, no mínimo, seis horas de sono. As medidas diárias proporcionam a elaboração de uma curva, pelas suas variações. A ovulação geralmente ocorre um dia antes da elevação da temperatura. Este aumento de temperatura permanece por 11 a 16 dias. A elevação da temperatura por menos de 11 dias sugere insuficiência do corpo lúteo, e por mais de 16 dias sugere gravidez. Na ausência de ovulação, não há formação do corpo lúteo, a secreção de progesterona não ocorre e a temperatura corporal se mantém estável, resultando em um gráfico monofásico. A Curva de Temperatura Basal (CTB) pode ser: • Bifásica (normal); • Monofásica (geralmente anovulatória); • Trifásica ou com uma segunda fase curta. Neste último caso, sugere insuficiência lútea ou síndrome do folículo não roto. Período de Abstinência A mulher deverá se manter em abstinência durante toda a primeira fase do ciclo até a manhã do quarto dia em que se verificou o aumento da temperatura. Esta última medida assegura que o óvulo não é mais fecundável (48 horas de vida média). O monitoramento da curva de temperatura basal também pode ser empregado para o diagnóstico presuntivo de gestação. O estímulo progesterônico da gravidez determina a manutenção da temperatura corporal basal elevada. MÉTODO SINTOTÉRMICO: Resume a combinação entre as observações sobre a temperatura basal, o muco cervical e outros parâmetros subjetivos que possam indicar a ovulação (dor pélvica, enxaqueca). Esta associação visa aumentar a eficácia. Para identificar o início do período fértil: fazer cálculo do calendário e analisar o muco. Para identificar o fim do período fértil: observar variações do muco e identificar a decalagem da temperatura basal. EJACULAÇÃO EXTRAVAGINAL/COITO INTERROMPIDO: Consiste na utilização de práticas sexuais diversas do coito vaginal, para que a ejaculação não seja intravaginal. A prática mais conhecida e difundida é o coito interrompido. O homem, ao pressentir a iminência da ejaculação, retira o pênis da vagina e ejacula fora desta, preferencialmente longe dos genitais femininos. Requer um grande autocontrole masculino. Além disso, a ejaculação é precedida de liberação de muco, que pode conter espermatozoides. A retirada do pênis leva ao ato sexual incompleto e ansiedade, que pode produzir um sentimento de frustração ao casal. No entanto, há casais bem ajustados, que conseguem desenvolver a anticoncepção por meio desse método. MEDIDOR PORTÁTIL DE HORMÔNIO LUTEINIZANTE (LH) E DE GLICONATOS DE ESTRIOL: O aparelho fornece dados sobre o dia do ciclo e identifica o período fértil com base na análise das concentrações hormonais. O monitor possui três luzes coloridas: uma verde, que indica dia seguro; uma vermelha, que indica abstinência sexual; uma amarela, que representa incerteza. Quando a luz amarela aparece, a mulher retira do aparelho uma fita para teste e aplica nela uma amostra de sua urina, reinserindo-a no monitor que, então, processa análise rápida do espécime de urina, quanto aos níveis de hormônio luteinizante (LH) e de gliconato de estriol. Após pequeno intervalo de tempo, o aparelho acende a luz verde ou a vermelha, indicando a condição da fertilidade da usuária. MÉTODO DA LACTAÇÃO E AMENORREIA (LAM) OU AMENORREIA LACTACIONAL O método da lactação e amenorreia (LAM) consiste no uso da amamentação como um método temporário de anticoncepção. A LAM oferece proteção natural contra a gravidez e permite que a mulher planeje o uso de outro método na ocasião adequada. Tem a vantagem de garantir ao bebê os nutrientes necessários para o seu desenvolvimento e proteção contra doenças através do leite materno. A amamentação é a maneira mais saudável de alimentar um bebê durante os primeiros seis meses de vida. O LAM baseia-se na inibição da ovulação, porque o aleitamento produz alterações na liberaçãohormonal por desorganização do eixo hipotálamo-hipófise-ovário. A sucção frequente por parte do lactente envia impulsos nervosos ao hipotálamo, alterando a produção hormonal, o que leva à anovulação. Três pré-requisitos são fundamentais para o sucesso do LAM: amenorreia, aleitamento exclusivo ou predominante em regime de livre demanda e menos de seis meses após o parto. MÉTODOS DE BARREIRA São métodos que impedem a ascensão dos espermatozoides do trato genital inferior para a cavidade uterina por meio de ações mecânicas e/ou químicas. Incluem: • Preservativo masculino; • Preservativo feminino; • Espermicida; • Diafragma; • Capuz cervical; • Esponja. PRESERVATIVO MASCULINO: O mecanismo de ação ancora-se na retenção do sêmen no preservativo, o que coíbe seu contato com a vagina. É um método que diminui o risco de transmissão de HIV e de outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). A única condição clínica que pode restringir seu uso é a alergia ao látex. Contraindicações: Os preservativos masculinos estão contraindicados em homens que apresentam perda de ereção durante o intercurso sexual e não devem ser utilizados simultaneamente com outro preservativo masculino ou com o feminino. PRESERVATIVO FEMININO: Consiste na retenção do sêmen no preservativo, o que impede seu contato com a mucosa vaginal. Desvantagens: Confere proteção parcial para herpes genital e HPV, além de ser pouco estética, de alto custo, provocar desconforto pelo anel interno e provocar ruídos durante o ato sexual, o que pode gerar incômodo e intolerância ao método. ESPERMICIDA: São substâncias introduzidas na vagina antes da penetração vaginal, que funcionam como método de barreira química, imobilizando ou destruindo os espermatozoides por lesão da sua membrana celular. Possuem várias apresentações: • Gelatinas, cremes e espumas: são usados isoladamente (não recomendável) ou com diafragma, condom e capuz cervical; • Películas, supositórios, comprimidos e supositórios de espuma: podem ser usados sozinhos (não recomendável) ou com condom. Contraindicações: Não deve ser utilizado em pacientes com alto risco ou portadoras de IST, principalmente HlV/aids, pela possibilidade de provocar microlesões nas mucosas. DIAFRAGMA: Corresponde a um dispositivo circular vaginal flexível que consiste em um capuz macio de borracha, côncavo, com borda flexível, que cobre parte da parede vaginal anterior e o colo uterino. Serve como uma barreira cervical à ascensão do espermatozoide da vagina para a cavidade uterina. Após a medição, o médico indicará para a paciente um dos modelos disponíveis no mercado correspondente ao número do diafragma medidor. A paciente deve ser orientada a retornar às consultas seguintes para adequada orientação quanto à sua introdução e retirada. Assim, somente após consulta com profissional de saúde, a paciente poderá iniciar o uso do dispositivo. Restrições ao Uso Incluem: • Alergia ao látex; • História de síndrome do choque tóxico: raramente ocorre com o uso deste dispositivo. Geralmente, quando ocorre, deriva de cepas de Staphylococcus aureus; • História de doença valvular cardíaca complicada (hipertensão pulmonar, fibrilação atrial, endocardite infecciosa); • Pacientes virgens; • Pacientes com infecções vaginais e/ou DIP: convém pontuar que o diafragma aumenta o risco de infecções geniturinárias. Não está recomendado em pacientes com prolapsos genitais e nos casos de alterações anatômicas (septos vaginais, fístulas e cistos vaginais). Quando a usuária sofrer grande variação de peso, 10 kg ou mais, ou sofrer parto vaginal, a medida do anel deve ser reavaliada. ESPONJA: São dispositivos pequenos, macios e circulares de poliuretano que contêm espermicida (nonoxinol-9), colocados no fundo da vagina, recobrindo o colo uterino. Funciona como um método anticoncepcional de barreira cervical impedindo a ascensão do espermatozoide da vagina para a cavidade uterina. CONTRACEPÇÃO HORMONAL São constituídos de um estrogênio e uma progesterona (progestogênio) sintéticos. Eventualmente, um progestogênio isolado é utilizado. São confeccionados em formulações oral (mais comumente prescrito), vaginal, transdérmica, injetável e na forma de implantes. MECANISMO DE AÇÃO: Os contraceptivos combinados (orais, injetáveis, adesivos ou anel) promovem a anovulação através do bloqueio do eixo hipotálamo hipofisário. Suprimem o hormônio luteinizante (LH) e o hormônio folículo estimulante (FSH) basais, e diminuem a capacidade da hipófise de secretar gonadotrofinas quando estimulada pelo GnRH, além de possuírem ação hipotalâmica. O componente progestagênico inibe predominantemente a secreção de LH, enquanto o componente estrogênico age predominantemente inibindo a secreção do FSH. Com isso, os folículos ovarianos não amadurecem, não produzem estrogênio e não ocorre o pico de LH no meio do ciclo, que é fundamental para a ovulação. Em relação aos contraceptivos orais contendo apenas progestogênios, a minipílula, especificamente, promove ciclos anovulatórios em cerca de 40% dos casos. Ela age, principalmente, atrofiando o endométrio e tornando o muco cervical mais espesso, alterando a motilidade tubária. A pílula contendo somente desogestrel 75 mcg (Cerazette®) é mais efetiva em inibir a ovulação (97% das usuárias) e apresenta índice de Pearl de 0,3 a 0,8 por 100 mulheres/ano, o mesmo das pílulas combinadas. ANTICONCEPCIONAIS COMBINADOS ORAIS (ACO) Combinados: Consiste na associação de estrógenos e progestogênios, que varia nas dosagens hormonais e no tipo de progestogênio. Existem três tipos de formulações contendo doses variadas de hormônios: monofásicas, bifásicas e trifásicas. As mais usadas são as monofásicas, que mantêm a mesma dose hormonal durante todo o ciclo. As bifásicas e as trifásicas apresentam variações na quantidade hormonal tentando mimetizar o ciclo. A primeira caixa deve ser iniciada no primeiro dia da menstruação. Caso se opte por iniciá-lo em outra fase do ciclo, deve-se ter certeza da ausência de gravidez e associar método de barreira durante sete dias após seu início. Mecanismo de ação: Além do efeito sobre as gonadotrofinas, os ACO promovem alterações no muco cervical (tornando-o espesso e dificultando a ascensão de espermatozoides), alterações no endométrio (tornando-o atrófico e desfavorável à implantação) e alterações no transporte ovular pelas tubas. O estrógeno usado atualmente nos contraceptivos orais é o etinilestradiol. Recentemente, foi lançado pela Bayer um novo anticoncepcional, denominado Qlaira®, contendo valerato de estradiol como estrógeno, um estrogênio natural, e dienogeste como progestogênio. Os progestogênios variam nos seus efeitos clínicos e podem ser derivados da progesterona (17-hidroxiprogesterona), da testosterona (19-nortestosterona) ou da espironolactona: Derivados da 17-hidroxiprogesterona: efeito antiandrogênico (exceto acetato de medroxiprogesterona - efeito androgênico) • Nos ACO combinados: acetato de ciproterona e acetato de clormadinona; • Nos injetáveis ou implantes: acetato de medroxiprogesterona, acetato de megestrol, acetofenido de di- hidroxiprogesterona. Derivados da 19-nortestosterona (efeito androgênico) • Estranos: noretisterona, acetato de noretisterona, acetato de etinodiol, linestrenol e noretinodrel. • Gonanos: levonorgestrel, desogestrel, gestodeno, norgestimato e norgestrel. Obs.: o dienogeste é considerado quimicamente híbrido, do tipo pregnano/estrano. Derivados da espironolactona • Drospirenona (efeito antiminera-locorticoide). Classificação dos ACO Classificam-se os ACO como de alta, média, baixa e muito baixa dosagem, de acordo com a dose de estrógenos contida em cada comprimido. • Alta: > 50 mcg de etinilestradiol (em desuso). • Média: 50 mcg de etinilestradiol. • Baixa: 30 a 35 mcg de etinilestradiol. • Muito Baixa: 15 a 20 mcg de etinilestradiol. O termo anticoncepcional debaixa dose define as formulações com menos de 50 mcg de etinilestradiol. O índice de Pearl é o mesmo independentemente da concentração de Etinilestradiol (EE) empregada no ACO, já que os estudos que compararam ACO com diferentes concentrações de EE (35, 30, 20 ou 15 mcg) mostraram eficácia e perfil de efeitos adversos similares. O principal fator de risco para trombose é o componente estrogênico. A dosagem de estrogênio maior que 35 mcg ao dia aumenta o risco tromboembólico. Até o momento, a menor quantidade de estrogênio utilizada em contraceptivo oral é de 15 mcg. A principal vantagem da redução hormonal seria uma provável redução do risco cardiovascular, ainda não comprovada. Entretanto, doses muito baixas de estrógenos se associam a mais episódios de sangramentos de escape, e uma maior probabilidade de ausência de sangramento após a interrupção da medicação (menor estímulo estrogênico endometrial, resultando em atrofia). O risco trombogênico pode ser potencializado em função do progestogênio associado. O de maior risco trombogênico é o desogestrel e, o de menor risco, é o levonorgestrel. Tal risco só é significativo durante o uso dos anticoncepcionais e nos três meses seguintes à sua interrupção, com posterior normalização do risco. O tabagismo é um fator de risco para trombose arterial, quando associado aos ACO. Vale ressaltar que também é fator de risco para Trombose Venosa Profunda (TVP), só que em uma escala menor. O hábito de fumar é responsável por uma incidência aumentada de infarto do miocárdio e por outros eventos tromboembólicos entre usuárias de ACO, particularmente após os 35 anos de idade. Isto se deve provavelmente à interação sinérgica da nicotina e dos estrogênios influindo nos fatores de coagulação, na agregação plaquetária e na ação vasoconstritora da nicotina mediada pela alteração na formação das prostaciclinas. Portanto, o tabagismo em mulheres acima de 35 anos de idade constitui contraindicação para o uso de anticoncepcionais hormonais combinados orais. A interrupção do hábito de fumar deve ter ocorrido há, pelo menos, 12 meses para se considerar como ex-tabagista e permitir o uso deste fármaco. MODO DE USO: Os ACO combinados mais utilizados são compostos de 21 comprimidos e devem ser iniciados no primeiro dia da menstruação. Após 21 dias consecutivos, deve-se fazer sete dias de pausa entre as cartelas, reiniciando no oitavo dia. O ideal é tomar a pílula sempre no mesmo horário. Existem também pílulas de 22, 24 (pausa de quatro dias) e 28 dias (uso ininterrupto). Pode ser usada por mulheres de qualquer idade que não tenham fatores que contraindiquem seu uso. CONTRAINDICAÇÕES (CATEGORIAS 3 e 4) INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS Existem fármacos que reduzem a eficácia dos ACO por diminuírem a quantidade dos componentes esteroides ou alterarem sua absorção intestinal. • Antifúngicos: griseofulvina • Anticonvulsivantes/sedativos: fenobarbital, carbamazepina, fenitoína, primidona… • Antibióticos: rifampicina, tetraciclina, doxiciclina, penicilinas, diprofloxacina e ofloxacino. • Atirretrovirais: inibidores da trnascriptase reversa não nucleosídios e inibidores de proteases. BENEFÍCIOS/VANTAGENS Regularizam os ciclos menstruais. • Promovem alívio da Síndrome Pré-Menstrual (SPM), melhora do hirsutismo e acne leve. • Diminuem o risco para DIP (50%), gestação ectópica e doença trofoblástica gestacional. • Reduzem o risco de neoplasia de ovário e endométrio, principalmente do primeiro. • Diminuem o fluxo menstrual e a incidência de dismenorreia, sendo também benéficos na endometriose e na hemorragia associada à miomatose uterina, além de diminuir a anemia provocada pelo fluxo menstrual intenso. • Impedem formação de cistos funcionais ovarianos e melhora das doenças benignas da mama. • Aumentam a densidade óssea. • Parecem melhorar a artrite reumatoide e diminuir o risco de miomatose e cisto de ovário. • Previnem endometriose quando utilizados continuamente. EFEITOS COLATERAIS: São atribuídos aos estrógenos: cefaleia, tonteira, vômito, náusea, edema, irritabilidade e cloasma. Aos progestogênios são atribuídos: depressão, cansaço, alterações da libido, amenorreia, acne e ganho de peso. Nos anticoncepcionais de baixa dose estrogênica, pode haver sangramento de escape no meio dos ciclos, sendo este fenômeno corrigido com o tempo. Esta complicação está relacionada à dose de etinilestradiol na composição da pílula, pois o estrogênio contido nos ACO possui a função de estabilizar o endométrio, evitando a descamação irregular (spotting). Assim, se por um lado os ACO com dose ultrabaixa de EE (15 mcg) apresentam menor risco cardiovascular e efeitos colaterais relacionados ao excesso de estrógenos, por outro exercem menor controle de ciclo, ou seja, menos ciclos normais, mais sangramentos de escape e maior ausência de sangramento de retirada. É importante ressaltar que a ocorrência desses eventos indesejáveis não foi correlacionada a uma diminuição da eficácia do método. Portanto, a ocorrência de sangramento de escape não é sinônimo de ineficácia medicamentosa e não impõe o uso de método contraceptivo adicional à pílula. Caso o ginecologista queira intervir nesse sangramento de escape, recomenda-se a associação de estrógenos por alguns dias (estrogênio conjugado – Premarin ® – por três a cinco dias no momento do sangramento) ou o uso de pílula com maior dosagem estrogênica. Esta última abordagem, embora recomendada por diversos autores, não é bem fundamentada, já que o efeito do componente progestogênico nos ACO sempre supera o estrogênico, provocando atrofia endometrial que, na verdade, é a responsável pela maioria dos sangramentos de escape. Pacientes com diabetes e doença macro ou microvascular devem dar preferência a outros métodos contraceptivos que não os ACO. Pacientes com hipertensão e enxaqueca, principalmente na presença de aura, possuem risco aumentado de complicações cardiovasculares com uso de anticoncepcionais combinados. Comparativamente, o levonorgestrel, na dose de 250 mcg, tem o maior impacto sobre o perfil insulinêmico, quando comparado ao próprio hormônio nas doses de 150 mcg e 100 mcg ou ao desogestrel, gestodeno e drospirenona. Deve-se considerar, no entanto, que clinicamente esse efeito é desprezível, só sendo considerado na escolha do contraceptivo diante de circunstâncias especiais, como em pacientes diabéticas. ANTICONCEPCIONAIS INJETÁVEIS TRIMESTRAIS Entre as formulações injetáveis, a depomedroxiprogesterona é a mais empregada (Acetato de Medroxiprogesterona – AMPD). Uma dose trimestral de 150 mg intramuscular suprime a ovulação, geralmente, por 14 semanas. A ação do método consiste em inibir os picos de estradiol e, consequentemente, os de LH, evitando com isso a ovulação, além de provocar espessamento do muco cervical, o que dificulta a passagem dos espermatozoides pelo canal cervical, e atrofia do endométrio (Pearl de 0,3%). COMO EFEITOS INDESEJÁVEIS, INCLUEM-SE: • ● Atraso no retorno da fertilidade, podendo chegar a nove meses após o término do uso; • ● Depressão; • ● Ganho de peso; • ● Alteração da libido e do humor; • ● Acne; • ● Queda de cabelo; • ● Mastalgia; • ● Sangramento irregular. MENSAIS: Embora os anticoncepcionais injetáveis combinados mensais sejam semelhantes em alguns aspectos aos anticoncepcionais orais combinados, a principal diferença entre ambos é a presença de um estrogênio natural na composição dos injetáveis, em oposição ao estrogênio sintético dos anticoncepcionais orais. Essa característica confere maior segurança no uso dos anticoncepcionais injetáveis combinados em relação à pílula combinada. Os contraceptivos hormonais injetáveis combinados têm uma posologia mensal e podem ser encontrados no Brasil nas seguintes associações: • Acetofenido de algestona (di-hidroxiprogesterona – 150 mg) mais enantato de estradiol (10 mg) – (Perlutan®); • Enantato de noretisterona (50 mg) maisvalerato de estradiol (5 mg) – (Mesigyna®); e • Acetato de medroxiprogesterona (25 mg) mais cipionato de estradiol (5 mg) – (Ciclofemina®). A mulher deve tomar as injeções todos os meses, a intervalos de 27 a 33 dias. Como medida prática, recomenda-se tomar a injeção sempre no mesmo dia do mês; quando esse dia for sábado ou domingo, ela pode esperar até segunda-feira. Os efeitos não desejados incluem ganho ponderal, cefaleia, irregularidade menstrual e alterações do humor. IMPLANTES SUBDÉRMICOS O implante de progestagênio disponível em escala global é comercializado como Implanon®. Consiste em um bastão subdérmico único revestido por um polímero de etilenovinil acetato contendo 68 mg de Etonogestrel. Tem alta eficácia, em comparação à dos métodos cirúrgicos, com falha teórica e real de 0,05%. Mecanismo de ação: O hormônio é liberado de maneira contínua e age por meio de bloqueio da ovulação, aumento da viscosidade do muco cervical e atrofia endometrial, impedindo, também, a fecundação. Modo de uso: O local de escolha para implantação do bastão é na face interna do braço ao longo do sulco do bíceps a uma distância de 6-8 cm da prega antecubital. A inserção é rapidamente realizada com dispositivo específico após aplicação de anestesia local. Após a inserção, deve ser confirmada a presença palpável do implante pelo médico e pela paciente. O efeito contraceptivo se inicia 8 horas após a inserção e dura até 3 anos. A retirada do implante pode ser realizada ambulatorialmente, em virtude da sua localização superficial, sendo feita uma pequena incisão para retirada do bastão. Contraindicação: Mulheres com neoplasia ou doença hepática em atividade, câncer de mama atual ou prévio, gestantes e pacientes com sangramento uterino a esclarecer. As pacientes que optarem pelo método devem ser orientadas sobre a possibilidade de sangramento irregular persistente, que não afeta a eficácia contraceptiva, porém pode ser bastante incômodo. CONTRACEPTIVOS NA FORMA DE ADESIVOS TRANSDÉRMICOS São compostos de etinilestradiol (liberação de 20 mcg/dia) e norelgestromina (liberação de 150 mcg/dia – metabólito ativo do norgestimato) com uma área de 20 cm2 . Devem ser aplicados em áreas secas e limpas da pele, preferencialmente nos glúteos, face externa dos braços, abdome e tronco. Não deve ser aplicado nas mamas, área genital, região de cabeça e pescoço e extremidades inferiores. É utilizado por três semanas (um adesivo por semana), com pausa na quarta semana, quando ocorre o sangramento de escape. Os contraceptivos transdérmicos agem similarmente aos ACO combinados, com efeitos adversos parecidos. Há uma diminuição da efetividade em mulheres com mais de 90 kg e efeitos adversos específicos incluem a queda total ou parcial do adesivo (4% das pacientes) e reações locais, que ocorrem em 20% das mulheres. Até o momento, considera-se que tenham as mesmas contraindicações dos ACO. Como principais vantagens do método, podemos citar: 1. Não sofre o efeito da primeira passagem hepática, o que leva à menor influência sistêmica do que a pílula; 2. Não acarreta picos hormonais, como ocorre com o anticoncepcional oral; 3. A absorção dos componentes não é afetada por distúrbios gastrointestinais; 4. Não há necessidade de se lembrar todos os dias; 5. A norelgestromina é um progestogênio derivado da 19-nortestosterona, e, ao contrário dos outros representantes deste grupo, possui baixo poder androgênico, favorecendo seu uso em pacientes com acne e pele oleosa. ANEL VAGINAL LIBERADOR DE HORMÔNIOS O anel vaginal (NuvaRing®) é um contraceptivo hormonal não oral com liberação contínua diária de 15 microgramas de EE e 120 microgramas de Etonogestrel. Consiste em um anel flexível de polímero com diâmetro interno de 50 mm e externo de 54 mm, que deve ser inserido na vagina, em decorrência da absorção vaginal. Uma vantagem do método é a ausência do efeito de primeira passagem pelo fígado, apresentando menor impacto metabólico. A incidência de casos de colapso endometrial é baixa, bem como a queixa por parte dos homens durante a relação sexual. Em caso de incômodo durante o ato sexual, o anel pode ser retirado temporariamente e reintroduzido em um prazo de 3 horas sem prejuízo à eficácia. O método apresenta baixa incidência de sangramento de escape, com bom controle do ciclo menstrual. Apesar de existirem relatos de aumento na lubrificação vaginal, não há evidência de aumento de infecções vaginais e leucorreia. Mecanismo de ação: Atua suprimindo a ovulação. Modo de uso: Deve ser inserido pela mulher inicialmente em um dos primeiros 5 dias da menstruação e removido após 3 semanas. O novo anel deve ser inserido após pausa de 1 semana para que haja sangramento menstrual. SISTEMA INTRAUTERINO COM LEVORNOGESTREL O sistema transdérmico (Evra®) é um adesivo de coloração rosada, com 20 cm2 de área. Consiste em uma camada interna formada por matriz com liberação diária de 203 microgramas de Norelgestromina e 33,9 microgramas de EE e uma camada externa impermeável. Modo de uso: A aplicação deve ser realizada no abdome inferior, região superior do dorso, nádegas ou região inferior do segmento proximal do antebraço — não deve ser aplicado nas mamas. O primeiro adesivo é colocado por convenção no primeiro dia do ciclo, sendo trocado 1x/semana. Ao fim da terceira semana, é feita uma pausa de 7 dias para que ocorra a menstruação e, então, é reiniciado novo ciclo. Efeitos colaterais mais frequentes: • Náuseas; • Aumento do tamanho das mamas (ductos e gordura); • Retenção hídrica; • Ganho ponderal rápido e cíclico; • Complicações tromboembólicas. Contraindicações: • Tabagistas ≥ 35 anos de idade; • Presença de múltiplos fatores de risco para doença cardiovascular (idade avançada, tabagismo, diabetes e hipertensão arterial); • Hipertensão arterial sistêmica; • Cardiopatia isquêmica; • Cardiopatia valvular ou arritmia complicada (hipertensão pulmonar, fibrilação arterial, endocardite bacteriana pregressa); • Enxaqueca com sinais neurológicos focais; • Enxaqueca sem sinais neurológicos focais em mulheres ≤ 35 anos de idade; • Câncer de mama prévio ou atual; • Lactante < 6 meses pós-parto; • Não lactante < 21 dias pós-parto; • Trombose venosa profunda ou embolia pulmonar prévias ou atuais; • Patologias reumatológicas (ex.: lúpus eritematoso sistêmico); • Hepatopatias graves; • Trombofilias; Observação: O método tem maior taxa de falha em pacientes com ≥ 90 kg. DISPOSITIVO INTRAUTERINO – DIU Definição: O DIU promove efeito anticoncepcional através da liberação continua de cobre dentro da cavidade uterina. Este interfere no número e no transporte de espermatozoides, e dificulta a movimentação do óvulo através da trompa, impedindo a fecundação (encontro do óvulo com o espermatozoide). Apresenta alta eficácia (IP = 0,6), taxa de gravidez acumulada em 10 anos de 2,1%, índices de falha teórica de 0,6% e real de 0,8%, durabilidade de 10 anos, custo relativamente baixo e não interfere na ovulação. Tipos de DIU: DIU de cobre (Cu-T380A): Consiste em um dispositivo em forma de "T", que tem a haste envolvida por 314 mm2 de fio de cobre. Cada um dos dois "braços" é envolvido por 33 mm2 de cobre sob a forma de um bracelete, somando 380 mm2 de cobre, sendo, então, nomeado de DIU Cu-T380A; DIU de cobre com prata (Andalan Silverflex 380Ag®): É o único DIU que associa prata e cobre. Essa combinação permite a diminuição da fragmentação do cobre, tornando ainda mais eficaz o efeito contraceptivo. Foi projetado em formato de “Y” para proporcionar maior conforto na inserção e remoção do produto. Tem duração de 5 anos; DIU com formato de ferradura: O DIU de cobre com formato de ferradura tem um comprimento de 34 mm e envergadura de 17 mm. Em virtude do formato, apresenta menor chance de deslocamento e tem duração de 5 anos; Mini-DIU T (Safe 300®): O mini-DIU tem comprimento de 30 mm e envergadura de 23 mm, sendo indicado principalmente paranulíparas, em virtude de ter um aplicador mais fino que facilita a inserção. Tem duração de 5 anos. Mecanismo de ação: A gravidez parece ser evitada por um efeito de corpo estranho induzido pela estrutura do DIU e por alterações locais causadas pela medicação liberada. Quando o útero é exposto a um corpo estranho, ocorre uma reação inflamatória estéril, que é tóxica para o esperma e óvulos, prejudicando o implante. A produção de peptídeos citotóxicos e a ativação de enzimas levam à inibição da motilidade espermática, redução da capacitação e sobrevivência dos espermatozoides e fagocitose espermática. DIU de cobre: A adição de cobre oferece outros benefícios contraceptivos. O cobre melhora a resposta inflamatória citotóxica no endométrio; prejudica a migração de espermatozoides, viabilidade e reação acrossomal; e prejudica a implantação. Na improvável possibilidade de fertilização, o blastocisto sofrerá com a mesma reação inflamatória, e o endométrio se tornará hostil à implantação. Indicações: O método pode ser usado sem restrições em pacientes classificadas nas categorias 1 e 2, a saber: • Mulheres no puerpério imediato (até 48 horas pós-parto) ou com mais de 4 semanas de puerpério normal; • Após aborto do 1º trimestre (sem complicações); • Mulheres > 35 anos de idade; • Hipertensão arterial sistêmica; • Diabetes mellitus; • Doença tromboembólica; • Cardiopatia isquêmica ; • Cardiopatia valvular (sem complicação); • Doenças hepáticas; • Obesidade; • Hiperlipidemias; • Adolescente; • Anemia (ferropriva, falciforme, talassemia); • Miomas uterinos e má-formações anatômicas uterinas que não causem distorção da cavidade uterina; • História de episódio isolado de DIP; • Vaginite; • Endometriose; • Dismenorreia; • Doença valvular cardíaca complicada; • Antecedente de gravidez ectópica; • Cefaleias; • Doenças de mama; • Epilepsia; • Antecedente de cirurgia abdominal e/ou cesariana. Contraindicações: • Distorção da cavidade uterina; • Endometrite pós-parto ou após aborto nos últimos 3 meses; • Sangramento transvaginal de origem desconhecida; • Doença de Wilson; • DIU previamente instalado e que não foi retirado; • Gravidez confirmada ou suspeitada; • Doença inflamatória pélvica (DIP) ou comportamento de risco para tal doença; • Suspeita ou diagnóstico de câncer de corpo ou colo uterino; • Cervicite mucopurulenta; • Alergia a qualquer componente do dispositivo. Risco de DIP: Para a OMS, o risco de DIP depende mais da técnica de inserção e da adequada seleção da usuária que da idade, devendo-se considerar o número de parceiros sexuais, dependência ou não de álcool/drogas e de estar ou não em um relacionamento sexual estável. Inserção: O momento ideal para inserção do DIU é durante o período menstrual, uma vez que é possível excluir a possibilidade de gravidez. O colo uterino encontra-se mais amolecido e dilatado, facilitando a colocação, com redução da chance de expulsão. Entretanto, para mulheres que comprovadamente não estejam grávidas e desejam iniciar o método, esse pode ser colocado em qualquer momento do ciclo menstrual. A inserção do DIU deve seguir as seguintes etapas: • Toque vaginal bimanual com correta avaliação da posição do útero; • Antissepsia; • Colocação de espéculo vaginal com adequada exposição da cérvice; • Pinçamento do lábio anterior da cérvice com pinça de Pozzi; • Realização de histerometria cuidadosa, reavaliando novamente a posição uterina e o tamanho da cavidade; • Colocação do DIU dentro da camisa do aplicador, observando se os ramos horizontais estejam no mesmo sentido do diâmetro lateral do útero; • Introdução do aplicador com o DIU no útero até sentir que alcançou o fundo uterino; • Êmbolo do aplicador deve ser segurado e a camisa deve ser tracionada, provocando a extrusão do dispositivo na cavidade uterina; • Retirada cuidadosa do aplicador; • Corte dos fios que ficaram na vagina a cerca de 2 cm do orifício externo da cérvice. Complicações: Os principais riscos associados ao uso de DIU correlacionam-se, em sua maioria, à inserção. São: dor, reação vagal, perfuração uterina, sangramento, laceração da cérvice, bacteremia transitória, expulsão e falha do método. Caso a paciente apresente infecção nos primeiros 60 dias após a colocação, deve-se iniciar antibioticoterapia de amplo espectro direcionada à microbiota vaginal normal (Doxiciclina 100 mg de 12/12 horas, por 14 dias) e remoção do DIU, caso não haja melhora clínica após 48 horas. Efeitos colaterais: • Hipermenorreia; • Dismenorreia. CONTRACEPÇÃO DE EMERGÊNCIA Deve ser usada após intercurso sexual desprotegido ou após falha de um método, como por exemplo, ruptura do condom. Suas indicações são: (1) estupro; (2) ruptura de condom; (3) deslocamento de DIU; e (4) coito episódico não protegido. É importante salientar que a contracepção de emergência não protege contra IST. Além disso, não pode, de forma alguma, passar a ser um método usual, mas sim somente de exceção. A contracepção de emergência consiste nos dias de hoje em: • MÉTODO DE LEVONORGESTREL (mais efetivo) Consiste no emprego de 0,75 mg de levonorgestrel espaçados por 12h, ou em dose única de 1,5 mg, que deve ser tomado em até cinco dias da relação, porém preferencialmente em até 72 horas desta. • MÉTODO DE YUZPE Também deve ser usado em até cinco dias do coito, assim como o método de levonorgestrel. Para finalidade de anticoncepção de emergência, é necessária a dose total de 0,2 mg de etinilestradiol e 1 mg de levonorgestrel, dividida em duas doses iguais, a cada 12 horas. Existem no mercado pílulas contendo 0,05 mg de etinilestradiol e 0,25 mg de levonorgestrel por comprimido. Nesse caso, utilizam-se dois comprimidos a cada 12 horas. No caso de comprimidos com 0,03 mg de etinilestradiol e 0,15 mg de levonorgestrel por comprimido, devem ser administrados quatro comprimidos a cada 12 horas. • DIU DE COBRE Deve ser inserido em até cinco dias do coito. Está contraindicado em casos de estupro com alto risco de IST (categoria 3). Apesar de recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para uso como método contraceptivo de emergência, ele ainda não está regulamentado no Brasil para este fim. MÉTODOS DEFINITIVOS A contracepção permanente consiste nos métodos de esterilização cirúrgica, nas mulheres através da obstrução ou secção tubária e nos homens por vasectomia. Entretanto, devem sempre ser considerados a possibilidade de arrependimento após a realização do método e o acesso restrito às técnicas de reversão no Brasil. Esse método está regulamentado em nosso país por meio da Lei n° 9263/1996, a qual no artigo 10 estabelece os critérios para a realização. Para a realização é necessário o registro em documento escrito e firmado da manifestação da vontade, após possíveis efeitos colaterais, dificuldades de reversão, riscos cirúrgicos e opções existentes de contraceptivos reversíveis. Em caso de vigência de sociedade conjugal, o procedimento requer o consentimento expresso de ambos os cônjuges para ser realizado. Ligadura Tubária Métodos de ligadura tubária: Oclusão tubária: Através de anel de silicone (anel de Falópio e anel tubário), clipe de mola Hulka-Clemens Clip e o Filshie Clip, que consiste em clipe de titânio revestido de silicone. Eletrocoagulação: Através de uma corrente elétrica uni ou bipolar, promove a destruição de um segmento da tuba uterina. A unipolar possui uma maior taxa de complicação, sendo a bipolar preferida pela American Collage of Obstetricians and Gynecologists. Ligadura com fio de sutura: Com ou sem remoção da tuba uterina. Abordagem cirúrgica: Pode ser realizada através da via laparoscópica, minilaparotomia ou via colpotomia, sendo esta última pouco utilizada. Inevitavelmente pacientes submetidos à esterilização, sejam homens ou mulheres, vão apresentar arrependimento após terem realizado o método. Por isso, é fundamental que, antes da realizaçãoda cirurgia, sejam esclarecidos sobre todos os riscos existentes, uma vez que a reversão da esterilização tubária é um procedimento tecnicamente difícil, de alto custo e nem sempre bem-sucedido. Pode ser por reanastomose cirúrgica ou por técnicas de reprodução assistida. A taxa de sucesso é influenciada diretamente pela idade da mulher, tecnologia empregada e quantidade de trompa remanescente. O risco de gestação ectópica é alto após a reanastomose da tuba. Falha do método: O principal fator de falha do método consiste no erro no procedimento cirúrgico, seguido de fístulas tubárias que podem vir a complicar as técnicas obstrutivas, reanastomoses dos segmentos tubários, clipes defeituosos não promovendo a obstrução total da tuba, e, por fim, o procedimento ser realizado na fase lútea em que a mulher já pode estar grávida, fato que pode ser evitado com a realização da dosagem da gonadotrofina coriônica (hCG). • LEI DA LAQUEADURA 14.443/2022: ANTES: Exigia Idade de 25 anos; Exigia consentimento; do parceiro; Precisava ter no Vedava laqueadura; após o parto. AGORA: Idade 21 anos; Não exige consentimento; Não precisa ter filhos; Laqueadura pode ocorrer após parto. Esterilização Masculina A esterilização masculina consiste em um procedimento realizado no ambulatório, com analgesia local e duração em média de 20 minutos, sendo realizada a secção do lúmen do ducto deferente, através de uma incisão no saco escrotal, que bloqueia a passagem dos espermatozoides oriundos dos testículos. A azoospermia não é imediata, sendo necessário o período de aproximadamente 3 meses ou 20 ejaculações, para que ocorra a eliminação completa dos espermatozoides acumulados distalmente à interrupção, devendo ser utilizado outro método contraceptivo, até que seja comprovada azoospermia por meio de dois espermogramas consecutivos. A vasectomia é um método com alta taxa de sucesso, apesar de existirem relatos de recanalização após secção inadequada do ducto deferente ou obstrução incompleta. A tentativa de restaurar a fertilidade pode ser via reanastomose cirúrgica ou pela retirada direta de espermatozoides dos testículos combinada com técnicas de fertilização in vitro. Entretanto, por serem técnicas mais difíceis de sucesso e de menor acesso, é de fundamental importância o aconselhamento prévio do paciente. REFERÊNCIAS HOFFMAN, Barbara L. et al. Ginecologia de WILLIAMS. Artmed Editora, 2014. World Health Organization Department of Sexual and Reproductive Health and Research (WHO/SRH) and Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health. Family Planning: A Global Handbook for Providers (2022 update). Baltimore and Geneva: CCP and WHO; 2022. BEREK, Jonathan S. Novak-Tratado de ginecologia. In: Novak-Tratado de ginecologia. 2005. p. 1338-1338.
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